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1 Capap Final.indd 1 14/07/2017 21:04:27 2 3 apresenta | presents Coleção João Maurício de Araújo Pinho Coleção Museus Castro Maya IBRAM MinC Curadoria Anna Paola Baptista UKIYOE A MAGIA DA GRAVURA JAPONESA Kitagawa Utamaro (1753-1806) Xilogravura em cores | 38,98 x 25,2 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho A CAIXA é uma empresa pública brasileira que prima pelo respeito à diversidade, e mantém comitês internos atuantes para promover, entre os seus empregados, campanhas, programas e ações voltadas para disseminar ideias, conhecimentos e atitudes de respeito e tolerância à diversidade de gênero, raça, sexualidade e todos os aspectos que caracterizam a sociedade. A CAIXA também é uma das principais patrocinadoras da cultura brasileira, e destina, anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e espaços de terceiros, com ênfase em exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, mostras de filmes, festivais de teatro e dança e artesanato brasileiro, em todo o território nacional. Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todas as unidades da federação, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos da empresa em patrocínio. A exposição Ukiyoe – a magia da gravura japonesa apresenta um panorama da arte produzida no Japão nos séculos XVII a XIX. A mostra exibe um conjunto de cerca de 200 obras que revelam as paisagens e as gentes do Japão e lançam luz sobre aspectos de sua história, cultura e costumes. As gravuras japonesas ficaram conhecidas no Ocidente no final do século XIX, em especial a partir das paisagens de Hokusai e Hiroshige, que influenciaram de forma marcante artistas como Edgar Degas, Édouard Manet, Claude Monet, Vicent Van Gogh e Henri de Toulouse-Lautrec. Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura nacional e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de seus 156 anos de atuação no país, e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação efetiva no presente, compromisso com o futuro do país, e criatividade para conquistar os melhores resultados para o povo brasileiro. Caixa Econômica Federal CAIXA is a Brazilian public enterprise that distinguishes itself by its respect to diversity by promoting campaigns, programs and actions among its employees, focused on disseminating ideas, knowledge and respect to the diversity of gender, race, sexuality, and all characteristics of our society. CAIXA is also one of the major supporters of Brazilian culture, appropriating annually over R$60 million from its budget for the sponsorship of cultural projects in its own exhibition halls and other galleries, emphasizing visual art exhibitions, theatrical productions, dance performances, musical shows, and theatrical and dance festivals throughout the country, as well as Brazilian handicrafts. The sponsored projects are selected via public notices, a CAIXA option to provide more accessibility to producers and artists all over the country, making the investments of the company’s resources more transparent to society. The exhibition highlighting the magic of Japanese woodblock prints and entitled Ukiyo-e - a magia da gravura japonesa offers a broad-ranging overview of Japanese art produced between the XVII and XIX centuries through some 200 items portraying the landscapes and people of Japan, while also exploring its history, culture and customs. Japanese prints became known to the Western world during the late XIX century, particularly through landscapes by Hokusai and Hiroshige that strongly influenced artists such as Edgar Degas, Édouard Manet, Claude Monet, Vincent Van Gogh and Henri de Toulouse- Lautrec. In this way, CAIXA contributes toward the promotion and diffusion of national culture, reciprocating to society the trust and support received over its 156 years of activities in the country and effective partnership in the development of our cities. To CAIXA, life requires more than a bank. It requires investment and effective participation in the present, commitment to the future and creativity to achieve the best results for the Brazilian people. Caixa Econômica Federal 6 Katsushika Hokusai (1760-1849) Xilogravura em cores | 27 x 41 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 7 A exposição “Ukiyo-e: a magia da gravura japonesa” se oferece como um cartão de visitas, uma pequena apresentação da cultura tradicional nipônica. Embora, em termos das obras em exibição, permaneça circunscrita a estampas e máscaras, a mostra ilumina também, por seu conteúdo, aspectos do teatro, da dança, das religiões, dos costumes e da paisagem do Japão. As peças vêm de duas importantes coleções brasileiras – João Maurício de Araújo Pinho e Museus Raymundo Ottoni de Castro Maya –, formadas ao sabor da inspiração advinda de um conceito de “moderno” que não se restringe a um olhar para as vanguardas, mas é inspirado pela mirada a um outro de si mesmo e emula manifestações culturais diferentes, de origem popular ou antropologicamente distintas. Nisso elas ecoam a própria arte moderna ocidental que reverenciou a gravura dos mestres japoneses. Quando as fronteiras do Japão se abriram para a Europa e para os Estados Unidos em meados dos anos 1850, as obras de Hokusai, Hiroshige e outros caíram nas mãos de artistas como Monet, Degas e Van Gogh, que rapidamente abraçaram sua influência, sentida em elementos da plástica moderna, principalmente o enquadramento anticonvencional e a cor não realista. A valoração das estampas ukiyo-e foi ainda um importante fator que contribuiu para a elevação do status da gravura no panorama geral das artes. Estampas Na história da arte no Japão o capítulo dedicado à gravura desempenha um papel de contraposição aos movimentos que permaneciam estritamente ligados às elites aristocráticas, como o teatro Nô e a pintura. Arte que se firma no período Edo (1614–1868), voltada para camadas da população que haviam ascendido social e economicamente, tinha como conceito íntimo a representação do cotidiano, daí o nome pela qual é conhecida, ukiyo-e (a arte do mundo flutuante ou efêmero). The exhibition highlighting the magic of Japanese woodblock prints and entitled Ukiyo-e: a magia da gravura japonesa is a visiting card that offers a brief introduction to traditional Japanese culture. Although featuring only prints and masks, its content spotlights many aspects of life in Japan, ranging from theater, dance and costumes to religion and landscapes. These items come from two major Brazilian collections owned by João Maurício de Araújo Pinho and the Raymundo Ottoni de Castro Maya Museums, steered by a concept of ‘modern’ that is not limited to avant-garde works but rather inspired by gazing at others and seeking out expressions of different cultures at the grassroots level or that are anthropologically distinct. Here they reflect Western Modern Art, which revered the prints of Japanese masters. When Japan opened its gates to Europe and the USA during the mid-1850s, works by Hokusai, Hiroshige and others were discovered by artists such as Monet, Degas and Van Gogh, who rapidly absorbed their influence, clearly apparent in aspects of modern art, particularly and conventional structures and unrealistic colors. Appreciation of ukiyo-e woodblock prints was also an important factor boosting the status of prints and engravings within the arts in general. Prints In the history of art in Japan, the role played by prints and engravings is a counterpart to movements – such as Nô plays and painting – that remained closely linked to aristocratic elites. The core conceptof art that developed during the Edo period (1614–1868) for upwardly-mobile segments of the population spotlighted portrayals of daily life giving rise to its name: ukiyo-e – the art of the floating or ephemeral world. 