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J825 - RELAÇÕES ETINICO RACIAIS NO BRASIL

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22/09/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/21
Módulo 3 - Africanidades: alguns aspectos da História Africana dos Negros no Brasil
Em primeiro lugar, cabe-nos definir o conceito de africanidades brasileiras. Trata-se de um
processo de valorização e resgate da história e cultura africana e afro-brasileira, a fim de
desfazer os estereótipos raciais construídos pelos grupos dominantes (brancos, homens,
proprietários, livres e ricos). Assim, podemos dizer que esse é um paradigma que considera a
perspectiva dos negros brasileiros na formação da cultura e da sociedade brasileira. Significa
enxergar o mundo através de uma lente sob a perspectiva dos afrodescendentes, segundo nos
define Silva (2003, p. 26):
A expressão africanidades brasileiras refere-se às raízes da cultura brasileira que
têm origem africana. Dizendo de outra forma, queremos nos reportar ao modo de
ser, de viver, de organizar suas lutas, próprio dos negros brasileiros e, de outro
lado, às marcas da cultura africana que, independentemente da origem étnica de
cada brasileiro, fazem parte do seu dia-a-dia.
(...) Então, estudar Africanidades Brasileiras significa estudar um jeito de ver a
vida, o mundo, o trabalho, de conviver e lutar por sua dignidade, próprio dos
descendentes de africanos que, ao participar da construção da nação brasileira,
vão deixando nos outros grupos étnicos com que convivem suas influências, e, ao
mesmo tempo, recebem e incorporam as daqueles.
A partir, portanto, dessas concepções, é mister que façamos essa reconstrução histórica através
de uma perspectiva diferente daquela que temos utilizado em nossas escolas durante tanto
tempo. Uma perspectiva que dê a conhecer a grande participação dos africanos na formação do
Brasil. Uma perspectiva que os apresente não apenas em sua condição de escravizados, mas
como personagens participantes da construção histórica, que, com suas culturas, línguas,
formas de organização e economia, participaram expressivamente da construção disso que
somos hoje.
3.1. Pegando o fio da história: a África antes de 1500
Em geral, fomos ensinados a pensar a partir de uma série de concepções bastante deturpadas
ou incompletas sobre o continente africano e sua população, concepções essas em geral
propagadas pelo pensamento conservador, responsável em grande medida pela formulação do
chamado racismo científico.
É nesse sentido que toda a história da África passou a ser sistematicamente distorcida,
esquecida ou menosprezada nos livros de história e assim foi transmitida a nós e aos nossos
alunos há tantas gerações. Vamos começar a rever um pouco tudo isso e tentar pegar o fio
dessa história, primeiramente com um trecho de Salum (2005, sem página):
Para compreendermos a cultura material das sociedades africanas, a primeira
questão que se impõe é a imagem que até hoje perdura da África, como se até
sua "descoberta", fosse esse continente perdido na obscuridade dos primórdios da
civilização, em plena barbárie, numa luta entre Homem e Natureza.
De fato, a história dos povos africanos é a mesma de toda humanidade: a da
sobrevivência material, mas também espiritual, intelectual e artística.
A impressão que temos a partir do que estudamos em nossa vida escolar, é de que a África,
antes do início da exploração portuguesa, era um território “perdido no mapa”, com povos
“primitivos”, sem cultura escrita e com tribos selvagens que guerreavam e se escravizavam
22/09/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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mutuamente. Atualmente, nosso conhecimento sobre esse continente é tão parco que chegamos
a pensar nele como um único país, “a África”. Oliva (2003, p. 423) inicia seu artigo, intitulado “A
História da África nos bancos escolares: representações e imprecisões na literatura didática”,
fazendo a seguinte pergunta: “O que sabemos sobre a África?”. Repare como sua resposta nos
parece infelizmente bastante familiar:
Quantos de nós estudamos a África quando transitávamos pelos bancos das escolas? Quantos
tiveram a disciplina História da África nos cursos de História? Quantos livros, ou textos, lemos
sobre a questão? Tirando as breves incursões pelos programas do National Geographic ou
Discovery Channel, ou ainda pelas imagens chocantes de um mundo africano em agonia, da
AIDS que se alastra, da fome que esmaga, das etnias que se enfrentam com grande violência ou
dos safáris e animais exóticos, o que sabemos sobre a África? Paremos por aqui. Ou melhor,
iniciemos tudo aqui.
É verdade: temos que reconhecer que sabemos nada ou quase nada sobre a África. A partir
dessa primeira constatação, cabe-nos, como educadores, a responsabilidade de sanar tal
deficiência em nossa formação e procurar nos apropriar dos conteúdos sobre a história da África
e dos negros no Brasil, disponíveis na íntegra para downloads na Internet.
 
