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LEPTOSPIRA MICROB GERAL 6

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MICROBIOLOGIA GERAL 
 
LEPTOSPIRA 
 
 As bactérias do gênero Leptospira são espiroquetas, 
morfológica e fisiologicamente semelhantes, porém 
sorológica e fisiologicamente distintas. Os animais 
domésticos mais comumente acometidos são cães, 
bovinos, suínos e equinos. Aborto em final de gestação é 
a manifestação característica em qualquer fêmea 
prenhe, inclusive em mulheres, exposta a Leptospira 
pela primeira vez. 
 Os quadros clínicos mais comuns na leptospirose 
canina são de natureza septicêmica, hepática e renal. Em 
bovinos e suínos, a doença séptica praticamente se 
limita aos animais jovens, enquanto aborto é a principal 
manifestação nas fêmeas adultas. Aborto e uveíte 
recorrente equina ou cegueira noturna são os sinais 
clínicos mais comuns em equinos. Leões marinhos da 
Califórnia são suscetíveis à infecção aguda septicêmica 
causada por Leptospira. 
 Outras espécies hospedeiras, ainda que suscetíveis à 
infecção, manifestam sinais clínicos menos 
frequentemente. Em humanos, a leptospirose, em geral, 
apresenta-se como uma doença febril aguda. 
 Estudos da taxonomia de Leptospira, com base em 
testes de DNA, propiciaram a descrição de 8 espécies 
patogênicas: Leptospira borgpetersenii, L. inadai, L. 
interrogans (stricto sensu), L. kirschneri, L. meyeri, L. 
noguchii, L. santarosai e L. weilii. 
 Historicamente, Leptospira tem sido classificada com 
base em sua composição antigênica; são distribuídas em 
23 sorogrupos e mais de 200 sorovares. A referência aos 
sorovares é mais comum no ambiente clínico. 
 Os sorovares importantes na América do Norte e seus 
principais hospedeiros e os hospedeiros clínicos (entre 
parênteses) são: 
o Leptospira icterohaemorrhagiae: roedores (cães, 
equinos, bovinos e suínos) 
o Leptospira gryppotyphosa: roedores (cães, 
bovinos e suínos) 
o Leptospira canicola: cães (suínos e bovinos) 
o Leptospira pomona: bovinos e suínos (equinos, 
ovinos e leões marinhos) 
o Leptospira hardjo: bovinos 
o Leptospira bratislava: suínos (equinos e leões-
marinhos). 
 
MORFOLOGIA E COLORAÇÃO 
 As bactérias do gênero Leptospira são 
microrganismos espirais finos (do grego leptos = fino) 
medindo 6 a 20 µm × 0,1 µm. Fracamente coradas, essas 
bactérias requerem exame em microscópio de campo 
escuro ou de contraste de fase, para sua visualização. As 
espirais são mais bem observadas em microscópio 
eletrônico. As células típicas apresentam uma espécie de 
gancho em cada extremidade, o que confere à bactéria 
um formato de S ou C. Preparações úmidas revelam que 
esses microrganismos apresentam alta mobilidade. As 
bactérias do gênero Leptospira são gram negativas, mas 
não são identificadas em esfregaços fixados e corados, 
como se faz na rotina. Podem ser demonstradas pelo 
emprego de anticorpos fluorescentes ou por 
impregnação pela prata. 
 
COMPOSIÇÃO E ANATOMIA CELULAR 
 As células de Leptospira apresentam uma bainha 
externa, fibrilas axiais (“endoflagelos”) e um cilindro 
citoplasmático. A bainha externa combina as 
características da cápsula e da membrana externa. O 
cilindro citoplasmático é recoberto por uma membrana 
celular e pela camada de peptidoglicano da parede 
celular. Na parede celular há uma endotoxina 
relativamente lábil. Uma hemolisina, a esfingomielinase 
C, está presente em alguns sovares, e sua citotoxidade 
tem sido demonstrada in vivo. 
 
CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO 
 As bactérias do gênero Leptospira são aeróbicas 
obrigatórias, cuja temperatura ideal para sua 
multiplicação é de 29°C a 30°C. O tempo médio para 
produção de colônias é cerca de 12 h. Não se verifica 
multiplicação em ágarsangue ou em outros meios de 
cultura utilizados na rotina. O meio tradicional essencial 
é soro de coelho (< 10%) em soluções compostas desde 
salina normal até misturas de peptonas, vitaminas, 
eletrólitos e tampões. Alguns meios mais recentes 
substituíram polissorbatos e albumina bovina por soro 
de coelho. Não há necessidade de proteína. 
Diferentemente da maioria das células procarióticas, as 
leptospiras não são capazes de sintetizar suas próprias 
pirimidinas; desse modo, adiciona-se fluoruracila ao 
meio de cultura, a fim de inibir o crescimento de outras 
bactérias. A maioria dos meios é de aspecto fluido ou 
semissólido (0,1% de ágar). No meio fluido desenvolve--
se pequeno grau de turvação. Em meio semissólido, o 
crescimento se concentra em um disco, 
aproximadamente, 0,5 cm, abaixo da superfície 
denominada zona de Dinger. 
 
REAÇÕES BIOQUÍMICAS 
 As bactérias do gênero Leptospira são oxidase-
positivas e catalasepositivas; várias delas exibem 
atividade lipase. Algumas produzem urease. A 
identificação além do gênero se baseia em exame 
sorológico. No entanto, o desenvolvimento de primers 
de DNA espécie específico, mais a reação em cadeia de 
polimerase (PCR), é um procedimento recente promissor 
para uma caracterização mais acurada de Leptospira 
patogênica. 
 
RESISTÊNCIA 
 Bactérias do gênero Leptospira são microrganismos 
frágeis; são destruídas por dessecação, congelamento, 
calor (50°C/10 min), sabão, sais biliares, detergentes, 
ambiente ácido e putrefação. Persistem em ambiente 
úmido, de temperatura temperada e pH neutro a 
ligeiramente alcalino. 
 
VARIABILIDADE 
 Há mais de 200 sorovares de leptospiras patogênicas. 
Esses variam de acordo com o hospedeiro, a distribuição 
geográfica e os fatores de virulência e, desse modo, 
diferem quanto à patogenicidade. 
 
RESERVATÓRIO 
 As bactérias do gênero Leptospira spp. colonizam os 
túbulos renais de mamíferos. Embora as leptospiras 
tenham sido isoladas de aves, répteis, anfíbios e 
invertebrados, a importância epidemiológica de tais 
associações não foi estabelecida. Roedores são os 
carreadores mais frequentes de Leptospira, seguidos de 
carnívoros selvagens. Nenhum mamífero pode ser 
excluído da condição de possível hospedeiro. Em geral, 
os hospedeiros reservatórios manifestam mínimos, se 
houver algum, sinais de doença. Aborto sempre é um 
problema nas fêmeas prenhes expostas à bactéria pela 
primeira vez. A ocorrência de Leptospira e dos sorovares 
L. icterohaemorrhagiae, L. canicola, L. pomona, L. hardjo 
e L. gryppotyphosa foi relatada em todos os continentes. 
 
TRANSMISSÃO 
 A exposição à bactéria ocorre por meio de contato de 
membrana mucosa ou pele com água, fômites ou 
alimentos contaminados com urina. Outras fontes 
incluem leite de vaca com infecção aguda e secreção 
genital de bovinos e suínos, machos ou fêmeas. 
 
