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TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Affonso Introdução à administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os princípios da administração e a sua relação com os gestores. Explicar as funções da administração. Diferenciar eficiência de eficácia. Introdução A administração existe há muito tempo, mas sofreu forte impulso a partir do século XX, influenciando o mundo todo. De lá para cá, muitos estudos foram realizados, gerando conhecimentos que visam a ajudar os admi- nistradores a entender melhor os processos e as práticas administrativas. Neste capítulo, você vai estudar o conceito e os princípios da admi- nistração. Também vai conhecer as suas funções e atividades. Por fim, vai ver as diferenças entre eficiência e eficácia. Conceito e princípios da administração Ao longo de toda a história, o ser humano vem buscando os melhores resultados em suas ações a fi m de atender às suas necessidades. Quando aprendeu a unir esforços, juntar pessoas, trocar ideias e experiências e trabalhar em conjunto, o homem inventou a organização: forma estruturada de trabalhar, criar, projetar, produzir e distribuir bens e serviços. Dessa forma, o mundo contemporâneo é um mundo de organizações. Tudo o que a sociedade necessita para viver é inventado, projetado, desenvolvido, produzido e comercializado por organizações. Você pode considerar que as organizações são formadas por grupos de pessoas que se juntam para alcançar objetivos comuns, atuando de modo estruturado. Afi nal, de forma isolada não conseguiriam atingir esses objetivos, dada a complexidade e a variedade de tarefas envolvidas no trabalho (MORGAN, 2002). As organizações são agrupamentos humanos construídos e reconstruídos com a intenção de atingir determinados objetivos, ou seja, são unidades sociais que podem ser reestruturadas e redefinidas à medida que os objetivos são alcançados, ou que surgem melhores meios de atingi-los com menor custo, tempo e esforço. Dessa forma, a organização é uma unidade inacabada, uma vez que está sujeita a mudanças contínuas (CHIAVENATO, 2014). Se as organizações crescem, o número de pessoas que atuam nelas também aumenta, provocando aumento no número de relações entre elas e comple- xificando o cenário. Você deve notar que um dos principais objetivos das organizações é produzir algo de que a sociedade necessita. Quando a sociedade aceita aquilo que é produzido para satisfazer suas necessidades, a organização assume uma função social. Você já pensou em quantas pessoas dependem das organizações para sobreviver? Quantas dependem do salário que recebem para manter a sua família? Todos os seres humanos dependem delas, não é? A história das organizações compreende seis fases, como você pode ver na Figura 1. Figura 1. Fases históricas das organizações. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014). Atualmente, as organizações funcionam em ambientes diferentes e cercadas por fatores econômicos, políticos, sociais, legais, tecnológicos, culturais e Introdução à administração2 demográficos que imprimem a elas maior complexidade. Esses fatores são dinâmicos e mudam o tempo todo, trazendo certa instabilidade ao ambiente, que influencia e é influenciado pelas organizações. Contudo, você deve notar que as organizações não são autônomas ou autossuficientes, ou seja, elas precisam ser administradas para sobreviver, crescer e ser bem-sucedidas. É por meio da administração que as organizações são ajustadas e conduzidas para o alcance dos resultados pretendidos. Dessa forma, administração e organizações andam de mãos dadas e não existem isoladas umas das outras (MAXIMIANO, 2012; CHIAVENATO, 2014). A palavra “administração” tem origem latina. O prefixo ad significa “di- reção para”, “tendência para”; e minister é um comparativo de inferioridade cujo sufixo ter significa subordinação ou obediência. Ou seja, administração é a função desenvolvida sob o controle de outro; é um serviço prestado a outro. No entanto, para entender o significado do termo, é necessário ir além da interpretação da palavra, compreendendo o papel da administração nas organizações e na sociedade. Você