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CLOSTRIDIUM MICROB GERAL 8

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MICROBIOLOGIA GERAL 
 
CLOSTRIDIUM 
 
 As bactérias do gênero Clostridium são bastonetes 
anaeróbicos grampositivos que formam esporos, 
caracterizados pela produção de potentes toxinas 
extracelulares. 
 As doenças causadas por bactérias desse gênero são 
discutidas em três categorias: enterotóxica, incluindo 
enterotoxemias e diarreias provocadas por C. 
perfringens, C. colinum, C. dif icile, C. piliforme, C. 
septicum, C. spiroforme e C. sordellii; histotóxica, 
causada por C. perfringens, C. chauvoei, C. 
haemolyticum, C. novyi, C. septicum e C. sordelli; e 
neurotóxica, causada por C. botulinum e C. tetani. 
 Infecções clostridianas são graves dadas as potentes 
toxinas produzidas pelos clostrídios, entre as quais, 
várias têm sido controladas, com êxito, por meio de 
imunização quase que desde o início da bacteriologia. 
 No entanto, outras infecções clostridianas estão 
surgindo como doença cada vez mais comum e mais 
relevante, talvez, em parte, por ser capaz de formar 
esporos resistentes, propiciando aos microrganismos 
uma vantagem seletiva de crescimento no trato 
intestinal sempre que se administram antibióticos. 
Contudo, muito ainda precisa ser esclarecido. 
 
MORFOLOGIA E COLORAÇÃO 
 As bactérias do gênero Clostridium são bastonetes 
grampositivos que medem 0,2 a 4 µm por 2 a 20 µm. A 
localização e o formato dos endósporos são semelhantes 
dentro de uma espécie. Sua predisposição para formar 
esporos é crucial para a persistência das bactérias no 
intestino e no ambiente. Além disso, contribui para a 
dificuldade de seu controle. 
 
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO 
 Pouco se sabe sobre a relevância médica da 
ultraestrutura e da composição dos clostrídios. Uma 
estrutura associada à superfície, caracterizada pelo 
conjunto ordenado de proteínas paracristalinas (camada 
S) na parede celular de Clostridium dif icile, pode 
corroborar o fato de essa bactéria ser capaz de resistir 
aos peptídios antimicrobianos presentes no intestino. 
Alguns clostrídios formam pili (Clostridium perfringens e 
C. dif icile), enquanto outros produzem estruturas de 
fixação, possivelmente proteínas da parede celular, mas 
sua participação na ocorrência de doença não está bem-
definida. 
 Há considerável diversidade antigênica 
intraespecífica celular, bem como reação cruzada 
interespecífica, mas isso é menos importante que as 
propriedades antigênicas das toxinas, pois estas últimas 
são fundamentais para a imunidade. Os clostrídios 
móveis apresentam flagelos peritricosos ou “motilidade 
espasmódica (twitching)” mediada por pilus. Entre as 
espécies patogênicas, C. perfringens e C. dif icile podem 
formar cápsulas. 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO 
 Clostrídios são anaeróbios, mas a exata necessidade 
anaeróbica varia entre as espécies. Por exemplo, C. dif 
icile é muito mais facilmente destruído pela exposição ao 
ar que o C. perfringens. Em geral, os clostrídios se 
caracterizam pela simplicidade de suas necessidades de 
multiplicação, ou crescimento, embora alguns 
necessitem de meio relativamente rico e complexo; a 
ocorrência de sangue no meio é benéfica. 
 A temperatura ideal é 37°C. A multiplicação é 
observada entre 1 e 2 dias. Com frequência, as colônias 
apresentam forma e contornos irregulares. Vários 
clostrídios se agregam em meio de cultura de ágar 
úmido, sem formação de colônias. 
 A maioria dos clostrídios produz hemólise em ágar-
sangue. Em meio líquido, os clostrídios frequentemente 
se multiplicam no ar disponível, contendo um agente 
redutor (pedaços de carne cozida e tioglicolato), embora 
a multiplicação das bactérias se dê apenas nas áreas 
anaeróbicas do meio de cultura. 
ATIVIDADES BIOQUÍMICAS 
 A maioria dos clostrídios apresenta metabolismo 
altamente ativo, sendo especializada em metabolizar 
carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos nucleicos. Em 
geral, as culturas de clostrídios exalam um odor pútrido 
em decorrência da produção de ácidos graxos voláteis e 
de sulfeto de hidrogênio durante a degradação 
fermentativa de carboidratos e proteínas. Reações 
bioquímicas e seus produtos finais propiciam a base para 
a identificação da espécie. 
 
RESISTÊNCIA 
 A variante vegetativa é tão suscetível ao estresse 
ambiental e aos desinfetantes como são outras 
bactérias. Os endósporos propiciam resistência à 
dessecação, ao calor, à irradiação e aos desinfetantes. 
 
CLOSTRÍDIOS NEUROTÓXICOS 
 Clostridium botulinum (agente etiológico do 
botulismo) e Clostridium tetani (agente etiológico do 
tétano) causam doença estritamente pela ação de 
neurotoxinas, respectivamente, toxinas botulínica e 
tetânica. Embora as toxinas botulínica e tetânica 
apresentem mecanismos de ação semelhantes, causam 
diferentes doenças com manifestações notadamente 
distintas, em razão de seus diversos locais de ação no 
sistema nervoso. As toxinas botulínica e tetânica 
bloqueiam a liberação de neurotransmissor. Ambas as 
toxinas são endopeptidases de zinco, as quais interferem 
na fusão de vesículas que contêm neurotransmissores 
com a membrana que reveste a fenda présináptica. Essa 
interferência se deve à hidrólise das proteínas 
envolvidas com a “fixação”, que precede a fusão das 
vesículas que contêm neurotransmissores com a 
membrana que reveste a fenda. A hidrólise dessas 
proteínas ocasiona degeneração da sinapse e bloqueio 
da neurotransmissão. O tempo de regeneração da 
sinapse varia de semanas a meses. 
 
