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GERENCIAMENTO GERÊN CIA DE EN FER MAG EMEMSERVIÇOSDESAÚDE - de recursos materiais E E C A E T 01 INTRODUÇÃO Conjunto de práticas que assegurem materiais em quantidade e qualidade de modo a que os profissionais possam desenvolver seu trabalho sem correr riscos e sem colocar em risco os usuários dos serviços. Tendo em vista a garantia da continuidade da assistência com qualidade e a um menor custo. compondo um processo com as seguintes atividades principais: programação, compra, recepção, armazenamento, distribuição e controle”. IMPORTÂNCIA DO GRM Portanto, para que não haja falta de material que possa vir a prejudicar a assistência à saúde, e tão pouco para que não haja excessos que elevem os custos, os materiais devem ter as suas quantidades e qualidades planejadas e controladas. Toda empresa ou organização, seja pública ou privada, necessita para um bom funcionamento de pessoas, recursos financeiros e materiais. As instituições de saúde se caracterizam como empresas ou organizações prestadoras de serviço, onde o resultado final do processo não se traduz em um produto, mas sim em um serviço, ou seja, a assistência à saúde de indivíduos e comunidades, e é importante então, que tenhamos os recursos materiais necessários para uma assistência de qualidade e que estes sejam adequadamente administrados. A este respeito pode-se afirmar que uma administração de materiais adequada, sofre a influência e influencia tanto os recursos financeiros como os recursos humanos, pois através de uma destinação mais racional dos materiais pode-se promover uma diminuição dos custos e em relação aos recursos humanos a influência é observada, por exemplo, na medida em que materiais em quantidade e qualidade adequadas podem produzir na equipe maior grau de satisfação. Na área de saúde, os avanços tecnológicos têm significado um aumento na complexidade assistencial que vem impondo o aprimoramento dos sistemas de gerenciamento de recursos materiais. E assim, pode-se definir o Gerenciamento de Recursos Materiais (GRM) em saúde como: Existe uma necessidade de os serviços de saúde aprimorarem os sistemas de gerenciamento dos recursos materiais, a fim de garantir uma assistência contínua de qualidade a um menor custo, e, ainda, assegurar a quantidade e qualidade dos materiais necessários para que os profissionais realizem suas atividades sem riscos para si mesmos e para os pacientes. A administração dos recursos materiais tem sido motivo de preocupação nas organizações de saúde, tanto no setor público como no privado, que fazem parte da rede complementar do SUS. As organizações do setor privado, sujeitas às regras de mercado, precisam gerenciá-los com preços competitivos em relação às outras organizações. As do setor público, devido a orçamentos restritos, precisam de maior controle do consumo e dos custos para que não privem funcionários e pacientes do material necessário. Isto porque o gasto com esses recursos tem representado uma parcela importante do orçamento dessas organizações. Além disso, a complexidade no gerenciamento, devido à diversidade e à quantidade de materiais, também tem consumido uma grande quantidade de recursos financeiros. A administração ou gerenciamento de materiais para essas organizações compreende o processo gerencial para aquisição e disponibilização de materiais já manufaturados, essenciais para a produção de serviços de saúde. Materiais são produtos que podem ser armazenados, distribuídos e consumidos para a produção de serviços. O gerenciamento de recursos materiais, administração de recursos materiais ou suprimentos constituem a totalidade dos fluxos de materiais de uma organização de saúde, compondo um processo com as seguintes atividades principais: programação, compra, recepção, armazenamento, distribuição e controle. O setor responsável pelo gerenciamento dos recursos materiais, nas instituições hospitalares, está vinculado à área administrativa da estrutura organizacional, compreendendo os setores de Compras e Almoxarifado, onde são desenvolvidas atividades por pessoal que, geralmente, não é da área de saúde. Dadas a diversidade e a complexidade dos materiais utilizados na área da saúde, é indispensável a participação das áreas fins, como a enfermagem, a farmácia e o laboratório, entre outras, no processo de gerenciamento dos recursos materiais, assessorando a área administrativa nos aspectos técnicos e nas ações locais. Os enfermeiros ao prestarem a assistência à saúde utilizam recursos materiais, cabendo a eles a competência e responsabilidade pela administração de materiais em suas unidades de trabalho através da determinação do material necessário para a realização da assistência seja no aspecto quantitativo como no qualitativo, na definição das especificações técnicas, na participação no processo de compra, na organização, no controle e avaliação desses materiais. 