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Linguagem, funções executivas, motivação e emoção

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/
DEFINIÇÃO
A importância da linguagem e os centros de controle da linguagem no cérebro humano. Funções
executivas clássicas; processamento encefálico de funções executivas; memória de trabalho;
controle inibitório; flexibilidade cognitiva e redes frontais executivas. Emoções primárias,
secundárias e de fundo; teorias da emoção; amígdala e medo; córtex pré-frontal e processamento
emocional da tomada de decisão.
PROPÓSITO
Perceber que a linguagem, os comportamentos motivados, nossas emoções e as funções
executivas são essenciais para respostas adequadas à vivência em sociedade como
conhecemos, compreendendo, dessa forma, que identificar as bases neurais de tais processos é
importante para que se entenda as diferentes respostas humanas, bem como suas adaptações.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
/
Identificar os principais locais de processamento da linguagem no cérebro humano
MÓDULO 2
Reconhecer as principais funções cognitivas processadas pelo controle executivo, discernindo a
relevância de tais processos na adequação de respostas ao ambiente
MÓDULO 3
/
Identificar a importância do processamento de emoções na tomada de decisões, a influência dos
estados motivacionais e os locais encefálicos relacionados aos sentimentos
INTRODUÇÃO
IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO:
Um professor em uma sala de aula (virtual ou não). Ele precisa explicar conceitos específicos
sobre determinado assunto aos seus alunos. Para tal, ele organizou previamente um plano de
aula, no qual estruturou suas ideias principais e a ordem dos assuntos que serão abordados.
O professor inicia sua fala, e os alunos ouvem o discurso e fazem anotações em seus cadernos,
tablets e smartphones. A comunicação se estabeleceu e foi bem-sucedida. O professor
conseguiu com sucesso passar sua mensagem, que foi transmitida por meio do uso da
linguagem verbal e não verbal. Além de sua fala, o professor providenciou imagens sobre o
assunto em questão, que isso facilitou o entendimento da matéria.
Nesse processo, tanto o professor quanto os alunos realizaram diversas atividades, na sala ou
mesmo antes de chegar a ela; das mais simples (como amarrar o cadarço do tênis) às mais
complexas (como elaborar esquemas, gráficos e imagens que facilitem a compreensão de
determinado conteúdo).
/
FUNÇÕES EXECUTIVAS

AÇÕES E ATITUDES DIRETAMENTE
ASSOCIADAS A PARTES ESPECIFICAS DO
CÉREBRO
Por isso, todas essas atitudes são funções executivas, que estão diretamente ligadas a partes
específicas de nosso cérebro.
Ao mesmo tempo, não somos capazes de compreender como aconteceria a cena hipotética que
mencionamos sem imaginarmos se o professor chegou bem-humorado ou não, ou se algum
aluno sequer anotou uma frase, já que se recusava a dar atenção àquele que lhe deu nota 2,0 na
prova anterior.
/
Você já se deu conta de como seriam as relações humanas se elas fossem desprovidas de
emoção?
TALVEZ NÃO, MAS A VERDADE É QUE AS
EMOÇÕES SÃO TÃO NECESSÁRIAS COMO
HABILIDADES ADAPTATIVAS QUANTO OS
MECANISMOS DE TOMADA DE DECISÃO.
DESSA FORMA, COMPREENDER COMO A
EMOÇÃO É PROCESSADA NO CÉREBRO PODE
TRAZER INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE O
COMPORTAMENTO HUMANO EM DIFERENTES
SITUAÇÕES.
É EXATAMENTE ISSO QUE VAMOS ESTUDAR
AGORA!
/
MÓDULO 1
IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS LOCAIS DE
PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM NO CÉREBRO HUMANO
POR QUE ESTUDAR A LINGUAGEM?
Mas, o que é linguagem, afinal?
Podemos defini-la como um sistema de comunicação com regras específicas para que um
emissor envie mensagens a um receptor, de maneira que a mensagem principal seja
compreendida.
Os sistemas de comunicação abrangem algumas especificações. São elas:
 Clique nos itens a seguir.
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO PRÓPRIO
AVANÇO TECNOLÓGICO
/
EVOLUÇÃO HUMANA
Embora alguns animais, incluindo primatas não humanos, possuam sistemas de comunicação
próprios, a linguagem humana, sem dúvidas, é a mais complexa. Basta observarmos como a
língua de determinado local sofre mudanças com o tempo: recebe novas palavras, criam-se
neologismos, termos, gírias.
Com o avanço da tecnologia e das realizações humanas em todas as áreas, novas palavras e
novos vocabulários são criados a fim de acompanharem o desenvolvimento da sociedade. Sem
contar as palavras que são absorvidas das mais diversas línguas e modificadas para se
ajustarem às regras gramaticais de outra localidade. Com certeza, nossas tataravós não
saberiam dizer o que é um drone ou um smartphone. Entretanto, ambos fazem parte de nossa
vida no presente e sabemos seus significados e suas funções.
A linguagem, portanto, é uma adaptação fundamental na evolução dos seres humanos, e
não é formada apenas de sons específicos, mas envolve ainda gestos e expressões faciais, que
trazem emoção ao discurso.
Durante muito tempo, o estudo da linguagem humana limitou-se a ensaios e testes com pacientes
com lesões cerebrais, cujos danos restringiram aspectos da linguagem. Porém, com o avanço da
tecnologia de imagens, foi possível inserir a Neurociência no processo de investigação das
áreas cerebrais voltadas à linguagem, o que possibilitou uma compreensão maior do fenômeno.
ALGUNS ASPECTOS DA LINGUAGEM
A linguagem pode ser desmembrada em componentes mais específicos; por exemplo, a
linguagem verbal inclui a vocalização de sons e a compreensão dos mesmos via sistema
auditivo. Dessa maneira, dependendo do tipo de linguagem utilizada, haverá um pareamento de
sistemas para a compreensão da mensagem.
Quando a linguagem utilizada for escrita, o sistema visual será encarregado de receber tais
estímulos.
Se a linguagem utilizada for o braille, por exemplo, o sistema somestésico será o primeiro a
receber as informações necessárias para que a comunicação ocorra.
Linguagem verbal
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javascript:void(0)
/
BRAILLE
Sistema de escrita com pontos em relevo que as pessoas privadas da visão podem ler pelo tato
e que lhes permite também escrever; anagliptografia.
SISTEMA SOMESTÉSICO
O sistema somestésico está ligado à percepção tátil.
/
Quando comparamos a linguagem verbal falada com a linguagem escrita, por exemplo,
entendemos que a primeira possui fortes bases neurais, uma vez que, nos primeiros meses de
vida, os seres humanos já são capazes de iniciar processos de aprendizagem neste campo.
Ao passo que a escrita ocorre em etapas posteriores da vida e depende de uma educação
formal, o que nem sempre ocorre. No entanto, a linguagem deve ser considerada universal, no
sentido de que todas as sociedades apresentam sistemas bem definidos de regras e se
comunicam, ao menos, verbalmente.
A universalidade da linguagem nos traz a ideia de que tal fenômeno é inato ao ser humano e que,
provavelmente, existam áreas específicas no cérebro para o processamento desses dados.
Linguagem universal
/
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem:
FONEMA
São unidades formadoras das palavras. São sons distintos, cuja junção resulta em palavras e
frases.
SINTAXE
Estrutura de regras gramaticais para associação de palavras em frases.
SEMÂNTICA
Trata-se da compreensão do significado das palavras.
PROSÓDIA
São inflexões, entonações de voz, gestos e expressões faciais que acompanham a fala.
ÁREAS ENCEFÁLICAS ENVOLVIDAS NA
FALA
/
Você já se deu conta que a associação entre regiões cerebrais e a fala é uma descoberta
relativamente recente?
