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Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda Problema 1 – Inflamação?Que nada!!! Marcia, 38 anos, notou certa hiperemia em uma de suas mamas e resolveu poupá-la para descobrir se havia algo errado. Percebeu, contudo, que a mama esquerda estava sempre quente e dolorida, com uma área endurecida e, há cerca de 2 meses, isso se repetia, mesmo após uso de antinflamatórios e analgésicos, aos quais recorreu em algumas ocasiões. Intrigada com isso, resolveu procurar a Dra. Aline, uma mastologista famosa que tinha ouvido falar. Entretanto, estava com muito receio devido ao seu histórico familiar: sua mãe, e uma tia, já falecidas, foram submetidas a mastectomias, embora ela não soubesse explicar bem o porquê. Ao ser examinada, observou-se uma área endurecida de aproximadamente 3 cm na mama esquerda, além de sinais flogísticos. Cogitou-se uma mastite, porém, sem sucesso aos tratamentos sucessivos e tomando como relevante o fator hereditário, a médica resolveu investigar a possibilidade de uma neoplasia. Mas podia mesmo uma mastite desencadear uma neoplasia? Ficou a questão. Sabe-se que as mastites podem ser causadas por diversos agentes; alguns deles, inclusive, são capazes de modificar o ciclo celular. Os vírus, particularmente, são um dos bons exemplos desses agentes, que poderiam estar envolvidos no caso de Márcia. Apesar de muito jovem, o histórico familiar e a obesidade contavam muito em seu desfavor, ressaltou a médica. Por causa disso, vários exames foram solicitados para o diagnóstico e, desde já, Márcia passou a ser acompanhada pela mastologista, que a considerou uma paciente de alto risco. Muito se estranhava que ela não tivesse nenhum exame prévio da mama, e nem ao menos tivesse sido orientada sobre a necessidade da realização dos mesmos por sua ginecologista. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda Neoplasia mamária 1. Entender a neoplasia (fatores que desencadeiam, causas, como ocorre) • Neoplasia significa crescimento novo. O termo tumor é usado como sinônimo e foi originalmente usado para os aumentos de volume causados pela inflamação. As neoplasias ou tumores são classificados em malignos ou benignos. Entretanto, câncer é a denominação genérica usada somente para tumores malignos, e originou-se devido a capacidade de invadirem os tecidos vizinhos. O estudo das neoplasias é conhecido como oncologia (onco= massa). • Os tumores benignos e malignos têm dois componentes básicos: parênquima que é constituído por células neoplásicas e estroma que é composto por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. A nomenclatura dos tumores é baseada na origem das células do parênquima. Nas neoplasias benignas acrescenta-se o sufixo OMA à célula de origem. Os tumores benignos de células mesenquimais geralmente seguem esta regra. Por exemplo: neoplasia benigna de fibroblasto é chamada de fibroma. Como toda regra há exceções, linfoma, melanoma e mieloma múltiplo referem-se a neoplasias malignas. A nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é baseada nas células de origem, arquitetura microscópica ou padrão macroscópico. As neoplasias benignas com estruturas glandulares são chamadas de adenomas e, papilomas são tumores epiteliais benignos que produzem projeções epiteliais. As neoplasias malignas de origem mesenquimal recebem o sufixo SARCOMA (sarco = carne) às células de origem. • Os tumores malignos de fibroblastos são chamados de fibrossarcomas. As neoplasias malignas de origem epitelial recebem a denominação carcinomas. Os tumores malignos com padrão glandular são chamados de adenocarcinomas. • Características o Diferenciação e Anaplasia: O termo diferenciação refere-se ao grau em que as células neoplásicas se assemelham às células normais. As neoplasias benignas apresentam células bem diferenciadas, ou seja, semelhantes às células do tecido de origem. As neoplasias malignas apresentam células com grau variável de diferenciação. As células indiferenciadas são também chamadas de anaplásicas. As células anaplásicas apresentam variação de tamanho e forma. As principais características das células anaplásicas são: a) Pleomorfismo; b) Núcleo hipercromático; c) Relação núcleo-citoplasma aumentada; d) Aumento no tamanho e número dos nucléolos; e) Mitoses atípicas. o Ritmo de crescimento: Genericamente a maioria das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas crescem rapidamente. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar crescimento mais rápido que tumores malignos. O ritmo de crescimento depende do tipo de tumor e de alguns fatores como suprimento sangüíneo e hormonal. o Invasão local: As neoplasias benignas crescem por expansão, permanecendo no local de origem, sem infiltrar ou invadir tecidos vizinhos ou provocar metástase para outros locais. As neoplasias benignas são geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido fibroso que delimita as margens do tumor. Devido à cápsula, os tumores benignos formam massas isoladas, palpáveis e móveis, passíveis de enucleação cirúrgica. Entretanto, alguns tumores benignos são localmente invasivos e recidivantes, como os ameloblastomas e mixomas. As Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda neoplasias malignas são invasivas provocando destruição dos tecidos adjacentes e podendo desenvolver metástase regional e à distância. Devido a essa característica invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de considerável margem de tecido aparentemente normal, conhecida como cirurgia radical. É preciso ressaltar que alguns tipos de câncer evoluem de uma lesão inicial conhecida como carcinoma in situ. Neste estágio as células tumorais estão restritas ao epitélio e não romperam a membrana basal com conseqüente invasão do conjuntivo. As ressecções cirúrgicas nesta fase são menores com um maior índice de cura. o Metástase: Metástase é a presença de células ou massas tumorais em tecidos que não apresentam continuidade com o tumor primário. É a principal característica das neoplasias malignas e a disseminação das células tumorais ocorre através dos vasos sangüíneos, linfáticos ou cavidades corporais. Todos os tipos de câncer podem provocar metástases, com poucas exceções como o carcinoma basocelular de pele e os gliomas (neoplasias de células gliais do SNC). O desenvolvimento de metástase diminui de maneira acentuada a possibilidade de cura dos pacientes. As principais vias de disseminação são: § A) Disseminação através de cavidades e superfícies corporais: Esse tipo de disseminação ocorre quando células neoplásicas penetram em uma cavidade natural, como a peritonial. Em casos de carcinomas de ovário não é raro que as superfícies peritoniais fiquem revestidas por células neoplásicas. Outras cavidades corporais podem estar envolvidas como a pleural, pericardial e subaracnóide. § B) Disseminação linfática: As células tumorais são transportadas pelos vasos linfáticos. É a via preferencial dos carcinomas, e a menos freqüente nos sarcomas. Os gânglios linfáticos regionais funcionam como barreiras contra a disseminação generalizada do tumor, pelo menos por algum tempo. § C) Disseminação hematogênica: É a via de disseminação mais utilizada pelos sarcomas, porém também pode ocorrer nos carcinomas. As artérias são mais resistentes que as veias a invasão tumoral. Os órgãos mais acometidos por essa disseminação são o fígado e o pulmão. Os mecanismos de metástase serão descritos nas próximas aulas. 2. Relacionar o ciclo celular com o surgimento da neoplasia • Células normais passam pelo ciclo celular de forma regulada. Elas usam as informações sobre seu próprio estado interno e sinais do ambiente ao seu redor para decidir se continuam com a divisão celular. Esta regulação garante que as células não se dividam sob condições desfavoráveis (por Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda exemplo, quando seu DNA está danificado, ou quando não há espaço para mais células em um tecido ou órgão). • O ponto de checagem é um estágio nociclo celular eucarionte em que a célula examina sinais internos e externos e "decide" se irá continuar ou não a divisão celular. • Existem vários de pontos de checagem, mas os três mais importantes são: o O ponto de checagem G1 na transição G1/S: é o principal ponto de decisão para uma célula – ou seja, o primeiro ponto em que deve-se escolher entre dividir ou não. Uma vez que a célula passa o ponto de checagem G1 e entra na fase S, ela se torna irreversivelmente comprometida com a divisão. Ou seja, excetuando-se problemas inesperados, tais como dano no DNA ou erros de replicação, uma célula que passa pelo ponto de checagem G1 continuará pelo resto do caminho através do ciclo celular e produzirá duas células filhas. • Os fatores que uma célula pode avaliar: o Tamanho. A célula tem tamanho suficiente para se dividir? o Nutrientes. A célula possui reserva de energia suficiente ou nutrientes disponíveis para se dividir? o Sinais moleculares. A célula está recebendo sinais positivos (como fatores de