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MICROBIOLOGIA GERAL CAMPYLOBACTER As bactérias dos gêneros Campylobacter e Arcobacter (anteriormente classificadas como pertencentes ao gênero Campylobacter) são pequenos bastonetes gram- negativos encurvados associados à ocorrência de doenças dos sistemas genital e gastrintestinal. Ambos os gêneros envolvem bactérias da família Campylobacteraceae. MORFOLOGIA E COLORAÇÃO As bactérias dos gêneros Campylobacter e Arcobacter são bastonetes gramnegativos encurvados, que não formam esporos, com 0,5 a 5 µm de comprimento e 0,2 a 0,9 µm de largura. Apresentam cápsulas e se movimentam por meio de um flagelo polar, em uma ou em ambas as extremidades. Quando duas ou mais células bacterianas se posicionam juntas, podem apresentar formato de “S” ou de “gaivota alada”, que podem parecer “espirais”. Esse gênero contém 23 espécies identificadas, várias das quais causam doença dos sistemas genital e gastrintestinal, em animais e pessoas. Outras espécies são bactérias comensais do sistema gastrintestinal de seres humanos, de mamíferos domésticos e selvagens, de aves e de moluscos. As espécies de importância veterinária são Campylobacter fetus, C. jejuni ssp. jejuni, C. coli, C. lari, C. hyointestinalis, C. sputorum, C. helveticus, C. mucosalis e C. upsaliensis (Quadro 23.1). C. fetus e C. jejuni são importantes causas de falha reprodutiva em ruminantes. Várias espécies, especialmente C. jejuni e C. coli, são importantes agentes etiológicos de gastrenterite em pessoas e menos importantes em animais. Há duas subespécies de C. fetus: venerealis e fetus. Com frequência, a doença causada por esses dois microrganismos são referidas como vibriose porque C. fetus anteriormente era classificado como bactéria do gênero Vibrio. C. fetus ssp. venerealis é o hospedeiro adaptado aos bovinos e causa campilobacteriose bovina venérea ou genital, que é uma doença venérea caracterizada por morte embrionária precoce e infertilidade. O microrganismo é de importância maior porque no comércio internacional há normas para evitar a transmissão. C. fetus ssp. venerealis também provoca abortos esporádicos em vacas. C. fetus ssp. fetus e C. jejuni ssp. jejuni são causas mundiais de surtos de abortos em ovelhas e de abortos esporádicos em cabras e vacas. C. fetus ssp. fetus foi isolado de feto abortado de alpaca. C. coli também provoca aborto em ovelhas, porém muito menos comumente que C. fetus ou C. jejuni. Em várias espécies animais, ocorre colonização gastrintestinal por C. jejuni. Com frequência, a infecção é acompanhada de diarreia autolimitante em ruminantes jovens e em filhotes de cães e gatos, mas a infecção em animais mais velhos geralmente é assintomática. Em aves, a ocorrência de infecção assintomática persistente é especialmente elevada, mas não se sabe se nesses animais C. jejuni causa doença clínica. C. coli é mais comumente isolado do intestino de aves e de suínos sadios. As bactérias do gênero Campylobacter são as principais causas de gastrenterite bacteriana humana transmitida por alimento. Mais de 90% dos casos humanos são provocados por C. jejuni e C. coli, sendo C. jejuni, de longe, a principal causa. Outros agentes etiológicos menos comuns de gastrenterite em pessoas incluem C. fetus ssp. fetus, C. upsaliensis, C. lari, C. hyointestinalis e C. sputorum (Quadro 23.1). A maioria das infecções humanas se deve à ingestão de alimento contaminado cru ou malcozido, leite não pasteurizado ou água contaminada. O consumo de aves ou de produtos aviários é o principal fator de risco de enterite causada por Campylobacter em pessoas. Embora a infecção humana seja rara, C. fetus ssp. fetus é a bactéria do gênero Campylobacter que mais provavelmente ocasiona bacteriemia e infecção extraintestinal, em pessoas. C. helveticus é mais comumente isolado de fezes de cães e gatos normais, mas alguns estudos mostram que o isolamento é mais frequente em animais de companhia com diarreia. Não se sabe se a bactéria causa doença em pessoas. C. hyointestinalis e C. mucosalis foram propostos como causas de enteropatia proliferativa em suínos; posteriormente, confirmouse que a doença é causada por Lawsonia intracellularis. C. hyointestinalis é causa rara de gastrenterite em pessoas, mas não se sabe se C. mucosalis provoca doença em animais ou seres humanos. C. lari foi originalmente isolada em fezes de gaivotas assintomáticas (vem daí sua denominação). Daí em diante, o microrganismo foi isolado de fezes de cães, de aves selvagens e de equinos. Considera-se que C. lari seja causa esporádica de diarreia e causa rara de bacteriemia em pessoas, mas não se sabe se provoca doença em animais. Há três biovares de C. sputorum – sputorum, faecalis e paraureolyticus –, que são comensais da cavidade bucal de pessoas, do sistema gastrintestinal de ruminantes e do sistema genital de bovinos. Os biovares não são específicos, tal como os locais de infecção. É importante a diferenciação entre C. sputorum e C. fetus. Cepa do sistema genital de bovinos anteriormente classificada como C. sputorum biovar bubulus foi reclassificada