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Pó s- gr ad ua çã o em E du ca çã o A GESTÃO DO ENSINO E DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM CONTEMPORÂNEA Josiane Gonçalves Santos Diretores Diretoria Executiva Luiz Borges da Silveira Filho Diretoria Operacional Marcelo Antonio Aguilar Diretoria Acadêmica Francisco Carlos Sardo Editora Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Projeto Gráfico Evelyn Caroline dos Santos Betim Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. Josiane Gonçalves Santos RESUMO A escola na contemporaneidade enfrenta inúmeros desafios que interferem tanto na aprendizagem de seus alunos, quanto na qualidade do ensino desenvolvido por seus profissionais. Para tanto, faz-se necessário o êxito da gestão dos processos realizados na instituição de ensino, especialmente os pedagógicos, trabalhos caracterís- ticos do coordenador pedagógico ou do pedagogo. Dois processos, especificamente, exigem atenção especial desse profissional e dos professores: o processo de ensino e de aprendizagem e a avaliação da aprendizagem, afinal, ambos caracterizam o compromisso social da escola. A gestão do ensino envolve a organização e moni- toramento dos diferentes processos e atividades docentes desenvolvidas pelo professor. A gestão da avaliação da aprendizagem está diretamente relacionada à apropriação dos conteúdos e, consequentemente, aos resultados demonstrados pelos alunos nas diferentes avaliações realizadas. Assim, busca-se, por meio deste texto, possibili- tar não apenas a compreensão e significado dos processos de gestão do ensino e da avaliação da aprendizagem, mas, fundamentalmente, a reflexão sobre o trabalho desenvolvido pelo coordenador pedagógico. Palavras-chave: Coordenador pedagógico. Pedagogo. Gestão. Ensino. Avaliação. 1 REFLEXÕES INICIAIS As rápidas transformações – econômicas, sociais, tecnológicas, entre outras –, manifestas na sociedade, pro- vocam inquietações e incertezas decorrentes do processo de globalização e que provocam repercussões variadas na vida de homens e mulheres, pois, ao mesmo tempo em que integra mercados, ocasionando o aumento do poder e da riqueza de algumas nações, traz problemas consequentes de uma desigual distribuição de renda entre a população mundial. O campo educacional também sofre essa interferência. Vianna (2005, p. 92) alerta: Anteriormente, e propositadamente, referimo-nos à escola como um microcosmo que existe na socie- dade, sofre suas influências e, em diversos graus, também atua sobre ela. A fim de compreender a escola e o fenômeno educacional, é necessário que os situemos no contexto das transformações ocorridas e que devem estar refletidas nos objetivos institucionais, na programação curricular, nos objetivos instrucionais e nas estratégias do próprio ensino. Esse contexto exige o desenvolvimento de um trabalho pedagógico que, além da efetiva aprendizagem do saber científico historicamente acumulado, resulte na formação de valores éticos, respeitando, fundamental- mente, a pessoa humana em suas singularidades e diversidades. Trata-se, portanto, de formar integralmente o ser humano para o exercício da cidadania (SANTOS, 2005, p. 30). Para tanto, é necessário rever os processos educativos desenvolvidos pela instituição, avançando de um modelo pedagógico alicerçado na concepção tradicional de ensino para um modelo em que todos os profissionais se compro- metam verdadeiramente com a formação dos alunos. A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 4 Destaca-se aí o processo de gestão, sendo necessá- rio, porém, compreendê-lo como um processo maior e mais amplo do que a administração, especialmente aquela decorrente da Escola Clássica1. A gestão é com- preendida como tomada de decisão e tem sua origem etimológica no termo em latim gestio-õnis, signifi- cando gerir, gerência, administração. O espaço escolar envolve processos pedagógicos, administrativos e financeiros, que precisam ser organi- zados e desenvolvidos em prol da melhoria da quali- dade do trabalho desenvolvido. Nesse sentido, a mobi- lização e articulação de recursos materiais e humanos devem estar focadas no processo de ensino e aprendi- zagem. Libâneo (2004, p. 11) destaca que [...] o objetivo da escola é o ensino e a aprendizagem dos alunos; a organização, a gestão, as condições físicas e materiais são meios para se atingir esse objetivo. Sobre a rela- ção entre meios e fins, é preciso compreender que numa instituição há duas coisas: os objetivos a atin- gir e os meios necessários. Objeti- vos e meios não são a mesma coisa, mas não há um sem o outro. Portanto, a gestão do ensino, responsável pela organização, desenvolvimento e monitoramento dos processos pedagógicos, é o principal vértice da ges- tão na instituição de ensino e se efetiva por meio da coordenação de um profissional que possua o conheci- mento e a formação específica para esse fim, ou seja, o pedagogo. Libâneo (2004, p. 13) complementa Esse entendimento da organização escolar como espaço de aprendi- zagem, de compartilhamento de significados, conhecimento e ações entre as pessoas, leva a valorizar muito mais as práticas de organiza- ção e gestão e, por consequência, a atuação da direção e da coordena- ção pedagógica. Gerir uma escola deixa de ser algo apenas ligado a questões administrativas e buro- 1 Dois engenheiros, Frederick Taylor (1856-1915) e Henri Fayol (1841-1925), são os responsáveis pelos fundamentos da Teoria Geral da Administração, que originou a chamada Escola Clássica da Administração. Assim, é correto afirmar que a Escola Clássica ou Teoria Clássica da Administração pode ser dividida em dois grupos. Para o primeiro grupo, denominado Administração Científica, liderado por Taylor, a principal abordagem da administração está nas tarefas e na aplicação de métodos científicos (observação, experiência, registro, análise) aos problemas da administra- ção, com o principal objetivo de alcançar maior eficiência industrial, produzir mais, sempre com custos mais baixos. Diferentemente da concepção de Taylor, em que a ênfase dos processos administrativos está no desenvolvimento das tarefas realiza- das por cada operário, na Teoria Clássica de Fayol a ênfase é posta na estrutura da organização, considerando que toda empresa tem suas ações desenvolvidas a partir de grupos que desempenham funções específicas. cráticas. Se a escola, tanto quanto a sala de aula, é espaço de aprendi- zagem, pode-se deduzir que formas de funcionamento, normas, proce- dimentos administrativos, valores e outras tantas práticas que ocorrem no âmbito da organização escolar exercem efeitos diretos na sala de aula, sendo verdade, também, o inverso: o que ocorre na sala de aula tem efeitos na organização escolar. O pedagogo, ou o profissional que atua na coorde- nação do processo de ensino e aprendizagem, desempe- nha funções pedagógicas, sociais e políticas, que devem atender a legislação educacional vigente e as diretrizes do sistema em que a instituição está inserida, pois é o profissional que “responde pela viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em liga- ção direta com os professores, em função da qualidade do ensino” (LIBÂNEO, 2004, p. 219). No cotidiano educacional, esse profissional desempenha inúmeras funções relacionadas à super- visão, acompanhamento, assessoramento, monitora- mento e avaliação das atividades pedagógico-curricu- lares desenvolvidas e do desempenho dos alunos frente ao processo de ensino e aprendizagem, além de tam- bém articular a relação da escola com as famílias dos estudantes e com a comunidade. Para tanto, Libâneo (2004, p. 219) relaciona algumas das atribuições da coordenação pedagógica: 1. Responder por todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares da escola e pelo acompanhamento das atividadesde sala de aula, visando a níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa do processo de ensino e aprendizagem. 2. Supervisionar a elaboração de diag- nósticos e projetos para a elaboração do projeto pedagógico-curricular da escola e outros planos e projetos. 3. Propor para discussão, junto ao corpo docente, o projeto pedagógi- co-curricular da unidade escolar. 4. Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do currículo, incluindo a assistência direta aos professores na elaboração dos pla- nos de ensino, escolha de livros didáticos, práticas de avaliação da aprendizagem. 5. Prestar assistência pedagógico-di- dática direta aos professores, acom- panhar e supervisionar suas ativi- A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 5Faculdade Educacional da Lapa - FAEL dades tais como: desenvolvimento de competências metodológicas, práticas avaliativas, gestão da classe, orientação da aprendizagem, diag- nóstico de dificuldades, etc. 6. Coordenar reuniões pedagógi- cas e entrevistas com professores visando a promover inter-relação horizontal e vertical entre disci- plinas, estimular a realização de projetos conjuntos entre os pro- fessores, diagnosticar problemas de ensino e aprendizagem e adotar medidas pedagógicas preventivas, adequar conteúdos, metodologias e práticas avaliativas. 