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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Química Relatório QG 109 – Química Geral Experimental Determinação do raio iônico Cristielen de Souza Marques RA: 195761 Lívia de Cássia Franco RA: 182167 Disciplina: QG 109 – Química Geral Experimental Turma: A Professor: Edvaldo Sabadini Campinas, 17 de agosto de 2017. 2 1. INTRODUÇÃO O raio atômico, conhecido como “o tamanho de um átomo”, é uma propriedade periódica dos elementos químicos, que diz qual é a distancia entre o centro e a camada mais externa de um átomo. O raio atômico está diretamente ligado à eletronegatividade, quanto menor o raio atômico, maior a afinidade eletrônica e maior o potencial de ionização. Pensando sobre isso, surge a pergunta: Seria possível determinar o tamanho do raio atômico de um elemento através de um método simples, porém eficaz? Baseando-se nessa questão, resolvemos determinar, experimentalmente, o raio atômico do Ferro (Fe), Alumínio (Al), Cobre (Cu) e do íon cloreto no NaCl, através de amostras desses materiais, e utilizando suas densidades e contando com a ajuda de cálculos e aplicações de regras simples de geometria e estequiometria. Onde, o resultado foi melhor do que o esperado comparado com a literatura. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL I 2.1. OBJETIVO Determinação dos raios atômicos dos metais Alumínio, Ferro e Cobre com o intuito de deduzir seus arranjos cristalinos através da determinação da densidade do sólido, de cálculos e das aplicações de regras simples de geometria e estequiometria. 2.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Materiais e Reagentes: 1 Proveta de 10 ml (Vidrolabor) 1 Pipeta de Pasteur 1 Béquer de 100 ml (Vidrolabor) 1 Balança Analítica ± 0,001 (Tecnal) 1 Pisseta contendo água destilada 3 Amostras dos metais Ferro,Alumínio e Cobre Pinça Metálica 3 Na imagem abaixo se encontra os principais matériais utilizados neste experimento: (Imagem 1 - Fonte: Arquivo pessoal) Materiais usados: 1. Amostra de Cobre (Cu) 2. Amostra de Ferro (Fe) 3. Amostra de Alumínio (Al) 4. Proveta de 10 ml 5. Pipeta 6. 1 Béquer de 100 Procedimento: Inicialmente pesou-se a massa dos metais (Ferro, Cobre e Alumínio) em uma balança analítica (e=± 0,00l), logo em seguida aferiu-se 4 ml de água destilada em uma proveta de 10 ml. Posteriormente a proveta foi cuidadosamente tombada e o pedaço de metal foi inserido delicadamente na água, evitando-se assim perca de líquido. Logo após mediu-se a variação final do volume do líquido na proveta. Este procedimento foi feito em triplicata para cada um dos metais. 2.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 1 2 3 4 5 6 4 Determinação das densidades dos metais Primeiramente, pesou-se a massa dos pedaços de metais, para o Ferro e Alumínio pesou-se um pedaço por vez, já para o Cobre, pesou-se três amostras com 3 peças cada. Conforme tabela abaixo: Tabela 1: Peso das amostras dos metais (g) Após a pesagem das amostras, encheu-se uma proveta de 10 ml com 4 ml de água destilada, em seguida inseriu-se cuidadosamente 1 pedaço de Ferro, e mediu-se a variação do volume na proveta. Repetiu-se esse