02 NEM TUDO QUE PARECE É...NEM TUDO QUE PARECE É...NEM TUDO QUE PARECE É... GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS, ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS, GERENCIAMENTO DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA TÊM SIDO EMPREGADOS, MUITAS VEZES, COMO SINÔNIMOS, MAS EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE ELES! LOGO... não confunda! GERENCIAMENTO/ADMINISTRA ÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS: A administração de materiais envolve a totalidade dos fluxos de materiais de uma organização, compreendendo a programação, a compra, a recepção, o armazenamento no almoxarifado, a movimentação de materiais, o transporte interno e o armazenamento no depósito de produtos acabados. GERENCIAMENTO DE SUPRIMENTOS: Designa todas as atividades que visam o abastecimento de materiais para a produção, envolvendo programação de materiais, compra, recepção, armazenamento no almoxarifado, movimentação de materiais e o transporte interno para abastecer as unidades produtivas. Não envolve o depósito de produtos acabados. LOGÍSTICA O conceito de logística é empregado para o armazenamento dos produtos acabados e sua movimentação, ou seja, a distribuição física até o cliente. Seu objeto de atenção está mais relacionado à estocagem e à distribuição externa do material produzido, não incluindo a programação nem as compras. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E A ENFERMAGEM No trabalho gerencial do enfermeiro, além de gerir a assistência é indispensável à gerência da unidade, que compreende a administração dos recursos humanos e materi- Observação: Os produtos acabados (PA) são os produtos já prontos, cujo o processamento já foi completado inteiramente. Constituem o estágio final do processo produtivo. ais a fim de manter o bom funcionamento do serviço, prevendo e provendo recursos necessários à assistência, sendo particularmente importante a participação da DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE QUANTIDADE ATIVIDADES PRINCIPAIS DE GRM CONTROLE - Padronização enfermagem no gerenciamento de recursos materiais em serviços de maior densidade tecnológica. Um papel importante do enfermeiro no gerenciamento de recursos materiais consiste em saber e acompanhar o consumo de materiais da unidade sob sua responsabilidade. Além disso, é de suma importância que o enfermeiro esteja atualizado no que se refere aos produtos e tecnologias lançados no mercado, avaliando sempre o custo benefício da utilização de um novo produto e o impacto de novas tecnologias para assistência, com o objetivo de garantir a qualidade da assistência prestada. Assim, pode-se concluir que a atividade de gerência de recursos materiais realizada pelo enfermeiro deve ter como objetivo a melhoria da assistência à saúde de indivíduos e comunidade bem como as condições de trabalho das equipes de enfermagem e de saúde. É de competência e responsabilidade do enfermeiro o gerenciamento de recursos humanos, materiais e financeiros, que em muitas das vezes são precários. Neste sentido, a instrumentalização do enfermeiro por meio da aquisição de conhecimentos sobre a temática é necessária. 03 MAS ATENÇÃO...MAS ATENÇÃO...MAS ATENÇÃO... O ENFERMEIRO DEVE TER O CUIDADO DE NÃO TRANSFORMAR A ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS(AM) POR ELE DESENVOLVIDA EM UMA ATIVIDADE BUROCRÁTICA QUE VISE UNICAMENTE À MANUTENÇÃO DOS INTERESSES FINANCEIROS DA INSTITUIÇÃO, MAS SIM COMO UMA CONQUISTA QUE DESTACA O IMPORTANTE PAPEL DO ENFERMEIRO NA DIMENSÃO TÉCNICO-ADMINISTRATIVA, QUE FAZ PARTE DOS PROCESSOS DE CUIDAR E GERENCIAR. se liga! PROGRAMAÇÃO COMPRA RECEPÇÃO ARMAZENAMENTO - Padronização - Classificação - Especificação - Previsão - Controle de qualidade - Licitação PODER DE DECISÃO QUALIDADE PROGRAMAÇÃO A padronização de materiais é essencial dada a variedade de bens e produtos que têm