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1 www.g7juridico.com.br MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Alexandre Gialluca Direito Empresarial Aula 09 ROTEIRO DE AULA VERIFICAÇÃO E ORDEM DOS CRÉDITOS NA FALÊNCIA + RECUPERAÇÃO JUDICIAL 10. Verificação dos créditos - Quando o juiz decreta a falência mediante sentença declaratória, ele manda o falido apresentar uma relação nominal completa de credores, qualificando pessoalmente cada um deles, além de indicar a origem e classificação dos créditos. Essa relação é publicada em um edital, inaugurando-se o processo de arrecadação de bens e realização de ativos. Os credores listados pelo falido serão pagos com o produto das vendas e demais transações realizadas nesta última fase. - O edital conterá não só a relação nominal de credores, mas também a sentença inicialmente prolatada. - É possível que nem todos os legítimos credores do falido estejam previstos na relação fornecida, seja em razão de uma omissão proposital, seja por um descuido do devedor. Nesta hipótese, deverá o credor habilitar o seu crédito no processo falimentar, nos termos do Art. 7º da Lei 11.101/2005. - Se o nome do credor constar da relação, mas o seu crédito estiver listado em valor distinto daquele que ele entende ser o correto, é possível a apresentação de divergência, nos termos do mesmo Art. 7º. 2 www.g7juridico.com.br Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. § 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. ATENÇÃO: o requerimento de habilitação de crédito dispensa capacidade postulatória, uma vez que ele é formulado e encaminhado perante o administrador judicial. É o nome do administrador que deve constar no endereçamento da petição e não o do juiz. Daí porque muitos defendem ser esta uma medida administrativa. - Passados 15 dias da fase de habilitação dos créditos, o administrador judicial deve providenciar uma nova relação de credores. Essa relação é a que consta do Art. 7º, §2º da Lei de Falência, devendo ser publicada pelo administrador dentro do prazo de 45 dias. Art. 7, § 2º. O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8º desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação. - Além de apresentar habilitação ou divergência em relação ao seu próprio crédito, o credor pode também impugnar a nova relação publicada nos termos do Art. 7º, §2º, alegando, por exemplo, que a relação contém um crédito não regularmente classificado* ou outros erros do gênero. *Exemplo: crédito do credor “A” não é crédito com garantia real, mas sim de natureza quirografária. Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º, § 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 15 desta Lei. 3 www.g7juridico.com.br ATENÇÃO: a impugnação tem natureza de ação, devendo ser feita no prazo de 10 dias e autuada em separado. Sua natureza jurídica impõe a necessidade de recolher custas, bem como o cumprimento de todas as condições necessárias para a sua apresentação, incluindo-se aí a observação do rol de legitimados ativos previstos no Art. 8º da Lei de Falência. - Não havendo impugnação por parte dos credores, a nova relação publicada pelo administrador nos termos do Art. 8º, §2º será encaminhada para que o juiz homologue e faça dela o documento representativo do chamado QUADRO GERAL DE CREDORES. • O que é habilitação retardatária? A habilitação retardatária é aquela feita depois do prazo legal de 15 dias previsto no §1º do Art. 7º. ATENÇÃO: quando feita antes da homologação do quadro geral de credores, a habilitação retardatária equivale a uma Ação de Impugnação, nos termos do Art. 10º, §5º. Logo, é preciso que o credor retardatário se faça representar por advogado, já que esse tipo de habilitação conterá requerimento formulado diretamente ao juiz e não ao administrador judicial. Caso realizada após a homologação do quadro geral, a habilitação retardatária será processada na condição de Ação Retificatória do Quadro Geral de Credores, observando-se o procedimento comum/ordinário disciplinado pelo Código de Processo Civil. Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, desta Lei, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. § 1º Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembleia-geral de credores. § 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo ao processo de falência, salvo se, na data da realização da assembleia-geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário. § 3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação. § 4º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito. 4 www.g7juridico.com.br § 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei. § 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. LEMBRE-SE: O quadro geral de credores deverá observar a ordem de classificação dos créditos. 