procedimento mais duas vezes para o Ferro. Fez-se o mesmo para o Alumínio. Já para o Cobre, por ser pedaços muito pequenos, realizou-se o mesmo procedimento, porém utilizando 3 pedaços de Cobre para cada medição em 8 ml de água destilada. Segundo tabela abaixo: Tabela 2: Volume das amostras dos metais (ml) (Imagem 2 - Fonte: Arquivo pessoal) Metal Ferro (g) Alumínio (g) Cobre (g) Amosta 1 27,5493 9,5108 14,1567 Amosta 2 27,7495 9,9969 13,6864 Amostra 3 28,2484 10,0346 10,7357 Metal Ferro (ml) Alumínio (ml) Cobre (ml) Amosta 1 3,70 3,65 1,50 Amosta 2 3,90 3,80 1,10 Amostra 3 3,75 3,80 1,00 ALUMÍNIO COBRE 5 Com os dados de peso e volume (nas tabelas acima) obtidos, calculou-se a densidade de cada metal, usando a seguinte fórmula: 𝑑 = 𝑚 𝑉 Após calcular a densidade de cada amostra, calculou-se a média das densidades, de cada metal, para obter um valor mais preciso, através da fórmula: 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 = 𝑑1 + 𝑑2 + 𝑑3 3 Obtendo-se os dados da tabela abaixo: Tabela 3: Densidades e média das densidades das amostras dos metais (g/ml) Para obter os valores dos raios dos metais em questão, primeiramente, calculou-se o volume molar (Vm) do metal a partir da média das densidades e da sua massa molar presente na tabela periódica, através da fórmula: d = MM Vm Tabela 4: Massa Molar segundo Tabela Periódica dos Elementos Químicos Exemplo de um cálculo, feito utilizando os dados de Massa Molar (tabela 4) e de densidade (tabela 3), para essa conta, com os dados do Ferro: Metal Ferro (g/ml) Alumínio (g/ml) Cobre (g/ml) Amosta 1 7,4458 2,6057 9,4378 Amosta 2 7,1153 2,6308 12,4422 Amostra 3 7,5329 2,6407 10,7357 MEDIA 7,3646 2,6257 10,8719 Metal Ferro Alumínio Cobre Massa Molar (Tabela Períodica) 55,8450 26,9820 63,5420 6 d = MM Vm ➔ 7,3646 g mol = 55,8450 𝑔 𝑚𝑜𝑙 𝑉𝑚 ➔ Vm = 55,8450 𝑔 𝑚𝑜𝑙 7,3646 𝑔 𝑚𝑜𝑙 ➔ Vm = 7,5829 ml mol Na tabela abaixo pode-se encontrar os valores dos volumes molares para os demais metais: Tabela 5: Volume Molar das amostras (ml/mol). Para se encontrar os valores dos raios deve-se levar em consideração o tipo de sistema cúbico cristalino e suas propriedades que estão descritas, na tabela abaixo: Tabela 6: Propriedades estequiométricas e geométricas para cada sistema cúbico. Levando-se em consideração as informações obtidas nas tabelas anteriores, usou-se como exemplo o Ferro para o cálculo do raio para o sistema cúbico simples e utilizou-se o número de Avogadro (6,02 x 1023 átomos), juntamente com o número de átomos inteiros de cada Sistema Cúbico, conforme tabela acima, para realizar os seguintes cálculos: Para se calcular o número de celas em 1 mol de Ferro, admitiu-se o Sistema Cúbico Simples (CS) que possui 1 átomo por cela. Utilizou-se a regra de 3, no cálculo abaixo. 𝑁𝐶𝑒𝑙𝑎𝑠 = 1 𝑐𝑒𝑙𝑎 − 𝑥. á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑋 − 1 𝑐𝑒𝑙𝑎 ➔ 6,02. 10 23 𝑋 × 1 × 6,02. 1023 6,02. 1023 = 6,02. 1023 𝑐𝑒𝑙/𝑚𝑜𝑙 Propriedades do Sistema Sistema Cúbico Simples (CS) Sistema Cúbico de Face Centrada (CFC) Sistema Cúbico de Corpo Centrado (CCC) Número de átomos por célula 1 4 2 Base de cálculo Base geométrica Aresta Diagonal de fase Diagonal do centro = 𝑎 3 4 = 𝑎 2 2 = 𝑎 2 Metal Ferro (ml/mol) Alumínio (ml/mol) Cobre (ml/mol) Volume Molar 7,5829 10,2761 5,8446 7 Calculou-se o volume de uma cela unitária a partir do valor do volume molar e do número de celas encontrados anteriormente: 𝑉𝐶𝑒𝑙 = 𝑉𝑚 × 1 𝑁𝑐𝑒𝑙𝑎𝑠 ➔ 𝑉𝐶𝑒𝑙 = 7,5828 ml mol 6,02. 