como biovar sputorum. C. sputorum está associado à ocorrência de gastrenterite em pessoas. C. upsaliensis é a bactéria do gênero Campylobacter mais comum em fezes de cães. Gatos também são comumente infectados; ademais, o microrganismo foi isolado em aves. A bactéria causa diarreia em filhotes de cães, porém gatos e cães adultos geralmente são assintomáticos. Relatase que esse microrganismo causa doença intestinal, bacteriemia e aborto em mulheres. PAREDE CELULAR Bactérias do gênero Campylobacter apresentam parede celular típica de microrganismos gramnegativos. Embora o componente lipídio A do lipopolissacarídio (LPS) seja capaz de se unir à proteína ligadora LPS no soro e estimular o sistema imune do hospedeiro, o LPS de C. fetus tem atividade biológica muito discreta, em comparação com as bactérias da família Enterobacteriaceae. Isso provavelmente é importante para o microrganismo desenvolver uma infecção persistente. A extensão das cadeias laterais do polissacarídio repetidas (antígeno O) do LPS é importante na resistência das bactérias à morte no soro, pela ação do complemento; cepas de C. fetus resistentes no soro apresentam longos antígenos O. O LPS de C. jejuni carece de cadeias laterais de polissacarídio repetidas; é uma apresentação rugosa de LPS denominada lipooligossacarídio (LOS). A maioria dos isolados de C. jejuni é oriunda do intestino e são sensíveis ao soro. Com frequência, isolados de sangue ou de outros locais extraintestinais são resistentes no soro, mas isso se deve a sua cápsula e não ao LOS. O LOS de C. jejuni é importante para a resistência à morte por peptídios antimicrobianos catiônicos (CAP), ou defensinas, produzidos pelas células hospedeiras como parte da resposta imune inata. Isolados intestinais de C. jejuni apresentam LOS danificado e são mais sensíveis à morte pelos CAP, em comparação com isolados de meninges e de sangue. Mutações nos genes de LOS também reduzem a aderência e a invasão de células epiteliais. Diferentes formas de LOS são expressas por C. jejuni em temperatura de 37°C a 42°C, fato que, possivelmente, auxilia a bactéria a se adaptar às diferentes temperaturas dos intestinos de mamíferos e de aves. CÁPSULA Circundando a membrana externa há uma cápsula de polissacarídio altamente variável. As mutações nos genes das cápsulas de cepas de C. jejuni resistentes no soro aumentam a suscetibilidade à ação bactericida do soro. A cápsula auxilia a proteger o LOS da ação dos receptores das células hospedeiras, como os receptores Tolllike, os quais ajudam a impedir a estimulação daresposta imune inata. A cápsula tem participação na fixação de C. jejuni às células epiteliais; isolados que não apresentam cápsula não colonizam eficientemente o intestino de aves jovens. Há variação na expressão de antígenos capsulares por causa da fase de variação na expressão dos genes responsáveis, o que auxilia o microrganismo, temporariamente, a escapar da ação do sistema imune. Os antígenos capsulares também são utilizados para sorotipagem. MICROCÁPSULA OU CAMADA S DE C. FETUS SSP. FETUS Uma microcápsula proteica denominada camada S (surface layer) circunda C. fetus ssp. fetus, sendo um importante fator de virulência. A camada S resiste à fagocitose e aos efeitos bactericidas do soro, por inibir a ligação com o fator C3b do sistema complemento. Em ovinos, a camada S é necessária para causar infecção sistêmica e aborto. São produzidos anticorpos protetores contra os antígenos da camada S, mas a fase de variação na expressão de proteínas da camada S auxilia o microrganismo, temporariamente, a escapar da ação do sistema imune. ADESINAS CadF é uma proteína da membrana externa altamente preservada em C. jejuni e C. coli que se liga à proteína fibronectina da matriz celular e atua como mediadora na fixação das bactérias às células hospedeiras. Em modelos animais, as mutações no gene CadF reduzem a capacidade de fixação das bactérias e sua virulência. Peb 1 (também denominada CBF1) é uma adesina de C. jejuni presente no espaço periplasmático que se liga a aspartato e glutamato. Mutantes com deficiência de Peb 1 não colonizam eficientemente o intestino de camundongos. CapA é uma lipoproteína que contribui para a fixação de C. jejuni às células epiteliais, sendo importante na colonização e no estabelecimento de infecção persistente no intestino de aves jovens. FLAGELOS Os flagelos de C. jejuni são fundamentais na motilidade bacteriana e na quimiotaxia para mucina e para aminoácidos presentes em teores elevados no intestino de frangos, os quais são importantes para a colonização intestinal. C. jejuni apresenta um aparato de exportação de flagelo que atua de modo semelhante ao sistema de secreção tipo III (um grupo de proteínas que forma uma estrutura tubular por meio da qual as proteínas são “introduzidas” nas células”alvo” do hospedeiro). Mutações nos genes de flagelina (fla), que codificam as proteínas mais importantes dos flagelos, impedem a motilidade e secreção de proteínas Cia (Campylobacter invasion antigens), necessárias para a invasão celular. TOXINA EXPANSORA CITOLETAL A toxina expansora