11. Ordem de Classificação dos Créditos I) Créditos Concursais Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; a) Crédito trabalhista até 150 salários mínimos por credor e acidente de trabalho. - Note que não há limitação para o crédito proveniente de acidente de trabalho. • E se a reclamação trabalhista for equivalente a 280 salários mínimos? - O saldo remanescente (130 S.M) será considerado crédito quirografário, sendo realocado para a última posição na ordem de classificação dos créditos. • É possível a cessão do crédito trabalhista? – SIM! No entanto, embora não haja impedimento legal, a Lei de Falências, objetivando criar um embaraço a esse tipo de negócio jurídico que as vezes é celebrado de má fé pelo cessionário, determinou que a cessão do crédito trabalhista converte-o, automaticamente, em crédito quirografário. • Como fica a remuneração do representantecomercial? - O representante comercial possui um papel fundamental na atividade empresarial, constituindo-se em um aproximador entre os comerciantes. Por isso, a 5 www.g7juridico.com.br lei determina que no caso de falência do representado, o crédito do representante será equiparado a natureza de crédito trabalhista para fins falimentares (Art. 44, L. 4.886/1965). Art. 44. No caso de falência do representado as importâncias por ele devidas ao representante comercial, relacionadas com a representação, inclusive comissões vencidas e vincendas, indenização e aviso prévio, serão considerados créditos da mesma natureza dos créditos trabalhistas. (Lei 4886/65) • Qual a qualidade do crédito do advogado? - O Estatuto da OAB trata o crédito do advogado como um crédito com qualidade de privilégio geral. O STJ, porém, entende que os honorários advocatícios possuem natureza alimentar, motivo pelo qual equiparam-se aos créditos trabalhistas para fins falimentares. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543- C DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FALÊNCIA. HABILITAÇÃO. CRÉDITO DE NATUREZA ALIMENTAR. ART. 24 DA LEI N. 8.906/1994. EQUIPARAÇÃO A CRÉDITO TRABALHISTA. 1. Para efeito do art. 543-C do Código de Processo Civil: 1.1) Os créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, seja pela regência do Decreto-Lei n. 7.661/1945, seja pela forma prevista na Lei n. 11.101/2005, observado, neste último caso, o limite de valor previsto no artigo 83, inciso I, do referido Diploma legal. 1.2) São créditos extraconcursais os honorários de advogado resultantes de trabalhos prestados à massa falida, depois do decreto de falência, nos termos dos arts. 84 e 149 da Lei n. 11.101/2005. 2. Recurso especial provido (REsp 1152218 / RS RECURSO ESPECIAL 2009/0156374-4 Relator(a) - Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) Órgão Julgador - CE - CORTE ESPECIAL - Data do Julgamento 07/05/2014 - Data da Publicação/Fonte - DJe 09/10/2014 - RT vol. 951 p. 414). (CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ DFT - 2016) Acerca de falência, assinale a opção correta. a) Segundo a jurisprudência do STJ, os honorários advocatícios, na falência, são créditos quirografários qualquer que seja o seu valor. b) O encerramento da falência tem por efeito a extinção de todas as obrigações do falido não satisfeitas no processo. 6 www.g7juridico.com.br c) De acordo com a legislação brasileira, a situação falimentar do empresário se revela quando as dívidas excedem a importância de seu patrimônio. d) Um empresário deverá comprovar a regularidade do exercício da atividade empresarial, mediante a apresentação de certidão da junta comercial, para requerer a falência de outro empresário. e) O MP terá legitimidade para propor ação para anular atos praticados pelo falido em fraude a credores caso, no prazo de três anos da decretação da falência, os credores ou o administrador não a proponham. Gabarito: D b) Crédito com garantia real (= hipoteca, penhor, etc...) até o limite do valor do bem gravado Ex.: Uma empresa realizou um empréstimo no valor de 1 milhão e hipotecou um imóvel avaliado no valor de 800 mil. No caso da empresa não pagar nenhuma das parcelas, o Banco poderá habilitar na condição de crédito com garantia real apenas o valor de 800 mil, sendo o restante (= 200 mil) considerado crédito quirografário para fins de recebimento no âmbito do processo falimentar. II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; c) Créditos tributários, excetuadas as multas tributárias III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; d) Créditos com privilégio especial - Dentre os créditos de privilégio especial, destaca-se o crédito do Microempreendedor Individual (MEI), da Microempresa (ME) e da Empresa de Pequeno Porte (EPP). Art. 964. Têm privilégio especial: I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação; II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis; 7 www.g7juridico.com.br IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento; V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura, ou à colheita; VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior; VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição; VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus salários. IX - sobre os