8 As escolas tradicionais da arte japonesa estiveram a serviço apenas dos mosteiros budistas, dos grandes senhores e da aristocracia. A pintura, elitista, tinha como conceito a profundidade plástica buscando a representação de motivos elevados. A xilogravura ukiyo-e se desenvolveu no contrapé da ascendência aristocrática das castas dos xoguns e samurais, voltada para um público de uma classe média emergente que surgia, e dos “tchonins”, formada por comerciantes, artistas, fabricantes e obreiros. A arte ukiyo-e germinou da ilustração de livros tornando- se estampa apenas quando ganhou independência dos volumes. Certamente foi tributária do nascimento do teatro Kabuki também no período Edo. Popular, ao contrário do aristocrático teatro Nô, o Kabuki inspirou os pintores com seu visual deslumbrante e dinâmico e tornou-se uma de suas primeiras e mais importantes temáticas. A técnica da xilogravura propriamente dita antecede em muito o boom da gravura japonesa do período Edo. Na verdade, sua origem vem da China, no período da dinastia Tang (620–918), quando a impressão de textos budistas começou a ser feita a partir de gravuras em madeira. No século XIV já existiam impressões em duas cores e no final da dinastia Ming (1368– 1644) a impressão de gravuras podia ser feita com cinco tintas e chapas diferentes, apesar dessa arte permanecer com disseminação bastante restrita. Tais ilustrações, bem como a técnica de obtê-las, encontraram o caminho do Japão quando lá chegaram os refugiados do governo Ming, recém-deposto pelos manchus. Assim, no século XVII, a gravura no Japão foi beneficiada pela migração de elementos culturais chineses e pela unificação política, efetuada pelo xogunato Tokugawa, que resultava em um ambiente mais favorável à melhoria da qualidade da educação e maior circulação de livros. Nesse momento, o aperfeiçoamento dos ofícios de gravador e de impressor no Japão foi considerável, chegando-se a atingir a capacidade técnica para copiar a gradação de tons das antigas gravuras chinesas. Traditional schools of art in Japan served only Buddhist monasteries, the aristocracy and lords. An elitist art, painting was underpinned by the concept of spiritual profundity, striving to portray elevated themes. However, the woodblock prints ukiyo-e artists developed in counterpart to the rise of the shogun and samurai castes, targeting an emerging – and rapidly expanding – middle- class of urban chonin: mainly merchants, but also artists, craftsmen and laborers. It was only when Ukiyo-e book illustrations developed into prints that this art form cast off its bindings, certainly spurred by the appearance of the Kabuki theater during the Edo period. Appealing to ordinary people, in contrast to the more aristocratic Nô plays, Kabuki inspired artists with its dazzling visuals and dynamic action, becoming one of the earliest and most important subjects. Woodcut techniques long preceded the boom in Japanese prints during the Edo period. In fact, they originated in China under the Tang Dynasty (620–918), when Buddhist texts were replicated through woodcuts. By the XIV century they were produced in two colors, and by the end of the Ming Dynasty (1368–1644), prints could be made with five different inks and plates, although this art was not widely disseminated. These illustrations and the techniques for producing them arrived in Japan with refugees from the Ming regime, recently deposed by the Manchus. As a result, Japanese prints and engravings were enriched throughout the XVII century by inflows of immigrants bearing elements of Chinese culture, in parallel to political unification under the Tokugawa shogunate that led to a society that prized education and encouraged the circulation of books. At that time, engraving and printing skills improved considerably in Japan, even attaining the technical ability to replicate the graduated tones of old Chinese prints. 9 Apesar disso, a impressão em policromia só foi desenvolvida plenamente em 1765, quando Suzuki Harunobu (1725–1770), aproveitando-se das facilidades de utilização de materiais caros que lhe proporcionavam seus mecenas influentes, tornou obsoleto o antigo método de apenas duas ou três cores. O desenvolvimento técnico e o trabalho artístico alcançaram o apogeu no fim do século XVIII quando se chegava a utilizar até dezoito chapas para uma estampa em cor, e diferentes materiais como o ouro, a prata e a mica trouxeram uma nova gama de possibilidades para essa arte. No gênero ukiyo-e o artista, o gravador e o impressor colaboravam intimamente e eram todos responsáveis pelo resultado da obra. O aperfeiçoamento do papel, o desenvolvimento de um processo de marcar atingindo a perfeição do registro, a descoberta de como produzir o relevo no papel foram algumas de muitas das inovações que trouxeram a primazia técnica para a xilogravura, contudo o processo criativo não havia se transformado tanto. Desde os primórdios, o procedimento empregado pode ser descrito tal como o fez Kazuya Sakai: em primeiro lugar o artista pinta o motivo sobre uma folha de papel, com um pincel delgado e molhado em tinta. Realizada a pintura, impregna-se o papel com um azeite especial de modo a fazê-lo transparente, colando-o a seguir invertido, em um pedaço ou prancha de madeira de cerejeira ou buxo. O gravador recorta este desenho com ferramentas especiais, tirando a madeira como se tratasse de uma talha, deixando somente as linhas realizadas pelo pintor. Uma vez terminada a tarefa do gravador, a madeira passa às mãos do impressor, que aplica as cores selecionadas às pranchas e logo coloca o papel umedecido sobre ela. Com uma escova ou com a palma da mão, o impressor realiza a impressão com absoluta limpeza e precisão [...]. Quando a estampa tem mais de uma cor, os desenhos ou fundos são vários, sendo que, então, as pranchas de madeira e a impressão têm que se ajustar However, polychrome printing reached its full potential only in 1765, when Suzuki Harunobu (1725–1770) made good use of the expensive materials he could buy, thanks to his wealthy patrons, superseding the previous method with only two or three colors. Technical developments and artistic efforts peaked during the late XVIII century, when up to eighteen plates were used for a single color print, with gold, silver and mica opening up a new range of possibilities for this art. For ukiyo-e works, the artist, the engraver and the printer work closely together, all of them jointly responsible for the outcome. Improved papers, the development of a marking process that allowed flawless engraving and the discovery of how to work with high and low reliefs on paper were just some of the many innovations that fine- tuned woodblock printing, although the creative process remained largely unchanged. Since its earliest days, the procedure has been largely that described by Kazuya Sakai: Initially, the artist paints a motif on a sheet of paper with a thin brush dipped in paint or ink. With the painting complete, the paper is dipped in a special oil that leaves it transparent, then inverting and gluing it to a cherrywood or boxwood block. The engraver cuts the design away from the wood with special tools, leaving only the lines drawn by the painter. Once the engraver completes this task, the wood then goes to the printer, who applies the colors to the blocks and then lays moistened paper on them. Using a brush or the palm of his hand, the printer produces a print with absolute clarity and precision[…]. When a print has more than one color, with different backgrounds or designs, several woodblocks must be used, printing each color separately. [Estampasjaponesas ukiyo-e. Brazil-Japan Culture Center, 1956, page 11]. 10 Utagawa Hiroshige (1797-1858) Nanquim | 35,5 x 25 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho Utagawa Hiroshige (1797-1858) Xilogravura em cores | 35,5 x 25 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 11 a cada tom. [Estampas japonesas ukiyo-e. Centro Cultural Brasil-Japão, 1956, p. 11]. Na exposição é apresentado o estudo preparatório feito com tinta sumi lado a lado com a estampa de uma das obras de Hiroshige, Oito províncias na rota San’yô ou Circuito das montanhas ensolaradas. Esses esboços, na verdade, são obras raras já que destinavam a ser colados na chapa de madeira. A cronologia da gravura ukiyo-e é evidenciada por marcos de desenvolvimento técnico e também por seus mestres. Um período primitivo, das impressões em preto, já contava com a cor adicionada posteriormente à mão. Depois, alguns métodos como o uso da laca preta no cabelo das figuras (urushi-e) ou um tipo de impressão em duas ou três cores (benizuri-e) se popularizaram nesses primórdios da xilogravura ukiyo-e que se estendeu até 1765, quando Harunobu deu início ao método das múltiplas cores sobrepostas (nishiki-e). Hishikawa Maronobu (1618–1694) foi o primeiro grande mestre do ukiyo-e. Ele trabalhou não apenas no campo da ilustração de livros, mas produziu estampas em páginas separadas que usualmente coloria à mão. Posteriormente, até o fim dessa era inicial, vigorou o domínio dos gravadores da família Torii, fundada por Kiyomoto e Kiyonobu, especializada nas estampas baseadas no teatro Kabuki. Harunobu não foi o único artista que marcou o período seguinte – dos grandes mestres do século XVIII –, dividindo com Torii Kiyonaga (1762–1815), com a escola Katsukawa, fundada por Shunsho (c. 1726–1793) e, especialmente, com Kitagawa Utamaro (1753–1806) essa proeminência. O desenvolvimento pleno do ukiyo-e se deu no século XIX, marcado pela obra dos dois maiores gênios da gravura japonesa: Katsushika Hokusai (1760–1849) e Ando Hiroshige (1797–1858). Com o desaparecimento desses mestres do apogeu iniciava-se o declínio do ukiyo-e que teve em Tsukioka Yoshitoshi (1839–1892) a última figura de ponta. A This exhibition features a preparatory study using Sumi ink, side-by-side with a print from a work by Hiroshige: Eight Provinces of the San’yô Circuit or Sunlit Mountains Circuit. These sketches are actually rare works that were to be glued on wooden boards. The timeline for ukiyo-e woodblock prints is shown by technical development milestones and also its masters. After a primitive period printed in black with an additional color added by hand, methods appeared such as the use of black lacquer for the hair of the figures (urushi-e) or a printing technique using two or three colors (benizuri-e) that ensured the popularity of these early ukiyo-e prints, extending through to 1765, when Harunobu introduced the multiple