Buscar

Texto 1 - A gênese do Serviço Social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Capítulo 1 – A GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL 
Trecho do trabalho de conclusão de curso de graduação de Letícia Pereira Dourado 
 
O presente estudo pretende abordar inicialmente a trajetória histórica do 
Serviço Social, que está ligada a um contexto, uma realidade social, econômica 
e política que sempre esteve em movimento, e que por isso, nem sempre será 
possível analisar os acontecimentos a partir de uma ordem cronológica 
retilínea, uma vez que o principal objetivo não é a periodização exata dos fatos, 
mas a apreensão de seus significados na trajetória da profissão. 
Julga-se pertinente ainda, considerar o fato de que se faz necessário 
explanar, mesmo que de forma breve e a título de contextualização, a respeito 
da ascensão da sociedade capitalista, uma vez que este fato está intimamente 
relacionado à gênese da profissão, seu desenvolvimento e constituição. Assim, 
através de um resgate da trajetória histórica da profissão busca-se aqui se 
apossar dos subsídios teóricos necessários para a análise do objeto em 
questão, ou seja, a prática profissional do assistente social. 
A partir da sociedade de classes e o surgimento da pobreza, sempre 
existiu algum tipo de ajuda ou assistência aos pobres e mais necessitados. Na 
Antiguidade Clássica, século VIII a.C. até meados do século V d.C, além dos 
escravos que eram totalmente despossuídos, havia também pessoas livres e 
pobres, sendo que a pobreza existia de forma mais visível apenas entre as 
viúvas e as crianças abandonadas. Todavia, com exceção destes segmentos, 
não havia pobreza tal como se conhece hoje, uma vez que a economia 
baseada na agricultura e pecuária de subsistência oferecia possibilidade de 
sustento à maioria das pessoas. A assistência a esses pobres, velhos e 
abandonados era exercida pela própria família, tribo, parentes e amigos sem 
nenhum tipo de regulamentação, sendo que as ações existiam de acordo com 
a necessidade. A sociedade mítica e lendária desta época acreditava que a 
miséria era castigo dos deuses, e a idéia de prevenção e reabilitação era 
praticamente desconhecida. Os governos não se responsabilizavam pelas 
pessoas pobres, e não realizavam nenhum tipo de ação assistencial, exceto 
nos períodos de catástrofes e calamidade pública. 
Em 312 d.C. o Cristianismo foi definido como a religião oficial pelo 
Império Romano em seus domínios, a sociedade deixa de ser mítica e lendária 
e se torna religiosa, trazendo a ideia de que todos os homens são irmãos, 
independentes da nacionalidade ou raça. A Igreja difundia a caridade entre os 
ricos como salvação, incentivando a prática da assistência, se justificando 
através da idéia de fazer o bem para que quando precise encontre quem o 
ajude, e pregando a caridade como uma virtude que lhe renderia méritos para a 
vida eterna. 
Um dos organizadores da doutrina assistencial da Igreja ainda no século 
XIII foi Tomás de Aquino, que desenvolveu a filosofia Tomista onde Deus é a 
fonte de todos os seres humanos, o homem é formado de corpo e alma e se 
distingue dos outros seres pela sua racionalidade, dignidade e capacidade de 
escolha, assim, o homem é considerado um ser perfeito e superior que com 
sua inteligência buscará as virtudes, o bem e o fim último que é Deus. 
Posteriormente a filosofia Tomista seria apropriada pelo Serviço Social 
como o Neotomismo, sendo uma nova roupagem do pensamento de Tomás de 
Aquino (AGUIAR, 1995). 
No século XV o início da ciência e a descoberta de novos continentes 
representavam a aurora dos tempos modernos. O enfraquecimento do sistema 
feudal favoreceu o desenvolvimento urbano, com o crescimento do comércio e 
da industrialização houve um grande movimento de migração dos 
trabalhadores do campo para os grandes centros industriais, a população 
aumentou e o número de necessitados também, impelindo o sistema a 
organizar formas concretas de socorro aos pobres. 
O fato mais significativo para as alterações que vinham ocorrendo não 
só na técnica do trabalho, mas principalmente na economia, no âmbito social e 
político eram as Revoluções Industriais, que segundo Bottomore (2001, p.53) 
tiveram início com o aparecimento de máquinas movidas por energia não-
humanas, surgiram na Inglaterra nas indústrias de algodão e posteriormente se 
expandiram por outras indústrias e continentes, universalizando principalmente 
o uso da máquina a vapor. Seus maiores efeitos na sociedade foram 
percebidos na primeira metade do século XIX, fazendo instituir-se o modo de 
produção capitalista. 
O capitalismo surgiu originalmente na Europa Ocidental sendo a 
denominação de um modo de produção profundamente antagônico e repleto de 
contradições que consiste em: 
 
