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Glicogenoses: Doenças do Glicogênio

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACISA - UNIFACISA
Alunos: 
Ana Carolina Barbosa Cavalcante
 Anne Cristine Ramalho Lopes Soares
 Byatriz Luna Sampaio Alves
Caio Victor Batista de Almeida 
 Karolayne Rufino Marques Dantas
 Maysa Saraiva
GLICOGENOSES: DOENÇAS DO ARMAZENAMENTO DE GLICOGÊNIO
 
CAMPINA GRANDE-PB
UNIFACISA
2020
INTRODUÇÃO 
A importância do glicogênio para o funcionamento adequado do metabolismo humano é inegável, as glicogenoses (doenças do armazenamento do glicogênio) são doenças secundárias a um erro no metabolismo, hereditário, o qual resulta de concentrações alteradas de glicogênio no organismo. Existem 13 diferentes tipos, dependendo do defeito enzimático encontrado. Pode ser encontrado principalmente no fígado e no músculo, onde sua concentração é mais abundante. A via glicogênica é responsável pela sua formação, ao contrário da glicogenólise, que provoca a degradação dos grânulos para atender as necessidades metabólicas. O glicogênio muscular é essencial somente para o músculo, sendo metabolizado nesse local para fornecer energia para a contração muscular, enquanto o glicogênio hepático tem por função regular a glicemia e fornecer substrato energético para outros tecidos. Dentre alguns reguladores, pode-se citar a insulina, a adrenalina, o nucleotídeo AMP, os íons cálcio, e as enzimas glicogênio sintase e glicogênio fosforilase que participam, respectivamente, da síntese e da degradação desse polissacarídeo. Quando o glicogênio não consegue ser quebrado devido à deficiência dessas enzimas envolvidas, este se acumula no órgão e, a não liberação de glicose para a circulação acarreta uma série de consequências. Neste trabalho, descrevemos resumidamente os conceitos e resultados mais recentes sobre glicogenoses, obtidos em pesquisas e trabalhos apresentados, ademais em aulas de bioquímica.
 
GLICOGENOSES 
A deficiência de enzimas específicas envolvidas na síntese ou na degradação de glicogênio pode ocasionar em defeito metabólico no catabolismo ou no anabolismo desse polissacarídeo. Isso pode resultar em doenças genéticas relacionadas ao armazenamento do glicogênio que, em sua maioria, apresentam caráter autossômico recessivo. Também denominadas glicogenoses, essas doenças se diferem no efeito enzimático, no órgão afetado, na idade em que ocorrerão as primeiras manifestações clínicas da doença e na severidade desses sintomas podendo ser classificadas em treze tipos.
GLICOGENOSE TIPO 0
A glicogenose tipo 0 é caracterizada por uma deficiência na enzima glicogênio sintase, que por sua vez é responsável pela catalisação da adição de glicose ativada em terminais não redutores do glicogênio, promovendo a formação de ligações glicosídicas do tipo α-1,4. Nesse contexto, o defeito nessa enzima é causado por mutações no gene GYS2 (Glicogênio Sintase 2) e o modo de hereditariedade é autossômico recessivo. Essa é uma doença extremamente rara, havendo cerca de 20 casos descritos na literatura até ao momento. 
Surge geralmente na infância ou na primeira infância e afeta primordialmente o fígado. Os doentes apresentam fadiga de manhã, sonolência, atenção dispersa, palidez, movimentos oculares descoordenados e hipoglicemia em jejum (sem hepatomegalia), associada a hipercetonemia (excesso de corpos cetônicos no sangue). Após as refeições, é observada hiperglicemia associada a aumento de lactato, alanina e hiperlipidemia. 
O diagnóstico da doença pode ser obtido por teste de sobrecarga de glicose, mas o diagnóstico formal exige uma biópsia hepática mostrando uma concentração de glicogênio ligeiramente diminuida e provas da deficiência enzimática (que não é expressa nos músculos, eritrócitos, leucócitos ou fibroblastos). Há também o teste genético cuja análise molecular, revelando uma mutação no gene GYS2, confirma o diagnóstico. A pesquisa de mutações é uma alternativa à biópsia hepática.
A patologia é tratada com uma dieta específica, que inclui refeições frequentes com alto consumo de proteínas durante o dia e adição de amidos crus à noite.