a mesma finalidade técnica e indicações de uso, consistindo, portanto, na determinação do produto específico para procedimentos específicos, com o objetivo de diminuir a diversidade desnecessária de alguns itens e normatizar o uso de similares. É realizada por meio do estabelecimento de critérios objetivos de indicação técnica do uso do material, e do custo-benefício. A padronização, particularmente, oferece resultados compensadores, tanto do ponto de vista econômico como técnico, facilitando a administração de materiais, sobretudo a previsão, pela redução de itens. Melhora também a organização e o controle dos materiais e diminui o desperdício. Na padronização, deve-se considerar também os aspectos relacionados aos riscos e impactos da utilização do material para os pacientes, trabalhadores e, ainda, para o ambiente. Como exemplo de padronização, pode ser citada a necessidade de normatização de cateteres venosos utilizados pela enfermagem, que diferem em características, como biocompatibilidade, tempo de permanência, preço e segurança para o usuário. . Portanto, somente por meio de uma avaliação rigorosa, poderá ser determinada a indicação do cateter, analisando-se o benefício para o paciente, o risco ocupacional, o impacto ambiental e a disponibilidade de recursos financeiros. Devido a essa complexidade, algumas instituições têm comissões interdisciplinares para a padronização de materiais. A padronização deve ser amplamente discutida e, após seu estabelecimento, deverão ser promovidas estratégias educacionais para a capacitação dos usuários. Para efeito de compra, previsão, provisão, preparo, armazenamento, utilização e controle, os materiais podem ser classificados e agrupados em categorias de acordo com a conveniência do serviço. Podem ser classificados quanto à finalidade, à duração, ao porte, ao custo, à matéria-prima. FINALIDADE Serão agrupados quanto ao uso a que se destinam: oxigenoterapia, cateterismo venoso, curativos, etc. DURAÇÃO Podem ser agrupados como permanentes ou de consumo. Permanentes são os materiais cuja duração é superior a dois anos, sendo inconsumíveis pelo simples uso; normalmente constituem o patrimônio da instituição, tais com, equipamentos, mobiliários, instrumentais, suportes de soro, macas, etc.. De consumo são aqueles com duração prevista para dois anos, no máximo, sendo consumíveis pelo uso, tais como, esparadrapo, inaladores, extensores, seringas, agulhas, etc.. OBS.: pode haver variações de uma instituição para outra quanto aos materiais de consumo. PORTE Podem ser de pequeno, médio e grande porte. A classificação é estabelecida de acordo com a necessidade de instalação e está correlacionada com a dimensão do equipamento. Materiais de grande porte, por exemplo: autoclave; de médio porte: respirador; de pequeno porte: inaladores, instrumentais. CUSTO Pode auxiliar na seleção e compra e na prioridade de controle dos materiais. Os de consumo regular, geralmente possuem um custo unitário menor que os de consumo ocasional. Porém, devido à quantidade e à frequência de uso, poderão representar um custo elevado para a instituição. MATÉRIA- PRIMA Esta classificação é muito complexa, uma vez que os equipamentos podem ser constituídos de diversas matérias- primas. O conhecimento da matéria-prima é importante para o processo de compras. As matérias-primas mais utilizadas são: borracha, polietileno, pvc, silicone, metais, vidro, cerâmicas, tecido, etc.. - Classificação - Especificação Nome do produto; Dados a respeito da indicação de uso; Desempenho técnico; Matéria-prima de fabricação; Dimensões, tamanhos; Acabamento; Embalagem; Propriedades físico-químicas; Método de esterilização e prazo de validade; Código e procedência; entre outros. Sendo, também, um meio de comunicação entre a área administrativa e a técnica. A especificação deve conter: Para esse detalhamento, devem ser consultados os órgãos oficiais que normatizam e fazem recomendações relativas à fabricação, esterilização e uso de materiais, tais como ABNT, ANVISA e Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho. É útil, ainda, recorrer às diferentes especificações dos fabricantes que constam em seus manuais de instrução. - Previsão A especificidade da unidade; As características da clientela; A frequência no uso dos materiais; O número de leitos na unidade; O local de guarda/armazenamento; A durabilidade do material; A periodicidade