C. BOTULINUM 
 C. botulinum é um bastonete grampositivo 
anaeróbico obrigatório que forma esporos; causa 
botulismo, uma intoxicação neuroparalítica 
caracterizada por paralisia flácida. A intoxicação é 
provocada por qualquer uma das sete proteínas que 
atuam como neurotoxinas (A a G), cujos efeitos são 
semelhantes, mas com diferenças quanto a potência, 
propriedades antigênicas e distribuição. 
 São produzidas por um grupo heterogêneo de 
clostrídios, denominado C. botulinum (C. botulinum 
grupo G foi renomeado como C. argentinense), com base 
nas toxinas, as quais em alguns tipos (C e D) são 
codificadas por bacteriófago. Botulismo é diagnosticado 
principalmente em ruminantes, equinos, martas e aves, 
particularmente aves aquáticas. Entretanto, a infecção é 
cada vez mais diagnosticada em aves comerciais. Suínos, 
carnívoros e peixes raramente são acometidos. 
 
MORFOLOGIA 
 C. botulinum é um bastonete grampositivo 
anaeróbico obrigatório, que forma esporos. Em pH 
próximo e acima da neutralidade, produz esporos ovais 
subterminais. 
 
PRODUTOS CELULARES DE INTERESSE MÉDICO 
TOXINA 
 C. botulinum produz várias proteínas com atividade 
“tóxica” (toxina botulínica, toxina C2 e exoenzima C3), 
mas apenas a toxina botulínica tem participação 
fundamental na ocorrência de botulismo. Há 7 tipos de 
toxina botulínica (BoNT, botulinum neurotoxin, ou seja, 
neurotoxina botulínica), diferenciadas pelas 
características antigênicas, embora recentemente tenha 
sido descrito um novo “mosaico” de toxinas. As letras A 
a G representam os tipos de toxinas. O tipo de 
neurotoxina caracteriza a cepa de C. botulinum que a 
produz. 
 Desse modo, uma cepa de C. botulinum que produz o 
tipo BoNT A é denominado C. botulinum tipo A. Todos os 
sete tipos de BoNT são endopeptidases de zinco, cujas 
atividades são idênticas, ou seja, provocam hidrólise das 
proteínas de ligação necessárias para a fusão das 
vesículas que contêm neurotransmissores com a 
membrana présináptica. Embora o resultado final seja o 
mesmo (bloqueio da liberação de neurotransmissor), os 
vários tipos de BoNT hidrolisam diferentes proteínas de 
ligação. 
 Os tipos A e E hidrolisam SNAP (synaptosomal-
associated protein, ou seja, proteína associada a 
sinaptossoma). Os tipos B, D, F e G hidrolisam VAMP 
(vesicleassociated membrane protein, ou seja, proteína 
de membrana associadaà vesícula, também conhecida 
como sinaptobrevina) e o tipo C hidrolisa SNAP e 
sintaxina. 
 Após a hidrólise, a sinapse se degenera e sua 
regeneração pode demorar semanas a meses. BoNT é 
uma molécula de “cadeia dupla” constituída de uma 
cadeia leve (com atividade de endopeptidase de zinco), 
de uma cadeia pesada composta de um domínio de 
translocação (responsável pela formação de um poro 
pelo qual a cadeia leve passa) e de um domínio de 
ligação (responsável pela ligação às células nervosas). 
 Acredita-se que várias proteínas “acessórias” que 
auxiliam na permanência da toxina no trato 
gastrintestinal sejam secretadas juntamente com BoNT. 
BoNT se liga às células do nervo colinérgico; cada tipo de 
BoNT se liga a um diferente receptor. Após a ligação, a 
toxina é internalizada por meio da endocitose mediada 
por receptor. Vesículas que contêm BoNT permanecem 
na junção neuromuscular. 
 Após a clivagem, a cadeia leve (endopeptidase de 
zinco) atravessa a membrana da vesícula e alcança o 
citosol da célula nervosa, onde hidrolisa as proteínas de 
ligação. Ambas, a toxina C2 e a exoenzima C3 , são ADP-
ribosiltransferase e ocasionam a ribosilação de Gactina e 
Rho, respectivamente, resultando no desarranjo do 
citoesqueleto. Nenhuma enzima parece participar na 
fisiopatogenia da doença. 
 
RESISTÊNCIA 
 Embora a resistência de esporos ao calor seja variável 
entre os grupos da cultura, os tipos de toxinas e as 
cepas, o calor úmido em 120°C durante 5 min 
geralmente é letal. Há exceções. O pH baixo e a alta 
salinidade exacerbam o efeito da esterilização pelo calor. 
Sal, nitrato e nitrito suprimem a germinação dos esporos 
nos alimentos. 
 O aquecimento a 80°C durante 20 min inativa a 
toxina. Os 7 tipos de toxinas diferem quanto a 
antigenicidade, resistência ao calor e letalidade, nas 
diferentes espécies animais (provavelmente 
relacionadas com a quantidade de receptores na 
superfície do neurônio motor). Também, são 
reconhecidos quatro grupos em cultura. 
 
RESERVATÓRIO E TRANSMISSÃO 
 Os reservatórios de C. botulinum incluem solos e 
sedimentos aquáticos. As fontes de intoxicação são 
materiais oriundos de animais e plantas contaminados. 
Quando os animais morrem, os esporos de C. botulinum, 
comumente presentes no intestino e nos tecidos, 
germinam e produzem toxina, a qual pode contaminar o 
ambiente onde os animais são criados. Um exemplo 
disso é um animal morto durante a preparação do feno e 
enrolado com um fardo desse feno. 
 Em vegetais em decomposição, ocorre um processo 
semelhante. Além da toxina ingerida, a ingestão de 
esporo e a contaminação de ferimento podem provocar 
botulismo. A ingestão de esporo é importante causa de 
botulismo em crianças. Em humanos e equinos 
raramente se instala botulismo em decorrência da 
infecção de ferimento. 
 