color overlay method (nishiki-e). The first great master of ukiyo-e, Hishikawa Maronobu (1618–1694) illustrated books and produced prints on individual pages that he usually colored by hand. Subsequently, engravers and printmakers from the Torii family – founded by Kiyomoto and Kiyonobu and specializing in Kabuki theater prints – were dominant through to the end of this early era. Harunobu was not the only outstanding artist during the subsequent period, which he shared with the great XVIII century masters: Torii Kiyonaga (1762–1815), the Katsukawa School founded by Shunsho (ca. 1726–1793) and especially the amazing Kitagawa Utamaro (1753–1806). However, it was only during the XIX century that ukiyo-e art reached its peak through the works of two of Japan’s greatest engraving virtuosi: Katsushika Hokusai (1760–1849) and Ando Hiroshige (1797–1858). After these two masters, ukiyo-e art began to decline, with its last significant exponent being Tsukioka Yoshitoshi (1839–1892). The Westernization of 12 ocidentalização do Japão que se seguiu à Restauração Meiji de 1868 contribuiu ainda em grande parte para o rápido declínio do gênero. Os artistas do ukiyo-e agrupavam-se em famílias, não necessariamente baseadas em critério de hereditariedade pura. Embora por vezes filhos, genros ou outros aparentados pudessem se suceder no comando de uma casa, nem sempre esse era o padrão. As escolas lideradas por mestres eram celeiros de novos artistas. Os alunos começavam como aprendizes utilizando-se de um estilo próximo ao de seu tutor até se estabelecerem como artistas independentes, muitos vindo a desenvolver estilos singulares e inovadores. Na exposição há diversos volumes de livros impressos por Hokusai, compostos como um catálogo de padrões, destinados ao estudo e à cópia por parte de artistas aprendizes. Entretanto, as principais escolas como a Utagawa (da qual fizeram parte Hiroshige, Toyokuni, Kunisada, Yoshitoshi), por exemplo, foram ainda empreendimentos comerciais de imenso sucesso, produzindo gênios criativos e gravuristas que, conforme a demanda, faziam um produto extremamente popular. Os artistas, em geral, tomavam o nome de seus professores e podiam alternar várias assinaturas. Alguns, como Hokusai, chegaram a assumir 30 nomes ao longo da carreira. Além da assinatura do autor, as estampas podiam ter anotados ainda o título da obra e/ou série, o nome do local ou personagem retratado, os carimbos da data e do censor e a identificação do editor. O controle do Estado sobre as obras ukiyo-e foi constante, mas variou de intensidade ao longo do tempo. A obrigação de portar o selo do censor vigorou de 1790 a 1876. A partir de 1799 até mesmo os desenhos preparatórios tinham de passar pelo crivo da censura. No início dos anos 1800, Utamaro chegou a ser preso por identificar algumas figuras históricas em suas gravuras, já que a representação dos guerreiros samurais, de seus nomes e de seus brasões estava proibida nessa época. As Reformas Tenpo (1841–1843) tentaram aliviar Japan that followed the Meiji Restoration in 1868 contributed largely to the rapid decline of this art form. The ukiyo-e clustered into families, not necessarily based on blood ties. Although sons, sons-in-law or other relatives might inherit the leadership of a group, this was not invariably the case. Schools headed by masters were hatcheries for new talents, where pupils signed up as apprentices working with styles close to those of their tutors, and till they could establish themselves as independent artists, many of whom developed innovative and individualistic styles. This exhibition includes several books printed by Hokusai as pattern catalogues to be studied and copied by apprentices. However, major schools such as Utagawa (which included Hiroshige, Toyokuni, Kunisada and Yoshitoshi) for example, were also highly successful businesses producing creative minds and skilled engravers who produced extremely popular products in response to eager demands. The artists generally adopted the names of their teachers, and switched through a variety of signatures. Some of them – such as Hokusai – used thirty different names in the course of his career. In addition to the artist’s signature, prints might also display the title of the work and/or the series and the location or person portrayed, as well as date and censor stamps and identification of the publisher. The State maintained constant control over ukiyo-e artworks, although its intensity varied over time. The requirement of displaying a censor stamp remained in place from 1790 to 1876. From 1799 onwards, even preparatory sketches had to be approved by the censor. During the early 1800s, Utamaro was even arrested for identifying some historical figures in his works, as the portrayal of samurai warriors, together with their names and coats of arms, 13 a crise econômica e uma das medidas implementadas foi o controle da ostentação do luxo e da fortuna. A ilustraçãodas cortesãs e dos atores foi banida das gravuras naquele momento. Os artistas enfrentaram as restrições impostas de variadas formas, por vezes tentando burlá-las, como no caso de Kuniyoshi, por exemplo, com uma produção de caricaturas e estampas cômicas que disfarçavam atores e cortesãs contemporâneos. Em outras instâncias, a censura funcionou como um incentivo para a difusão de outros gêneros temáticos de gravura como o das estampas de paisagem ou de elementos da flora e fauna. A gravura ukiyo-e expandiu-se assim de um estilo de retrato de gueixas e atores populares das cidades japonesas do período Edo para uma arte mais abrangente focada na paisagem e natureza. O mundo terrestre, efêmero, contemporâneo, elegante e popular foi o cerne da gravura ukiyo-e. A paixão pelo drama, as emoções humanas, as ocupações diárias e as paisagens dominaram seu elenco de imagens que se dividiram entre alguns principais gêneros: mulheres bonitas (bijin-ga), celebridades do momento, especialmente a vida das cortesãs elegantes de Yoshiwara, ou bairro do amor; atores do Kabuki, representados em retratos e cenas teatrais (yakusha-e); paisagem e lugares famosos do país; pássaros e flores (kacho-e); ilustrações de histórias e lendas; arte erótica (shunga). Nesse repertório, a gravura de paisagem teve um papel especial. Foi, na realidade, o gênero que mais contribuiu para exercer grande influência sobre a arte ocidental moderna, em especial por meio das celebradas séries de Hiroshige – As 53 estações da Tokaido, estrada que liga Tóquio a Kioto (1831– 1834); Os 100 lugares célebres de Tóquio (1856–1858) e As vistas das 60 províncias (1853-1856) – e de Hokusai – 36 vistas do Monte Fuji (1832), que contém a mais icônica das estampas ukiyo-e: A grande onda de Kanagawa. É possível que a onda maior que a da famosa estampa de Hokusai tenha sido a de interesse pelo Japão (japonismo), was forbidden at that time. Attempting to ease an economic crisis, one of the steps introduced by the Tenpo Reforms (1841–1843) curbed ostentatious displays of luxury and wealth, banning illustrations of courtesans and actors. Artists coped with these restrictions in many different ways, sometimes attempting to bypass them – like Kuniyoshi for example, who produced comic prints and caricatures disguising contemporary actors and courtesans. At other times, censorship spurred the dissemination of other themes and subjects, such as prints featuring landscapes, flowers and wildlife. As a result, ukiyo-e woodblock print work expanded from a way of portraying popular actors and geishas in Japanese towns during the Edo period to a broader-ranging art form focused on landscapes and nature. Ephemeral and elegant, the contemporary world of ordinary people is the cornerstone of ukiyo-e prints. A passion for drama, humor, emotions, daily tasks and landscapes dominates its range of images, divided into a few main genres: beautiful women (bijin-ga), celebrities of the day, especially the lives of the elegant courtesans of the Yoshiwara red-light district; Kabuki actors shown in portraits and on stage (yakusha-e); landscapes and landmarks; birds and flowers (kacho-e); illustrations of lore and legends; and erotic art (shunga). Landscape prints play a special role in this repertoire. In fact, this was the category with the strongest influence on modern art in the West, especially through famous series such as the Fifty- Three Stations of the Tōkaidō Road between Tokyo and Kyoto (1831–1834), One Hundred Views of Famous Places in Tokyo (1856–1858) and Views of the Sixty Provinces (1853-1856), all by Hiroshige; as well as Thirty Six Views of Mount Fuji (1832) by Hokusai, which includes the most iconic of the ukiyo-e prints: The Great Wave of Kanagawa. 