da reposição do material. A previsão de materiais nas unidades de enfermagem consiste em: fazer levantamento das necessidades da unidade de enfermagem, identificando a quantidade e a especificidade deles para suprir essas necessidades. E para realizar essa função em uma unidade de enfermagem o enfermeiro deve definir através de um levantamento as necessidades de recursos, identificando a quantidade e a especificidade deles. Além da quantidade e da especificidade dos materiais necessários o enfermeiro ao realizar a previsão deve estar considerando também: 04 A especificação técnica compreende uma descrição minuciosa do material, pois representa, com precisão, aquilo que se deseja adquirir, o que impõe, principalmente às instituições públicas, uma rigorosa análise do produto no que se refere às características de fabricação, utilização e desempenho. Prever significa “conhecer com antecipação; antever.PREVER Nas instituições públicas o processo de compra de materiais não é uma atividade simples, e as especificações dos produtos são muito importantes para que se possa garantir a aquisição de produtos de qualidade, elas são utilizadas na elaboração do edital de compra, e quanto mais detalhadas facilitará o contato do setor de compras com os fornecedores. ATENÇÃO! É necessário adotar uma prática de distribuição baseada não somente na experiência do consumo, pois essa pode ocasionar pedidos em excesso, requisições parcialmente atendidas, originando um ciclo cumulativo e danoso para a gerência de recursos materiais com elevação dos custos. Além disso temos que preocupar em atender as normas sanitárias, orientando e fundamentando a atividade de previsão de recursos materiais. CTR= X N Portanto o CM vai seráigual a: CM= 210+126= 336 MATERIAL ABRIL MAIO JUNHO Exemplo: Mapa de consumo de material de uma unidade basica de saude de um Municipio de medio porte. UNIDADES MENSAIS CONSUMIDAS SERINGA (3ML) CMM= 200+ 250 + 180 210 3 = 210 CTR= 30 x 15 = 105 ES = (10% de 210) + 105 = 126 05 A estimativa do quantitativo de material necessário pode ser obtida através do consumo médio mensal (CMM) que consiste na observação do consumo por um período de tempo, que geralmente é de três meses (todavia, esse período é arbitrário, mas recomenda-se que seja, no mínimo, de três meses ou superior ou igual a 12 meses) dividido pelo número de meses mais um estoque de segurança (ES) definindo-se assim uma cota de material (CM). A estimativa de material pode ser calculada através da seguinte expressão matemática: CM= CMM + ES Onde: CM= cota mensal CMM= consumo médio mensal ES= estoque de segurança. O estoque de segurança, também chamado de estoque mínimo é calculado acrescentando-se de 10 a 20% do CMM, mais o consumo diário durante o tempo de reposição (CTR). Logo: ES = (10 A 20% DO CMM) + CTR N= número de dias de espera para reposição que pode variar de acordo com o sistema de compra do serviço de saúde (varia muito, principalmente de instituição pública praprivada) TÁ... MAS COMO EU VOU CALCULAR ISSO? 200 250 180 considerando o N= 15 dias: CMM______ 30 OBS: Para atualizar os dados a cada novo mes, acrescenta-se o valor do consumo mais recente e despreza-se o mais antigo. CALMA! FOCA NESSE EXEMPLO AQUI! LEMBRE-SE: Uma estimativa de material bem elaborada contribui para que não se tenha um acúmulo de materiais nas unidades, para a economia do hospital e para que o almoxarifado tenha uma visão real do material que esta sendo necessário. É necessário acrescentar 10% ao gasto mensal como margem de segurança, garantindo que não falte material para a realização dos cuidados. A decisão de quando comprar é indicada pelo Ponto de ressuprimento, no qual deverá ser deflagrado um novo processo de compras. Ele é deflagrado quando o nível de estoque atingido é incompatível com a demanda de consumo, ou seja, a quantidade do produto é suficiente apenas para atender às necessidades de con- sumo entre a solicitação de compra e a sua entrega pelo fornecedor. Esse nível de estoque deve levar em consideração as classificações ABC e XYZ. 06 COMPRA CONTROLE DE QUALIDADE LICITAÇÃO Desempenho Técnico; Análise de Riscos: Pacientes e Trabalhadores Legislação Específica; Aquisição de bens e serviços; Príncipio da isonomia A área de compras é responsável pelas atividades de apoio fundamental ao processo produtivo, suprindo-o com todas as necessidades de materiais. Pode ser, também, um