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ANATOMIA DA MEDULA ESPINAL Estruturas de Proteção Lembre~e dos capítulos anteriores que o tecido nervoso do sistema nervoso central é muito delicado e não responde bem ã lesão ou ferimento. Portanto, o tecido nervoso necessita de proteção considerável. A primeira camada de proteção para o sistema nervoso central é o sólido crânio ósseo e a coluna vertebral. O crãnio contém o encéfalo, e a coluna vertebral envolve a medula espinal, fornecendo forte proteção contra pancadas e colisões prejudiciais. A segunda camada de proteção é formada pelas meninges, três membranas situadas entre o envoltório ósseo e o tecido nervoso, tanto o encéfalo quanto a medula espinal. Finalmente, um espaço entre duas das membranas meníngeas contém líquido cerebrospinal, que mantém o sistema nervoso central suspenso em um ambiente sem peso, enquanto o envolve em um coxim hidráulico absorvente. Coluna Vertebral A medula espinal está localizada no canal vertebral da coluna vertebral. Os forames vertebrais de todas as vértebras empilhadas formam o canal. As vértebras adjacentes fornecem um abrigo resistente para a medula espinal em seu interior. Os ligamentos vertebrais, as meninges e o líquido cerebrospinal fornecem proteção adicional. Meninges As meninges são três revestimentos de tecido conjuntivo que envolvem a medula espinal e o encéfalo. Da camada superficial para a profunda, as meninges são: (1) dura-máter; (2) aracnoide-máter (3) pia-máter. A aracnoide-máter e a pia-máter são muitas vezes referidas coletivamente como leptomeninges. Entre estas duas meninges encontra-se um espaço, o espaço subaracnóideo, contendo o líquido cerebrospinal amortecedor. As meninges espinais envolvem a medula espinal e são contínuas com as meninges cranianas, que envolvem o encéfalo. As três meninges espinais recobrem os nervos espinais até o ponto no qual deixam a coluna vertebral através dos forames intervertebrais. A medula espinal também é protegida por gordura e tecido conjuntivo, localizado no espaço extradural, um espaço entre a dura-máter e a parede do canal vertebral. 1. Dura-máter. A mais superficial das três meninges espinais é uma lâmina resistente espessa, composta de tecido conjuntivo denso não modelado; é denominada dura-máter porque os primeiros anatomistas acreditavam erroneamente que todos os tecidos do corpo originavam-se da dura-máter e das outras lâminas meníngeas. A dura- máter forma um saco a partir do nível do forame magno no occipital, onde a dura-máter espinal, contínua com a parte encefálica da dura-máter, se prolonga até a segunda vértebra sacral. A dura-máter também é contínua com o epineuro, o revestimento externo dos nervos cranianos e espinais. 2. Aracnoide-máter. Esta lâmina, a membrana meníngea média, é um revestimento avascular fino composto de células e arranjos frouxos finos de colágeno. É chamada de aracnoide-máter em virtude de seu arranjo semelhante a uma teia de aranha de fibras colágenas delicadas e algumas fibras elásticas. Situa-se profundamente ã dura-máter e é contínua através do forame magno com a parte encefálica da aracnoide-máter. Entre a dura-máter e a aracnoide-máter encontra~ um espaço subaracnóideo tênue, que contém líquido intersticial. 3. Pia-máter. Esta meninge mais interna é uma lâmina de teàdo conjuntivo transparente fino que adere à superficie da medula espinal e encéfalo, consistindo em células pavimentosas finas a cúbicas no interior de feixes entrelaçados de fibras colágenas e algumas fibras elásticas finas. No interior da pia-mátcr encontram-se muitos vasos sanguíneos que fornecem oxigênio e nutrientes para a medula espinal. As extensões membranáceas triangulares da pia-má ter suspendem a medula espinal no meio de sua bainha durai. Estas extensões, chamadas ligamentos denticulados, são espessamentos da pia-máter que se projetam lateralmente e se fundem com a aracnoide-má ter e a fuce interna da dura-máter entre as raízes anterior e posterior dos nervos espinais em ambos os lados. Prolongando-se por toda a extensão da medula espinal, os ligamentos denticulados protegem a medula espinal contra deslocamentos súbitos, que poderiam resultar em choque Anatomia de Superfície da Medula Espinal A medula espinal é aproximadamente