citoletal (CDT) é produzida por C. jejuni, C. coli, C. lari, C. fetus e C. upsaliensis, sendo a única toxina comprovadamente produzida por bactérias do gênero Campylobacter. A toxina provoca apoptose em decorrência da parada celular na transição entre as fases G2 /M do ciclo celular. Sua participação na ocorrência de doença não foi determinada. Em pessoas, a CDT estimula a produção de interleucina8, que recruta células dendríticas, macrófagos e neutrófilos, e, assim, exacerba a inflamação. No entanto, em seres humanos, a doença clínica causada por cepas de C. jejuni que não produzem CDT foi indistinguível da doença causada por cepas que produzem CDT. SISTEMA DE SECREÇÃO TIPO II. C. jejuni tem um sistema de secreção tipo II que se liga ao DNA livre no ambiente e o transporta ao citoplasma. Uma vez no citoplasma, o DNA é incorporado no genoma ou, no caso de um plasmídio, pode se replicar livremente. A capacidade em adquirir DNA do ambiente é conhecida como competência natural. SISTEMA DE SECREÇÃO TIPO IV (T4SS) O genoma de C. fetus ssp. venerealis contém um único segmento de DNA (denominado ilha genômica) que contém genes, os quais, acreditase, sejam responsáveis pela adaptação de C. fetus ssp. venerealis ao sistema genital de bovinos. Na ilha genômica, há genes para T4SS, que é um sistema que atua como mediador na transferência de DNA e/ou proteína entre bactérias e/ou entre células eucarióticas hospedeiras. As mutações nos genes T4SS reduzem a virulência de C. fetus ssp. venerealis. CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO As bactérias do gênero Campylobacter são microaeróbicas e necessitam uma atmosfera que contenha de 3 a 10% de oxigênio e de 3 a 15% de dióxido de carbono. Todas as espécies crescem em temperatura de 37°C, mas algumas, como C. jejuni, C. coli e C. lari, são termotolerantes e crescem bem em temperatura de 42°C – uma característica frequentemente considerada no isolamento dos microrganismos nas fezes. A maioria das espécies não se multiplica em temperatura abaixo de 30°C, e sua quantidade é muito reduzida pelo congelamento e descongelamento. No entanto, podem permanecer viáveis durante dias a semanas em matéria orgânica, como fezes, carne ou leite, especialmente quando resfriadas. Diferentemente dos microrganismos da família Enterobacteriaceae, as bactérias do gênero Campylobacter são oxidasepositivas. Não fermentam ou oxidam carboidratos, mas produzem energia da oxidação de aminoácidos ou de produtos intermediários do ácido tricarboxílico, por uma via respiratória. VARIABILIDADE As bactérias do gênero Campylobacter originalmente foram classificadas com base nos antígenos A, B e C do LPS, estáveis ao calor. C. fetus ssp. fetus apresenta os sorovares A2 e B, e C. fetus ssp. venerealis apresenta sorovares A1 e Asub 1. As cepas que expressam antígenos C se multiplicam em temperatura de 42°C e são classificadas como C. jejuni e C. coli. O sistema de sorotipagem Penner se baseia nos antígenos capsulares estáveis ao calor extraíveis; C. jejuni tem 42 sorotipos e C. coli tem 18. Mais de 100 sorotipos de C. jejuni, C. coli e C. lari são identificados por um sistema proposto por Lior, com base nos antígenos flagelares e nos antígenos de superfície, termolábeis. A tipagem sorológica é realizada apenas por alguns laboratórios de referência, em razão do grande número de tipagem sérica necessária. A maioria das tipagens é obtida por métodos moleculares, como ribotipagem, análise de endonuclease de restrição, eletroforese em gel de campo pulsado, polimorfismo do comprimento dos fragmentos amplificados e PCR com análise da sequência genômica. A análise genética também indica que há variabilidade genética marcante individual nas espécies de Campylobacter intestinais, como C. jejuni. No entanto, em 2008, um estudo de isolados de C. jejuni oriundo de materiais de aborto de ovelhas de diferentes regiões dos EUA constatou que 66 dos 71 isolados analisados eram oriundos de um único clone. RESERVATÓRIO C. FETUS SSP. VENEREALIS O principal reservatório é a cripta do prepúcio de touros portadores de infecção persistente. Entre 1 e 2% das vacas tornam-se portadores persistentes do microrganismo na vagina e também são considerados reservatórios. C. FETUS SSP. FETUS Os reservatórios são o sistema gastrintestinal e a vesícula biliar de ruminantes infectados. C. JEJUNI E CAMPYLOBACTER INTESTINAL Em ovinos portadores, os principais reservatórios de C. jejuni são o sistema gastrintestinal e a vesícula biliar. Aves domésticas, vários pássaros, bovinos, ovinos, cães, gatos e suínos também são carreadores de C. jejuni; suínos e aves domésticas são os principais reservatórios de C. coli. Acreditase que o reservatório de outras bactérias do gênero Campylobacter seja o sistema gastrintestinal de animais infectados. TRANSMISSÃO DOENÇA REPRODUTIVA A infecção por C. fetus ssp. venerealis ocorre predominantemente durante o coito, mas é possível a transmissão por meio de inseminação artificial com equipamento e/ou sêmen contaminado. A infecção por C. fetus ssp. fetus e C. jejuni ocorre por meio da ingestãodo microrganismos