excelente sistema de redução de custos da empresa, por meio da negociação de preço, na busca de materiais alternativos e de novos fornecedores PRA QUE SERVE? CONVITE: utilizada entre os interessados, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, sendo extensiva aos demais cadastrados na correspondente especialidade. Indicada para aquisições de valores baixos, estabelecidos pela Lei. TOMADA DE PREÇO: utilizada entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento. Indicada para aquisições de valores médios, estabelecidos pela Lei. CONCORRÊNCIA: utilizada entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital. Indicada para aquisições de valores altos, estabelecidos pela Lei. CONCURSO: utilizada entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico. LEILÃO: utilizada entre quaisquer interessados para venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados. PREGÃO: O Pregão é uma modalidade de licitação mais recente, instituída pela Lei no 10.520, de 17 de julho de 2002. A opção por essa modalidade, independentemente do valor estimado da contratação e da disputa pelo fornecimento de bens e serviços comuns, é feita por meio de propostas e lances sucessivos em sessão pública. Essa modalidade vem ganhando espaço na Administração Pública por ser um processo mais dinâmico, que proporciona maior competitividade entre os concorrentes e maior transparência à gestão de compras, visto que a negociação é realizada em sessão pública. É inquestionável, no gerenciamento de recursos materiais, a necessidade do Controle de qualidade, tanto dos produtos existentes na instituição como dos disponíveis no mercado. Para aquisição de um material, portanto, é preciso submetê-lo a testes de desempenho técnico e à análise dos riscos para os pacientes e trabalhadores. Esses testes devem ser realizados pelos usuários diretos, cabendo ao responsável pelo teste coordenar o processo de avaliação, estabelecendo, juntamente com os usuários, critérios técnicos objetivos para apreciação do produto e emissão de parecer técnico. Além disso, o responsável deverá proceder a uma pré-seleção, encaminhando para teste somente os produtos que atenderem a alguns pré-requisitos, como a observância das normas técnicas de embalagem. Qualquer que seja a finalidade da organização de saúde, o processo de compra deverá observar os requisitos de qualidade do material. A condução desse processo, no entanto, difere nas organizações públicas, pois, enquanto à administração privada é permitido fazer tudo o que a lei não proíbe, à administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza (Princípio da legalidade). Assim, os órgãos governamentais procedem às compras por meio de Licitação, que é o procedimento administrativo regido por legislação específica, utilizado para aquisição ou alienação de bens e serviços, com os objetivos de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e de selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração (Art. 3o da Lei no 8.666/93). Para o procedimento de licitação estão previstas fases a serem rigorosamente observadas. Para cada uma delas, há prazos estabelecidos e toda a documentação é juntada aos autos do processo, cabendo recurso por parte dos licitantes. Para a licitação, é indispensável que se faça uma caracterização detalhada do projeto do serviço ou objeto licitável, sem indicação de marca, salvo em casos excepcionais, o que reforça a importância da especificação do material. É necessário, ainda, realizar orçamentos com, no mínimo, três fornecedores, ter recursos orçamentários disponíveis para compra e ter condições de armazenamento. As modalidades de licitação constantes na Lei 8.666/93 são: 07 EIIII, SE LIGA! A determinação da modalidade de licitação é baseada no valor estimado da contratação, podendo ser utilizada uma modalidade acima da que deveria ser escolhida. Não é permitida a combinação de modalidades em um mesmo procedimento licitatório. A participação da enfermeira no processo de seleção e compras de materiais de enfermagem nas instituições é, então, essencial. As atividades da enfermeira neste processo basicamente envolvem aquilo que já vimos anteriormente: Auxílio na determinação do tipo de material a ser adquirido para as unidades de enfermagem; Padronização dos materiais; Especificação técnica dos materiais; Controle de qualidade do material a ser adquirido; Emissão de