PATOGÊNESE 
 As manifestações clínicas e patológicas sugerem a 
participação de mecanismos tóxicos. Filtrados de fluidos 
teciduais de animais experimentalmente infectados 
contêm fatores citotóxicos que causam lesões 
vasculares. Os espiroquetas penetram na corrente 
sanguínea após a inoculação do microrganismo na 
membrana mucosa, ou no trato reprodutivo, e 
colonizam, particularmente, o fígado e os rins, onde 
causam lesões degenerativas. Pode haver envolvimento 
de outros órgãos, como músculos, olhos e meninges, 
com instalação de meningite não supurativa. 
 Leptospira lesiona o endotélio vascular, resultando 
em hemorragias. Todos os sorovares ocasionam essas 
lesões, em graus variáveis. Em bovinos, L. pomona 
provoca hemólise intravascular em razão da ação de 
uma exotoxina hemolítica. Um mecanismo autoimune 
também pode contribuir para tal ocorrência. Alterações 
secundárias incluem icterícia, causada por lesão hepática 
e hemólise, e nefrite aguda, subaguda ou subcrônica, em 
decorrência de lesão de túbulos renais. O exsudato 
celular predominantemente contém linfócitos e 
plasmócitos. Nos animais sobreviventes, as leptospiras 
desaparecem da circulação após a produção de 
anticorpos séricos; todavia, persiste nos rins durante 
várias semanas. 
 
PADRÕES DE DOENÇA 
 A maioria dasinfecções causadas por Leptospira 
apresenta um curso inaparente, ou subclínico, 
provavelmente decorrente de infecção do animal por um 
sorovar adaptado ao hospedeiro. As infecções clínicas, 
que manifestam sintomas evidentes, se devem 
principalmente às infecções causadas por sorovar não 
adaptado ao hospedeiro. Essas doenças clínicas se 
manifestam principalmente em cães, bovinos e suínos; 
cada vez mais em leões marinhos; ocasionalmente em 
equinos, caprinos e ovinos; e excepcionalmente em 
gatos. 
 
CÃES 
 Os sorovares envolvidos na ocorrência de 
leptospirose incluem L. icterohaemorrhagiae e L. 
canicola, sendo o último o microrganismo mais comum. 
Tem-se relatado aumento dos casos de insuficiência 
renal aguda decorrentes de infecções causadas por L. 
gryppotyphosa. A apresentação aguda mais comum 
acomete principalmente filhotes de cães, provoca febre 
sem a localização de sintomas e, comumente, ocasiona 
morte dentro de alguns dias. Com frequência, observam-
se hemorragias nas membranas mucosas e na pele, 
antes da morte do paciente, ou o paciente manifesta 
epistaxe ou fezes e vômito tingidos de sangue. Não se 
constata icterícia. 
 A progressão da doença ictérica é mais lenta, e as 
hemorragias são menos evidentes. Icterícia é marcante. 
A localização renal causa retenção de nitrogênio, 
enquanto cilindros renais e leucócitos surgem na urina. 
O tipo urêmico, cujos alvos são os rins, devese à 
natureza da infecção descrita anteriormente ou pode se 
desenvolver em sua ausência. Pode ser aguda e 
rapidamente fatal, com sinais de distúrbios 
gastrintestinais, expiração de ar com odor urêmico e 
úlcera no trato digestório anterior; pode ter um curso 
lento, com início retardado. 
 
BOVINOS 
 A manifestação predominante na leptospirose bovina 
é aborto, geralmente no final da gestação, embora possa 
ocorrer em qualquer momento após a infecção. O 
aborto se deve mais à morte do feto primária do que à 
infecção placentária. É comum notar retenção fetal com 
autólise progressiva. O aborto atribuído a L. hardjo, o 
sorogrupo adaptado ao hospedeiro para bovinos, é 
principalmente um problema de novilhas leiteiras, em 
razão das práticas de manejo diferentes entre os bovinos 
de corte e os bovinos leiteiros. 
 As infecções por L. hardjo se instalam no feto e 
provocam aborto ou a “síndrome do bezerro fraco”. 
Com frequência, essas infecções são subclínicas ou 
podem levar à “síndrome da queda na produção de 
leite”, falha reprodutiva e infertilidade. Infecção renal 
crônica e excreção de leptospiras na urina são 
ocorrências comuns. Leptospirose aguda causada por L. 
pomona acomete principalmente bezerros e, às vezes, 
bovinos adultos. É caracterizada por febre, 
hemoglobinúria, icterícia, anemia e taxa de mortalidade 
de 5 a 15%. Em alguns países, Leptospira grippotyphosa, 
L. icterohaemorrhagiae e L. canicola causam leptospirose 
em bovinos. 
 
