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Victoria Karoline L. Cardoso Avaliação do bem estar fetal anteparto e intraparto “Em todo o mundo, a hipóxia fetal intraparto em RN de termo é responsável por cerca de 814.000 mortes neonatais e 1.000.000 de mortes fetais. Cerca de outro milhão de RN possui deficiências neurológicas e de desenvolvimento, incluindo paralisia cerebral, retardo mental, cegueira, déficits intelectuais e distúrbios comportamentais devido à hipóxia." Introdução A maior parte dos óbitos neonatais no Brasil ocorre no período neonatal precoce (0-6 dias de vida) - cerca de 40% no primeiro dia de vida e um número significativo morrem nas primeiras horas após o nascimento -, o que evidencia uma estreita relação com a assistência pré-natal e o parto. Avaliação fetal antenatal: objetiva de identificar fetos de risco para eventos adversos ou para o óbito e, assim, atuar preventivamente para evitar insucessos. Monitorização fetal intraparto: objetiva detectar situações que precedem a hipóxia ou a acidose fetal, possibilitando a atuação profissional de saúde no sentido de reverter rapidamente uma causa de hipoxemia e terminar o trabalho de parto através de uma cesariana ou de umparto instrumentado. Indicações para a monitorização: ● Gestante de alto risco. ● Síndromes hipertensivas. ● Diabetes gestacional. ● Pós-datismo. ● Restrição do crescimento fetal. ● Alterações do ILA. ● Gestação múltipla. ● Diminuição do MF (movimento fetal). Principais situações para avaliar na monitorização fetal: ● Propedêutica da vitalidade fetal. ● Presença de distúrbios da oxigenação (hipóxia e acidose fetal) ● Presença de respostas adaptativas fisiológicas do feto, frente à descompensações. ● Sinais de descompensação fetal: diminuição do movimento respiratório, dos movimentos fetais, do líquido amniótico e da frequência cardíaca. Respostas adaptativas fetais à hipoxemia ● Aumento da resistência vascular periférica. ● Diminuição dos movimentos fetais: indica indiretamente diminuição do funcionamento so SNC, como mecanismo de conservação de energia. ● Diminuição da frequência cardíaca fetal (FCF): é estimulada por quimiorreceptores que provocam respostas do nervo vago, podendo se manifestar com desacelerações tardias no trabalho de parto. Obs: posteriormente pode haver alterações no fluxo de outros vasos fetais, seguidos de anormalidades nos parâmetros agudos do perfil biofísico fetal (PBF - movimentos respiratórios, corpóreos e de tônus muscular). Victoria Karoline L. Cardoso ● Direcionamento de maior proporção do fluxo sanguíneo da placenta, para o cérebro, coração e adrenais. ● Redução da perfusão renal, do trato gastrointestinal e do restante do corpo: causa redução do líquido amniótico pela menor diurese fetal. ● Centralização fetal. Principais fatores de risco associados à hipóxia fetal intraparto e recomendações de assistência Na mãe: ● Fatores causais: ○ Atividade uterina excessiva; ○ Hipoxemia materna; ○ Hipotensão materna. ● Recomendações: ○ Evitar abuso de ocitocina sintética na condução do parto; ○ Monitoramento fetal contínuo nos partos induzidos e quando há cesariana prévia; ○ Oferecer líquido durante o trabalho de parto; ○ Monitorar dados vitais maternos; ○ Manter doenças maternas, se presentes, em controle adequado. Na placenta: ● Fatores causais: ○ insuficiência placentária crônica; ○ Eventos agudos. ● Recomendações: ○ Monitoramento fetal contínuo em gravidezde alto risco. ○ Atenção a sangramentos vaginais sem causa aparente. ○ Abordagem adequada às anormalidades placentárias: placenta prévia e descolamento prematuro. No feto: ● Fatores causais: ○ Esgotamento de reservas energéticas fetais; ○ Anormalidades no fluxo sanguíneo umbilical . ● Recomendações: ○ Monitoramento contínuo em fetos com restrição de crescimento. ○ ○ Atenção especial a trabalhos de parto prolongados. ○ Evitar amniotomia sem encravamento da apresentação. ○ Realizar toque vaginal e monitorização da FCF após amniotomia. Progressão de fatores que conduzem à acidose fetal Hipoxemia fetal: diminuição da concentração de oxigênio no sangue arterial. Victoria Karoline L. Cardoso Hipóxia fetal: redução na concentração de oxigênio tecidual e produção intracelular de ácido lático. ● Queda de pH. ● Aumento de déficit de bases. Acidose metabólica: pH menor que 7, déficit de base maior que 12 mmol[ml e pode haver lesão de órgãos importantes. Métodos de avaliação fetal antenatal Registro de movimentos fetais: ● Mudanças abruptas no padrão de movimento exigem investigação. ● Não existem padrões quanto aos movimentos fetais, mas deve-se orientar a mão que mudanças abruptas são sinais de atenção. ● Recomendação do Ministério da saúde: pelo menos 6 movimentos por hora a partir de 34* semana. Ausculta intermitente: ● Esse método deve ser preferido à cardiotocografia intraparto como rotina para vigilância do bem estar fetal. ● O que observar: ○ FCF entre 110 e 160 bpm. ○ O aumento temporário da FCF é sinal de boa oxigenação fetal. ○ Flutuações dentro da normalidade dos batimentos cardíacos significam equilíbrio do SNA fetal. ● Risco habitual: fase ativa a cada 30 min e expulsiva a cada 15 min. ● Alto risco: fase ativa a cada 15 min e expulsiva a cada 5 min. ● Alerta: ○ FCF < 100 bpm. ○ FCF > 160 bpm. ○ Desacelerações menores que 110 bpm mantidas por vários segundos. ○ Padrões monótonos de ausculta que podem estar associados com uma variabilidade comprometida. Cardiotocografia Registro contínuo e simultâneo FCF, da contratilidade uterina e dos movimentos fetais no anteparto ou no intraparto. Início das avaliações: entre a 26* e a 28* semana. Periodicidade: pode variar (dias, algumas vezes ao dia, a cada 14 dias…), mas a nível ambulatorial é a cada 7 dias. Classificações: ● Categoria I: ● ○ FCF basal: 110–160 bpm ○ ○ Variabilidade: moderada ○ ○ Desaceleração tardia ou variável: ausente ○ ○ Desaceleração precoce: ausente ou presente ○ ○ Aceleração: presente ou ausente ○ Victoria Karoline L. Cardoso ● Categoria II: qualquer informação não-categorizada nos outros critérios. Ou: ● FCF basal: ○ Bradicardia não acompanhada por variabilidade ausente. ○ Taquicardia ● Variabilidade: ○ Mínima ○ Ausente, não acompanhada por desaceleração recorrente ○ Acentuada ● Aceleração: ○ Aceleração ausente ou induzida após estimulação fetal ● Desaceleração periódica ou episódica: ○ Desaceleração variável recorrente com variabilidade moderada ou mínima ○ Desaceleração prolongada ○ Desaceleração tardia recorrente com variabilidade moderada ○ Desaceleração variável com outras características, como retorno lento à linha de base ● Categoria III: variabilidade da CFC ausente com pelo menos uma das situações abaixo: ○ Desaceleração tardia recorrente ○ Desaceleração variável recorrente ○ Bradicardia ○ Padrão sinusoidal
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