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ESTUDO SOBRE O ABSENTEÍSMO DOCENTE DE UMA ESCOLA PÚBLICA.1 O absenteísmo docente e suas implicações ocasionadas nas escolas públicas Sônia Regina Sena de Souza2 Camila Torres Ituassu3 RESUMO: O objetivo principal deste trabalho foi analisar o absenteísmo docente e suas implicações ocasionadas nas escolas públicas, causando sérios conflitos aos gestores, os quais buscam desenvolver um trabalho de forma democrática nas relações entre docentes e discentes e ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Os estudos foram fundamentados em uma revisão bibliográfica realizando coleta de informações acerca do objetivo desta pesquisa, o absenteísmo docente de uma escola pública, e seus impactos na gestão escolar e no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. O absenteísmo docente vem se tornando um problema sério nas escolas públicas, o qual se reflete diretamente na qualidade do serviço prestado. Ele também, apresenta causas sociais ou psíquicas, e não materiais. Por esse motivo, uma das melhores maneiras de combater o absenteísmo é fomentar as relações humanas dentro das instituições, sejam elas empresas ou escolas. PALAVRAS-CHAVE: 1. Absenteísmo ; 2. Docentes ; 3. Gestão Escolar. _________________________ INTRODUÇÃO O absenteísmo docente nas escolas públicas em nosso país vem sendo alvo de inúmeros trabalhos acadêmicos, os quais procuram cada um em seu campo de atuação, colaborar para a efetivação de uma prática escolar que seja realmente democrática, de 1 O objetivo deste estudo é evidenciar e demonstrar através de pesquisa bibliográfica o absenteísmo docente e suas implicações ocasionadas nas escolas públicas, causando sérios conflitos aos gestores, os quais buscam desenvolver um trabalho de forma democrática nas relações entre docentes e discentes e ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. 2 Pedagoga e Arte Educadora, Mestra em Ciências da Educação; Especialista em Educação Inclusiva; Psicopedagogia; Psicologia Organizacional e do Trabalho; Gestão Escolar: Administração, Supervisão e/ou coordenação. Profa. Do Atendimento Educacional Especializado – SEDUC/Maracanaú-CE, Profa. Universitária em Cursos Presenciais e em EAD. 3 Psicóloga, Mestre em Psicologia, Professora da UCDB, Coach, Consultora de Empresas. Orientadora do curso de Pós-graduação. E-mail: camilaituassu@yahoo.com.br 2 qualidade, desenvolvendo ações de responsabilidade educacional, onde todos os envolvidos no processo passam a ser co-responsáveis pelos resultados dos alunos. Conforme Delchiaro, (2009, p. 32) “o absenteísmo tem se tornado um problema sério para as organizações e especialmente para o serviço público, refletindo diretamente na qualidade de serviço prestado”. O meio de investigação deste artigo foi a pesquisa bibliográfica, adotando análise de diversas posições sobre o foco da pesquisa, processo fundamental via documentação direta Conforme Fonseca apud Gehardt e Silveira (2009: 37): A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32). Enfatizando a pesquisa bibliográfica, por considerar um meio na resolução de problemas, respostas ainda não levantadas, de acordo com Manzo apud Lakatos 2003, p. 182): [...] oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente" e tem por objetivo permitir ao cientista "o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. Com o olhar investigativo e inserido em fontes primárias e secundárias, pode-se através da revisão bibliográfica, adentrar ao tema com mais rigor, apropriando-se das informações e proporcionando um novo olhar sobre o foco da pesquisa, pelo fato de fazer parte do meio educacional, havendo uma identificação com determinadas situações e cenários apresentados ao longo da pesquisa, mas também de enriquecê-lo com informações documentais e bibliográficas, conforme o objetivo da pesquisa. 