SUÍNOS 
 Os sorovares apontados como causas de leptospirose 
em suínos incluem L. pomona, L. icterohaemorrhagiae, L. 
canicola, L. tarassovi, L. bratislava e L. muenchen. À 
semelhança do que acontece na leptospirose bovina, 
septicemia com icterícia e hemorragia acomete 
principalmente leitões, enquanto aborto e infertilidade 
são verificados em porcas. 
 
EQUINOS 
 Leptospirose equina é atribuída mais frequentemente 
aos sorovares L. pomona, L. grippotyphosa e L. 
icterohaemorrhagiae. Os sinais clínicos das infecções 
naturais são febre, icterícia discreta e aborto. 
Provavelmente, leptospirose está envolvida em casos de 
iridociclite recorrente equina (oftalmia periódica). 
 
 OUTROS ANIMAIS 
 Em pequenos ruminantes, a leptospirose, geralmente 
causada por L. pomona, é semelhante à infecção por 
Leptospira manifestada por bovinos. Também ocorrem 
infecções por L. hardjo e L. grippotyphosa. Epidemias 
ocasionadas por L. pomona têm provocado, 
periodicamente, alta taxa de mortalidade em leões-
marinhos da Califórnia, desde os anos 1940. 
 
HUMANOS 
 As pessoas são suscetíveis a todos os sorovares, sem 
identificação de cepas adaptadas ao hospedeiro. As 
infecções provocam febre, icterícia, dores musculares, 
exantemas e meningite não supurativa. Essas 
manifestações são variáveis de acordo com os sorovares 
envolvidos. Uma apresentação maligna, mais 
frequentemente associada a L. icterohaemorrhagiae, 
pode provocar doença hepática ou renal mortal. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 Leptospirose é perpetuada por vários hospedeiros 
tolerantes e pela condição de portador crônico. A 
exposição indireta depende de condições apropriadas e 
úmidas que favoreçam a sobrevivência da leptospira no 
ambiente. A transferência mais direta ocorre por meio 
de aerossóis de urina em salas de ordenha e em abrigos 
de bovinos ou pelo hábito de “cortejo” dos cães, fato 
que pode explicar a propensão do macho em adquirir 
leptospirose canina. Acúmulos de água contaminada são 
importantes fontes de infecção aos animais de 
produção, aos mamíferos aquáticos e às pessoas. 
Manipuladores de animais, encanadores, trabalhadores 
rurais, mineiros e veterinários têm alto risco de 
exposição. 
 
MECANISMOS IMUNES DA DOENÇA 
 Os mecanismos imunológicos podem estar 
relacionados com algumas das seguintes características 
da leptospirose: 
- A anemia hemolítica, característica de leptospirose 
septicêmica causada por L. pomona em ruminantes, está 
associada à presença de hemaglutininas frias, sugerindo 
uma condição autoimune. As participações relativas 
destas e da hemolisina bacteriana não foram definidas 
- Nefrite intersticial crônica canina é comum e pode ser 
uma lesão subsequente à infecção por Leptospira. A 
evidência de formação de biofilme poderia explicar a 
degeneração crônica do tecido renal e a excreção 
intermitente de leptospira em animais sadios. Sugere-se 
uma etiologia com a participação de leptospira 
decorrente do frequente histórico de leptospirose e da 
presença de anticorpo contra leptospira, especialmente 
na urina. 
- A forte evidência de participação de leptospira em 
casos de iridociclite equina recorrente (uveíte, oftalmia 
periódica e cegueira noturna) se deve, em parte, à 
cultura positiva de leptospira em fluido dos olhos de 
equinos enfermos, ao resultado positivo no teste PCR de 
amostras de humor aquoso e aos títulos de leptospirose 
no soro de equinos acometidos. 
 