GLICOGENOSE TIPO I
A doença de Von Gierke consiste em uma desordem metabólica hereditária, de caráter autossômico recessivo, que leva ao acúmulo de glicogênio. Caracterizado pela ausência de atividade da enzima glicose 6-fosfatase - pela mutação do gene que a codifica -, responsável pela hidrólise da glicose-6-fosfato em fosfato e glicose, fato que resulta na ausência de produção de glicose a partir das reservas de glicogênio hepático (glicogenólise), e também a partir de gliconeogênese, culminando em acúmulo excessivo de glicogênio no fígado e nos rins.
Os sintomas da doença são: severa hipoglicemia, convulsões, sangramentos, fadiga, irritabilidade, distúrbio de crescimento, xantomas cutâneos, acentuação da lordose, hipertrofia hepática e renal (em decorrência do acúmulo de glicogênio que não está sendo degradado), acidose láctica e Hiperlipidemia.
O diagnóstico é baseado na apresentação clínica dos níveis de glicemia e lactacidemia depois de uma refeição (hiperglicemia e hipolactacidemia), e após 3-4 horas de jejum (hipoglicemia e hiperlactacidemia). Os níveis séricos de ácido úrico, triglicerídeos e colesterol se mostrarão aumentados, não havendo resposta glicémica ao glucagon. O teste genético molecular permite a confirmação do diagnóstico, inclusive o pré-natal.
Existem quatro subtipos para essa patologia, cuja incidência anual à nascença é de cerca de 1/100,000: tipo Ia, que afeta 80% dos doentes, é caracterizado por uma disfunção na unidade catalítica deste complexo enzimático; tipo Ib, relacionado com o transporte deficiente de glicose6-fosfato; tipo Ic, caracterizado por um defeito no transportador de fosfato do retículo endoplasmático para o citoplasma; e tipo Id, relacionado com uma disfunção da saída de glicose.
O tratamento visa evitar alterações metabólicas profundas, como a hipoglicemia. O paciente deve consumir com grande frequência durante o dia, alimentos que contenham carboidratos, pois os mesmos serão, posteriormente, transformados em glicose. A administração por via intragástrica também pode ser feita, garantindo que o paciente não fique sem glicose. Também é importante que o paciente evite consumir alimentos com frutose e galactose, devido à acidose. Também pode ser feito tratamento farmacológico, com o uso de alopurinol objetivando reduzir o nível de ácido úrico sanguíneo e, consequentemente, diminuir o risco do surgimento de gota. Inibidores de enzima de conversão de angiotensina podem ser utilizados para atrasar a evolução da lesão renal.
Quando o tratamento terapêutico não leva a resultados positivos, o passo seguinte é o transplante hepático. Este, por sua vez, é capaz de corrigir a hipoglicemia, sendo indicado para crianças que apresentam um caso grave da doença, que não respondem bem a uma dieta adequada para o distúrbio.
GLICOGENOSE TIPO II
A glicogenose tipo II, também conhecida como doença de Pompe, é um transtorno neuromuscular raro grave que apresenta diferentes taxas de progressão e muitas vezes pode ser letal. A doença é causada por um gene defeituoso que acarreta a deficiência de uma enzima chamada alfa-glicosidade ácida (GAA), a qual resulta no acúmulo de glicogênio lisossômico (tipo de açúcar armazenado no lisossomo), sobretudo, nas células dos tecidos musculares. Esse distúrbio afeta a capacidade de sustentação e o funcionamento cardíaco e respiratório e pode se manifestar nos primeiros 12 meses de vida ou mais tarde, durante a infância ou adolescência. 
A doença de Pompe distingue-se de outras doenças neuromusculares por apresentar características clínicas específicas, como o início precoce de problemas respiratórios em que a pessoa sente cansaço fácil e tem o fôlego curto e acontece não porque o pulmão esteja afetado, mas porque os músculos que fazem com que o pulmão funcione não atuam adequadamente. Essa disfunção tem duas formas de apresentação: forma infantil, emcrianças nos primeiros meses de vida (casos bem graves e mais raros) a criança nasce já hipotônica, sente dificuldade de sucção no peito e, além de um comprometimento muscular, também pode ocorrer uma alteração cardíaca, e a sobrevida, em média, não chega nem a dois anos; e a forma tardia, em crianças com idade mais avançada e em adultos, nos quais a doença é um pouco mais branda e a progressão mais lenta, nessa forma, o principal sintoma é a insuficiência respiratória, sendo procedida de fraqueza muscular, geralmente, o coração não é comprometido, mas ainda assim é uma doença progressiva grave. 