3 O absenteísmo docente e suas implicações ocasionadas nas escolas públicas, causam sérios conflitos aos gestores, os quais buscam desenvolver um trabalho de forma democrática nas relações entre docentes e discentes e ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Sendo assim, neste estudo foram abordados aspectos relacionados ao absenteísmo docente, como conceito, origem, características, fatores causais. Buscou-se ainda, embasamento teórico em autores como: Gil (2010), Luck (1998), Santos (2002), Paro (2008, 2002 e 1997), Chiavenato (1994), Libâneo (2003), Lopes, dentre outros, de relevância para esta pesquisa de natureza bibliográfica. De acordo com Gesqui (2008, p.40): A escola é povoada por diferentes sujeitos com diferentes formações e com diferentes aspirações; a escola tem significados diferentes para alunos, professores, gestores e funcionários; a escola é representada por diferentes representações dos pais, dos moradores do bairro e do comércio onde está inserida. Assim, para contextualizar essa experiência, torna-se necessário ressaltar que as escolas públicas são de grande importância para a sociedade, as quais assumem um relevante papel enquanto instituição provedora de educação básica sustentadas nos pilares dos conhecimentos: científico, ético e sócio cultural, buscando formar crianças, jovens e adultos críticos reflexivos e conhecedores dos seus direitos e deveres. Neste contexto, o processo ensino-aprendizagem assume especial relevância na vida escolar dos alunos, uma vez que se deve configurar como uma relação dinâmica e dialógica,que propicia a socialização, a troca e a transformação dos conhecimentos na relação docente – discente e discente – discente (LOPES, 1996), favorecendo assim a apropriação dos conhecimentos por todos os envolvidos neste processo, e o preparo dos discentes para as exigências da vida em sociedade e do exercício profissional, de forma que os mesmos sejam capazes de refletir e tomar decisões diante das mais diversas situações. Nesta perspectiva, a função do docente está diretamente relacionada à formação desses futuros cidadãos, os quais necessitam da presença constante do conjunto de professores em exercício na escola sendo diretamente responsável pelo alcance do maior objetivo para essa formação, que é o ensino-aprendizagem. Mas, assegurar esse direito aos discentes tem se 4 tornado um problema constante aos gestores educacionais uma vez que a falta dos docentes acarreta uma sobrecarga para esses profissionais, que nem sempre conseguem interferir em situações das quais não tem controle, como é o caso das ausências docentes caracterizadas pela imprevisibilidade. Delchiaro (2009, 49) afirma que: [...] sobre as causas das ausências, ...esgotamento que afeta os docentes das redes estaduais e municipais... jornada de trabalho excessiva, falta de limite do público infanto-juvenil, transferência da educação infantil da família para sala de aula, baixos salários e precariedade do sistema do sistema docente. Infelizmente fatores como esses acarretam sérios prejuízos não apenas aos discentes, mais também ao próprio docente no desempenho de sua prática pedagógica, a qual necessita manter o elo constante com os discentes para não perder o vinculo, e a afetividade, valoresesses que favorecem a credibilidade, confiança e o diálogo, facilitando assim o processo de ensino e aprendizagem. Afirma Libâneo (2004, p. 104): A partir da interação entre os diretores, coordenadores e, professores, funcionários e alunos, a escola vai adquirindo, na vivência do dia a dia, traços culturais próprios, vai formando crenças, valores, significados, modos de agir, práticas. Nesse sentido, Lopes (1996), diz que o docente deve favorecer situações que estimulem a iniciativa e o diálogo entre o discente e o docente, bem como o diálogo com o saber acumulado historicamente e situações que despertem o interesse dos discentes na apropriação do conhecimento.E para que essa apropriação do conhecimento aconteça de fato, o docente deve buscar apoio junto aos gestores para sensibilizar os discentes através de um diálogo franco e aberto, sobre as causas desse absenteísmo.E ainda apresentar estratégias de ensino que diminuam os prejuízos no processo de ensino aprendizagem. Visto que o desafio aqui, é evidenciar e mostrar o que as ausências dos docentes têm ocasionado nestas escolas, as quais buscam desenvolver um trabalho de forma democrática, nas relações entre docentes e discentes, onde o maior objetivo da equipe gestora e comunidade escolar é ver que todos os alunos usufruam o seu tempo escolar com êxito. Mas, para que as atividades escolares sejam desenvolvidas e o processo de ensino e aprendizagem, 5 aconteça de fato e de direito se faz necessário à frequência diária dos docentes, em todas as turmas e disciplinas oferecidas nestas unidades de ensino durante o ano letivo. O