[...] um modo de produção em que o capital, sob suas diferentes 
formas, é o principal meio de produção. O capital pode tomar a forma 
de dinheiro ou de crédito para a compra da força de trabalho e dos 
materiais necessários à produção, a forma de maquinaria física (capital 
em sentido estrito), ou, finalmente, a forma de estoques de bens 
acabados ou de trabalho em processo. Qualquer que seja a sua forma, 
é a propriedade privada do capital nas mãos de uma classe, a classe 
dos capitalistas, com a exclusão do restante da população, que 
constitui a característica básica do capitalismo como modo de 
produção. [...] produção para a venda e não para uso próprio, por 
numerosos produtores [...] existência de um mercado onde a força de 
trabalho é comprada e vendida, em troca de salários em dinheiro 
(BOTTOMORE, 2001, p.51 – 52). 
 
Karl Marx e Friedrich Engels, os principais teóricos a construir uma 
crítica ao capitalismo, sempre o analisaram em um contexto mais amplo 
enfatizando a luta de classes como a chave para a compreensão da história e 
como o principal instrumento de transformação da sociedade. É nesta 
perspectiva que se pretende analisar a sociedade capitalista e o surgimento do 
Serviço Social como uma profissão que, inicialmente, tinha o objetivo de 
controlar e minimizar estas lutas e manifestações. 
Com a ascensão do capitalismo instituiu-se uma nova sociedade de 
classes que Martinelli define: 
 
[...] como uma forma peculiar de sociedade de classes fundada sob a 
compra e venda da força de trabalho, revelou desde logo sua força 
opressora em relação ao proletariado. Com o capitalismo se institui a 
sociedade de classes e se plasma um novo modo de relações sociais, 
mediatizadas pela posse privada de bens. O capitalismo gera o mundo 
da cisão, da ruptura, da exploração da maioria pela minoria, o mundo 
em que a luta de classes se transforma na luta pela vida, na luta pela 
superação da sociedade burguesa (MARTINELLI, 2007, p.54). 
 