já pensou em como a administração afeta a sua vida? Já parou para pensar que exerce funções de administração em seu dia a dia, fora das organizações? A administração foi a responsável pelo desenvolvimento econômico e tecnológico no mundo, mostrando como inovações, tecnologias e ferramentas podem ser utilizadas e transformadas em resultados. Não é à toa que a admi- nistração é considerada uma das mais importantes áreas da atividade humana. Ela lida com toda a complexidade que envolve as organizações, com mudanças e com o incerto cenário contemporâneo. Seu papel principal é fazer com que “as coisas aconteçam” por meio das pessoas, da combinação e da integração de vários recursos. Sem ela, as organizações não conseguiriam atingir seus objetivos (CHIAVENATO, 2014). Assim, a administração pode ser vista como uma ciência, uma técnica e uma arte. Ciência porque possui princípios bem definidos e tem por base conhecimentos científicos; técnica porque produz ferramentas para a obtenção de resultados; e arte porque, além de o administrador lidar com situações concretas, necessita lidar também com situações incertas e inesperadas. Entre essas situações estão conflitos entre as pessoas, recursos escassos, insatisfação dos funcionários e outros fatores internos e externos. Dessa forma, a administração tem como missão compreender e inter- pretar os objetivos estabelecidos pela organização. Ela deve realizar ações que permitam o alcance dessas metas. Isso se dá por meio de planejamento, organização, direção e controle dos esforços gerados nos diversos âmbitos da organização (SILVA, 2013). 3Introdução à administração Você sabia que a administração, apesar de existir desde o início dos tem- pos, sofreu forte impulso no século XX, influenciando o mundo todo? Nessa época, a complexidade crescente das organizações exigia a adoção de novos conhecimentos que as ajudassem a compreender os problemas administrativos que surgiam. Dessa perspectiva, todas as teorias administrativas elaboradas nesse período foram bem-sucedidas, pois apresentaram soluções específicas para tais problemas. A administração começou a ser estruturada em meados do século XIX. Inicialmente, surgiram os estudos de Frederick Taylor, que criou um modelo de administração baseado na aplicação de métodos científicos para a resolução dos problemas. Além dele, se destaca Henry Fayol, que idealizou a teoria clássica da administração. Mais tarde, surgiram vários estudos que elaboraram teorias da administração. Você pode considerar que esse é um conjunto de conhecimentos organizados e produzidos por meio da observação e da análise crítica das práticas das organizações. Esses estudos se valem de afirmações e regras estruturadas para explicar a realidade e ajudar as organizações a se adaptarem às mudanças contínuas, necessárias à sua sobrevivência (MAXIMIANO, 2012). As teorias da administração mais importantes e que contribuíram para o desenvol- vimento das organizações são: teoria clássica da administração; teoria da burocracia; teoria das relações humanas; teoria comportamental; teoria estruturalista; teoria dos sistemas; teoria neoclássica da administração; teoria comportamental; e teoria da contingência (SCHULTZ, 2016). Os conhecimentos práticos gerados desde que as organizações existem vêm contribuindo para a criação de acervos teóricos e empíricos e sendo refinados ao longo dos tempos. Tanto que algumas teorias, além de gerarem novos conhecimentos, mantiveram os princípios de outras teorias, aperfeiçoando-os com novas ideias. Um exemplo disso é a versão modernizada dos princípios da administração científica de Taylor apresentada por Chiavenato (2014): princípio do planejamento — substitui a improvisação por métodos científicos; princípio do preparo— visa à seleção do melhor trabalhador para cada tarefa, ensinando-o e treinando-o para produzir mais e melhor; e ao Introdução à administração4 preparo de máquinas e equipamentos de produção, o que inclui arranjo físico, ferramentas e materiais adequados; princípio da execução — visa a delegar atribuições e responsabilidades de forma precisa para disciplinar a execução do trabalho; princípio do controle — controla a execução do