oval, sendo ligeiramente achatada no seu eixo anteroposterior. Nos adultos, estende-se do bulbo ou medula oblonga (a parte inferior do encéfalo) até a margem superior da segunda vértebra lombar. Nos recém-nascidos, a medula espinal estende-se até a terceira ou quarta vértebras lombares. Durante o início da infància, tanto a medula espinal quanto a coluna vertebral desenvolvem-se mais como parte do crescimento global do corpo. O alongamcnoo da medula espinal cessa por volta dos 4 ou 5 anos de idade; porém, o crescimento da coluna vertebral conúnua, o que explica por que a medula espinal não se estende por oodo o comprimento da coluna vertebral nos adultos. O comprimento da medula espinal no adulto varia de 42 a 45 cm. Tem aproximadamente 2 cm de diâmetro na região mediotorácica, é um pouco maior nas regiões cervical inferior e mediolombar, e menor na extremidade inferior. Quando a medula espinal é vista externamcn te, duas intumescincias proeminentes são observadas (Figural 7.2a). A intumcscl:ncia superior, a intumescência cervical, estende- se da quarta vértebra cervical (C IV) até a primeira vértebra torácica (T I). Os nervos que entram e saem dos membros superiores se originam da incumescência cervical. A intumescência inferior, chamada intumescência lombar, estende-se de T IX a T XII). Os nervos que entram e saem dos membros inferiores se originam da intumescl: ncia lombar. Inferiormente à intumescência lombar, a medula espinal termina afilando-se e formando uma estrutura cônica, chamada cone medular, que termina no nível do disco intervertebral, entre a primeira e a segunda vértebras lombares (L I e L II) nos adultos (Figural 7.2a, c). Originando-se do cone medular, encontra-se o filamento terminal, uma extensão da pia-máter que se estende inferiormente e ancora a medula espinal no cóccix. Conforme os nervos espinais se formam a partir da medula espinal, passam lateralmente para deixar o canal verte- bral através dos forames intervertebrais, entre as vértebras adjacentes. No cntanlO, como a medula espinal é mais curta do que a coluna vertebral, os nervos que se originam dos segmentos lombar, sacral e coccígeo da medula espinal não deixam a coluna vertebral no mesmo nível em que deixam a medula espinal. As raízes desses nervos espinais inferiores curvam-se inferiormente ao longo do filamento terminal, situado no canal vertebral, como cachos de cabelo. Apropriadamente, as raízes desses nervos são coletivamente denominadas cauda equina (Figura l 7.2a, c). Anatomia Interna da Medula Espinal Um corte transverso da medula espinal revela sua estrutura interna, que em todos os níveis é caracterizada por uma re gião de substância cinzenta, em forma de H ou de borboleta, circundada por substância branca. Dois sulcos penetram a substância branca da medula espinal, dividindo-a em lados direito e esquerdo (Figura 17.3) . A fissura mediana anterior é um sulco profundo e largo no lado anterior. O sulco mediano posterior é um sulco estreito e superficial no lado posterior. A substância cinzenta consiste basicamente nos corpos celulares dos neurônios, neuróglia, axônios amielínicos, dendritos de interneurônios e neurônios motores. A substância branca consiste em feixes de axônios mielinizados dos neurônios sensitivos, interneurônios e neurônios motores. A comissura cinzenta forma a barra transversal do H (ou o corpo da borboleta, dependendo da sua imaginação). No centro da comissura cinzenta encontra-se um pequeno espaço, chamado canal central, que se prolonga por toda a extensão da medula espinal e contém líquido cerebrospinal. Na sua extremidade superior, o canal central é contínuo com o quarto ventrículo (um espaço que também contémlíquido cerebrospinal) no bulbo (medula oblonga) do encéfalo. Anteriormente à comissura cinzenta encontrase a comissura branca anterior, que conecta a substância branca dos lados direito e esquerdo da medula espinal Na substância cinzenta da medula espinal e encéfalo, aglomerações de corpos celulares neuronais formam grupos funcionais, chamadas núcleos. Os núcleos sensi.tivos recebem influxos provenientes dos receptores via neurônios sensitivos, enquanto os núcleos motores fornecem efluxos para os tecidos efetores via neurônios motores. A substância cinzenta de cada lado