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Aula 09

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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS 
Alexandre Gialluca 
Direito Empresarial 
Aula 09 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
VERIFICAÇÃO E ORDEM DOS CRÉDITOS NA FALÊNCIA + RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
10. Verificação dos créditos 
 
- Quando o juiz decreta a falência mediante sentença declaratória, ele manda o falido apresentar uma relação 
nominal completa de credores, qualificando pessoalmente cada um deles, além de indicar a origem e classificação 
dos créditos. Essa relação é publicada em um edital, inaugurando-se o processo de arrecadação de bens e 
realização de ativos. Os credores listados pelo falido serão pagos com o produto das vendas e demais transações 
realizadas nesta última fase. 
 
- O edital conterá não só a relação nominal de credores, mas também a sentença inicialmente prolatada. 
 
- É possível que nem todos os legítimos credores do falido estejam previstos na relação fornecida, seja em razão 
de uma omissão proposital, seja por um descuido do devedor. Nesta hipótese, deverá o credor habilitar o seu 
crédito no processo falimentar, nos termos do Art. 7º da Lei 11.101/2005. 
 
- Se o nome do credor constar da relação, mas o seu crédito estiver listado em valor distinto daquele que ele 
entende ser o correto, é possível a apresentação de divergência, nos termos do mesmo Art. 7º. 
 
 
 
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Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base 
nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos 
que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de 
profissionais ou empresas especializadas. 
 
§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99 desta 
Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador 
judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. 
 
 
ATENÇÃO: o requerimento de habilitação de crédito dispensa capacidade postulatória, uma vez que ele é 
formulado e encaminhado perante o administrador judicial. É o nome do administrador que deve constar no 
endereçamento da petição e não o do juiz. Daí porque muitos defendem ser esta uma medida administrativa. 
 
- Passados 15 dias da fase de habilitação dos créditos, o administrador judicial deve providenciar uma nova relação 
de credores. Essa relação é a que consta do Art. 7º, §2º da Lei de Falência, devendo ser publicada pelo 
administrador dentro do prazo de 45 dias. 
 
Art. 7, § 2º. O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos 
na forma do caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de 
credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1º deste 
artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas 
no art. 8º desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração 
dessa relação. 
 
- Além de apresentar habilitação ou divergência em relação ao seu próprio crédito, o credor pode também 
impugnar a nova relação publicada nos termos do Art. 7º, §2º, alegando, por exemplo, que a relação contém um 
crédito não regularmente classificado* ou outros erros do gênero. 
 
*Exemplo: crédito do credor “A” não é crédito com garantia real, mas sim de natureza quirografária. 
 
 
Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º, § 
2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério 
Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando 
a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância 
ou classificação de crédito relacionado. 
 
Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos 
arts. 13 a 15 desta Lei. 
 
 
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ATENÇÃO: a impugnação tem natureza de ação, devendo ser feita no prazo de 10 dias e autuada em separado. 
Sua natureza jurídica impõe a necessidade de recolher custas, bem como o cumprimento de todas as condições 
necessárias para a sua apresentação, incluindo-se aí a observação do rol de legitimados ativos previstos no Art. 
8º da Lei de Falência. 
 
- Não havendo impugnação por parte dos credores, a nova relação publicada pelo administrador nos termos do 
Art. 8º, §2º será encaminhada para que o juiz homologue e faça dela o documento representativo do chamado 
QUADRO GERAL DE CREDORES. 
 
• O que é habilitação retardatária? 
 
A habilitação retardatária é aquela feita depois do prazo legal de 15 dias previsto no §1º do Art. 7º. 
 
ATENÇÃO: quando feita antes da homologação do quadro geral de credores, a habilitação retardatária equivale a 
uma Ação de Impugnação, nos termos do Art. 10º, §5º. Logo, é preciso que o credor retardatário se faça 
representar por advogado, já que esse tipo de habilitação conterá requerimento formulado diretamente ao juiz e 
não ao administrador judicial. Caso realizada após a homologação do quadro geral, a habilitação retardatária será 
processada na condição de Ação Retificatória do Quadro Geral de Credores, observando-se o procedimento 
comum/ordinário disciplinado pelo Código de Processo Civil. 
 
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, desta Lei, as habilitações de 
crédito serão recebidas como retardatárias. 
 
§ 1º Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os 
titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas 
deliberações da assembleia-geral de credores. 
 
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo ao processo de falência, salvo se, na data 
da realização da assembleia-geral, já houver sido homologado o quadro-geral de 
credores contendo o crédito retardatário. 
 
§ 3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente 
realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios 
compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação. 
 
§ 4º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o credor poderá requerer a reserva de 
valor para satisfação de seu crédito. 
 
 
 
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§ 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação 
do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na 
forma dos arts. 13 a 15 desta Lei. 
 
§ 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram 
seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no 
Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a 
retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. 
 
LEMBRE-SE: O quadro geral de credores deverá observar a ordem de classificação dos créditos. 
 
11. Ordem de Classificação dos Créditos 
 
I) Créditos Concursais 
 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
 
I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) 
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
 
a) Crédito trabalhista até 150 salários mínimos por credor e acidente de trabalho. 
 
- Note que não há limitação para o crédito proveniente de acidente de trabalho. 
 
• E se a reclamação trabalhista for equivalente a 280 salários mínimos? - O saldo remanescente (130 S.M) será 
considerado crédito quirografário, sendo realocado para a última posição na ordem de classificação dos 
créditos. 
 
• É possível a cessão do crédito trabalhista? – SIM! No entanto, embora não haja impedimento legal, a Lei de 
Falências, objetivando criar um embaraço a esse tipo de negócio jurídico que as vezes é celebrado de má fé 
pelo cessionário, determinou que a cessão do crédito trabalhista converte-o, automaticamente, em crédito 
quirografário. 
 