trabalho; princípio da exceção — determina que apenas as ocorrências fora do padrão devem chamar a atenção do gerente para que sejam corrigidas. Fayol, por sua vez, apresentou 14 princípios gerais da administração. Entre eles, você pode considerar os seguintes (MAXIMIANO, 2012): princípio da divisão do trabalho — marcado pela especialização neces- sária para a eficiência na utilização das pessoas e pela determinação de tarefas específicas a cada um dos órgãos que compõem a estrutura da organização; princípio da autoridade e da responsabilidade — a autoridade e o poder são consequência da posição ocupada pela pessoa, da mesma forma que o direito de dar ordens e ser obedecido; a responsabilidade é con- sequência natural da autoridade; princípio da unidade de comando — é o princípio da autoridade única, ou seja, cada pessoa deve receber ordens de apenas um chefe; princípio da hierarquia ou cadeia escalar — a autoridade deve seguir uma hierarquia, de forma que um nível esteja sempre subordinado a outro; princípio da departamentalização — marcado pela divisão do trabalho, que leva à especialização e à diferenciação de tarefas e órgãos, ou seja, é a heterogeneidade e a fragmentação do trabalho; princípio da coordenação — todos os esforços da organização são distribuídos visando ao objetivo comum. Ao conjunto integrado de teorias que tratam do estudo da administração e das organizações, deu-se o nome de teoria geral da administração (TGA). A TGA atravessou diversas fases distintas e que se sobrepõem: ênfase nas tarefas; ênfase na estrutura; ênfase nas pessoas; ênfase na tecnologia; ênfase no ambiente; e ênfase na competitividade (MAXIMIANO, 2012). 5Introdução à administração Agora é interessante que você se questione o seguinte: será que todas as teorias administrativas podem ser aplicadas às situações atuais? Se você respondeu que sim, acertou! Todas as organizações possuem um ou mais aspectos de uma ou várias teorias da administração. Esses aspectos podem ser as normas e regulamentos que orientam sua operação, a hierarquia, a divisão do trabalho, etc. Assim, cabe aos administradores escolher os modelos ou estilos de gestão mais adequados a cada situação ou a cada problema a ser solucionado. Por isso, é fundamental que possuam conhecimento sobre as teorias administrativas para que tenham, entre as alternativas disponíveis para cada situação, condições de decidir adequadamente, agregando novos valores aos seus conhecimentos (SOBRAL; PECI, 2013). Além dos conhecimentos técnicos e científicos, é importante que os administradores desenvolvam habilidades que lhes permitam lidar com a complexidade do mundo organizacional contemporâneo. Esse mundo é mar- cado não apenas por tarefas programadas e padronizadas, mas também pela imprevisibilidade de problemas administrativos, conflitos na equipe, pressão, cobrança de prazos, reuniões, interrupções, etc., aspectos que interferem na atuação dos gestores (MOTTA, 2001). Todas as pessoas que administram qualquer conjunto de recursos, que tomam decisões e levam a sua equipe a desempenhar seu papel na busca pelos objetivos organizacionais são chamadas de administradores, gerentes ou gestores (MAXIMIANO, 2011). No cenário atual, é cada vez mais necessário que os gestores desenvolvam novas habilidades gerenciais com o intuito de complementar os conhecimentos e habilidades já existentes. Afinal, as formas clássicas de gestão — rígidas, precisas e com base em experiências passadas — já não atendem às novas demandas e necessidades das organizações modernas (MOTTA, 2001). Introdução à administração6 São habilidades básicas para um gestor (KATZ, 1955 apud SOBRAL; PECI, 2013): habilidade técnica (conhecimento sobre métodos e equipamentos necessários para a realização das atividades organizacionais); habilidade humana (capacidade de compreender as pessoas e suas necessidades, interesses e atitudes; de entender, liderar e trabalhar com pessoas); habilidade conceitual (capacidade de compreender e lidar com a complexidade da organização como um todo, utilizando a inteligência na formulação de estratégias, além de planejamento, raciocínio e criatividade). Além das habilidades, são exigidas dos gestores algumas competências, que são fundamentadas nas próprias habilidades. Você sabia que uma das habilidades mais valorizadas nas organizações é a capacidade de se relacionar com as pessoas? Você possui essa habilidade? Veja as competências essenciais do administrador, segundo Chiavenato (2014), na Figura 2. Figura 2. Competências essenciais do administrador. Fonte: Chiavenato (2014). 