da medula espinal é subdivida em regiões chamadas cornos. Os cornos anteriores da substância cinzenta, contendo núcleos motores somáticos, são aglomerações de corpos celulares dos neurônios motores somáticos que fornecem impulsos nervosos para a contração dos músculos esqueléticos. Os cornos posteriores da substância cinzenta contêm corpos celulares e axônios de interneurônios, assim como axônios de neurônios sensitivos aferentes. Entre os cornos anteriores e posteriores da substância cinzenta encontram-se os cornos laterais da substância cinzenta, que estão presentes apenas nas partes torácica, lombar superior e sacra! da medula espinal. Os cornos laterais contêm os corpos celulares dos núcleos moto111s autônomos, que regulam a atividade dos músculos liso e cardíaco, e das glân dulas (ver Seção 19.2). A substância branca, assim como a substância cinzenta, é organizada em regiões. Os cornos anteriores e posteriores da substância cinzenta dividem a substância branca, de cada lado, em três grandes áreas, chamadas funículos: (1) funículos anteriores, (2) funículos p osteriores e (3) funículos laterais. Cada funículo, por sua vez, contém feixes distintos de axônios com origem ou destino comuns conduzindo informações semelhantes. Esses feixes, que podem se estender por longas distâncias abaixo ou acima da medula espinal, são chamados de tratos. Os tratos sensitivos (ascendentes) consistem em axônios que conduzem impulsos nervosos da medula espinal para o encéfalo. Os tratos compostos de axônios que conduzem impulsos nervosos para longe do encéfalo, ao longo da medula espinal, são chamados tratos motores (d escen den tes). Os tratos sensitivos e motores da medula espinal são conúnuos com os tratos sensitivos e motores do encéfalo. As substâncias branca e cinzenta apresentam diferenças dependendo da região da medula espinal (Tabela 17.1) . Existe mais substância branca na extremidade cranial da medula espinal do que na extremidade caudal. Como todos os tratos ascendentes seguem para o encéfalo, eles se tornam mais espessos conforme passam de caudal para cranial. Igualmente os tratos descendentes são mais espessos na região cranial. A substância cinzenta, especialmente o corno an terior, que é o local dos neurônios motores para os músculos esqueléticos, é maior nos níveis cervicais inferiores e nos níveis sacral e lombar superiores e inferiores. Estes níveis correspondem à anatomia dos membros superiores e inferiores, respectivamente, onde grandes quantidades de tecido muscular esquelético nos membros requerem inervação motora. 17.2 NERVOS ESPINAIS (!J OBJETIVOS • Explicar a estrutura básica de um nervo. • Id e ntificar os componentes, revestimentos de tecido conjuntivo e ramificações de um nervo espinal. • Descrever a distribuição de nervos dos plexos cervical, braquial, lombar e sacral. • Comparar a importância clínica dos dermátomos e áreas cutâneas (campos cutâneos). Os nervos espinais estão associados ã medula espinal. Além disso, como Lodos os nervos do sistema nervoso periférico (SNP), são feixes paralelos de axônios com suas células da neuróglia associadas envoltas em diversas camadas de tecido conjuntivo. Os nervos espinais conectam o SNC aos receptores sensitivos, músculos e glândulas cm todas as partes do corpo. Existem 31 pares de nervos espinais. A medula espinal parece ser segmentada porque os 31 pares de nervos emergem em intervalos regulares através dos forames intervenebrais (Figura 17.2a). a verdade, diz-se que cada par de nervos espinais se origina de um segmento espinaL Na medula espinal não existe segmentaÇão evidente, mas, por conveniência, a nomeação dos nervos espinais baseia-se no segmento em que estão localizados. Existem 8 pares de nervos cervicais (representados na Figura 17.2a como Cl-C8), 12 pares de nervos tarácicos (Tl-T12), 5 pares de nervos tombam (Ll-L5), 5 pares de nervos sacrais (Sl-S5) e 1 par de nervos coccígeos (Col ). O primeiro par cervical emerge entre o atlas (primeira vértebra cervical) e o occipiLaJ. Todos os outros nervos espinais emergem da coluna vertebral, aLravés dos forames intervertebrais enrrc as vértebras adjacentes. Nem Lodos os segmentos da medula espinal estão alinhados com suas vértebras correspondentes, em razão do crescimenLo desproporcional