O transtorno é confirmado a partir de exames laboratoriais, a começar pelo DBS (dried blood spot), de gota seca, quando é colhido sangue da ponta do dedo e é feita a pesquisa da atividade enzimática, já que a ausência da alfa-glicosidade ácida, que produz energia dentro do músculo, é o que dá origem à doença. Havendo alteração, parte-se para o sequenciamento genético para detectar qual é a mutação que está presente naquele paciente.
Para o tratamento, existe basicamente um medicamento, o qual repõe a enzima que o corpo do paciente não produz a partir de infusões na veia ao longo de algumas horas, com a periodicidade geralmente quinzenal. Ademais, é necessária a reabilitação com fisioterapia e um acompanhamento com pneumologistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, além do neurologista.
Outrossim, a doença de Pompe (glicogenose tipo II), foi tratada no filme “Decisões Extremas” de 2010, retratando a saga do protagonista para salvar dois de seus três filhos que sofrem com o transtorno, o filme foi baseado no livro The Cure (A Cura), da jornalista Geeta Anand, que venceu o prêmio Pullitzer.
GLICOGENOSE TIPO III
 A glicogenose tipo III, designada como doença de Cori, possui hereditariedade autossômica recessiva, e é provocada por uma mutação no gene AGL (1p21). Nesse aspecto, essa alteração origina uma deficiência na enzima desramificadora do glicogênio, a qual detém dois locais catalíticos: amilo-1,6-glicosidade e 4-alfa-glicanotransferase. Com isso, a doença de armazenamento de glicogênio tipo III origina um aumento de glicogênio no citosol celular, que atrapalha a atividade precipuamente do fígado e dos músculos.
 As crianças, acometidas pela doença, desenvolvem hepatomegalia, atraso do crescimento e, pontualmente, convulsões provocadas pela hipoglicemia. Na fase adulta, todavia, a hepatomegalia pode desaparecer. Além disso, de acordo com os sintomas, essa patologia pode ser classificada em quatro subtipos, como o IIIa e o IIIc, os quais lesionam as células hepáticas e musculares, sendo os subtipos mais comuns, e o IIIb e o IIId, que afetam apenas os hepatócitos. 
 Outrossim, a prevalência estimada dessa patologia é de 1/100.000 nascimentos, sendo mais constante na população do norte da África. Nessa óptica, realiza-se o diagnóstico por meio da evidência da deficiência enzimática nos leucócitos frescos, e o tratamento é baseado em uma dieta específica, com alimentação enteral, por sonda nasogástrica nos períodos noturnos. Em casos de hipoglicemia, são recomendados refeições frequentes e suplementos crus de amido. Ademais, para os doentes com miopatia, é também recomendada uma dieta repleta de proteína.
GLICOGENOSE TIPO IV
A glicogenose tipo IV, também conhecida como síndrome de Andersen, é um distúrbio raro no metabolismo do glicogênio, que acomete a enzima amilo-1,4-1,6- transglicosidase, responsável pelo aumento do número de pontos de ramificação durante a formação desse carboidrato. A deficiência dessa enzima de ramificação tem como consequência um acúmulo anormal desse polissacarídeo de reserva energética, principalmente no fígado e nos músculos. 
A doença, com raízes genéticas, é herdada como um traço autossômico recessivo e normalmente tem manifestação durante a infância. No entanto, nas primeiras horas de vida, os neonatos costumam ser assintomáticos, porém, há um período crítico evidenciado quando o bebê inicia alimentação complementar, pois passa a ingerir mais proteínas e a ficar longos períodos de jejum noturno. A biópsia de identificação pode demonstrar uma deposição anormal de materiais semelhantes à amilopectina, porém, o teste para confirmar o diagnóstico requer a detecção de atividade deficiente da enzima por meio de ensaio enzimático. 
 A sintomatologia clássica da doença é tipicamente caracterizada por cirrose progressiva e insuficiência hepática, que pode incluir a hepatoesplenomegalia (aumento do tamanho do fígado e do baço, provocado por uma grande atividade de defesa imunológica do organismo). Além disso, variantes neuromusculares também são presentes, correlacionadas com a deficiência de crescimento, a miopatia (funcionamento insuficiente das fibras musculares que resulta na fraqueza muscular) e a atrofia muscular. Ademais, em alguns casos, pacientes com envolvimento cardíaco desenvolvem miocardiopatia (dilatação ventricular gerando progressiva redução da capacidade de bombear sangue pelos ventrículos), que pode gerar fadiga, dificuldades de alimentação e falta de ar. 