14 que varreu a Europa e os Estados Unidos em meados do século XIX. O Japão permanecera fechado ao Ocidente desde a expulsão dos portugueses em 1640, mantendo contato apenas com a Europa através da permissão de comércio com a Holanda. Contudo, a chegada da esquadra americana chefiada pelo comodoro Mathew Perry à baía de Tóquio em 1853 levou, no ano seguinte à abertura forçada dos portos japoneses, retomando-se os laços comerciais com o exterior. Seguiu-se a revolução política interna que deu início à Era Meiji (1868– 1912) de restauração imperial. A cultura seguiu o processo sofrido pela economia de reabertura para o Ocidente e a arte japonesa pode ser apreciada nas Exposições Internacionais de Londres (1862) e Paris (1867 e 1878) e em mostras de artistas japoneses na Europa, organizadas a partir dos anos 1880, causando grande impacto para a pintura do Ocidente. Art nouveau, impressionismo, pós-impressionismo, Jugendstil e outros movimentos sofreram a influência de artistas como Utamaro, Hokusai e Hiroshige que pode ser sentida em maior ou menor escala no uso de características típicas como as cores planas, enquadramentos inusitados, ausência de profundidade, contorno preto, etc. Artistas como Monet, Degas, Gauguin, Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Mary Cassat, Whistler e tantos outros não só colecionaram estampas ukiyo-e como estudaram suas composições, por vezes pintando cópias de obras. Provavelmente, um dos exemplos mais célebres seja a versão realizada por Van Gogh da obra Chuva na ponte Ohashi, de Hiroshige (presente nesta exposição). Máscaras Uma verdadeira constelação de elementos da cultura japonesa se acha representada nas origens e nos usos das máscaras. As máscaras derivam principalmente de três tradições: a dança dramática, os rituais e procissões religiosas e o teatro. Possibly even greater than the wave in the famous print by Hokusai was the upsurge of interest in Japan (Japonism) that swept across Europe and the USA in the mid-XIX century. Shuttered to the West since Portuguese merchants were expelled in 1640, Japan remained in contact with only Europe through a trade pact with the Netherlands. However, the 1853 arrival in Tokyo Bay of the US fleet headed by Commodore Matthew Perry forced Japanese ports open the following year, restoring trade links with the rest of the world. This was followed by political upheavals that ushered in the Meiji Era (1868–1912), with the restoration of the Japanese Imperial Court. Culture followed the West-bound footsteps of trade, with Japanese art featured at International Exhibitions in London (1862) and Paris (1867 and 1878), in parallel to exhibitions by Japanese artists in Europe from the 1880s onwards, with marked impacts on Western painting. Impressionism, Post-Impressionism, Art Nouveau, Jugendstil and other movements were all influenced by artists such as Utamaro, Hokusai and Hiroshige, apparent to a greater or lesser extent in the use of typical characteristics such as flat planes of color, unusual frameworks, lack of depth, black outlines etc. Artists such as Monet, Degas, Gauguin, van Gogh, Toulouse-Lautrec, Mary Cassatt, Whistler and many others not only collected ukiyo-e prints, but also studied their compositions and sometimes even painted copies of these works. One of the most famous examples of this trend is probably van Gogh’s interpretation of Sudden Shower Over Shin- Ohashi Bridge by Hiroshige, which is featured in this exhibition. Masks An entire constellation of elements of Japanese culture is represented in the origins and uses 15 of masks, deriving mainly from three traditions: dramatic dances; religious rituals and processions; and the theater. Like the ukiyo-e prints, they reflect inflows of influences into Japan from south-east China during the VI century. One of the earliest customs to put down roots was dramatic stage dance known as Gigaku, with performers wearing costumes and masks. Subsequently, Gigaku grew so important that it became the dance of the Japanese Imperial Court, in its more austere Bugaku form. During the Heian period (782–1184) in the XI century,Bugaku dances were systematically arranged by style, depending on the places where they were collected. They were then divided into dances of the left from China, known as Samai, and the right, from Korea, Manchuria and Japan, called Umai. Specific masks were assigned to these two different dance trends. The oldest masks are Gigaku, with facial characteristics that are more Asian than Japanese. The mask of the demon Konron – a traditional character in Gigaku performances that is on display in this exhibition – possibly dates back to the Muromachi period (1392–1573). In contrast, Bugaku artefacts were more stylized and dramatic, usually smaller and lighter, covering only the face and sides of the head, thus allowing freer movements and more lively dancing. Some had movable parts (such as a jointed jawbone) used to perform dances of the left. For example, the Ryo-o mask displayed in this exhibition has the classic traits of this character: pop-eyed with a big nose and wrinkles everywhere. This is the head of the crouching dragon king that controls rain and storms, guardian of the East. Another early source for masks was Buddhist ceremonies. Rooted in Tang court rituals during the Nara period (710–794) that developed into Gyodo processions mourning the dead or Assim como as gravuras elas são reminiscentes da penetração no Japão da cultura do sudeste chinês no século VI. Um dos primeiros costumes a se aclimatar relaciona-se ao Gigaku, a dança teatral dramática, cuja performance era realizada com atores caracterizados com vestimentas e máscaras. O Gigaku ganharia posteriormente grande importância tornando-se a dança da corte imperial japonesa sob a forma mais austera do Bugaku. No século XI, durante o período Heian (782–1184), as danças Bugaku foram sistematizadas por estilos segundo a localização de onde haviam sido coletadas. Elas passaram a se dividir em danças da esquerda (China) – Samai – e da direita (Coreia, Manchúria e Japão) – Umai. Máscaras específicas eram destinadas às duas diferentes correntes de danças. As máscaras Gigaku, as mais antigas encontradas, possuíam características faciais mais asiáticas do que japonesas. A máscara de Konron (um demônio, personagem tradicional da performance Gigaku), presente na exposição (máscara 1, p. 78), é um exemplar possivelmente do período Muromachi (1392–1573). Os artefatos Bugaku, por outro lado, eram mais estilizados e dramáticos e costumavam ser menores, mais leves, cobrindo apenas o rosto e lados da cabeça, permitindo maior liberdade de movimento para uma dança mais animada e vigorosa. Algumas tinham partes móveis, tal como as de mandíbula destacada, utilizadas para as performances relacionadas às danças da esquerda. Assim é, por exemplo, a máscara de Ryo-o, apresentada nesta exposição (máscara 3, p. 78), com as características clássicas do personagem: uma fera de nariz pronunciado, olhos esbugalhados e rugas por toda a face. Na cabeça o dragão-rei agachado, controlador da chuva e tempestade, guardião da direção leste. Outra vertente da qual se originaram as máscaras foi a das cerimônias budistas. Iniciados nas práticas da corte Tang durante o período Nara (710–794), os rituais se consolidaram no que ficou conhecido por procissões Gyodo. Por ocasião de um memorial para os mortos ou apresentação pública de 16 Máscara Nô de Kurohige, século XVII Madeira, gesso e pêlo de cavalo Coleção João Maurício de Araújo Pinho 17 uma imagem sagrada ou relíquia, o Gyodo era executado por sacerdotes ricamente trajados cantando as escrituras sagradas escoltados por assistentes usando máscaras dos protetores da fé budista. A tradição das máscaras relacionadas ao teatro Nô (drama) e Kyogen (comédia), por outro lado, encontrava-se já plenamente desenvolvida durante o século XIV. Ambas derivaram das formas anteriores de Dengaku (um tipo de performance religiosa ligada a rituais da agricultura) e Sarugaku (uma forma de arte animada chinesa com malabarismos e acrobacias) que utilizavam máscaras. As peças cômicas Kyogen eram apresentadas nos intervalos das peças dramáticas Nô. Ao contrário das máscaras utilizadas no teatro Nô, com expressões mais ou menos neutras, as Kyogen ostentam emoções abertamente. Extravagantes e bizarras, em geral, expressam risada, confusão, paralisia, malícia, etc. O exemplar de máscara Kyogen aqui exposto (máscara 4, p. 78) sustenta uma expressão comicamente pesarosa. Em termos formais é interessante notar que ela é esculpida na madeira de um jeito mais informal do que as máscaras cerimoniais ou do Nô. No teatro dramático (Nô), uma arte de elite, o personagem principal da peça, chamado shite utiliza as máscaras para expressar o conceito de yugen que inclui graça, escuridão e mistério. Sua atuação é acentuada pelo uso de ricas vestimentas e perucas. Essas máscaras, chamadas omote (aparência), são esculpidas em uma peça única de madeira podendo receber pintura e, algumas vezes, pelos de animal no lugar de cabelo e barba. Entre as máscaras tradicionais, a mais significativa é a da mulher jovem – Ko-Omote (na exposição com exemplares do século XVIII e do XX, máscaras 6 e 9, p. 78-79) –, cuja expressão é de total ambiguidade. Um espírito além-túmulo que assume a aparência de uma princesa com leve sorriso, seu rosto exprime de acordo com o talento do ator tanto a sedução persuasiva quanto o sofrimento que consome. honoring holy images or relics, Gyodo rites were performed by richly-garbed priests intoning holy chants, escorted by acolytes wearing the masks of protectors of the Buddhist faith. The tradition of masks