parecer técnico. � JUSTIFICATIVA; � NOME DO PRODUTO; � FINALIDADE/ USO OU APLICAÇÃO; � FABRICANTE; � IMPORTADOR (SE FOR O CASO); � RESPONSÁVEL TÉCNICO; � Nº DO LOTE E DO REGISTRO; � DATA DE FABRICAÇÃO; � VALIDADE; � EMBALAGEM; � MÉTODO DE ESTERILIZAÇÃO (SE FOR O CASO); � MATÉRIA PRIMA; � DESCRIÇÃO DO PRODUTO; � AVALIAÇÃO COM VANTAGENS, DESVANTAGENS E RECOMENDAÇÕES; � DATA; � NOME DE QUEM ELABOROU O PARECER A atuação da enfermeira no processo de compras de materiais nas instituições se dá através da atuação em comissões de licitação, ou informalmente através da opinião sobre o tipo, à quantidade e à qualidade dos materiais a serem utilizados. Os testes de qualidade consistem em avaliações, quando da aquisição de equipamentos e materiais, para que se verifique se o produto é de qualidade e se atende à necessidade a que se destina. Em uma avaliação de materiais, no primeiro momento, é realizada uma verificação minuciosa da embalagem, do método de esterilização, da presença da data de validade, do acabamento do material, da instrução de uso, dentre outros fatores que se considere importante para que sejam previamente avaliados, para que então se passe para a fase de teste a ser realizada na unidade. Para se realizar o teste na unidade, o Serviço de Enfermagem deve enviar juntamente com o material a ser avaliado um impresso, com as características que deverão ser observadas e avaliadas durante o teste. Após a realização do teste e de posse dos resultados e das especificações do material, o Serviço de Enfermagem elaborará um parecer técnico que consiste na descrição das vantagens e desvantagens do produto, bem como sugestões para melhorar ou aprimorar o mesmo. Um parecer técnico poder ser elaborado sob a forma de ofício no formato de um relatório técnico ou através do preenchimento de impresso próprio da instituição, de modo geral umparecer pode conter os seguintes itens: 08 "NEM SEMPRE O MENOR PREÇO CORRESPONDE AO MENOR CUSTO PARA A INSTITUIÇÃO, UMA VEZ QUE A MÁ QUALIDADE DO MATERIAL PODE ACARRETAR MAIORES PREJUÍZOS FINANCEIROS E DA ASSISTÊNCIA” RECEPÇÃO ARMAZENAMENTO A recepção e o armazenamento dos materiais após a compra e a distribuição aos diferentes serviços da organização são de responsabilidade do serviço de almoxarifado, que, por ter o controle dos estoques, deflagra novos processos de compra, quando os materiais atingirem o nível de ressuprimento. DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE Outro aspecto gerado pela falta de controle desses estoques periféricos, devido ao desconhecimento do consumo real, é a compra de materiais em ponto de reposição ou ressuprimento no almoxarifado, mas ainda O controle da qualidade de materiais não deve ser realizado apenas no momento da aquisição dos produtos, mas sim durante toda e qualquer atividade, e para isso é importante que toda a equipe se mantenha atenta e possa opinar sobre os produtos que estão utilizando, de modo que nos processos de aquisição, já se tenha informações sobre a qualidade ou não dos mesmos. Considera-se de extrema importância a análise das notificações recebidas, que antes da culpabilização dos envolvidos, devem promover a melhoria dos processos e a prevenção de eventos similares. Essas notificações de desvio de qualidade no sistema NOTIVISA reduzem o número de aquisições mal sucedidas, os riscos que essas possam gerar, contribuindo e melhorando os processos de compra. Na aquisição dos materiais são considerados o parecer técnico e a análise de custo do produto, sendo que é importante lembrar que: O recebimento se dá pela conferência dos materiais entregues pelo fornecedor no prazo determinado, constantes na nota fiscal com os dados da nota de empenho. Após isso, é registrada a entrada do material no almoxarifado, sendo este codificado de acordo com as normas e a tecnologia disponível na organização. Com isso, o material poderá ser distribuído. A distribuição dos materiais e o controle de estoque estão diretamente associados e constituem pontos centrais de todo o sistema, exigindo subsistemas de controles mais sofisticados. O almoxarifado dá baixa no estoque e aloca medicamentos e materiais para os usuários de acordo com o sistema adotado de distribuição. Geralmente são distribuídos por quantidades preestabelecidas (cotas) por períodos de tempo (diariamente, semanal, mensal), segundo o perfil histórico de gastos de materiais por serviço, como já