7. Organizar as turmas de aluno, designar professores para as turmas, elaborar o horário escolar, planejar e coordenar o Conselho de Classe. 8. Propor e coordenar atividades de formação continuada e de desenvol- vimento profissional dos professores. 9. Elaborar e executar programas e atividades com pais e comunidade, especialmente de cunho científico e cultural. 10. Acompanhar o processo de avalia- ção da aprendizagem (procedimen- tos, resultados, formas de supera- ção de problemas, etc.). 11. Cuidar da avaliação processual do corpo docente. 12. Acompanhar e avaliar o desenvolvi- mento do plano pedagógico-curri- cular e dos planos de ensino e outras formas de avaliação institucional. Todavia, a gestão dos processos e das relações que se manifestam no interior da instituição não é tarefa fácil, pois, como já dito anteriormente, a escola “sofre” as interferências das demandas e transforma- ções que ocorrem na sociedade. Giroux e Simon (1995, p. 95) consideram: [...] as escolas são formas sociais que ampliam as capacidades humanas, a fim de habilitar as pessoas a intervir na formação de suas próprias subjetividades e a serem capazes de exercer poder com vistas a transformar as con- dições ideológicas e materiais de dominação em práticas que pro- movam o fortalecimento do poder social e demonstrem as possibili- dades de democracia. Esse é o compromisso social da escola e de seus profissionais na transmissão do saber historicamente produzido2. Para isto a escola existe: garantir, por meio do trabalho pedagógico, a formação para a cidadania e para o mundo do trabalho a todos que a ela tiverem acesso, em busca das condições necessárias à efetiva participação em sociedade como seres humanos que constituem a sua própria existência. Assim, é essencial que a instituição de ensino organize suas ações e pro- cedimentos de forma responsável, garantindo o direito à educação a todos os alunos, independente de cor, raça, sexo, idade e classe social. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- nal, LDB 9.394/96, desenvolvida com base no prin- cípio do direito universal à educação, é o principal instrumento das instituições de ensino na organização e desenvolvimento dos processos que caracterizam a gestão da educação e do ensino em seus diferentes níveis e modalidades. 2 GESTÃO DO ENSINO A instituição de ensino, seja de educação infan- til, de ensino fundamental, de ensino médio ou de ensino superior, é o espaço formal em que a educação se desenvolve em decorrência de uma ação intencio- nal, pois, por meio da ação docente, busca-se efetivar um trabalho pedagógico que resulte na aprendizagem de todos os alunos, garantindo a formação integral3 do cidadão. Para esse fim, é necessário que o professor possua boa formação teórica, mas que também se interesse por seus alunos como seres humanos que são. Nesse sentido, o conhecimento sobre os diferentes processos que se desenvolvem em sala de aula e que, na maioria das vezes, vão muito além da simples constatação sobre o rendimento, exige, entre outros, a reflexão sobre o currículo, material didático e a formação acadêmica, sobre os aspectos cognitivos, sociais e culturais dos educandos, e sobre a gestão das instituições de ensino e políticas públicas para a educação. Se gestão é tomada de decisão, diretor, pedagogo e professores são gestores e, portanto, devem estar 2 Trata-se de um conhecimento que possibilita ao aluno desenvolver a sua criticidade, elaborando uma visão de mundo coerente com a realidade sociocultural em que esteja inserido. Aqui talvez esteja a justificativa para a manutenção de uma sociedade dividida em classes e organizada de modo desigual, pois, historicamente, este saber sempre foi de poder da classe dominante. 3 Formação que resulta da apropriação dos conteúdos historicamente construídos e de ações fundamentadas em valores éticos de solidariedade, respeitando, espe- cialmente, a pessoa humana em suas singularidades e diversidades. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 6 comprometidos nesse processo que deve contribuir para a formação de sujeitos capazes de aprender con- tinuamente em um contexto de avanços tecnológicos e de transformações. Sobre isso, Nogueira (2002, p. 24-25) traz uma importante reflexão: Em uma época tão fortemente “tec- nológica”, quer dizer, tão tomada pela razão instrumental, pela inova- ção e pela ideia de que as tecnologias são um fator de progresso e bem-es- tar, não se cansa de repor uma velha discussão, que nos inquieta mesmo quando vem à tona de modo velado e contido. Devemos nos voltar pre- dominantemente para o mercado e para o trabalho? O que devemos almejar: ter entre nós bons profis- sionais ou bons cidadãos? Temos por que temer o império da técnica e da tecnologia, ou a técnica e a tec- nologia são valores em si, recursos inofensivos, diante dos quais não há o que temer e só se abrem perspecti- vas positivas? Todavia, é importante destacar a figura do peda- gogo, ou do coordenador pedagógico, na coordenação da gestão do processo de ensino. Sobre o ato de coor- denar, Rangel (2002, p. 76-77) afirma: Coordenação é organizar em comum, é prever e prover momen- tos de integração do trabalho, entre as diversas disciplinas, numa mesma série, e na mesma disciplina, em todas as séries, aplicando-se a dife- rentes atividades, a exemplo da ava- liação e elaboração de programas, de planos de curso, da seleção de livros didáticos, da identificação de problemas que se manifestam no cotidiano do trabalho, solicitando estudo e definição de critérios que fundamentem soluções. A coordenação, enquanto processo de ensino, implica a organização e supervisão do trabalho peda- gógico na busca da melhor aprendizagem dos alunos. Para tanto, é importante refletir sobre uma prática pedagógica fundamentada apenas na transmissão de conhecimentos, retrato de uma concepção tradicional de ensino em que o professor é encarado como o único detentor do saber, desconsiderando o conhecimento e a experiência de vida de seu aluno. Para superação desse quadro, é determinante o projeto político-pedagógico (PPP). Se projeto é algo que se quer alcançar, que indica um caminho ou uma meta, no contexto educacional ele indica a finalidade do trabalho educativo, pois retrata a gestão da escola, especialmente o processo de ensino. Nele estão expli- citados os fundamentos teórico-metodológicos, os objetivos, a organização e o sistema de avaliação da escola, ou seja, a organização pedagógico-administra- tiva da instituição. Veiga (1995, p. 13) explica: O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional,com sentido explícito, com um com- promisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto polí- tico por estar intimamente articu- lado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. Também é importante conhecer a etimologia da palavra. Projeto origina-se do latim projectu, particípio passado do verbo projecere, que significa lançar para diante, dando a ideia de movimento e possibilitando o estabelecimento de relação entre presente e futuro. Portanto, é instrumento indispensável de ação e trans- formação, pois manifesta uma intencionalidade. A compreensão sobre as duas dimensões do PPP é fator determinante no processo de gestão do ensino. Segundo Oliveira, Souza e Bahia (2005, p. 41), A dimensão política do Projeto é fun- damental porque: educar, segundo Freire (1999), é um ato político; a formação do sujeito ético-histórico; do cidadão que tenha condições de fazer sua inserção comprometida na sociedade são premissas da educa- ção emancipatória, necessária para o ser humano sair da mediocridade (KANT, 1980). A dimensão pedagógica, presente no próprio “saber fazer” do pro- cesso ensino-aprendizagem, é imprescindível, pois a construção e sistematização do conhecimento e dos saberes se viabilizam através da ação pedagógica; a gestão, a orga- nização do processo de trabalho, a prática docente, as ações coletivas, a cultura organizacional, o envolvi- mento da comunidade são espaços/ instâncias pedagogizados. O pedagogo, ou o coordenador pedagógico, em parceria com a direção da instituição, desempenha importante papel nessa direção. Entre os exemplos A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 7Faculdade Educacional da Lapa - FAEL que caracterizam a dimensão política está a mobiliza- ção dos profissionais da instituição e da comunidade a favor de uma participação ativa, que contribua positivamente para o êxito dos processos desenvolvi- dos pela escola. A dimensão pedagógica, por sua vez, traduz a autonomia da escola no gerenciamento de seus pro- cessos, sempre em acordo com a legislação e diretrizes vigentes. Sobre isso, Barroso (1998, p. 16) alerta: [...] o conceito de autonomia está etimologicamente ligado à ideia de autogoverno, isto é, à faculdade que os indivíduos (ou as organiza- ções) têm de se regerem por regras próprias [e de que] a autonomia pressupõe a liberdade (e capaci- dade) de decidir, ela não se con- funde com a “independência” [na medida em que a] autonomia é um conceito relacional [...] sua ação se exerce sempre num contexto de interdependência e num sistema de relações (grifo do autor). No entanto, é relevante