PATOGÊNESE 
 A toxina botulínica é a principal proteína tóxica 
conhecida; 1 mg da toxina pode matar uma pessoa. A 
BoNT ingerida é absorvida na região glandular do 
estômago e no intestino delgado anterior e distribuída 
pela corrente sanguínea. Ademais, ligase aos receptores 
e penetra nas células nervosas, após endocitose 
mediada por receptores. Não se sabe como a BoNT 
alcança a superfície das células nervosas desde a 
corrente sanguínea. As vesículas que contêm a toxina 
permanecem na junção mioneural. 
 Um fragmento da toxina (cadeia leve) se transfere, 
através da membrana da vesícula, ao citosol da célula 
nervosa e, subsequentemente, hidrolisa uma proteína 
de “ligação” (cuja proteína depende da toxina 
botulínica). A sinapse se degenera e resulta em paralisia 
flácida dada a ausência de neurotransmissor 
(acetilcolina). 
 Quando isso acomete os músculos respiratórios, o 
paciente morre em decorrência da insuficiência 
respiratória. Não há lesões primárias. Os sinais clínicos 
incluem não coordenação muscular que leva ao 
decúbito, protrusão da língua e distúrbios de preensão 
de alimentos, de mastigação e de deglutição. Não ocorre 
alteração da consciência. 
 A temperatura permanece normal, a menos que haja 
infecção secundária, como pneumonia por aspiração. 
Nos casos não fatais, a recuperação é lenta e os 
sintomas remanescentes podem persistir durante 
meses. Ainda há uma sugestão plausível, mas não 
comprovada, de que a disautonomia equina (equine 
grass sickness), uma condição comumente fatal que 
envolve o sistema nervoso entérico, esteja associada à 
ingestão de BoNT produzida por C. botulinum tipo C 
presente em folhas de gramíneas (como um biofilme). 
 Em aves, como patos, a doença é denominada 
“paralisia de pescoço”, em razão da postura 
característica com cabeça caída que, frequentemente, 
ocasiona o afogamento de aves aquáticas. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 Os tipos A e B são encontrados em todos os solos, 
inclusive em solos virgens; os tipos C, D, E e F estão 
presentes em ambientes úmidos – ou seja, solos 
lamacentos ou sedimentos aquáticos. Nos animais, 
predominam os tipos C e D. C. botulinum tipo C, que vive 
em biofilmes das superfícies de folhas de gramíneas, 
pode ser a fonte de BoNT na disautonomia equina, 
embora ainda não tenha sido definitivamente 
comprovado se essa é, realmente, resultado de 
botulismo. C. botulinum tipo E está associado a 
ambientes aquáticos; assim, em geral está associado a 
consumo de peixe infectado ou contaminado. 
 A presença de animais mortos (aves, roedores e 
gatos) nos alimentos pode ser a origem de surtos, bem 
como pode ser o material utilizado como cama de frango 
(que pode conter frangos mortos) quando utilizado 
como suplemento alimentar para bovinos e ovinos, 
como material de cama para esses animais ou quando é 
espalhada como fertilizante em pastagens nas quais os 
ruminantes têm acesso. 
 O crescente uso, nos últimos anos, de “grandes fardos 
de silagem” e de fardos de feno redondos, nos quais a 
forrageira é ensilada sem acidificação em grandes 
envoltórios plásticos hermeticamente fechados ou 
embrulhadas em fardos redondos compactados, tem 
sido associado a maior ocorrência de botulismo em 
equinos e bovinos. 
 É possível que essa seja uma combinação do corte de 
gramínea muito próximo ao solo, de modo que são 
coletados ninhos de aves jovens ou roedores juntamente 
com a forrageira, e condições anaeróbicas da ensilagem 
ou do enrolamento compacto do feno. 
 Em geral, surtos em locais de criação de martas se 
devem ao consumo de carne estragada e surtos em 
incubadoras de peixes se devem ao alimento oriundo de 
peixe contaminado com esporos de C. botulinum tipo E, 
os quais germinam no fundo da lama. Vegetais em 
decomposição induzem surtos em aves aquáticas. Como 
a água dos lagos recua durante o verão, deixando 
margens lamacentas ou poças rasas, os vegetais 
apodrecidos tornam-se acessíveis. C. botulinum e sua 
toxina são ingeridos e, após a morte do animal, 
espalhamse pela carcaça, que serve de alimento para 
larvas de varejeiras, as quais absorvem a toxina. 
 As aves aquáticas ingerem essas larvas e se 
intoxicam. A ocorrência de botulismo em frangos e 
galinhas poedeiras comerciais, causado por C. botulinum 
tipo C e tipo D, está aumentando, aparentemente como 
consequência da produção de toxina no intestino 
(botulismo “toxicoinfeccioso”), embora o motivo do 
aumento não tenha sido definido. 
 Essa infecção intestinal pode estar relacionada com o 
aumento da prevalência de botulismo constatado em 
ruminantes expostos à cama de frangos. Botulismo 
causado por C. botulinum tipo B foi verificado em 
bovinos e mulas. No “botulismo toxicoinfeccioso” de 
potros (“síndrome do potro tremedor”) e de equinos 
adultos, não se detectou qualquer toxina, mas o 
microrganismo tem sido isolado dos tecidos de modo 
consistente. 
 O botulismo causado por C. botulinum tipo D está 
classicamente associado a pastagensdeficientes em 
fósforo, onde os animais mantidos nelas se alimentam 
de carcaças e ossos que, com frequência, contêm toxina 
botulínica. 
 Em bovinos da África do Sul, essa condição é 
denominada lamziekte (“doença da manqueira”), a qual 
se manifesta como claudicação associada à deficiência 
de fósforo. No Reino Unido, cada vez mais tem se 
verificado botulismo causado por C. botulinum tipo D em 
ruminantes expostos à cama de frangos. Temse 
constatado botulismo causado por C. botulinum tipo E 
em aves que se alimentam de peixes, na região dos 
Grandes Lagos da América do Norte, como consequência 
de alterações ecológicas complexas induzidas no 
ambiente aquático por várias espécies invasoras. As aves 
migratórias que se alimentam de peixes capturam 
animais com botulismo, o que as deixam mais propensas 
a adquirir e sucumbir à intoxicação. 
 Em geral, botulismo humano é causado pelo consumo 
de carne, frutos do mar ou vegetais enlatados 
inadequadamente processados. Botulismo infantil 
envolve crescimento de clostrídios e toxinogênese no 
trato intestinal, ocasionando a “síndrome do bebê mole” 
e pode estar associado à ingestão de mel, pois este 
alimento frequentemente contém grande quantidade de 
esporos de C. botulinum. Botulismo por infecção de 
ferimento resulta de lesões externas contaminadas. 
 
CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS 
 A resistência ao botulismo depende da antitoxina 
circulante. Alguns animais se alimentam de cadáver, 
como abutres, que parecem adquirir imunidade 
mediante repetidas exposições subletais à toxina. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 O diagnóstico de botulismo requer a constatação da 
toxina no plasma ou nos tecidos, antes da morte do 
paciente ou em carcaça de animal morto recentemente. 
O isolamento do microrganismo, especialmente do 
conteúdo intestinal, ou detecção de toxina após a morte 
não é um achado definitivo. 
 A detecção de toxina em alimentos, conteúdo 
estomacal fresco ou material de vômito sustenta o 
diagnóstico de botulismo. A toxina é extraída de material 
suspeito (exceto de fluidos) mantido por uma noite em 
solução salina. A mistura é centrifugada, e a porção 
limpa é esterilizada em filtro, colocada em solução de 
tripsina (1%, em 37°C durante 45 min). 
 Por meio de injeção intraperitoneal, inoculamse 
extrato, mistura de extrato e antitoxinas e extrato 
aquecido a 100°C, durante 10 min, em porquinhosda-
índia ou camundongos. A morte ocasionada por 
botulismo ocorre dentro de 10 h a 3 semanas (em 
média, 4 dias), precedida por fraqueza muscular, 
paralisia dos membros e dificuldade respiratória. 
 A fim de confirmar que os animais morreram em 
razão da intoxicação, e não de peritonite, todas as 
toxinas devem ser neutralizadas por uma das antitoxinas 
de C. botulinum. O isolamento de C. botulinum de 
tecidos ou de alimentos suspeitos começa com o 
aquecimento deste material suspeito em temperatura 
de 65°C a 80°C, durante 30 min, a fim de induzir a 
germinação dos esporos. 
 Os esporos de C. botulinum tipo E requerem, além 
disso, tratamento com lisozima (5 mg/ml de meio de 
cultura). A cultura da bactéria é anaeróbica, em placas 
com Agar-sangue. Faz-se a identificação por meio de 
reações bioquímicas e produção de toxina. 
Imunofluorescência é utilizada para identificar alguns 
grupos de culturas. Podem ser usados primers 
destinados a ampliar os genes que codificam as várias 
toxinas (por meio de PCR), a fim de comprovar o 
isolamento de C. botulinum. 
 
TRATAMENTO E CONTROLE 
 Caso se suspeite de ingestão recente de material 
infectado, são úteis o esvaziamento do estômago e o 
emprego de purgantes. Às vezes, o tratamento com 
antitoxina após o início dos sintomas é benéfico, 
especialmente em martas e patos, mas preferese, 
infinitamente, a prevenção pelo uso de vacina. Martas e 
outros animais em risco devem ser vacinados com 
toxoides (tipos A, B, C e D). Estão sendo realizados testes 
clínicos para evitar disautonomia equina (equine grass 
sickness) em equinos com o uso de uma vacina 
composta de toxoide botulínico. 
 A remoção de aves aquáticas infectadas para um local 
seco, se possível, salva muitas aves da exposição à toxina 
e de afogamento. A disponibilização de alimentos em 
solo seco pode atrair aves de áreas contaminadas. No 
Reino Unido, os proprietários rurais são obrigados a 
remover as carcaças da cama de frango, antes de vendê-
la como fertilizante. Guanidina e aminopiridina 
estimulam a liberação de acetilcolina, enquanto a 
germina exacerba os impulsos nervosos. São poucos e 
confusos os relatos clínicos sobre o uso dessas 
substâncias. 
 
C. TETANI 
 C. tetani é um bastonete gram positivo anaeróbico 
obrigatório, que forma esporos; é a causa de tétano, 
uma intoxicação neuroparalítica caracterizada por 
espasmos musculares tetânicos e convulsões tônico-
clônicas. A intoxicação se deve a uma proteína, a 
neurotoxina. Todos os mamíferos são suscetíveis ao 
tétano, em diferentes graus; equinos, ruminantes e 
suínos são mais suscetíveis que carnívoros e aves 
domésticas. Em todos os animais, a taxa de mortalidade 
é alta. Humanos e equinos são as espécies mais 
suscetíveis. 
 
MORFOLOGIA. 
 C. tetani é um bastonete grampositivo anaeróbico 
obrigatório, que forma esporos. Uma característica 
morfológica distinguível de C. tetani é o formato esférico 
e a posição terminal de seus esporos (em forma de “coxa 
de galinha” ou “raquete de tênis”. 
 