1023 𝑐𝑒𝑙 𝑚𝑜𝑙 ➔ 𝑉𝐶𝑒𝑙 = 1,2596. 1023𝑐𝑚3 Convertendo o resultado para Picômetro: VCel = 1,2596. 107pm3 Os volumes obtidos para cada tipo de cela de cada metal a partir da equação acima, se encontram na tabela a seguir: Tabela 7: Resultados do Volume de celas de cada Sistema Cúbico de cada Metal. Baseado no volume da cela é possível calcular a aresta do cubo pela fórmula descrita abaixo: 𝑎³ = 𝑉𝐶𝑒𝑙 ➔ 𝑎 = √𝑉𝑐𝑒𝑙 3 ➔ 𝑎 = √1,26𝑥107 3 ➔ 𝑎 = 232,69 𝑝𝑚 Substituindo-se o valor 𝒂 na formula abaixo encontra-se o raio do ferro: 𝑅 = 𝑎 2 ➔ 𝑅 = 232,69 2 ➔ 𝑅 = 116,345 𝑝𝑚 Metal Sistema Nº átomos Nº celas/mol Vcel (pm³) Cúbico Simples 1 6,02x10²³ Cúbico de Face Centrada 4 1,51x10²³ Cúbico de Corpo Centrado 2 3,01x10²³ Cúbico Simples 1 6,02x10²³ Cúbico de Face Centrada 4 1,51x10²³ Cúbico de Corpo Centrado 2 3,01x10²³ Cúbico Simples 1 6,02x10²³ Cúbico de Face Centrada 4 1,51x10²³ Cúbico de Corpo Centrado 2 3,01x10²³ Ferro Alumínio Cobre 1,26𝑥107 5,02𝑥107 2,52𝑥107 1,71𝑥107 6,81𝑥107 3,41𝑥107 0,97𝑥107 3,87𝑥1071,94𝑥107 8 Repetindo-se os mesmos cálculos, claro que respeitando cada tipo de sistema cubico, obtém-se os valores dos raios abaixo: Tabela 8: Resultados dos raios iônicos encontrados a partir das arestas. Com esses valores se torna possível fazer-se a comparação com os valores de raios disponíveis na literatura, assim como o seu sistema cristalino mais compatível com o valor do raio encontrado: Tabela 8: Comparação dos Raios Iônicos Calculados com os Tabelados. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL II 3.1. OBJETIVO Determinação da densidade e do raio do aníon de um sólido iônico (NaCl). 3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Materiais e Reagentes 1 Espátula Cloreto de Sódio (NaCl) Metal Sistema Tamanho Aresta (pm) Raio Iônico (pm) Cúbico Simples 232,69 116,35 Cúbico de Face Centrada 368,89 130,42 Cúbico de Corpo Centrado 293,18 126,95 Cúbico Simples 257,63 128,82 Cúbico de Face Centrada 408,36 144,38 Cúbico de Corpo Centrado 324,28 140,42 Cúbico Simples 213,27 106,64 Cúbico de Face Centrada 338,25 119,59 Cúbico de Corpo Centrado 268,70 116,35 Ferro Alumínio Cobre Metal Raio Iônico Teórico (pm) Raio Iônico Calculado mais próximo (pm) Sistema Cúbico Ferro 126 126,95 Cúbico Simples Alumínio 143 144,38 Cúbico de Face Centrada Cobre 128 119,59 Cúbico de Face Centrada 9 1 Béquer de 100 ml (Vidrolabor) 1 Balança Analítica ± 0,001 (Tecnal) 1 Pisseta contendo água destilada Papel de pesa-filtro Pipeta de Pasteur Procedimento: Inicialmente colocou-se sobre o prato da balança analítica um papel de pesa-filtro, o qual foi tarado em seguida, posteriormente pesou-se sobre o papel cerca de 2 gramas de cloreto de sódio (NaCl). Aferiu-se 4 ml de água destilada em uma proveta de 10 ml. Em sequência transferiu-se cuidadosamente a massa pesada para esta proveta, e mediu-se a variação de volume da mesma. Este procedimento foi realizado por três vezes. 3.