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1 Aline David – ATM 2025/B ❖ Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. ❖ Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. ❖ Os EIM representam cerca de 10% de todas as doenças genéticas; ❖ A incidência isolada de cada uma das doenças metabólicas é pequena. ❖ Em sua maioria são autossômicas recessivas → afeta homens e mulheres e precisa dos dois alelos alterados (um que veio do lado do pai e outro que veio do lado da mãe, logo, os pais são portadores assintomáticos). ❖ 500 distúrbios conhecidos e a frequência torna-se 1/5.000 nascidos. A HISTÓRIA DOS EIM: ❖ 1902 Archibald Garrod ao tratar da “individualidade química”, estava dando início à genética bioquímica, por exemplo alcaptonúria. ❖ 1941, quando Beadle et al. propuseram a hipótese “um gene - uma enzima”: mutações gênicas levariam a rotas bioquímicas deficientes. ❖ 1990 – atual: Desenvolvimento de novas técnicas laboratoriais → a tecnologia do DNA possibilitou a detecção das causas moleculares dos erros inatos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DOS EIM: ❖ As crianças portadoras de muitos EIM parecem perfeitamente normais ao nascimento. Porque até esse momento quem está realizando essas funções é a mãe. ❖ Em geral, os sintomas aparecem quando há alteração, por fatores exógenos, do equilíbrio bioquímico mantido até o momento pela criança. Apresentação clínica bastante inespecífica: ❖ letargia, ❖ recusa alimentar, ❖ icterícia, ❖ vômitos, ❖ diarreia, ❖ visceromegalia, ❖ retardo de crescimento, ❖ convulsões, e ❖ coma. SINAIS DE ALERTA PARA EIM: 3 - Não é encontrado marcadores como fungos e bactérias. 4 – A criança conseguia falar e não consegue mais. Erros Inatos do Metabolismo 2 Aline David – ATM 2025/B 5 – Pode parecer com uma cirrose → icterícia, sangramento. 6 – Vômito cíclico, tomo mamá e vomita. Ou dificuldade de ganhar peso. 7 – Medidas no sangue dos pacientes que irão aparecer alterados. Distúrbios no pH (acidose metabólica), hipoglicemia, distúrbio metabólico mitocondrial gera aumento do lactato. 8 – Hidropsia fetal é um feto intra-útero completamente inchado, com líquido na região da cabeça, nucal, pleural, peritoneal, etc. A causa mais comum de hidropsia imune é a incompatibilidade sanguínea entre o pai e a mãe. Na hidropsia fetal não imune, a resposta seria uma causa de erro inato do metabolismo. 9 – Qualquer doença cardíaca, hipertrófica (quando o músculo fica mais forte) ou dilatada (quando o coração todo fica maior). 10 – Suor com cheiro estranho, xixi, hálito estranho em crianças muito pequenas. Isso indica que o bebê está produzindo algum composto tóxico. 11 – Tem a ver com histórico familiar → óbito precoce ou morte súbita. 12 – Pais consanguíneos e recorrência familiar (pai e mãe não afetados, mas pode ter um primo ou um irmão afetado). DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: ❖ Rapidez é essencial para impedir o agravamento e a irreversibilidade dos sintomas; ❖ Teste do pezinho - detecção em fase pré- clínica, prevenindo o dano neurológico ou mesmo a morte que essas patologias podem ocasionar. ❖ A cromatografia de açúcares e de aminoácidos na urina e no sangue faz parte dos testes iniciais. Esse exame dá ideia do que está se acumulando no sangue (açúcar, aminoácido, proteína, lipídeos, etc). ❖ O teste do pezinho e a cromatografia são disponíveis pelo SUS, os demais, a meioria deles não são cobertos pelo SUS. ❖ A simples observação da amostra e a percepção de odores peculiares podem auxiliar muito. ❖ Testes enzimáticos e moleculares. TRATAMENTO: ❖ AGUDO: - A suspensão da ingestão de proteínas e carboidratos (leite) por cerca de 24 horas, mantendo nutrição parenteral, e, quando possível, a suplementação com cofatores que podem aumentar a atividade da enzima residual. Depois de parar a ingestão do leite por cerca de 24 horas, geralmente, será coletado a cromatografia. Se der o acúmulo de aminoácidos no leite, sabe-se que o bebê tem problema no metabolismo de proteínas. Logo, irá ser prescrito uma fórmula láctea sem a presença de proteínas, etc. Se o indivíduo já for maior, fica um pouco mais difícil, pois tem que tirar todos os alimentos, por isso geralmente são internados e recebem soro fisiológico e glicose para manter a taxa metabólica basal mínima. Depois é realizado a cromatografia para saber qual será a conduta desse paciente. ❖ CRÔNICO: - Dieta - Suplementação do produto; - Redução do substrato; - Bloqueio metabólico com cofatores ou precursores enzimáticos; - Transplante de MO; - Terapia enzimática; - Terapia gênica. CLASSIFICAÇÃO DOS EIM: 3 Aline David – ATM 2025/B GRUPO I – DISTÚRBIOS DE SÍNTESE OU CATABOLISMO DE MOLÉCULAS COMPLEXAS: ❖ Apresentam sintomas permanentes que tendem a acentuar com o passar do tempo. ❖ As enzimas que não estão funcionando bem nesse grupo de doenças são as que atuam na digestão celular, que ocorre nos lisossomos. Cada enzima dessas é codificada por um gene, se esse gene está alterado, a digestão pode não acontecer e essas moléculas não são quebradas, fazendo com que o lisossomos e o citoplasma da célula vão enchendo até explodirem (apoptose da célula) esses tecidos vão morrendo e entrando em falência. ❖ Esses distúrbios não vão se apresentar cedo, geralmente se apresentam em torno de 1 a 2 anos de vida. ❖ Face infiltrada → caracterizada pelo fenótipo de acumulo de moléculas complexas. Isso ocorre porque não tem as enzimas para quebrar essas moléculas. GRUPO II – METABOLISMO INTERMEDIÁRIO: ❖ Compreendem as aminoacidopatias, os defeitos dos ácidos orgânicos e do ciclo da uréia e as intolerâncias aos açúcares → micromoléculas, que muito rapidamente intoxicam o organismo que por serem muito pequenas conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica. ❖ Caracterizam-se por apresentarem intervalos livres de sintomas e relação evidente com o aporte alimentar. GRUPO III – ENERGIA: ❖ Inclui doenças cuja clínica é decorrente de alterações de produção e consumo energéticos. ❖ Em sua maioria, causam distúrbios do fígado, miocárdio, músculo e cérebro. ❖ Manifestam-se, comumente, através de hipoglicemia, hipotonia generalizada, miopatia, insuficiência cardíaca, retardo de crescimento e até morte súbita, entre outros sintomas. ❖ Exemplos desse grupo são as glicogenoses, doenças mitocondriais da cadeia respiratória e defeitos na oxidação de ácidos graxos. ❖ Problemas nas mitocôndrias → só ocorre se tiver aumento do lactato. ❖ Distúrbios da glicose → glicogenoses. Amido de milho é o tratamento para que esse indivíduo consiga ter energia. ❖ Esse indivíduo terá hipoglicemia. CASO CLÍNICO 1: a) Sim, pertencente ao grupo I por conta da idade (2 anos). b) Baixa estatura, deformidades esqueléticas (esterno, coluna vertebral), face grosseira, etc. Doença: mucopolissacaridose. Precisa de 9 enzimas diferentes para quebrar essas moléculas. Qualquer defeito que faz com que qualquer uma dessas enzimas não ocorra direito, já ocasiona o acúmulo de mucopolissacarídeos. Padrão atossomico recessivo, só a tipo II que é ligada ao X. c) Através da cromatografia. d) Terapia de reposição enzimática, fisioterapia, etc. MUCOPOLISSACARIDOSES: ❖ Grupo de condições genéticas caracterizadas por anormalidades do metabolismo dos mucopolissacarídeos e que cursam com graus variáveis de comprometimento físico, cognitivo e comportamental. ❖ O tipo e a gravidade de prejuízos presentes em cada uma delas é variável. 4 Aline David – ATM 2025/B Tratamento:❖ Tratamento de apoio às complicações; ❖ Fisioterapia; ❖ Cirurgias para a correção de problemas pontuais; ❖ Terapia de reposição enzimática (TRE) → reposta a cada 15 dias. Logo, não é curativo. ❖ (tipos I, II, IV-A, VI) ❖ TMO – aumento da sobrevida em 67% (tipo I). 5 Aline David – ATM 2025/B CASO CLÍNICO 2: a) Sim, EIM do grupo I. Doença de Goucher. b) Ç c) Através de um aspirado de medula óssea, para ver se a fabrica de células do sangue estão com problema. Não irá ser diagnosticado leucemia, logo essa doença deve ser desconfiada. Basicamente afeta os adultos. DOENÇA DE GAUCHER: ❖ Distúrbio metabólico hereditário que resulta no acúmulo anormal de certos tipos de lipídeos (no baço, no fígado, na medula óssea e nos pulmões, e em alguns casos no cérebro). ❖ Deficiência ou falta de glucocerebrosidase, que está envolvida na quebra e no metabolismo de lipídeos, e mais especificamente da glucosilceramida. ❖ Células de Gaucher → células de medula óssea cheia de gorduras, pois falta a enzima que quebra gordura. Doença de Gaucher – tipo I: ❖ A doença de Gaucher tipo 1 é a forma mais comum da doença. ❖ Também é referida como a forma adulta ou não-neuropática da doença de Gaucher, na qual o cérebro não é afetado. ❖ Pacientes apresentam baço e fígado aumentados, anemia e baixa contagem de plaquetas, podendo