entre a medula espinal e a coluna vertebral. Lembre que a medula espinal termina próximo do nível da margem superior da segunda vértebra lombar e que as raízes dos nervos coccígcos, sacrais e lombares inferiores descem em ângulo para alcançar seus respectivos forames antes de emergirem da coluna vertebral. Este arranjo constitui a cauda equina (Figura 17.2a, c). Estrutura de um Nervo Isolado Nervos espinais originam-se tanLo do encéfalo quanto da medula espinal. Antes de examinarmos os nervos espinais com mais detalhes, é importante compreender a estrutura de um nervo isolado e a diferença entre neurônios e nervos. Lembre que os neurônios são as células condutoras do tecido nervoso. Os nervarsão feixes de axônios e suas células da neuróglia associadas envoltas em camadas de tecido coajuntivo. Os nervos, assim como os músculos esqueléticos, consistem em células longas. Embora a função dos nervos e músculos seja muito diferente, suas estruturas são semelhantes em vários aspectos. Em um músculo esquelético, as células musculares longas têm tecido conjuntivo frouxo circunjaccnte, o cndomísio, que distribui capilares por todo o tecido muscular. Lâminas espessas de tecido conjuntivo, o pcrimísio, envolvem grupos de feixes de fibras musculares cm unidades no interior do músculo, chamadas fascículos. Vários fascículos são mantidos juntos em um feixe maior de fibras, o músculo individual, pelo epimísio de tecido conjunLivo mais espesso. Os nervos apresentam uma csLruLura idênLica; entretanto, os revestimen tos de tecido conjuntivo apresentam na denominação a raiz neuro, que significa nervo, cm vez de misio, que significa múscu/.o. A Figura 17.4 ilustra a estrutura de um nervo. No nervo encontram-se muitos axônios de neurôn ios com suas bainhas de miclina e ncurilema circunjacente. O axônio e suas células da neuróglia associadas formam a fibra ner vosa. Cada fibra nervosa situa- se cm um revestimento de tecido conjuntivo frouxo, chamado cndoneuro. O endoneuro consiste em uma tela reticulada de fibras colágenas, fibroblastos e macrófagos circundados por líquido endoneural (líquido extracelular) derivado dos capilares. Este líquido nutre o neurônio e fornece o ambiente necessário para sua função de propagação de potenciais de ação. Uma bainha mais espessa de tecido conjuntivo, o perineuro, mantém muitas fibras nervosas unidas em feixes, chamados fascículos. O perineuro consiste em bainhas colágenas com até 15 camadas de fibroblastos distribuídas em uma tela reticulada de colágeno. Esta importante bainha atua como uma barreira de difusão que, junto com as junções oclusivas nos capilares (barreira hematoneural), mantém o ambiente osmótico e a pressão do líquido no interior do endoneuro. O perineuro termina fundindo-se com as cápsulas de tecido conjuntivo de vários tipos de terminações nervosas e junções musculares. Completando a estrutura do nervo encontra-se uma bainha externa de tecido conjuntivo, o epineuro, que enfeixa todos os fascículos para formar um único nervo. O epineuroé contínuo com a dura-máter e consiste em fibroblastos e filamentos colágenos espessos que basicamente são paralelos ao longo eixo do nervo. Extensões do epineuro preenchem os espaços entre os fascículos. O epineuro compõe, em média, 50% da área transversal de um nervo. Esta bainha importante dá ao nervo a resistência à tensão necessária para opor.,se às forças que tão facilmente danificam o delicado tecido nervoso. No interior de qualquer nervo no corpo existe uma quantidade maior de tecido conjuntivo colágeno do que de tecido nervoso, possibilitando ao tecido nervoso deixar a proteção do crânio e a coluna vertebral e seguir por todos os tecidos periféricos do corpo. As resistentes bainhas colágenas protegem os neurônios contra rupturas decorrentes de forças de resistência à tração intensas geradas pelas atividades musculares e movimentos do corpo. O epineuro também contém pequenos vasos sanguíneos e vasos linfáticos para o nervo. Organização dos Nervos Espinais A estrutura de um nervo espinal é semelhante àquela de uma árvore. Abaixo do solo, radículas minúsculas convergem para formar as grandes raízes arbóreas. Estas grandes raízes unem-se na superfície para formar o tronco que, em seguida, se divide em numerosos ramos