3.2. Heranças coloniais africanas e a formação de um país chamado Brasil
Primeiramente, acompanhe conosco esta breve revisão histórica: sabemos que o Brasil é
resultado de um longo processo de exploração colonial promovido por Portugal, com apoio
financeiro da burguesia de então que, apesar de ainda não deter o poder político no século XVI,
já era proprietária de boa parte das riquezas disponíveis na época, reservas suficientes para
servirem de investimentos às empresas colonizadoras portuguesas rumo às Américas.
Assim, é importante ficar claro que já estávamos em pleno capitalismo moderno e que o Brasil
nada mais era do que um negócio bastante interessante e promissor, tanto para os monarcas
portugueses que comandaram politicamente a empreitada colonizadora, quanto para os
burgueses e homens de negócio da Europa que patrocinavam tais empreendimentos.
Existe uma linha de raciocínio que já faz parte de nosso senso comum, segundo a qual os
problemas do Brasil estão diretamente ligados à formação de sua população, uma vez que
teriam sido mandados para cá os “piores cidadãos” portugueses, indesejados na Europa, quase
“deportados” para uma terra onde poderiam “fazer do seu jeito” todas as coisas reprováveis que
antes faziam em Portugal. Daí vem também uma das explicações correntes sobre o nosso
“jeitinho brasileiro”, no sentido de que as leis não funcionam aqui porque desde a formação do
Brasil foram trazidos para cá somente ladrões, bandidos, vagabundos, prostitutas e
desocupados de todo tipo.
Isso não é verdade e a explicação fundamental está no fato de sermos, naquela época, a
empresa mais rentável de Portugal.
Portanto, tínhamos aqui uma base importante para o sustento da monarquia portuguesa, que já
enfrentava problemas sérios, tanto políticos quanto econômicos, para se manter nas relações
capitalistas europeias daquele momento. É nesse sentido que homens e mulheres passam a ser
enviados ao Brasil com a incumbência de fazer esse país-continente fornecer riquezas
suficientes para sustentar os luxos e extravagâncias da família real e sua aristocracia e, ao
mesmo tempo, para pagar os investimentos feitos pela burguesia de então, elite econômica
durante aquele período.
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Foi com essa mentalidade que os portugueses começaram a explorar de todas as formas o
território brasileiro, retirando de nossos solos e florestas todas as matérias-primas que tivessem
algum valor no mercado capitalista europeu.
Muito cedo, entretanto, os portugueses perceberam que um dos grandes problemas que teriam
em sua missão de exploração brasileira seria a escassez de mão de obra para realizar um
trabalho de tão grande monta como o que precisava ser realizado por aqui.
Uma solução encontrada foi a de trazer negros africanos, vindos de Angola e do Congo, para
trabalharem na agricultura. Como os portugueses já dominavam a arte das navegações,não foi
difícil forçar populações africanas a se transferirem para o Brasil, submetendo-os a uma das
condições de vida e trabalho mais desumanas que a história já assistiu.
É interessante que, mais uma vez, o que aprendemos em nossos bancos escolares a respeito
das justificativas sobre o tráfico negreiro aponta os índios como seres acostumados à liberdade e
que se recusaram ao trabalho escravo; já os negros, por estarem acostumados à escravidão já
existente no continente africano, teriam se submetido mais passivamente à condição de objeto,
coisa. Novamente, são explicações que não fazem qualquer sentido lógico.
Pois é, mais uma vez podemos verificar como esse processo, cujas raízes são profundas,
perdura até os dias de hoje, sendo que tais representações ainda aparecem na maioria dos
livros didáticos disponíveis para nossos alunos e professores.
É nesse sentido que acreditamos ser possível enxergar a História da África e suas implicações
para a História do Brasil de maneira bastante diferente daquela utilizada em nossos bancos
escolares. Ao nosso ver, a apropriação que fazemos de cada fato histórico recontextualizado
segundo a perspectiva das africanidades brasileiras, abrirá possibilidades e potencialidades na
ação/relação educativa, capazes de refazer nossas raízes autoritárias e racistas e promover, por
fim, uma realidade de igualdade entre todos e todas.
 Módulo 6 A -
RESISTÊNCIA NEGRA E O MOVIMENTO ABOLICIONISTA: ACONTECIMENTOS ANTES E
DEPOIS DA LEI ÁUREA. ESTEREÓTIPOS RACIAIS A PARTIR DA ESCRAVIDÃO NO
BRASIL: O PROCESSO DE MARGINALIZAÇÃO DO NEGRO
Hélio Santos, cita a dor que “são muitas as feridas da patologia racial brasileira que o
país acumulou ao longo do tempo. Assim, a dor é inevitável. Há quem conclua —,
incorretamente — que na vida se possa acostumar a tudo, até mesmo com a dor.
Tratando-se de um machucado tão antigo, colocar para fora o sangue ruim pode ser o
caminho para a cura.
Para compreender toda a problemática que envolve a escravidão no Brasil é
necessário que você se debruce na verdadeira história, aquela que é desvendada
pelos estudiosos do tema, entre eles Hélio Santos.
Na página 66 do livro de Hélio Santos é citada a questão da identidade, entende-se
por identificar quem nós somos, como os outros me veem enquanto cidadão. A
identidade é fundamental para um indivíduo, para sentir-se bem é pré requisito para
“conquistar e reforçar a autoestima, sentir-se ótimo e pronto para a vida”.
Assim, como não é possível um chinês passar por judeu, o mesmo ocorre com um
negro que pensa poder passar por um branco(SANTOS,2011). Hélio Santos cita que
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na verdade há dores conscientes e inconscientes em todo esse processo (2011,
p.64).
RACISMO: A LEGITIMAÇÃO DA ESCRAVIDÃO (PÁG 65 E 66)
Escravidão patriarcal = os derrotados tornavam-se escravos (Na antiguidade a
escravidão era originária das guerras não conotação racial)
Escravidão colonial= a crença dos invasores europeus da inferioridade dos
negros legitimou e autorizou o rapto destes na África.
 400 mil pessoas raptadas na África não chegaram no Brasil.
 4 milhões de africanos + os “crioulos” os que viriam a nascer - trabalharam
muito.
 Para os escravistas os negros eram desprovidos de inteligência e não
possuíam alma.
O COTIDIANO DO ESCRAVO (PÁG. 67 A 69)
- O escravismo é uma violência. Não há o que possa justificá-lo. No Brasil
prevaleceu a ideia que o índio não era escravizável, o negro sim.
- O trafico de negros chegou a render 4.000%. Hoje, só o tráfico de cocaína
rende tanto dinheiro.
Era difícil os cativos terem família ou romancear as relações.
1. A dificuldade da relação verdadeira;
2. O afastamento e confinamento das mulheres;
 