compreender que para a legitimidade desse processo coletivo é necessá- rio garantir espaço para que todos os integrantes da comunidade escolar, sem exceção, participem das dis- cussões e decisões que se realizam na escola. Isso exige a compreensão de que participar significa muito mais do que apenas colaborar. No caso da escola pública, é preciso primeiramente refletir. A quem pertence a escola pública? Se não houver a consciência de que a mesma pertence ao público, que constitui a escola e seu entorno, não haverá como envol- ver seus segmentos, desencadear a efetiva participação. Se a escola e seus objetivos pertencerem ao (à) diretor (a), ao governo, não há por que os professores, os fun- cionários, os agentes da comu- nidade se sentirem comprome- tidos com ela (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 171). Assim, o PPP não é algo construído para ser arquivado ou encaminhado às autoridades educacio- nais como prova do cumprimento de tarefas burocrá- ticas; ao contrário, ele deve ser vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Todavia, para que esse processo se efetive, é necessário desenvolver na instituição ações fundamentadas em valores democráticos. Alguns princípios devem fundamentar esse pro- cesso. São eles: igualdade, qualidade, gestão democrática, liberdade e valorização dos profissionais do magistério. No espaço escolar, e educacional, a igualdade se revela nas condições de acesso e permanência a todos os cidadãos, desde a mais tenra idade. Essa condição, básica para a aprendizagem, tem que considerar que cada sujeito possui características e ritmos de apren- dizagem que precisam ser respeitados nas diferentes etapas e níveis de escolarização. É o respeito à diver- sidade – cultural, social, econômica, sexual e outras – que propicia o desenvolvimento de práticas inclusivas e democráticas. A qualidade é outro princípio fundamental na construção do PPP e diretamente vinculado à ges- tão do ensino, especialmente à qualidade educacional relacionada aos meios, formas, técnicas, procedimen- tos, conteúdos e aspectos determinantes do trabalho pedagógico, que contribuem para a melhor aprendi- zagem possível dos alunos e efetiva apropriação das matérias trabalhadas. Mas também é importante considerar a qualidade social relacionada à formação de sujeitos capazes de intervir positivamente na realidade em que estão inse- ridos. Para Gentili e Alencar (2002, p. 98) qualidade social é “o movimento em favor de um ensino mais ativo, mais participativo, mais centrado nos interesses dos alunos”, em consonância com os interesses sociais. Libâneo (2004, p. 67) relaciona as principais características de uma escola com qualidade social: 2 Assegura sólida formação de base que propicia o desenvolvimento de habilidades cognitivas, operati- vas e sociais, por meio do domínio dos conteúdos escolares (conceitos, procedimentos, valores), a prepa- ração para o mundo tecnológico e comunicacional, integrando a cul- tura provida pela ciência, pela téc- nica, pela linguagem, pela estética, pela ética. 2 Desenvolve processos de formação para a cidadania, incorporando novas práticas de gestão, possibili- tando aos alunos a preparação para a participação nas organizações e movimentos populares, de modo a contribuir para o fortalecimento da sociedade civil e controle da gestão pública. Para isso, cria situ- ações para a educação da respon- sabilidade, participação, iniciativa, Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 8 capacidade de liderança e tomada de decisões. 2 Assegura a elevação do nível escolar para todas as crianças e jovens, sem exceção, em condições iguais de oferta dos meios de escolarização. 2 Promove a integração entre a cul- tura escolar e outras culturas, no rumo de uma educação intercultu- ral e comunitária. 2 Cuida da formação de qualidades morais, traços de caráter, atitu- des, convicções, conforme ideais humanistas. 2 Dispõem de condições físicas, materiais e financeiras de funcio- namento, condições de trabalho, remuneração digna e formação continuada dos professores. 2 Incorpora no cotidiano escolar as novas tecnologias da comunicação e informação. A gestão democrática, princípio instituído na Constituição Federal de 1988, é fundamental na cons- trução e efetivação do PPP, pois exige que a estrutura de poder da escola seja repensada. Democratizar as relações e/ou espaços escolares significa, segundo Gen- tili e McCowan (2003, p. 37), [...] construir participativamente um projeto de educação de quali- dade social, transformador e liber- tador, em que o sistema de ensino e, especialmente, a escola sejam um laboratório para o exercício e a con- quista de direitos, voltado à cons- trução de um projeto social solidá- rio, que tenha na prática da justiça e da liberdade, no respeito humano, nas relações fraternas entre homens e mulheres e na reconstituição da relação harmônica com a natureza o centro de suas preocupações. É, portanto, por meio de vivências democráticas que se formam cidadãos democráticos. Essa é a com- preensão de Dourado (2006, p. 79), para quem a ges- tão democrática é um [...] processo de aprendizado e de luta política que não se circuns- creve aos limites da práticaeduca- tiva, mas vislumbra, nas especifici- dades dessa prática social e de sua relativa autonomia, a possibilidade de criação de canais de efetiva parti- cipação e de aprendizado do “jogo” democrático e, consequentemente, do repensar das estruturas de poder autoritário que permitem as rela- ções sociais e, no seio dessas, as práticas educativas (grifo do autor). A liberdade é um princípio que está associado à ideia de autonomia, sendo ambas inerentes ao ato pedagógico. Pensar nesse princípio pressupõe pensar nos processos que não podem acontecer de forma aleatória, neutra e descomprometida, pois se desen- volvem, fundamentalmente, nas salas de aula. Além disso, pressupõe pensar, também, nas respectivas deci- sões tomadas em relação ao currículo, ao processo de avaliação, à metodologia utilizada. Nesse contexto, o resultado da aprendizagem dos alunos repercute sobre as relações estabelecidas entre os profissionais da escola, estudantes, pais e comunidade, e que se carac- terizam como aspecto determinante na gestão da ins- tituição de ensino. O último princípio, não menos importante, é a valorização do magistério, pois a participação dos pro- fessores é determinante na construção do PPP. Nesse sentido, a formação inicial e continuada4, as condições de trabalho, o número de alunos por turma e os salários são alguns dos elementos que interferem na eficácia da ação docente. Ao se constituir em um processo democrático de decisões, o PPP deve orientar a organização de um tra- balho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e auto- ritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmen- tários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. Assim, considera-se que o desafio da melhoria da qualidade do ensino pressupõe refletir sobre a forma- ção e o perfil docente, em uma ação que exige domínio teórico e prático sobre os diferentes procedimentos que envolvem o processo de ensino e aprendizagem. Formação teórica e conhecimento sobre os conteú- dos trabalhados e sobre a ação didática são elementos fundamentais no desenvolvimento de uma boa aula. Sobre isso, Libâneo (2004, p. 15) afirma: [...] não basta aos futuros profes- sores desenvolver saberes e compe- tências para sair-se bem nas aulas, 4 A formação continuada é um direito de todo profissional da educação, pois resulta na melhoria da qualificação e de competência dos professores. Para que a escola desenvolva uma formação continuada em acordo com o projeto político-pe- dagógico deve verificar as necessidades de aperfeiçoamento de seus profissionais e organizar um projeto de formação em acordo com as diretrizes da mantenedora. A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 9Faculdade Educacional da Lapa - FAEL é preciso que saibam como e por que são tomadas certas decisões no âmbito do sistema de ensino, como a direção da escola passa essas decisões aos professores, e como essas decisões expressam relações de poder, como tam- bém expressam ideias sobre como devem se comportar e que tipo de aluno deve ser formado. Ainda de acordo com Libâneo (2004, p. 37), para que o professor seja sujeito ativo e atue com compe- tência5 na gestão do ensino, é preciso dominar: 2 Elaboração e execução do planeja- mento escolar: projeto pedagógico- -curricular, planos de ensino, plano de aula. 2 Organização e distribuição do espaço físico, qualidade e adequação dos equipamentos da escola e das demais condições materiais e didáticas. 2 Estrutura organizacional e normas regimentais e disciplinares. 2 Habilidades de participação e inter- venção em reuniões de professores, conselho de classe, encontros, e em outras ações de formação continu- ada no trabalho. 2 Atitudes necessárias à participação solidária e responsável na gestão da escola como cooperação, solida- riedade, responsabilidade, respeito mútuo, diálogo. 2 Habilidades para obter informação em várias fontes, inclusive nos meios de comunicação e informática. 