EXATAMENTE! DURANTE MUITO TEMPO,
ACREDITOU-SE QUE TODOS OS PROCESSOS
DE REGULAÇÃO DA FALA SE DAVAM APENAS
EM NÍVEIS INFERIORES, MAIS
ESPECIFICAMENTE OS MÚSCULOS DA BOCA,
LÍNGUA E LARINGE.
A partir de 1770, vieram os primeiros indícios de que áreas encefálicas estariam associadas a
problemas na fala. Porém, em 1863, o neurologista francês Paul Broca publicou um artigo
relatando vários casos de indivíduos com lesões nos lobos frontais, especificamente no
hemisfério esquerdo, nos quais a linguagem estava comprometida. No ano seguinte, Broca
propôs que havia dominância do hemisfério esquerdo no que diz respeito à linguagem em
relação ao hemisfério direito.PAUL BROCA
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/
Paul Broca (1824-1880) nasceu na França. Logo após concluir o curso de Medicina na
Universidade de Paris (1844), tornou-se professor de Patologia Cirúrgica. Sua maior contribuição
à Neurologia foi a identificação, no cérebro, do centro do uso da palavra (área de Broca).
Confira, então, alguns aspectos relacionados as áreas encefálicas e a relação entre os
problemas na fala.
PROCEDIMENTO DE WADA
O procedimento de Wada – uma técnica mais moderna desenvolvida por Juhn Wada no Instituto
Neurológico de Montreal – pode comprovar tal afirmativa. Esse procedimento consiste na
administração de um barbitúrico de ação rápida pela artéria carótida de apenas um dos lados do
pescoço, o que faz com que apenas um hemisfério seja anestesiado. Dentre os efeitos
transitórios, estão: paralisia do corpo no lado contralateral à injeção e problemas na execução de
tarefas que, especificamente, são controladas pelo hemisfério anestesiado. Observe a figura:
Utilizando anestésicos de ação rápida, é possível anular as funções de um único hemisfério e
observar as atividades que ele regula. Dessa forma, foi possível associar a anestesia do
hemisfério esquerdo e a total incapacidade de fala. Em 96% dos destros e em 70% dos
canhotos, o hemisfério esquerdo é dominante para a fala. Apenas em uma parcela muito
pequena da população observa-se bilateralidade da fala.
 Procedimento de Wada 
ÁREA DE BROCA
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/
A área que Broca identificou como a responsável pela articulação da fala acabou ficando
conhecida como área de Broca.
Complementando o estudo, o neurologista alemão Karl Wernicke mostrou que lesões no
hemisfério esquerdo, fora da área de Broca, também resultam em dificuldades na fala. Tal área
ficou conhecida como área de Wernicke e localiza-se próximo ao córtex auditivo e ao giro
angular.
Apesar de tais áreas, ainda hoje, serem implicadas em aspectos da linguagem, sabe-se que
seus limites não estão totalmente esclarecidos e podem ser ainda mais abrangentes.
 Componentes principais do sistema de linguagem no hemisfério esquerdo
JUHN WADA
Juhn Wada (Japão, 1924) desenvolveu pesquisas na área de epilepsia, incluindo sua descrição
do teste de Wada para domínio hemisférico cerebral da função da linguagem. Suas principais
áreas de interesse são: assimetrias do cérebro humano e neurobiologia da epilepsia.
Além disso, há variações entre os indivíduos, já que existem questões genéticas associadas à
linguagem. Como o cérebro e suas estruturas são plásticos e mutáveis frente aos diferentes
estímulos ao longo da vida, os circuitos podem sofrer variações de um indivíduo para o outro.
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/
KARL WERNICKE
Karl Wernicke (1848-1905) nasceu na região da Prússia (onde hoje é a Polônia/Alemanha).
Estudou Neurologia, buscando identificar doenças nervosas de áreas específicas do cérebro.
Dedicou-se a pesquisar distúrbios que implicam na funcionalidade da fala e escrita.
O ESTUDO DAS AFASIAS E O MODELO DE
WERNICKE-GESCHWIND
Você já percebeu que parte dos estudos sobre a linguagem e sua associação com áreas
encefálicas advém da análise de casos de afasias?
É ISSO MESMO! A AFASIA É A PERDA PARCIAL
OU COMPLETA DA FALA, RESULTANTE DE
LESÕES ENCEFÁLICAS. NA MAIORIA DAS
VEZES, ISSO ACONTECE SEM QUE HAJA PERDA
COGNITIVA OU DA CAPACIDADE DE MOVER OS
MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA FALA.
/
A afasia de Broca é caracterizada pela perda da capacidade de fala, com preservação da
compreensão do que é ouvido ou lido. Pessoas com essa síndrome apresentam fala difícil e
telegráfica com recorrente anomia, ou seja, incapacidade de encontrar nomes.
Tal anomia é seletiva, uma vez que palavras de conteúdo, como substantivos, verbos e adjetivos,
são frequentemente utilizadas. Já palavras de função, como artigos, conjunções e pronomes, não
são utilizadas e não fazem parte das frases.
Conclui-se que a afasia de Broca está relacionada a algum tipo de dificuldade motora na
articulação da fala, uma vez que a compreensão é mantida, porém a externalização das palavras,
não.
AFASIA DE BROCA
Também conhecida como afasia motora ou não fluente, pois a pessoa tem dificuldade em falar
mesmo que possa entender a linguagem falada ou lida. Caracterizada por dificuldades no
discurso, incluindo uma ampla gama de sintomas. O discurso dos pacientes é frequentemente
telegráfico e custoso, vindo em rompantes desiguais.
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/
TAREFA NÃO VERBAL
Devido ao fluxo de fala incompreensível, é difícil verificar com a afasia de Wernicke se está
havendo ou não compreensão do que é dito ou escrito. Dessa forma, designa-se determinada
tarefa não verbal para verificar a compreensão do paciente.
Por exemplo, pode-se pedir ao indivíduo que coloque determinado objeto sobre outro. O que se
observa é que não há capacidade de compreensão mesmo para tarefas simples como essa.
SONS DE ENTRADA
Da mesma maneira que a área de Broca fica perto de regiões motoras que controlam boca e
língua, a área de Wernicke localiza-se próximo ao córtex auditivo.
Tal associação pode induzir à ideia de que tal área está relacionada aos sons de entrada e
seus significados. Em outras palavras: seria uma área de formação de memória entre sons e
seus significados, o que gera a compreensão da palavra propriamente dita.
REGULAÇÃO DA LINGUAGEM
Ainda em seu estudo com afásicos, Wernicke propôs um modelo de processamento de
linguagem no encéfalo, o qual foi complementado por Norman Geschwind.
Esse modelo, conhecido por Modelo de Wernicke-Geschwind, acaba sendo uma simplificação
do que ocorrem em termos de regulação da linguagem na realidade.
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/
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre afasias.
Wernicke sugeriu que a área lesada na afasia de Broca poderia ser responsável pelo controle
motor na articulação de sons e palavras. Tal ideia faz sentido quando percebemos que a área de
Broca está localizada próximo à área do córtex motor, que controla a boca e a língua.
Entretanto, em alguns pacientes com essa síndrome, observa-se a possibilidade de eles falarem
palavras como bee (abelha, em inglês), mas nota-se igualmente a incapacidade de pronunciar
palavras foneticamente similares como be (ser, em inglês).
Conclui-se, portanto, que o problema estaria na distinção entre palavras de função e palavras de
conteúdo, e não em problemas meramente motores, como muitos pesquisadores da área
afirmam.
Acompanhe mais alguns aspectos sobre a afasia de Wernicke.
/
NORMAN GESCHWIND
Norman Geschwind (1926-1984) nasceu nos Estados Unidos e teve como foco de interesse a
Neurologia Comportamental. Curiosamente, ele ingressou em Harvard para estudar Matemática;
porém, a Psicologia chamou sua atenção ao observar os soldados na Segunda Guerra Mundial
(quando ele serviu ao Exército), agindo de forma irracional nos combates.