absenteísmo docente esclarece de certa forma, os baixos resultados e rendimentos no aprendizado dos alunos, esse é um dos problemas que tem provocado grandes discussões nas reuniões dos gestores destas escolas, segundo relatos deles. A desproporção entre o que é ensinado nestas escolas e o padrão utilizado nas avaliações externas (ANA, PAIC, Prova Brasil e SPAECE) as quais são aplicadas aos alunos durante o ano letivo se devem, em parte, da impossibilidade dos sistemas de ensino não garantirem que os conteúdos determinados por série sejam devidamente desenvolvidos. E isto acontece, especificamente, devido à falta de professores em sala de aula. Compreende-se que o uso correto do tempo escolar pode apresentar melhoria nos indicadores educacionais, pois sem docentes em sala de aula, não há aprendizagem do conhecimento e prática real do currículo. O fato é que o não comparecimento do professor a sala de aula é visto por ele como um direito assegurado por lei, pois perante o disposto na Constituição Federal em seu artigo 5º, caput, e inciso II, diz que a saúde é um direito de todos e dever do Estado com os cidadãos. Portanto, o professor tem o direito de se ausentar do trabalho para procurar tratamento médico e ainda pode justificar sua ausência com atestado e não ter seu dia de afastamento do local de trabalho descontado em seus vencimentos. De acordo com a Lei nº 9.424 de 24 de dezembro de 1996 e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997. Portanto, assegurar esses dois direitos de maneira que os envolvidos de ambas as partes não fiquem prejudicados tem se tornado um problema para os gestores educacionais. Frente a esse desafio proposto ao sistema educacional, fez-se necessário verificar até que ponto a falta dos docentes está prejudicando o processo ensino-aprendizagem dos alunos. E quais transtornos o absenteísmo dos docentes tem ocasionado a organização escolar? Estão os gestores preparados para suprir a ausência dos docentes nas salas de aula? Quais soluções as escolas têm encontrado para resolverem a falta dos docentes? São essas as questões que desejamos abordar neste estudo, procurando respaldo em autores que discutem a temática. O objeto desse estudo é o absenteísmo docente de uma escola pública, e seus impactos na gestão escolar e no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Por fazer parte dessa comunidade escolar, senti a necessidade de conhecer os reais motivos que estão ocasionando 6 o absenteísmo dos docentes nestas escolas, averiguar como o grupo gestor se organiza diante da falta dos docentes em sala de aula, e quais prejuízos à falta deles podem afetar o processo de ensino aprendizagem dos alunos. 1 Absenteísmo Docente: Fundamentação Teórica O absenteísmo docente pode ser discutido a luz de conceitos, como direitos, deveres, e uma multiplicidade de fatores que intervêm neste processo, exigindo abordagens teóricas diversificadas e análises de perspectiva multidisciplinar com feições diversas, conforme seja o absenteísmo docente nas escolas públicas. O absenteísmo docente vem se tornando um problema sério nas escolas públicas, o qual se reflete diretamente na qualidade do serviço prestado. Conforme FERREIR (1986:17), “a palavra absenteísmo vem do francês absentéisme, derivado do inglês absenteeism, e significa o hábito de não comparecer ao trabalho ou todas as ausências ao trabalho, uma vez que esse é regulado por leis e contratos que determinam a frequência, o dia e a hora em que o trabalhador deve estar presente”. Acerca do absenteísmo escolar define-se pela a ausência repetida ou prolongada das atividades escolares. A taxa de absenteísmo corresponde à percentagem obtida a partir da relação entre o número de ausências e o número de presenças, num determinado tempo. Esse significado abrangente, também utilizado por Chiavenato (1999), determina o período total de ausências em momentos que os trabalhadores deveriam estar trabalhando, seja por falta, atraso ou algum motivo interveniente. Atualmente no Brasil, a principal causa para o absenteísmo escolar é o estresse. A mais recente pesquisa realizada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), com apoio da UNICEF e da CNPq, e coordenadas pelo psicólogo e pesquisador da Fiocruz Wanderley Codo (1999) mostra a realidade que se encontram os professores no Brasil. Foi demonstrado que para quatro