2 Elaboração e desenvolvimento de projetos de investigação. 2 Princípios e práticas de avaliação institucional e avaliação da apren- dizagem dos alunos. 2 Noções sobre financiamento da educação e controles contábeis, assim como formas de participação na utilização e controle dos recursos financeiros recebidos pela escola. É possível perceber que o êxito do processo educativo está diretamente relacionado ao desenvolvimento de várias ações, muitas delas decorrentes do trabalho conjunto entre direção, coordenação pedagógica e 5 Competência que, segundo Libâneo (2004, p. 83), possui dois significados: o primeiro é relacionado à capacidade de alguém apreciar e julgar uma determinada questão, e o segundo diz respeito ao conhecimento, à habilidade em resolver pro- blemas, realizar uma atividade. professores, afinal, o processo de gestão do ensino não se extingue na organização e construção do PPP. Como já apontado anteriormente, o PPP se efe- tiva no cotidiano escolar por meio de diferentes ações e atividades. Para tanto, é necessário elaborar um plane- jamento para cada uma das atividades desenvolvidas. É ele que organiza de modo intencional o trabalho peda- gógico, porém, para muitos professores, ainda se reduz a um instrumento que deve ser elaborado e entregue à coordenação pedagógica ou à secretaria da escola. Entretanto o planejamento escolar é muito mais do que isso, pois deve resultar de um processo de estudo, pes- quisa e reflexão. Reflexão, que se origina do latim reflectire, signi- fica voltar atrás. Nesse sentido, o planejamento deve necessariamente decorrer de uma reflexão sobre o tra- balho realizado, possibilitando, quando necessário, a retomada da ação pedagógica e caracterizando uma atitude crítica do professor frente à sua prática, pois propicia constatar as características da realidade, ava- liar conteúdos trabalhados, estratégias executadas e a aprendizagem dos alunos (SAVIANI, 1987, p. 24). Libâneo (2004, p. 149) define o planejamento escolar como uma Atividade de previsão da ação a ser realizada, implicando definição de necessidades a atender, objetivos a atingir dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e formas de avaliação. O processo e o exercício de planejar referem-se a uma antecipação da prática, de modo a prever e programar as ações e os resultados desejados, consti- tuindo-se numa atividade necessá- ria à tomada de decisões. Enquanto instrumento característico da gestão do ensino, o planejamento possibilita, entre outros, definir objetivos e metas em acordo com as diretrizes educacionais vigentes e com as expectativas da equipe pedagógico-administrativa da escola e, consequente- mente, desenvolver atividades que atendam às necessi- dades educativas dos estudantes. Há, no entanto, que se diferenciar o planejamento escolar de um plano, pois muitos profissionais da edu- cação ainda acreditam que ambos possuem a mesma finalidade. Esse é um equívoco e pode resultar em uma contínua improvisação da prática pedagógica em sala de aula, prejudicando o processo de aprendizagem. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 10 O planejamento traduz a interação concreta entre os professores e os educandos e é resultado de orga- nizações específicas articuladas entre si: o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aula. Libâneo (1994, p. 225) define cada uma delas: O plano da escola é um documento mais global; expressa orientações gerais que sintetizam, de um lado, as ligações da escola com o sistema escolar mais amplo, e, de outro, as ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino propriamente ditos. O plano de ensino (ou plano de unidades) é a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente para um ano ou semestre; é um documentomais elaborado, dividido por unida- des sequenciais, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico. O plano de aula é a previsão do desen- volvimento do conteúdo para uma aula ou conjunto de aulas e tem um caráter bastante específico. Todas as aulas, inclusive daqueles profissionais considerados experientes, devem ser planejadas, espe- cificando ações, conteúdos, objetivos, procedimentos e recursos que serão utilizados na sistematização dos conteúdos programados, visando sempre à melhor aprendizagem do aluno. Outro importante elemento na gestão do ensino é o currículo6, elemento principal do projeto político- -pedagógico, pois define o que ensinar, para que ensi- nar e como ensinar. Todavia, o currículo deve resultar de uma construção social decorrente das influências políticas, sociais, culturais e pedagógicas, manifestas tanto na unidade escolar quanto na comunidade e no mundo, caracterizando-se como um conjunto de ações que propiciam a formação humana em suas múltiplas dimensões. Sacristán (2000, p. 34) define currículo como “o projeto seletivo de cultura, cultural, social, política e administrativamente condicionado, que preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada”. Para Fourquin (2000, p. 48), currículo é 6 O Art. 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) afirma que os currículos dos Ensinos Fundamental e Médio devem possuir uma base nacional comum a ser complementada por uma parte diversificada, com caracterís- ticas regionais e locais das comunidades em que as escolas estão inseridas. [...] o conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos (saberes, competências, representações, ten- dências, valores) transmitidos (de modo explícito ou implícito) nas práticas pedagógicas e nas situações de escolarização, isto é, tudo aquilo que poderíamos chamar de dimen- são cognitiva e cultural da educa- ção escolar. Na instituição de ensino, o currículo se manifesta de diferentes formas. São eles: formal, real e oculto. O currículo formal está relacionado ao conjunto de prescrições oriundas das diretrizes curriculares, pro- duzidas tanto no nível nacional quanto nas Secretarias e na própria instituição, e é indicado nos documentos oficiais, nas propostas pedagógicas e nos regimentos escolares. Nesse sentido, trabalha o conteúdo sele- cionado para ser transmitido aos alunos, fazendo os recortes temporais, as codificações e as formalizações didáticas correspondentes. O currículo real, como o próprio nome diz, está relacionado ao que efetivamente acontece na sala de aula, como consequência do PPP e dos planos de aula. Resulta da percepção e utilização que a prática docente faz do currículo formal. O currículo oculto refere-se às interferências que afetam as aprendizagens dos estudantes e o trabalho do professor, em decorrência das experiências cultu- rais, dos valores e significados trazidos do meio socio- cultural em que a instituição está inserida. É chamado oculto porque não se manifesta explicitamente, não aparece descrito no planejamento, embora se configure como fator de aprendizagem. Silva (2001, p. 78) define: [...] currículo oculto é constitu- ído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens sociais relevan- tes [...] o que se aprende no currí- culo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações [...]. É necessário compreender o currículo como um processo dinâmico na construção dos saberes, resultado de uma interação dialógica entre práticas pedagógicas e os movimentos sociais, culturais, políticos, econômicos, éticos, históricos e etnorraciais. A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 11Faculdade Educacional da Lapa - FAEL Daí surge a necessidade de a escola organizar os conteúdos7 curriculares, contemplando não apenas os conteúdos conceituais (conceitos e fatos), mas, tam- bém, os procedimentais (procedimentos) e atitudinais (valores e normas). A organização do currículo é ação determinante na gestão do processo de ensino, pois o professor, no cotidiano de suas ações pedagógicas e no desenvolvi- mento de seu planejamento de ensino, precisa tomar decisões específicas. A principal delas é: o que ensinar aos alunos? Ao relacionar os conteúdos que trabalhará em sala de aula, o docente estará definindo os conteúdos que propiciarão atingir os objetivos propostos, pois são eles que possibilitam aos alunos o desenvolvimento de suas habilidades, bem como a construção de novos conhe- cimentos. Todavia, é importante ressaltar que o conte- údo trabalhado e o conhecimento que dele resulta só adquirem significado quando relacionados à realidade dos estudantes. Para tanto, é preciso organizar a ação pedagógica com o maior número possível de informações, evi- tando a improvisação. Assim, na seleção do que ensi- nar aos alunos, os professores devem levar em conside- ração alguns critérios, tais como: 2 critérios de adequação às necessidades sociais e culturais – os conteúdos devem apresentar aspectos da cultura, tanto do passado quanto do presente e do futuro. Os melhores conteúdos são os que atendem às necessidades sociais e individuais dos alunos, pois, apesar de inseridos em uma sociedade que impõe obrigações e responsabilidades, os indivíduos também apresentam necessidades pessoais e objetivos particulares; 2 critério de interesse – os conteúdos trabalha- dos devem ser organizados de modo a desen- volver o interesse do aluno, atendendo às demandas sociais e aos objetivos individuais, pois os interesses servem de base para a seleção dos conteúdos das respectivas disciplinas; 2 critério de validade – os conteúdos escolhi- dos devem ser relevantes para o estudante. Ao selecioná-los, o professor deve relacionar aqueles que possam servir para toda a vida do individuo, sendo capazes de abrir novas 7 Coll et al. (2000, p. 12) definem os conteúdos como o conjunto de conhecimen- tos ou formas culturais cuja assimilação e apropriação pelos alunos e alunas são consideradas essenciais para o desenvolvimento e socialização. perspectivas, visões e possibilidades. Enfim, conteúdos significativos; 2 critério de flexibilidade – o professor deve ter consciência de que os conteúdos que serão trabalhados são passíveis de alterações, em decorrência de fatores e de situações que se manifestam no contexto escolar. Assim, para a concretização de um trabalho peda- gógico responsável, a ação da coordenação pedagógica é importante, auxiliando o professor na compreen- são de que a qualidade de sua prática decorre, dentre outros fatores, de um contínuo estudo e aperfeiçoa- mento técnico. 