Na maioria dos indivíduos com glicogenose tipo IV clássico, a doença hepática progressiva pode levar a complicações potencialmente fatais, que, em alguns casos, podem ser evitadas com o transplante de fígado, aliado as terapias específicas de suporte.
Portanto, por ser decorrente de alterações de produção e consumo energéticos provenientes de distúrbios do fígado, miocárdio, músculo e cérebro, pode cursar com sintomas graves e fatais, o que ratifica a importância do diagnóstico precoce. 
GLICOGENOSE TIPO V
A doença de McArdle (doença de armazenamento do colágeno do tipo V), é uma miopatia metabólica autossômica recessiva causada por mutações no gene PYGM, levando à deficiência na enzima miofosforilase, a qual é a primeira enzima da cadeia de quebra do glicogênio (glicogenólise). A ausência da enzima impede que o glicogênio seja direcionado para a hidrólise, o que acarreta o acúmulo de glicogênio na forma de vacúolos subsarcolemais (abaixo da membrana externa da fibra) no músculo. Assim, devido à deficiência da enzima que metaboliza o glicogênio para contração muscular durante o exercício, tem-se sintomas de intolerância ao exercício como fadiga incomum e cãibras musculares. Esses sintomas podem ser acompanhados por mioglobinúria e liberação de creatina-quinase do músculo no sangue.
 Assim, sob atividade forte e brusca, o músculo cataboliza glicogênio para obter ATP mais rapidamente (via da glicólise anaeróbia). O ciclo de Krebs, que requer oxigênio, fornece muito mais ATP, mas as reações tomam mais tempo. Na falta da enzima miofosforilase não é possível mobilizar o glicogênio para hidrólise. A fibra entra em carência aguda de ATP, há falha nas bombas iônicas de membrana e pode haver entrada de cálcio e morte da fibra (rabdomiólise).
De modo resumido, pode-se considerar três estágios evolutivos da doença de McArdle: a infância e a adolescência, quando se tem fadiga muscular excessiva após exercícios físicos; entre os 20 e 40 anos, quando se iniciam as cãibras e ocorre mioglobinúria depois de atividades físicas; e após os 40 anos, quando as cãibras e a mioglobinúria tornam-se menos intensas, enquanto que a fraqueza muscular e as amiotrofias ficam evidentes. 
O diagnóstico é confirmado pelos baixos níveis de lactato durante um teste de exercício físico, deficiente atividade enzimática na biópsia muscular, por estudos moleculares que avaliam variações no gene da enzima miofosforilase e um estudo da condução nervosa motora, após curto período de esforço muscular máximo ou ao estímulo repetitivo, pode revelar achados característicos da doença. 
Ademais, os estudos neurofisiológicos mostram que a fisiopatologia da Doença de McArdle também está relacionada com uma disfunção na excitabilidade da membrana da fibra muscular durante a contração, sendo encontradas concentrações reduzidas da bomba de sódio-potássio na membrana da fibra muscular de pacientes com essa glicogenose,provocando aumento da concentração extracelular do potássio. Isso reduz a excitabilidade da membrana durante o período de contração muscular, explicando a diminuição do potencial de ação após esforço e ao estímulo repetitivo. 
Outrossim, embora a doença de McArdle não tenha cura, pode ser controlada com a prática adequada de exercício físico leve, orientada por um fisioterapeuta e, por isso, é possível que os pacientes com este tipo de doença tenham uma vida normal e independente.
Por fim, um caso clínico, relatado por Levy e colaboradores em 1980, retrata um paciente com 36 anos de idade, que apresentou sintomas como urina vermelha, sensação de rigidez e de fraqueza nos membros superiores e inferiores, e fadiga excessiva após esforços físicos. Além disso, não houve aumento da concentração de lactato após exercício do antebraço em condições isquêmicas. 
GLICOGENOSE TIPO VI 
A Glicogenose tipo VI é referida como doença de Hers baseada na previsão do Dr. Hers que as Glycogenosis Storage Diseases são um grupo heterogêneo que acabariam por ser classificados numericamente por tipos e específicos. A doença de Hers é uma deficiência da glicogênio-fosforilase hepática, esta enzima é responsável por catalisar a reação na quebra das ligações glicosídicas (α14) entre dois resíduos de glicose em uma extremidade não redutora do Glicogênio, a qual é atacada por um Pi removendo o resíduo terminal na forma de α -D-glicose-1-fosfato. 