in the theater – Nô (tragedy) and Kyogen (comedy) – developed fully during the XIV century. They derived from earlier forms of Dengaku agricultural ceremonies and Sarugaku juggling and acrobatic performances, both of which used masks. Comic sketches (Kyogen) were performed in the intervals of dramatic Nô plays. In contrast to the masks used in the Nô theater with fairly bland expressions, more extravagant and bizarre Kyogen masks clearly expressed emotions ranging from laughter to confusion, paralysis, malice and many others. The Kyogen in this exhibition has a comically rueful expression. In more technical terms, it is interesting to note that it is carved out of wood more roughly than the ceremonial or Nô masks. In dramatic Nô plays designed for the elite, the leading character (known as shite) wears masks expressing the concept of yugen, which includes grace, darkness and mystery. His performances are highlighted by w earing rich garments and wigs. Known as omote (appearance), these wigs are carved out of a single piece of wood and may be painted, sometimes with animal pelts glued on indicate hair and beard. The most important of the traditional masks is that of the young woman (Ko-Omote), with two examples in the exhibition dating back to the XVIII and XX centuries, with a completely ambiguous expression. A spirit from beyond the grave materializes as a princess with a timid smile, her face expressing either persuasive seduction or the suffering that consumes her, depending on the talent of the actor. 18 A máscara de Hannya, um demônio ciumento e vingativo, com chifres pontudos e dentes carnívoros, era usada durante a transformação de um personagem feminino ao revelar sua raiva ou pesar. A exposição conta com um exemplar dos séculos VXIII-XIX (máscara 8, p. 79). Entre as máscaras Nô masculinas apresentadas na mostra está a de Kurohige, que literalmente significa barba negra, representando um deus dragão do mar, cujo principal poder é o de trazer a chuva. O exemplar é do início do século XVII. Bem posterior, de fins do século XVIII é a máscara de Akobujo, digno e triste, personagem de um deus quando assume a forma de um homem velho. A exposição celebra aspectos das artes aristocrática e popular japonesas. Enquanto as máscaras testemunham valores relacionadoscom expressões culturais voltadas para a expressão de conceitos elevados, as estampas ukiyo-e celebram a realidade do mundo do dia a dia. As máscaras em exibição provêm de tradições que foram patrimônio das classes altas como as danças dramáticas, as procissões religiosas e o teatro Nô e representam personagens mitológicos clássicos como gênios e dragões ou expressam conceitos como graça, mistério ou loucura demoníaca. No conjunto de estampas apresentado, por sua vez, encontram-se algumas das principais características da gravura japonesa da época: a extraordinária virtuosidade no desenho de traços delicados e sinuosos, a enorme expressividade e a temática marcada pela observação e o comentário da vida do povo japonês. Anna Paola Baptista Curadora A jealous and vengeful demon with pointed horns and sharp teeth, the mask of Hannya was used during the transformation of a female character in order to disclose her anger or grief. The example in this exhibition dates back to the XVIII or XIX centuries. The male Nô masks on display include that of Kurohige (literally: Blackbeard) representing a seadragon god whose main power is to bring rain. This exhibition features an example dating back to the early XVII century. A far later artefact from the end of the XVIII century is the sad but dignified mask of Akobujo, a god who turns into an old man. This exhibition celebrates aspects of Japanese art that are both aristocratic and common. While the masks bear witness to values related to cultural expressions reflecting lofty concepts, the ukiyo-e prints honor the worldly reality of day-to-day life. The masks in this exhibition come from traditions that are an upper-class legacy, including dramatic dance dances, religious processions and Nô plays, featuring mythological and classical characters such as genies and dragons, or expressing concepts such as grace, mystery or devilish madness. This collection of prints highlights some of the main characteristics of Japanese art at that time, through the extraordinary and expressive virtuosity of these delicate drawings with their sinuous lines portraying closely-observed subjects that offer a running commentary on the lives of the Japanese people. Anna Paola Baptista Curator 19 Torii Kiyonobu (1664-1729) Sem título, Japão, Século XVII-XVIII Xilogravura em cores | 30,7 x 15 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 20 Autor desconhecido Sem título, Japão, s.d. Xilogravura em cores | 17,6 x 14,8 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 21 Suzuki Harunobu (ca.1724-1770) Xilogravura em cores | 15,4 x 32,5 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 22 Isoda Koryusai (ativo 1760-1780) Xilogravura em cores | 19,3 x 27 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 23 Nishimura Shigenobu (ativo 1720-1740) Xilogravura em cores | 51 x 39,7 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho Nishimura Shigenobu (ativo 1720-1740) Xilogravura em cores | 30 x 15,8 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 24 Katsukawa Shunsho (1725-1792) Xilogravura em cores | 32,7 x 14,9 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 25 Katsukawa Shuntei (1770-1820) Xilogravura em cores | 38,5 x 25,7 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 26 Katsukawa Shunko (c.1770-1790) Sem título, Japão, século XVIII-XIX Xilogravura em cores | 23 x 34,4 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 27 Katsukawa Shunko (c.1770-1790) Sem título, Japão, Século XVIII/XIX Xilogravura em cores | 22,5 x 34 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 28 Katsukawa Shuntei (1770-1820) Sem título, Japão, Século XVIII/XIX Xilogravura em cores | 26,3 x 37,5 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 29 Utagawa Toyokuni (1769-1823) Xilogravura em cores | 33 x 45 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 30 Utagawa Toyokuni (1769-1825) Xilogravura em cores | 38,1 x 24,7 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 31 Utagawa Toyokuni II (1777-1835) Xilogravura em cores | 24,3 x 35,4 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 32 Utagawa Kunisada (Toyokuni III) (1786-1865) Xilogravura em cores | tríptico 36,6 x 26 cm | 36,6 x 26 cm | 36,4 x 25,8 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 33 34 Ichiryusai Hiroshige (1797-1858) Xilogravura em cores | 34,4 x 22,8 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 35 Toyokama-Bashi A Ponte do Rio Toya, Japão, 1850 Xilogravura em cores | 18,1 x 24 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 36 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Tokaido Gojusan Tsugi, Nihon Bashi, Japão, 1850 Xilogravura em cores | 18 x 24,7 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 37 Ando Hiroshige (1797-1858) Chuiryu, Shuka Uma-Schi (A feira estival de cavalos), Japão, 1850 c. Xilogravura em cores | 18,2 x 24,7 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 38 Ando Hiroshige (1797-1858) Fukuroi, Japão, 1850 c. Xilogravura em cores | 17,7 x 24,3 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 39 Ando Hiroshige (1797-1858) Shono, Japão, 1850 c. Xilogravura em cores | 17,1 x 23,8 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 40 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Musho Edo Hyakkei - Omaya (100 lugares célebres de Edo, Às margens do Omaya), Japão, 1857 Xilogravura em cores | 35,2 x 24,1 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 41 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Musho Edo Hyakkei (100 lugares célebres de Edo, Onagi-Gawa, Gohon-Matsu, Os cinco pinheiros do rio Konagi), Japão, 1856 Xilogravura em cores | 35,1 x 22,9 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 42 Ichiryusai Hiroshige (1797-1858) Xilogravura em cores | 27 x 41 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 43 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Musho Edo Hyakkei -100 lugares célebres de Edo - Shoheibashi, Seido, Kanda-Kavao (Santuário Seido e o rio Kanda, vista da ponte Shohei), 1857 Xilogravura em cores | 35,9 x 24,5 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 44 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Roku-Ju-Yo Shio-Meisho Dzu-Ye (Vista das 60 províncias, Mima Saka, Vale Yamabushi), Japão, 1853 Xilogravura em cores | 41 x 27 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 45 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Roku-Ju-Yo Shio-Meisho Dzu-Ye (Vista das 60 províncias, Mima Saka, Vale Yamabushi), Japão, 1853 Xilogravura em cores | 40 x 27 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 46 Ando Hiroshige (1797-1858) Série Roku-Ju-Yo Shio-Meisho Dzu-Ye (Vista das 60 províncias, Mima Saka, Vale Yamabushi), Japão, 1853 Xilogravura em cores | 35,1x23,5 Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 47 Ichiyûsai Kuniyoshi (1797-1861) Vinte e quatro paradigmas da piedade filial