MECANISMOS DE RESISTÊNCIA E RECUPERAÇÃO 
 A recuperação de leptospirose aguda coincide com a 
cessação de septicemia e o aparecimento de anticorpos 
circulantes, geralmente na segunda semana de infecção. 
O anticorpo protetor é o isótipo IgG e IgM e é 
direcionado principalmente aos antígenos da bainha 
externa. Anticorpo aglutinante (principalmente IgM), o 
qual pode persistir durante anos após a recuperação, 
não é indicativo de imunidade, tampouco da condição 
de paciente que excreta a bactéria, a qual pode ocorrer 
na ausência de anticorpo ou ter terminado antes de seu 
desaparecimento. A evidência de formação de biofilme 
pelas leptospiras pode explicar a ocorrência de infecções 
crônicas refratárias. Em geral, a imunidade adquirida 
após a recuperação é sólida e sorovarespecífica, mas 
repetidos abortos causados por L. hardjo têm sido 
verificados em vacas. 
 
IMUNIZAÇÃO ARTIFICIAL 
 Em cães, utilizamse vacinas com bacterinas (vacina 
bivalente, contendo L. icterohaemorrhagiae e L. 
canicola; ou vacina multivalente, na qual se adicionam L. 
pomona e L. gryppotyphosa à vacina bivalente). Em 
bovinos e suínos, utilizase, pelo menos, uma bacterina 
pentavalente contendo L. hardjo, L. pomona, L. canicola, 
L. icterohaemorrhagiae e L. gryppotyphosa; em algumas 
vacinas, adicionamse o sorovar L. bratislava e um 
segundo componente de L. hardjo. Pessoas podem ser 
vacinadas, dependendo de sua ocupação, como 
encanadores e funcionários de abatedouros. A proteçãoé temporária e específica para o sorovar, havendo 
necessidade de reforços, pelo menos, anualmente. A 
vacinação evita a doença evidente, mas não 
necessariamente a infecção. 
 
COLETA DE AMOSTRA 
 Em animais vivos, realizam-se exames de amostras de 
sangue, de urina, de fluido cerebroespinal, de fluido 
uterino e de cotilédones placentários. Em geral, o exame 
de sangue é negativo após a primeira fase febril. Leite 
destrói as leptospiras e não é uma amostra promissora 
para cultura bacteriológica. Amostras de urina sempre 
devem ser examinadas. Em cadáveres, inclusive fetos 
abortados, é mais provável que os rins abriguem 
leptospira. Nos casos de morte por septicemia (inclusive 
em fetos abortados), vários órgãos podem conter a 
bactéria, em especial o fígado, o baço, o pulmão, o 
cérebro e os olhos. A cultura bacteriológica é realizada 
imediatamente após a coleta da amostra, embora a 
leptospira possa sobreviver no sangue oxalatado de 
humanos por 11 dias. 
 
EXAME DIRETO 
 Os métodos de constatação visual direta envolvem 
preparações úmidas examinadas em microscópio de 
campo escuro (ou em microscópio de contraste de fase), 
colorações imunofluorescentes e impregnação do tecido 
fixado por prata. A microscopia de campo escuro de 
rotina deve se limitar ao exame de urina. Outros fluidos 
corporais contêm artefatos semelhantes à leptospira. 
Centrifugação breve em baixa velocidade limpa as 
partículas interferentes das amostras, mas não 
sedimenta as leptospiras. São descritos métodos que 
utilizam amostras de urina formalinizadas, porém a 
formalina inibe a motilidade. A motilidade auxilia na 
identificação de leptospira. Em exames diretos, os 
resultados negativos não excluem a possibilidade de 
leptospirose. Têmse utilizado anticorpos fluorescentes 
no exame de fluidos, de cortes teciduais, de 
homogenatos, imprints obtidos de órgão e, mais 
efetivamente, em fetos bovinos abortados, nos quais o 
exame do rim é mais satisfatório. Os resultados de 
exames de cortes teciduais impregnados com prata 
devem ser interpretados com cautela, pois as fibrilas de 
tecidos agirofílicos podem se assemelhar a leptospiras. A 
ampliação de DNA utilizando PCR e primers de DNA 
específicos tem-se tornado um excelente procedimento 
diagnóstico para a detecção de leptospira nos fluidos e 
tecidos de animais. 
 