crescimento) das suas vizinhas? o Integridade do DNA. Há algum DNA danificado? o Algumas células também precisam de sinais mecânicos (tais como estarem anexadas a uma rede de suporte chamada matriz extracelular) para se dividir. Se uma célula não obtém os sinais para seguir em frente que ela precisa no ponto de checagem G1, pode sair do ciclo celular e entrar em um estado de repouso chamado fase G0. Algumas células permanecem em G0, enquanto outras voltam à divisão se as condiçoẽs melhoram. o O ponto de checagem G2 na transição G2/S: Para certificar-se de que a divisão celular ocorra bem (para que produza células filhas saudáveis com DNA completo e sem danos), a célula possui um ponto de checagem adicional antes da fase M, chamado de ponto de checagem G2. Nesta fase, a célula irá checar: § Integridade do DNA. Há algum DNA danificado? § Replicação do DNA. O DNA foi completamente copiado durante a fase S? o Se erros ou danos são detectados, a célula irá pausar no ponto de checagem G2 para permitireparos. Se os mecanismos do ponto de checagem detectam problemas com o DNA, o ciclo celular é interrompido e a célula tenta completar a sua replicação de DNA ou reparar o DNA danificado. o Se o dano é irreparável, a célula pode sofrer apoptose, ou morte celular programada. Este mecanismo de autodestruição assegura que o DNA danificado não é repassado para as células filhas e é importante para prevenir o câncer. o O ponto de checagem do fuso, na transição da metáfase para anáfase: O ponto de checagem M é também conhecido como ponto de checagem do fuso: aqui, a célula examina se todas as cromátides irmãs estão corretamente ligadas aos microtúbulos do fuso. Como a separação das cromátides irmãs durante a anáfase é um passo irreversível, o ciclo não irá continuar até que todos os cromossomos estejam firmemente ligados a pelo menos dois filamentos do fuso em lados opostos da célula. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda o Como este ponto de checagem funciona? Parece que as células na realidade não examinam a placa metafásica para confirmar que todos os cromossomos estão lá. Ao invés disso, elas procuram por cromossomos "retardatários" que estão no lugar errado (por exemplo, flutuando ao redor do citoplasma). Se um cromossomo está no lugar errado, a célula irá pausar a mitose, permitindo que o fuso capture o cromossomo perdido. Reguladores de ciclo celular mais importantes: proteínas chamadas ciclinas, enzimas chamadas quinases dependentes de ciclinas (Cdks), e um complexo enzimático chamado complexo promotor de anáfase/ciclossomo (APC/C). Danos ao DNA podem acontecer, e acontecem em várias células do corpo durante a vida de uma pessoa (por exemplo devido aos raios UV emitidos pelo sol). As células devem ser capazes de lidar com esse dano, corrigindo-o, se possível, e impedindo a divisão celular se não for possível corrigir. A chave para a resposta ao dano ao DNA é uma proteína chamada p53, um famoso supressor tumoral comumente descrito como "o guardião do genoma". A p53 trabalha em vários níveis para garantir que as células não transmitam seu DNA danificado através da divisão celular. Primeiro, ela para o ciclo celular no ponto de checagem G1 desencadeando a produção de proteínas inibidoras de Cdk (CKI). As proteínas CKI se ligam aos complexos Cdk-ciclinas e bloqueiam sua atividade ( ver diagrama abaixo), ganhando tempo para o reparo do DNA. A segunda função da p53 é ativar as enzimas de reparo do DNA. Se o dano ao DNA não é reparável, a p53 vai desempenhar sua terceira e última função: ativar a morte celular programada para que o DNA danificado não seja transmitido. Ao garantir que as células não se dividam quando há dano em seu DNA, a proteína p53 previne que mutações (mudanças no DNA) sejam passadas às células filhas. Quando a p53 está defeituosa ou faltando, as mutações podem se acumular rapidamente, potencialmente levando ao câncer. Na verdade, de todo o genoma humano, p53 é o gene mutado com maior frequência em cânceres 3. Identificar os principais agentes desencadeantes das neoplasias e como eles agem (vírus) • As neoplasias apresentam inúmeras causas, podendo ser desencadeadas por fatores genéticos ou ambientais. Esses fatores causam alterações em genes e proteínas, o que ocasiona proliferação, bem como a perda da diferenciação celular. As neoplasias benignas estão mais relacionadas com fatores genéticos. • Dentre os fatores ambientais que podem desencadear neoplasias, principalmente as malignas, podemos destacar algumas substâncias