da nossa terra Honchô nijûshikô; editor: Mura-Tetsu 1843-46 Xilogravuras em cores | 25 x 18 cm cada Coleção João Maurício de Araújo Pinho 48 49 50 51 52 53 Utagawa Kunitora (1850-??) Xilogravura em cores | 33 x 22,7 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 54 Katsuchika Hokusai (1760-1849) Sem título, Japão, Século XVIII/XIX Xilogravura em cores | 23,4 x 17,9 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 55 Katsushika Hokusai (1760-1849) Série Tesouro da Lealdade, o livro escrito em fonograma Xilogravura em cores | 25 x 37 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 56 Katsushika Hokusai (1760-1849) Hyakunin isshu ubaga etoki (Cem poemas explicados pela velha ama) Xilogravura em cores | 25,2 x 35,7 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 57 Toyota Hokkei (1780-1850) Jusan, Japão, 1801-1900 Xilogravura em cores | 21,3 x 18,3 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 58 Toyota Hokkei (1780-1850) Jusan, Japão, 1801-1900 Xilogravura em cores | 20,6 x 18,4 cm Acervo Museus Castro Maya IBRAM/MinC 59 Kitao Shigemasa (1739-1820) Xilogravura em cores | 37,1 x 23,6 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 60 Kunichika (1850-1860) Xilogravura em cores | 36 x 25 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 61 Autor desconhecido Xilogravura em cores | Tríptico | 34,5 x 73,3 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 62 Autor desconhecido Xilogravura em cores | Díptico | 35 x 47,3 cm ColeçãoJoão Maurício de Araújo Pinho 63 Toyokuni II (1835-1840) Xilogravura em cores | 37,5 x 25 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 64 Tsukioka Yoshitoshi (1839-1892) Xilogravura em cores | 36 x 24 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 65 Tsukioka Yoshitoshi (1839-1892) Xilogravura em cores | 36 x 24 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 66 Keisai Eisen (1790-1848) Xilogravura em cores | 73,5 x 25 cm Coleção João Maurício de Araújo Pinho 67 BIOGRAFIAS Ando Hiroshige (1797-1858). Da escola Utagawa. Filho de um bombeiro, sucedeu-o no cargo, mas em 1811 passou ao aprendizado no estúdio de Utagawa Toyohiro. No início da década de 1830, influenciado pelo trabalho desenvolvido por Hokusai, lançou-se na produção das séries de gravuras de paisagem, gênero pelo qual se celebrizou, em especial com a tradição do meisho-e, ou seja, figuras de lugares famosos. Ele é o mais famoso dos artistas do ukiyo-e e, junto com Hokusai, representa o apogeu da gravura japonesa. Convidado para se juntar a uma procissão oficial pela estrada de Tokaido que unia as duas capitais, Hiroshige aproveitou para realizar diversos esboços, utilizados em sua volta para compor a Série “53 Estações de Tokaido” que contém algumas de sua obras primas. Hiroshige trouxe novos aspectos para a tradição da pintura de paisagem dominante até então imprimindo uma escala de cotidianidade ao mostrar viajantes experienciando as atrações do caminho em todas as estações do ano. Em 1856 ele lançou uma edição luxuosa utilizando as mais sofisticadas técnicas de impressão. Foi ainda pioneiro no formato vertical de pintura de paisagem na Séria “Vistas Famosas das 60 Províncias”. Seu estilo pessoal incluiu também o uso de pontos de vista pouco usuais, cores impressionantes e referências às estações e fenômenos naturais. Isoda Koryūsai (1735–1790?). Da escola Harunobu. Atuante entre 1769 e 1790. Começou sua carreira como gravurista enquanto ainda era um samurai a serviço do clã Tsuchiya. Seu aprendizado está intimamente relacionado a Harunobu a quem imitou até firmar um estilo próprio. Nesse tempo desenvolveu tonalidades próximas da pintura e uma linha caligráfica. Katsuchika Hokusai (1760-1849). Fundador da escola Hokusai. Considerado por muitos o maior artista do ukiyo-e, é autor de sua imagem mais icônica, “A Grande Onda”, de c. 1830- 32. Embora inicialmente destinado a suceder um tio na carreira de polidor de espelhos, entrou para o aprendizado da gravura com Katsukawa Shunsho aos 19 anos. Após a morte de Shunsho foi expulso da escola Katsukawa pelo BiograPhiEs Ando Hiroshige (1797–1858). A member of the Utagawa School and the son of a fire warden, he initially followed in his father’s footsteps, but, signed on as an apprentice with the Utagawa Toyohiro studio in 1811. Influenced by the work of Hokusai, during the early 1830s he began to produce series of landscape woodblock prints – a genre for which he became famous, especially in the meisho-e tradition of portraying famous places. The most famous of the ukiyo-e artists, he and Hokusai represented the apogee of Japanese woodblock printwork. During an official procession along the Tokaido highway between the two capital cities, Hiroshige completed many sketches which were subsequently used for the Fifty-three Stations of the Tōkaidō series that contained some of his masterpieces. He introduced new aspects to the landscape painting tradition that had reigned until then through adding touches of daily life, with travelers enjoying wayside attractions throughout the year. In 1856, he published a deluxe edition using sophisticated printing techniques. He also pioneered vertical landscape paintings in the Famous Views of Sixty Provinces series. His personal style included the use of unusual viewpoints, striking colors and references to natural phenomena and the seasons of the year. Isoda Koryūsai (1735–1790?). A member of the Harunobu School, working between 1769 and 1790, he began his career as a print designer while still a samurai bound to the Tsuchiya clan. His apprenticeship was closely linked to Harunobu, who he imitated until firming up his own style. During this time, he developed ink tonalities close to painting and a calligraphic line. Katsuchika Hokusai (1760–1849). The founder of the Hokusai School, he is considered by many as the greatest of the ukiyo-e woodblock printmakers, signing its most iconic image: Is a Great Wave (ca. 1830 –1832). Although initially tipped to follow an uncle into a career as a mirror- polisher, he instead began to study woodblock printing with Katsukawa Shunshō at nineteen years of age. After the death of Shunshō, his successor 68 Shunkō expelled him from the Katsukawa School. However, he viewed this event as freeing up his personal style. A real eccentric, Hokusai moved house constantly (93 times during his lifetime) and also changed his name often, using thirty different signatures. During his lengthy career, he produced 30,000 works, many of which were lost when his studio burned down in 1839. Not limited to woodblock prints, he also decorated board games, lanterns, dioramas and paper toys, in addition to illustrating volumes of fiction and poetry, while also writing books for apprentice artists with drawings he prepared for his pupils to copy. Pressured by financial woes, at seventy years of age he began what was to become his masterwork: Thirty Six Views of Mount Fuji (which includes The Great Wave). Katsukawa Shunkō (1743–1812). A member of the Katsukawa School who studied under Shunshō, he is believed to have created the first large head- and-torso portraits of actors. He had to cease working with woodblock prints at 45 years of age, when his right hand became paralyzed. Katsukawa Shunshō (c. 1726–1793). The founder of the Katsukawa School who initially followed the Torii line, his art subsequently entered a new and innovative stage. His best-known subjects were Kabuki actors, revitalizing this type of theater during the 1760s after the decline of the Torii School and endowing these highly realistic portraits with great individuality. His depictions of beautiful women (bijin-ga) and sumo wrestlers were also well-known. His studio was where Hokusai began his career. Katsukawa Shuntei (1770–1820). A member of the Katsukawa School. Keisai Eisen (1790–1848). The founder of the Keisai Eisen School, he was apprenticed to Kano Hakkeisai and then studied with Kikugawa Eizan. His bijin-ga prints of beautiful women are rated as masterworks of the decadent Bunsei Era (1818–1830). Real fashion plates of their times, they depict women in highly sensual ways. He also produced erotic works and landscape prints, sucessor Shunko, contudo ele interpretou este evento como libertador de seu estilo pessoal. De personalidade excêntrica, Hokusai mudava constantemente de casa (93 vezes na vida) e de nome, tendo assumido 30 diferentes assinaturas. Na sua longeva carreira produziu 30.000 obras, embora muitas tenham se perdido no incêndio de seus estúdio em 1839. Além de estampas também decorou jogos de tabuleiro, lanternas, dioramas e brinquedos de papel. Ilustrou livros de ficção e poesia e criou manuais para artistas aprendizes com desenhos que fazia para seus alunos copiarem. Aos 70 anos, pressionado por problemas financeiros, começou o que viria a se tornar sua obra prima: a Série “36 Vistas do Monte Fuji” (que inclui “A Grande Onda”). Katsukawa Shunkō (1743-1812). Da escola Katsukawa, pupilo de Shunsho. Acredita-se que ele criou os primeiros grandes bustos de atores. Aos 45 anos teve uma paralisia na mão direita que o obrigou a deixar de criar xilogravuras. Katsukawa Shunshō (c. 1726–1793). Fundador da escola