Para compreendermos esse modelo, vamos considerar duas situações distintas: repetição de
palavras e a leitura em voz alta de um texto escrito.
REPETIÇÃO DE PALAVRAS
Nesse caso, as informações chegam ao encéfalo via sistema auditivo até o córtex auditivo. Este,
por sua vez, processa as informações recebidas, as quais somente serão reconhecidas como
palavras com significado quando processadas na área de Wernicke.
As palavras serão finalmente pronunciadas depois que as informações chegarem à área de
Broca, onde comandos neurais serão enviados às regiões motoras responsáveis pelo controle da
língua e dos músculos associados à fala.
 Repetição de palavras faladas (Modelo de Wernicke-Geschwind).
/
LEITURA EM VOZ ALTA DE UM TEXTO ESCRITO
Já nessa situação, em que a tarefa é a leitura de um texto escrito, o processo final é similar,
mas o início difere pelo fato de o sistema de entrada ser o visual, e não o auditivo.
Nesse caso, as informações chegam ao córtex visual, são processadas e passam ao giro
angular, onde serão novamente processadas e transformadas em sinais de saída para a área de
Wernicke, como se fossem sinais falados, e não escritos.O processo final é o mesmo do caso anterior, com as informações sendo levadas à área de
Broca e, então, para o córtex motor.
 Repetição de palavras escritas (Modelo de Wernicke-Geschwind) 
SIMPLIFICAÇÕES DO MODELO DE WERNICKE-
GESCHWIND
Embora coerente, o modelo acaba simplificando demais certos aspectos. Por exemplo, as
informações visuais podem chegar diretamente à área de Broca, sem passar pelo giro angular.
As informações visuais não precisam ser transformadas em informações auditivas, como
sugerido. Além disso, sabe-se atualmente que os danos nas afasias de Broca e Wernicke
/
dependem da extensão das áreas lesadas e de regiões não mencionadas no modelo, como o
núcleo caudado e o tálamo (ambas áreas subcorticais).
Outro aspecto importante reside no fato de que, em um acidente vascular cerebral (AVC), a borda
limítrofe das lesões é variável, o que pode incluir ou não áreas de relevância à linguagem e que
acabaram excluídas do modelo.
Foram reportados ainda estudos que evidenciam a recuperação de áreas lesadas, ou ainda a
substituição de função por áreas anteriormente não relacionadas à linguagem, o que agrava a
compreensão dos quadros. Vários casos de afasia são acompanhados de disfunções da fala e
da compreensão ao mesmo tempo.
Dessa forma, foram propostos modelos mais complexos de análise, mas que mantêm alguns
aspectos básicos do modelo de Wernicke-Geschwind.
AFASIA DE CONDUÇÃO
 Clique nas setas para ver o conteúdo.
/
 Feixe arqueado – fibras responsáveis pela conexão entre as áreas de Broca e Wernicke.
Outro tipo de afasia existente é a afasia de condução, na qual ocorre desconexão entre as áreas
de Broca e Wernicke. Tal perda de conectividade ocorre devido a lesões no fascículo arqueado,
um conjunto de fibras que conectam ambas as áreas de linguagem.
Nesse tipo de afasia, a compreensão e a fala são mantidas. Entretanto, como há perda da
comunicação entre as áreas, há perda da capacidade de repetir palavras. O paciente até pode
ouvir uma palavra ou frase e compreender o que foi dito, mas será incapaz de repeti-la em voz
alta da forma correta.
ESPECIALIZAÇÃO HEMISFÉRICA
Quando Paul Broca apresentou seus trabalhos sobre a prevalência do hemisfério esquerdo na
formação da linguagem, a comunidade científica entendeu e aceitou que haveria dominância de
tal hemisfério em relação ao direito, que teria apenas funções secundárias e coadjuvantes.
Entretanto, o conceito de dominância hemisférica tornou-se ultrapassado; o que se entende
atualmente é o conceito de especialização, e não dominância.
A especialização hemisférica se traduz em hemisférios distintos, cada qual especializado em
um grupo de funções. Porém, ambos trabalham em conjunto, integrados por milhões de fibras
denominadas comissuras cerebrais.
/
 Comissuras cerebrais
O conceito de especialização é correlacionado a outros dois conceitos: o de lateralidade e
assimetria.
 Clique nos itens a seguir.
LATERALIDADE
ASSIMETRIA
A lateralidade ocorre quando não há bilateralidade em alguma função e algum hemisfério acaba
sendo responsável por determinada função majoritariamente.
O conceito de assimetria é mais amplo e pode ser considerado sob a ótica de diversas
modalidades: assimetrias morfológicas, funcionais e comportamentais. 
ASSIMETRIAS MORFOLÓGICAS
Uma observação precisa ser feita para que nenhuma informação seja considerada de forma
simplista. O conceito de especialização hemisférica não pode ser traduzido como se o hemisfério
esquerdo fosse inteiramente responsável pela fala e o direito, pelas emoções, por exemplo. Tais
fatos incorrem em afirmações que carecem de necessária comprovação científica.
Se quiser se aprofundar nesse assunto, visite o Explore+ ao final no tema.
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/
Ainda sobre esse estudo, utilizou-se pacientes cujas comissuras foram seccionadas a fim de
evitar crises epilépticas fortes, é possível pesquisar as especialidades hemisféricas fornecendo
estímulos que serão processados apenas por um lado do cérebro. Por meio de tais estudos, foi
possível localizar as especializações e associá-las aos seus respectivos hemisférios, como
também perceber o papel das comissuras na integração dos hemisférios.
Por exemplo, quando falamos, veiculamos tanto informações cognitivas quanto afetivas, e isso se
dá por integração entre os hemisférios. A prosódia é codificada pelo hemisfério direito, enquanto
o esquerdo regula a compreensão linguística e a fala.
 Especialização hemisférica
COMISSURAS
Conjunto de fibras que têm a função de ligar um hemisfério do cérebro a outro.
Acredita-se que a única generalização permitida quando se trata de especialização hemisférica é
a de que o hemisfério esquerdo trata de funções mais específicas, enquanto o direito regula
funções mais globais.
Com o avanço das técnicas de imagem, foi possível observar em mais detalhes a ativação de
partes específicas do encéfalo quando da execução de determinadas tarefas.
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/
Os resultados obtidos por ressonância magnética funcional de interferência (IRMf) e tomografia
por emissão de pósitrons (TEP) mostram certa bilateralidade na execução de tarefas ligadas à
linguagem, indo de encontro ao que se observa majoritariamente por meio de exames com
pacientes lesionados ou em situações de anestesia hemisférica, como no teste de Wada.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
RECONHECER AS PRINCIPAIS FUNÇÕES
COGNITIVAS PROCESSADAS PELO CONTROLE EXECUTIVO,
DISCERNINDO A RELEVÂNCIA DE TAIS PROCESSOS NA
ADEQUAÇÃO DE RESPOSTAS AO AMBIENTE
CONTROLE EXECUTIVO
/
A IMPORTÂNCIA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
Já parou para pensar sobre qual a Importância das funções executivas?
TODOS OS DIAS, EXECUTAMOS DIVERSAS
ATIVIDADES E RESPONDEMOS AO AMBIENTE
COM COMPORTAMENTOS NORMALMENTE
ADEQUADOS ÀS SITUAÇÕES. VAMOS AO
TRABALHO, À FACULDADE, DIRIGIMOS,
PEGAMOS TRANSPORTES, DEPARAMO-NOS
COM PESSOAS, POR VEZES DESCONHECIDAS,
E LIDAMOS COM SITUAÇÕES, ORA
CORRIQUEIRAS, ORA DESAFIADORAS
Em paralelo, para criar respostas adequadas aos estímulos, nosso encéfalo (composto por
cérebro, cerebelo, tronco encefálico), por meio de suas inúmeras e complexas conexões neurais,
processa tais estímulos e adiciona ainda componentes emocionais, memórias e outros aspectos
que compõem nossas reações.