visto. No entanto, esse sistema tem produzido estoques nas unidades, dificultando o conhecimento do consumo real de materiais. Os estoques representam investimentos significativos para os hospitais; por isso, seu gerenciamento garante tanto a excelência dos serviços como resultados financeiros satisfatórios. O objetivo do gerenciamento de estoques é minimizar o capital investido, a soma dos custos de manutenção de estoques e os custos para a sua obtenção. Os custos de manutenção de estoques referem-se aos custos de armazenamento, controle, seguros, impostos, deterioração, furtos, entre outros, e o de obtenção refere-se ao processo de compra para a sua formação. SISTEMA DE REPOSIÇÃO POR QUANTIDADE: Quando o estoque chega a um nível mínimo, denominado de estoque de reposição, é feita a reposição do material tendo por base a cota predeterminada, independente de um prazo estipulado; Esse sistema, se bem utilizado, pode revelar-se bastante vantajoso, mas pode ocasionar falta de material caso não seja observado, constantemente o nível mínimo de estoque; Colabora para o não esquecimento da emissão de solicitação de material e evita o aumento de estoque, sua realização depende de que se disponha de estudo frequente da previsão de materiais; ARMAZENAR OU ESTOCAR MATERIAIS É DISPOR DE FORMA RACIONAL E TÉCNICA CADA PRODUTO EM SEUS DEPÓSITOS (ALMOXARIFADO). O MATERIAL DEVE SER ACONDICIONADO EM ESTANTES, ARMÁRIOS, ESTRADOS, PRATELEIRAS, GAVETAS OU EM PILHAS SEGUINDO NORMAS TÉCNICAS PARA EVITAR RISCOS DE QUEDA, ACHATAMENTO, DETERIORAÇÃO, PERDA E OUTROS.. 09 existentes nas unidades, em detrimento de materiais que também estão em ponto de reposição mas em falta nas unidades. Uma tendência para melhorar o controle, principalmente de materiais de consumo e medicamentos, devido ao volume de itens, ao custo e às dificuldades assistenciais que a sua falta representa, tem sido a alocação de todo material que chega para os Serviços de Farmácia, que unitarizam cada item, ou seja, codificam unidade por unidade de cada material, com a ajuda de sistemas informatizados de código de barras e leitoras óticas, que distribuem para os demais serviços com base no perfil do consumo diário das unidades identificadas também pelo código de barras. O objetivo dessa codificação não é classificar o material, mas identificálo. Com isso, pode-se rapidamente rastrear o consumo dos materiais e repô-los às unidades. Além disso, evita estoques desnecessários nas mesmas e permite conhecer o consumo real, diário, por material, por unidade. As unidades assistenciais ficam apenas com pequenas quantidades de materiais e medicamentos necessários para emergências. Esse sistema está sendo implantado em alguns hospitais, com algumas variações, necessitando de maiores estudos quanto à sua eficácia. Seja qual for o sistema adotado de controle de materiais, é preciso analisar o comportamento do consumo mensal de cada serviço, observando as razões que justificam as variações de consumo, tais como as alterações no número de atendimento ou na taxa de ocupação, as ocorrências sazonais das doenças e o número de alunos, entre outros. O sistema de reposição pode ser realizado de quatro formas: SISTEMA DE REPOSIÇÃO POR TEMPO: Em épocas predeterminadas as cotas são repostas integralmente; É a forma mais utilizada na enfermagem, porém propicia a formação de grandes estoques na unidade. verifica-se um inconveniente nesta forma de reposição, é quando ocorre o esquecimento do débito de material, ficando a unidade desfalcada. SISTEMA DE REPOSIÇÃO POR QUANTIDADE E TEMPO: É estabelecida uma cota para um determinado tempo, e em uma época predeterminada, é feita a solicitação de materiais na quantidade necessária para repor o estoque; SISTEMA DE REPOSIÇÃO IMEDIATA POR QUANTIDADE: Os materiais são encaminhados diariamente ou com uma frequência ainda maior, para a unidade, de acordo com o consumo. (GAMA, 1997). CONSIDERAÇÕES FINAIS É necessário que toda a equipe conheça os materiais e equipamentos, sabendo como utilizá- los corretamente, o que pode ser conseguido através de treinamentos e educação continuada, visando à própria segurança, dos pacientes, a conservação e manutenção dos materiais, contribuindo para o controle dos custos evitando- se assim o uso indevido e o desperdício do material. 