Surgem duas novas grandes classes, a classe proletária formada por 
trabalhadores que vendem sua força de trabalho, e a classe burguesa formada 
pelos donos das fábricas, máquinas e capital. A situação de miserabilidade, 
opressão e exploração a que foi submetida a classe operária, era, por um lado, 
a garantia de obediência aos patrões e de execução do trabalho sem 
questionamentos, ao mesmo tempo, representava a possibilidade de emersão 
de problemas sociais e políticos que ameaçavam a ordem, devido ao 
descontentamento dos trabalhadores. 
Esta ameaça, e a iminência de manifestações por parte dos operários 
fez com que a classe burguesa, recém chegada ao poder, começasse a se 
preocupar e a dar atenção à situação dos trabalhadores, visando minimizar 
seus sofrimentos e insatisfações, como forma de defesa do poder e 
manutenção da ordem. 
A Igreja Católica que sempre fora tradicionalmente responsável pela 
caridade enfrentou problemas com a Reforma Protestante, movimento iniciado 
no século XVI por Martinho Lutero, na Alemanha, através da publicação de 95 
teses que questionavam doutrinas e ações da Igreja, e propunha uma reforma 
religiosa. Lutero estabelecia também que a organização e a prática da 
assistência deveriam ser também uma responsabilidadedo Estado, que as 
ações religiosas viriam complementar. O resultado da Reforma foi o 
rompimento da unidade religiosa e a divisão da Igreja em dois seguimentos, o 
primeiro da Igreja Católica que permaneceu no exercício da caridade, e o 
segundo do Protestantismo que se baseava na filantropia e buscava organizar 
a assistência. A Reforma também resultou na libertação do homem do controle 
religioso e metafísico para prevalecer sua razão, tornando mais difícil para a 
Igreja administrar e manter suas obras de caridade (VIEIRA, 1980). 
Por compartilharem de alguns interesses da burguesia, pela primeira 
vez, Estado e Igreja assumiram, junto à sociedade, a responsabilidade de 
manter a ordem. O Estado exerceu sua tarefa através da imposição da paz, 
ainda que por meio da violência, e a Igreja fez sua parte através de suas obras 
sociais. Assim surgiram as primeiras manifestações do que mais adiante iria se 
tornar a profissão Serviço Social. 
Neste período as ações assistenciais eram realizadas sem nenhuma 
teorização, regulamentação ou organização, e se justificavam apenas pelas 
questões religiosas ou ideológicas, e pelos interesses particulares de cada 
seguimento da sociedade em manter e desenvolver o capitalismo, e evitar 
perturbações da ordem social tal como ela estava estabelecida. 
Segundo Estevão (1999) somente a partir da segunda metade do século 
XIX é que surgiriam as primeiras formas de caridade organizada com um 
esboço de técnica, uma vez que as formas de assistência existentes se 
tornaram insuficientes diante das demandas da nova sociedade estabelecida. 
Esta estrutura social configura o quadro ideal para o surgimento dos chamados 
precursores do Serviço Social, que buscaram contribuir com a reorganização 
da assistência após a Reforma Protestante. 
Um personagem notável dentre os precursores do Serviço Social foi 
Juan Luis Vives, nascido em 1492 na Espanha. Descendente de família nobre 
viveu na pobreza durante toda a vida ingressando no mundo das letras 
escrevendo sobre Filosofia. Vives não foi apreciado nem compreendido em 
vida, suas idéias eram consideradas muito adiantadas para sua época. Foi o 
autor do primeiro tratado de Serviço Social, “De subvencione pauperum” ou “Da 
assistência aos pobres” em 1525, que apresentava a doutrina de que o socorro 
aos pobres deveria ser baseada na justiça, a esmola não deveria ser 
esporádica, mas um auxílio para resolver a situação de pobreza do indivíduo, 
acreditava que a melhor maneira de ajudar o pobre era treiná-lo e dar a ele 
instrumentos para trabalhar e prover seu próprio sustento, defendia a ideia de 
que a assistência deveria ser prestada a todos que dela necessitassem de 
maneira específica e de acordo com a necessidade de cada um, sugeriu a 
organização de medidas previdenciárias para os trabalhadores em caso de 
doença, desemprego e velhice, e de medidas que evitassem a mendicância 
profissional. Vives acreditava que isso só seria possível com um trabalho 
conjunto de Igreja e Estado, e com a cooperação entre as várias associações 
de caridade (KISNERMAN, 1983 e VIEIRA, 1980). 
Vicente de Paulo, que no início do século XVII ainda não era 
considerado santo pela Igreja Católica, foi outro precursor do Serviço Social. 
Foi dele a primeira tentativa de organizar a prática da caridade dentro da Igreja 
Católica a partir de uma convocação aos fiéis para socorrer uma família da 
comunidade que passava por dificuldades. Foram tantas doações recebidas 
que Vicente de Paulo percebeu a necessidade de organizar a distribuição para 
evitar desperdícios e perdas, principalmente dos alimentos. Assim, foram 
sistematizadas as visitas às famílias carentes e cada uma era assistida 
conforme suas necessidades. 
Com a ajuda de Luísa de Marilacc, Vicente de Paulo criou as “Damas de 
caridade” em 1617 que era uma organização que visava sistematizar a 
distribuição de socorros e organizar a reabilitação de pedintes com auxílio 
caridoso das senhoras da sociedade. Essas “damas” tiveram algumas 
dificuldades com o trabalho de orientação dos pobres durante as visitas que 
faziam às casas dos necessitados, já que em suas próprias casas tinham 
muitas serviçais que faziam todo o trabalho. Para resolver esse problema, em 
1633, Vicente de Paulo e Luísa de Marilacc tiveram a idéia de recrutar e formar 
moças camponesas para a assistência aos pobres, criando as “Filhas da 
caridade” e dando o primeiro passo para a profissionalização do exercício da 
caridade, sem excluir o aspecto espiritual e religioso (KISNERMAN, 1983 e 
VIEIRA, 1980). 
No início do século XVII a mendicância nos países europeus tocados 
pelo desenvolvimento capitalista aumentara muito. Os mendigos vagavam de 
cidade em cidade pedindo abrigo, comida, ajudas, e esta prática tornou-se uma 
profissão. Para assistir aos pobres, várias cidades tomaram iniciativas de criar 
regras e estabelecerem ações, além de proibir a mendicância. 
Dentre essas regras e ações destaca-se a Poor’s Law, ou Lei dos 
Pobres, que Vieira analisa como: 
 
Talvez a primeira legislação visando à assistência social, mas 
certamente a que alcançou maior repercussão foi a Poor’s Law, 
promulgada em 1601 pela Rainha Elizabeth I, da Inglaterra e pela qual 
cada município devia tomar conta de seus pobres. Esta lei pretendia 
restringir a andança dos mendigos profissionais pela Grã-Bretanha e 
facilitar a repartição e a fiscalização das esmolas. Sua influência se faz 
sentir até hoje nos sistemas de assistência da Inglaterra e dos Estados 
Unidos, nos quais, para que alguém usufrua determinados benefícios, 
é necessário que tenha residido na comunidade durante certo número 
de anos (VIEIRA, 1980, p.40). 
 