7Introdução à administração Funções da administração A administração possui várias defi nições. Fayol a defi ne como um processo dinâmico, constituído pelas funções interligadas de prever, organizar, co- mandar, coordenar e controlar. Ao longo do tempo, as funções de comando e coordenação foram substituídas pela função de direção. Para alcançar os objetivos estabelecidos pelas organizações, os administradores executam cada uma dessas funções, que, apesar de serem diferentes, estão relacionadas e são interdependentes, como você pode ver na Figura 3. Figura 3. Funções do processo administrativo. Fonte: Sobral e Peci (2013). O planejamento é a primeira função do processo administrativo, uma vez que serve de base para as demais funções. Nesse contexto, planejar significa definir os objetivos a serem perseguidos pela organização e decidir com an- tecedência quais ações serão executadas para o seu atingimento. Ou seja, é no planejamento que as estratégias que vão orientar o trabalho dos administradores são definidas e os planos de ação são desenvolvidos, visando à coordenação das atividades necessárias à consecução dos objetivos. Portanto, o planejamento é a função administrativa que determina anteci- padamente o que será feito, quais objetivos deverão ser alcançados e como isso se dará, com o mínimo de esforço e o menor custo (SOBRAL; PECI, 2013). Você já percebeu que o planejamento também faz parte do seu dia a dia? O que você faz quando decide preparar um jantar para os amigos? E quando resolve fazer uma viagem? Você planeja! Introdução à administração8 São atividades de planejamento: verificação e análise da situação atual; definição de objetivos; desenvolvimento de premissas sobre as condições futuras; determinação de estratégias organizacionais; estabelecimento dos recursos necessários para atingir os objetivos; implementação dos planos de ação necessários ao alcance dos objetivos. Agora considere essas atividades aplicadas à preparação do seu jantar ou da sua viagem. Percebeu que o plane- jamento é fundamental para que ambos os eventos aconteçam sem imprevistos e com sucesso? Veja, na Figura 4, as premissas básicas do planejamento. Figura 4. Premissas básicas do planejamento. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014). Outro ponto importante é que o planejamento é elaborado de forma dife- rente em cada nível organizacional, ou seja, existe uma hierarquia de planos (BATEMAN; SNELL, 1998). Veja a seguir. Planejamento estratégico: é aquele que se dá no nível institucional, ou seja, no nível mais alto da organização, correspondente ao plano maior, ao qual os demais planos estão subordinados. Possui como característica a projeção para o longo prazo (acima de dois anos) que envolve toda a organização e é voltada ao alcance dos objetivos globais. Planejamento tático: é aquele elaborado no nível intermediário da orga- nização, ouseja, em cada unidade organizacional, e que é subordinado ao planejamento estratégico. Tem como característica a projeção para o médio prazo (até um ano), envolve cada departamento ou unidade 9Introdução à administração da organização, abrangendo recursos específicos, e é voltado para a coordenação e as atividades internas, visando a atingir os objetivos departamentais. Planejamento operacional: é aquele que se dá nos setores em que as ações acontecem e que se refere a cada atividade ou tarefa específica. Possui como característica a projeção para curto prazo (imediato, se- manal ou mensal). Além disso, envolve cada tarefa isoladamente e tem a preocupação de alcançar metas específicas. Veja, na Figura 5, os níveis da organização e o planejamento estratégico correspondente. Figura 5. Níveis da organização e planejamento estratégico correspondente. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014). A organização é a segunda função administrativa. É a responsável pela distribuição de tarefas e dos recursos entre os membros organizacionais. Ela coloca em prática tudo aquilo que foi planejado na função anterior, organizando, estruturando e integrando todos os recursos e órgãos, bem como a direção e o controle da ação organizacional (SOBRAL; PECI, 2013; Introdução à administração10 SILVA, 2013). Se você parar para pensar, vai notar que também executa essa função ao preparar o jantar com os amigos ou a sua viagem. A organização envolve quatro componentes: tarefas — devem ser realizadas de acordo com a divisão do trabalho e as funções organizacionais; pessoas — são designadas para a ocupação de cargos, considerando habilidades, aptidões, interesses, experiências e comportamento; órgãos — representam divisões, departamentos, setores ou unidades dispostos em uma estrutura, assim como níveis hierárquicos; relações — são importantes entre órgãos e pessoas da organização e também com os stakeholders (clientes, fornecedores, acionistas, entre outros). Organizar, no processo administrativo, consiste em reunir e coordenar os recursos humanos, financeiros, físicos, de informação e outros necessários para atingir os objetivos organizacionais. A divisão do trabalho, o agrupa- mento de atividades em uma estrutura lógica, a distribuição de pessoas para a execução do trabalho, a alocação de recursos necessários e a coordenação dos esforços são algumas das atividades da função organização (SOBRAL; PECI, 2013; CHIAVENATO, 2014). É importante você notar que essa função se desdobra nos seguintes níveis organizacionais: Nível global — abrange a organização em sua totalidade; é tratado no nível institucional; pode assumir diversos tipos e refere-se ao desenho organizacional (compreende a estrutura da organização, o formato organizacional e os processos de comportamento). Nível departamental — abrange cada departamento ou unidade da organização; é tratado no nível intermediário; pode assumir diversos tipos e refere-se ao desenho departamental (compreende o agrupamento de unidades em subsistemas com departamentos e divisões). Nível das tarefas e operações — diz respeito a cada tarefa execu- tada; é tratado no nível operacional; refere-se ao desenho dos cargos (modelagem do trabalho, estrutura das posições e das atividades em cada cargo) e das tarefas que juntos utilizam as tecnologias e originam produtos e serviços. 11Introdução à administração Veja a representação da função organização nos níveis organizacionais na Figura 6. Figura 6. Níveis organizacionais. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014). A direção é a terceira função administrativa e diz respeito a garantir o funcionamento da organização por meio das pessoas. Ou seja, após a definição do planejamento e da configuração da organização, é hora de iniciar o trabalho. Para isso, as pessoas são fundamentais. Assim, é preciso que sejam contratadas, ajustadas aos seus cargos, treinadas, avaliadas e recompensadas. Além disso, precisam ser estimuladas e orientadas sobre como devem desempenhar suas funções e sobre o que se espera delas para que os objetivos sejam atingidos. Dessa forma, a direção é a função administrativa referente à gestão de pessoas na organização. São atividades dessa função: liderar, motivar e co- ordenar os trabalhadores para desenvolverem suas atividades visando ao alcance dos objetivos organizacionais; comunicar, gerir conflitos, reconhecer e recompensar. Essa é uma função que exige mais ação do que planejamento e organização. O gestor tem como responsabilidade proporcionar um ambiente adequado e propício para o desenvolvimento de um trabalho de qualidade, de modo que os trabalhadores se sintam satisfeitos (SOBRAL; PECI, 2013; SILVA, 2013). Introdução à administração12 Você também pode executar ações de direção em seu trabalho, pois, mesmo que não seja oficialmente um gestor, pode ser um líder e motivar seus colegas. Além disso, pode executar essa função em sua família, resolvendo conflitos entre seus irmãos ou irmãs, por exemplo. Veja, no Quadro 1, a abrangência da direção na organização. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). Nível da organização Direção Posições Abrangência Institucional Direção Presidentes, diretores e alto executivos Organização ou áreas da organização Intermediário Gerência Gerentes Cada departamento da organização Operacional Supervisão Supervisores e encarregados Cada grupo de pessoas, tarefas ou operações Quadro 1. Papel da direção nos níveis da organização A função de controle está diretamente relacionada com as outras funções do processo administrativo, ou seja, com o planejamento, a organização e a direção. Apesar de ser menos envolvente que as demais funções, é uma parte de todas elas, pois consiste no monitoramento e na avaliação do desempenho da organização, comparando-o aos objetivos planejados e corrigindo os desvios que podem ocorrer. Você pode considerar que nenhum plano está totalmente acabado se não houver meios de avaliar seus resultados e consequências. São funções do controle no processo administrativo: definir medidas de desempenho; verificar e monitorar o desempenho; compará-lo com os padrões e objetivos determinados; e estabelecer medidas corretivas garantindo o al- cance dos objetivos. Veja, no Quadro 2, a representação da função controle nos níveis da organização. 13Introdução à administração Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). Nível da organização Tipo de controle Conteúdo Tempo Amplitude Institucional Estratégico Genérico e sintético Longo prazo Macro- orientado. Abrange a organização em sua totalidade. Intermediário Tático Menos genérico e mais detalhado Médio prazo Abrange cada departamento da organização. Operacional Operacional Detalhado e analítico Curto prazo Micro- orientado. Abrange cada tarefa ou operação isoladamente. Quadro 2. Função controle nos níveis da organização A finalidade do controle é garantir que os resultados das estratégias, das políticas e diretrizes (estabelecidas no nível institucional), dos planos táticos (elaborados no nível intermediário) e dos planos operacionais (elaborados no nível operacional) estejam perfeitamente ajustados aos objetivos previamente traçados. Os três níveis de controle estão interligados e relacionados, ou seja, na prática, não há uma separação clara entre eles (SOBRAL; PECI, 2013). Você ainda deve notar que as funções administrativas atuam como parâ- metros fundamentais para o sucesso de uma organização. Sem essas funções, provavelmente as organizações estariam condenadas à desordem e ao insucesso. No entanto, cabe reforçar a importância do administrador e de suas habilidades para que essas funções sejam exercidas adequadamente, facilitando a obtenção dos resultados esperados. Será que as funções administrativas sofrem variação dependendo do nível hierárquico ocupado pelo administrador? A resposta é sim. Veja tal variação na Figura 7. Introdução à administração14 Figura 7.Funções administrativas e nível hierárquico. Fonte: Adaptada de Mahoney et al. (1965 apud SOBRAL; PECI, 2013). Eficiência e eficácia As mudanças no ambiente são dinâmicas. Por isso, as organizações necessitam reajustar, realocar e reestruturar continuamente suas competências e recursos de acordo com os seus objetivos. O atual cenário, marcado por rápidas e cons- tantes transformações, exerce pressão sobre as organizações. Assim, elas têm de se antecipar às mudanças, aproveitar as oportunidades que surgem, bem como reagir e responder com fl exibilidade às ameaças e pressões ambientais. Nesse contexto, a estratégia é o principal meio para que a organização consiga responder a mudanças (SOBRAL; PECI, 2013). 15Introdução à administração São muitas as definições do termo “estratégia” e muitos os autores que se referem a ela, o que dificulta um consenso. Veja a seguir como alguns autores a definem. Estratégia é a definição dos objetivos básicos de longo prazo de uma organização, a adoção das ações e recursos adequados para atingir esses objetivos (CHANDLER, 1962). Estratégia é um conjunto de regras referentes à tomada de decisão em condições de desconhecimento parcial, em que as decisões estratégicas referem-se à relação entre a organização e o ambiente que a cerca (ANSOFF, 1965). Estratégia refere-se à relação entre a organização e o meio em que está