PRODUTOS CELULARES DE INTERESSE MÉDICO 
 C. tetani produz duas toxinas (tetanolisina e toxina 
tetânica), embora somente a toxina tetânica tenha 
importância clínica. Os genes que codificam a toxina 
tetânica (TeNT, tetanus neurotoxin, ou seja, neurotoxina 
tetânica, também denominada tetanoespasmina) 
situamse em um grande plasmídio. TeNT é liberado 
durante a lise das células clostridianas. 
 Há apenas um tipo de TeNT, uma endopeptidase de 
zinco, a qual hidrolisa as proteínas de ligação necessárias 
para a fusão das vesículas que contêm 
neurotransmissores com a membrana présináptica. A 
TeNT hidrolisa a proteína de ligação VAMP 
(vesicleassociated membrane protein, ou seja, proteína 
de membrana associada à vesícula, também 
denominada sinaptobrevina). Assim, as proteínas de 
ligação são hidrolisadas, a sinapse se degenera e sua 
regeneração demora de semanas a meses. 
 TeNT é uma molécula de “cadeia dupla” composta de 
uma cadeia leve (com atividade de endopeptidase de 
zinco), de uma cadeia pesada constituída de um domínio 
de translocação (responsável pela formação de um poro 
pelo qual passa a cadeia leve) e de um domínio de 
ligação (responsável por sua ligação às células nervosas). 
TeNT se liga às células do nervo colinérgico por meio de 
receptores diferentes daqueles identificados por BoNT. 
 Esses receptores são constituídos de microdomínios 
que contêm lipídios e proteínas sustentadas pelo 
glicosilfosfatidilinositol. Após a ligação, a toxina é 
internalizada por meio de endocitose mediada por 
receptor. As vesículas que contêm TeNT são 
transportadas por uma via axônica retrógrada até os 
interneurônios inibidores do corno ventral da medula 
espinal. 
 Após a clivagem, a cadeia leve (a endopeptidase de 
zinco) se desloca através da membrana da vesícula para 
o citosol da célula nervosa, onde hidrolisa as proteínas 
de ligação envolvidas com as vesículas que contêm os 
neurotransmissores ácido gamaaminobutírico e glicina. 
A outra toxina, tetanolisina, é uma citolisina ligadora de 
colesterol, mas não se sabe se tem importância na 
fisiopatogenia do tétano. 
 
CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO 
 C. tetani se multiplica em Agar sangue, em condições 
anaeróbicas de rotina. Pode ocorrer agregação 
bacteriana. Suas reações diferenciais (fermentação de 
carboidrato, proteólise e produção de indol) variam de 
acordo com omeio utilizado. Os esporos resistem à 
fervura por até 1,5 h, mas não à autoclavagem (121°C, 
por 10 min). A desinfecção pelo uso de alguns 
compostos halogênicos (solução de iodo 3%) pode ser 
efetiva por várias horas. Todavia, as concentrações 
usuais de fenol, lisol e formalina não são efetivas. 
 
RESERVATÓRIO E TRANSMISSÃO 
 C. tetani está amplamente distribuído no solo e, com 
frequência, sua presença no intestino é transitória. Os 
esporos são introduzidos em ferimentos. 
 
PATOGÊNESE 
 A germinação dos esporos requer um ambiente 
anaeróbico, como aquele verificado em tecidos 
desvitalizados por contusão, queimadura, laceração, 
comprometimento ao suprimento sanguíneo (p. ex., 
coto umbilical ou restos placentários) ou infecção 
bacteriana. Nessas condições, C. tetani prolifera e sua 
toxina se difunde pelos canais vasculares ou de troncos 
nervosos periféricos. 
 A toxina se fixa aos receptores do nervo colinérgico 
mais próximo e é internalizada em uma vesícula, que se 
desloca em direção retrógrada no interior dos axônios, 
até os corpos celulares dos cornos ventrais da medula 
espinal. A cadeia leve da toxina se desloca através da 
membrana da vesícula para o citosol, onde hidrolisa as 
proteínas de ligação e suprime a liberação de 
substâncias mensageiras inibidoras aferentes (glicina e 
ácido gamaaminobutírico), fazendo com que os 
músculos inervados permaneçam em espasmos clônicos 
ou tônicos, sustentados. A toxina também se desloca da 
medula para outras partes, envolvendo outros grupos de 
músculos. 
 Após a hidrólise das proteínas de ligação vesiculares, 
as sinapses degeneram; sua regeneração demora várias 
semanas. A enfermidade relatada (“tétano ascendente”) 
é característica de animais que não são muito suscetíveis 
à toxina tetânica (p. ex., cães e gatos). Apenas os troncos 
nervosos próximos ao local toxigênico absorvem toxina 
em quantidade suficiente para ocasionar sintomas 
evidentes. “Tétano descendente” (uma toxemia 
generalizada) é típico de espécies altamente suscetíveis 
(equinos e humanos), nas quais quantidades efetivas de 
toxinas se disseminam pelos canais vasculares para as 
terminações nervosas de áreas remotas do local 
toxigênico. A toxina alcança o sistema nervoso central, 
em vários níveis, ocasionando tétano generalizado. Com 
frequência, iniciase cranialmente, uma vez que os nervos 
cranianos estão próximos ao sistema nervoso central. A 
sequência reflete a suscetibilidade dos vários neurônios. 
 