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO 
 O meio EllinghausenMcCulloughJohnsonHarris 
(EMJH) é um bom meio de isolamento, especialmente 
para L. hardjo, o sorovar de crescimento mais lento 
dentre os sorovares comuns. Faz-se a replicação de 
inóculos em meio líquido, com e sem inibidores seletivos 
(5fluoruracila, neomicina e cicloheximidina). Durante a 
incubação, o meio é examinado por microscopia, em 
intervalos, por até vários meses. A inoculação em 
animais (hamsters ou porquinhosdaíndia) elimina 
contaminantes menos importantes do inóculo primário, 
injetado por via intraperitoneal. Periodicamente, obtêm-
se amostras de sangue para cultura, iniciando alguns 
dias após a inoculação. Após 3 a 4 semanas, os animais 
são sacrificados e os rins são examinados e submetidos à 
cultura para leptospira. Se infectados pela bactéria, os 
animais produzem anticorpos. Todo isolado recuperado 
dessa maneira pode ser identificado morfologicamente 
como Leptospira sp. A identificação definitiva é realizada 
por laboratórios de referência. 
 
SOROLOGIA 
 Como o exame direto frequentemente não é confiável 
e a cultura é trabalhosa e de alto custo, o exame 
sorológico é método diagnóstico mais comumente 
empregado. O teste de aglutinação microscópica que 
utiliza antígeno vivo é mais amplamente realizado. 
Outros exames laboratoriais incluem teste de 
aglutinação em tubo e macroscópico de placas, bem 
como fixação de complemento e testes 
imunoenzimáticos. Amostras pareadas são as preferidas: 
uma amostra é obtida no início da manifestação da 
doença, e outra, 2 semanas depois. Se há infecção por 
Leptospira nesse intervalo, observa-se um aumento de 
quatro vezes, ou mais, no título de anticorpos contra a 
bactéria. 
 No caso de aborto bovino, isso pode não ocorrer. O 
motivo é a infecção de bovinos por L. hardjo estimular 
uma resposta imune muito fraca, provavelmente 
decorrente de sua adaptação a essa espécie animal. Os 
anticorpos persistem por longos períodos após a 
infecção. Os títulos pósvacinais são mais baixos e 
diminuem bem antes da imunidade induzida pela 
vacinação. O título de aglutinação é específico do tipo de 
bactéria. Geralmente os laboratórios de diagnóstico 
fazem exames sorológicos para todos os sorovares 
comuns. 
 
TRATAMENTO E CONTROLE 
 Leptospiras são sensíveis a penicilina, tetraciclina, 
cloranfenicol, estreptomicina e eritromicina. O 
tratamento, para ser efetivo, deve ser instituído no início 
da doença, possivelmente mesmo de modo profilático 
nos casos de exposição conhecida à bactéria. Doxiciclina 
é utilizada no tratamento de pacientes humanos, de 
modo profilático. Estreptomicina ou 
dihidroestreptomicina é rotineiramente utilizada com 
intuito de eliminar a condição de animal portador. No 
entanto, não é rara a persistência da infecção por 
Leptospira nos rins e no trato reprodutor de bovinos, 
após o tratamento antibiótico, sugerindo, novamente, a 
formação de biofilme pelas leptospiras. Em geral, a 
vacinação evita a doença. Não impede a infecção, 
tampouco a excreção da bactéria. 
 
 
Leptospirose 
- Família Leptospiraceae 
- Gênero Leptospira: espécies 
Interrogans, biflexa 
- Espécies patogênicas 
 
São específicas, porém acabam sendo transportados 
para novos hospedeiros, chamadas infecções acidentais. 
Animais silvestres – portadores assintomáticos, 
populações resistentes/resilientes, seleção dos mais 
fortes como mantedores e transportadores da bactéria 
para outros indivíduos. 
- Outono: estacional chuvoso 
- Animais silvestres em estresse: micção. Água – diluição 
– infecção. 
- Curta vida útil fora do organismo animal. 
 