3. A dificuldade de construir uma família (grupos étnicos diferentes)
 
DO ESCRAVO-TRABALHADOR A TRABALHADOR– ESCRAVO (PÁG. 77-88)
A Lei 3.353 de 13 de maio de 1888 não aboliu a escravidão (abolir no sentido de
acabar). A chamada Lei Áurea apenas declarou a escravidão extinta. Há uma
diferença entre extinguir uma coisa e declará-la extinta.
As elites preservaram tudo para si e, após 350 anos de superexploração da força de
trabalho negra, passaram a optar pela mão de obra importada da Europa. Após a
abolição, a população negra partiu da senzala para as margens.
 
Na página 79, Hélio Santos cita que às oportunidades no mundo do trabalho o ex-
escravo tinha três caminhos possíveis:
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1. Optar por permanecer junto àqueles negros que já estavam libertos e trabalhar
em condições análogas às anteriores;
2. Tentar atuar onde havia produtividade, criando condições para a sua efetivação
em um verdadeiro mercado de trabalho;
3. Os negros poderiam ainda enfrentar a concorrência da mão de obra vinda da
Europa (sobretudo a italiana), que estava em melhores condições de atuar em
um regime de trabalho livre. 
ENTENDA O DIA SEGUINTE AO DA ABOLIÇÃO (PÁG. 79-80)
- 700 mil pessoas foram colocadas de uma só vez em disponibilidade num
mercado de trabalho fictício.
- A magnitude numérica desse fato foi tão aguda que ainda hoje se faz sentir os
seus efeitos danosos à população negra.
- Os 350 anos de escravidão acabaram por estigmatizar o negro como escravo,
pois não o viam como alguém qualificado para as relações de trabalho livre.
Lembre-se os escravos contribuíram significativamente por mais de 350 anos e
ajudaram a enriquecer a sociedade e a economia brasileira. No entanto, com o fim da
escravidão, segundo Santos (2011, pag. 79-80), “a população negra partiu da senzala
para as margens”. Isto é, não recebeu nenhum benefício por todo o trabalho prestado
para a sociedade brasileira.
 
 
MÓDULO 6 B -
Movimentos sociais e ações afirmativas: é possível acelerar o processo de mudança?
 
Após estudarmos o livro de Hélio Santos, e compreendermos a complexa interpretação que este
autor nos fornece sobre a trilha do circulo vicioso do racismo brasileiro, você deve estar se
perguntando: mas, afinal, será possível reverter esse processo perverso?
Pois a nossa tese é: Sim! Isso é possível! A partir deste módulo, começaremos a apresentar
algumas dessas possibilidades, partindo dos movimentos negros que tradicionalmente lutam
contra o racismo e por igualdade de condições, e passando à definição de ações afirmativas e
suas principais implicações.
 