• Como fica a remuneração do representantecomercial? - O representante comercial possui um papel 
fundamental na atividade empresarial, constituindo-se em um aproximador entre os comerciantes. Por isso, a 
 
 
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lei determina que no caso de falência do representado, o crédito do representante será equiparado a natureza 
de crédito trabalhista para fins falimentares (Art. 44, L. 4.886/1965). 
 
Art. 44. No caso de falência do representado as importâncias por ele devidas ao 
representante comercial, relacionadas com a representação, inclusive comissões 
vencidas e vincendas, indenização e aviso prévio, serão considerados créditos da mesma 
natureza dos créditos trabalhistas. (Lei 4886/65) 
 
• Qual a qualidade do crédito do advogado? 
 
- O Estatuto da OAB trata o crédito do advogado como um crédito com qualidade de privilégio geral. O STJ, porém, 
entende que os honorários advocatícios possuem natureza alimentar, motivo pelo qual equiparam-se aos créditos 
trabalhistas para fins falimentares. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-
C DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FALÊNCIA. HABILITAÇÃO. CRÉDITO DE NATUREZA ALIMENTAR. ART. 24 
DA LEI N. 8.906/1994. EQUIPARAÇÃO A CRÉDITO TRABALHISTA. 
 
1. Para efeito do art. 543-C do Código de Processo Civil: 1.1) Os créditos resultantes de honorários advocatícios 
têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, seja pela 
regência do Decreto-Lei n. 7.661/1945, seja pela forma prevista na Lei n. 11.101/2005, observado, neste último 
caso, o limite de valor previsto no artigo 83, inciso I, do referido Diploma legal. 1.2) São créditos extraconcursais 
os honorários de advogado resultantes de trabalhos prestados à massa falida, depois do decreto de falência, nos 
termos dos arts. 84 e 149 da Lei n. 11.101/2005. 2. Recurso especial provido (REsp 1152218 / RS RECURSO 
ESPECIAL 2009/0156374-4 Relator(a) - Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) Órgão Julgador - CE - CORTE 
ESPECIAL - Data do Julgamento 07/05/2014 - Data da Publicação/Fonte - DJe 09/10/2014 - RT vol. 951 p. 414). 
 
(CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ DFT - 2016) Acerca de falência, assinale a opção correta. 
 
a) Segundo a jurisprudência do STJ, os honorários advocatícios, na falência, são créditos quirografários qualquer 
que seja o seu valor. 
b) O encerramento da falência tem por efeito a extinção de todas as obrigações do falido não satisfeitas no 
processo. 
 
 
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c) De acordo com a legislação brasileira, a situação falimentar do empresário se revela quando as dívidas excedem 
a importância de seu patrimônio. 
d) Um empresário deverá comprovar a regularidade do exercício da atividade empresarial, mediante a 
apresentação de certidão da junta comercial, para requerer a falência de outro empresário. 
e) O MP terá legitimidade para propor ação para anular atos praticados pelo falido em fraude a credores caso, no 
prazo de três anos da decretação da falência, os credores ou o administrador não a proponham. 
 
Gabarito: D 
 
b) Crédito com garantia real (= hipoteca, penhor, etc...) até o limite do valor do bem gravado 
 
Ex.: Uma empresa realizou um empréstimo no valor de 1 milhão e hipotecou um imóvel avaliado no valor de 800 
mil. No caso da empresa não pagar nenhuma das parcelas, o Banco poderá habilitar na condição de crédito com 
garantia real apenas o valor de 800 mil, sendo o restante (= 200 mil) considerado crédito quirografário para fins 
de recebimento no âmbito do processo falimentar. 
 
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
 
c) Créditos tributários, excetuadas as multas tributárias 
 
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, 
excetuadas as multas tributárias; 
 
d) Créditos com privilégio especial 
 
- Dentre os créditos de privilégio especial, destaca-se o crédito do Microempreendedor Individual (MEI), da 
Microempresa (ME) e da Empresa de Pequeno Porte (EPP). 
 
Art. 964. Têm privilégio especial: 
 
I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas 
com a arrecadação e liquidação; 
 
II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; 
 
III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis; 
 
 
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IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras 
construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação, 
reconstrução, ou melhoramento; 
 
V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura, 
ou à colheita; 
 
VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, o 
credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior; 
 
VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus 
legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição; 
 
VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e 
precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, 
quanto à dívida dos seus salários. 
 
IX - sobre os produtos do abate, o credor por animais. 
 
d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e 
empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar no 123, de 14 de 
dezembro de 2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
 
V – créditos com privilégio geral, a saber: 
 
a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
 
 
e) Crédito com privilégio geral 
 Art. 83, V – créditos com privilégio geral, a saber: 
a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 
 c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta 
Lei; 
 
Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor: 
 
I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume 
do lugar; 
 
 
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II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da 
massa; 
 
III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor 
falecido, se foram moderadas; 
 
IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior 
à sua morte; 
 
V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no 
trimestre anterior ao falecimento; 
 
VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior; 
 
VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seus 
derradeiros seis meses de vida; 
 
VIII - os demais créditos de privilégio geral. 
 
Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a 
recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens 
ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de 
decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem estabelecida no art. 83 desta 
Lei. 
 
Parágrafo único. Os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes 
a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o 
pedido de recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de 
decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o 
período da recuperação. 
 
f) Créditos quirografários 
 
- Os créditos quirografários provém não só dos contratos em geral (ex.: fornecimento, compra e venda, locação, 
etc...), mas também dos títulos de crédito em que o devedor falido figura como obrigado (ex.: pagamento de 
duplicata e nota promissória, cheque que voltou por falta de fundos, etc...). 
 