em alimento ou água contaminada por fezes de ruminantes carreadores ou mediante exposição a fluidos fetais e membranas de fetos abortados. DOENÇA INTESTINAL A infecção por Campylobacter associada a doença intestinal (C. jejuni, C. coli etc.) ocorre por via oral, mediante ingestão de alimento e água contaminados. Em seres humanos, o consumo de produtos oriundos de aves domésticas é o único fator de risco de relevância para gastrenterite causada por C. jejuni; o consumo de outros tipos de carne, de leite não pasteurizado e de água contaminada também é importante. Raramente ocorre transmissão entre pessoas. PATOGÊNESE E SINAIS CLÍNICOS DOENÇA REPRODUTIVA (BOVINOS). C. fetus ssp. venerealis se instala em uma fêmea suscetível por meio de um touro infectado, durante o coito. Os microrganismos se multiplicam na vagina, mas não penetram no útero antes do final do cio, possivelmente em razão do alto número de neutrófilos no útero durante o estro. No útero, ocorre multiplicação adicional e, possivelmente, invasão ativa da bactéria, resultando em endometrite. A infecção não interfere na fertilização, mas origina um ambiente inapropriado para a sobrevivência do embrião. Em geral, a fêmea retorna ao cio após um intervalo superior a 25 dias (o normal é 21 dias). O processo se repete, por si só, até que a fêmea induza uma resposta imune suficiente para eliminar os microrganismos do útero. Em seguida, a endometrite regride, e a vaca tornase prenhe e leva a gestação até seu final. Em média, as vacas infectadas passam por até cerca de 5 ciclos estrais antes de levar a gestação a termo. Clinicamente, os sinais da infecção são repetidos acasalamentos, ciclos estrais irregulares, aumento dos intervalos entre partos e aumento da taxa de vacas que não emprenham. Se o rebanho permanece fechado, as vacas desenvolvem imunidade e a taxa de fertilidade e os intervalos entre partos gradativamente retornam ao normal, porém não retornam à normalidade sem intervenção. DOENÇA REPRODUTIVA (OVINOS) Após ingestão, C. fetus ssp. fetus e C. jejuni alcançam a corrente sanguínea; na ovelha prenhe, instalase na placenta. Isso resulta em placentite, infecção fetal e aborto, comumente 3 a 4 semanas após a infecção, mas pode demorar tanto quanto 2 meses. Placenta, fluidos uterinos e feto contêm grande quantidade de microrganismos. Em geral, os abortos ocorrem na segunda metade da prenhez. Com frequência, observamse “surtos” envolvendo até 50% das ovelhas prenhes, embora o mais comum seja uma taxa de aproximadamente 25%. Na maioria dos casos, a lesão macroscópica consiste apenas em placentite, que não é específica da infecção por Campylobacter, mas é sugestiva de infecção bacteriana. Ocasionalmente, o fígado do feto contém focos de necrose marrons a avermelhados, frequentemente com aparência semelhante a alvo ou rosquinha. Geralmente, em vacas e cabras infectadas por C. fetus ssp. fetus e C. jejuni ocorre aborto como casos isolados e esporádicos. DOENÇA INTESTINAL C. jejuni adere e invade células epiteliais da parte distal do intestino delgado e do cólon. Ocorre transferência de bactérias pelo epitélio da lâmina própria. A invasão de C. jejuni lesiona o epitélio e ocasiona hemorragia e inflamação, com recrutamento de neutrófilos e produção de interleucinas e prostaglandinas. Em animais e em pessoas, os sinais clínicos incluem febre, cãibras abdominais e diarreia aquosa a sanguinolenta, que, geralmente, regride espontaneamente dentro de alguns dias a semanas. Os efeitos bactericidas do soro inativam a maioria das bactérias do gênero Campylobacter que alcançam os vasos linfáticos e a circulação sanguínea sistêmica. Apenas um pequeno número de cepas é sororresistente e provoca infecção sistêmica, com localização extraintestinal. A exceção é C. fetus ssp. fetus, no qual quase todas as cepas são resistentes à morte pelos efeitos antimicrobianos do soro e pela fagocitose. Consequentemente, C. fetus é mais importante como causa de doença sistêmica EPIDEMIOLOGIA DOENÇA REPRODUTIVA (BOVINOS) Campilobacteriose venérea é uma doença mundial, que acomete principalmente bovinos de corte concebidos por monta natural. O uso de inseminação artificial praticamente eliminou o microrganismo em rebanhos de bovinos leiteiros, porque é facilmente inativado no sêmen e no equipamento de inseminação. DOENÇA REPRODUTIVA (OVINOS) Abortos provocados por bactérias do gênero Campylobacter ocorrem em todas as criações de ovinos. Historicamente, C. fetus ssp. fetus foi a causa mais importante de campilobacteriose nesta espécie, mas, a partir do final dos anos de 1980, os abortos causados por C. jejuni se tornaram mais comuns e em alguns países excede o número de abortos causados por C. fetus. C. coli provoca abortos esporádicos em ovelhas, mas não é uma bactéria comum na maioria dos países. No entanto, em algumas regiões isolase C. coli em até 20% dos abortos causados por bactérias do gênero Campylobacter. DOENÇA INTESTINAL As fezes de animais infectados são fontes de infecção para outros animais. Carnes de aves domésticas contaminadas, bem como outros tipos de carne, cruas, malcozidas