6.1 Movimentos negros na luta contra o racismo: para uma nova condição
afrodescendente
Muitos de nós, ao longo de nossa trajetória escolar, já devemos ter nos deparado com algumas
das seguintes explicações para a escravização do negro e para a posição que este ocupa até
hoje em nossa sociedade:
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a) Durante o processo de colonização do Brasil feita pelos portugueses, a escravização do
negro foi “preferível” à do índio, pois aquele sempre fora mais “passivo”, “aceitando” de
forma mais mansa sua própria escravização.
b) Ou então: o negro, por ser mais “preguiçoso”, se acomodava à sua condição de
escravo, o que fez com que permanecesse nela por quase 400 anos. São ideias que
sustentam ideologicamente concepções naturalizantes da condição do negro como
escravo, como se os africanos já tivessem nascido escravos, numa tentativa de apagar
todo o processo econômico e social de escravização de pessoas negro-africanas por
escravizadores portugueses brancos.
c) Ou ainda: os negros estão na situação em que estão hoje porque querem, porque não
têm “competência” para “conquistar” o que os brancos conquistaram.
São explicações esdrúxulas e indignantes, mas que infelizmente todos nós já ouvimos pelo
menos uma vez na vida. Para que a crítica que estamos realizando fique mais clara,pedimos
que você reflita sobre os seguintes questionamentos:
· Será mesmo que alguém pode se “acomodar” à condição de escravizado ou toda a
história da resistência negra sempre foi propositalmente esquecida pelos historiadores?
· Será que o negro realmente “aceitou passivamente” sua escravização ou se organizou
em inúmeros movimentos ao longo da história colonial, imperial e republicana brasileira,
movimentos esses nunca citados nos livros de História?
· Será que as estatísticas que insistentemente mostramos anteriormente confirmam a
“superioridade” e “competência” do branco em relação à “falta de capacidade” do negro ou
são o reflexo da sociedade desigual, aristocrática e racista na qual vivemos?
É lógico que você já percebeu que nossa tese nesta disciplina procura confirmar sempre a
segunda parte das perguntas anteriores, não é? Neste módulo, queremos reforçar o papel do
movimento negro contemporâneo na luta contra as desigualdades raciais no Brasil, bem como
na promoção de outra condição para os afrodescendentes, a partir, principalmente, de uma
tomada de consciência dessas questões e da implantação de políticas de ações afirmativas, das
quais falaremos em seguida.
Descatamos ainda a importância de que as crianças aprendam nas escolas uma outra história
do Brasil, uma história recontada, que desta vez, leve em consideração esse personagem que,
mesmo tão importante, foi tão estigmatizado em nossos livros tradicionais, sendo tomado apenas
como “escravo”. Após a implantação das leis 10639/2003 e 11.645/2008, muitos incentivos foram
dados à produção bibliográfica, para que grupos temáticos fossem formados e passassem a
escrever um farto material pedagógico sobre a história da África e dos negros no Brasil. Muitos
desses materiais estão disponíveis na íntegra para downloads na Internet; outros se encontram à
venda nas livrarias; ou ainda sendo distribuídos gratuitamente, seja por órgãos públicos, seja por
organizações não governamentais, com o apoio da iniciativa privada.
6.2. A especificidade das Ações Afirmativas para negros no Brasil
A força do movimento negro contra todas as formas de discriminação por raça ou cor e pela
garantia de direitos sociais fundamentais da população afro-brasileira acabou por se traduzir
basicamente em duas formas na legislação antirracista vigente atualmente no Brasil: de um lado,
através de uma legislação penal que pune todo ato discriminatório; por outro, a partir da
promoção de igualdade de oportunidades a grupos desfavorecidos socialmente, através das
chamadas ações afirmativas.
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Neste subtópico, vamos nos aprofundar apenas nessa última, procurando mostrar um pouco da
discussão em torno de um tema ainda tão polêmico no Brasil, que mexe com os ânimos de
intelectuais, ativistas e políticos, tanto de esquerda, quanto de direita, com negros, brancos e
amarelos, com as pessoas de modo geral, professores, alunos, profissionais, donas de casa etc.
O debate em torno das ações afirmativas é capaz de mobilizar opiniões em qualquer âmbito
social ou contexto cultural, principalmente porque fazem parte delas algumas políticas que
procuram garantir cotas para afrodescendentes em universidades e empresas, visando à
inclusão justa desse segmento populacional.
Mas, afinal, o que são as ações afirmativas? De acordo com Bernardino (2002, p. 256-257)
(...) são entendidas como políticas públicas que pretendem corrigir desigualdades
socioeconômicas procedentes de discriminação, atual ou histórica, sofrida por
algum grupo de pessoas. Para tanto, concedem-se vantagens competitivas para
membros de certos grupos que vivenciam uma situação de inferioridade a fim de
que, num futuro estipulado, esta situação seja revertida. Assim, as políticas de
ação afirmativa buscam, por meio de um tratamento temporariamente
diferenciado, promover a equidade entre os grupos que compõem a sociedade.
A discussão sobre as ações afirmativas procedem dos Estados Unidos, onde o movimento negro
lutou e conseguiu a garantia de leis que promovessem, ao mesmo tempo: primeiro, um “
ressarcimento” às perdas de oportunidades vividas pelos negros naquele país em consequência
de políticas segregacionais; segundo, uma “aceleração” do lento processo histórico, para a
inclusão social a curto prazo desse segmento populacional, bem como a ascendência de
minorias étnicas, raciais e sexuais. Em ambos os casos, segundo Guimarães (2009, p. 170), são
ações “para remediar uma situação considerada socialmente indesejável”.
 Claro que “remediar” não é o ideal de nenhuma realidade verdadeiramente democrática. Assim,
é preciso considerar as ações afirmativas como uma medida paliativa, transitória e, portanto,
temporária, devendo ser extinta assim que as condições sociais estiverem mais equilibradas
para grupos sociais em desvantagem, como negros, indígenas e mulheres, por exemplo.
Ações afirmativas são, nesse sentido, uma espécie de “discriminação ao contrário”, também
denominada como “discriminação positiva”, no sentido de proporcionar algumas vantagens aos
grupos historicamente em desvantagem (e por isso considerados “minorias”), como negros,
idosos, mulheres, indígenas, crianças, adolescentes etc., oferecendo-lhes facilidades
temporárias para um acesso mais rápido aos direitos sociais básicos que lhes foram por tanto
tempo sistematicamente negados. Para o Direito, esse recurso é denominado “mitigação de
danos”, previsto em legislação brasileira, inclusive.
 