apresentar ainda dor e deterioração óssea. ❖ Os sintomas podem aparecer em qualquer idade. Geralmente em adultos, exceto tipo III. Doença de Gaucher – tipo II: ❖ A doença de Gaucher tipo 2 (infantil ou neuronopática aguda) ocorre raramente e não apresenta nenhuma predisposição étnica. ❖ O tipo 2 é a forma mais grave da doença de Gaucher, com início dentro dos 6 primeiros meses de vida, e expectativa de vida máxima de cerca de 2 anos. ❖ Além do aumento esplênico e hepático, crianças com doença de Gaucher tipo 2 sofrem dano cerebral extenso e progressivo. ❖ Não responde a nenhum tratamento conhecido. Doença de Gaucher – tipo III: ❖ Forma neurológica. ❖ Os sintomas neurológicos aparecem entre o início e o final da infância. ❖ Muitas vezes, o acúmulo neurológico é inicialmente observado em crianças como problemas em movimentar corretamente os olhos, dificuldades de aprendizado na escola ou problemas auditivos, e podem acabar levando à dificuldade de movimento e equilíbrio. Terapia de reposição enzimática (TER): ❖ TRE - não soluciona condições ou sintomas relacionados ao sistema nervoso central da doença de Gaucher dos Tipos 2 e 3. Terapia de redução de substrato (TRS): OUTROS EIM DO ADULTO... Doença de Fabry: ❖ Deficiência ou ausência da enzima alfa- galactosidase (α-Gal A) no organismo de seus portadores que interfere na capacidade de decomposição de uma substância adiposa específica, denominada globotriaosilceramida, também chamado de Gb3. ❖ Ligado ao X. ❖ As áreas mais afetadas pela oclusão de pequenos vasos sanguíneos são rins, coração, sistema nervoso e pele. ❖ O caso mais comum são homens que entram em falência renal grave. ❖ Dor e ardência nas mãos e nos pés 6 Aline David – ATM 2025/B ❖ Fadiga ❖ Comprometimento da transpiração ❖ Baixa tolerância a exercícios ❖ Erupções cutâneas vermelho-escuras (angioqueratomas) ❖ Anormalidades oculares (como verticilos córneos) que tipicamente não afetam a visão ❖ Distúrbios gastrointestinais ❖ Problemas cardíacos ❖ Problemas renais ❖ Problemas do sistema nervoso, como fraqueza, enxaqueca, dormência, tontura ou convulsões ❖ Problemas auditivos ❖ Questões psicológicas e sociais DOENÇA DE POMPE: ❖ Decorre de uma deficiência da atividade da enzima GAA (alfaglicosidade ácida) ocasionando um acúmulo de glicogênio no lisossomo. ❖ Padrão autossômico recessivo. ❖ Acarreta fraqueza muscular, deterioração da função respiratória e morte prematura. ❖ Pode existir em bebês, mas é muito mais clássica em adultos. ❖ É conhecida por neurologistas, pois homens e mulheres possuem dificuldade para caminhar a partir dos 30 anos. ❖ Em crianças tipicamente têm fraqueza muscular extrema e uma aparência de relaxamento físico. Outros sintomas incluem dificuldades respiratórias, dificuldades de alimentação e falha em cumprir os marcos de desenvolvimento. ❖ Em crianças e adultos tendem a ter maior variedade em seus sintomas, comumente incluindo fraqueza dos músculos do quadril e das pernas, o que leva a dificuldades com mobilidade e respiratórias. Pacientes mais velhos raramente têm os problemas cardíacos típicos em crianças. 7 Aline David – ATM 2025/B ❖ Tratamento: Terapia de reposição enzimática (alfaglicosidase recombinante humana). ❖ Todas as doenças de depósito lisossômico possuem tratamento. CASO CLÍNICO 3: a) Sim, pois é de manifestação rápida no 5º dia de vida, logo é do tipo II. A causa mais comum de opacidade corneana tem a ver com infecções bacterianas que a mãe pega durante a gestação. Se não ocorrer por causa disso é por erros inatos do metabolismo do tipo II. b) Galactosemia. Deficiência da enzima que quebra a lactose em galactose + maltose. Doença autossômica recessiva. c) Cromatografia. d) Dieta isenta de galactose para o resto da vida. ❖ Defeito no ciclo da ureia, faz com que pare no ciclo da amônia, ocasionando um aumento de amônia no organismo e trazendo um certa toxicidade. CASO CLÍNICO 4: a) Sim, do tipo III por conta da hipoglicemia. b) Glicogenose do tipo I c) Exame de sangue. Se der aumento de glicemia e/ou de lactato comprova o EIM do tipo III. d) Realizado através do consumo de amido de milho, como forma de aumentar a energia. Esse amido ingerido especialmente à noite, não pode ser cozido, tem que ser cru. Geralmente é diluído em um copo de água fria, sem açúcar. ❖ Não consegue transformar o glicogênio em glicose circulante, por isso pode ter alteração hepática.