VI– créditos quirografários, a saber: 
 
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
 
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados 
ao seu pagamento; 
 
 
 
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c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite 
estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
 
g) Multas 
 
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou 
administrativas, inclusive as multas tributárias; 
 
Súmula 565 do STF: “A multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado 
em falência.” 
 
- A Súmula nº 565 foi superada, uma vez que é anterior a Lei 11.101/2005. Na lei anterior, não havia previsão de 
inserção da multa fiscal na ordem de classificação dos créditos na falência. Diante da previsão legal específica, 
desnecessário observar o entendimento esboçado na súmula. 
 
h) Créditos subordinados 
 
- O crédito subordinado é aquele que só será pago se houver capacidade de pagamento por parte da massa falida 
depois de realizado o pagamento de todos os credores. 
 
VIII – créditos subordinados, a saber: 
 
a) os assim previstos em lei ou em contrato; 
 
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. 
 
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem 
objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no 
caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. 
 
§ 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao 
recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. 
 
§ 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações 
neles estipuladas se vencerem em virtude da falência. 
 
§ 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. 
 
(CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ DFT - 2016) Acerca de falência, assinale a opção correta. 
a) Segundo a jurisprudência do STJ, os honorários advocatícios, na falência, são créditos quirografários qualquer 
que seja o seu valor. 
 
 
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b) O encerramento da falência tem por efeito a extinção de todas as obrigações do falido não satisfeitas no 
processo. 
c) De acordo com a legislação brasileira, a situação falimentar do empresário se revela quando as dívidas excedem 
a importância de seu patrimônio. 
d) Um empresário deverá comprovar a regularidade do exercício da atividade empresarial, mediante a 
apresentação de certidão da junta comercial, para requerer a falência de outro empresário. 
e) O MP terá legitimidade para propor ação para anular atos praticados pelo falido em fraude a credores caso, no 
prazo de três anos da decretação da falência, os credores ou o administrador não a proponham. 
 
Gabarito: D 
 
(MPE- PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – MP/PR - 2017) No que toca à classificação dos créditos na falência, 
assinale a alternativa correta: 
 
a) Os créditos tributários precedem aos créditos derivados da legislação do trabalho limitados a 150 salários 
mínimos por credor. 
b) Os créditos quirografários precedem aos créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado. 
c) Os créditos com privilégio geral precedem aos créditos com privilégio especial. 
d) Os créditos tributários precedem aos créditos decorrentes de acidentes de trabalho. 
e) Os créditos decorrentes de acidentes de trabalho precedem aos créditos com garantia real. 
 
Gabarito: E 
 
II) Créditos Extraconcursais (Art. 84, L. de Falências) 
 
- Os créditos concursais são créditos do falido, ao passo que os extraconcursais são créditos da massa falida. 
 
- Quando o juiz decreta a falência pode determinar a lacração do estabelecimento – como acontece na maioria 
das vezes – ou, ainda, pode determinar a continuação provisória da atividade como forma de otimizar o processo 
de venda da empresa. Os créditos dos trabalhadores, neste caso, adquirem a qualidade de extraconcursal (Art. 
84, I, Lei de Falência). 
 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência 
sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: 
 
 
 
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I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos 
derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a 
serviços prestados após a decretação da falência; 
 
II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
 
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu 
produto, bem como custas do processo de falência; 
 
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido 
vencida; 
 
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação 
judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos 
relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem 
estabelecida no art. 83 desta Lei. 
 
12. Ordem de Pagamento 
 
a) Valores previstos nos Arts. 150/151 
b) Restituições 
c) Extraconcursais (Art. 84) 
d) Concursais (Art. 83) 
 
ATENÇÃO: além dos créditos previstos nos artigos 150 e 151, é preciso pagar os valores devidos em razão dos 
pedidos de restituição. Embora a restituição do bem deva ser feita tão logo a sentença a determine - no prazo de 
48 horas - o pagamento devido pelo falido a título de restituição só será feito neste momento processual. 
 
Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da 
falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no 
inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os 
recursos disponíveis em caixa. 
 
Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) 
meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por 
trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. 
 
Art. 149. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do art. 
84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com 
a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à 
classificação prevista no art. 83 desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e 
as decisões judiciais que determinam reserva de importâncias. 
 
 
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(TJ/BA 2019) De acordo com a legislação pertinente, trabalhador que possua crédito remuneratório trabalhista 
com uma empresa em falência deverá recebê-lo: 
 
a) logo após o pagamento de créditos com garantia real, sem nenhum limite quanto ao valor do bem gravado. 
b) logo após o pagamento de créditos com garantia real, até o limite do valor do bem gravado. 
c) logo após o crédito tributário, sem nenhum limite de valor. 
d) primeiramente, antes dos demais créditos, no limite de até cento e cinquenta salários-mínimos. 
e) primeiramente, sem nenhum limite de valor. 
 
13. Encerramento 
 
- Depois de realizado todo o ativo e distribuído o produto entre os credores, o administrador deverá prestar contas 
no prazo de 30 dias. 
 
- O JUIZ vai publicar um comunicado, em que qualquer interessado poderá impugnar as contas no prazo de 10 
dias. O Ministério Público será intimado para impugnação dizendo se é favorável ou não as contas e, sendo 
favorável, o Juiz prolatará a sentença de encerramento. 
 
- O Ministério Público será intimado para impugnação dizendo se é favorável ou não as contas, sendo favorável o 
Juiz dará sentença de encerramento (= é a sentença que põe fim ao processo de falência, cabendo recurso de 
Apelação). 
 