Após a Poor Law com seu caráter extremamente repressivo, vários 
outros países legislaram sobre a assistência aos pobres. Essas medidas 
podem ser consideradas como os primórdios das políticas sociais. 
Era cada vez maior a demanda por assistência aos pobres, o que 
resultou na ampliação dessas práticas também por entidades particulares e 
pela sociedade de leigos, como o jovem Frederico Ozanam na França, que 
junto a um grupo de companheiros desenvolvia o exercício da caridade através 
da criação das Conferências de São Vicente de Paulo (KISNERMAN,1983 e 
ESTEVÃO, 1999). 
A Igreja, os leigos, o Estado e as entidades particulares, agindo de forma 
isolada não estavam conseguindo suprir as necessidades do povo, era preciso 
organizar e administrar a assistência, para isso surgiu a COS - Charities 
Organization Society, que era a Sociedade de Organização da Caridade, em 
1869 na cidade de Londres e em 1877 nos Estados Unidos, tinha o objetivo de 
organizar e coordenar os trabalhos das obras assistenciais para que não 
houvesse duplicidade e desperdícios, além da tarefa de formar pessoas para 
realizarem trabalhos sociais junto às comunidades. A criação da COS 
representa o início da institucionalização da profissão de assistente social e o 
surgimento dos primeiros cursos de formação profissional. 
 
[...] Nos fins do século XVIII, um fato novo sacode o mundo: surge na 
Inglaterra a máquina a vapor, marcando o início do que se denominou 
‘Revolução Industrial’. A máquina irrompe no cenário social e começa a 
inundar o planeta com seus produtos. E o primeiro deles é uma nova 
classe social: a classe operária; entre seus produtos secundários, 
contam-se a formação dos grandes e superpovoados conglomerados 
em torno dos centros industriais, a miséria, a exploração... Esta 
avalanche de problemas sociais fez com que se tornassem irrisórios os 
meios que, para equacioná-los, apoiavam-se no ‘fazer o bem em nome 
do bem’. Em face da superação destas formas de ação social, surge (a 
necessidade) do método, requer-se a técnica (BARREIX apud 
CASTRO, 2003, p.33). 
 
Em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII promulgou a encíclica Rerum 
Novarum que pela primeira vez colocava a Igreja Católica em uma discussão 
que extrapolava oslimites da religião e abordava problemas de ordem social. O 
texto deste documento centralizava suas idéias nas relações de trabalho e de 
forma sutil avaliava o papel do Estado e dos católicos na função de conter o 
avanço das idéias socialistas (CASTRO, 2003). 
Considera-se importante pensar em como e porque surge uma 
profissão, para que se possa compreender suas características e 
particularidades. Para Estevão (1999) uma profissão surge quando se torna 
socialmente necessária, para que seja instituída como profissão é necessário 
que ela se legitime pela sua eficácia social e/ou política. Isso aconteceu com o 
Serviço Social, a prática da assistência se legitimou enquanto profissão a partir 
da necessidade da sociedade capitalista. 
Martinelli (2007) discute a identidade atribuída à profissão no contexto 
de seu surgimento pelo capitalismo, e a alienação dos profissionais e usuários 
torna-se condicionada por esta identidade: 
 
A origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca profunda 
do capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes – 
alienação, contradição, antagonismo –, pois foi nesse vasto caudal que 
ele foi engendrado e desenvolvido. É uma profissão que nasce 
articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, [...] 
produzida pelo capitalismo industrial, nele imersa e com ele identificada 
(MARTINELLI, 2007, p.66). 
 
A autora discute ainda o movimento de negação desta identidade 
atribuída e de superação da alienação, como um processo de ruptura do 
Serviço Social com suas origens burguesas, e de estabelecimento de um novo 
compromisso com uma prática social que se caracteriza pelo questionamento 
da sociedade e pelo compromisso com as causas dos trabalhadores. Este 
movimento, denominado Movimento de Reconceituação foi extremamente 
importante para o processo de maturação e desenvolvimento da profissão, e 
será discutido com ênfase no segundo capítulo deste estudo.

Outros materiais