grandes que se bifurcam em ramos cada vez menores. Os nervos espinais seguem o mesmo padrão e grande parte da mesma terminologia (Figuras 17.3 e 17.5). Os nervos espinais originam-se da medula espinal como uma série de pequenas radículas. Os dois tipos de radículas são radículas anteriores (ventrais) e radículas posteriores (dorsais). A partir da face anterolateral da medula espinal, as radículas anteriores emergem em duas ou três fileiras irregulares. As radículas anteriores contêm os axônios dos neurônios motores multipolares que se originam dos corpos celulares nas regiões anteriores da substância cinzenta da medula espinal. Estes axônios transmitem potenciais de ação para os músculos e glândulas do corpo. Projetando-se a partir do sulco posterolalerol da medula espinal encontra-se uma série de radículas, as radículas posceriores, que contêm os processos centrais dos neurônios unipolares sensitivos. Estes neurônios transmitem pocenciais de ação dos órgãos receptores periféricos para o siscema nervoso centra1. Cada série de radículas anceriores converge para formar raízes anteriores (ventrais) maiores. Além disso, cada série de radículas posceriores converge para formar raízes posteriores (dorsais) maiores. Cada raiz posterior tem uma intumescência, o gânglio sensitivo de ner vo espinal (da raiz posterior), que contém os corpos celulares dos neurônios sensitivos. As raízes anteriores e posteriores de cada lado da medula espinal correspondem a um segmento de desenvolvimento ou nível do corpo. Como a raiz posterior sensitiva e a raiz anterior mocora projetam-se lateralmente a partir da medula espinal, ambas convergem para formar um nervo misto, chamado nervo espinal. (Um nervo misto contém tanto axônios motores quanco sensitivos) . O nervo espinal segue por uma curta distãncia antes de ramificar-se em dois grandes ramos e em uma série variável de ramos menores (Figura 1 7 .5). Ramos dos Nervos Espinais Cada ramo de um nervo espinal extenso segue um trajeto específico para diferentes regiôes periféricas. Os dois ramos mais extensos, o ramo anterior (ventral) e o ramo posterior (dorsal), são ramos somáticos que seguem na parede musculoesquelética do corpo. O ramo posterior (dorsal) inerva os músculos profundos e a pele do dorso. O ramo anterior (ventral) inerva os músculos e as estruturas dos membros superiores e inferiores, e os músculos e a pele das regiôes anterior e lateral do tronco. Ramos viscerais menores formam as vias autônomas para o músculo liso e o cecido glandular. O ramo meningeo entra novamente no canal vertebral através do forame intervercebral e inerva as vértebras, ligamentos venebrais, vasos sanguíneos da medula espinal e meninges. Os ramos comunicantes são componentes da divisão autônoma do siscema nervoso e serão estudados no Capítulo 19. Plexos Os axônios provenientes dos ramos anteriores dos nervos espinais, exceto os nervos torácicos T2-Tl 2, não seguem diretamente para as estruturas do corpo que inervam. Ao contrário, formam redes nos lados direito e esquerdo do corpo, unindo-se a uma quantidade variável de axônios provenientes dos ramos anteriores dos nen'Os adjacentes. Esta rede de axônios é chamada plexo. Os principais plexos de nervos espinais são os plexos cervical, braquial, lombar e sacra!. Também existe um plexo menor, o plexo coccigeo. Consulte na Figura 17.2 as relaçôcs entre os plexos. A partir dos plexos emergem nervos, cujos nomes frequentemente descrevem as regiôes gerais que inervam ou o trajeto que seguem. Cada um dos nervos pode, por sua vez, ter vários ramos nomeados segundo estruturas específicas que in ervam. As Expos 17.A-17.D (Figuras 17.