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Modulo 2: funções Biológicas Emanoelly Marchi 1 Estados da Atividade Cerebral : Sono – É definido como o estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser despertada por estímulo sensorial ou por outro estímulo.Existem múltiplos estágios de sono, do sono muito leve ao sono muito profundo, pesquisadores do sono também dividem o sono em dois tipos Dois Tipos de Sono: Sono de Ondas Lentas e com Movimentos Rápidos dos Olhos (REM) - A cada noite, a pessoa percorre estágios de dois tipos de sono, que se alternam um com o outro. 1- Sono de ondas lentas, no qual as ondas cerebrais têm grande amplitude e baixa frequência 2- Sono com movimentos rápidos dos olhos (sono REM), no qual os olhos realizam movimentos rápidos, apesar de a pessoa ainda estar dormindo. A maior parte do sono, durante cada noite, é da variedade de ondas lentas; como por exemplo o sono profundo e restaurador que a pessoa experimenta na primeira hora de sono após ter ficado acordada por muitas horas. O sono REM, por sua vez, ocorre em episódios que ocupam aproximadamente 25% do tempo de sono dos adultos jovens; e cada episódio geralmente recorre a cada 90 minutos. Esse tipo de sono não é restaurador. Sono de Ondas Lentas - O sono profundo que ocorre durante a primeira hora após irmos dormir. Esse sono é relaxante e está associado às diminuições do tônus vascular periférico e a muitas outras funções vegetativas do corpo. Por exemplo, ocorre diminuição de 10% a 30% da pressão arterial, da frequência respiratória e no metabolismo basal. Embora o sono de ondas lentas seja chamado de “sono sem sonhos”, sonhos e até mesmo pesadelos podem ocorrer durante esse estágio. A diferença entre os sonhos que ocorrem no sono de ondas lentas e os que ocorrem no sono REM é que os do sono REM são associados à maior atividade muscular corporal, e os sonhos do sono de ondas lentas usualmente não são lembrados, pois não ocorre a consolidação dos sonhos na memória. Sono REM (Sono Paradoxal, Sono Dessincronizado) - Em noite normal de sono, é comum que episódios de sono REM, durando de 5 a 30 minutos, apareçam em média a cada 90 minutos. Quando a pessoa está extremamente sonolenta, cada episódio de sono REM é curto, e pode até estar ausente. Por sua vez, à medida que a pessoa vai ficando mais descansada, com o passar da noite, a duração dos episódios de sono REM aumenta. O sono REM tem várias características importantes: 1- É a forma ativa de sono, geralmente associada a sonhos e a movimentos musculares corporais ativos. Modulo 2: funções Biológicas Emanoelly Marchi 2 2- É mais difícil despertar o indivíduo por estímulo sensorial do que durante o sono de ondas lentas, e as pessoas em geral despertam espontaneamente pela manhã, durante episódio de sono REM. 3- O tônus muscular está excessivamente reduzido, indicando forte inibição das áreas de controle da medula espinhal. 4- As freqüências cardíacas e respiratórias ficam irregulares, o que é característica dos sonhos 5- Apesar da inibição extrema dos músculos periféricos, movimentos musculares irregulares podem ocorrer. Isso ocorre além dos movimentos rápidos oculares. 6- O encéfalo fica muito ativo no sono REM, e o metabolismo encefálico global pode estar aumentado por até 20%. O eletroencefalograma (EEG) mostra padrão de ondas cerebrais semelhante ao que ocorre durante o estado de vigília. Esse tipo de sono por isso é também chamado sono paradoxal, porque é um paradoxo que a pessoa possa ainda estar dormindo, apesar dessa grande atividade encefálica. Em resumo, o sono REM é o tipo de sono em que o encéfalo está bem ativo. A atividade cerebral não está canalizada para a direção apropriada, de tal forma que a pessoa fique totalmente consciente em relação ao ambiente, e, portanto, a pessoa está na verdade adormecida. Teorias Básicas do Sono - Acredita-se que o sono seja causado por processo inibitório ativo. Uma das primeiras teorias sobre o sono postulava que as áreas excitatórias da parte superior do tronco cerebral, o sistema ativador reticular, simplesmente se fatigavam durante o dia de vigília, tornando-se em conseqüência inativas. Essa era a chamada teoria passiva do sono. Experimento importante mudou esta visão para a concepção atual de que o sono é causado por processo inibitório ativo: descobriu-se que a transeção do tronco cerebral, a nível médio da ponte, cria um cérebro cujo córtex nunca dorme. Em outras palavras, centros localizados abaixo da região médio-pontina do tronco cerebral parecem ser necessários para causar sono pela inibição de outras partes do encéfalo. Centros Neuronais, Substâncias Neuro-humorais e Mecanismos que Podem Causar o Sono : Possível Papel Específico para a Serotonina - A estimulação de diversas áreas específicas do encéfalo pode produzir sono, com características quase semelhantes ao sono natural. Algumas dessas