inserida: relação atual (situação estratégica) e relação futura (plano estratégico) (KATZ, 1970). Estratégia refere-se às ações ofensivas ou defensivas que criam uma posição de defesa na indústria para que ela obtenha sucesso frente às forças competitivas e atinja maior retorno sobre o investimento (PORTER, 1980). Estratégia é uma força mediadora entre a organização e o seu meio envolvente. É um padrão no processo de tomada de decisões organi- zacionais para enfrentar seu meio envolvente (MINTZBERG, 1988). O plano estratégico é o conjunto de objetivos e ações a serem executados pela orga- nização para atingir seus objetivos (KATZ, 1970). A estratégia representa aquilo que a organização deseja fazer; o negócio que pretende realizar; o rumo que deseja seguir. O ponto central da adminis- tração da estratégia é a preparação para o futuro. Ou seja, a estratégia tem por finalidade orientar a organização em relação ao futuro, no sentido de guiá-la de forma consciente e sistemática para alcançar seus objetivos, tendo por base análises de suas condições e capacidades, bem como do ambiente que a cerca. A administração da estratégia é tratada no nível institucional, responsável por analisar, desenvolver e modificar os processos internos e externos da organização para torná-la eficiente e eficaz em condições de incerteza, de Introdução à administração16 constantes mudanças. É a administração estratégica que formula e implementa a estratégia organizacional, buscando o alcance dos objetivos da organização. Ou seja, a estratégia é elaborada no mais alto nível da organização. Assim como a estratégia, a administração também possui muitos con- ceitos, mas, de forma mais ampla, pode ser definida como um processo de coordenação do trabalho e de alocação de recursos organizacionais que visa ao alcance de objetivos estabelecidos, de forma eficaz e eficiente. Nessa definição, há quatro elementos que se destacam (SOBRAL; PECI, 2013), como você pode ver a seguir. Processo: é uma forma sistemática de fazer alguma coisa. A adminis- tração é um processo, pois é formada por um conjunto de atividades e tarefas relacionadas a fim de atingir determinados objetivos. Coordenação: a administração consiste na coordenação do trabalho e dos diversos recursos organizacionais para garantir que todas as partes interdependentes funcionem de forma alinhada e coerente com os processos e objetivos da organização. Eficiência: é a capacidade de realizar as atividades organizacionais com o mínimo de recursos. Eficácia: é a capacidade de realizar as atividades organizacionais para atingir os objetivos estabelecidos. Eficiência e eficácia são termos muito utilizados na administração para demonstrar o desempenho em relação ao objetivo alcançado. Eficácia diz respeito ao alcance de resultados, enquanto eficiência refere-se à utilização de recursos. Na dimensão econômica, a eficácia é a capacidade de as organizações satisfazerem as necessidades da sociedade produzindo bens e serviços. Já a eficiência está relacionada aos custos e benefícios da relação técnica entre entradas (insumos) e saídas (produtos ou serviços). Dessa forma, quando se quer verificar a relação entre os recursos aplicados e o produto final obtido, a razão entre o esforço e o resultado, entre a despesa e a receita, se utiliza o conceito de eficiência (SILVA, 2013). Quanto mais o administrador se preocupa em fazer corretamente as coisas, mais perto de ser eficiente ele está, ou seja, melhor utiliza os recur- sos disponíveis. No entanto, quando usa ferramentas fornecidas por quem executa para avaliar se os resultados estão sendo alcançados, ou seja, se as coisas bem feitas são as que realmente deveriam ser feitas, ele está focado no conceito de eficácia, que é alcançar resultados por meio dos recursos disponíveis (SORAL; PECI, 2013). 