e inadequadamente manipuladas, leite cru e água contaminadas são fontes de infecção humana. O ceco de, aproximadamente, 50% dos frangos contém C. jejuni. No abate, o microrganismo contamina o ambiente e, como consequência, quase todas as carcaças de frangos à venda no comércio encontram-se contaminadas. Animais de companhia e animais pecuários infectados são fontes potenciais da infecção. Bactérias do gênero Campylobacter são encontradas nas fezes de animais de companhia sadios, mas em prevalência e quantidade de bactérias menores que aquelas verificadas em pacientes com diarreia. Cães e gatos de abrigos e cães alimentados com dietas preparadas no próprio domicílio provavelmente carreiam mais C. jejuni. C. jejuni é comumente isolado em fezes de bovinos e, ocasionalmente, em casos de mastite, fato que pode auxiliar na explicação dos surtos de infecção humana após ingestão de leite não pasteurizado. CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS DOENÇA REPRODUTIVA (BOVINOS) A imunidade protetora contra C. fetus ssp. venerealis se desenvolve no útero, e, embora a IgM seja inicialmente produzida, a imunidade se baseia principalmente na ação de IgG. Os anticorpos revestem a bactéria e iniciam a cascata do complemento, resultando em lise bacteriana. Os anticorpos IgG também atuam como opsonizadores e se ligam aos antígenos capsulares, resultando em fagocitose e destruição das bactérias. As moléculas de IgA, IgG e IgM secretadas se ligam aos antígenos de superfície e impedem a fixação dos microrganismos às células epiteliais. Todos os isótipos de anticorpos específicos contra antígenos flagelares impedem a transferência da bactéria da vagina para o útero. Na vagina, tem-se principalmente uma resposta de IgA não opsonizante, que é menos efetiva na eliminação dos microrganismos que a resposta de IgG no útero. A maioria das vacas destrói C. fetus ssp. venerealis do útero dentro de 2 a 3 meses; entretanto, frequentemente demora 6 meses, ou mais, para destruir as bactérias presentes na vagina. A eliminação dos microrganismos da vagina raramente demora mais que 10 meses; todavia, entre 1 e 2% das vacas se tornam portadores persistentes da bactéria na vagina. Em 30 a 70% das vacas que eliminaram os microrganismos, uma nova exposição a C. fetus ssp. venerealis ocasiona infecção vaginal que não se propaga ao útero. Touros com menos de 4 anos de idade raramente permanecem infectados por mais que alguns dias, porém os mais idosos podem permanecer infectados pelo restante da vida, a menos que tratados.A explicação mais comumente aceita é que as criptas prepuciais de touros mais velhos são mais profundas e mais receptivas que as de touros mais jovens. A resposta imune estimulada pela infecção natural não é efetiva na eliminação da bactéria de touros. No entanto, a vacinação estimula a produção de anticorpos IgG específicos no soro e na secreção mucosa, podendo impedir ou eliminar a infecção em machos e fêmeas. DOENÇA REPRODUTIVA (OVINOS) Ovelhas ficam imunes após aborto ou vacinação, principalmente pela presença dos anticorpos IgM e IgG na corrente sanguínea e nos tecidos. Isso resulta em remoção dos microrganismos pelas células fagocíticas e iniciação da cascata do complemento, culminando em lise bacteriana. DOENÇA INTESTINAL Após a fixação e a invasão da mucosa intestinal pela bactéria, ocorre produção de anticorpos circulantes e de anticorpos de mucosa. Isso resulta na eliminação de Campylobacter da mucosa intestinal, mas não do lúmen intestinal. A resposta imune não impede nova colonização do intestino, mas auxilia na prevenção dos sinais clínicos. COLETA DE AMOSTRAS DOENÇA REPRODUTIVA (BOVINOS) É muito mais provável que as amostras obtidas de machos sejam positivas que as amostras coletadas de fêmeas. Obtém-se esmegma ou raspado de prepúcio por meio de aspiração na extremidade de uma pipeta de inseminação. As amostras de fêmeas são coletadas utilizando-se um tampão colocado na parte anterior da vagina. As amostras devem ser resfriadas, mas não congeladas; caso não seja possível enviá-las ao laboratório dentro de 6 a 8 h, devem ser colocadas em um meio de transporte, como o meio Clark ou Lander, ou em caldo de tioglicolato. Deve-se obter amostras de todos os touros ou de 20 fêmeas ou de 10% do rebanho, o que for maior. DOENÇA REPRODUTIVA (OVINOS) Fluido abomasal, pulmão e fígado de feto abortado são as melhores amostras. A contaminação dificulta muito o isolamento dos microrganismos da placenta. DOENÇA INTESTINAL Utilizam-se amostras de fezes para o diagnóstico das infecções causadas por Campylobacter. EXAME DIRETO DOENÇA REPRODUTIVA (BOVINOS) Em razão do baixo número de bactérias, é muito improvável a visualização direta de C. fetus ssp. venerealis em esfregaços corados, obtidos de touros e/ou vacas infectadas. Preparações com anticorpos corados fluorescentes são úteis e, às vezes, são empregadas em combinação com a cultura bacteriológica para aumentar a sensibilidade do teste. DOENÇA REPRODUTIVA (OVINOS) As preparações de conteúdo estomacal de feto abortado coradas pela técnica de Gram ou com corantes