14. Reabilitação 
 
- Quando falamos dos efeitos da sentença declaratória de falência em relação a figura do falido, dissemosque um 
dos efeitos previstos no Art. 102 é a inabilitação do devedor para o exercício da atividade empresarial. É a 
sentença de extinção das obrigações do falido que determinará a reabilitação deste, permitindo-lhe exercer, 
novamente, atividade empresarial. Todavia, para que seja possível o juiz declarar a extinção das obrigações do 
falido é imprescindível a presença de uma das hipóteses previstas no Art. 158. 
 
Art. 158. Extingue as obrigações do falido: 
 
I – o pagamento de todos os créditos; 
 
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por 
cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia 
 
 
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necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação 
do ativo; 
 
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o 
falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; 
 
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o 
falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. 
 
LEMBRE-SE: se o falido cometeu crime falimentar, o prazo necessário para que o juiz possa decretar a extinção 
das obrigações será de 10 anos. 
 
• É possível a declaração judicial de extinção das obrigações antes do encerramento da falência? – SIM! Uma 
vez verificadas as hipóteses dos incisos I ou II, é possível declarar a extinção das obrigações. Apenas as 
hipóteses do III e IV impõe a observação de prazo. 
 
 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
1) Finalidade e fases da Recuperação Judicial 
 
- A finalidade da Recuperação Judicial é a preservação da empresa e, consequentemente, a manutenção de 
empregos, manutenção da fonte produtora, bem como o desenvolvimento da atividade econômica na região. 
 
• Fases da recuperação: 
 
A recuperação judicial possui 3 (três) fases: 
 
1ª fase Postulatória: inicia-se com o pedido de recuperação e vai até o despacho de processamento; 
2ª. fase Processamento: vai do despacho de processamento até a decisão concessiva; 
3ª. fase Execução: vai da decisão concessiva até o encerramento da recuperação judicial. 
 
2) Requisitos (art. 48): 
 
- O Art. 48 da Lei 11.101/05 é importantíssimo para fins de concurso. 
 
 
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Art. 48 da Lei 11.101/05 - Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no 
momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e 
que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em 
julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
 
III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com 
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com 
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei 
Complementar nº 147, de 2014) 
 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
 
§ 2º Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a 
comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Declaração de 
Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que tenha sido entregue 
tempestivamente. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) 
 
- Somente quem explora atividade empresarial é que pode se valer do mecanismo da Recuperação Judicial (= 
Empresário Individual, Sociedade Empresária ou EIRELI). 
 
- O pedido de Recuperação Judicial visa demonstrar que o requerente está em crise financeira, propondo-se, a 
partir daí, um plano alternativo de pagamento da dívida. Isso significa que o credor é impactado diretamente pelo 
instituto da Recuperação. 
 
✓ Requisitos subjetivos 
 
(i) Somente poderá requerer Recuperação Judicial o devedor empresário que exerça atividade empresarial 
regular há mais de 2 anos e desde que verificada a (ii) ausência de crime falimentar praticado pelo devedor, 
administradores da empresa ou sócio controlador. 
 
STJ: é admissível litisconsórcio entre as empresas que participam de grupo econômico para fins de requerer 
Recuperação Judicial. Todavia, só poderão figurar no polo ativo da ação as empresas que atenderem aos requisitos 
legais. 
 
 
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Informativo 0652, STJ 
 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
A Lei n. 11.101/2005, ao reputar o devedor como sendo o empresário ou a sociedade empresária, deixou de 
disciplinar a possibilidade de apresentação conjunta do pedido de recuperação judicial por sociedades 
empresárias que componham determinado grupo econômico. Portanto, não dispôs acerca da formação do 
litisconsórcio ativo. Todavia, conforme dispõe o art. 189 da LFRE, o Código de Processo Civil é aplicável 
subsidiariamente aos processos de recuperação judicial e de falência. Desse modo, as normas da legislação 
adjetiva brasileira visam suprir, no que for compatível, eventuais lacunas contidas no referido estatuto concursal. 
Além disso, a doutrina esclarece acerca dos resultados perniciosos de não considerar o grupo econômico no 
cenário da crise econômico-financeira na ótica (I) do direito dos credores e (II) das chances de sucesso da medida 
de reestruturação empresarial sem observar tal realidade fática: "quanto à primeira, a inexistência de um 
processo concursal de grupo faz com que as relações de débito e crédito sejam aferidas especificamente entre o 
credor e a sociedade devedora, sem que se considere pertencer esta a um grupo societário. 
 
 
 
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
(...) quanto à segunda, não se pode fechar os olhos para o fato de que as dificuldades financeiras da empresa 
plurissocietária não raro atingem toda a estrutura grupal, do topo à base, e esse cenário rapidamente se traduz 
no famoso efeito dominó, em que a crise de uma sociedade facilmente influencia a idoneidade financeira de 
outros membros do grupo". Dessa forma, a admissão do litisconsórcio ativo na recuperação judicial obedece a 
dois importantes fatores: (I) a interdependência das relações societárias formadas pelos grupos econômicos e a 
necessidade de superar simultaneamente o quadro de instabilidade econômico-financeiro e (II) a autorização da 
legislação processual civil para as partes (no caso, as sociedades) litigarem em conjunto no mesmo processo (art. 
113 do CPC/2015 e 46 do CPC/1973) e a ausência de colisão com os princípios e os fundamentos preconizados 
pela LFRE. O caput do art. 48 da LFRE prescreve que a recuperação judicial pode ser requerida pelo devedor que 
no momento do pedido exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos, fazendo a comprovação 
por meio de certidão emitida pela respectiva Junta Comercial na qual conste a inscrição do empresário individual 
ou o registro do contrato social ou do estatuto da sociedade. 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
O prazo de 2 (dois) anos tem como objetivo principal conceder a recuperação judicial apenas a empresários ou a 
sociedades empresárias que se acham, de certo modo, consolidados no mercado e que apresentem certo grau de 
viabilidade econômico-financeira capazes de justificar o sacrifício dos credores. Assim, em se tratando de grupo 
econômico, cada sociedade empresária deve demonstrar o cumprimento do requisito temporal de 2 (dois) anos, 
pois elas conservam a sua individualidade e, por conseguinte, apresentam a personalidade jurídica distinta das 
demais integrantes da referida coletividade. 
 