&-17.9) resumem os principais plexos. FUNÇÕES DA MEDULA ESPINAL (!J OBJETIVOS • Descrever as funções dos principais tratos sensitivos e motores da medula espinal • Explicar os componentes funcionais de um arco reflexo e os mecanismos pelos quais os reflexos mantêm a homeostasia. A medula espinal possui duas funções principais na manutenção da homeosrasia: propagação do impulso nervoso e integração de informação. Os tratos da substância bmnca, na medula espinal, são vias expressas de propagação de impulso nervoso. Ao longo desses tratos, impulsos sensitivos provenientes dos receptores fluem cm direção ao encéfalo, e os impulsos motores fluem do encéfalo para os músculos esqueléticos e outros tecidos efetores. A substância. cinzenta da medula espinal recebe e integra as informações que entram e saem. Tratos Sensitivos e Motores A primeira função da medula espinal que promove a homeostasia é a condução de impulsos nervosos ao longo dos tratos. O nome de um trato frequentemente indica sua posição na substância branca da medula espinal, assim como seu início e término. Por exemplo, o trato espinotalâmico anterior está localizado no funículo anteri(fT da substância branca; o trato começa na medul.a espinal e termina no tál~ mo (uma região do encéfalo). Observe que a localização das terminações axônicas aparecem por último no nome. Essa regularidade na designação permite que determinemos a direção do fluxo de informação ao longo de qualquer trato identificado de acordo com esta convenção. Portanto, como o trato espinotalâmico anterior conduz impulsos nervosos a partir da medula espinal para o encéfalo, é um trato sensitivo (ascendente). A Figura 17.11 destaca os principais tratos motores e sensitivos na medula espinal. Estes tratos são descritos em detalhes no Capítulo 20 e resumidos nos Tabelas 20.3 e 20.4. Os impulsos nervosos provenientes dos receptores sensitivos se propagam para cima, da medula espinal até o encéfalo, ao longo de duas vias principais de cada lado: os tratos espinotalâmicos e os funículos posteriores. Os tratos espinotalâmicos anterior e lateral conduzem impulsos nervosos para sensações de dor, calor, frio , prurido, cócegas, pressão profunda e sensação de tato grosseira, mal localizada. Os funículos posteriores direito e esquerdo conduzem impulsos para diversos tipos de sensações. Estas incluem dos músculos, tendões e articulações; (2) tato discriminativo, a capacidade de sentir exatamente que parte do corpo é tocada; (3) discriminação <k dois pontos, a capacidade de distinguir o toque, na pele, em dois pontos diferentes, embora muito próximos; ( 4) sensações <kpressào suave e (5) senr sibilida<k vibratória. O sistema sensitivo mantém o SNC informado das alterações nos ambientes interno e externo. As respostas a estas informações são produzidas pelos sistemas motores, que nos permitem movimentar e alterar nossa relação física com o mundo ao nosso redor. Como a informação sensitiva é conduzida até o SNC, torna-se parte deum grande conjunto de influxos sensitivos. Cada parte da informação aferente é integrada com todas as outras informações que chegam dos neurônios sensitivos ativados. Graças aos interneurônios ocorre a integração em diversas regiões da medula espinal e do encéfalo. Como resultado, são iniciados impulsos motores para promover a contração muscular ou secreção glandular em diversos níveis. Grande parte da regulação das atividades involuntárias dos músculos liso, cardíaco e glândulas pela divisão autônoma do sistema nervoso (DASN) origina-se no tronco encefálico (a parte inferior do encéfalo, que é contínua com a medula espinal) e em uma região próxima do encéfalo, chamada hipotálamo. O córtex cerebral (substância cinzenta superficial do cérebro) é fundamental no controle dos movimentos musculares voluntários precisos. Outras regiões do encéfalo integram os movimentos autônomos, como o balançar dos braços durante uma caminhada. O efluxo motor para os músculos esqueléticos segue para baixo, ao longo da medula espinal, em dois tipos de vias descendentes: direta e indireta. As vias diretas incluem os tratos corticopontino, corticospinal anterior e corticospinal lateral. Cada um destes tratos conduz impulsos nervosos que se originam no córtex cerebral e são destinados a produzir movimentos voluntários precisos dos músculos esqueléticos. As vias indiretas incluem os tratos rubrospinal, tetospinal, vestibulospinal, reticulospinal lateral e reticulospinal medial. Estes tratos conduzem impulsos nervosos do tronco encefálico e outras partes do encéfalo que governam os movimentos autônom.os, e ajudam a coordenar os movimentos do corpo com estímulos visuais. As vias indiretas também mantêm o tônus do músculo esquelético, sustentam a contração dos músculos posturais e são essenciais ao equilíbrio, regulando o tônus muscular em resposta aos movimentos da cabeça. Reflexos e Arcos