Katsukawa. Nos primórdios seguia a linha dos Torii, mas posteriormente inovou iniciando uma nova etapa em sua arte. Seu tema mais notório foi o dos retratos de atoresdo Kabuki que ele revitalizou na década de 1760 após o declínio da escola Torii, neles injetando grande realismo e individualidade. Contudo seus trabalhos em bijin-ga (beldades da época) e lutadores de sumô também se notabilizaram. Hokusai iniciou a carreira em seu estúdio. Katsukawa Shuntei (1770-1820). Da escola Katsukawa. Keisai Eisen (1790-1848). Fundador da escola Keisai Eisen. Foi aprendiz de Kano Hakkeisai e depois estudou com Kikugawa Eizan. Suas estampas de beldades (bijin-ga) são consideradas obras primas da decadente Era Bunsei (1818-1830). Trata- se de verdadeiros estudos da moda do período e retrata as mulheres de forma de foram mais sensual. Produziu também gravuras eróticas e de paisagem, incluído a Série “69 estações do Kiso Kaido”, completada por Hiroshige. Foi ainda escritor tendo deixado um volume que documenta as vidas dos artistas do ukiyo-e. 69 including the Sixty-nine Stations of the Kiso Kaidō series that was completed by Hiroshige. Also a writer, he left a volume documenting the lives of the ukiyo-e woodblock printmakers. Kitagawa Utamaro (1753–1806). The founder of the Kitagawa or Utamaro School and viewed as one of the grand masters of ukiyo-e woodblock printwork, he published a series of books magnificently illustrated with nature scenes, especially insects, although his main fame came mainly from his head-and-torso portraits of beautiful women in the Yoshiwara district during the 1790s, with elegantly willowy bodies. In 1804 he was arrested for identifying historical figures by name in his prints, which was forbidden. In his time, Utamaro was very famous, with many imitators, some of whom even used his signature, prompting him to sign some works as ‘the real Utamaro’. Kitao Shigemasa (1739–1820). The founder of the Kitao School, he was self-taught until becoming a pupil of Nishimura Shigenaga. One of the main woodblock printers of his time, but later outshone by Torii Kiyonaga, he specialized in pictures of beautiful women (bijin-ga). Nishimura Shigenobu (active: 1729–1739). Probably a pupil of Nishimura Shigenaga, he was famous for his portrayals of Kabuki actors and courtesans, with other subjects including landscapes, mythological animals and samurai battles. His warrior prints are highly original, featuring ghosts, dreams and superhuman elements. At times, his work hints at aspects of Western art, such as his landscape prints with perspective and shadow. A witness to the opening of the port of Yokohama to the rest of the world, he produced two works showing Westerners in this city. His New Designs of Young Models (1776–81) was produced in 140 copies – at that time, the longest print run for a ukiyo-e series featuring women and fashion. Suzuki Harunobu (c. 1725–1770). A member of the Nishimura or Shigenaga School and founder of the Harunobu School, he probably came from a samurai family. With influential patrons allowing him to work with expensive materials, he was the Kitagawa Utamaro (1753-1806). Fundador da escola Kitagawa ou Utamaro. Considerado um dos grandes mestres do ukiyo-e. Publicou uma série de magníficos livros ilustrados com estudos de natureza, especialmente sobre insetos, porém ficou conhecido, principalmente, pelos bustos grandes de beldades do bairro de Yoshiwara dos anos 1790 com formas exageradamente alongadas. Em 1804 foi preso por identificar nominalmente nas gravuras figuras históricas, o que era proibido. Utamaro alcançou grande fama em seu tempo e teve muitos imitadores, alguns inclusive utilizando sua assinatura o que o levou a assinar alguns trabalhos como “o genuíno Utamaro”. Kitao Shigemasa (1739–1820). Fundador da escola Kitao. Foi autodidata antes de tornar-se aluno de Nishimura Shigenaga. Um dos principais gravuristas de seu tempo depois ofuscado por Torii Kiyonaga, especializou-se nas pinturas de figuras bonitas (bijin-ga). Nishimura Shigenobu (ativo 1729-1739). Provavelmente pupilo de Nishimura Shigenaga. Notabilizou-se por representações de atores do Kabuki e cortesãs. Seus temas incluíram vários gêneros: paisagem, atores do Kabuki, mulheres bonitas, animais mitológicos, batalhas de samurais. Suas estampas de guerreiros são originais ao incorporar fantasmas, sonhos e elementos sobre-humanos. Seu trabalho por vezes congregava aspectos da plástica ocidental como, por exemplo, no caso das estampas de paisagem em que ele se utilizou da perspectiva e sombra. Kuniyoshi foi testemunha da abertura do porto de Yokohama aos estrangeiros e produziu duas obras em que mostra ocidentais na cidade. Sua "Modelos para Moda" (Hinagata wakana no hatsumoyō, 1776–81) foi produzida em 140 cópias, a maior impressão de séries de figuras femininas e moda em ukiyo-e a ser executada na época. Suzuki Harunobu (c. 1725–1770). Da escola Nishimura ou Shigenaga. Fundador da escola Harunobu. Proveniente de uma família samurai, possuía mecenas influentes que possibilitavam ao artista trabalhar com materiais caros. Foi inovador, o primeiro a produzir gravuras em policromia em 1765, tornando obsoleto o método anterior de 2 ou 3 70 first to produce innovative polychrome works in 1765, superseding the previous method using only two or three colors. Known as brocade paintings (nishiki-e), these prints juxtaposed colors over the entire surface of the picture, featuring subjects that varied from classical poetry to the beautiful women of his times, and even erotic images (shunga). His style was widely copied, including by Hiroshige. Harunobu was also famed for portraying daily life in Edo, not only the activities of actors, sumo wrestlers or courtesans, but also ordinary people in the streets. Torii Kiyonobu, also known as Shōbei (1664– 1729). The founder of the Torii School, he began to paint with his father Kiyomoto, who was also an actor. When his family moved to Edo, Torii became a poster painter for the Kabuki theater. In 1695, he produced his first print featuring actors, giving rise to the Torii School, which is among the most famous and long-lasting groups. He also illustrated books in the ukiyo-e manner and portrayed the beautiful women of his times (bijin- ga) in a realistic but charming style. Totoya Hokkei (1780–1850). A member of the Hokusai School, he was one of the first and best- known pupils of Hokusai. Working in a variety of fields, he produced a large number of prints and illustrated books at the peak of his career during the 1820s. Toyohara Kunichika (1835–1900). The founder of the Toyohara School. He became a pupil of Chikanobu at around twelve years of age, joining the Kunisada studio as an apprentice about a year later and adopting a name that honored his two masters. A free spirit, his contemporaries said that his life revolved around print design, the Kabuki theater and alcohol. Although best known for his portraits of actors, he also addressed historical subjects and portrayed beautiful women, always in bright colors. Tsukioka or Taiso Yoshitoshi (1839–1892). A member of the Utagawa School, he signed on with Kuniyoshi as an eleven year old apprentice. Although not viewed as his true successor, he is acknowledged as his most important disciple cores. Essas estampas (nishiki-e, ou pintura em brocado) justapunham as cores na superfície íntegra da gravura. Seus temas variaram de poemas clássicos a mulheres bonitas contemporâneas além de imagens eróticas (shunga). Seu estilo foi amplamente copiado inclusive por Hiroshige. Harunobu também se tornou conhecido por representar a vida cotidiana em Edo, não somente àquela ligada aos atores, lutadores de sumô ou cortesãs mas incorporando ainda personagens do dia a dia das ruas. Torii Kiyonobu, também chamado Shōbei (1664-1729). Fundador da escola Torii. Iniciou-se na pintura com seu pai, Kiyomoto, que foi pintor e também ator. Torii tornou-se um pintor de cartazes para o teatro Kabuki quando a família mudoupara Edo. Em 1695 imprimiu sua primeira estampa de atores dando origem à escola Torii, uma das mais renomadas e longevas. Ele ainda ilustrou livros no estilo ukiyo-e. Também realizou retratos das beldades de seu tempo (bijin-ga) num estilo realista porém gracioso. Totoya Hokkei (1780–1850). Da escola Hokusai. Foi um dos primeiros e mais conhecidos alunos de Hokusai tendo composto em uma variedade de gêneros. Durante o apogeu de sua carreira entre 1820-30 ele produziu um grande número de estampas e livros ilustrados. Toyohara Kunichika (1835-1900). Fundador da escola Toyohara. Por volta dos 12 anos tornou-se aluno de Chikanobu e um ano depois entrou para o estúdio de Kunisada como aprendiz, recebendo o nome que era a junção dos de seus dois mestres. De temperamento boêmio, seus contemporâneos afirmavam que o design de estampas, o teatro Kabuki e o álcool eram tudo em sua vida. É mais conhecido pelos retratos de atores, mas também trabalhou sobre os temas históricos e as mulheres bonitas, sempre em cores fortes. Tsukioka ou Taiso Yoshitoshi (1839-1892). Da escola Utagawa. Aos 11 anos iniciou o aprendizado com Kuniyoshi. Embora não seja visto como successor de Kuniyoshi, é