17Introdução à administração Dessa forma, você pode considerar que (SILVA, 2013): eficiência é a capacidade de realizar as atividades organizacionais utilizando o mínimo de recursos. Nesse contexto, quanto maior a pro- dutividade, mais eficiente será a organização. Ou seja, a preocupação aqui é com a otimização dos recursos utilizados para atingir os objetivos, economizando recursos sem prejudicar a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços prestados; eficácia é a capacidade de realizar os objetivos propostos pela orga- nização. Implica escolher os objetivos certos e atingi-los, ou seja, a preocupação é com os fins. A eficácia é a chave para o sucesso das organizações. Veja, na Figura 8, a diferença entre eficiência e eficácia. Figura 8. Eficiência e eficácia. Fonte: Adaptada de Sobral e Peci (2013). Introdução à administração18 Os conceitos de eficiência e eficácia são muito utilizados na administração contemporânea, no entanto muitas pessoas ainda os confundem. Apesar de se complementarem, no contexto administrativo, possuem significados diferentes. Para Maximiano (2012), a eficiência realiza as tarefas de modo inteligente, com o mínimo de esforço e o melhor aproveitamento possível dos recursos. Já a eficácia é o conceito de desempenho relacionado aos objetivos e resultados. Veja as diferenças entre eficiência e eficácia, segundo Chiavenato (2011), no Quadro 3. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2011). Eficiência Eficácia Como as coisas são feitas: de que modo são executadas; quais os passos para serem executadas; ênfase nos meios; preocupação em fazer as coisas de modo correto. Para que as coisas são feitas: que resultados elas trazem; que objetivos alcançam; ênfase nos resultados; preocupação em fazer as coisas corretas. Resolver problemas. Atingir objetivos. Salvaguardar os recursos. Otimizar a utilização dos recursos. Cumprir tarefas e obrigações. Obter resultados. Treinar os subordinados. Proporcionar eficácia aos subordinados. Manter as máquinas. Providenciar máquinas disponíveis. Quadro 3. Diferenças entre eficiência e eficácia Você já parou para pensar que, dependendo do modo como as organizações são administradas, elas podem se tornar eficientes e eficazes, ou ineficientes e ineficazes? Ou seja, nem sempre eficiência e eficácia andam juntas. Uma organização pode ser eficiente em suas atividades e não ser eficaz ou vice-versa. O ideal é que a organização seja igualmente eficiente e eficaz (MAXIMIANO, 2011; CHIAVENATO, 2014). Dessa forma, a eficiência se preocupa em fazer corretamente as coisas e da melhor forma possível, o que explica a ênfase nos métodos e procedimen- 19Introdução à administração tos internos.A eficácia, por sua vez, tem a preocupação em fazer as coisas corretas visando a atender às necessidades da organização e do ambiente em que ela se insere. Então, enquanto a eficiência está concentrada nas operações e tem sua atenção voltada aos aspectos internos da organização, a eficácia se concentra no alcance dos objetivos, com sua atenção voltada aos aspectos externos (BATEMAN; SNELL, 1998). Assim, o administrador precisa estar atento às tarefas para alcançar a efi- ciência e aos objetivos e resultados para alcançar a eficácia. E você, consegue ser eficiente e eficaz em seu trabalho e em sua vida pessoal? Introdução à administração20 ANSOFF, I. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1965. BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. CHANDLER, A. Strategy and structure. Cambrige: MIT Press, 1962. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 5. ed. Barueri: Manole, 2014. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 8. ed. Rio de Janeiro: Cam- pus, 2011. KATZ, R. L. Cases and concepts in corporate strategy. New Jersey: Prentice-Hall, 1970. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MINTZBERG, H. Opening up the definition of strategy. In: QUINN, J. B.; MINTZBERG, H.; JAMES, R. M. (Ed.). The strategic process: concepts, contexts, cases. New Jersey: Prentice-Hall, 1988. MORGAN, G. Imagens da organização. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MOTTA, P. R. Transformação organizacional: a teoria e prática de inovar. 4. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. 21Introdução à administração PORTER, M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1980. SCHULTZ, G. Introdução à gestão de organizações. Porto Alegre: UFRGS, 2016. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Introdução à administração22
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