ENUNCIADO 97 da III Jornada de Direito Comercial: “O produtor rural, pessoa natural ou jurídica, na ocasião do 
pedido de recuperação judicial,não precisa estar inscrito há mais de dois anos no Registro Público de Empresas 
Mercantis, bastando a demonstração de exercício de atividade rural por esse período e a comprovação da 
inscrição anterior ao pedido”. 
 
✓ Requisito temporal 
 
 
 
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• Imaginemos que a empresa “E”, em crise, requer e consegue os benefícios da Recuperação Judicial em 2011 
e, uma vez cumprido o plano, encerra a RJ em 2015. Em 2019, porém, a empresa deseja formular novo pedido 
de RJ. Isso é possível? – Sim, visto que não há limite legal no que tange a quantidade de RJ’s possíveis de serem 
requeridas no decorrer da atividade empresarial. Há de se observar, todavia, o lapso temporal de 5 anos, 
contados da data da concessão da última Recuperação Judicial. Logo, não importa que a RJ tenha findado em 
2015. Importa sim a data da concessão (XX/YY/2011). 
 
✓ Ausência de condenação do administrador ou sócio controlador por crime falimentar 
 
3) Créditos sujeitos aos efeitos da Recuperação Judicial 
 
- Não são todos os créditos que podem ser incluídos no Plano de Recuperação Judicial (RJ). Estão sujeitos aos 
efeitos da RJ apenas os créditos, vencidos ou vincendos, existentes na data do pedido. 
 
✓ Estão excluídos do Plano de Recuperação Judicial: (i) créditos posteriores ao pedido de R.J; (ii) créditos 
tributários; (iii) crédito decorrente de propriedade fiduciária, arrendamento mercantil, contrato com 
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade ou, ainda, contrato de compra e venda com reserva de 
domínio e (iv) créditos oriundos de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC). 
 
Obs.: Como a empresa em RJ só detém a posse direta do bem alienado fiduciariamente, não é possível incluir o 
crédito no plano. 
 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do 
pedido, ainda que não vencidos. 
 
§ 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e 
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 
 
§ 2o As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições 
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos 
encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. 
 
§ 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis 
ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel 
cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, 
inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com 
reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e 
 
 
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prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, 
observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de 
suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do 
estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. 
 
§ 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o 
inciso II do art. 86 desta Lei. 
 
§ 5o Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos 
creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou 
renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, 
enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em 
pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de 
suspensão de que trata o § 4o do art. 6o desta Lei. 
 
 
✓ Podem ser incluídos para pagamento por meio do Plano de Recuperação Judicial: (i)crédito trabalhista 
ou decorrente de acidente de trabalho; (ii) crédito com garantia real; (iii) crédito com privilégio 
(especial/geral); (iv) crédito quirografário (p.ex.: duplicatas, cheques, notas promissórias, etc...) e (v) 
crédito subordinado 
 
4) Processamento 
 
4.1) Petição Inicial 
 
Autor: empresário individual, sociedade empresária e EIRELI. 
 
Juízo Competente: local do principal estabelecimento da empresa ou, no caso de empresa estrangeira, no local 
onde se situa a filial (Art. 3º). 
 
- O devedor tem que expor as causas concretas da crise, ou seja, o que o conduziu a este ponto. Sem a identificação 
dos motivos reais da crise econômico-financeira não há como formular um Plano de Recuperação hábil a recuperar 
a saúde financeira da empresa. Além disso, é necessário provar, contabilmente, que a causa apontada foi o que 
realmente conduziu a crise. 
 
- Para entrar com uma RJ, é preciso estar em atividade regular HÁ MAIS DE 2 (dois) anos. 
 
 
 
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Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: 
 
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da 
crise econômico-financeira; 
 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita 
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
 
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer 
ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor 
atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos 
e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; 
 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, 
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de 
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato 
constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
 
 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do 
devedor; 
 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou 
em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do 
devedor e naquelas onde possui filial; 
 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure 
como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos 
valores demandados. 
 
4.2) Despacho de Processamento 
 
- O juiz recebe a Petição Inicial e procede ao juízo de admissibilidade. Na análise, o juiz deverá observar (i) se a 
empresa está em atividade regular há mais de 2 (dois) anos; (ii) se ela atende os requisitos do Art. 48, (iii) se a 
 
 
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aspirante a Recuperação tem natureza empresarial; (iv) se apresentou a relação completa de credores; (v) se 
apresentou os demonstrativos contábeis, dentre outros. Ausentes quaisquer destes elementos, o juiz deve 
determinar a emenda da inicial. Por outro lado, preenchidos os requisitos, cabe ao magistrado emitir o despacho 
de processamento, no qual ele reconhece a situação de crise, autorizando o processamento da RJ e, 
consequentemente, permitindo a confecção do Plano de Recuperação a ser submetido à aprovação do Juízo em 
momento posterior. 
 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá 
o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: 
 
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei; 
 
4.2.1 Nomeaçãodo administrador judicial 
 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além 
de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
II – na recuperação judicial: 
 a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; 
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de 
recuperação; 
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do 
devedor; 
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o 
inciso III do caput do art. 63 desta Lei; 
 
- Na falência, o administrador judicial é nomeado na sentença declaratória de falência (Art. 99). Na recuperação, 
não é a decisão concessiva que nomeia o administrador, mas sim o despacho de processamento. 
 