químicas, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos presentes no cigarro, um dos principais causadores de câncer no pulmão; vírus, como o Papiloma Vírus Humano (HPV), causador de uma infecção sexualmente transmissível e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento de câncer de colo de útero; além de radiações, como a ultravioleta, que pode desencadear o câncer de pele, quando ocorre uma exposição excessiva a ela. • Alguns hábitos alimentares não saudáveis, consumo de álcool e uso de determinados medicamentos devem ser observados, pois também podem desencadear o desenvolvimento de neoplasias. • Vírus oncogênicos de DNA • Diversos DNA vírus foram associados à causa de neoplasias malignas em animais e no homem. Alguns deles como os adenovírus causam tumores apenas em animais de laboratório e outros, Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda como o vírus do papiloma bovino, provocam neoplasias benignas e malignas no seu hospedeiro natural. • Os vírus de DNA transformantes formam associações estáveis com o genoma da célula hospedeira. Esse vírus integrado é incapaz de completar seu ciclo de replicação porque seus genes essenciais para completar seu ciclo de replicação são interrompidos durante a integração do DNA viral. Os genes virais que são transcritos precocemente (genes iniciais) no ciclo de vida do vírus são importantes para a transformação, sendo expressos na célula transformada. • Assim, por exemplo, análises moleculares de carcinomas e verrugas benignas por HPV (vírus do papiloma humano) revelam diferenças que podem ser pertinentes para a atividade de transformação desses vírus. • Nas verrugas e lesões pré-neoplásicas, o genoma do HPV é mantido em forma epissômica (não integrada) ao passo que nos carcinomas o DNA viral, em geral, está integrado ao genoma da célula hospedeira. Isso sugere que a integração do DNA viral é importante para a transformação maligna. Essa integração é randômica, mas o padrão de integração é clonal (local idêntico em todas as células de determinado câncer). • O sítio em que o DNA viral é interrompido durante a integração é bastante constante: quase sempre dentro da estrutura de leitura E1 / E2 do genoma viral (a região E2 do DNA viral normalmente reprime a transcrição dos genes virais E6 e E7 e sua interrupção leva a superexpressão de proteína E6 e E7). Proteína E6 liga-se ao p53 facilitando suadegradação e a proteína E7 liga-se à forma fosforilada da proteína Rb supressora de tumor, deslocando os fatores de transcrição E2 normalmente ligados pela proteína Rb. A co-transfecção com gene ras mutado resulta em transformação maligna completa. • Dessa forma provavelmente a infecção por HPV atue como evento iniciador, sendo a ocorrência de mutação somática essencial para a transformação maligna, como, por exemplo, a presença de infecções microbianas coexistentes, deficiência protéico, alterações hormonais. • No homem, o HBV pode causar hepatocarcinoma e seu DNA está integrado no DNA da célula hospedeira com inserções também clonais. Entretanto, o genoma do HBV não codifica qualquer oncoproteína e também não tem um padrão consistente de integração na vizinhança de qualquer protooncogene. Assim, acredita-se que o efeito do HBV seja indireto e possivelmente multifatorial: a lesão crônica dos hepatócitos e a hiperplasia regenerativa pelo HBV podem levar ao aparecimento de mutações espontâneas ou podem ser provocadas por agentes ambientais como aflatoxina na dieta. • Além disso, o HBV codifica um elemento regulador, a proteína Hbx, que desorganiza o controle normal de crescimento de hepatócitos infectados por provocar a transcrição de vários genes promotores de crescimento como o fator de crescimento insulina II. A proteína Hbx liga-se a p53 e assim parece interferir na sua atividade de supressor de tumor. • HERPES (O mais importante oncogênico dos vírus DNA). Associa-se com carcinomas uterinos e de cérvix (Herpes II), com o carcinoma nasofaringeano e com o linfoma de Burkitt (vírus de Epstein-Barr/da mononucleose infecciosa), com a "doença de MAREK" ("Herpes Vírus of Turkey” /vacinação profilática que não protege contra a infecção, mas sim contra a formação da neoplasia), com o "adenocarcinoma renal de rãs de LUCKÉ" (único exemplo de vírus oncogênico dependente de temperatura/ no inverno o tumor não cresce, mas produz vírus; enquanto que no verão o tumor cresce, mas não produz vírus). • PAPOVA (Papilomas/ cães, bovinos, homem?; Poliomas/ infecção inaparentes em camundongos adultos e neoplasias em recém nascidos; Vacuoloma/ Símio Vacuolizante 40 - obtido de culturas de células renais de macacos Rhesus ocasionando sarcomas em hamster recém nascido). Podem ocasionar: a) Infecção produtiva com lise celular; b) Transformação ou iniciação (inserção do DNA viral no genoma celular ocasionando perda do controle do crescimento celular). • ADENOVIRUS Tumores produzidos somente em condições de laboratório. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda • Vírus oncogênicos de RNA • Os vírus da subfamília Oncoviridae são os principais agentes de leucemia (leucose) e linfomas em muitas espécies animais como bovinos, felinos, símios, murinos e aves. Esses retrovírus agrupam- se em diferentes gêneros, mas o gênero mais numeroso é o com vírus de morfologia tipo C e, também, o com maior envolvimento na tumorigênese. • Retrovírus defeituosos e não defeituosos • Retrovírus endógeno não defeituoso típico contém 2 cópias idênticas de uma molécula de RNA e cada uma delas contem 3 genes: GAG (codifica as 4 proteínas nucleares), pol (codifica a única polimerase vírica ativa: transcriptase reversa) e env (codifica 2 glicoproteínas do envoltório). • Retrovírus exógeno transformante rápido contém um 4o gene, onc Como esse oncogene se incorpora no RNA viral ocupando parte de um ou mais genes virais normais, o genoma resultante será defeituoso e, portanto para que ocorra sua replicação há necessidade de retrovírus cooperadores não defeituosos. • Exceção é o vírus do sarcoma de Rous, muito usado em experimentos clássicos. Seu genoma é atípico porque contém um oncogene viral (v-onc) e cópias completas de todos os outros genes retrovirais (gag, pol e env). • Retrovírus endógenos e exógenos • Retrovírus endógeno: Uma cópia DNA completa do genoma (provírus), em determinadas situações, em muitas espécies de retrovírus, pode ser transmitida ao DNA da linhagem germinal materna à prole por herança mendeliana. Perpetua-se, assim, esse DNA em todas as células de um indivíduo em algumas espécies de vertebrados. Ex: retrovírus PERV-A e PERV-B em suínos. • Esses genomas provirais são controlados pelos genes reguladores das células e normalmente são silenciosos devido à mutações, deleções ou transposições. Segundo Blaise et al. (2003), seqüências endógenas de retrovírus representam 8% do genoma humano. • Sugere-se que esses provírus possam ser ativados por diversos fatores como radiações, exposição a substâncias químicas mutagênicas ou carcinogênicas, hormônios e etc. • Retrovírus exógeno: retrovírus com comportamento infeccioso típico, disseminando-se horizontalmente por contacto. 4. Diferenciar a neoplasia mamaria benigna e maligna • As principais alterações benignas das mamas são o fibroadenoma e as alterações funcionais. • O fibroadenoma é um nódulo pequeno, com até 3 cm, de origem e evolução benigna, de consistência dura e elástica, móvel à palpação, de superfície lobulada, bem delimitado, indolor, geralmente único e que aparece depois da adolescência. • Trata-se de uma lesão sem potencial de malignização. Certos tipos de câncer, chamados tumores circunscritos, podem simular um fibroadenoma, sendo, portanto, prudente que os fibroadenomas sejam submetidos à confirmação histopatológica (estudo da célula). • A causa mais frequente de dor mamária é a alteração funcional benigna da mama, antes conhecida como displasia mamária. A dor é cíclica e depende da ação dos hormônios ovarianos sobre a mama, tornando-a túrgida e dolorida, principalmente no período pré-menstrual e que pode ainda ser agravada pela ingestão exagerada de cafeína (café, chá mate, chocolate). A mulher com duas ou mais gestações e que amamentou por mais de seis meses, em geral, não refere esse tipo de dor mamária. Os traumas, infecções, neurites e inflamações nos arcos costais são outras causas de dor na região das mamas. Como regra geral lembre-se: o câncer de mama não provoca dor na sua fase inicial. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda • Entende-se neoplasia maligna da mama como câncer de mama, que é o crescimento desordenado de células determinando a formação de tumores malignos. Pode causar importantes alterações físicas, sociais e psicológicas nas pacientes. • O câncer de mama é uma doença extremamente temida por mulheres, dado que repercute intensamente em sua condição física, social e emocional. O diagnóstico é vivido tanto pela paciente quanto pela família como um momento de intensa angústia, onde a possibilidade de morte e mutilação fazem-se presentes de forma pregnante. Os sentimentos mais comuns apresentados pela mulher com câncer de mama são: raiva, tristeza, inquietação, ansiedade, angústia, medo e luto. Cada paciente vivencia de forma individual essa experiência, acerca de seu diagnóstico e dos aspectos psicossociais envolvidos nesse processo, podendo utilizar-se da negação como perigoso mecanismo de defesa nesta circunstância. • Ao longo do processo da doença, desde o diagnóstico até o tratamento, as mulheres com câncer de mama sofrem muitas perdas significativas, e passarão por um longo e doloroso período de elaboração do luto, e processo de desapego. A mulher acometida por essa doença se depara com a aceitação e convivência de um corpo marcado por uma nova imagem, podendo manifestar assim, uma insatisfação, compreensível. Ocorrem alterações significativas em diversas esferas de sua vida, tais como: atividades sexuais, vida social e até, em alguns casos, vida laborativa. 5. Identificar os fatores de risco para a neoplasia mamaria • O câncer de mama é causado por alterações genéticas, diretamente relacionadas à biologia celular, que podem ser estimuladas por fatores ambientais tais como: tabagismo, uso de hormônios (TRH – terapia de reposição hormonal por tempo prolongado), obesidade, fumo e alcoolismo.Também é mais frequentenas mulheres que tem início da menstruação em idade muito jovem e menopausa tardia. • Em 5 a 10% dos casos o tumor decorre de mutações genéticas encontradas em grupos familiares, e é mais frequente em determinados grupos étnicos como, por exemplo, as mulheres brancas, caucasianas, particularmente as judias de origem europeia. Atenção deve ser dada às pacientes com antecedentes familiares importantes de câncer de mama, particularmente quando há casos na família de mulheres acometidas antes dos 35 anos de idade. • O câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, tais como: idade, fatores endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e fatores genéticos/hereditários 1. • Mulheres mais velhas, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, têm maior risco de desenvolver câncer de mama. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias alterações biológicas com o envelhecimento aumentam, de modo geral, esse risco 2 3. • Os fatores endócrinos/história reprodutiva estão relacionados principalmente ao estímulo estrogênico, seja endógeno ou exógeno, com aumento do risco quanto maior for a exposição. Esses fatores incluem: história de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), primeira gravidez após os 30 anos, nuliparidade, uso de contraceptivos orais (estrogênio-progesterona) e terapia de reposição hormonal pós- menopausa (estrogênio-progesterona) 1 3 4. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda • Os fatores comportamentais/ambientais bem estabelecidos incluem a ingestão de bebida alcoólica, sobrepeso e obesidade na pós-menopausa, e exposição à radiação ionizante 1 3 4 5 6 7 8. O tabagismo, fator estudado ao longo dos anos com resultados contraditórios, é atualmente reconhecido pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como agente carcinogênico com limitada evidência de aumento do risco de câncer de mama em humanos 5. • O risco de câncer de mama devido à radiação ionizante é proporcional à dose e à frequência 1. Doses altas ou moderadas de radiação ionizante (como as que ocorrem nas mulheres expostas a tratamento de radioterapia no tórax em idade jovem) ou mesmo doses baixas e frequentes (como as que ocorrem em mulheres expostas a dezenas de exames de mamografia) aumentam o risco de desenvolvimento do câncer de mama. • Os fatores genéticos/hereditários estão relacionados à presença de mutações em determinados genes, especialmente BRCA1 e BRCA2. Mulheres que possuem vários casos de câncer de mama e/ou pelo menos um caso de câncer de ovário em parentes consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou câncer de mama em homem também em parente consanguíneo, podem ter predisposição genética e são consideradas de maior risco para a doença. O câncer de mama de caráter hereditário corresponde, por sua vez, a apenas 5% a 10% do total de casos 1 6. Identificar os exames para o rastreamento de uma neoplasia mamária • A mamografia (MMG) é o principal método de imagem utilizado no diagnóstico das doenças mamárias, sendo a primeira escolha para investigação de diversas alterações clínicas. É realizada por meio de uma radiografia realizada no mamógrafo. Sua especificidade varia entre 94-97% e sensibilidade 61-89%. • A