Em outras palavras, nossas ações externalizadas são resultado de uma série de processos
executivos coordenados, ou seja, existe um comando executivo atuando a todo momento na
mediação de nossas respostas frente aos estímulos recebidos constantemente.
/
 Componentes do encéfalo.
POR EXEMPLO, IMAGINE-SE NA SEGUINTE
SITUAÇÃO:
Você está entrando em um restaurante para almoçar com seu chefe. Você nunca esteve nesse
restaurante; ainda assim, você sabe exatamente o que fazer. Você decide o prato que vai pedir
levando em consideração suas preferências alimentares, o custo-benefício de seu pedido e sua
dieta recém-iniciada.
Paralelamente, você está preocupado com as respostas que dará ao seu chefe, já que,
claramente, esse almoço é um teste. Você decide rapidamente quais informações dará e de que
maneira o fará utilizando a linguagem adequada à situação.
Com certeza, não trará à tona o atraso do mês anterior, a não ser que seu chefe aborde o
assunto. Você provavelmente não vai beber do copo dele nem dar uma garfada no risoto de
camarão que ele pediu. Também não contará piadas.
Por que trouxemos tal exemplo?
/
PORQUE, EMBORA PAREÇAM AÇÕES COMUNS,
PESSOAS COM DISFUNÇÕES EXECUTIVAS,
DEPENDENDO DA REGIÃO AFETADA, PODEM
TER DIFICULDADES PARA ATUAR EM TAL
SITUAÇÃO.
 ATENÇÃO
Na verdade, o domínio executivo permite que consigamos planejar, flexibilizar quando necessário
e autorregular nossos processos mentais e comportamentais.
O CASO PIONEIRO
O conceito de função executiva veio da percepção de que indivíduos com sérios problemas
comportamentais e de personalidade podem apresentar resultados normais (ou até superiores
em desempenho) em testes cognitivos padronizados.
É o caso de PhineasGage, o indivíduo cujo acidente com uma barra de ferro modificou sua vida
e as pesquisas sobre o funcionamento do cérebro (na verdade, encéfalo).
/
 Simulação dos danos de conectividade e crânio de Phineas Gage
Em 1848, Gage, que trabalhava na construção de uma estrada de ferro nos Estados Unidos no
auge de seus 25 anos de idade, teve a cabeça atravessada de baixo para cima por uma barra de
ferro de 1m de comprimento e 30mm de diâmetro. Incrivelmente, foi levado com vida ao hospital,
onde detectou-se a perda de parte do lobo frontal esquerdo. Gage perdeu a visão e ficou com o
rosto paralisado no lado onde a barra o atingiu.
Embora suas funções cognitivas estivessem aparentemente intactas, Gage foi incapaz de
retornar ao trabalho devido a mudanças drásticas em seu comportamento. Dentre elas,
apresentava-se mais agressivo e menos respeitoso com quem interagisse, principalmente se
fosse contrariado. Passou parte de sua vida posterior ao acidente exibindo-se em circos com sua
barra de ferro. Faleceu junto à família de mal epiléptico.
O caso relatado nos mostra a importância da função executiva ou do controle executivo. Phineas
apresentou resultados adequados em testes padronizados de funções cognitivas como memória,
capacidade de realizar cálculos, além de testes relacionados à linguagem. Entretanto, sua
convivência em sociedade e a execução de seu trabalho foram afetados de forma drástica por
mudanças nas funções executivas.
Um dos axiomas da Neuropsicologia diz que o funcionamento executivo adequado gera
autonomia ao indivíduo em relação ao meio ambiente. Confira alguns aspectos importantes
desse tema:
 Clique nos itens a seguir.
AUTONOMIA PERDIDA X LESÕES
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/
AUTONOMIA PERDIDA X MEIO AMBIENTE
Nesse caso, quando a autonomia é perdida por lesões específicas em áreas relacionadas ao
controle executivo, perde-se parte da capacidade adaptativa ao ambiente.
A perda de autonomia em relação ao ambiente está relacionada ao fato de que os estímulos
externos, em situações onde a função executiva não está preservada, acabam por se tornar
prevalentes em relação às vontades e aos planejamentos do indivíduo.
AXIOMAS
Axioma, originário da Lógica, corresponde a uma sentença inicial ou fundamento de alguma
teoria sobre a qual se desenvolvem novos conceitos.
Para compreender essa relação entre autônima perdida e o meio ambiente é necessário analisar
um dos principais testes de função executiva:
Você conhece o teste de Stroop ou teste de interferência cor-palavra?
Neste teste, é pedido ao indivíduo que diga em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das
cores de uma sequência dada (figura 10). No primeiro caso, o estímulo é a imagem de círculos de
cores diferentes. Na segunda etapa, ocorre o teste de interferência propriamente dito. O estímulo,
agora, consiste na mesma sequência de cores. Porém, em vez de círculos coloridos, aparecem
os nomes de cores impressos em cores incongruentes.
AGORA É COM VOCÊ! FAÇA O TESTE DE
STROOP!
Instrução: Você irá precisar de um marcador de tempo, um cronômetro para esse teste.
/
ETAPA 1:
Leia em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores disponíveis na figura. Marque o
tempo que você gastou para realizar essa leitura.
/
ETAPA 2:
Leia em voz alta, o nome escrito das cores na figura. Marque, também, o tempo que você gastou
para realizar essa leitura.
 Teste de Stroop. À esquerda, prancha com estímulos de denominação de cores. À direita,
prancha com estímulos de interferência cor-palavra (os nomes são impressos em cores
incongruentes).
QUAL O TEMPO QUE VOCÊ GASTOU PARA
REALIZAR A LEITURA DE CADA TESTE?
Neste teste, com os tempos anotados em cada tarefa, verifica-se que pessoas cujas funções
executivas estão íntegras, ocorre uma diferença de, em média, dez segundos entre a primeira
etapa e a segunda.
No entanto, como tal teste comprova a integridade (ou não) das funções executivas? Entenda!
A leitura exerce certo predomínio sobre a denominação de cores em pessoas alfabetizadas.
Dessa maneira, o estímulo sensorial da palavra escrita acaba sendo mais forte do que o estímulo
de denominação da cor impressa.
/
Para obter sucesso no teste, o indivíduo deve suprimir a tendência natural de ler a palavra escrita,
o que indica flexibilidade e autonomia sobre os estímulos ambientais.
Já os indivíduos que não possuem as funções executivas íntegras levam muito mais tempo para
executar a segunda parte do teste, pois tendem a verbalizar o nome da cor impressa.
COMPONENTES PREFERENCIAIS DAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS
 Clique nas setas para ver o conteúdo.
Existem diversas abordagens ao se nomear as funções executivas (FE). É possível encontrar
listas extensas do que seriam ou são tais funções.
Porém, antes disso, é importante compreender que a ideia de controle executivo é algo maior,
por trás de funções cognitivas como a memória e a atenção, por exemplo.
/
Além disso, tal controle superior tem por objetivo, dependendo da situação, exercer um
direcionamento de nossas funções cognitivas.
Em outras palavras, existem funções cognitivas que nos permitem compreender o mundo, dar
atenção aos estímulos adequados e reagir a eles. Acima de tais funções, está o comando
executivo gerenciando como todas essas funções serão orquestradas a fim de retornar uma ação
adaptativa.
Apesar de ser possível encontrar listas com componentes distintos, entende-se que os principais
elementos de controle executivo são:
 Clique nos itens a seguir.