PADRÕES DE DOENÇA 
 Os sintomas iniciais, após um período de incubação 
de alguns dias a várias semanas, incluem rigidez, 
tremores musculares e maior sensibilidade aos 
estímulos. Em equinos, ruminantes e suínos, os quais 
geralmente desenvolvem tétano descendente, constata-
se retração da terceira pálpebra (em razão de espasmos 
de músculos oftálmicos), orelhas eretas, ranger de 
dentes e rigidez de cauda. Em ruminantes, é comum a 
ocorrência de timpanismo. 
 A alimentação torna-se impossível (“trismo 
mandibular”). A rigidez das extremidades ocasiona 
postura “de cavalete” e, por fim, decúbito. Inicialmente, 
os espasmos tetânicos se manifestam como uma 
resposta ao estímulo e posteriormente tornamse 
permanentes. Observa-se retenção de fezes e urina, 
sudorese e febre alta. 
 O paciente permanece consciente. Cordeiros e 
leitões morrem em decorrência da parada respiratória, 
na primeira semana; os animais adultos morrem entre 1 
e 2 semanas. A recuperação completa demora de 
semanas a meses. 
 A taxa de mortalidade é de, no mínimo, 50%, sendo 
maior em pacientes jovens. Em carnívoros, o período de 
incubação tende a ser mais longo e, com frequência, o 
local (ascendente) de tétano (rigidez e tremores) é 
notado próximo ao ferimento original. A progressão 
pode ser mais lenta que em animais ungulados, mas os 
sinais clínicos e o curso da doença são semelhantes. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 A ocorrência de tétano está associada à introdução 
de esporos de C. tetani em tecido traumatizado. 
Ferimentos penetrantes em pata ocasionados por prego, 
realização de cirurgia em curral, uso de fitas de borracha 
para castração e caudectomia em ovinos, colocação de 
brinco, injeção, ferimentos de tosquia, infecção uterina 
pósparto, infecção umbilical do neonato, briga entre 
pequenos animais e amarração de membros predispõem 
ao tipo de lesão e à contaminação fecal e do solo 
associada ao tétano. 
 
CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS 
 TeNT é antigenicamente homogênea. A resistência 
adquirida ao tétano depende da antitoxina circulante. 
Em ruminantes sadios, temse detectado pequena 
quantidade. Surpreendentemente, mas, dada sua alta 
toxicidade, os pacientes que sobrevivem ao tétano, com 
possível exceção de cães e gatos, são suscetíveis a nova 
infecção. Em cães e gatos, às vezes, a quantidade de 
toxina necessária para causar tétano é grande o 
suficiente para induzir uma resposta contra a toxina. As 
proteções passiva e ativa são obtidas pela administração 
de antitoxina e de vacina contendo toxoide, 
respectivamente. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 Um esfregaço de ferimento suspeito corado pela 
técnica de Gram pode revelar uma bactéria típica, “em 
formato de raquete de tênis”. Sua ausência não exclui a 
possibilidade de tétano, e sua presença é meramente 
sugestiva, quando a morfologia não é característica. Faz-
se a semeadura do exsudato da ferida em ágar sangue, 
em ambiente anaeróbico. 
 O aumento do conteúdo de ágar (até 4%) inibe a 
agregação das bactérias, enquanto a colocação de uma 
gota de antitoxina inibe a hemólise nesta área da placa. 
Tradicionalmente, as culturas em caldo de carne cozida 
são incubadas e algumas aquecidas a 80°C, por tempo 
variável (até 20 min), a fim de matar as bactérias, mas 
não os esporos. Todas as culturas são incubadas em 
temperatura de 37°C, por 4 dias, e faz-se a subcultura 
periodicamente em Agar sangue, durante esse período. 
 Aquelas culturas que não foram previamente 
aquecidas são submetidas ao aquecimento antes da 
subcultura. Isolados suspeitos são identificados por meio 
de testes diferenciais, e confirma-se uma cepa como 
produtora de toxina tetânica por meio da injeção 
intramuscular de cultura em caldo, de 48 h, em dois 
camundongos, sendo que um deles recebe a antitoxina. 
 Atualmente, esse procedimento é raro porque a 
doença é tão característica que não há necessidade de 
diagnóstico laboratorial. Também podem ser utilizados 
primers preparados para ampliar o gene que codifica a 
toxina tetânica (por meio de PCR), a fim de confirmar o 
isolamento de C. tetani. 
 
 
Tetani 
Castração ou auxílio em partos sem os cuidados 
higiênicos necessários em locais que pode conter 
Clostridium ,como nas áreas de contenção, há o risco de 
infecção. 
Bezerros, se ao nascer entrarem em contato com o solo 
contaminado por clostridium, podem a adquirir através 
do umbigo. 
Distúrbio – mal dos 7 dias. Tempo para germinar e 
produzir a toxina. 
Contato com materiais enferrujados – Ferro é fagocitado 
(reconhecido como estranho), enquanto o clostridium 
não. O ambiente criado pela formação de cascas (escara) 
pela ferida lacerada e contaminada é de anaerobiose. 
Desinfetantes comuns podem até matar a bactéria, mas 
não desinfetam os esporos, necessitando de autoclaves. 
Água oxigenada – transporta os resíduos de Fe e Limpam 
os resíduos celulares, estimula a reposição de células. 
 
Tetanolisina – lise de hemácias (hemácia transporta O2 
ligado ao Fe), impede que o ferro e o O2 chegue, 
conseqüente mente tem microaerofilia e anaerobiose. 
Ativação da Tetanopasmina. O mediador glicina faz com 
que haja relaxamento e expansão da fibra muscular. A 
toxina inibe o relaxamento, pois bloqueia a liberação de 
glicina, e contrai a fibra muscular, hipereflexia. 
Opistótomo: pescoço vem para trás e membrosanteriores e cauda para trás. 
Equinos com certa necrose intestinal, se ingerir 
clostridium, vão ser germinados. 
Há multiplicação de clostridiuns em todas as espécies, no 
intestino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Botulinum 
Toxina A – aves 
B, C, D - bovinos 
Hiporeflexia 
 
 
CLOSTRIDIUM CHAUVOEI 
 C. chauvoei é um bastonete grampositivo, anaeróbico 
obrigatório, móvel e que produz esporo subterminal ou 
subcentral. C. chauvoei causa miosite endógena 
necrosante enfisematosa (carbúnculo sintomático ou 
blackleg), em bovinos. 
 