educadores um sofre de exaustão emocional e quase metade dos professores (48%) apresentam de algum sintoma da síndrome de Burnout, síndrome relacionada ao estresse laboral. O estresse já é reconhecido por organismos internacionais como uma enfermidade profissional e o ambiente escolar é propício para tal patologia. Tais patologias surgem também pelo excesso de trabalho, pois, em nossa sociedade atualmente o professor precisa ter outra fonte de renda correlacionada à sala de aula para complementar seu baixo salário, além de não ter seu trabalho devidamente 7 reconhecido. O estresse apresenta ainda outro agravante que vai além dos limites dos muros das escolas, que é enfrentar a dura rotina de conviver com alunos que vêm de famílias desestruturadas, por diversas causas como: uso de drogas e com a violência exposta na sociedade, sem falar na falta de interesse dos alunos para o exercício do aprender, do buscar o conhecimento, alunos que não têm perspectivas de futuro. Os professores também têm uma elevada percentagem de absenteísmo, sendo que muitos professores apresentam justificativa médica. Em muitas ocasiões, o absenteísmo apresenta causas sociais ou psíquicas, e não materiais. Por esse motivo, uma das melhores maneiras de combater o absenteísmo é fomentar as relações humanas dentro das instituições, sejam elas empresas ou escolas. Para Chiavenato (2000, p.191), nem sempre as causas do absenteísmo estão no próprio empregado, mas na organização, na supervisão deficiente, no empobrecimento das tarefas, na falta de motivação e estímulo, nas condições desagradáveis do trabalho, na precária integração e nos impactospsicológicos de uma direção ineficiente. Por ser considerado um índice interno, o absenteísmo varia de instituição para instituição e consequentemente diversifica também suas causas.2 As Causas Determinantes do Absenteísmo Docente Compreender as causas do absenteísmo como um fenômeno que se manifesta na complexidade das relações de trabalho, e das relações sociais nas quais os trabalhadores estão inseridos é desafiador. Portanto, os múltiplos fatores se desencadeiam – de trabalho, sociais, culturais, de personalidade e de doenças –, que podem contribuir para sua ocorrência. E mesmo “um quadro nítido de doença, pode estar coexistindo com outras variáveis causais, naquele momento, ignoradas” (COUTO, 1987, p.51). Contudo, o absenteísmo por doença constitui fator maior de incerteza e de imprevisibilidade, sendo um indicativo de problemas de saúde dos trabalhadores e das políticas de recursos humanos (QUICK e LAPERTOSA, 1982; CHIAVENATO, 1999). Buscando investigar quais são as principais causas do absenteísmo docente, chegou-se à conclusão que elas podem ter as mais diversas origens, que segundo (Santos, 2003), este 8 nem sempre tem sua origem no funcionário, sua origem pode ser resultado de questões da própria organização, tendo por influência direta problemas com a supervisão do trabalho, o empobrecimento das tarefas, a falta de motivação e também de estímulo, as condições desagradáveis de trabalho, falta de integração e gestão ineficiente. Concordando com esse ponto de vista, a autora acrescenta que poucos dias de ausência estão integrados, sobretudo à cultura organizacional e a descontentamento dos trabalhadores com as atividades que realizam. Já o absenteísmo de longa duração é avaliado como reflexo de condições de saúde e de dificuldades familiares. Seguindo essa mesma concepção, Zaponi (2009) destaca que várias situações podem gerar o absenteísmo, em especial o absenteísmo docente, dentre eles, as autoras ressaltam a forma de organização e acompanhamento do trabalho; jornada de trabalho excessiva; legislação inadequada; problema de relacionamento no trabalho; problemas familiares, problemas com alunos e com os familiares dos alunos; com a estrutura; organização e com comportamentos consolidados no interior da escola; entre outros, sendo que todos demonstram uma sobrecarga física e emocional que acomete o professor no exercício da docência. De acordo com os estudos de Santos (2004) e de Oliveira (2007) o absenteísmo docente pode ser caracterizado também pela ausência de professores da sala de aula sem justificativa legal explicada, em parte, pela presença de comportamentos consolidados no interior das escolas. Nesta situação, as escolas desenvolvem mecanismos sociais responsáveis por