MEMÓRIA DE TRABALHO
FLEXIBILIZAÇÃO COGNITIVA
CONTROLE INIBITÓRIO
Esse tipo de memória gerencia a nossa capacidade de reter e manipular informações distintas
por curto espaço de tempo. Tal função permite que consigamos realizar tarefas sequenciais com
início, meio e fim, sem se perder em meio às informações. Indivíduos com lesões no córtex pré-
frontal podem apresentar distúrbios de memória de trabalho e, com isso, tornam-se incapazes de
ler um texto extenso ou cozinhar, por exemplo. Ao ler um texto, é necessário memória de trabalho
para que se possa lembrar do parágrafo anterior e dar sentido ao que se está lendo. É esse tipo
de memória que possibilita a realização de cálculos mentalmente e a estruturação de
pensamentos complexos que dependam de várias informações simultâneas.
Essa função executiva visa sustentar ou alternar atenção em resposta a diferentes demandas ou,
ainda, auxilia a aplicar diferentes regras a situações adequadas. Por exemplo, um indivíduo faz
seu caminho até a faculdade todos os dias. Entretanto, em um dia específico, pode ser que ele
necessite passar no banco antes de ir à faculdade e, assim, terá de modificar seu trajeto habitual.
Parece algo simples de se fazer, já que há um objetivo: passar no banco. Entretanto, pessoas
/
com lesões do córtex pré-frontal podem se mostrar incapazes de reorientar seus trajetos, já que a
“regra” original é manter o caminho até a faculdade diariamente.
É a habilidade utilizada no controle de nossos impulsos, a fim de que resistamos a distrações e
hábitos e consigamos parar antes de reagir. Esse tipo de controle permite a atenção seletiva e
sustentada, além da capacidade de priorizar tarefas a fim de alcançar objetivos pré-
estabelecidos. Está correlacionada diretamente aos processos de controle emocional.
Em resumo, o controle executivo é evocado quando é necessário suplantar respostas
prepotentes, ou seja, respostas habituais e que são mais fortes do que as novas ações
requeridas. Em outras palavras, as funções executivas são necessárias quando é preciso atuar
de forma contrária a um hábito fortemente adquirido.
HÁBITO FORTEMENTE ADQUIRIDO
Quando alguma ação é repetida por nós muitas vezes, cria-se um hábito. Neurologicamente, isso
significa que houve a criação de um circuito específico que se repete em looping toda vez que um
gatilho é apresentado. É o caso da mulher que, todo dia, pontualmente às 15h, deixa sua mesa
de trabalho e vai até a cantina do trabalho comprar umbolo. Talvez ela nem esteja com fome,
talvez esteja entediada, mas, para quebrar a rotina, inseriu esse hábito. Logo, o gatilho, nesse
caso, pode ser o tédio em meio ao trabalho da tarde. Toda vez que esse gatilho se apresenta, a
mulher associa a ele uma ação, que, no caso, é a compra (e consequente ingestão) do bolo. Tal
circuito é quase automático, pois uma ação ou percepção leva à outra, e as respostas são quase
imediatas. Entretanto, caso ela resolva abandonar esse hábito, terá de utilizar suas funções
executivas para suplantar a vontade de obter recompensa imediata comendo o doce.
 ATENÇÃO
O controle executivo atua de forma antagônica às formas automáticas de processamento. Estas
formas automáticas de processamento de estímulos exercem o controle bottom-up, ou seja, de
baixo para cima, significando que os estímulos sensoriais (sentidos) e suas associações criaram
um hábito.
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/
REDES EXECUTIVAS FRONTAIS: ANATOMIA
DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
Uma vez que entendemos que as funções executivas são vitais para a adaptação ao ambiente,
resta conhecer as regiões responsáveis por tal atuação.
Os primeiros indícios de localização de um sistema de controle executivo advêm de estudos em
lesões cerebrais que resultam em síndromes cognitivas peculiares, como as observadas no caso
de Phineas Gage. Tais síndromes levam a localizações que remetem às regiões de lobos frontais.
 Lobos cerebrais
Durante algum tempo, entendeu-se que os lobos frontais eram o epicentro das funções
executivas, visto que alojam uma série de áreas importantes relacionadas a processos
cognitivos, como linguagem e áreas motoras, por exemplo. Entretanto, a maior parte das
síndromes que levam a disfunções de comportamento convergem para a região específica do
córtex pré-frontal (CPF).
Tal região é dividida em 3 partes: córtex dorsolateral, córtex orbitroventral e córtex frontomedial.
/
 Regiões do córtex pré-frontal
O córtex pré-frontal possui inúmeras conexões com áreas cerebrais. Compreenda mais algumas:
O CPF possui grande número de conexões com áreas cerebrais que processam informações
externas, incluindo todos os sistemas sensoriais, além de áreas motoras corticais, assim como
informações internas das estruturas límbicas (centro da emoção) e mesoencefálicas.
/
Logo, o CPF exerce importante função ao processar inúmeras informações internas e externas a
fim de orientá-las no alcance de objetivos específicos.
Não basta ver, ouvir e compreender informações; elas precisam ser coordenadas para gerar
respostas adequadas.
/
Grande parte dos dados sobre o CPF advém, como dito anteriormente, de estudos em pacientes
com lesões da área. A seguir, descreveremos algumas das funções executivas impactadas por
danos no CPF.
Confira, então, alguns aspectos relacionados córtex pré-frontal:
CONTROLE INIBITÓRIO
Pacientes com danos no CPF podem apresentar um comportamento conhecido como
perseveração (ou perseverância), que consiste em manter comportamentos desencadeados
por estímulos sensoriais, mas sem dar a eles a devida adequação circunstancial. É o caso de um
indivíduo que, a cada vez que se depara com um copo de água, não resiste e toma todo o líquido,
mesmo sem saber a quem pertence.
PLANEJAMENTO
Mesmo quando lesões do CPF mantêm intactas as unidades básicas de comportamento, a
capacidade de organização pode ser perdida. Um indivíduo com lesões específicas no CPF
pode apresentar dificuldades em ordenar certos comportamentos, como, por exemplo, a
execução de uma receita.
AVALIAÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS
Para gerar comportamentos direcionados a objetivos, é necessária a capacidade de avaliar as
consequências de diversas ações. Pacientes com lesões do CPF, especialmente na área orbital,
mostram-se incapazes de avaliar os prós e contras de suas ações, o que resulta em decisões
/
ruins em curto, médio e longo prazos. Pesquisas na área (DAMASIO, 1996) mostraram que o
córtex pré-frontal orbital é capaz de associar pistas afetivas às decisões a serem tomadas, e tal
associação emocional gera alto peso na tomada de decisões. Lesões nessa área específica
tornam indivíduos inaptos em vários testes simples de tomada de decisão.
APRENDIZAGEM E UTILIZAÇÃO DE REGRAS
A habilidade de abstrair e generalizar regras é de extrema importância no contexto da
aprendizagem. Entretanto, quando se perde tal função executiva, o indivíduo perde a capacidade
de aplicar regras e moldá-las aos diferentes contextos. Nesses casos, a pessoa terá de lidar com
cada nova situação na base de erros e acertos, pois é incapaz de reutilizar e adaptar regras
aprendidas.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre a aprendizagem e a utilização de regras.
Como você pode observar com o vídeo, essas funções e habilidades são desenvolvidas no
Córtex pré-frontal, esse desempenha um papel relevante no controle executivo. Entretanto,
algumas síndromes chamadas disexecutivas foram associadas a regiões não frontais.
/
Vale destacar, que devido ao grande alcance de técnicas de imagem, é possível estabelecer que
tais síndromes causadas por lesões situadas fora dos lobos frontais, mas em regiões ricamente
associadas a eles por conexões podem ser diagnosticadas.
