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Atividade 3

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Departamento de Letras
Literatura e Nacionalidade – Turma LET 1847 1DA
Aluna: Raquel Bauer Gomes da Silva Mat: 1620986 Prof: Marília Rothier
Proposta de Atividade 3 – Comparação da lira I de Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga e do soneto “Ó tu do meu amor fiel traslado” de Gregório de Matos
É possível perceber na lira I de Marília um eu-lírico apaixonado, que versa de maneira simples esse amor tão puro. Importante frisar que esse amor é proibido e de cunho biográfico e é perceptível logo nos primeiros versos. O culto às musas é uma característica forte do Neoclassicismo, assim como o amor proibido e impossível, como também é notável no soneto de Gregório de Matos, mas que escolhe outra linguagem, própria do barroco, exagerada ao falar do amor justamente para descrever o sentimento como uma angústia, que desassossega, ao passo que a lira o descreve com tranquilidade.
A beleza de Marília é um ideal, descrito em cada detalhe ao longo da obra, deixando claro a admiração de Dirceu pela amada. Essa também é uma característica mais árcade, assim como as referências feitas às atividades do campo, de maneiras mais simples. É perceptível que as formas de amar uma mulher se diferem nos movimentos literários, na utilização das palavras e no olhar do simples, apesar que ambos poetas tem em suas musas um amor impossível, cada um a sua razão. Entre Marília e Dirceu, havia uma simplicidade no sentimento, mas, ao longo da obra, percebe-se uma diferença de idade entre os dois e o que os afasta seria uma proibição familiar. O que marca a primeira lira é justamente esse bucolismo, uma natureza idealizada, primaveril, encantadora, alegre. É nesse cenário acolhedor de vida tranquila e em um cenário de campo que se imagina uma vida inteira ao lado de sua amada, de um amor que transcende, que servirá de exemplo à outros pastores, que causará até mesmo inveja, porque não há bens que possa compra-lo. 
Já o amor de Gregório também era impossível, a amada também inalcançável, mas a moça não era santa e intocada como Marília e nem teve sua beleza admirada pelo poeta. Ao que percebe-se, o amor do poeta era uma mulher que já fora de outros homens e que se aqueceu nos braços de outros, mas manteve-se fria ao lado dele, o que faz com o ele deseje a sua morte, já que ela é a única saída para curar o poeta da angústia que é amar. A amada era uma mulher quente, mas ao poeta, restava o pouco do fogo que a mantinha acesa e, pior, o rejeitava. Ainda assim, lhe mantinha fiel o sentimento de amor, apesar das diferenças que tinham: ele a amava, ela não o amava. Isso leva também a escolha de Gregório por uma linguagem mais amarga e sentida, já que a rejeição é difícil de sentir e foi necessário transparecer nas palavras esse sentimento.
Apesar da proximidade da temática, ambos tratam de formas diferentes, primeiramente pelo óbvio, são de movimentos literários distintos, mas percebo também que são visões românticas de quem tem seu amor baseado na ilusão e na rejeição. Enquanto Dirceu mantém seu sentimento no bucolismo, na simplicidade, onde nada pode magoá-lo ou desfazer o seu ideal romântico, o eu lírico de Gregório vive esse sentimento de forma carnal, arriscando-se a sentir todas as amarguras e delícias que o sentimento amoroso pode trazer. Esse dualismo de que o amor e o ódio estão juntos no mesmo sentimento, uma característica do barroco, se abranda no Neoclássico, onde o amor passa a ser um sentimento mais sublime.

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