práticas e situações escolares próprias, impregnadas de um sistema de valores compartilhados pela comunidade escolar (professores, equipe gestora, demais servidores, estudantes, pais e comunidade), afetando o comportamento dos professores e da equipe gestora. No interior da escola, podemos mencionar: condições desfavoráveis de trabalho na escola, como salas de aulas com iluminação, ventilação, equipamentos e materiais inapropriados ou inexistentes; impactos psicológicos decorrentes de uma gestão ineficiente e comportamentos consistentes no interior da escola, que resultam em práticas inadequadas como a falta sem justificativa legal. Portanto, não basta o Estado proporcionar prédios escolares, livros didáticos, entre outros, cabe ele, ações responsáveis através de políticas 9 públicas que contemplem melhores condições de trabalho, conforme previsto na CF/88, na LDB 9394/96, no ECA, e em outros documentos legais federais, estaduais e municipais. Dessa forma, percebe-se a importância da compreensão por parte dos gestores sobre processo pelo qual provém o absenteísmo dos trabalhadores, e, em especial o absenteísmo docente. 3 Reflexões acerca dos impactos e consequências do Absenteísmo Docente no processo de gestão escolar A temática sobre absenteísmo docente merece várias reflexões críticas sobre seus impactos, pois o mesmo ocasiona sérios transtornos em toda rotina escolar, tanto direta, quanto indiretamente, os transtornos são diversos, diminuição do processo de aprendizado dos alunos, desorganização das atividades, redução da qualidade do aprender, limitação de desempenho dos educandos e até mesmo obstáculos e/ou atrasos nas funções dos gestores. Frente a esse desafio, faz-se necessário verificar como os gestores proporcionam condições favoráveis para minimizar esses impactos devastadores, impossibilitando a aprendizagem significativa dos alunos, e ainda promover o funcionamento pleno da escola de forma democrática e participativa. Contudo, raramente a escola encontra um professor de imediato que ministre a mesma disciplina do professor titular que se ausentou. Pois, perante o disposto na Constituição Federal (1988) e na Constituição Estadual do Ceará (1989) a saúde é um direito de todos e dever do Estado com os cidadãos. Portanto, o professor tem o direito de se ausentar do trabalho para procurar tratamento médico. Diante de uma falta inesperada, porém, a rotina da escola é afetada, cabendo à gestão escolar providenciar um professor para suprir a carência do professor afastado, de forma que o atendimento aos alunos não tenha prejuízos quanto ao processo de ensino-aprendizagem, assim dispor de condições para substituir o professor no dia de afastamento para tratamento de saúde. Conforme a Secretária do Estado da Educação (1989), baseado na LDB, é de que o aluno tem direito há 200 dias letivo de aulas e 800 horas-aula e não pode ficar sem as aulas. Este direito do aluno não pode impedir o direito assegurado a todo e qualquer cidadão, neste 10 caso o professor, de ter tratamento de saúde. Dessa forma, é obrigação do Estado garantir as aulas aos alunos, colocando no lugar do professor afastado um substituto, e não exigir do próprio professor venha a repor as aulas por ter se ausentado por motivo de saúde. Devendo a gestão escolar, buscar estratégias para que os alunos não recebam aulas planejadas fora do contexto e com menor produção sem qualidade, e descontextualizada com os conteúdos os quais estão trabalhando naquele bimestre. Mesmo que o professor titular seja substituído, por outro que ministre a mesma disciplina, os alunos levarão um bom tempo para se adaptar a rotina de aprendizado de forma integral e sem prejuízos. Pois a falta do professor, diminui a interação, a socialização de conteúdos, interrompendo o tempo produtivo da aula, já que parte dela será utilizada para a adequação da dinâmica de trabalho do novo professor, sua adaptação à rotina e aos procedimentos da sala de aula e o estabelecimento da disciplina na classe (Capitan, 1980; Varlas, 2001). O aprendizado também é prejudicado pela dificuldade que os alunos têm em estabelecer relações afetivas e de confiança com o novo docente (Hill, 1982; Lewis, 1981, Skidmore, 1984). A ausência do professor pode ainda afetar a motivação dos alunos (Ehrenberg et. al., 1991). As consequências da falta do professor sobre o aprendizado são