do tipo Romanovsky frequentemente contêm pequenos bastonetes curvos. Uma característica das bactérias do gênero Campylobacter é a rápida movimentação “em espiral ou em saltos” que pode ser observada em preparações úmidas de conteúdo abomasal, em microscópio de campo escuro ou de contraste de fase. A detecção de focos necróticos arredondados ou em formato de alvo no fígado também sustenta um diagnóstico presuntivo de infecção por Campylobacter. DOENÇA INTESTINAL Em esfregaços de fezes corados, notam-se vários bastonetes gram negativos curvos delgados, sangue, muco, neutrófilos e fragmentos celulares. ISOLAMENTO DOENÇA REPRODUTIVA (BOVINOS) Esmegma, raspado de prepúcio, fluido vaginal ou conteúdo estomacal são colocados em placas com meio seletivo contendo substâncias antimicrobianas, a fim de minimizar o crescimento de microrganismos contaminantes. Vancomicina, polimixina B ou C, e trimetoprima são comumente utilizados para reduzir a multiplicação de bactérias, e anfotericina B é, às vezes, incluída para inibir o crescimento de fungos. É importante que não se utilize meio seletivo destinado ao isolamento de C. jejuni e C. coli que contém o antibiótico cefalotina, como os meios Butzler e CampyBAP, porque ambas as subespécies de C. fetus são sensíveis à cefalotina. As placas são incubadas em temperatura de 37°C, em atmosfera com 6% de oxigênio e 5 a 10% de dióxido de carbono, e examinadas após 48 h. DOENÇA REPRODUTIVA (OVINOS) Conteúdo abomasal, pulmão e/ou fígado de feto são colocados em placas de ágar sangue (com ou sem antimicrobianos, dependendo do grau de contaminação), as quais são incubadas em temperatura de 37°C, em atmosfera com 6% de oxigênio e 5 a 10% de dióxido de carbono. As placas são examinadas após 48 h. DOENÇA INTESTINAL As bactérias intestinais do gênero Campylobacter são mais bem isoladas de amostras obtidas do intestino, em meio seletivo contendo substâncias antimicrobianas (p. ex., meio CampyCVA com cefoperazona, vancomicina e anfotericina B, ou meio Skirrow). Meios de cultura que contêm cefalotina (como meio Butzler e meio Campy- BAP) são apropriados para o isolamento de C. jejuni, C. coli e C. lari, mas não para C. fetus ou C. upsaliensis. Em razão do pequeno tamanho das bactérias do gênero Campylobacter, um método alternativo é a filtração das amostras em filtro com poros de 0,45 µm ou de 0,65 µm, a fim de reduzir a contaminação, e colocação em placa com Agar sangue sem antibiótico. As placas são incubadas em temperatura de 37°C e/ou de 42°C, em atmosfera com 6% de oxigênio e 5 a 10% de dióxido de carbono. IDENTIFICAÇÃO Pequenos bastonetes gramnegativos, curvos e oxidasepositivos que crescem em temperatura de 37°C ou de 42°C, em um ambiente microaeróbico, podem ser presumivelmente identificados como espécies de Campylobacter ou de Arcobacter. É difícil diferenciar os dois gêneros com base nas diferenças fenotípicas, porém isolados que crescem em ambiente aeróbico, em temperatura inferior a 30°C, podem ser presumivelmente identificados como Arcobacter. A capacidade de crescimento em ágar MacConkey, em ambiente microaeróbico e em temperatura de 37°C, é outra evidência de que o isolado é uma espécie de Arcobacter, porém a falha em crescer em ágar MacConkey exclui a possibilidade de que seja Arcobacter. Isolados de Campylobacter que se multiplicam em temperatura de 42°C e são hipurato- positivos são identificados como C. jejuni; no entanto, há relato de cepas hipuratonegativas. Os isolados podem ser identificados como espécies com base nas características fenotípicas, mas há variabilidade entre os isolados das mesmas espécies e pode haver erros de identificação. Em razão da dificuldade de diferenciação das espécies de Campylobacter, também se têm utilizado métodos moleculares, como PCR espécie- específica, fingerprinting genômico e sequenciamento dos genes de RNA ribossômico. SORODIAGNÓSTICO C. fetus ssp. venerealis não induz à produção de anticorpos detectáveis no soro, mas os anticorpos presentes no fluido vaginal são utilizados para o diagnóstico. O teste de aglutinação do muco vaginal identifica cerca de 50% das vacas infectadas, o que é útil para o rebanho, mas não para o diagnóstico individual da vaca. O título de aglutinação é maior 30 a 70 dias após a infecção e persiste por, aproximadamente, 7 meses. As amostras devem ser coletadas 1 a 2 dias antes ou 4 a 5 dias após o cio, a fim de evitar diluição excessiva dos anticorpos pela maior quantidade de secreção durante o cio. A presença de sangue invalida os resultados do teste; o exame não possibilita diferenciar animais infectados de vacinados. Os anticorpos do muco vaginal também podem ser detectados por imunoensaio enzimático (ELISA), que apresenta maior sensibilidade e especificidade. O teste ELISA pode ser utilizado para detectar IgA e diferenciar bovinos infectados de vacinados. ARCOBACTER As bactérias do gênero Arcobacter estão associadas a ocorrência de diarreia em animais de produção; mastite em vacas; abortos em animais de produção, especialmente em porcas;e gastrenterite em seres humanos. O gênero foi estabelecido em 