Com isso conclui-se que não há degradação de glicogênio para α-D-glicose-1-fosfato, não havendo assim a regulação do nível sérico de glicose no sangue uma vez que o órgão primordial neste controle é o fígado estimulado pelo hormônio glucagon. A doença que acomete crianças onde a hepatomegalia, retardo no crescimento – desenvolvimento intelectual é normal na maioria dos indivíduos-, hipoglicemia de Ketotic após uma noite de jejum (hipoglicemia cetótica, aspecto marcante deste distúrbio) hipoglicemia leve após jejum prolongado são características dessa patologia, podendo ainda ocorrer acidose lática pós-prandial. Um dado importante é que o risco de adenoma hepático no final da infância ou começo da idade adulta é teoricamente aumentado. Nos aspectos gênicos a fosforilase possui três isoformas conhecidas: no musculo (M), no fígado (L) e no cérebro (B) que são condicionados pelos respectivos genes – PYGM, PYGL E PYGB. As mutações no PYGL, o gene que codifica para a isoforma L daglicogênio fosforilase, acarretam defeito na enzima demonstrando assim que PYGL é o gene responsável pela glicogenose tipo VI (Hers). 
Ademais, o diagnóstico da atividade da enzima glicogênio-fosforilase possa ser constatado em eritrócitos, leucócitos e células do fígado, os resultados falsos negativos são comuns. Dessa forma o método preferido de diagnóstico é o genético, onde é identificada a mutação com base na amplificação da sequência que codifica o gene PYGL a partir do RNA ou DNA do sangue comprovando ou não a existência da patologia. Alguns laboratórios julgam difícil determinar, na análise bioquímica, se um defeito na glicogênio-fosforilase é um problema nela própria ou uma deficiência na fosforilase-quinase – enzima que catalisa a fosforilação da fosforilase (B), inativa, em fosforilase (A), ativa, devido ao fato da atividade da fosforilase ser influenciada por vários fatores como: alostérico, hormonal e neuronal – os quais são difíceis de controlar. Dessa forma, alguns médicos veem a necessidade de realizar um a biopsia no fígado para estabelecer o diagnóstico, bem como esta possibilita identificar as mutações no PYGL (a biópsia é reservada para aqueles indivíduos em que o diagnostico não pode ser confirmado por meio de técnicas de genética molecular). Os tratamentos são visando os sintomas, como na hipoglicemia, onde pequenas refeições frequentes e amido de milho cru uma a três vezes por dia pode normalizar o nível sérico de glicose no sangue e evitar a cetose. Lembrando ainda que as alterações clínicas e bioquímicas geralmente melhoram significativamente com a idade; na maioria dos adultos é assintomático. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em questão da prevenção as manifestações nas complicações secundarias: baixa estatura, puberdade atrasada e osteoporose melhoram ao controle contínuo da concentração de glicose e cetonas no sangue, através do monitoramento de rotina, principalmente durante a gravidez e períodos de maior atividade da doença. Deve-se evitar o excesso de açúcar simples pois aumentara a reserva de glicogênio no fígado que não será catabolizada; não deve -se ministrar glucagon, uma vez que a patologia acomete a enzima que faz a quebra do glicogênio hepático, sem ela não se libera glicose no sangue e sobrecarrega o fígado; tampouco administrar hormônio de crescimento e ainda evitar esportes de contato quando a hepatomegalia estiver presente. 
GLICOGENOSE TIPO VII
A doença de Tarui foi descrita pela primeira vez em 1965 pelo médico japonês Seiichiro Tarui e seus associados, sendo uma doença hereditária, de forma autossômica recessiva, ou seja, ambos os pais são portadores saudáveis ​​de um gene mutado. Desse modo causa alterações (mutações) no gene  PFKM , que é encontrado no braço longo do cromossomo 12, o que significa que a capacidade de decompor a glicose nas células musculares está comprometida. Isso significa que as células musculares não obtêm energia suficiente durante o trabalho muscular e que podem ser danificadas e quebradas. A doença se apresenta em várias formas, sendo mais comum o clássico que já aparece na infância, mas também existe uma forma em que os sintomas começam apenas na idade adulta.