PRODUTOS CELULARES DE INTERESSE MÉDICO 
 À semelhança de outros clostrídios, C. chauvoei 
produz várias exotoxinas proteicas potentes, as quais 
são responsáveis pelas doenças causadas pela bactéria. 
A alfatoxina é uma hemolisina estável em ambiente com 
oxigênio, à semelhança da alfatoxina letal de C. septicum 
que forma poro. Acredita-se que outros produtos 
extracelulares sejam importantes na patogênese, se a 
infecção inclui uma DNAase (“betatoxina”) e uma 
neuraminidase (sialidase), as quais removem os resíduos 
de ácido siálico de glicoconjugados da parede celular de 
células eucarióticas, resultando em desarranjo da matriz 
intercelular. 
 Chauveolisina (“gamatoxina”) é uma citolosina 
ligadora de colesterol semelhante à perfringolisina O, 
descrita anteriormente, a qual se liga a microdomínios 
que contenham colesterol na membrana da célula 
eucariótica para formar um poro, o que resulta na morte 
da célula. 
 
RESERVATÓRIO E TRANSMISSÃO 
 C. chauvoei habita intestino, fígado e outros tecidos 
de espécies animais suscetíveis e resistentes. Carbúnculo 
sintomático ocorre em regiões endêmicas, 
mundialmente, nas quais se acredita que a infecção seja 
adquirida do solo, inclusive de solo contaminado com 
fezes de animais carreadores. 
 A infecção do trato intestinal é seguida da 
disseminação do microrganismo aos tecidos pelo fígado; 
a bactéria, na forma de esporo, sobrevive nos músculos 
de todo o corpo. O microrganismo também pode ser 
introduzido em ferimentos traumáticos, a partir do solo; 
neste caso pode provocar gangrena gasosa. 
 
PATOGÊNESE 
 A disseminação de esporos oriundos do intestino 
pelos tecidos, especialmente aos músculos esqueléticos, 
precede a ocorrência da doença em bovinos. Condições 
que favorecem a germinação dos esporos, com 
subsequente multiplicação bacteriana e produção de 
toxina, ocasionam lesões locais manifestadas por edema, 
hemorragia e necrose miofibrilar, bem como toxemia 
sistêmica. Em geral, não ficam evidentes quais fatores 
desencadeiam a germinação dos esporos, mas qualquer 
condição de anoxia local, inclusive contusão ou injeção 
de produto irritante, provoca a germinação. 
 Suspeita-se que a debandada (“estouro”) de grupos 
de bovinos jovens bem alimentados e, provavelmente, 
daqueles em compleição física discretamente 
inapropriada, para fugir de moscas “mordedoras”, 
comuns no verão, seja o principal estímulo causador de 
anoxia muscular e ativação de esporos. A alfatoxina 
necrosante, juntamente com outras exotoxinas 
mencionadas, é responsável pelas lesões iniciais. 
 O metabolismo bacteriano com produção de gás 
utilizando a fermentação pode ser um fator contribuinte. 
Os centros das lesões tornam-se secos, escuros e 
enfisematosos, em razão da natureza necrosante da 
infecção, enquanto a periferia das lesões é edematosa e 
hemorrágica (Figura 35.10). Um odor de manteiga 
rançosa é típico. Microscopicamente, notamse 
alterações degenerativas de fibras musculares alteradas 
pelo edema, enfisema e hemorragia. 
 A infiltração de leucócitos é mínima. Clinicamente, 
constatam-se febre alta, anorexia e apatia. É comum o 
desenvolvimento de claudicação aguda. As lesões 
superficiais provocam tumefações visíveis, nas quais se 
observa crepitação ao serem palpadas. Embora o 
carbúnculo sintomático, em geral, acometa um dos 
principais músculos dos membros, às vezes, o local da 
infecção envolve músculos menores, como diafragma, 
miocárdio ou língua. Alguns animais morrem 
subitamente, outros dentro de 1 ou 2 dias. 
 Às vezes, a ativação de esporos endógenos por 
injeção de substância química irritante provoca miosite 
iatrogênica fatal em equinos. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 A ocorrência de carbúnculo sintomático é mundial. A 
taxa de prevalência da doença difere entre as regiões 
geográficas e dentro delas, o que sugere, como 
reservatório, o solo ou fatores climáticos ou sazonais 
ainda não definidos. Bovinos jovens bem alimentados (< 
3 anos) são os preferencialmente acometidos. Como 
mencionado, suspeita-se de que exercício físico ou 
contusão sejam eventos desencadeadores. 
 Em ovinos e em algumas outras espécies animais, C. 
chauvoei geralmente provoca infecção de ferimentos 
que faz lembrar edema maligno ou gangrena gasosa. 
Outros clostrídios (Clostridium novyi, C. septicum e C. 
sordellii) podem estar presentes. 
 
CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS 
 Anticorpos circulantes contra toxinas e componentes 
celulares parecem determinar a resistência a C. 
chauvoei. As vacinas comerciais com formalina e 
adjuvante incluem componentes de até 6 outras 
espécies de clostrídios (Clostridium haemolyticum, C. 
novyi, C. perfringens tipos C e D, C. septicum e C. 
sordellii). 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 Bastonetes grampositivos esporulados podem ser 
detectados em esfregaços de tecidos infectados e 
identificados com reagentes imunofluorescentes. C. 
chauvoei requer condições anaeróbicas rigorosas e meio 
de cultura rico em cisteína e vitaminas hidrossolúveis. A 
bactéria se assemelha a C. septicum e frequentemente 
esses microrganismos são recuperados 
simultaneamente. 
 Diferentemente de C. septicum, fermenta sacarose, 
mas não salicina, e não se multiplica em temperatura de 
44°C. O uso de primers de DNA para ampliar as regiões 
espaçadoras 16S23S do DNA (por meio de PCR) 
possibilita diferenciar C. septicum de C. chauvoei. 
 Esse teste também pode ser utilizado para detectar 
microrganismos nos tecidos. A detecção da bactéria nos 
tecidos ou sua identificação em meio de cultura também 
pode ser realizada pelo uso de primers de DNA 
destinados à ampliação de partes espécieespecíficas do 
gene que codifica a proteína flagelar flagelina, por meio 
de PCR, e esses têm sido utilizados com sucesso para 
diferenciar os clostrídios histotóxicos. 
 