ultrassonografia (USG) é um método diagnóstico complementar à MMG uma vez que esta última possui limitações diagnósticas quando se trata de uma mama mais densa (comum em mulheres jovens). Com isso, a USG deve ser realizada de modo complementar à MMG em: mulheres de alto risco, para diferenciar lesões císticas de sólidas e em mamas densas de mulheres jovens (< 35 anos) e grávidas. • A ressonância magnética (RM) é um método considerado mais sensível e específico do que a MMG podendo ser utilizada quando as lesões não são bem vistas na MMG ou USG, no entanto, possui alto custo e grande quantidade de resultados falso-positivos. Pode ser realizada com e sem contraste de gadolínio. • BI-RADs: Os resultados das imagens usadas no diagnóstico de doenças mamárias devem ser classificados de acordo com o Sistema de Banco de Dados e de Relatórios de Imagem das Mamas ou BI-RADS 6 (visto abaixo). Classificações de BI-RADS ≥5 são altamente sugestivas de malignidade e mais de 95% são cancerosas. Logo, quanto menor sua classificação, menor sua chance de evoluir para malignidade. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda • PAAF: Outro recurso bastante utilizado é a biópsia a qual pode ser por Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF) que permite análise citológica ou a biópsia por agulha grossa que auxilia na análise histológica. Ambos os métodos complementam o exame físico e os exames de imagem na avaliação de uma massa mamária. A PAAF demora menor tempo para sua realização e tem um custo reduzido, no entanto, tem menor probabilidade de ter um diagnóstico específico costumando ter amostras insuficientes o que dificulta as vezes a diferenciação do tipo de lesão. 7. Citar os possíveis tratamentos para neoplasia mamária • Mastectomia profilática o Cirurgia apresenta bons resultados na prevenção do câncer de mama, mas é recomendada em casos específicos. O aconselhamento genético oncológico (rastreamento hereditário) e exames moleculares para identificar mutações nos genes são ferramentas que permitem avaliar a existência de susceptibilidade hereditária ao câncer. Caso identificada, devem ser intensificadas as ações de prevenção e rastreamento precoce de tumores. Entre as medidas preventivas estão o uso de bloqueadores hormonais e cirurgias redutoras de risco, como a mastectomia profilática, que diminui em cerca de 90% a probabilidade de desenvolvimento do tumor na mama. É importante citar um dado estatístico que ajuda a dimensionar o lugar da mastectomia profilática entre os demais recursos preventivos: dos 55 mil casos de câncer de mama diagnosticados no Brasil, apenas entre 5% a 10% estão associados a algum tipo de mutação genética e, destes, somente parte relacionada com o gene BRCA1. Isso aponta para a necessidade de uma medicina mais personalizada. Não se trata se sair fazendo mastectomias, nem testes moleculares em todo mundo. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda Importantes avanços na abordagem do câncer de mama aconteceram nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos mutilantes, assim como a busca da individualização do tratamento 1. O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características biológicas, bem como das condições da paciente (idade, status menopausal, comorbidades e preferências). O prognóstico do câncer de mama depende da extensão da doença (estadiamento), assim como das características do tumor. Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há evidências de metástases (doença a distância), o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em: • Tratamento local: cirurgia e radioterapia (além de reconstrução mamária) • Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica Estádios I e II A conduta habitual consiste de cirurgia, que pode ser conservadora, com retirada apenas do tumor 2; ou mastectomia, com retirada da mama e reconstrução mamária. A avaliação dos linfonodos axilares tem função predominantemente prognóstica 3. Após a cirurgia, o tratamento complementar com radioterapia pode ser indicado em algumas situações. Já a reconstrução mamária deve ser sempre considerada nos casos de mastectomia. O tratamento sistêmico será determinado de acordo com o risco de recorrência (idade da paciente, comprometimento linfonodal, tamanho tumoral, grau de diferenciação), assim como das características tumorais que ditarão a terapia mais apropriada. Esta última baseia-se principalmentena mensuração dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e progesterona) 4 - quando a hormonioterapia pode ser indicada; e também de HER-2 (fator de crescimento epidérmico 2) 5 - com possível indicação de terapia biológica anti-HER-2. Estádio III Pacientes com tumores maiores, porém ainda localizados, enquadram-se no estádio III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das vezes, com quimioterapia) é a modalidade terapêutica inicial 6. Após resposta adequada, segue-se com o tratamento local (cirurgia e radioterapia). Estádio IV Nesse estádio, é fundamental que a decisão terapêutica busque o equilíbrio entre a resposta tumoral e o possível prolongamento da sobrevida, levando-se em consideração os potenciais efeitos colaterais decorrentes do tratamento 7. A modalidade principal nesse estádio é sistêmica, sendo o tratamento local reservado para indicações restritas. Após o diagnóstico e estadiamento da doença, o médico discutirá com a paciente as opções de tratamento. Nesse momento, é importante pesar os benefícios de cada opção terapêutica contra os possíveis riscos e efeitos colaterais. Existem vários tipos de tratamentos para o câncer de mama que dependem do tipo e do estágio da doença. Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda Tratamentos locais. A terapia local visa tratar um tumor localmente, sem afetar o resto do corpo. Os tipos de terapia local utilizados para o câncer de mama incluem: • Cirurgia • Radioterapia. Tratamentos sistêmicos. A terapia sistêmica se refere ao uso de medicamentos que podem ser administrados por via oral ou diretamente na corrente sanguínea para atingir as células cancerígenas em qualquer parte do corpo. Dependendo do tipo de câncer de mama, diferentes tipos de tratamentos sistêmicos podem seu usados, incluindo: • Quimioterapia. • Hormonioterapia. • Terapia alvo. • Imunoterapia. Os esquemas de tratamento típicos estão baseados no tipo de câncer de mama, estadiamento e em situações especiais: • Câncer de mama por estágio. • Câncer de mama triplo-negativo. • Câncer de mama inflamatório. • Câncer de mama durante a gravidez. Em função das opções de tratamento definidas para cada paciente, a equipe médica deverá ser formada por especialistas, como cirurgião, oncologista, radiooncologista e cirurgião plástico. Mas, muitos outros poderão estar envolvidos durante o tratamento, como enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais e psicólogos. É importante que todas as opções de tratamento sejam discutidas com o médico, bem como seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às necessidades de cada paciente. Tomando decisões sobre o tratamento. Discuta sempre todas as opções de tratamento para seu caso, bem como seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às suas necessidades. Pensando em participar de um estudo clínico. Em alguns casos, pode ser a única maneira para ter acesso a novos tratamentos. Ainda assim, estudos clínicos podem não ser adequados para todas as pacientes. Se você quiser saber mais sobre os estudos clínicos que podem ser adequados para você, converse com seu médico. Considerando métodos complementares e alternativos. Esses métodos podem incluir vitaminas, ervas e dietas especiais, ou outros métodos, como acupuntura ou massagem. Os métodos complementares se referem a tratamentos usados junto com seu atendimento médico regular. E os tratamentos Tutoria 1 – Modulo 1 – P4 – Eduarda Miranda alternativos são usados em vez do tratamento médico. Embora alguns destes métodos possam ser úteis para aliviar os sintomas ou ajudar você a se sentir melhor, muitos não foram comprovados cientificamente e não são recomendados. Converse com seu médico antes de iniciar qualquer terapia alternativa. Escolhendo interromper o tratamento. Para algumas pacientes, quando os tratamentos não estão mais controlando o câncer, pode ser hora de pesar os benefícios e riscos de continuar a tentar novos tratamentos. Se você continuar (ou não) o tratamento, ainda há coisas que você pode fazer para ajudar a manter ou melhorar a sua qualidade de vida. Algumas mulheres, especialmente se a doença está avançada, podem não querer receber mais tratamentos. Existem muitas razões pelas quais você pode decidir querer interromper o tratamento, mas é importante conversar com seu médico antes de tomar essa decisão. Lembre-se de que mesmo se você optar por não tratar o câncer, você ainda pode receber cuidados de suporte para tratar e controlar a dor ou outros sintomas. 8. Relacionar os sinais flogísticos com a neoplasia •
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