Espécies patogênicas: 
- Leptospira borgpetersenii 
- L. inadae 
- L. kirshneri 
- L. meyeri 
- L. noguchii 
- L. santarosae 
- L. weilee 
- L. interroganss sensu stricto. 
 
Interesse veterinário e saúde pública 
- 200 diferentes sorovares 
- L. hardjo (importante para bovinos) 
- L. pomona (eqüinos, bovinos, suínos) 
- L. canicola (cão) 
- L. icterohaemorrhagiae (ratos) 
- L. pyrogenes 
- L. grippotyphosa (ratões) 
- L. autumnalis. 
 
Propriedades gerais 
- Coloração: não cora pelo gram 
- Fontana (prata) 
- Morfologia espiral (saca rolha) 
- Móvel 
 
Sinais clínicos 
- Homem: icterícia, dor muscular, dor de cabeça. 
- Bovinos: retorno ao cio, aborto, morte de terneiros, 
sangue no leite. 
- Equino: baixo rendimento, projeção da terceira 
pálpebra (uveíte) 
- Suíno: aborto 
- Cães: febre, icterícia 
- Gatos: sem receptores para essa bactéria, passa sem 
ser absorvida 
 
Frequência: 
L. icterohaemorrhagiae: 30,8% 
L. grippotyphosa: 23,1% 
L. australis: 15,4% 
L. panamá: 10,8% 
L. pyrogena: 10,8% 
L. shermani: 4,6% 
L. canicola: 3,1% 
 
Bacteremia inicial – produção de ACS, opsonização – 
avanço pelos tecidos – multiplicação – substancias 
líticas, reação inflamatória, “endotoxinas”. 
Vasculites e hemorragias: rins, fígado, pulmões, 
meninges, músculo estriado, glândulas suprarrenais, 
gastrointestinal, pele. 
- Rompimento da hemácia, Bilirrubina re-circula e volta 
pelo sangue e aparece nas mucosas. Rim e fígado não 
conseguem metabolizá-la. 
- Aparecem peteques, equimoses e sufusões. 
 
Sinais clínicos 
Bovinos: subclínica com ou sem leptospiúria: 
- Síndrome da queda do leite com ou sem outros 
sintomas (hardjo) 
- Abortos seguidos (pomona) ou esporádicos (hardjo) e 
mortalidade neonatal 
- Infertilidade (hardjo) 
- Hemoglobinúria, icterícia e febre em bezerros e menos 
comumente em adultos (pomona, grippotyphosa e 
icterohaemorragiae).Ocasionalmente muitos animais mostram sinais de 
meningite. 
 
Ovelhas: principalmente infecções subclínicas com 
leptospiúria (hardjo). Ocasionalmente ocorre casos 
agudos com depressão, dispnéia, hemoglobinúria, 
anemia e alta mortalidade de cordeiros. 
 
Sinais clínicos 
Hemorragia pulmonar 
 
Cães: subclínica com leptospiúria (canicola): 
- Doença da hemorragia aguda: febre, vômito, 
prostração e morte rápida (usualmente 
icterohaemorragiae). 
- Tipo de icterícia aguda: intenso prurido, depressão, 
febre, hemorragias na urina e fezes (canicola e 
icterohaemorragiae) 
- Tipo de uremia: uremia associada com extensa lesão 
renal, estomatite ulcerativa. Alta letalidade. 
- Os sinais clínicos severos podem ocorrer entre 1-3 anos 
após infecção inicial (canicola). 
- Alteração da atividade hepática, raramente crônica 
(grippotyphosa). 
 
Controle 
- Animais 
- Vacinas bacterina 
- Sorovares presnetes os animais da região 
- Monovalentes (mais eficiente – menos sorovares) 
- Polivalentes 
 
Tratamento: 
- Bacteremia 
- Doxicilina 
- Penicilina 
- Renal 
- Dihidroestreptomicina 
 
Vacinas não protegem contra a infecção, protegem 
contra a doença clínica. 
Quanto maior o número de infecção, maior o título de 
anticorpos e melhor a defesa.

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