Leitura obrigatória:
SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso. São Paulo:
Editora Senac, 2001 (O arco-íris brasileiro. A forma como se deu a abolição: 1º passo, A trilha do
círculo vicioso: A forma como se deu a abolição, 1º passo, p. 39-85).
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Africanidades brasileiras: esclarecendo significados e
definindo procedimentos pedagógicos. Revista do Professor. Porto Alegre, jan./mar. 2003, v.
19, n. 73, p. 26-30.
MUNANGA, Kabengele. Alguns aspectos da História Africana dos Negros no Brasil, p. 59-84).
Disponível em: <http://www.ufscar.br/~neab/pdf/enmedio_verde_compl.pdf>
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Leitura para aprofundamento:
SILVÉRIO, Valter Roberto; ABRAMOWICZ, Anete; BARBOSA, Lúcia Maria Assunção (Coords).
Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade. Módulo II - Ensino Médio.
2004. Universidade Federal de São Carlos – NEAB / UFSCar 
DE PAULA, Marilene; HERINGER, Rosana (orgs.). Estado e Sociedade na Superação das
Desigualdades Raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Boll, ActionAid, 2009
(Texto 6A: Política negra e democracia no Brasil contemporâneo: reflexões sobre os
movimentos negros, p. 227-258). Disponível em: <http://www.boell-
latinoamerica.org/downloads/caminhos_convergentes.pdf>
Domingues, Petrônio. Ações afirmativas para negros no Brasil: o início de uma reparação
histórica. Revista Brasileira de Educação, ago. 2005, n.29, p.164-176. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782005000200013&script=sci_arttext> 
SALUM, Marta Heloísa Leuba (Lisy). África: culturas e sociedades. Sítio Arte Africana, Museu
de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP) São Paulo, jul. 2005.
Disponível em:
<http://www.arteafricana.usp.br/codigos/textos_didaticos/002/africa_culturas_e_sociedades.html>
Acesso em: 27 de jul. 2011.
 
Filmes e músicas sugeridos para atividades complementares:
Filme: Amistad. Dir.: Steven Spielberg. EUA, 1997.
Filme: Quilombo. Dir.: Cacá Diegues. Brasil, 1984.
Filme: Lixo Extraordinário. Dir.: Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley. Brasil/Reino
Unido, 2010.
Filme: Marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo, pela cidadania e a vida (1695-
1995). Dir.: Edna Cristina. Brasil, 1995.
Filme:Uma Onda no Ar. Dir.: Helvécio Ratton. Brasil, 2002.
Filme: Histórias Cruzadas. Dir.: Tate Taylor. EUA, 2011.
Música: O Mestre-Sala Dos Mares, Aldir Blanc e João Bosco.
Música: O Canto das Três Raças, Mário Duarte e Paulo César Pinheiro.
Música: A Mão da Limpeza, Gilberto Gil.
Música: Estrela da Terra, Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro.
Música: Negro Drama, Racionais Mc's. 
 
Exercício comentado 1:
As alternativas abaixo apresentam alguns dos mitos e inverdades que acabaram sendo
propalados a respeito de nosso passado colonial e escravista, exceto:
A) O nosso povoamento é fruto de uma política colonial que teria enviado às terras brasileiras os
“piores cidadãos” portugueses, indesejados na Europa, como ladrões, corruptos e
desqualificados de toda sorte.
B) Os índios não puderam ser escravizados, pois eram mais rebeldes, tinham o espírito de
liberdade e não se sujeitaram às condições impostas pelo trabalho escravo.
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C) O Brasil já era parte de um grande projeto capitalista moderno desde o início de sua
colonização, com altos investimentos da elite econômica da época, representada pela burguesia.
D) Os negros, por já estarem mais acostumados à escravidão no continente africano, foram mais
facilmente trazidos ao Brasil e submetidos ao trabalho forçado.
E) A escravidão no Brasil foi uma das mais longas na história moderna devido ao caráter passivo
e acomodado dos negros, que pouca ou nenhuma resistência apresentavam à sua condição de
escravo.
 
Comentário: Alternativa correta (C):
Ao contrário do que algumas fontes apresentam, o Brasil colonial e agrário não representava
uma sociedade arcaica e medieval, mas constituiu-se como a maior empresa capitalista de
Portugal no período chamado de capitalismo monopolista-comercial-manufatureiro. As demais
alternativas trazem afirmações errôneas, que em muito colaboraram e ainda colaboram para a
construção de estereótipos a respeito dos negros na história do Brasil.
 
Exercício comentado 2:
(Concurso Público, adap. FCC – 2004) Leia o texto abaixo e responda:
 
Limites das cotas
 
As regras anunciadas pela UnB (Universidade de Brasília) para seu programa de cotas raciais
para negros e pardos dão bem a medida da inconsistência desse sistema. Os candidatos que
pretendem beneficiar-se das cotas serão fotografados "para evitar fraudes".
Uma comissão formada por membros de movimentos ligados à questão da igualdade racial e por
"especialistas no tema" decidirá se o candidato possui a cor adequada para usufruir da
prerrogativa.
Para além do fato de que soa algo sinistra a criação de comissões encarregadas de avaliar a
"pureza racial" de alguém, faz-se oportuno lembrar que, pelo menos para a ciência, o conceito
de raça não é aplicável a seres humanos. Os recentes avanços no campo da genômica, por
exemplo, já bastaram para mostrar que pode haver mais diferenças genéticas entre dois
indivíduos brancos do que entre um branco e um negro. (...)
Esta Folha se opõe à política de cotas por entender que nenhuma forma de discriminação, nem
mesmo a chamada discriminação positiva, pode ser a melhor resposta para o grave problema do
racismo. A filosofia por trás das cotas é a de que se pode reparar uma injustiça através de outra,
manobra que raramente dá certo. (...)
(Folha de S. Paulo. 22/03/2004, p. A-2)
 