TRATAMENTO E CONTROLE 
 Com frequência, o tratamento é frustrante. 
Inicialmente, deve-se administrar penicilina, por via 
intravenosa, prosseguindo o tratamento com 
preparações de uso intramuscular. Nas regiões 
endêmicas, os bovinos são vacinados contra carbúnculo 
sintomático aos 3 a 6 meses de idade e, em seguida, 
anualmente. 
 A vacinação deve preceder a época de exposição em, 
pelo menos, 2 semanas. Durante um surto, todos 
bovinos são vacinados e tratados com penicilina de 
longa duração. As ovelhas prenhes são vacinadas 3 
semanas antes da parição, época na qual 
frequentemente ocorre infecção. 
 Os cordeiros podem necessitar de vacinação ao longo 
de seu primeiro ano de vida. Em razão da natureza 
infecciosa da doença, com frequência recomendase a 
mudança de pastagem ao se constatarem os primeiros 
casos. 
 
 
Clostridium chauvoei é o agente etiológico do 
carbúnculo sintomático. 
- Doença fatal de bovinos, ovinos e outros ruminantes. 
- Agente bacilo anaeróbio gram positivo, formador de 
esporos, encontrado mais comumente no solo e TGI. 
- Bactéria encontrada na forma vegetativa ou de 
esporos. 
- Esporo = forma dormente que ocorre em determinadas 
condições em que a forma vegetativa não ocorre. 
Quando as células vegetativas exarcebam seu 
crescimento, a bactéria produz toxinas. 
- A bactéria sofre esporulação em condições 
desfavoráveis, permanecendo neste estado por longos 
períodos até que as condições sejam favoráveispara seu 
desenvolvimento. 
- Período sazonal de primavera-verão. 
- Precisa de transporte para entrar – macrófagos. 
Eventualmente entra ativamente pelas células N. – 
toxinas antifagocitárias - viaja com o macrófago até que 
ele morre e libera essa bactéria. 
- Lesão no músculo – hemorragia – microaerofilia e 
anaerobiose – germinação. 
 
SINAIS CLÍNICOS 
- Em alguns casos, nenhum é observado pois o animal 
afetado já é encontrado morto. 
- Animais acometidos, usualmente apresentam alta T°C, 
anorexia, depressão e quando os membros são afetados, 
a lesão característica do carbúnculo sintomático pode 
ser observada no músculo esquelético. 
- Observa-se aumento da área devido edema. À 
palpação, percebe-se crepitação e enfisema devido a 
formação de bolhas de gás, durante a multiplicação 
bacteriana. 
- Mortes súbitas podem ocorrer em casos de carbúnculo 
sintomático visceral em bovinos e ovinos, quando o 
coração é afetado. 
- Principal espécime usado para o diagnóstico é o tecido 
muscular afetado (miocárdio e fígado também podem 
ser usados). 
- A detecção do agente a partir de um determinado 
espécime clínico é suficiente para o diagnóstico. 
Entretanto, deve-se levar em consideração que é um 
habitante normal do TGI e, portanto, o tecido muscular 
proveniente de um caso suspeito deve ser encaminhado 
e examinado no laboratório poucas horas após a morte. 
- Observar orifícios: oral, nasal, anus e vagina – pode 
mimetizar o carbúnculo hemático. 
TOXINAS 
- alfa (hemolítica, necrozante e letal – principal toxina), 
beta, gama. 
 
Observam-se nas impressões do tecido, bastonetes gram 
positivos, pleomórficos, esporulados ou não, 
identifcados pela técnica de IFD. 
- Cada amostra controle foi corada apenas pelo 
conjugado correspondente. Cultura pura de bastonetes 
com a mesma morfologia descrita foi obtida a partir do 
fragmento da musculatura lesada insubada em 
anaerabiose. 
- Foi também identificado pela PCR a partir do isolado. 
 
PATOGENIA 
- A hipótese é que os esporos presentes no intestino são 
veiculados por macrófagos até a musculatura onde 
permanecem em latência. 
- Traumas nas grandes massas musculares, criam um 
ambiente de baixo potencial de óxido-redução, 
propiciando a germinação dos esporos e a consequente 
produção de toxinas. 
- Distribuido no solo e TGI dos herbívoros. A 
sobrevivência do agente no solo sob a forma de esporos 
é o fator mais significante para a transmissão aos 
bovinos, pois a ingestão de pastos contaminados com 
esporos constitui-se na principal fonte de infecção. 
- Bovinos jovens, entre 4 meses e 3 anos no mais alto 
patamar nutricional são os mais susceptíveis. 
- Clinicamente, os animais apresentam temperatura 
elevada, anorexia, depressão e manqueira quando o 
membro é atingido. 
- O local torna-se edematoso e, à palpação há crepitação 
decorrente das bolhas de gás produzidas pela 
multiplicação da bactéria. A evolução para morte ocorre 
geralmente em até 72h. 
- A lesão é acompanhada por edema, hemorragia e 
necrose miofibrilar, exalando acentuado odor rançoso. 
 
DIAGNÓSTICO 
- Imunofluorescência direta IFD permite detectar em 
esfregaços de cultivo e em impressões obtidas 
diretamente dos tecidos durante a necropsia. 
- PCR que amplifica sequências gênicas que codificam as 
subunidades 16Srna, 16S-23SrDNA e 23SrDNA. 
 
IMUNIDADE 
- Vacinação para controle. Polivalente SC. Primeira dose 
aos 60 dias após nascimento e 2ª dose 4 semanas antes 
do desmame ou no período do desmame. Reforço se 
área for prevalente. Em um surto – 2 meses e 2 anos 
devem ser vacinados ou revacinados. 2 semanas após 
vacinação, o nível de imunidade pode ainda não ser 
suficiente. Carcaças devem ser incineradas para prevenir 
a disseminação.

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