VOCÊ JÁ COMPREENDEU A IMPORTÂNCIA DO
CONTROLE EXECUTIVO EM NOSSA VIDA. NO
ENTANTO, A PERGUNTA NATURAL QUE
PODERIA SURGIR A PARTIR DE TAIS
CONHECIMENTOS É:
TODOS NASCEM COM A PLENITUDE DE SUAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS?
A resposta para essa pergunta é não!
Mas, uma boa notícia é que tais funções e habilidades podem ser desenvolvidas ao longo da
vida, a partir dos estímulos corretos. Em parte, não nascemos com elas porque os lobos frontais
são os últimos a serem finalizados em termos de desenvolvimento cerebral. Por outro lado, ao
longo da vida, concomitantemente ao desenvolvimento de tais estruturas, temos experiências e
estímulos que auxiliam no desenvolvimento cada vez maior dessas habilidades, como é possível
observar no gráfico a seguir.
/
 Curva de desenvolvimento de funções executivas
Como mostra o gráfico, as funções executivas começam a ser desenvolvidas logo após o
nascimento, com uma janela de oportunidade entre as idades de 3 e 5 anos. O crescimento em
tais habilidades continua até a adolescência e o início da fase adulta. A proficiência começa a
ocorrer em fases mais tardias da vida.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DO PROCESSAMENTO
DE EMOÇÕES NA TOMADA DE DECISÕES,
A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS MOTIVACIONAIS E OS LOCAIS
ENCEFÁLICOS RELACIONADOS AOS SENTIMENTOS
O QUE É EMOÇÃO?
/
É possível encontrar diversas definições de emoção, variando entre significados puramente
linguísticos e outros mais biológicos. Compreenda mais alguns aspectos:
 Clique nos itens a seguir.
BIOLÓGICO
PERCEPÇÃO
ESTADOS EMOCIONAIS
Do ponto de vista biológico, as emoções representam um conjunto de reações fisiológicas,
químicas e neurais que atuam como base para a organização de respostas comportamentais
correspondentes.
É importante compreender que as emoções são igualmente geradas e gerenciadas por sistemas
neurais, os quais são capazes de lidar não somente com as respostas dadas frente às emoções,
mas também com a percepção delas.
Outro aspecto importante é a adaptação que os estados emocionais configuram para a
sobrevivência da espécie. Sem as emoções, é muito difícil gerar respostas adequadas aos
diferentes estímulos.
Acompanhe um exemplo de como as emoções são essenciais em nosso dia a dia:
Imagine a seguinte situação:
Se um aluno perdesse a capacidade de se sentir triste após ser reprovado em uma prova, talvez
não mobilizasse esforços a fim de obter melhor nota no próximo exame. Em casos mais
drásticos, animais que não apresentam respostas comportamentais de medo quando
ameaçados por predadores terão poucas chances de sobrevivência.
/
CLASSIFICAÇÃO DAS EMOÇÕES HUMANAS
As emoções podem ser classificadas de três maneiras: emoções primárias; emoções
secundárias e emoções de fundo. As emoções primáriassão inatas, ou seja, é comum a
todos os seres humanos, independentemente de fatores socioculturais.
O primeiro pesquisador a estudar o assunto foi ninguém menos que Charles Darwin. Ele
observou que algumas expressões emocionais eram similares em diferentes culturas.
Atualmente, os pensamentos de Darwin a respeito de emoções primárias foram corroborados
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/
por pesquisadores, em especial Paul Ekman, da Universidade da Califórnia. Basicamente, o
consenso entre os pesquisadores da área reside nas seguintes emoções primárias: alegria,
tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa.
Provavelmente consideradas inatas por serem indicadores de comportamentos de sobrevivência
conservados na espécie humana.
NA FIGURA É POSSÍVEL IDENTIFICAR ALGUMAS
EMOÇÕES PRIMÁRIAS. OBSERVE A IMAGEM E
TENTE PERCEBER AS SEGUINTES EMOÇÕES:
ALEGRIA, MEDO, SURPRESA, NOJO E RAIVA.
CHARLES DARWIN
Charles Darwin (1809-1882) nasceu na Inglaterra e tem seu nome imediatamente ligado à Teoria
da Evolução, pelo lançamento de sua obra A origem das espécies. Originário de família de
cientistas, Darwin, após abandonar o curso de Medicina, viajou por vários países (inclusive o
Brasil), ainda na primeira metade do século XIX, a fim de coletar informações sobre o que
chamaria de “seleção natural das espécies”. Este conceito é a base de sua obra.
PAUL EKMAN
Paul Ekman um dos mais renomados psicólogos contemporâneos. Aprofundou e sistematizou o
estudo sobre expressões faciais humanas e criou um método para sua identificação. Além de
autor de muitos livros e largamente premiado, já prestou consultoria para órgãos internacionais
de investigação e até mesmo para series televisivas, como Lie to me.
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/
 Emoções primárias demonstradas por expressões faciais.
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem:
EMOÇÕES SECUNDÁRIAS
As emoções secundárias são aquelas relacionadas a fatores socioculturais e, portanto, variam
de um indivíduo para o outro, como, por exemplo, a vergonha. Determinado ato pode ser
vergonhoso para uns, mas não para outros, dependendo das crenças e dos costumes de
determinada sociedade, ou mesmo da formação pessoal do indivíduo.
EMOÇÕES DE FUNDO
Por fim, as emoções de fundo são aquelas relacionadas a estados de bem ou mal-estar, e
podem ser associadas à percepção de estados internos do indivíduo. Portanto, sua classificação
com as emoções não é consenso entre os pesquisadores. Um exemplo de emoção de fundo
seria uma percepção de falta de energia (não cansaço) por parte de alguém.
 ATENÇÃO
Não confundir expressão emocional e experiência emocional. Enquanto a experiência faz
referência aos estados emocionais que vivenciamos, como ansiedade, tristeza ou raiva, a
expressão está relacionada às mudanças fisiológicas resultantes da base neural das emoções,
como respostas hormonais, motoras e comportamentais.
/
AS TEORIAS SOBRE EMOÇÕES
Várias teorias foram postuladas sobre como as emoções são formadas e processadas.
Entretanto, duas teorias são de especial interesse, por serem, de certa forma, antagônicas,
apesar de não haver consenso no meio científico sobre qual se aplica à realidade de forma plena.
Uma dessas teorias é a dos pesquisadores William James e Carl Lange e foi proposta em
1884.
WILLIAM JAMES
William James (1842-1910) William James nasceu nos EUA. Sua formação foi na área de
Medicina, Psicologia e Filosofia. Apesar de sua contribuição à Psicologia, seu maior destaque é
com a teoria filosófica chamada Pragmatismo.
CARL LANGE
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/
Carl Georg Lange (1834-1900) nasceu na Dinamarca e teve na Psicologia e Neurologia suas
maiores área de investigação. É também conhecido por seus estudos na área da depressão e
por sua relação com elementos biológicos.
Em outras palavras, segundo os autores, sentimos tristeza porque começamos a chorar; sentimos
felicidade porque sorrimos, e assim por diante.
Dessa maneira, a ideia central é a de que alterações de nossos estados corporais são capazes
de provocar emoções específicas. Segundo a teoria de James-Lange, a base das emoções
estaria na captação de estímulos emocionais, os quais seriam processados via córtex sensorial,
desencadeando respostas motoras específicas (riso, choro, taquicardia etc). Tais mudanças
seriam percebidas no córtex cerebral, provocando então a percepção da emoção em si.
 Esquema da Teoria de James-Lange, reproduzido a partir do livro Neurociência da mente e
do comportamento.
Já no século XX, a teoria sofreu críticas frente a algumas constatações, como o fato de algumas
alterações corporais ocorrerem frente a emoções diferentes.