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Em nossos estudos, discutimos sobre a polêmica questão das cotas raciais nas universidades
públicas brasileiras. Este editorial do jornal Folha de São Paulo, publicado em 2004, posiciona-se
claramente contra a política de cotas, mas sabemos que esta posição não é uma unanimidade
na arena política. Sobre este debate, assinale a alternativa incorreta:
 
a) A discussão sobre as ações afirmativas procedem dos Estados Unidos, onde o movimento
negro lutou e conseguiu a garantia de leis que promovessem a igualdade racial naquele país.
b) As cotas são como uma espécie de “ressarcimento” às perdas de oportunidades vividas pelos
negros em consequência de políticas segregacionais.
c) A “aceleração” do lento processo histórico, para a inclusão social a curto prazo de segmentos
populacionais excluídos, bem como a ascendência de minorias étnicas, raciais e sexuais, pode
ser considerada um dos objetivos das chamadas ações afirmativas, como as cotas, por exemplo.
d) A reserva de vagas exclusivas para negros nas universidades federais tornou-se obrigatória
no Brasil a partir da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, em 2010.
e) As ações afirmativas podem ser consideradas como uma medida paliativa, transitória e,
portanto, temporária, devendo ser extinta assim que as condições sociais estiverem mais
equilibradas para grupos sociais em desvantagem, como negros, indígenas e mulheres, por
exemplo.
 
Comentário: Alternativa correta (D):
De fato, o Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado em julho de 2010 e apresenta-se como um
importante instrumento na promoção e garantia dos direitos sociais e econômicos aos
afrodescendentes, direitos esses historicamente negados aos negros no Brasil. Entretanto, dada
à polêmica que causou, o texto específico que impunha a obrigatoriedade da reserva de vagas
para negros nas universidades e empresas brasileiras foi retirado do texto final desta Lei.
 
Exercício 1:
Assinale a alternativa que não apresenta uma justificativa válida para a importância dos movimentos
negros no Brasil.
A)
O fato da abolição da escravidão ter sido apenas uma formalidade legal de grupos conservadores e
poderosos, não deu aos negros o acesso real aos direitos fundamentais, como emprego, saúde e
educação.
B)
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Os negros precisaram garantir, após a abolição, através de um longo processo de luta e movimentos
sociais intensos, a construção da igualdade de fato.
C)
Os quilombos podem ser considerados um dos principais movimentos negros no Brasil.
D)
Os negros aceitaram passivamente sua escravidão, não tendo registros na história sobre a
organização de movimentos negros ao longo da história colonial, imperial e republicana brasileira.
E)
A movimentação, a reação e a resistência que fazem parte da história do negro brasileiro foram
essenciais na implantação de ações afirmativas para as populações afrodescendentes no país.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
E) 
A) 
D) 
Exercício 2:
(Adap. ENEM) Cada um dos argumentos abaixo nos mostram a perspectiva daqueles que são a favor das cotas
para negros nas universidades brasileiras. Assinale a única alternativa que é discordante desta opinião:
A)
Na luta por ações afirmativas e pelo Estatuto da Igualdade Racial, defende-se muito mais do que o aumento de
vagas para o trabalho e o ensino; defende-se um projeto político contra a opressão e a favor do respeito às
diferenças.
B)
O acesso à universidade deve basear-se em um único critério: o de mérito. Não sendo assim, a qualidade
acadêmica pode ficar ameaçada por alunos despreparados. Nesse sentido, a principal luta é a de reivindicar
propostas que incluam maiores investimentos na educação básica.
C)
A cota não tira direitos, mas rediscute a distribuição dos bens escassos da nação até que a distribuição igualitária
dos serviços públicos seja alcançada.
D)
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A utilização das expressões “raça” e “racismo” pelos que defendem o sistema de cotas está relacionada ao
entendimento informal, e nunca como purismo biológico; trata-se de um conceito político aplicado ao processo
social construído sobre diferençashumanas, portanto, um construto em que grupos sociais se identificam e são
identificados.
E)
As universidades públicas no Brasil sempre operaram num velado sistema de cotas para brancos afortunados, visto
que a metodologia dos vestibulares acaba por beneficiar os alunos egressos das escolas particulares e dos cursinhos
caros.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
A) 
E) 
D) 
C) 
B) 
Exercício 3:
A respeito da promulgação de leis antirracistas no Brasil, é incorreto afirmar:
A)
Foi a partir de 1988, com a nova Constituição brasileira, que o racismo passou a ser considerado
crime.
B)
A década de 1990 trouxe grandes avanços nas legislações antirracistas, ao mesmo tempo em que fez
crescer o movimento negro, que passou a ganhar projeção desde então.
C)
Como as leis no Brasil não são cumpridas, a legislação antirracista teve pequeno impacto na
promoção da igualdade racial no país.
D)
As leis no Brasil no tocante às questões étnico-raciais são bastante avançadas e consideradas uma
das mais modernas do mundo, embora não sejam plenamente aplicadas.
E)
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Após 1988, o movimento negro se fortaleceu no Brasil, principalmente por sua autovalorização e de sua
percepção racializada de si mesmo e do outro.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
E) 
D) 
B) 
C) 
Exercício 4:
A reserva de vagas para negros nas universidade públicas é um dos pontos
polêmicos nas discussões e lutas do movimento negro atual no Brasil. O movimento
negro se divide, a mídia se coloca muitas vezes de maneira parcial, e a questão
inflama debates na opinião pública.
Para estimular sua reflexão, leia a opinião da nova ministra Luiza Bairros, publicada
pelo jornal Folha de São Paulo:
 Cota não é "dá ou desce", diz nova ministra 
 
Gaúcha radicada em Salvador há 31 anos, atual secretária de promoção da
igualdade da Bahia, a socióloga Luiza Bairros, 57, assumirá a Seppir (Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial), órgão vinculado à Presidência da
República.
À Folha ela defende as cotas raciais, em contraposição às sociais, e diz que o
melhor não é impor ações às universidades federais -posição que se opõe ao atual
entendimento da pasta. "Não é assim, sim ou não, dá ou desce. Existem formas que
o próprio Estado pode adotar para criar estímulos."
 