reconhecido como seu mais importante discípulo e o ultimo dos grandes mestres do ukiyo-e. Foi um grande inovador e, ao mesmo 71 and the last of the great ukiyo-e woodblock print masters. A major innovator, while at the same time concerned with preserving this age-old art against more modern notions that appeared in Japan after the Meiji Restoration, he stressed the use of traditional methods, opposing new means of mass reproduction – such as photography and lithography – arriving from the West. Most of his prints from the 1890s feature disturbing images of violence such as deaths by decapitation and other bloody scenes. Utagawa Kunisada (1786–1865). A member of the Utagawa School and also known as Toyokuni III, he joined Toyokuni as an apprentice around 1800. Less than ten years later he was already considered a star of the Utagawa School. Always attuned to public tastes, he was the most popular, prolific and financially successful ukiyo-e woodblock print designer of the XIX century, in his day outstripping the reputations of even Hokusai, Hiroshige and Kuniyoshi. Utagawa Kunitora (active: 1804–1850). A member of the Utagawa School. Utagawa Kuniyoshi (1798–1861). A member of the Utagawa School and apprenticed to Toyokuni between 1811 and 1814, becoming one of the last great ukiyo-e woodblock print masters. Utagawa Toyokuni (1769–1825). A member of the Utagawa School and the first head of the house of Utagawa funded by Toyoharu, he was not particularly innovative, but rather a keen emulator of earlier great masters such as Utamaro, only later developing his own style. His Kabuki pictures did not merely freeze actors in static poses, but rather showed them in action, making him very popular. His main pupils were Kunisada (Toyokuni III) and Kuniyoshi. After his death, his son-in-law Toyoshige worked under the name of Toyokuni II. Utagawa Toyokuni II (1777–1835). A member of the Utagawa School and the son-in-law of Utagawa Toyokuni, his real name was Toyoshige. Clashing with Kunisada over the name of the master and leadership of the School, he returned to his previous signature once defeated. tempo, extremamente preocupado com a preservação dessa arte tradicional frente às inovações que surgiam no Japão após a Restauração Meiji. Insistiu nos uso dos meios tradicionais, lutando contra os novos meios de reprodução em massa (fotografia, litografia) que chegavam do ocidente. A maioria de suas estampas dos anos 1860 representa imagens perturbadoras de violência tais como mortes por decapitação e outros meios sangrentos. Utagawa Kunisada (1786-1865). Da escola Utagawa. Também conhecido como Toyokuni III, entrou como aprendiz de Toyokuni por volta de 1800 e menos de dez anos depois já era considerado uma estrela da escola Utagawa. Sempre afinado com o gosto do público, foi o mais popular, prolífico e financeiramente bem sucedido designer de xilogravura ukiyo-e no século XIX, superando em sua época a reputação de Hokusai, Hiroshige e Kuniyoshi. Utagawa Kunitora (ativo 1804-50). Da escola Utagawa. Utagawa Kuniyoshi (1798–1861). Da escola Utagawa. Realizou seu aprendizado com Toyokuni entre 1811-14 e tornou-se um dos últimos grandes mestres da gravura ukiyo-e. Utagawa Toyokuni (1769-1825). Da escola Utagawa e primeiro chefe da casa Utagawa, fundada por Toyoharu. Mais do que inovador foi um grande emulador dos grandes mestres anteriores como Utamaro, mas posteriormente sintetizou um estilo próprio. Suas representações do Kabuki não se limitavam à pose estática dos atores, mas mostrava-os agindo, o que o tornou extremamente popular. Seus principais alunos foram Kunisada (Toyokuni III) e Kuniyoshi. Após sua morte, seu genro passou a usar o nome de Toyokuni II. Utagawa Toyokuni II (1777–1835). Da escola Utagawa. Chamava-se Toyoshige e era genro de Toyokuni. Disputou com Kunisada o uso do nome do mestre e a liderança da escola e acabou derrotado, voltando à antiga assinatura. 72 Adachi Ginko (1870-1900) Autor não identificado (1860) Toyohara Chikanobu (1838-1912) Fukuyama Yoshitoyo (1830-1866) Ogata Gekko (1859-1920) Hirano Hakuho (1879-1957) Hotei Gosei (ativo 1804-1835) 73 Ichikage (1875-1880) Ichiryusai Hiroshige (1797-1858) Kagetoshi (década de 1930) Katsukawa Shunko (1743-1812) Kesai Eisen (1790-1848) Kikao Masayoshi (1764-1824) Kikugawa Eizan (1787-1857) Kitagawa Tsukimabo (ativo 1800-1820) 74 Kitagawa Utamaro (1735-1806) Kobayashi Kiyochika (1847-1915) Unichika (1850-1860) Kunimasa (1875) Utagawa Kunisada II (1823-1880) Kunishige (ativo 1821-1849) Kuniyasu, Kunichika e Kunisada Utagawa Kuniyoshi (1797-1861) 75 Autor desconhecido 76 Autor desconhecido Manga – pássaros Nishimura Nantei (1775-1834) Nantei Gafu Kohen – álbum de desenhos de Nantei 77 Utagawa Sadakage (1820-1830) Shibata Zeshin (1807-1891) Shinsai Ryurykyo (1764-1820) Sukioka Yoshitoshi (1839-1892) Torii Kiyomasa (1735-1785) Tsukioka Yoshitoshi (1839-1892) 78 Tsukioka Yoshitoshi (1839-1892) Série “As Cem Fases da Lua” 79 Utagawa Hiroshige II (1829-1869) Utagawa Sadahide (1807-1873) Utagawa Toyokuni (1835) Utagawa Yoshiyoki (c.1848-1864) Yanagawa Shigenobu (1787-1832) Yoshitaki (ativo 1850-1860) 80 1 2 3 4 5 6 81 1 Máscara Gigaku de Konron, séculos XIV-XVI Madeira e laca Coleção João Maurício de Araújo Pinho 2 Máscara Nô de Kurohige, século XVII Madeira, gesso e pêlo de cavalo Coleção João Maurício de Araújo Pinho 3 Máscara Bugaku de Ryo-o, século XIX Madeira e laca Coleção João Maurício de Araújo Pinho 4 Máscara Kyogen, séculos XVII-XIX Madeira Coleção João Maurício de Araújo Pinho 5 Máscara Bugaku, século XVII Madeira Coleção João Maurício de Araújo Pinho 6 Máscara Nô de Ko-Omote, século XVIII Madeira Coleção João Maurício de Araújo Pinho 7 Máscara Nô de Akobujo, século XVIII Madeira, gesso e pêlo de cavalo Coleção João Maurício de Araújo Pinho 8 Máscara Nô de Hannya, séculos XVIII-XIX Madeira, gesso e pelo de cavalo. Coleção João Maurício de Araújo Pinho 9 Máscara Nô de Ko-Omote, século XX Madeira Coleção João Maurício de Araújo Pinho 7 8 9 82 EXPosiÇÃo | EXhiBiTioN Curadoria | Curatorship Anna Paola Baptista Coordenação Geral | General Coordination Raquel Silva Produção | Production Izabel Ferreira Programação Visual | Art Direction Mauro Campello Design de Montagem | Exhibition Design Anderson Eleotério Sketchup | Sketchup Felipe Paladini Produção Local | Local Production Gabriela Izidoro Assessoria de Imprensa | Press Office Vanessa Angeiras Museologia | Museology Coleção Museus Castro Maya IBRAM MinC - Denise Batista Coleção João Maurício de Araújo Pinho - Elenora Machado Laudos Técnicos| Technical Reports Thereza Beatriz Kuhnert Iluminação | Lighting Francisco Antonio da Silva Sinalização | Signposting Uzisign Montagem | Art Mounting GS Montagens Cenotécnica | Scenographic Technology José Francisco dos Santos e equipe Molduras | Frames Metara Arte Molduras Marcelo Peregrino Revisão de texto | Text Revision Rosalina Gouveia Versão para inglês | English version Carolyn Brissett Assistente de produção | Production assistant Magda Nunes Oficinas de Origami e Kussudama | Origami and Kussudama workshops Helena Makiyama Eric Hayato Makiyama Monitoria | Monitoring Polliany Luna Ribeiro Silvio Ribeiro da Silva Sales Seguro | Insurance Pro Affinite – Chubb Seguros Brasil Transporte | Transportation ArtQuality Chenue do Brasil CaTÁLogo | CaTaLog Organização | Organization Izabel Ferreira Produção Editorial | Editorial Production Raquel Silva Texto | Text Anna Paola Baptista Design Gráfico | Graphic Design Mauro Campello Fotos | Photos Acervo Museus Castro Maya IBRAM MinC: Jaime Accioli Acervo João Maurício de Araújo Pinho: Raquel Silva Revisão de texto | Text Revision Rosalina Gouveia Versão para inglês | English version Carolyn Brissett Impressão e pré-impressão | Printing Gráfica Santa Marta agraDECiMENTos | aCKNoWLEDgMENTs João Maurício de Araújo Pinho Vera de Alencar Cláudia Ferreira Daniel Barros Deneir de Souza Martins Denise Mattar Gabriel Mattar Giselle Simão da Silva Graziele Simão da Silva Iam Cantarino Karolina de Oliveira Lucca Campello Marcos Bretas Rafaela Lisboa Suzy Cantarino Taissa Campello Vivian Horta UKiYoE - a magia da gravura japonesa Coleção João Maurício de Araújo Pinho Coleção Museus Castro Maya IBRAM MinC Curadoria Anna Paola Baptista CaiXa Cultural recife - galeria 2 18 de julho a 17 de setembro de 2017 Av. Alfredo Lisboa, 505 - Recife Antigo Recife - PE CEP. 50.030-150 Tel.: (81) 3425-1915 V A M O S P R E SE R V A R O M E IO A M B IE N TE | D IS TR IB U IÇ Ã O G R A TU IT A | V E N D A P R O IB ID A . UKIYOE - a magia da gravura japonesa / [organização Izabel Ferreira; texto, Anna Paola Baptista; versão inglês, Carolyn Brissett]. – Rio de Janeiro :Memória Visual Ltda, 2017 80 p. : il. color. ; 20 x 20 cm Catálogo de exposição realizada na Caixa Cultural Recife, Galeria 2, de 18 de julho a 17 de setembro de 2017. Curadoria: Anna Paola Baptista. Textos em português e inglês. 1. Gravura japonesa - Séculos XVII, XVIII e XIX - Exposições. 2. Arte japonesa – Séculos XVII, XVIII e XIX - Exposições. 3. Gravura japonesa (Arte) - Exposições. I. Baptista, Anna Paola. II. Ferreira, Izabel . III. Caixa Cultural (Recife, PE). 83 84 Capap Final.indd 1 14/07/2017 21:04:27