- Na falência, o administrador judicial deve ser “profissional idôneo” ou “pessoa jurídica especializada” (Art. 21), 
já que ele é o representante legal da massa falida, auxiliando o juiz na administração dessa universalidade de 
direito (= atos de administração + atos de gestão). Diferentemente, na RJ, o administrador apenas fiscaliza os atos 
de gestão praticados pela empresa, acompanhando o desenvolvimento do Plano de Recuperação aprovado. O 
 
 
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administrador judicial da empresa em recuperação apresenta ao juiz relatório mensal, fruto desse 
acompanhamento, cabendo a ele também requerer a falência da recuperanda no caso de haver descumprimento 
das obrigações assumidas no Plano. 
 
II) determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, 
exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou 
creditícios, observando o disposto no art. 69 desta Lei (art. 52, II) 
 
- Com o despacho de processamento, o devedor está dispensado de apresentar certidão negativa, o que não 
significa que há cancelamento de eventuais negativações de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito 
(SPC/SERASA). Essa disposição só não se aplica as contratações com o Poder Público. 
 
III) Suspensão de Ações 
 
- Quando o juiz dá o despacho de processamento, ele também ordena a suspensão de todas as ações de execução. 
 
Art. 52, III. 
 
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma 
do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, 
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a 
créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; 
 
Obs.: Art. 53, § 3º No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor comunicar a suspensão aos juízos 
competentes. 
 
A) Prazo da Suspensão 
 
Obs 1.: Prazo da Suspensão: 
 
- Como o devedor ainda não apresentou o Plano de Recuperação, é preciso criar uma atmosfera favorável à 
recuperação. O devedor não pode estar preocupado, por exemplo, com uma liminar de reintegração de posse, 
com outra de busca e apreensão de máquinas ou, ainda, com uma penhora na boca do caixa concedida 
repentinamente. O foco deve ser a elaboração de um bom Plano de Recuperação que, futuramente, auxilie a 
empresa a honrar com todos os seus compromissos. Para que haja tempo suficiente para a confecção do Plano é 
 
 
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que existe esse prazo, o qual, por incrível que pareça, nem sempre é suficiente para a identificação das causas 
reais da crise e compatibilização dos interesses da empresa e dos credores. 
 
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação 
judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do 
devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
 
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese 
nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do 
deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do 
prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, 
independentemente de pronunciamento judicial. 
 
B) Quais ações não serão suspensas? 
 
 Art. 6, § 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, 
ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária 
específica. 
 
- O crédito tributário não pode fazer parte do Plano de Recuperação. Logo, não faria nenhum sentido impedir a 
Fazenda de receber o seu crédito, suspendendo a ação tributária. 
 
- Os atos de expropriação, ocorrendo dentro do prazo de 180 dias ou não, são objeto de análise apenas e tão 
somente pelo Juízo da Recuperação. 
 
AgInt no CC 157061 / PE - AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2018/0049577-5 
Relator(a) Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147) 
Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO 
Data do Julgamento 15/10/2019 
Data da Publicação/Fonte DJe 21/10/2019 
Ementa 
AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO FISCAL. 
SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE. ATOS DE CONSTRIÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. 
1. Na hipótese, discute-se o juízo competente para dar concretude a ato executivo expedido em desfavor de 
bens vinculados ao processo recuperacional, sendo desnecessário o sobrestamento pleiteado. Precedente. 
 
 
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2. O advento da Lei nº 13.043/2014 não altera o entendimento jurisprudencial pacificado no sentido de 
que compete ao juízo universal apreciar atos constritivos praticados contra o patrimônio de empresa 
recuperanda, ainda que oriundos de execuções fiscais. Precedentes. 
3. Agravo interno não provido. 
 
Enunciado 74 da II Jornada de Direito Comercial: “Embora a execução fiscal não se suspenda em virtude do 
deferimento do processamento da recuperação judicial, os atos que importem em constrição do patrimônio do 
devedor devem ser analisados pelo Juízo recuperacional, a fim de garantir o princípio da preservação da empresa.” 
 
Súmula 480 – STJ: “O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens não 
abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.” 
 
Os julgados que levaram a tal entendimento envolveram lides trabalhistas, reclamatórias que haviam 
redirecionado a execução para os bens, ou dos sócios, através da aplicação da teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica, ou dos bens de demais empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico. Em síntese, 
a justificativa é bem simplória: os bens da pessoa jurídica, no caso da recuperação judicial, quedam-se livre de 
constrição com o redirecionamento da execução para os sócios ou empresas do grupo econômico, não se 
justificando a competência do Juízo Universal, necessária para evitar decisões conflitantes acerca de um mesmo 
patrimônio, o da pessoa jurídica em recuperação. 
 
(CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ DFT - 2016) Acerca da recuperação judicial, assinale a opção correta. 
 
(A) O juiz, mesmo tendo ultrapassado o prazo de dois anos da homologação do plano de recuperação judicial, 
deve, de ofício, decretar a falência do devedor, caso ele não o cumpra. 
(B) A ação de despejo proposta contra empresário que tem deferido o processamento da recuperação judicial 
deve ser suspensa pelo prazo de cento e oitenta dias. 
(C A execução fiscal, deferido o processamento da recuperação judicial, não se suspende, mas serão da 
competência do juízo da recuperação os atos de alienação do patrimônio da sociedade. 
(D) O MP assumirá a legitimidade para impugnar o plano de recuperação judicial, caso nenhum credor o faça. 
(E) Se a assembleia geral de credores rejeitar o plano de recuperação judicial, o juiz deverá determinar o 
arquivamento do processo, ficando vedado ao devedor fazer novo requerimento pelo prazo de dois anos.24 
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Gabarito: C 
 
C) Prazo de suspensão pode ser prorrogado? 
 