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Determinação da densidade do cloreto de sódio (NaCl) Na tabela abaixo encontram-se as massas de NaCl pesadas, o volume aferido da solução na proveta sua respectiva variação de volume após a adição desta e as densidades calculadas com os valores encontrados anteriormente: Tabela 2: Massas, Volumes e Densidades do NaCl. NaCl Massas (g) Volumes (ml) Densidades (g/ml) Amosta 1 1,9098 0,9000 0,3898 Amosta 2 1,8245 0,9000 0,3723 Amostra 3 1,9195 0,9000 0,3917 MEDIA 2,0940 10 A partir das densidades relacionadas na Tabela 3, calculou-se a média das densidades que teve como resultado 2,093 g/ml. (Imagem 3 - Fonte: Arquivo pessoal) Determinação do raio do aníon (Cl-) no cloreto de sódio Para obter o valor do raio do ânion em questão primeiramente calculou-se o volume molar (Vm) do sal a partir da média das densidades e da massa molar presente na tabela periódica (MM = 58,44g/mol), conforme escrito abaixo: d = MM Vm ➔ 2,093 g mol = 58,44 𝑔 𝑚𝑜𝑙 𝑉𝑚 ➔ Vm = 58,44 𝑔 𝑚𝑜𝑙 2,09 𝑔 𝑚𝑜𝑙 ➔ Vm = 27,92 ml mol Em seguida admitiu-se que o cloreto de sódio se encaixa no Sistema Cúbico de Face Centrada (CFC), assim sendo calculou-se o número de celas em 1 mol de NaCl da seguinte forma, que possui 4 átomos por cela: 𝑁𝐶𝑒𝑙𝑎𝑠 = 1 𝑐𝑒𝑙𝑎 − 𝑥. á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑋 − 1 𝑐𝑒𝑙𝑎 ➔ 6,02. 10 23 𝑋 × 4 × 6,02. 1023 6,02. 1023 = 1,51. 1023 𝑐𝑒𝑙/𝑚𝑜𝑙 Com os valores obtidos dos cálculos anteriores se calculou o volume de uma cela unitária NaCl 11 𝑉𝐶𝑒𝑙 = 𝑉𝑚 × 1 𝑁𝑐𝑒𝑙𝑎𝑠 ➔ 𝑉𝐶𝑒𝑙 = 27,92 ml mol 1,51. 1023 𝑐𝑒𝑙 𝑚𝑜𝑙 ➔ 𝑉𝐶𝑒𝑙 = 18,49.10²³ 𝑐𝑚3 Convertendo o resultado para Picômetro: VCel = 18,49. 107pm3 Baseando-se no volume da cela encontrado se torna possível calcular a aresta (a) do cubo pela fórmula descrita abaixo: 𝑎 = √𝑉𝑐𝑒𝑙 3 → 𝑎 = √18,48.107 3 → 𝑎 = 324,28 𝑝𝑚 Com o valor da aresta e do raio do sódio já conhecido ao aplica-los na fórmula abaixo foi possível calcular o raio do cloro: 𝑎 = 2 (𝐶𝑙) + 2 (𝑁𝑎) → 324,28 = 2 (𝐶𝑙) + 2.102 (𝐶𝑙) = (324,28 − 204) 2 (𝐶𝑙) = 182,80 𝑝𝑚 4. CONCLUSÃO A partir dos experimentos realizados pode-se concluir que é possível encontrar o valor do raio de um metal ou sal que é muito próximo do descrito pela literatura. Os experimentos são de custo baixo, sem muita complexibilidade. Claro que não se encontram resultados tão precisos como em métodos como o de difração de raios-X, mas é uma alternativa muito eficaz, pois o método citado anteriormente não é de fácil acesso pois seu custo é altamente elevado. O método utilizado é ainda didático pois pode-se participar de todas as etapas do procedimento e se entender assim melhor o conceito de sistema cristalino. 12 5. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS. SHRIVER, D.F.; ATKINS, P.W.; JONES Química Inorgânica 4°ed., Porto Alegre, Bookman, 2008 COTTON, F.A.; WILKISON, G., Química Inorgânica, Rio de janeiro, Livros técnicos, 1978 ATKINS, Peter W.; JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida moderna o meio ambiente. 3 ed. Guanabara Koogan, 2006 LEE, John David. Química Inorgânica não tão concisa. 1. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2003.
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