3 A GESTÃO DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Cada indivíduo, desde pequeno, vai construindo referenciais para avaliar seu comportamento e o com- portamento daqueles com que convive. São informa- ções coletadas a partir das reações das outras pessoas – crianças e adultos – e integradas ao desenvolvimento da personalidade de cada um, direcionando ações, decisões e atitudes. Sobre isso, Lima (2002, p. 6) explica No processo de avaliação, o ser humano lança mão, desde a infân- cia, de suas experiências vividas, do que sabe, do que percebe, dos conhecimentos acumulados, pre- sentes em seu meio, e aos quais ele tem acesso, dos instrumentos cul- turais, das várias formas de agir que ele constituiu através da experiên- cia cultural. A palavra avaliar origina-se do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito a um determinado objeto, ou seja, atribuir um juízo de valor sobre a pro- priedade de um processo para a aferição da qualidade do seu resultado. A necessidade dessa aferição também se mani- festa no contexto educacional. No entanto, segundo Vianna (2005, p. 145), só adquire uma “[...] natureza formal quando Horace Mann(1845) inicia a prática da coleta de dados para a fundamentação de decisões políticas públicas que afetam a educação”. No decorrer dos tempos, pesquisas foram reali- zadas e estudos desenvolvidos, não sendo suficientes, porém, para evitar que, ainda na contemporaneidade, a avaliação se constitua em um dos maiores desafios das instituições de ensino, pois não há como descon- Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 12 siderar que, além de caracterizar-se como um processo relacionado às aprendizagens dos alunos, também se relaciona ao trabalho desenvolvido pelos professores. Realiza-se aí uma ação característica do processo de gestão do ensino. Trata-se de compreender que a avaliação não se resume apenas a atribuir notas e conceitos aos alunos. É um processo pedagógico que possibilita a orientação e o redimensionamento contí- nuo do planejamento e da ação do professor. Libâneo (1994, p. 196) conceitua o processo de avaliação como [...] um componente do processo de ensino que visa, através da veri- ficação e qualificação dos resulta- dos obtidos, determinar a corres- pondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. Todavia, ainda há professores que desenvolvem a avaliação da aprendizagem em uma perspectiva tra- dicional, “herança” de um modelo educacional que utilizava periodicamente instrumentos de medida, quantificação e registro dos resultados, porém descon- textualizados dos processos e interferências que envol- vem a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. Se avaliar significa atribuir valor, no processo de ensino e aprendizagem não há espaço para a desva- lorização, seja do aluno, de seu desempenho, de suas atividades. É necessário que o estudante esteja inserido em um ambiente escolar em que ocorram intervenções pedagógicas democráticas, resultantes de uma ação ética, comprometida com a construção do conheci- mento e com a formação integral de cada educando. Se avaliar significa atribuir valor, no processo de ensino e aprendizagem não há espaço para a desvalorização, seja do aluno, de seu desempenho, de suas atividades. Para o êxito do processo avaliativo, é importante que o coordenador pedagógico e o diretor orientem o professor na superação de equívocos que ainda ocor- rem. Libâneo (1994) relaciona quatro deles. O primeiro equívoco está na supervalorização do resultado final da avaliação, a aprovação ou reprova- ção do aluno. A avaliação resume-se à realização de provas e testes, desconsiderando fatores e situações sociais, culturais e econômicos que interferem no processo de aprendizagem. O segundo equívoco ocorre quando o professor utiliza a avaliação como forma de premiação aos “bons” alunos e de castigo àqueles considerados desinteressados e/ou indisciplinados. É frequente professores atribuí- rem ou retirarem “pontos” dos alunos em decorrência de seus comportamentos ou participações durante as aulas. Essa é uma atitude que, muitas vezes, acaba oca- sionando a reprovação de alunos por décimos e revela a utilização da avaliação como estratégia de poder, desfo- cada do processo de ensino e de aprendizagem. O terceiro equívoco se manifesta quando o pro- fessor superestima sua capacidade em avaliar, dispen- sando a realização de avaliações e registros formais. É importante frisar que mesmo os professores mais expe- rientes e capacitados necessitam de instrumentos para o monitoramento e registro dos resultados da aprendi- zagem dos alunos. Não é raro vermos os alunos terem “seus desti- nos” definidos pelo professor no início do ano letivo, quando este já se considera capaz de diagnosticar aque- les que passarão de ano e os que serão reprovados, con- sequentemente deixando de receber apoio pedagógico e de participar de atividades, perdendo o ano letivo. Essa postura revela a face excludente da avaliação. O quarto equívoco está na rejeição de qualquer forma de quantificação dos resultados da aprendiza- gem. O professor supervaloriza as avaliações qualitati- vas, pois acredita que as provas prejudicam o desenvol- vimento e traumatizam o aluno. Essa postura decorre de uma compreensão deturpada que considera que não se deve mensurar ou atribuir notas às atividades realizadas pelos estudantes. A avaliação acaba ficando resumida ao olhar subjetivo do professor. Percebe-se, portanto, a necessidade de integrar aspectos quantitativos e qualitativos, sempre em uma ação responsável e comprometida com a melhor apren- dizagem de todos. Daí a importância do coordenador pedagógico realizar, juntamente com seus professores, estudos e reflexões sobre os processos, procedimentos e instrumentos avaliativos que são utilizados nas salas de aula. Nesse contexto, destaca-se o Conselho de Classe, momento em que se reúnem o diretor, o pedagogo e os professores que atuam com a turma. Também é A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 13Faculdade Educacional da Lapa - FAEL possível a participação de um representante dos alu- nos, pois o principal objetivo do Conselho está em discutir e refletir sobre a aprendizagem dos alunos, seus avanços e dificuldades. Nessa direção, a gestão do processo de avaliação pressupõe considerar, além dos resultados apresenta- dos em provas, testes e trabalhos, os conhecimentos, atitudes ou aptidões demonstradas pelos alunos em um determinado estágio de seu desenvolvimento. São informações estratégicas que contribuem para o êxito do processo de ensino-aprendizagem e para a melhoria da qualidade do ensino. Assim, o Conselho de Classe não é espaço para fofocas ou para comentários pejorativos sobre os alu- nos. O professor deve realizar observações concretas, embasadas na observação e no registro da aprendiza- gem de seus alunos. Esse é um olhar característico da avaliação qualitativa, diagnóstica, permanente, que respeita o ritmo individual de cada um e que contribui positivamente para a construção do conhecimento, fazendo com que o aluno não apenas compreenda o mundo em que vive, mas que seja preparado para transformá-lo, além de desenvolver o caráter, a consci- ência e a cidadania (BENVENUTTI, 2002). No entanto, esse não é um trabalho fácil de ocor- rer, afinal a avaliação do processo de ensino e aprendi- zagem ainda se constitui como o principal mecanismo de sustentação da lógica do poder docente, legitima- dor do fracasso escolar. Nesse sentido, a avaliação deve ser planejada e articulada com os objetivos sugeridos na proposta pedagógica, além de favorecer a formação de pessoas autônomas, críticas e conscientes. Essa é a concepção democrática. Para ela a ava- liação deve ser um processo contínuo ao processo de ensino-aprendizagem, permitindo identificar os pro- gressos e dificuldades dos estudantes. Sendo assim, deve possibilitar a reorganização dos procedimentos didático-pedagógicos, utilizando-se, portanto, de pro- cedimentos e ações característicos de uma avaliação