10 C N I E A Õ S F N I A Enfermeira como consumidora dos materiais, detém conhecimento sobre os mesmos, e está preparado para argumentar e ponderar pela escolha nos processos aquisitivos e no planejamento estratégico do GRM. Tal habilidade é decorrente da sua capacitação para atividades administrativas, juntamente com o conhecimento proveniente das atividades assistenciais, favorecendo a otimização dos recursos disponíveis, avaliação e ponderação pela escolha de materiais que atendam às necessidades de pacientes e profissionais, e que proporcionem segurança ao cuidado. Conhecimentos sobre as normativas de regulação sanitária de produtos e serviços e a legislação que respaldam os processos licitatórios são necessários para a enfermeira desenvolver a GRM. Isso favorece a interdisciplinaridade, enriquecendo sua prática profissional. É importante ressaltar que as funções do enfermeiro em relação a esta prática devem ser realizadas tendo como objetivo a melhoria ou aprimoramento das condições de assistência aos usuários e de trabalho da equipe de enfermagem e desaúde, e não como uma atividade apenas burocrática, tendo como meta a preservação dos interesses econômicos das instituições. A atuação do enfermeiro no Gerenciamento de Recursos Materiais contribui com a organização, planejamento e sistematização do processo, conferindo maior credibilidade ao trabalho junto aos fornecedores e profissionais que utilizam os materiais. Observar a facilidade de visualização para o pessoal; Evitar riscos de contaminação (poeira, umidade, luz entre outros); Garantir a facilidade de realização de inventários, reposição e controle (por exemplo, através do uso de fichas por número e espécie); Proporcionar rigoroso controle; Possibilitar à equipe de enfermagem o acesso aos materiais conforme as necessidades do Serviço de Enfermagem. Evitar o sub-estoque e a guarda descentralizada, o que pode dificultar o controle e favorecer o desvio. De modo geral ao se realizar a guarda do material é importante: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Ë necessário à educação permanente da equipe do almoxarifado para o armazenamento adequado dos materiais, pois a manutenção da viabilidade dos itens até a sua distribuição para as unidades depende diretamente das condições de armazenamento (temperatura, umidade, ventilação) e Layout otimizado. Cabe aos enfermeiros, também, a orientação a outros setores com a guarda do material. O trabalho em enfermagem se caracteriza por ser um trabalho em equipe e na administração de materiais a participação de todos na avaliação dos produtos que estão sendo utilizados, ou na aquisição de um material ou equipamento novo é muito importante. O estudo de BOGO et al. (2015) demonstrou que 46% dos enfermeiros consideram importante a realização de capacitações sobre Gerenciamento de materiais (GM), no entanto 86% dos enfermeiros relataram nunca ter participado de referida capacitação. A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS CONSTITUI CONQUISTA NAS ESFERAS DA TOMADA DE DECISÃO, DESTACANDO, PORTANTO, O IMPORTANTE PAPEL DO ENFERMEIRO NA DIMENSÃO TÉCNICO-ADMINISTRATIVA INERENTE AOS PROCESSOS DE CUIDAR E GERENCIAR, E NÃO APENAS NA CONCEPÇÃO DE MAIS UMA ATIVIDADE BUROCRÁTICA QUE NÃO AGREGA VALOR À PROFISSÃO E AO CUIDADO. CASTILHO, V.; MIRA, V.L.; LIMA, A.F.C. Gerenciamento de Recursos Materiais. In: KURCGANT, P. (coord.). Gerenciamento de Enfermagem. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Cap. 12, p.143-157. BOGO, P. C., BERNARDINO, E.; CASTILHO, V., CRUZ, E. D. A. O enfermeiro no gerenciamento de materiais em hospitais de ensino. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 49(4), 632-639, 2015. CHIAVENATO, I. Iniciação à administração de materiais. São Paulo, Makron/McGraw-Hill, 1991. CASTILHO, V.; LEITE, M.M.J. A administração de recursos materiais na enfermagem. In: KURCGANT, Paulina. Administração em enfermagem. São Paulo: E.P.U, 1991. p. 73-88 (cap.6). HONÓRIO, M.T.; ALBUQUERQUE, G.L. A gestão de materiais em enfermagem. Ciência, Cuidado e Saúde. Maringá, v. 4, n. 3, p. 259-268, set./dez. 2005. OLIVEIRA, N.C.; CHAVES, L.D.P. Gerenciamento de recursos materiais: o papel da enfermeira de unidade de terapia intensiva. Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 19-27, out./dez.2009. UM RESUMO POR: GRADUANDA EM ENFERMAGEM PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - BAHIA (UEFS). LATTES: HTTP://LATTES.CNPQ.BR/3053652654833966
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