1991, para incluir duas espécies de Campylobacter aeróbicas; atualmente conta com 12 espécies. As 6 espécies isoladas de animais são Arcobacter butzleri, A. cryaerophilus, A. skirrowii, A. thereius, A. cibarius e A. trophiarium. As demais espécies são oriundas de moluscos, de água salgada, de vegetais e de esgoto. A. butzleri, A. cryaerophilus e A. skirrowii são as únicas espécies isoladas em fezes de animais de produção e de pessoas com diarreia, e são as espécies mais provavelmente patogênicas aos animais, as quais foram isoladas de amostras de fezes de suínos, bovinos, ovinos e equinos, com ou sem diarreia, e de cães sem diarreia. Em seres humanos, A. butzleri é uma causa emergente de gastrenterite transmitida por alimento e água; ademais, foi isolada do sangue. A. cryaerophilus e A. butzleri foram isoladas de casos de mastite bovina; experimentalmente, um isolado de Arcobacter de leite provocou mastite. Ambas as espécies também foram isoladas do leite de vacas sem mastite. Todas as 3 espécies são isoladas em bezerros, carneiros e leitões abortados, sendo especialmente comum o isolamento de A. cryaerophilus de leitões abortados. No entanto, os microrganismos não estão associados à ocorrência de lesões; ademais, as bactérias também são isoladas em leitões sadios infectados no útero e em fluido amniótico de ninhadas normais. A. thereius foi isolada em leitões abortados e em cloaca de patas sadias. Sua participação como causa de aborto em suínos não está comprovada. A. cibarius foi isolada em carcaças de frangos em abatedouros, e A. tropharium, em fezes de suínos sadios. Nenhum microrganismo foi associado à ocorrência de doença. Bactérias do gênero Arcobacter são comumente isoladas em fezes de aves domésticas sadias e não resultam em enfermidade. A participação de todas as espécies de Arcobacter como causa de doença em animais é indefinida. CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS PRODUTOS CELULARES DE INTERESSE MÉDICO Bactérias do gênero Arcobacter apresentam parede celular típica de microrganismos gram negativos e flagelos polares. LPS, LOS e flagelos de várias bactérias gram negativas, como as espécies de Campylobacter, têm importante participação na patogênese bacteriana. No entanto, a participação de LPS, de LOS e de flagelos de Arcobacter não foi avaliada e permanece indefinida. Não foi constatada evidência de produção de toxina e praticamente nada se sabe sobre quais genes estão envolvidos na virulência. CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO As bactérias do gênero Arcobacter se multiplicam tanto em condições aeróbicas quanto microaeróbicas e em temperatura tão baixa quanto 15°C. Exceto algumas cepas de A. butzleri, essas bactérias não se multiplicam em temperatura de 42°C. ECOLOGIA RESERVATÓRIO Os reservatórios de Arcobacter são, presumivelmente, o sistema gastrintestinal e o ambiente do animal infectado. Suínos, bovinos, aves domésticas e, possivelmente, outros animais assintomáticos podem atuar como importantes reservatórios para seres humanos. TRANSMISSÃO É provável que a maioria dos animais seja infectada pela ingestão do microrganismo ou por sua penetração por outras superfícies mucosas. Alguns animais são infectados no útero. PATOGÊNESE Muito pouco se sabe sobre as interações de Arcobacter com o hospedeiro. EPIDEMIOLOGIA É comum a ocorrência de infecção assintomática do sistema gastrintestinal de animais de produção domésticos e de aves domésticas. Também, ocorre infecção assintomática em cães e equinos, provavelmente com menor prevalência. As bactérias também são isoladas no ambiente do animal, em leite cru e na água, os quais atuam como reservatórios para outros animais e para as pessoas. CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS Foram constatados anticorpos específicos contra Arcobacter no colostro de porcas naturalmente infectadas que pariram leitões com infecção congênita por A. cryaerophilus. Duas semanas após a parição, a maioria dos leitões infectados já não excreta A. cryaerophilus nas fezes; todavia, a participação de anticorpos colostrais não é conhecida. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL COLETA DE AMOSTRA Bactérias do gênero Arcobacter foram isoladas em amostras de conteúdo estomacal, rins, fígado e placenta de fetos abortados e de leite de vacas. As amostras de fezes são utilizadas no diagnóstico de diarreia causada por Arcobacter e na identificação de animais portadores da bactéria. EXAME DIRETO Em estudos relacionados com aborto em porcas, nos quais amostras do feto foram submetidas a exame direto para a detecção de espécies de Arcobacter, não se constatou bactéria. É impossível diferenciar Arcobacter de Campylobacter, sem que se utilize algum teste específico, como a coloração de anticorpos fluorescentes. ISOLAMENTO O mesmo meio de cultura empregado para o isolamento de Campylobacter pode ser utilizado para o isolamento de bactérias do gênero Arcobacter. O isolamento nas fezes é facilitado pelo uso de caldo de enriquecimento comercial para Arcobacter e de ágar suplementado com agentes antimicrobianos que reduzem a