qualitativa, diagnóstica, permanente e com respeito ao ritmo individual de cada um, visto que não é raro o professor individualizar as causas da avaliação no aluno. Batalloso (2003, p. 49) explica: Quando um aluno é avaliado nega- tivamente, a explicação rotineira consiste em atribuir as causas dos resultados exclusivamente ao indi- víduo mediante traços negativos: “o aluno não estuda...”, “o aluno não colabora...”, “o aluno não se interessa...”, “o aluno não está pronto...”, etc. Demonstra-se aí a importância de o professor possuir um novo olhar sobre o processo avaliativo, tendo a consciência de que essa transformação passa pela reestruturação, quando necessário, de sua prá- tica pedagógica. No processo educacional, a tomada de consciên- cia dos profissionais sobre as diferentes funções da ava- liação torna-se uma exigência. Para Libâneo (1994, p. 196), são três as principais funções da avaliação: peda- gógico-didática, de diagnóstico e de controle. A função pedagógico-didática está diretamenterelacionada aos objetivos e finalidades do processo de ensino e aprendizagem. A função de diagnóstico possibilita ao professor identificar os avanços e dificuldades dos educandos, antes de iniciar um determinado conteúdo. A “prog- nose e a diagnose” (BORBA; SANMARTÍ, 2003, p. 27) são fundamentais para a adequação e realização de atividades em acordo com as necessidades dos alu- nos. Além disso, também aponta possíveis modifica- ções e procedimentos a serem realizados durante o processo de ensino. Essa função traz uma preciosa contribuição ao processo avaliativo, pois atua no desenvolvimento das duas outras funções avaliativas, possibilitando ao professor verificar se houve o cumprimento da função pedagógico-didática, além de dar sentido pedagógico à função de controle. Segundo Libâneo (1994, p. 196), são funções que podem ser desenvolvidas pelo professor nos diferentes momentos da aula, favorecendo o acompanhamento do desenvolvimento dos educandos, correção de equí- vocos, readequação de métodos e materiais, esclareci- mento de dúvidas e novas aprendizagens, bem como possibilitar ao professor a reflexão sobre sua prática docente e sobre a aprendizagem dos alunos. A função de controle está diretamente relacio- nada aos instrumentos formais de avaliação e aos resultados da aprendizagem. Para tanto, exige do professor a verificação, correção e análise das ativi- dades realizadas pelos educandos, pois mesmo em uma concepção democrática o controle possui fun- ção importante, se realizado em articulação com as funções diagnóstica e didático-pedagógica; caso con- Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 14 trário, irá se caracterizar como uma simples tarefa de atribuição de notas e de classificação. O professor, durante o processo avaliativo, deve considerar a importância da verificação, qualifica- ção e apreciação qualitativa, ações que caracterizam três modalidades de avaliação: diagnóstica, forma- tiva e somativa. A avaliação diagnóstica tem como principal objetivo determinar o nível de aprendizagem de cada estudante antes de iniciar um novo conteúdo. De acordo com Miras e Solé (1996), a avaliação diagnós- tica proporciona informações sobre as competências e habilidades dos estudantes. Porém, Luckesi (2005, p. 82), alerta que “a avaliação diagnóstica não se pro- põe e nem existe de uma forma solta e isolada, pois está vinculada a uma concepção pedagógica, em que a avaliação é utilizada como instrumento para a com- preensão sobre o estágio de aprendizagem em que o aluno se encontra. Quais são as informações neces- sárias para que o professor realize com sucesso uma avaliação diagnóstica? Borba e Sanmartí (2003, p. 29) relacionam algumas delas: 2 do grau de aquisição dos prerrequisitos de aprendizagem; 2 das ideias alternativas ou modelos espontâ- neos de raciocínio e das estratégias espontâ- neas de atuação; 2 das atitudes e hábitos adquiridos com relação à aprendizagem; 2 das representações das tarefas propostas. Percebe-se, portanto, que a avaliação diagnós- tica pode representar uma estratégia para o desenvol- vimento de uma avaliação favorável ao aluno, pois resulta de um momento de reflexão sobre o processo de ensino e sobre a aprendizagem do educando, sem- pre visando à efetiva apropriação do conhecimento. Para isso, a escola deve, obrigatoriamente, superar os modelos e práticas decorrentes de uma sociedade con- servadora e de uma pedagogia tradicional e autoritária. O termo “avaliação formativa” foi introduzido por Scriven, em 1967, ao se referir aos procedimen- tos utilizados pelos professores para adaptar o trabalho docente aos progressos e necessidades discentes. Essa é uma modalidade de avaliação que permite consta- tar se os estudantes estão, efetivamente, atingindo os objetivos propostos, pois considera “que aprender é um longo processo por meio do qual o aluno vai rees- truturando seu conhecimento a partir das atividades que executa. Se um estudante não aprende, não é ape- nas porque não estuda ou não possui as capacidades mínimas, a causa pode estar nas atividades que lhe são propostas” (BORBA; SANMARTÍ, 2003, p. 30). Nesse sentido, permite ao professor detectar e identificar deficiências na forma de ensinar, possibili- tando reformulações em sua prática pedagógica, aper- feiçoando-a, pois, propicia a percepção dos pontos frá- geis do processo de ensino-aprendizagem. O estudante também se beneficia com esse processo, pois passa a identificar seus erros e acertos. A avaliação somativa, por sua vez, configura-se como a modalidade mais frequentemente praticada nas instituições de ensino, públicas e privadas, pois revela os resultados dos alunos ao final de um conte- údo. Nesse sentido, [...] pode ter uma função forma- tiva de saber se os alunos adqui- riram os comportamentos pre- vistos pelos professores e, em consequência, têm os pré-requi- sitos necessários para as aprendi- zagens posteriores ou para deter- minar os aspectos que deveriam ser modificados em uma futura repetição da mesma sequência de ensino-aprendizagem (BORBA; SANMARTÍ, 2003, p. 32). É preciso, porém, diferenciar a avaliação somativa da avaliação classificatória, prática oriunda de uma concepção autoritária e excludente que revela a “face cruel” da escola, pois, quando utilizada como recurso pedagógico e/ou estratégia de ensino, revela-se como instrumento de coação, poder e controle. Todavia, é importante cuidar para não dar foco ao processo de avaliação apenas nos resultados finais, desconside- rando os diversos fatores que interferem na aprendi- zagem dos educandos. Essa ação é um equívoco peda- gógico, resultando em um processo em que os alunos acabam sendo avaliados em função de uma maior ou menor capacidade de reter as informações passadas pelo professor, desconsiderando-se o desenvolvimento das potencialidades humanas. O coordenador pedagógico, mais uma vez, desempenha um importante papel para a superação desse quadro, que acaba resultando na reprovação de muitos alunos. Segundo Arroyo (2001, p. 7, Prefácio), [...] quando reprovamos e retemos um aluno nos reprovamos como humanos. Em cada ação, escolha ou prática escolar nos colocamos A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 15Faculdade Educacional da Lapa - FAEL em jogo, percebemos que estamos julgando seres humanos com as mesmas lógicas seletivas e exclu- dentes com que nos descobrimos julgados e excluídos. [...] Repro- vamos um ser humano, homem, mulher, criança, adolescente, jovem ou adulto trabalhador ou trabalhadora em seu percurso social ou cultural: sua autoimagem, sensi- bilidades, identidades, projetos de vida, emoções, afetividades. Essa citação propicia a reflexão sobre a respon- sabilidade social da educação, aliada à necessidade de oferta e garantia de um ensino de qualidade a todos os cidadãos brasileiros, independente de sexo, cor, raça e classe social. Nessa direção, o Governo Federal vem imple- mentando ações e políticas educacionais que têm por objetivo monitorar o desempenho acadêmico dos estudantes de diferentes níveis e etapas da educação brasileira. São avaliações em larga escala, organiza- das pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacio- nais Anísio Teixeira (Inep), que, além dos resultados da aprendizagem, verificam o que e como os alunos aprendem, quais fatores são associados ao rendimento escolar, os impactos que ocorrem na aprendizagem e que são resultantes de fatores extra e intraescolares, entre outros. São diversas avaliações com característi- cas próprias aplicadas aos alunos de diferentes etapas e níveis do ensino e que propiciam informações pre- ciosas que devem ser utilizadas como subsídios para o aprimoramento do trabalho pedagógico. Nesse sentido, o gestor da instituição de ensino deve divulgar na comunidade escolar os resultados obtidos pelos alunos. Porém, não basta apenas ter acesso aos dados, é preciso compreender as implica- ções pedagógicas que eles revelam, pois “aavaliação educacional, para bem delimitar e tentar responder às questões propostas, não pode ficar restrita exclusiva- mente às questões pedagógicas, por mais importantes que sejam” (VIANNA, 2005, p. 93). Na análise dos resultados das