A gravidade da doença varia muito entre pessoas diferentes. Os sintomas típicos são dores musculares, fraqueza muscular e cansaço rápido dos músculos. Cãibras musculares podem ocorrer durante o trabalho muscular intenso. A doença geralmente causa um aumento da degradação dos glóbulos vermelhos, o que pode levar a vários graus de icterícia. O sistema de coagulação também pode ser afetado com um risco aumentado de coágulos sanguíneos e complicações do coração e vasos sanguíneos.
A doença de Tarui pertence ao grupo das doenças metabólicas do glicogênio (glicogenoses) e deve-se à falta de função da enzima fosfofrutocinase. A enzima é necessária para que as células musculares obtenham energia por meio da quebra da glicose. Outros nomes são glicogenose tipo VII e deficiência de fosfofrutocinase.
Não há cura, mas muitos dos sintomas podem ser aliviados com medicamentos. É importante evitar esforços musculares extenuantes. É uma das doze glicogenoses conhecidas. Exemplos de outras pessoas que apresentam um quadro de sintomas semelhantes são a glicogenose tipo II ( doença de Pompe)  e a doença de McArdle (glicogenose tipo V). 
GLICOGENOSE TIPO VIII
A glicogenose tipo VIII,é uma doença hereditária recessiva,ligada ao cromossomo X.Essa patologia é proveniente do mal funcionamento de uma enzima hepática denominada de fosforilaste-b-quinase que atua como catalisador na degradação do glicogênio intracelular e pode ser causada por três diferentes subunidades(PHKA2,PHKB,PHKG2).Assim,afetando o processo de síntese de glicogênio e sua quebra no fígado.
 Ademais,essa enfermidade é manifestada principalmente na infância de forma benigna e muitas vezes completando a resolução dos seus sintomas na puberdade.Os indivíduos que possuem essa doença apresentam como sintomas mais notáveis o desenvolvimento de uma hepatomegalia-crescimento do fígado deixando o abdômen mais saliente-e níveis aumentados dos lipídios assim como de aminotransferase .Em raros casos os pacientes apresentam situações mais complicadas que incluem hipoglicemia de jejum sintomático e histologia hepática anormal podendo progredir para uma cirrose. 
 O diagnóstico pode ser realizado a partir de exames físicos ,porém para possuir maior precisão é necessário a análises do tecido hepático do pacientee a observação dos níveis da enzima transaminases e de lipídios no sangue após ocasiões de hipoglicemia.Quanto ao tratamento, pode ser feito por meio de suplementos nutricionais,a exemplo da do amido na dieta em um intervalo de tempo entre 2 e 4 horas.
GLICOGENOSE TIPO IX
A glicogenose do tipo IX, também conhecida como doença do armazenamento (GSD) por deficiência de fosforilase cinase, é uma doença recessiva ligada ao cromossomo X e, por isso, mais comum de ocorrer em homens. Com prevalência na infância, esta doença é caracterizada pela deficiência da enzima fosforilase-quinase hepática ou da fosforilase-quinase muscular, enzimas que desempenham um papel fundamental na regulação da glicogenólise já que é necessária para a ativação da enzima glicogênio fosforilase. A enzima hepática, a qual a deficiência é mais comum, consiste em quatro subunidades (alfa, beta, gama e delta) que, dependendo de qual é afetada, irá interferir na variedade dos sintomas apresentados. 
Dessarte, os sintomas relacionados à deficiência da enzima hepática são aparecimento precoce de hepatomegalia, atraso de crescimento e, frequentemente, cetose e hipoglicemia em jejum. Quanto à enzima muscular as manifestações são intolerância ao exercício, mialgia, cãibras musculares, mioglobinúria e fraqueza muscular progressiva. 
Ademais, o diagnóstico bioquímico pode ser realizado através da quantificação da atividade da fosforilase-quinase em células sanguíneas ou de biópsia hepática ou muscular. As transaminases séricas também podem estar elevadas e um teste genético é útil para confirmar ou estabelecer o diagnóstico. 
A glicogenose tipo IX pode ser controlada pela regulação nutricional, havendo a necessidade de suplementar a dieta com amido.
GLICOGENOSE TIPO X
 A glicogenose tipo X,é um distúrbio considerado raro que possui um padrão de herança provavelmente autossômico recessivo que caracteriza-se pela deficiência na enzima fosfoglicerato mutase atuando na conversão do 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato através de um intermediário 2,3-bisfoafoglicerato .Dessa forma, promovendo um acúmulo de glicogênio nos músculos do paciente.