ainda maiores entre alunos mais novos ou com deficiências, já que estes são mais dependentes tanto emocional quanto academicamente de seus professores (Miller, 2008). Sendo assim, mesmo que o docente receba capacitação, a experiência de sala de aula e os métodos pedagógicos avançados sejam fundamentais para o desenvolvimento escolar dos alunos, “estes fatores não têm nenhum efeito num dia em que o professor está ausente” (Clotfelter et. alli., 2007:02). De fato, existem evidências de que o desempenho dos estudantes em exames de proficiência é afetado pelo absenteísmo do professor (Lewis, 1981; Beavers, 1981; Summers e Raivetz, 1982; Manatt, 1987; Woods, 1990; Bayard, 2003), sobretudo entre alunos com atraso escolar, ou de baixa renda (Pitkof, 1993; Rassmussen, 2000). Além disto, embora as consequências do absenteísmo sobre o aprendizado dos estudantespareçam evidentes, não existe nenhum estudo sistemático que mostre sua relação com o progresso acadêmico dos alunos no Brasil, apesar de estar claro que, pelo menos o elevado número de faltas entre os professores é um problema de administração pública. 11 Por isso, Soares (2005), enfatiza que a eficácia de uma escola na aprendizagem de seus alunos se deve em grande parte ao professor, por seus conhecimentos, seu envolvimento e sua maneira de conduzir as atividades da sala de aula. Soares (2003) salienta ainda que o absenteísmo docente tem efeito regressivo sobre a eficiência escolar, tendo em vista, que o professor é o cerne do processo pedagógico. Encontrar um posicionamento coerente entre o real e o ideal tem sido objeto de estudo de vários educadores que discutem sucesso e fracasso escolar. Acredita-se que ações coletivas, precisam ser feitas o mais rápido possível para rever e mudar o cotidiano escolar desses docentes, onde o absenteísmo parece tão arraigado, causando sérias consequências no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Diante do exposto, Assunção e Oliveira (2009) analisam a diversidade de atribuições exercidas pelo docente expondo que, em seu cotidiano de trabalho esse profissional está envolvido com diferentes atividades como a realização preparação para programas como Prova Brasil, PAIC, ANA, entre outras ações que envolvem a rotina dos docentes. Estas tarefas podem se apresentar como um acúmulo diante de outras ações relacionadas à docência e que também precisam ser desempenhadas diariamente por eles. Por isso, verifica-se que variadas tarefas são realizadas pelos docentes no processo educativo, que vão além de sua obrigação ou das atividades inerentes a sua função no processo de ensino e aprendizagem, sendo assim, questiona-se, se estas tarefas também podem estar relacionadas aos motivos que contribuem para o absenteísmo docente. A partir desses fatores vem à reflexão, em que consistem mesmo essas ações que trazem mais consequências para o absenteísmo docente? Acredita-se que o excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, salário baixo, pressão do sistema educacional, formação inicial deficiente, formação continuada ineficiente, violência, demanda de pais de alunos, bombardeio de informações, desgaste físico e, principalmente, a falta de reconhecimento de sua atividade seriam algumas causas do estresse, da ansiedade e da depressão que vêm acometendo os tantos docentes. A reflexão vai além da busca de soluções lógicas e racionais e implica intuição, emoção e paixão. Referindo-se ao docente, a reflexão é uma maneira de ser docente. 12 A prática reflexiva competente pressupõe uma situação institucional que conduz a uma definição de papel que valorize a reflexão e a ação coletivas orientadas a alterar não só as interações na sala de aula e na escola, mas também entre a escola e a comunidade imediata e entre a escola e as estruturas sociais mais amplas. (PERRENOUD, 2002, p. 103). A reflexão crítica é um processo social e coletivo, que estimula a autonomia do professor na expressão de seu poder de contribuir para a construção do seu processo de formação e do projeto educativo da escola, considerando as relações de seu pensamento e ação em contextos históricos reais e concretos. Decorrentes das várias reflexões sobre os impactos do absenteísmo docente no processo de ensino aprendizagem dos alunos e administração escolar levantou-se a hipótese de que o grupo gestor pode ser um componente amenizador desse efeito impactante, sendo necessário buscar auxílio que contribua na concretização desses objetivos. 