multiplicação de outras bactérias e fungos. Uma combinação utilizada contém cefoperazona, anfotericina B e teicoplanina; outro procedimento inclui 5fluoruracila, anfotericina B, cefoperazona, novobiocina e trimetoprima. As placas com o meio de cultura são incubadas em temperatura de 25°C a 30°C e de 37°C e examinadas diariamente, durante 3 a 5 dias. Não se comprovou se é melhor a incubação em ambiente aeróbico ou microaeróbico. Práticas comuns envolvem a incubação de todas as placas em condição microaeróbica ou a incubação em ambiente aeróbico em temperatura de 25°C a 30°C e em condição microaeróbica, em 37°C. IDENTIFICAÇÃO Pequenos bastonetes gramnegativos curvos, oxidase- positivos, catalasepositivos e capazes de hidrolisar acetato de indoxil e que se multiplicam em ambientes aeróbico e microaeróbico, em temperatura de 25°C a 30°C são presumivelmente identificados como espécies de Arcobacter. Crescimento em ágar MacConckey, em 37°C, é uma evidência adicional de que o isolado é uma espécie de Arcobacter. As reações de fermentação são utilizadas para classificar os isolados de Arcobacter, porém os resultados frequentemente não são definitivos. Métodos moleculares, como PCR e sequenciamento do gene 16SrRNA, são mais confiáveis. Campylobacter - C. fetus fetus (ovinos) - C. fetus venerealis (bovinos) - C. jejuni (ovinos) - C. pylori C. jejuni, C. coli, C laridis: - Humanos, suínos, ovinos, aves, bovinos e caprinos. Normal da flora TGI C. curvus - Cavidade oral de humanos Doença peridontal - C. upasaliensis Cães e gatos Humanos – enterite. C. fetus subsp. venerealis: - Infertilidade, morte embrionária, presente em touros assintomáticos (prepúcio). Aspectos descritivos - Morfologia e coloração - Anatomia celular e composição - Produtos celulares de interesse (ENTERITES): toxina LT, citotoxina, adesina e sobrevivência de fagócitos. Características - Forma: bastonadas, forma de vírgula ou “s”, possui um flagelo único e é gram negativa. - Broquimismo: oxidase positiva, catalase variável, geralmente microaerófilos. - Encontrou um local adequado ou na glande ou no prepúcio para sobreviver. Sistema imune não consegue atingi-lo. - Touro infectado: mucosa do prepúcio – contraído - Bactérias ficam nas vilosidades – ambiente de microaerofilia. Reprodução: ereção: bactéria entra em contato com a parede da vagina – infecção. Reprodutor ou se infecta ou transmite. - Nascimento de bezerros tardio a partir de outubro, novembro e dezembro – mecanismode produção de imunoglobulinas. - Uma vez que deposita isso no trato reprodutivo feminino, bactérias migram para o útero, sem imunidade necessária no útero – óvulo é reabsorvido – repetição de cio e durante o cio – descarga de bactéria pela vagina – reforço de anticorpo – segundo cio – abre cólon – transportação de bactérias – necessita de 3 cios para fazer controle de população uterina – risco de abortamento e bezerros fracos. Resistência - Desinfetantes comuns - Oxigênio - Antibióticos (Dihidroestreptomicina) C. fetus subsp. venerealis: abortos freqüentes em bovinos. Sinais clínicos: Touro: não apresenta sinais clínicos. Qualidade do sêmen não é comprometida. Vacas e novilhas: infecção aguda (esterilidade), assumindo a forma crônica (aborto). - Vaginite catarral - Endometrite (nem sempre clinicamente detectável). Tratamento: - Penicilina, estreptomicina, tetraciclinas, crolafenicol e dihidroestreptomicina associada à vacinação. Controle: - Imunização – bacterina (touros não se imunizam) - Centros de inseminação – artificial somente em touros livres de infecção. - Exames periódicos de detecção - Animais portadores eliminados do plantel. Susceptibilidade - Fêmeas não expostas anteriormente à infecção - Inseminação artificial (sêmen infectado refrigerado ou congelado) - Touros (propriedades comuns e emprestados) - Homossexualismo (observado em propriedades que criam machos agrupados) - Centros de instrumentos mal higienizados (IA) Diagnóstico laboratorial: - Meio de Stuart - Microscopia - Imunofluorecência - Presença de AC. - Isolamento: muco cervical, lavado prepucial. - Incubação: 37°C. Patogenia: Bovinos: infecção coito (serviço) – junção cervico vaginal – fim estro multiplicação – útero – endometrite – cessa prenhez – repetição de cio se resposta eficiente: prenhez a termo – eliminação do agente. Diagnóstico: Material: placenta, conteúdo abomasal, feto, lavados prepuciais, descargas vaginais. Cultivo: Tratamento material e inoculação meio: placenta, conteúdo abomasal – cultivo direto. Amostras de lavados: métodos de filtração e métodos seletivos. Incubação microaerofílica, Estudo da cultura (motilidade, oxidase). Mais Causas de aborto: Causas de origem não infecciosas: Genético, não genético (fatores nutricionais, plantas tóxicas, temperatura, deficiências minerais Iodo, Mn, Se e deficiências de manejo). Causas de origem infecciosas: - Vírus: diarréia viral bovina IBR. - Bactérias: B. abortus, Leptospira, Listeria, Salmonella sp. - Fundos: aspergillus sp., Mucor sp. - Parasitos: Neospora caninum, Trichomonas foetus, Sarcoeystis.
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