Folha - Há uma ação que a sra. sabe que precisa ser feita?
Luiza Bairros - A agenda de erradicação da miséria. A secretaria deve ressaltar o
fato de que, no Brasil, a maioria das pessoas em situação de pobreza e miséria é
negra.
Folha - E como isso seria alcançado?
Luiza Bairros - A partir de medidas coordenadas e articuladas. As questões mais
específicas são muito importantes. Quer dizer, tanto é importante o acesso ao Bolsa
Família como viabilizar que os que já o recebem saiam do programa.
A questão da educação é extremamente importante, porque temos uma evasão
escolar bastante grande, o que é particularmente grave na população negra.
Também a saúde. De novo, entre os negros é que se registram mortes mais
precoces e em maior número.
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Folha - O Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado neste ano sob críticas de
retirada de pontos importantes. A sra. concorda?
Luiza Bairros - Não. O estatuto gerou no movimento negro uma expectativa alta.
Na discussão no Congresso, foi perdendo aspectos considerados fundamentais pelo
movimento, como a questão das cotas.
Boa parte da insatisfação se deve à percepção de que foi retirado um instrumento
eficiente na redução das desigualdades raciais. Agora, deve ser ressaltado que, no
ensino universitário, as cotas foram implantadas independentemente de legislação.
Folha - Todas as universidades federais deveriam ter cotas?
Luiza Bairros - O êxito da iniciativa nas que adotaram é tão evidente que deveria
ser um indicador importante para as que ainda não estão convencidas.
Folha - De forma impositiva ou não?
Luiza Bairros - Qualquer pessoa negra desejaria que todas as instituições
adotassem um tipo de medida para fazer face a uma coisa real, que são diferenças
na inserção social, política, econômica entre brancos e negros, independentemente
da questão da pobreza.
Folha - Ou seja, não é cota por estrato social, mas para negro?
Luiza Bairros - Não é mesmo. Mesmo quando você analisa as estatísticas de
desigualdade racial, é importante observar que, nas informações por renda entre
brancos e negros, as diferenças continuam.
(Folha de São Paulo, Cotidiano, 24 dez. 2010)
 
A partir das proposições apresentadas pela ministra, assinale a alternativa falsa em
relação à política de reserva de vagas para negros na universidade públicas
brasileiras:
A)
O movimento negro não é unânime sobre a pertinência da política de cotas no Brasil.
B)
As cotas raciais e as cotas sociais atendem a demandas sociais diferenciadas, a
partir de especificidades da luta contra o racismo e da luta contra a miséria no país.
C)
A reserva de vagas exclusivas para negros nas universidades federais tornou-se
obrigatória no Brasil a partir da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, em
2010.
D)
As cotas raciais tornam-se um assunto polêmico no Brasil por atingirem mais
diretamente a classe média-alta branca, que sempre ocupou a maioria das vagas
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disponíveis nas universidades públicas e gratuitas.
E)
A grande mídia, ao defender os interesses de seus patrocinadores, apresentam
conteúdos parciais que tendem em geral a criticar a garantia de cotas raciais nas
universidades e empresas brasileiras.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
E) 
B) 
C) 
Exercício 5:
O MEC, juntamente com a Subsecretaria de Políticas de Ações Afirmativas da Seppir
(SubAA), toma a iniciativa de publicar, em 13 de maio de 2009, o Plano Nacional de
Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. É um
documento que detalha cada uma das responsabilidades dos poderes públicos, seja
no âmbito federal, estadual ou municipal, além de enfatizar três problemáticas
principais em relação à implantação da Lei 10.639/2003, a saber:
I- a formação dos professores para o trabalho em sala de aula na perspectiva das
relações étnico-raciais;
II- a proibição e censura de livros didáticos com trechos ou tendências racistas;
III- a produção de material didático adequado, que desfaça os estereótipos de
raça/cor/gênero;
IV- a sensibilização de todos os agentes envolvidos nesse processo para um
compromisso efetivo com a implantação da igualdade racial na escola e em nosso
país;
V- a elaboração de um discurso anti-racista que convença o maior número de
pessoas possível.
 
Estão corretas as afirmações:
A)
II, III e IV.
B)
I, II e III.
C)
I, III e IV.
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D)
II, III e V.
E)
III, IV e V.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
E) 
D) 
B) 
C) 
Exercício 6:
Interrompida a vinda de escravos, em 1850, com extinção do tráfico negreiro, abrem-se novos espaços para a imigração
europeia. E importante saber que, após o fim do tráfico de negros da África a escravidão ainda duraria ainda 38 anos.
Fonte: SANTOS, Helio. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso. São Paulo: Editora Senac, 2001 (O
arco-íris brasileiro. A forma como se deu a abolição: 1º passo, p. 43).
 