Enunciado 42 da I Jornada de Direito Comercial: “O prazo de suspensão previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 
11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao 
devedor”. 
 
D) A suspensão se estende aos coobrigados? 
 
Enunciado 43 da I Jornada de Direito Comercial: “A suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei 
n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor.” 
 
REsp 1699528 / MG 
 
RECURSO ESPECIAL 
 
2017/0227431-2 
Relator(a) 
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) 
Órgão Julgador 
T4 - QUARTA TURMA 
Data do Julgamento 
10/04/2018 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 13/06/2018 
RSTJ vol. 251 p. 803 
 
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ADVENTO DO CPC/2015. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. FORMA DE 
CONTAGEM DE PRAZOS NO MICROSSISTEMA DA LEI DE 11.101/2005. CÔMPUTO EM DIAS CORRIDOS. 
SISTEMÁTICA E LOGICIDADE DO REGIME ESPECIAL DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E FALÊNCIA. 1.O Código de 
Processo Civil, na qualidade de lei geral, é, ainda que de forma subsidiária, a norma a espelhar o processo e o 
 
 
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procedimento no direito pátrio, sendo normativo suplementar aos demais institutos do ordenamento. O novel 
diploma, aliás, é categórico em afirmar que "permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos 
regulados em outras leis, as quais se aplicará supletivamente este Código" (art. 1046, § 2°). 
 
2. A Lei de Recuperação e Falência (Lei 11.101/2005), apesar de prever microssistema próprio, com 
específicos dispositivos sobre processo e procedimento, acabou explicitando, em seu art. 189, que, "no 
que couber", haverá incidência supletiva da lei adjetiva geral. 
 
3. A aplicação do CPC/2015, no âmbito do microssistema recuperacional e falimentar, deve ter cunho 
eminentemente excepcional, incidindo tão somente de forma subsidiária e supletiva, desde que se constate 
evidente compatibilidade com a natureza e o espírito do procedimento especial, dando-se sempre prevalência 
às regras e aos princípios específicos da Lei de Recuperação e Falência e com vistas a atender o desígnio da 
norma-princípio disposta no art. 47. 
 
4. A forma de contagem do prazo - de 180 dias de suspensão das ações executivas e de 60 dias para a apresentação 
do plano de recuperação judicial - em dias corridos é a que melhor preserva a unidade lógica da recuperação 
judicial: alcançar, de forma célere, econômica e efetiva, o regime de crise empresarial, seja pelo soerguimento 
econômico do devedor e alívio dos sacrifícios do credor, na recuperação, seja pela liquidação dos ativos e 
satisfação dos credores, na falência. 
5. O microssistema recuperacional e falimentar foi pensado em espectro lógico e sistemático peculiar, com 
previsão de uma sucessão de atos, em que a celeridade e a efetividade se impõem, com prazos próprios e 
específicos, que, via de regra, devem ser breves, peremptórios, inadiáveis e, por conseguinte, contínuos, sob 
pena de vulnerar a racionalidade e a unidade do sistema. 6. A adoção da forma de contagem prevista no Novo 
Código de Processo Civil, em dias úteis, para o âmbito da Lei 11.101/05, com base na distinção entre prazos 
processuais e materiais, revelar-se-á árdua e complexa, não existindo entendimento teórico satisfatório, com 
critério seguro e científico para tais discriminações. Além disso, acabaria por trazer perplexidades ao regime 
especial, com riscos a a harmonia sistêmica da LRF, notadamente quando se pensar na velocidade exigida para 
a prática de alguns atos e na morosidade de outros, inclusive colocando em xeque a isonomia dos seus 
participantes, haja vista a dualidade de tratamento. 
7. Na hipótese, diante do exame sistemático dos mecanismos engendrados pela Lei de Recuperação e 
Falência, os prazos de 180 dias de suspensão das ações executivas em face do devedor (art. 6, § 4°) e de 60 dias 
para a apresentação do plano de recuperação judicial (art. 53, caput) deverão ser contados de forma contínua. 
 
 
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8. Recurso especial não provido. 
 
30. (TJ-SC - 2013 - TJ-SC - Juiz) Assinale a alternativa INCORRETA: 
 
a) O processo de recuperação judicial é promovido por iniciativa do próprio empresário em crise, que apresenta 
perante o Poder Judiciário o pedido do benefício. Verificando o atendimento a todos os requisitos legais, o juiz 
defere o processamento da recuperação judicial, abrindo-se prazo para os credores realizarem as habilitações de 
crédito perante o administrador judicial e para o devedor apresentar o plano de recuperação judicial. 
b) A recuperação judicial objetiva a superação da crise empresarial, permitindo a continuidade da atividade 
econômica para evitar a falência, tendo por finalidade a manutenção da fonte produtora, do emprego dos 
trabalhadores e do interesse dos credores no intuito de promover a preservação da empresa, sua função social e 
o estímulo à atividade econômica. 
c) A data designada para a realização da assembléia geral dos credores não excederá 180 (cento e oitenta) dias 
contados do deferimento do processamento da recuperação judicial. 
d) Pode ser postulada a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor, nos 15 (quinze) dias 
anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. 
e) O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. 
 
Gabarito: C 
 
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação 
judicial, sob pena de destituição de seus administradores; 
 
V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos 
os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento. 
 
4.2.3 - Cabe recurso do deferimento do despacho de processamento ? 
 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem 
sobre: 
I - tutelas provisórias; 
II - mérito do processo; 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
 
 
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V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua 
revogação; 
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII - exclusão de litisconsorte; 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; 
XII - (VETADO); 
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. 
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias 
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no 
processo de execução e no processo de inventário. 
 