Por exemplo, como posso identificar corretamente o medo com base na taquicardia, se a mesma
também ocorre em situações de surpresa e até alegria? Um dos principais opositores da Teoria
de James-Lange foi o americano Walter Cannon. Ele propôs que, enquanto a informação
emocional é processada pelo encéfalo, são geradas respostas corporais e a consciência da
emoção simultaneamente.
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/
 Processamento das emoções segundo Walter Canon.
WALTER BRADFORD CANNON (1871-1945)
Médico de formação, dedicou-se a pesquisas na área dos sistemas nervoso e digestivo e do
comportamento do coração, por meio de investigações experimentais.
ONDE ESTÃO AS EMOÇÕES?
Após as teorias das emoções ganharem os pesquisadores da área, buscou-se procurar
efetivamente as áreas cerebrais responsáveis pelos fenômenos emocionais. Quem primeiro
postulou a localização de tais regiões foi o anatomista americano James Papez, trazendo a
público a ideia de sistemas e circuitos, e não somente áreas isoladas no cérebro.
As estruturas identificadas por Papez, em conjunto, ficaram conhecidas como Circuito de Papez
e incluíam o córtex cingulado, o hipocampo, o hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo.
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 Estruturas relacionadas ao Circuito de Papez, posteriormente chamado de sistema límbico.
JAMES WENCESLAS PAPEZ (1883-1958)
Formado em Medicina, dedicou-se aos estudos da Neurologia, buscando novos conceitos para
explicar a emoção. Embora ele não tenha mencionado o lobo límbico de Broca, outros
pesquisadores observaram que seu circuito era muito semelhante ao grande lobo límbico
identificado por Paul Broca.
Apesar de alguns locais efetivamente serem importantes para os circuitos de emoção, outros
foram acrescentados posteriormente, como a amígdala, que desempenha papel fundamental nas
emoções negativas (como o medo e a raiva) e o córtex pré-frontal. Por sua vez, não há
evidências de que o hipocampo esteja envolvido na formação de emoções, apesar de participar
do processo de desenvolvimento de memórias, incluindo as emocionais.
A seguir, abordaremos as duas principais estruturas cujas funções estão consolidadas em termos
de gerenciamento das emoções: amígdala e córtex pré-frontal
/
 Estruturas modernas do sistema límbico
AMÍGDALA
A amígdala é uma estrutura localizada no polo do lobo temporal e recebe conexões de todas as
áreas sensoriais, com exceção do sistema olfatório, e conexões provenientes do neocórtex, giros
para-hipocampal e cingulado.
Ela também se conecta-se ao hipotálamo.
/
 Localização da amígdala nos dois hemisférios cerebrais
As amígdalas possuem uma função extremamente importante no desenvolvimento e nas
demonstrações das emoções. Por isso, conheça mais alguns aspectos importantes dessa área
cerebral:
 Clique nos itens a seguir.
ASPECTO 01
Sua função está ligada fortemente ao medo e à ansiedade. Estudos realizados com primatas não
humanos, cujas amígdalas eram lesionadas bilateralmente por medicamento, demonstraram
perda das respostas de medo. Os macacos ganharam docilidade e tenderam a ignorar situações
comuns de perigo. Era como se não temessem mais seus predadores ou situações perigosas,
chegando mesmo a manipular cobras sintéticas, por exemplo.
ASPECTO 02
Além de outras associações (como formação de memórias emocionaisnegativas), a amígdala foi
relacionada ainda ao fenômeno de formação do medo condicionado. Isso foi demonstrado, entre
outros experimentos, quando ratos eram expostos inicialmente a um breve estímulo auditivo e
pequenos choques. Após o condicionamento, apenas o estímulo auditivo era suficiente para gerar
ativação da amígdala e respostas de medo, como aumento da frequência cardíaca, da pressão
arterial e secreção de hormônios, como os glicocorticoides.
ASPECTO 03
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/
Logo, constatou-se que a amígdala exerce papel primordial em detectar ameaças do ambiente e
gerar os comportamentos adequados a elas. Lesões da amígdala levam à perda da capacidade
de reconhecer perigos e ameaças, o que pode ser prejudicial à sobrevivência, deixando
indivíduos sujeitos a situações reais de perigo.
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL
O córtex pré-frontal corresponde à porção mais anterior do lobo frontal e pode ser dividido em
três regiões: orbitofrontal, ventromedial (relacionada à emoção) e dorsolateral (relacionada a
funções cognitivas).
 Localização das regiões ventromediais e orbitofrontais do córtex pré-frontal.
[...] OS ESTUDOS NESSA ÁREA INICIARAM-SE APÓS
O CLÁSSICO DE PHINEAS GAGE, MENCIONADO
ANTERIORMENTE. PORÉM, O GRUPO DO
/
NEUROLOGISTA PORTUGUÊS ANTÔNIO DAMÁSIO
CONTRIBUIU BASTANTE PARA O ESTUDO DO
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL. ELES IDENTIFICARAM UM
HOMEM CUJA PERDA DE PARTE DO CÓRTEX PRÉ-
FRONTAL SE DEU DEVIDO À RETIRADA CIRÚRGICA
DA REGIÃO EM TRATAMENTO, EM RAZÃO DE UM
TUMOR AGRESSIVO.
(DAMÁSIO, 1996)
ANTÓNIO ROSA DAMÁSIO (PORTUGAL, 1944)
Neurocientista português que tem como foco de seus estudos o cérebro humano e as emoções.
Sua maior e mais impactante contribuição ao campo da Psicologia foi mudar a concepção que
havia acerca da relação “razão x emoção”; quase subordinando a primeira à segunda.
Nesse contexto, o homem também passou a apresentar condutas alteradas, principalmente no
que dizia respeito a julgamentos e tomadas de decisão, que eram constantemente inapropriadas.
Você saia, que em testes realizados, puderam perceber que os indivíduos, a fim de tomares
decisões acertadas, além do componente racional, necessitam de uma espécie de antecipação
emocional, a qual pode gerar modificações fisiológicas que podem ser perceptíveis ou não
(como sudorese, taquicardia, entre outras).
TAL HIPÓTESE É DENOMINADA HIPÓTESE DO
MARCADOR SOMÁTICO E PROPÕE
BASICAMENTE QUE, QUANDO ANTECIPAMOS
ALGUM TIPO DE EMOÇÃO, REGIÕES
ESPECÍFICAS DO CÉREBRO SÃO ATIVADAS
EXATAMENTE COMO SE ESTIVÉSSEMOS
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/
VIVENCIANDO-A. DESSA MANEIRA, INDIVÍDUOS
COM LESÕES NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL
PERDEM A CAPACIDADE DE ANTECIPAR TAIS
ESTADOS, E ISSO OS LEVA A TOMAR DECISÕES
ERRÔNEAS.
MOTIVAÇÃO
Com certeza, você já ouviu, especialmente em ambiente educacional, alguém falar em motivação.
Porém, o que significa motivação para você?
Quando nos sentimos motivados, temos a tendência de realizar algo ou ir ao encontro de alguma
coisa. Não é basicamente essa a ideia que você tem?
 ATENÇÃO
Em Neurociências, podemos chamar tal fenômeno de estado motivacional. Tais estados geram
comportamentos motivados. Assim, a motivação está associada ao movimento. Por exemplo,
o estado motivacional de frio nos leva ao comportamento motivado de buscar agasalho.
/
É muito comum associarmos motivação a questões emocionais, quase como se fosse uma
emoção por si só. Entretanto, quando tratamos de motivação e comportamentos motivados em
neurociências, estamos falando de questões que dizem respeito à adaptação e sobrevivência.
Basicamente, a regulação da motivação pode ser dividida em dois sistemas: sistema apetitivo
e sistema defensivo ou aversivo.
SISTEMA APETITIVO X SISTEMA DEFENSIVO
 Clique nas figuras abaixo para ver as informações.