 Outrossim, os indivíduos acometidos por essa doença apresentam como sintomatologia padrão a mialgia, cãibras musculares, fraqueza e mioglobulina depois de exercícios intensos -fator que pode acarretar insuficiência renal-.Apesar de serem alterações patológicas inespecíficas, não estão presentes nas outras glicogenoses. 
 Portanto,o diagnóstico de tal enfermidade, ocorre através de biópsias musculares que são capazes de identificar o glicogênio presente nos músculos associados aos agregados tubulares provenientes do retículo sarcoplasmático.Tal glicogenose, não possui um tratamento específico, mas o aconselhável é que seja evitado a prática de exercícios físicos de alta intensidade .
GLICOGENOSE TIPO XI
A glicogenose tipo XI, designada como síndrome de Fanconi-Bickel, possui hereditariedade autossômica recessiva, e é, aparentemente, causada por um defeito na proteína transportadora de glicose 2 (GLUT2), a qual mobiliza a glicose e a galactose no fígado e na membrana basolateral do túbulo proximal do néfron, e não na atividade da enzima glicose-6-fosfatase. Dessa maneira, há a acumulação de glicogênio no fígado e nos rins, já que ocorre o distúrbio no armazenamento do glicogênio.
 Os indivíduos acometidos pela doença geralmente apresentam crescimento lento, poliúria, ossos enfraquecidos, raquitismo, hepatoesplenomegalia e acidose tubular renal proximal. Além disso, dentre as manifestações clínicas, há defeitos dos polegares, ausência ou hipoplasia, normalmente bilateral, baixa estatura, manchas cutâneas. E, nos adultos, é comum a existência de esteopenia ou esteoporose.
 Nessa perspectiva, o diagnóstico preciso só pode ser alcançado por meio de exames laboratoriais que testem o DNA do paciente, em sua capacidade de reparação de danos ocasionados por agentes químicos altamente potentes e mutagênicos. Ademais, para tratamento dos sintomas é imprescindível que haja a neutralização da acidose sanguínea, para a doença renal, é fundamental a reposição da água e dos eletrólitos perdidos pelos rins. Outrossim, os suplementos de vitamina D e de fosfato podem ajudar a prevenir o enfraquecimento dos ossos. Com isso, como as pessoas com síndrome de Fanconi-Bickel têm problemas para transportar a glicose pelo corpo, recomenda-se que esses indivíduos consumam, principalmente, frutose como seu principal carboidrato. 
GLICOGENOSE TIPO XII 
A glicogenose tipo XII, uma doença rara de raízes genéticas,com manifestação autossômica recessiva, é derivada da deficiência de aldolase, causada pela substituição de um único aminoácido dentro da estrutura tetrâmica da enzima aldolase A, que gera alterações no sequenciamento do gene ALDOA. 
Essa enzima é existente, principalmente, nos glóbulos vermelhos (hemácias) e nos músculos, portanto, sua ausência está associada a um quadro de miopatia (doença muscular em que as fibras musculares não funcionam, resultando em fraqueza muscular) e anemia hemolítica hereditária (ruptura das hemácias, também conhecido como hemólise, antes da sua vida normal de 120 dias). 
Assim, decorrente da diminuição na concentração de hemoglobina e hematócrito, a oxigenação de tecidos fica comprometida, ocasionando uma intolerância ao exercício e fraqueza após doença febril. Além disso, também pode ser observada rabdomiólise (lesão muscular com liberação de conteúdo intracelular) com elevações da creatina quinase (enzima responsável por catalisar a conversão da creatina e consumir ATP para criar fosfocreatina e ADP), aspartato aminotransferase (enzima transaminase que catalisa a conversão da porção nitrogenada de um aminoácido para um resíduo de aminoácido ), alanina aminotransferase (estas enzimas são liberadas no sangue em grandes quantidades quando há dano à membrana do hepatócito, resultando em aumento da permeabilidade), lactato desidrogenase (participa do processo de transformar a glicose em energia das células de animais, plantas e até de bactérias) e bilirrubina (substancia amarelada encontrada na bile). Esse aumento da bilirrubina em específico pode é um dos responsáveis pela icterícia presente em muitos dos pacientes. Ademais, o diagnóstico é através de testes bioquímicos e hematológicos.

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