Informativo nº 0635 
Publicação: 9 de novembro de 2018. 
QUARTA TURMA 
 
Informações do Inteiro Teor Inicialmente, a Lei de Recuperação Judicial e Falência - LREF estabeleceu, em seu art. 
189, que, "no que couber", haverá aplicação supletiva da lei adjetiva geral, incidindo tão somente de forma 
subsidiária e desde que se constate evidente compatibilidade com a natureza e o espírito do procedimento 
especial. No que se refere à definição do regime jurídico do agravo de instrumento diante do microssistema da 
Lei n. 11.101/2005, sabe-se que ao contrário do Código de Processo Civil de 1973, que possibilitava a interposição 
do agravo de instrumento contra toda e qualquer interlocutória, o novo diploma processual definiu que tal recurso 
só se mostra cabível contra as decisões expressamente apontadaspelo legislador. Contudo, o rol taxativo do art. 
1.015 do CPC de 2015, por si só, não afasta a incidência das hipóteses previstas na LREF, pois o próprio inciso XIII 
estabelece o cabimento do agravo de instrumento nos "outros casos expressamente referidos em lei". 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635'
https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635'
https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635'
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No entanto, há determinadas decisões judiciais tomadas no curso da recuperação judicial e da falência que, 
apesar de não haver previsão de impugnação pela lei de regência nem enquadramento no rol taxativo do NCPC, 
ainda assim, serão passíveis de irresignação por intermédio do agravo. Apesar da taxatividade, o STJ vem 
reconhecendo a possibilidade de interpretação extensiva ou analógica das hipóteses dispostas no rol do agravo 
de instrumento. Deveras, nas interlocutórias sem previsão específica de recurso incidirá o parágrafo único do art. 
1.015 do CPC/2015, justamente porque, em razão das características próprias do processo falimentar e 
recuperacional, haverá tipificação com a ratio do dispositivo - qual seja, falta de interesse/utilidade de revisão da 
decisão apenas no momento do julgamento da apelação -, permitindo a impugnação imediata dos 
provimentos judiciais. 
 
De fato, a recuperação judicial não é procedimento linearmente disposto, importa um somatório de decisões com 
o objetivo de viabilizar a reestruturação da empresa - tendo como norte a superação do estado de crise -, que, 
por consectário lógico, devem ser de rápida solução, inclusive por sua influência no conteúdo de atos 
subsequentes e na conclusão do plano. Realmente, não parece haver lógica em se aguardar a sentença no 
processo de recuperação judicial, somente prolatada depois do cumprimento de todas as obrigações previstas no 
plano de recuperação judicial aprovado (LREF, art. 63), momento em que já teria havido, por outro lado, todas as 
definições a respeito do deferimento e processamento da recuperação, dos critérios da assembleia de credores, 
das habilitações, da homologação do plano, entre outras medidas que restariam implementadas de maneira 
irremediável no momento da apelação. 
 
Assim, há clara incompatibilidade do novo regime de preclusão previsto no novel diploma processual com o 
sistema recursal da recuperação judicial, haja vista que a incidência do regime de impugnação diferida das 
interlocutórias, apenas em apelação, tornaria sem utilidade o recurso, pois seu cabimento ocorreria apenas 
quando do exaurimento do procedimento. Inclusive, essa foi a conclusão adotada pela 1ª Jornada de Direito 
Processual Civil do CJF, nos termos do Enunciado n. 69, segundo o qual "a hipótese do art. 1.015, parágrafo único, 
do CPC abrange os processos concursais, de falência e recuperação". 
 
Cabimento do agravo. Decisão que defere o processamento da recuperação judicial. Procedimento especial da lei 
11.101/05 que não prevê recurso de apelação contra deferimento de recuperação judicial ou aprovação do plano. 
Questão que não seria devolvida à apreciação do Tribunal por meio de apelação. Cabimento do agravo de 
instrumento, sob pena de negativa de tutela jurisdicional e do duplo grau de jurisdição. (TJSP; AI 2054226-
28.2017.8.26.0000; Ac. 10545346; Jaboticabal; Primeira Câmara Reservada de Direito Empresarial; Rel. Des. Carlos 
 
 
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Dias Motta; Julg. 21/6/2017; DJESP 28/06/2017; Pág. 1909). No mesmo sentido, TJSP; AI 2048349-
10.2017.8.26.0000; Ac. 10933980; São José do Rio Preto; Segunda Câmara Reservada de Direito Empresarial; Rel. 
Des. Araldo Telles; Julg. 30/10/2017; DJESP 9/11/2017; Pág. 1970; TJSP, AI 2084028-08.2016.8.26.0000, 2ª Câmara 
Reservada de Direito Empresarial, Rel. Des. Fabio Tabosa, julg. 25/5/2016. 
 
Enunciado 52 da 1 Jornada de Direito Comercial: A decisão que defere o processamento da recuperação judicial 
desafia agravo de instrumento. 
 
• Após o despacho de processamento, o devedor pode desistir da ação de recuperação judicial ? 
 
- O devedor pode desistir da ação apenas até o despacho de processamento. Depois do despacho, a desistência 
fica condicionada a aprovação da Assembleia Geral de Credores. A desistência condicionada à aprovação da 
Assembleia é comum nos casos em que o Plano de Recuperação é reprovado, já que, neste caso, ou a Assembleia 
aprova a desistência e oferece uma chance para que a empresa apresente um novo pedido de RJ - com um Plano 
possivelmente mais vantajoso - ou aceita-se a decretação de falência, dado que a reprovação do Plano tem a 
falência como consequência jurídica imediata. Logo, poderia ser mais vantajoso aos credores aprovar a 
desistência e apostar no novo pedido de RJ. 
 
Art. 52 § 4o O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o 
deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na 
assembléia-geral de credores.

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