/
Sistema apetitivo
Esse sistema está relacionado à sobrevida e procriação, portanto inclui estados motivacionais de
fome, sede, regulação da temperatura e sexo, por exemplo.
Sistema defensivo ou aversivo
Já o sistema defensivo está associado a situações de perigo e ameaça e, portanto, gera
comportamentos motivados de esquiva e fuga.
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/
No sistema apetitivo, existem órgãos importantes, como o hipotálamo, participando do processo
de controle de ingestão alimentar. Tal controle envolve a liberação de neurotransmissores e
hormônios, em um arranjo complexo a fim de manter a homeostasia.
Apesar de entendermos por que os organismos buscam comida, água, dentre outros fatores de
sobrevivência, ainda existe a dúvida sobre o que nos leva a determinados comportamentos
geradores de prazer, como comprar, jogar, dentre inúmeras outras atividades.
A resposta reside na obtenção de recompensa; dessa forma, muitos dos comportamentos
podem ser motivados por recompensas que não necessariamente têm a ver com a manutenção
da espécie no planeta, mas, sim, com a busca pela sensação de prazer.
HOMEOSTASIA
O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon [já citado anteriormente]. Ele
realizou trabalhos em fisiologia experimental, denominando homeostase como o princípio de
“meio interno em que o sangue e os demais fluidos que circundam as células constituem o meio
interno com o qual ocorrem as trocas diretas de cada célula e, por isso, deve ser mantido sempre
com parâmetros adequados à função celular, independentemente das mudanças que possam
estar ocorrendo no ambiente externo”. Assim, propôs que a função final de todos os mecanismos
fisiológicos é a manutenção da homeostase, que deve ser compreendida como “a manutenção
da estabilidade do meio interno”. (SOUSA; SILVA; GALVÃO-COELHO, 2015)
REFORÇO E RECOMPENSA
Como os pesquisadores conseguem estudar motivação e comportamentos motivados em
animais? Utilizando técnicas de autoestimulação elétrica.
Em experimentos clássicos da década de 1950, no Instituto de Tecnologia da Califórnia,
posicionaram um rato em uma caixa com uma alavanca.
Quando pressionada a alavanca, um breve estímulo era acionado por meio de eletrodos
colocados em regiões específicas do encéfalo do animal. Inicialmente, o rato pressionava a
alavanca de maneira randômica, porém, depois de um tempo, o animal permanecia próximo,
pressionando-a incessantemente, a ponto de evitar água e comida.
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/
 Autoestimulação elétrica.
Por esses experimentos, entendemos que a recompensa (no caso, o estímulo elétrico em regiões
específicas) reforçava o comportamento de puxar a alavanca. Por que comemos? Porque o ato
de comer nos reforça o comportamento de buscar comida, já que o alimento é necessário para a
sobrevivência.
A região e os circuitos que configuram as vias de recompensa e reforço estão associados às
fibras liberadoras de dopamina (neurotransmissor), originárias da área tegmentar ventral e se
projetam para o prosencéfalo.
 Sistema dopaminérgico mesocorticolimbico
/
Esses experimentos sugerem fortemente que há reforço de certos comportamentos associados a
recompensas naturais, como água e alimentos. Interessante frisar que áreas dopaminérgicas
cerebrais são ativadas em antecipação à recompensa propriamente dita.
É o que ocorre quando vemos o garçom vindo em nossa direção com o prato que escolhemos. O
cérebro percebe o que está por vir e já ativa áreas relacionadas à recompensa em si.
Uma dúvida recorrente quando o assunto é o sistema de reforço e recompensa é a seguinte:
como se estabelecem os vícios? Basicamente, em situações nas quais buscamos avidamente
por uma recompensa de forma incessante e repetitiva, a fim de obter o que a Neurociência
chama de resposta hedônica (prazer).
Podemos utilizar como exemplo a nicotina para explicar o processo que se forma no cérebro.
Este composto, presente em altas doses no cigarro, atua diretamente nos circuitos encefálicos de
motivação de comportamento. Logo, a ligação da nicotina a seus receptores em neurônios
dopaminérgicos estimula a liberação da dopamina em tais circuitos, reforçandoo comportamento
pela busca da droga.
/
Neste vídeo, você aprofundará seu conhecimento sobre reforço, recompensa e motivação.
Os experimentos demarcaram um momento marcante para identificação das emoções e como
elas estão associadas ao cérebro. Compreenda mais alguns aspectos:
 Clique nas setas para ver o conteúdo.
No mesmo modelo de experimento citado anteriormente, os pesquisadores injetaram drogas
bloqueadoras de receptores dopaminérgicos, ou seja, impediram a atuação da dopamina,
causando diminuição na autoestimulação.
/
O problema de tal reforço comportamental (além dos malefícios da própria nicotina em si em
outras regiões do organismo) é o efeito de tolerância. Tal efeito se dá como ajuste para a
estimulação acentuada frente ao uso crônico da substância, fazendo com que a resposta à
nicotina diminua. Para obter os mesmos efeitos, serão necessárias, daí por diante, doses cada
vez maiores da droga.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao chegarmos ao fim deste tema, esperamos que você tenha percebido a importância de
reconhecer que, como humanos, somos seres extremamente complexos e que até mesmo
atitudes mais simples – como observar uma paisagem, cantarolar uma música, decidir se ignoro
ou reajo a uma provocação – são fundamentadas por bases neurais, que também são
complexas.
No entanto, outro ponto merece destaque: esse conhecimento, especialmente acerca da
linguagem, das funções executivas, da emoção, deve levar-nos a tomar consciência daquilo que
nos define como espécie. Isso permite que compreendamos como as respostas que damos a
situações cotidianas são padronizadas, do ponto de vista neurológico. Ao mesmo tempo, tal
como o próprio desenvolvimento do cérebro se deu por adaptações, como vimos, cada indivíduo
também é capaz de adaptar-se às circunstâncias que o envolvem, até mesmo em situações
/
limites (como no caso de Phineas Gage). Isso caracteriza a importância do indivíduo, inclusive no
contexto da espécie.
É exatamente aqui que gostaríamos que você percebesse a importância de, cada vez mais,
conhecer e se aprofundar no fantástico mundo da mente humana. Aproveite cada indicação feita
no Explore + e nas referências a seguir.
REFERÊNCIAS
BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências: Desvendando o sistema nervoso.
2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY. How Early Experiences
Shape the Development of Executive Function. 2011.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY. How Early Experiences
Shape the Development of Executive Function. 2012.
DAMASIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia
das Letras, 1996.
MARCHETTI, P. et al. Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e funcionais em
indivíduos sedentários. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano VII, nº 22, out/dez 2009.
p. 08-14.
SOUSA, M.; SILVA, H.; GALVÃO-COELHO, N. Resposta ao estresse I: homeostase e a teoria
da alostase. Estudos de Psicologia. Vol. 20, no.1, Natal, jan/mar 2015.
WEINTRAUB, S. Cognition Assessment Using the NIH Toolbox. Neurology, 80 (Suppl 3),
March 12, 2013.
EXPLORE+
/
Confira o artigo: Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e funcionais
em indivíduos sedentários.
Consulto o Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria ele é uma
excelente fonte de artigos sobre bases neurobiológicas dos distúrbios de linguagem.
A Universidade de Harvard disponibiliza em seu site excelentes materiais sobre as funções
executivas. Um deles é o guia absolutamente completo sobre o desenvolvimento de funções
executivas desde a infância até a fase adulta e sobre como desenvolvê-las de forma
contínua (material disponível em inglês). Vale a pena conferir.
Pesquise sobre o Dr. António Damásio que é uma referência no âmbito do processamento
das emoções pelo cérebro. É possível encontrar vídeos deles em plataformas como
Youtube. Vale a pena ouvi-lo.
CONTEUDISTA
Virgínia Baptista Chaves Duarte de Lima
 CURRÍCULO LATTES
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