4 Gestão ou Administração Escolar O que distinguiria a compreensão de gestão ou administração escolar? O que caracteriza a especificidade das consequências do absenteísmo docente? Esses são os pontos centrais deste estudo. O que também representa um componente atenuador para os efeitos do absenteísmo docente, tornando-se necessário buscar diferentes concepções teóricas que permeiam a administração ou gestão escolar que possam contribuir na compreensão dessa temática. Luck (2000, p.16), cita que a definição de gestão está associada ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico, a participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante um compromisso coletivo, com resultados educacionais cada vez mais efetivos e significativos. Dessa forma, a gestão educacional precisa reorganizar o seu fazer a ser constituídos pelas e com as pessoas, revendo seus antigos conceitos de administração escolar que atualmente são insuficientes para gerenciar uma escola. Os termos “gestão da educação” e “administração da educação” são utilizados na literatura educacional ora como sinônimos, ora como termos distintos. Algumas vezes, gestão é apresentada como um processo dentro da ação administrativa, outras vezes apresenta-se como sinônimo de gerência numa conotação 13 neotecnicista dessa prática e, em muitos outros momentos, gestão aparece como uma “nova” alternativa para o processo político-administrativo da educação. Entende-se por gestão da educação o processo político-administrativo contextualizado, por meio do qual a prática social da educação, é organizada, orientada e viabilizada. (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 147). Libâneo (2004) reitera, acrescentando que a organização, administração e gestão são termos aplicados aos processos organizacionais, com significados muitos parecidos, organizar significa ordenar, separar o todo em partes. Administrar é o ato de governar. Na educação, a expressão organização escolar está associada a administração escolar que representa os procedimentos e os princípios do ato de planejar o trabalho escolar. Portanto, Gestão da Escola Pública trata-se de uma maneira de organizar o funcionamento da escola pública quanto aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e pedagógicos, com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes, ideias e sonhos num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar e ensinar. (DOURADO, 2003, p.24). De acordo com Libâneo (2004), a organização escolar deve favorecer e assegurar, as melhores condições de realização do trabalho docente por meio de uma interdependência entre os objetivos e a função da escola. Para isso, a gestão do trabalho escolar deve garantir que os meios estejam em função dos objetivos e estes sejam constituídos de forma democrática. Libâneo também entende que as relações se estabeleçam na escola, suas práticas, seus ritos, seu modo de agir, as características de seus alunos e professores são situações que estão marcadas pela cultura, que é a cultura da escola. Ponderando as diferentes definições de gestão escolar, a palavra gestão ganha um significado que enriquece o termo gestão escolar e confirma o que está descrito acima. Para Cury (2002, p.165), gestão "(...) é a geração de um novo modo de administrar uma realidade e é em si mesma democrática já que traduz pela comunicação, pelo desenvolvimento coletivo e pelo diálogo". 14 Como afirma Libâneo (2004, p.111), A escola se insere num contexto sócio cultural e politico mais amplo, cuja organização escolar considera, ao mesmo tempo, os valores ao que precisa ser feito, mas considera também os objetivos e propósitos sociais da organização escolar, dentro da realidade sociocultural e politica mais ampla, que requerem uma ação organizada, racional, uma normalidade. Para isso, torna-se necessário, o grupo gestor desempenhar sua função voltada para o principal objetivo educacional: garantir o funcionamento pleno da escola como organização social, com o foco na formação de alunos e promoção desua aprendizagem, mesmo diante de alterações organizacionais inesperadas, ocasionadas pelas consequências do absenteísmo docente; as quais são devastadoras, e impactam, sobretudo, no processo da gestão escolar, causando prejuízos incalculáveis