áreas são as seguintes: 1. A área de estimulação mais conspícua para causar um sono quase natural compreende os núcleos da rafe situados na metade inferior da ponte e no bulbo- Esses núcleos compreendem a fina lâmina de neurônios especializados, situados na linha média. As fibras nervosas desses núcleos se disseminam localmente pela formação reticular do tronco cerebral, dirigindo-se, Modulo 2: funções Biológicas Emanoelly Marchi 3 também, para cima, em direção ao tálamo, ao hipotálamo, à maioria das áreas do sistema límbico e até mesmo ao neocórtex do telencéfalo. Além disso, as fibras se dirigem para baixo, na medula espinhal, terminando nos cornos posteriores, onde podem inibir sinais sensoriais que chegam, incluindo a dor. Muitas terminações nervosas das fibras desses neurônios da rafe liberam serotonina. Quando fármaco que bloqueia a formação de serotonina é administrado ao animal, ele em geral não consegue dormir por vários dias. Dessa forma, admite-se que a serotonina é substância transmissora, associada à produção do sono. 2. A estimulação de algumas áreas no núcleo do trato solitário também pode causar sono - Esse núcleo é a terminação no bulbo e na ponte para onde se projetam os sinais provenientes das informações sensoriais viscerais, que chegam pelos nervos vago e glossofaríngeo. 3. O sono pode ser promovido por estimulação de diversas regiões no diencéfalo : 1- A parte rostral do hipotálamo, principalmente a área supraquiasmática 2- Área ocasional nos núcleos talâmicos de projeção difusa. Lesões em Centros Promotores de Sono Podem Causar Vigília Intensa. Lesões discretas nos núcleos da rafe levam a elevado estado de insônia, para as lesões bilaterais na área supraquiasmática mediai rostral, no hipotálamo anterior. Em ambos os casos, os núcleos reticulares excitatórios do mesencéfalo e da parte superior da ponte parecem ser liberados de sua inibição, causando assim estado de vigília intensa, pode provar a morte do animal por exaustão Outras Substâncias Transmissoras Possivelmente Relacionadas ao Sono- Experimentos mostraram que o líquido cefalorraquidiano, bem como o sangue e a urina de animais que foram mantidos acordados por diversos dias, contém substância ou substâncias que podem causar sono, se injetadas no sistema ventricular cerebral de outro animal. Uma das possíveis substâncias que foram identificadas é o peptídeo muramil, substância de baixo peso molecular que se acumula no líquido cefalorraquidiano e na urina, em animais mantidos acordados por diversos dias. Quando apenas microgramas dessa substância indutora de sono são injetados no terceiro ventrículo, o sono, quase natural, ocorre em alguns minutos e o animal pode permanecer adormecido por várias horas. Outra substância com efeitos semelhantes de causar sono é um nonapeptídeo isolado do sangue de animais adormecidos. Possíveis Causas do Sono REM – O fato do sono de ondas lentas ser interrompido periodicamente pelosono REM ainda não é compreendida. Entretanto, fármacos que mimetizam a ação da acetilcolina aumentam a Modulo 2: funções Biológicas Emanoelly Marchi 4 ocorrência de sono REM. Os grandes neurônios secretores de acetilcolina na formação reticular da porção superior do tronco cerebral podem, por suas extensas fibras eferentes, ativar muitas partes do cérebro. Isso teoricamente poderia levar à atividade excessiva que ocorre, em certas regiões cerebrais, durante o sono REM, mesmo que os sinais não sejam canalizados apropriadamente no cérebro para causar o estado de alerta consciente, que é característico da vigília. Ciclagem Entre os Estados de Sono e de Vigília- Ainda não existe explicação definitiva; entretanto, É sugerido que o possível seguinte mecanismo para a causa do ciclo sono-vigília : quando o centro do sono não está ativado, os núcleos mesencefálico e reticular pontino superior ativador são liberados de sua inibição, o que permite que os núcleos reticulares ativadores fiquem espontaneamente ativos. Isso, por sua vez, excita tanto o córtex cerebral, como o sistema nervoso periférico e ambos mandam inúmeros sinais de feedback positivo de volta para o mesmo núcleo reticular ativador para ativá-lo ainda mais. Com isso, após o início do estado de vigília, ele tem tendência natural de se manter por si só, devido a essa atividade de feedback positivo. Então, após o cérebro permanecer ativado por muitas horas, mesmo os neurônios do sistema ativador presumivelmente ficam fatigados. Consequentemente, o ciclo de feedback positivo entre o núcleo reticular mesencefálico e o córtex desaparece e os efeitos promotores do sono, dos centros de sono, tomam conta, levando à transição rápida da vigília de volta para o sono. A insônia que ocorre quando a mente da pessoa fica cheia de pensamentos perturbadores e o alerta que é produzido por atividade física corporal.
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