Nessa fase verificam-se duas formas de operar com o trabalhador europeu em uma cidade específicado Brasil. Quais são as
formas de operacionalização e as etnias que chegaram ao Brasil nesse período? 
I. A oficial, na qual o governo se empenhava em desenvolver colônias com pequenas propriedades, onde se buscava o
povoamento do país.
II. A não oficial, mais imediata, que tinha como objetivo central abastecer com mão-de-obra as grandes propriedades, as quais
se ressentiam com a diminuição da oferta escrava.
III. Essa forma de imigração, a não oficial, se expandiu particularmente em São Paulo, onde os italianos viriam a cultivar o café.
IV. Além dos italianos e alemães, também começaram a chegar os austríacos, russos e poloneses.
Estão corretas as seguintes afirmações:
 
A)
Todas as alternativas corretas.
B)
Somente os itens II e III.
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C)
Somente os itens I e III.
D)
Somente os itens III e IV.
E)
Somente os itens I e IV.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 7:
Na música: A Mão da Limpeza de Gilberto Gil :
I. Mesmo depois da abolição da escravidão ainda negra é a mão que limpa
a sujeira do branco,
II. O branco inventou que o negro quando não suja na entrada, vai sujar na
saída;
III. Esta música fala que os negros passavam a vida limpando o que os
brancos sujavam,
IV. Mostra a humilhação do branco sobre os negros, imposição, brutalidade,
delinquência,
V. Negra é a mão nos preparando a mesa, limpando as manchas do mundo
com água e sabão,
Assinale a alternativa correta:
A)
São corretas somente as alternativas I, II, III e V
B)
São corretas somente as alternativas II e III
C)
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São corretas somente as alternativas I, II, IV e V
 
D)
São corretas somente as alternativas IV e V
E)
Todas as afirmativas são corretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
B) 
C) 
D) 
E) 
B) 
A) 
Exercício 8:
Quanto às oportunidades no mundo do trabalho o ex-escravo tinha três
caminhos possíveis:
 
I) Optar por permanecer junto àqueles negros que já estavam libertos e
trabalhar em condições análogas às anteriores;
II) Tentar atuar onde havia produtividade, criando condições para a sua
efetivação em um verdadeiro mercado de trabalho;
III) Os negros poderiam ainda enfrentar a concorrência da mão de obra vinda
da Europa (sobretudo a italiana), que estava em melhores condições de atuar
em um regime de trabalho livre.
IV) Voltar para a África já que era bastante fácil retornar.
V) Montar o próprio negócio já que eles ganharam muitos recursos financeiros
e terras.
 
Cite, dentre as alternativas qual está correta: 
A)
I,II e IV
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B)
II,III e V
 
C)
 I, IV e V
 
D)
 I, II e III
 
E)
 IV e V
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
C) 
E) 
D) 
Exercício 9:
SANTOS, Hélio(2011) no seu livro A busca de um caminho para o Brasil: a trilha
do círculo vicioso coloca em primeiro lugar deste esquema a problemática:
A)
A) A Dicotomia: Baixa Renda e Escolaridade Inferior
B) 
B)
A) Dificuldades Econômicas
C)
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Violência Policial
D)
A) A forma como se deu a Abolição
E)
A) Os meios de Comunicação 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
D) 
Exercício 10:
A Carne
 (Autor: Marcelo Yuka , Ulisses Cappelletti, Seu Jorge)
 
A carne mais barata do mercado é a
carne negra 
5x 
Que vai de graça pro presídio 
E para debaixo de plástico 
Que vai de graça pro subemprego 
E pros hospitais psiquiátricos 
A carne mais barata do mercado é a
carne negra 
5x 
Que fez e faz história 
Segurando esse país no braço 
O cabra aqui não se sente revoltado 
Porque o revólver já está engatilhado 
E o vingador é lento 
Mas muito bem intencionado 
E esse país 
Vai deixando todo mundo preto 
E o cabelo esticado 
Mas mesmo assim 
Ainda guardo o direito 
De algum antepassado da cor 
Brigar sutilmente por respeito 
Brigar bravamente por respeito 
Brigar por jusitça e por respeito 
De algum antepassado da cor 
Brigar, brigar, brigar 
A carne mais barata do mercado é
a carne negra 
5x 
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Na música, A Carne, conclui-se que o significado de mercado
A)
tem sentido de local fixo, onde podem ser trocados alimentos de origem animal
por valor monetário. Nesse sentido, os autores foram preconceituosos ao
comparar a carne de animais com a dos negros brasileiros.
B)
está relacionado ao marketing, já que a música teve intuito de causar polêmica
social. A polêmica é a de igualar a carne humana à carne vendida nos
mercados. 
C)
tem sentidos diversos. Pode significar tanto o mercado de venda de carne de
animais, o mercado de escravos no Brasil Colônia, como o atual mercado de
trabalho, onde os negros são as pessoas mais mal remuneradas.
D)
diz respeito às brechas sociais encontradas pelos negros para saírem do círculo
vicioso descrito por Hélio Santos.
E)
se refere aos meios de transportes relativos ao mercado de carnes, que
necessita de trabalhadores que cumpram funções braçais. 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
E) 
B) 
C)