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Gerenciamento de Recursos Materiais na Enfermagem IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS Os recursos matérias garantem uma assistência contínua de qualidade a um menor custo e, ainda, assegurar a quantidade e a qualidade dos materiais necessários para que os profissionais realizem suas atividades sem riscos para si mesmos e para os clientes. São essenciais para o funcionamento de qualquer tipo de organização, pública ou privada, de serviço ou fabricação, com finalidade lucrativa ou não, constituindo um fator que possibilita o alcance dos objetivos propostos por essa organização. Ao recursos materiais representam cerca de 75% do capital das organizações. Uma organização hospitalar com 300 leitos trabalha com cerca de 2500 itens referentes a material de consumo. Só estes apresentam uma média de consumo de 1.500.000 unidades/mês podendo gerar custo: R$: 4.000.000,00. Em unidades básicas o uso de materiais registra uma média de 110 itens, cujo consumo mensal é de 3.500 unidades. Os materiais representam geralmente um custo da ordem de 30 a 45% das despesas das instituições de saúde, onde os RH têm um custo mais elevado do que os materiais no custo do tratamento hospitalar. O gasto com esses recursos tem representado uma parcela importante do orçamento das organizações. Além disso, a complexidade no gerenciamento, devido à quantidade de materiais, também tem consumido uma grande quantidade de recursos financeiros. O objetivo do gerenciamento de materiais na área da saúde consiste em colocar os recursos necessários ao processo produtivo com qualidade, em quantidades adequadas, no tempo correto e ao menor custo. É de extrema importância a organização quanto ao produto final ou atividade de fim, visto que a assistência aos clientes não podem sofrer interrupções por insuficiência na quantidade ou falta de qualidade de materiais. PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE O gerenciamento de recursos materiais, administração de recursos materiais ou suprimentos constituem a totalidade dos fluxos de materiais de uma organização de saúde, compondo um processo com as seguintes atividades principais: programação, compra, recepção, armazenamento no almoxarifado, distribuição e controle. Fluxo das principais atividades do gerenciamento da cadeia logística Programação: começa pela classificação, padronização, especificação dos materiais e estabelecimento da quantidade a ser adquirida. A classificação divide os materiais, como por exemplo por finalidade, de consumo e assistenciais. A padronização é a determinação do produto específico DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE ARMAZENAMENTO RECPÇÃO COMPRA PROGRAMAÇÃO - Classificação - Padronização - Especificação - Previsão Controle de qualidade Licitação Controle Poder de decisão Qualidade Quantidade para procedimentos específicos, com objetivo de diminuir a diversidade desnecessária de alguns itens e normalizar o uso de similares. A especificação representa aquilo que se deseja adquirir, o que impõe, principalmente as instituições públicas, uma rigorosa análise do produto no que se refere às características de fabricação, utilização e desempenho. A previsão dos materiais, ou seja, a quantidade a ser requisitada pelas unidades de almoxarifado, é determinada pelo perfil de consumo de cada unidade, estabelecendo-se uma cota de materiais que representa uma estimativa de gastos por determinado período. Compra: responsável pelas atividades de apoio fundamental ao processo produtivo, suprindo-o com todas as necessidades de materiais. Para verificação do controle de qualidade é preciso submeter o material a testes de desempenho técnico e à análise dos riscos para os pacientes e trabalhadores. As compras são procedidas por meio da licitação, procedimento administrativo regido por legislação específica, utilizando para aquisição ou alienação de bens e serviços, com os objetivos de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia a proposta mais vantajosa para a Administração. Recepção e armazenamento: após a compra e a distribuição aos diferentes serviços da organização são de responsabilidade do serviço de almoxarifado, que por ter o controle dos estoques, deflagra novos processos de compra quando os materiais atingirem o nível de ressuprimento. É realizada a conferência dos materiais entregues pelo fornecedor no prazo determinado, constantes da nota fiscal com os dados da nota de emprenho. É registrada a entrada do material no almoxarifado, sendo este codificado de acordo com as normas e tecnologia disponível na organização. Distribuição e controle: estão diretamente associados, exigindo subsistemas de controles mais sofisticados. Geralmente são distribuídos por quantidades preestabelecidas (cotas) por períodos de tempo (diariamente, semanal, mensal), segundo o perfil histórico de gastos de materiais por serviço. O objetivo do gerenciamento de estoques é minimizar o capital investido, a soma dos custos de manutenção de estoques e os custos para a sua obtenção. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS Finalidade: os materiais são agrupados conforme o uso que se destinam. Ex: materiais para oxigenoterapia, cateterismo de veias, dentre outros. Duração: são classificados em permanentes ou de consumo. Permanentes: materiais cuja duração é superior a dois anos, sendo inconsumíveis pelo simples uso. Ex: mobiliários, suportes de soro, macas. Consumo: materiais com duração prevista para no máximo dois anos, sendo consumíveis pelo simples uso. Ex: esparadrapos, seringas, agulhas, extensões para oxigênio e ar comprimido. Perecível: sofre ação de agentes físicos. Ex: medicamentos, umidade. Perecibilidade relativa: sofrem ação em menor quantidade. Porte: podem ser de pequeno, médio e grande porte. Materiais de grande porte: autoclaves de vapor ou de óxido de etileno. Médio porte: respiradores, aspiradores. Pequeno porte: inaladores, pacotes de curativo. Custo: pode auxiliar na seleção e compra e na prioridade de controle dos materiais. Os de consumo regular geralmente possuem custo unitário menor que os de consumo ocasional. Matéria – prima: seu conhecimento é muito importante na administração de materiais, pois determina as formas de utilização, limpeza, esterilização, acondicionamento, guarda e manutenção. Fornece ainda subsídios para a compra em relação a duração. O PAPEL DO ENFERMEIRO Possui papel preponderante no que diz respeito à determinação do material necessário à consecução da assistência tanto nos aspectos quantitativos como qualitativos; na definição das especificações técnicas; no estabelecimento do quantitativo; na análise da qualidade; na partição do processo de compra e no estabelecimento de controle e avaliação. Os enfermeiros têm exercido atividades referentes à administração de materiais em suas unidades de trabalho, sendo responsáveis pela previsão, provisão, organização e controle desses materiais. Previsão: levantamento das necessidades da unidade de enfermagem, identificando a quantidade e especificidade deles para suprir essas necessidades por meio de diagnóstico situacional, levando em consideração os seguintes critérios: - Especificidade da unidade: o que é necessário para o desenvolvimento das atividades em cada unidade (ex: na unidade de CC será necessário a previsão de um bisturi elétrico, que não será necessário na unidade de clínica médica); - Características da clientela: faixa etária, sexo, condições socioeconômicas e patologias mais frequentes colaboram na especificação dos materiais (ex: idosos acamados na clínica médica necessitarão de materiais para prevenção de lesão por pressão); - Frequência no uso dos materiais: o número de vezes que um material é utilizado na unidade, determinado pelas rotinas de procedimentos nela realizadas, indicará a quantidade necessária desse material; - Número de leitos na unidade: importante na previsão dos materiais por ocasião da abertura de unidade, posteriormente deve-se ir ajustando a quantidade conforme o consumo. - Local de guarda: determina também a quantidade de material a ser solicitado num determinado período. - Durabilidade do material: está ligada à qualidade do material no que diz respeito à durabilidade (vida útil) e também ao prazo de validade da esterilização. - Periodicidade da reposição do material: importante fazer um mapa de consumo onde deverá constar o tipo de material e a quantidade gasta mensalmente. Provisão: reposição dos materiais necessários para a realização das atividades na unidade, mediante o encaminhamento do impresso de solicitação aos serviços que fornecem materiais. O sistema de reposição pode ser realizado de quatro formas: - Sistema de reposição por tempo: a reposição ocorre em épocas pré-determinadas, sendo as cotas repostas integralmente, é a forma mais utilizada na Enfermagem, porém propicia a formação de grandes estoques na unidade; - Sistema de reposição por quantidade: tendo sido estipulada uma cota quando o estoque chega a um nível mínimo, chamado de estoque de reposição, é emitida a requisição de solicitação de material e para o serviço, independentemente de um prazo estipulado; - Sistema de reposição por quantidade e tempo: estabelece-se uma quantidade de materiais (cota) que garanta o consumo durante um período, e em uma época, também predeterminada, é feita a solicitação de materiais na quantidade necessária para repor o estoque; - Sistema de reposição imediata por quantidade: geralmente utilizado pelas instituições de saúde privadas; a reposição é feita por uma das vias da ficha de débito do paciente ao almoxarifado e à farmácia. Organização: maneira como o enfermeiro irá dispor os materiais na unidade. Deve procurar centralizá-los em locais de fácil acesso para facilitar o uso e controle. A fim de organizá-los melhor, é importante analisar a planta física e as atividades desenvolvidas na unidade. Estudar locais para a instalação de armários e gavetas destinados aos materiais de consumo. É importante manter os materiais em locais livres de poeira, umidade, agentes atmosféricos, ferrugens, corrosões, roubo, deterioração, evaporação, dentre outros. Controle: envolve desde a quantidade (consumo), a qualidade, a conservação e reparos, até a proteção contra roubos e extravios dentro da organização. A realização de um controle adequado fornece dados para a previsão, propicia informações sobre a qualidade e a durabilidade do material, diminui o extravio, aumenta a eficiência dos equipamentos, garantindo uma utilização apropriada dos recursos materiais, a continuidade da assistência ao paciente e a diminuição dos custos relacionados aos materiais. Para a compra dos materiais deve ser feito a emissão de parecer técnico opinando sobre quantidade do material. Deve haver padronização do material para evitar grande quantidade de materiais diferentes. O Enfermeiro vem sendo cada vez mais requisitado no processo de compra de materiais.