ao ensino e aprendizagem dos alunos, além de inviabilizar o cumprimento de suas ações educacionais. No município o absenteísmo docente é caracterizado pela ausência de professores em sala de aula, sendo justificada por adoecimento dos mesmos associados com as licenças médicas, impactando no calendário letivo, ocasionando prejuízos no processo de ensino e aprendizagem dos alunos e em toda rotina pedagógica da escola. Parra (2005) relaciona extensamente a ausência do professor e as doenças como indicadores sobre os desgastes da saúde docente, pois as licenças médicas decorrem, em grande parte, de problemas referentes a stress, neurose, depressão, cordas vocais, dores musculares, visão e alergias. Desse modo, esses aspectos têm representado um dos grandes problemas para a gestão escolar. O absenteísmo docente acontece em proporções que impactam toda dinâmica da escola, sendo apontado como um desarticulador das relações educativas. 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreende-se que, o absenteísmo apresenta causas sociais ou psíquicas, e não materiais. Por esse motivo, uma das melhores maneiras de combater o absenteísmo é fomentar as relações humanas dentro das instituições, sejam elas empresas ou escolas. O objeto do estudo o absenteísmo docente de uma escola pública, e seus impactos na gestão escolar e no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. A partir da discussão temática verifica-se que dentre as causas podemos comparar como um fenômeno que se manifesta na complexidade das relações de trabalho, e das relações sociais nas quais os trabalhadores estão inseridos é desafiador. Portanto, os múltiplos fatores se desencadeiam – de trabalho, sociais, culturais, de personalidade e de doenças –, que podem contribuir para sua ocorrência. E mesmo “um quadro nítido de doença, pode estar coexistindo com outras variáveis causais, naquele momento, ignoradas” (COUTO, 1987, p.51). Contudo, o absenteísmo por doença constitui fator maior de incerteza e de imprevisibilidade, sendo um indicativo de problemas de saúde dos trabalhadores e das políticas de recursos humanos (QUICK e LAPERTOSA, 1982; CHIAVENATO, 1999). Bem como seus impactos segundo Soares (2003) salienta ainda que o absenteísmo docente tem efeito regressivo sobre a eficiência escolar, tendo em vista, que o professor é o cerne do processo pedagógico. Encontrar um posicionamento coerente entre o real e o ideal tem sido objeto de estudo de vários educadores que discutem sucesso e fracasso escolar. Acredita-se que ações coletivas, precisam ser feitas o mais rápido possível para rever e mudar o cotidiano escolar desses docentes, onde o absenteísmo parece tão arraigado, causando sérias consequências no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Torna-se evidente que, para minimizar e até mesmo acabar com o absenteísmo docente, são necessárias ações conjuntas que envolvem a gestão do trabalho escolar devendo garantir todos os recursos necessários para o atingimento dos objetivos propostos de cunho pedagógico e administrativo. A escola estimule em suas práticas, relações que aproximem 16 alunos, pais e professores e profissionais da escola construindo uma cultura de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS ANDERY, Maria Amália Pie Abibet al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 9. ed. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo; São Paulo: EDUC, 2000. BLUM, Marcelo Lawrence Bassay. Processamento e interpretação de dados de geofísica aérea no Brasil Central e sua aplicação à geologia regional e à prospecção mineral. 1999. 229 p. Universidade de Brasília. Instituto de Geociências. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. São Paulo: McGraw Hill, 1994. CODO, Wanderley, Educação: Carinho e trabalho - Petrópolis, RJ: Vozes/ Brasília: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília. Laboratório de Psicologia do Trabalho, 1999. DELCHIARO, Eliana Chiavone. Gestão escolar e absenteísmo docente: diferentes olhares e diversas práticas. Validação de uma experiência na rede municipal de São Paulo. Dissertação. Mestrado em Educação: Currículo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, 2009, p.206. DINIZ, Maria Helena; FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio e GEORKAKILAS, R.A. Steveson. 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