avaliações, é impor- tante refletir sobre as práticas docentes, o ambiente escolar, os processos de gestão, as condições de infraes- trutura das instituições escolares, a formação e qualifi- cação dos professores e os aspectos pessoais relaciona- dos aos alunos, como autoestima, nutrição, influência familiar e condições de vida. Assim, conhecer a função e as principais características de cada uma dessas ava- liações contribui para o êxito do processo de gestão do ensino e da aprendizagem e, consequentemente, para a melhoria da educação. O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) é a primeira das avaliações em larga escala desenvolvidas pelo Governo Federal na busca de conhecer mais profundamente o sistema educacio- nal brasileiro. O SAEB é um dos principais sistemas de avaliação vigentes na América Latina, permitindo acompanhar a qualidade da educação no decorrer dos anos e subsidiando o Ministério da Educação, as Secre- tarias de Educação e as escolas no planejamento e exe- cução de ações para esse fim. O SAEB foi instituído em 1988 com o objetivo de acompanhar e monitorar a qualidade do ensino e o rendimento escolar dos estudantes do ensino fun- damental, além de contribuir com a gestão, tanto dos sistemas, quanto das unidades escolares, pois a análise do desempenho dos alunos configura-se como um importante elemento para o planejamento das ações e o direcionamento de recursos técnicos e financeiros, bem como auxilia no estabelecimento de metas e na implantação de ações pedagógicas e administrativas, sempre visando à melhoria da qualidade do ensino (INEP, 2010a). Realizando-se a cada dois anos, o SAEB utiliza amostras probabilísticas representativas de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal e, além das provas, trabalha com questionários respondidos por professores e diretores, que propiciam informações relacionadas às condições físicas da escola e que favo- recem identificar aspectos que interferem no processo de ensino e aprendizagem (INEP, 2010a). Vianna (2005, p. 164), comenta sobre o SAEB: A proposta do SAEB adotou um modelo de estudo de fluxo e de produtividade da UNESCO, com vistas a estudar questões relaciona- das com a gestão escolar, compe- tência docente, custo-aluno direto e indireto e rendimento escolar, com base em uma metodologia de amostras relacionadas (WAISEL- FISZ, 1991), mas sofreu radical transformação em sua metodologia e nos procedimentos de amostra- gem, no segundo semestre de 1995. Em 2005, o SAEB sofreu uma transformação e pas- sou a ser composto por dois processos distintos, a Ava- liação Nacional da Educação Básica (ANEB) e a Ava- liação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC). Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 16 A ANEB trabalha com dados amostrais das redes de ensino em cada unidade da Federação, tendo como principal foco os processos de gestão dos sistemas edu- cacionais. A ANEB recebe o nome do SAEB em suas divulgações, pois mantém as mesmas características do processo original. A ANRESC, por sua vez, é mais detalhada e extensa e tem foco na unidade escolar. Realizada por todos os alunos da unidade escolar matriculados nas etapas testadas, possui caráter universal e recebe o nome de Prova Brasil. Sua primeira edição ocorreu em novembro de 2005, avaliando 3.306.378 estudantes de 4ª e 8ª séries (5º e 9º ano) do ensino fundamental, de 5.398 municípios brasileiros. A ANRESC trabalha com os mesmos procedi- mentos e técnicas utilizados no SAEB. São aplicadas provas de língua portuguesa, com foco na leitura, e matemática, com questões elaboradas a partir do con- teúdo previsto nos currículos das etapas avaliadas, e ainda, com base nos Parâmetros Curriculares Nacio- nais. Os estudantes respondem, também, a um ques- tionário que coleta informações sobre seu contexto social, econômico e cultural (INEP, 2010a). Em 2007, foi criada pelo Ministério da Educa- ção a Provinha Brasil, funcionando como mais uma ação em prol da equidade e da qualidade da educa- ção pública brasileira, em acordo com as diretrizes do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Diferentemente das avaliações anteriores, a Provi- nha Brasil busca avaliar o desempenho dos estudantes que estão no segundo ano de escolaridade, período em que todos, efetivamente, devem saber ler e escrever. Em outras palavras, a Provinha Brasil avalia o nível de alfabetização dos alunos matriculados nas escolas públicas. Nesse sentido, é instrumento fun- damental para a gestão do processo de ensino e de aprendizagem, pois propicia aos professores, diretores, coordenadores e gestores das diversas redes de ensino informações que orientam a elaboração de ações e a implementação de políticas públicas, a favor do apren- dizado nas áreas de leitura e escrita, possibilitando às redes de ensino a correção de distorções no processo de alfabetização. Para o monitoramento da aprendizagem no ensino médio, surgiu o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), uma avaliação individual, sem cará- ter obrigatório, realizada anualmente pelos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio. Seu objetivo principal é avaliar o desempenho do estudante ao término da escolaridade básica, veri- ficando a apropriação de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania, pois o modelo de avaliação adotado possibilita verificar o conhecimento do aluno além da memorização. Além disso, avalia o raciocínio e a interpretação do estudante diante de situações-problema, em um modelo em que, mais do que saber conceitos, é preciso demonstrar saber aplicá- -los (INEP, 2010a). A partir de 2009, o ENEM passou ser utilizado como forma de seleção unificada nos processos sele- tivos das universidades públicas federais, buscando democratizar o acesso às vagas federais de ensino superior, além de contribuir com a reestruturação dos currículos do ensino médio. O Brasil também participa de avaliações inter- nacionais sobre a aprendizagem. O Programa Inter- nacional de Avaliação dos Alunos (PISA) realiza uma avaliação que busca aferir os conhecimentos e habili- dades adquiridos pelos estudantes, no final da escola- rização obrigatória8. As provas trabalham situações do cotidiano, verificando o preparo para a vida em socie- dade, pois, segundo documento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005), o con teúdo trabalhado na escola deve “suprir as necessidades de uma população de estudantes hetero- gênea e reduzir as diferenças de desempenho, [o que] se constitui um desafio imenso para todos os países”. Desenvolvendo-se a cada três anos, o PISA dá ênfase distinta nas áreas de leitura, matemática e ciências, trabalhando com cadernos de prova e ques- tionários que verificam o domínio de conhecimentos científicos básicos, além de examinar a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e refletir ativamente sobre seus conhecimentos e experiências (INEP, 2010b). Vianna (2005, p. 170) comenta sobre o desempe- nho do Brasil nesse processo: O relatório nacional PISA 2000, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio- nais (INEP), mostra que o desem- penho do Brasil em compreensão de leitura foi bastante comprome- tido, ficando o nosso país entre os 25% que obtiveram a média geral mais baixa, no conjunto em que figuram a Polônia, a Grécia, 8 O PISA é uma avaliação internacional que tem como principal finalidade avaliar o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 17Faculdade Educacional da Lapa - FAEL Portugal, a Federação Russa, o Luxemburgo e o México. Obser- va-se nos dadosdo PISA que o Brasil, no conjunto dos 32 países submetidos à avaliação de com- preensão de leitura, situa-se entre os 25% que apresentam os mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH), juntamente com a República Checa, a Hungria, a Polônia, o México, a Federação Russa e a Letônia. Mais uma vez, destaca-se que as avaliações apre- sentadas, juntamente com processos que se desenvol- vem no ensino superior, são ferramentas que devem ser utilizadas na gestão do processo de ensino e da ava- liação da aprendizagem. São processos que propiciam informações muito importantes para todas as etapas e níveis de ensino, especialmente para aquelas que integram a educação básica, pois o Brasil ainda busca garantir a todos seus cidadãos uma educação de qualidade. No entanto, apenas os resultados das avaliações não bastam para assegurar a melhoria da qualidade da educação. Com esse fim, o governo brasileiro ins- tituiu o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que “cruza” informações de fluxo esco- lar, como aprovação, reprovação e evasão, os dados do Censo Escolar da Educação Básica e os resultados da Prova Brasil. Sua fórmula pode ser resumida da seguinte maneira: quanto menos tempo os alunos de uma escola levam para completar determinada etapa do ensino e quanto mais altas são suas notas na Prova Brasil, melhor será o IDEB dessa escola. A escala vai de 0 a 10. Não há como desconsiderar a importância do IDEB para a melhoria da educação no Brasil, pois, além de possibilitar traçar um mapa mais detalhado sobre a qualidade das escolas brasileiras, identifica aquelas que precisam de mais investimentos, de apoio e assessoria técnico-pedagógica para aperfeiçoar seus processos e ofertar um ensino melhor. Nesse sentido, o IDEB auxilia no monitoramento da evolução dos estudantes e das escolas, pois está vinculado a um plano de metas. Para o ano de 2021, por exemplo, a projeção é de que esteja, pelo menos, em seis pontos. Desse modo, a gestão dos processos pedagógicos realizados pela escola é determinante para o êxito das instituições nesse monitoramento, porque aquelas que se destacarem no cumprimento das metas serão pre- miadas com aumento de verbas. A “recompensa” será o incremento de 50% da sua verba do PDDE (Dinheiro Direito na Escola), que consiste no repasse de recursos diretamente às escolas do Distrito Federal, estaduais e municipais do ensino fundamental, com mais de 20 alunos matriculados. As ações, programas e estratégias, e os procedi- mentos aqui tratados são característicos da gestão do ensino e da avaliação da aprendizagem. Portanto, devem ser desenvolvidos com competência e respon- sabilidade, em prol da concretização de um ensino de qualidade, inclusivo e democrático; afinal, a educação é fundamental para que se rompa com a lógica decor- rente do modelo socioeconômico vigente e que acar- reta a exclusão social. 