Reflexos A medula espinal também promove a homeostasia atuando como um centro de integração para alguns reflexos. Um reflexo é uma sequência não planejada, involuntária, rápida, de ações que ocorrem em resposta a um estímulo específico. Alguns reflexos são inatos, como afastar a mão de uma superficie quente, antes mesmo que percebamos que eslá quente. Outros reflexos são aprendidos ou adquiridos. Por exemplo, aprendemos muitos reflexos enquanto adquirimos práúca para dirigir. Pisar com força nos freios, em uma emergência, é um exemplo. Quando a integração ocorre na substância cinzenta da medula espinal, o reflexo é um reflexo espinal. Um exemplo é o conhecido reflexo patelar. Por outro lado, se a integração ocorrer no tronco encefálico e não na medula espinal, é um reflexo craniano. Um exemplo são os movimentos de acompanhamento dos olhos ã medida que lemos esta frase. São certamente do nosso conhecimento os reflexos somáticos, que incluem a contração dos músculos esqueléúcos. Igualmente importante, no entanto, são os reflexos autônomos (viscerais), que geralmente não são percebidos conscientemente. Estes incluem respostas dos músculos lisos, cardíaco e glândulas. Como você observará no Capítulo 19, funções do corpo, como frequência cardíaca, digestão, micç.ão e defecação, são controladas pela divisão autônoma do sistema nervoso por meio dos reflexos autônomos. Os impulsos nervosos propagando-se para dentro, de um lado para outro, e para fora do SNC seguem vias específicas, dependendo do tipo de informação, origem e desúno. A via percorrida pelos impulsos nervosos que produzem um reflexo é o arco reflexo (circuito reflexo). Usando o reflexo patelar como exemplo, os componentes básicos de um arco reflexo são os seguintes (Figura 17.12): O Receptores sensitivos. A extremidade distal de um neurônio sensitivo (dendrito) ou de uma estrutura sensiúva associada atua como um receptor sensitivo. Os receptores sensiúvos respondem a um tipo específico de estímulo (alteração no ambiente interno ou externo), gerando um ou mais impulsos nervosos. No reflexo patelar, receptores sensiúvos conhecidos como fusos musculares detectam discreto esúramento do músculo quadríceps femoral (parte anterior da coxa) quando o ligamento da patela é pcrcuúdo com um martelo de reflexo. f} Neurônio sensitivo. Os impulsos nervosos se propagam de um receptor sensiúvo ao longo do axônio de um neurônio sensiúvo até suas terminações axônicas, loca lizados na substância cinzenta do SNC. A partir daí, os neurônios retransmissores enviam impulsos nervosos para a área do encéfalo que permite uma percepção consciente de que o reflexo ocorreu. © Centro de integração. Uma ou mais regiões da substância cinzenta, no SNC, atuam como um centro de integração. No tipo mais simples de reflexo, como o reflexo patelar em nosso exemplo, o centro de integração é uma sinapse simples entre um neurônio sensitivo e um neurônio motor na medula espinal. Uma via reflexa no SNC que abrange uma sinapse é chamada arco reflexo monossináptico. Em outros tipos de reflexos, o centro de integração inclui um ou mais interneurônios e, portanto, mais de uma sinapse. Estas vias reflexas são referidas como arcos reflexos polissinápticos. O Neurônio motor. Impulsos deflagrados pelo centro de integração deixam a medula espinal (ou o tronco encefálico, no caso de reflexo craniano) ao longo de um neurônio motor para a parte do corpo que irá responder. No reflexo patelar, o axônio do neurônio motor estende-se até o músculo quadríceps femoral. Enquanto o músculo quadríceps femoral está se contraindo, os músculos isquiotibiais antagonistas estão relaxados. 0 Efetor. A parte do corpo que responde ao impulso nervoso motor, como um músculo ou glândula, é o efetor. O reflexo patelar é um reflexo somático, porque seu efetor é um músculo esquelético, o músculo quadríceps femoral, que se contrai e, assim, alivia o estiramento que iniciou o reflexo. Em resumo, o reflexo patelar provoca a extensão da articulação do joelho, graças a contração do músculo quadríceps femoral, em resposta à percussão do ligamento da patela. Se o músculo efetor for um músculo liso, cardíaco ou uma glândula, o reflexo será um reflexo (visceral) autônomo.
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