4 CONSIDERAÇÕES Gestão é tomada de decisão. No contexto escolar, as inúmeras demandas e acontecimentos que interfe- rem na ação docente e na aprendizagem dos alunos exigem do diretor, do pedagogo (ou coordenador pedagógico) e, especialmente, do professor organiza- ção e planejamento. Assim, pensar sobre a gestão do ensino e da ava- liação da aprendizagem é refletir sobre as diferen- tes ações e procedimentos que envolvem o processo pedagógico, entre eles o currículo, o planejamento, os métodos de ensino, a avaliação da aprendizagem e a recuperação dos estudos. Procedimentos que caracteri- zam a práxis pedagógica em prol da formação integral do ser humano. Desse modo, é acreditando na importância e na responsabilidade social dos processos pedagógicos na formação dos alunos que se finaliza com Libâneo (1994, p. 227): A escola democrática, portanto, é aquela que possibilita a todas as crianças a assimilação de conhe- cimentos científicos e o desen- volvimento de suas capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar ativa- mente da vida social (na profissão, na política, na cultura). Assim, as tarefas da escola, centradas na transmissão e assimilação ativa dos conhecimentos, devem contribuir para objetivos de formação pro- fissional, para a compreensão das realidades do mundo do trabalho; Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 18 de formação política para que per- mita o exercício ativo da cidada- nia (participação nas organizações populares, atitude consciente e crítica no processo eleitoral, etc.); de formação cultural para adquirir uma visão de mundo compatível com os interesses emancipatórios da classe trabalhadora. 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Fundamentos de um programa de avaliação educacional. Brasília: Líber Livro, 2005. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 20 Material Complementar Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 22 AFIRMAÇÕES 2 O objeto específico da supervisão escolar em nível de escola é o processo de ensino e aprendizagem. A abrangência desse processo inclui: currículo, programas, planejamento, avaliação, métodos de ensino e recuperação, sobre os quais se observam os procedimentos de coordenação, com finalidade integra- dora, e orientação, nucleada no estudo, nas trocas, no significado da práxis. RANGEL, M. Supervisão: do sonho à ação – uma prática em transformação. In: FERREIRA, N. S. C. (Org.). Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação. São Paulo: Cortez, 2002. p. 78. 2 A avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e não a seleção (que obrigatoriamente conduz à exclusão). O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 16. ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 172-173. ESTUDOS DE CASOS 2 Em uma reunião da equipe pedagógico-administrativa da escola – pedagogas e direção – foi tratado sobre a situação de uma determinada professora, regente do 4º ano do ensino fundamental. A peda- goga comentou que: 2 o desempenho dos alunos da turma em avaliações realizadas estava muito baixo; 2 ao passar pela sala de aula, continuamente verificava que a professora estava sentada e os alunos desorganizados; 2 verificando os cadernos dos alunos constatou que não havia correção realizada pela professora; 2 apesar de ser uma exigência da escola, a professora não organizava o planejamento das aulas e trabalhava improvisadamente; 2 possuía alguns registros de reclamações de familiares a respeito da postura da professora; 2 mesmo tendo em três diferentes ocasiões conversado e orientado a professora, inclusive com regis- tro em ata, a situação não se modificou. A pedagoga comentou, ainda, que considerava necessário remanejar a professora de função, pois os alunos estavam sendo seriamente prejudicados pela postura da professora. A direção concordou com a decisão, destacando a responsabilidade e o compromisso social da escola com a efetiva aprendizagem de seus alunos. Comente em um texto de 10 a 15 linhas a relação existente entre a decisão da pedagoga e da diretora e a gestão do processo de ensino. 2 No Conselho de Classe realizado ao final do ano, uma professora regente de uma turma do 3º ano do ensino fundamental informou que iria reprovar um de seus alunos, comentando que se tratava de um aluno indisciplinado, mal educado e arrogante, que não realizava as tarefas e que apresentou, no decorrer do ano, notas sempre um pouco abaixo da média. Destacou, no entanto, que se ela atribuísse “um ponto a mais” em uma atividade em grupo poderia aprová-lo; porém, afirmou que não iria fazê-lo, pois, do seu ponto de vista, era um aluno que merecia a reprovação para “baixar a crista”. A pedagoga questionou a professora sobre o fato de não ter apresentado a situação do referido aluno nos Conselhos de Classe anteriormente realizados. A professora respondeu afirmando não ter sido necessário, pois sua experiência de mais de 20 anos de magistério indicou, já no início do ano letivo, o que iria acontecer. A pedagoga, então, solicitou à professora os registros sobre o desempenho do A Gestão do Ensino e da Avaliação da Aprendizagem Contemporânea 23Faculdade Educacional da Lapa - FAEL aluno nas diferentes áreas do conhecimento, sobre as intervenções pedagógicas desenvolvidas e as con- versas realizadas com a família. A professora novamente respondeu que não possuía nada registrado, além afirmar que nunca conversou com a família, pois era desestruturada e isso não contribuiria, reafirmando que sua experiência dava a certeza sobre o desempenho do aluno. Diante do exposto, a pedagoga discordou da reprovação do aluno, argumentando que a professora, além de demonstrar uma prática excludente em suas ações, não possuía registros que comprovassem a realização de intervenções pedagógicas que possibilitassem a transformação da situação. A diretora e os demais professores parti- cipantes do Conselho de Classe apoiaram a decisão da pedagoga. Analise a situação e produza um pequeno texto (15 a 20 linhas), em que apresente seu ponto de vista sobre a prática da professora e a ação/decisão da pedagoga, sempre articulando-o com o processo de gestão do ensino e da avaliação da aprendizagem. CASOS DE REFORÇO 2 No início do ano letivo de uma escola de educação infantil e de ensino fundamental, o diretor reali- zou uma reunião com todos os professores e funcionários da instituição, e, na ocasião, entre outros temas, foram apresentados o projeto político-pedagógico e o regimento escolar. A partir daí, em uma reflexão coletiva, buscou-se identificar situações pedagógico-administrativas ocorridas no ano anterior que exigem a reorganização/realimentação do PPP para aprimorar/adequar o trabalho peda- gógico dos docentes. Você considera que essa ação realizada pelo diretor é característica da gestão do ensino? Justifique sua resposta relacionando cinco aspectos – positivos ou negativos – dessa prática. 2 Uma escola de ensino fundamental marcou a formatura das 8ª séries (9º ano) para o dia 5 de dezembro; porém, o calendário escolar da instituição determina a realização de aulas até o dia 15 de dezembro. Os pais de um aluno que cursa a referida série questionaram junto à Secretaria de Educação essa decisão da instituição, pois seu filho entrou em recuperação de estudos em língua portuguesa e matemática, e, se aprovado, não poderia participar da cerimônia, marcada para 15 dias antes de se encerrar o trabalho letivo na escola. É importante considerar dois aspectos: a legislação educacional determina a obrigatoriedade de cum- primento do calendário escolar (mínimo de 200 dias letivos) e o aluno tem o direito tanto de frequen- tar a recuperação de estudos, quanto de participar das atividades programadas para sua turma. a) Como você avalia a situação? Quem está certo, os pais ou a escola? b) Se você fosse gestor(a) – diretor(a) ou pedagogo(a) – nessa escola, como procederia