produtos do abate, o credor por animais. d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) V – créditos com privilégio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; e) Crédito com privilégio geral Art. 83, V – créditos com privilégio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor: I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume do lugar; 8 www.g7juridico.com.br II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da massa; III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor falecido, se foram moderadas; IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior à sua morte; V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento; VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior; VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida; VIII - os demais créditos de privilégio geral. Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. Parágrafo único. Os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação. f) Créditos quirografários - Os créditos quirografários provém não só dos contratos em geral (ex.: fornecimento, compra e venda, locação, etc...), mas também dos títulos de crédito em que o devedor falido figura como obrigado (ex.: pagamento de duplicata e nota promissória, cheque que voltou por falta de fundos, etc...). VI– créditos quirografários, a saber: a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; 9 www.g7juridico.com.br c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; g) Multas VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; Súmula 565 do STF: “A multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência.” - A Súmula nº 565 foi superada, uma vez que é anterior a Lei 11.101/2005. Na lei anterior, não havia previsão de inserção da multa fiscal na ordem de classificação dos créditos na falência. Diante da previsão legal específica, desnecessário observar o entendimento esboçado na súmula. h) Créditos subordinados - O crédito subordinado é aquele que só será pago se houver capacidade de pagamento por parte da massa falida depois de realizado o pagamento de todos os credores. VIII – créditos subordinados, a saber: a) os assim previstos em lei ou em contrato; b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. § 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. § 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. § 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência. § 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. (CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ DFT - 2016) Acerca de falência, assinale a opção correta. a) Segundo a jurisprudência do STJ, os honorários advocatícios, na falência, são créditos quirografários qualquer que seja o seu valor. 10 www.g7juridico.com.br b) O encerramento da falência tem por efeito a extinção de todas as obrigações do falido não satisfeitas no processo. c) De acordo com a legislação brasileira, a situação falimentar do empresário se revela quando as dívidas excedem a importância de seu patrimônio. d) Um empresário deverá comprovar a regularidade do exercício da atividade empresarial, mediante a apresentação de certidão da junta comercial, para requerer a falência de outro empresário. e) O MP terá legitimidade para propor ação para anular atos praticados pelo falido em fraude a credores caso, no prazo de três anos da decretação da falência, os credores ou o administrador não a proponham. Gabarito: D (MPE- PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – MP/PR - 2017) No que toca à classificação dos créditos na falência, assinale a alternativa correta: a) Os créditos tributários precedem aos créditos derivados da legislação do trabalho limitados a 150 salários mínimos por credor. b) Os créditos quirografários precedem aos créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado. c) Os créditos com privilégio geral precedem aos créditos com privilégio especial. d) Os créditos tributários precedem aos créditos decorrentes de acidentes de trabalho. e) Os créditos decorrentes de acidentes de trabalho precedem aos créditos com garantia real. Gabarito: E II) Créditos Extraconcursais (Art. 84, L. de Falências) - Os créditos concursais são créditos do falido, ao passo que os extraconcursais são créditos da massa falida. - Quando o juiz decreta a falência pode determinar a lacração do estabelecimento – como acontece na maioria das vezes – ou, ainda, pode determinar a continuação provisória da atividade como forma de otimizar o processo de venda da empresa. Os créditos dos trabalhadores, neste caso, adquirem a qualidade de extraconcursal (Art. 84, I, Lei de Falência). Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: 11 www.g7juridico.com.br I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 12. Ordem de Pagamento a) Valores previstos nos Arts. 150/151 b) Restituições c) Extraconcursais (Art. 84) d) Concursais (Art. 83) ATENÇÃO: além dos créditos previstos nos artigos 150 e 151, é preciso pagar os valores devidos em razão dos pedidos de restituição. Embora a restituição do bem deva ser feita tão logo a sentença a determine - no prazo de 48 horas - o pagamento devido pelo falido a título de restituição só será feito neste momento processual. Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. Art. 149. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do art. 84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reserva de importâncias. 12 www.g7juridico.com.br (TJ/BA 2019) De acordo com a legislação pertinente, trabalhador que possua crédito remuneratório trabalhista com uma empresa em falência deverá recebê-lo: a) logo após o pagamento de créditos com garantia real, sem nenhum limite quanto ao valor do bem gravado. b) logo após o pagamento de créditos com garantia real, até o limite do valor do bem gravado. c) logo após o crédito tributário, sem nenhum limite de valor. d) primeiramente, antes dos demais créditos, no limite de até cento e cinquenta salários-mínimos. e) primeiramente, sem nenhum limite de valor. 13. Encerramento - Depois de realizado todo o ativo e distribuído o produto entre os credores, o administrador deverá prestar contas no prazo de 30 dias. - O JUIZ vai publicar um comunicado, em que qualquer interessado poderá impugnar as contas no prazo de 10 dias. O Ministério Público será intimado para impugnação dizendo se é favorável ou não as contas e, sendo favorável, o Juiz prolatará a sentença de encerramento. - O Ministério Público será intimado para impugnação dizendo se é favorável ou não as contas, sendo favorável o Juiz dará sentença de encerramento (= é a sentença que põe fim ao processo de falência, cabendo recurso de Apelação). 14. Reabilitação - Quando falamos dos efeitos da sentença declaratória de falência em relação a figura do falido, dissemosque um dos efeitos previstos no Art. 102 é a inabilitação do devedor para o exercício da atividade empresarial. É a sentença de extinção das obrigações do falido que determinará a reabilitação deste, permitindo-lhe exercer, novamente, atividade empresarial. Todavia, para que seja possível o juiz declarar a extinção das obrigações do falido é imprescindível a presença de uma das hipóteses previstas no Art. 158. Art. 158. Extingue as obrigações do falido: I – o pagamento de todos os créditos; II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia 13 www.g7juridico.com.br necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. LEMBRE-SE: se o falido cometeu crime falimentar, o prazo necessário para que o juiz possa decretar a extinção das obrigações será de 10 anos. • É possível a declaração judicial de extinção das obrigações antes do encerramento da falência? – SIM! Uma vez verificadas as hipóteses dos incisos I ou II, é possível declarar a extinção das obrigações. Apenas as hipóteses do III e IV impõe a observação de prazo. RECUPERAÇÃO JUDICIAL 1) Finalidade e fases da Recuperação Judicial - A finalidade da Recuperação Judicial é a preservação da empresa e, consequentemente, a manutenção de empregos, manutenção da fonte produtora, bem como o desenvolvimento da atividade econômica na região. • Fases da recuperação: A recuperação judicial possui 3 (três) fases: 1ª fase Postulatória: inicia-se com o pedido de recuperação e vai até o despacho de processamento; 2ª. fase Processamento: vai do despacho de processamento até a decisão concessiva; 3ª. fase Execução: vai da decisão concessiva até o encerramento da recuperação judicial. 2) Requisitos (art. 48): - O Art. 48 da Lei 11.101/05 é importantíssimo para fins de concurso. 14 www.g7juridico.com.br Art. 48 da Lei 11.101/05 - Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. § 2º Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que tenha sido entregue tempestivamente. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) - Somente quem explora atividade empresarial é que pode se valer do mecanismo da Recuperação Judicial (= Empresário Individual, Sociedade Empresária ou EIRELI). - O pedido de Recuperação Judicial visa demonstrar que o requerente está em crise financeira, propondo-se, a partir daí, um plano alternativo de pagamento da dívida. Isso significa que o credor é impactado diretamente pelo instituto da Recuperação. ✓ Requisitos subjetivos (i) Somente poderá requerer Recuperação Judicial o devedor empresário que exerça atividade empresarial regular há mais de 2 anos e desde que verificada a (ii) ausência de crime falimentar praticado pelo devedor, administradores da empresa ou sócio controlador. STJ: é admissível litisconsórcio entre as empresas que participam de grupo econômico para fins de requerer Recuperação Judicial. Todavia, só poderão figurar no polo ativo da ação as empresas que atenderem aos requisitos legais. 15 www.g7juridico.com.br Informativo 0652, STJ INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR A Lei n. 11.101/2005, ao reputar o devedor como sendo o empresário ou a sociedade empresária, deixou de disciplinar a possibilidade de apresentação conjunta do pedido de recuperação judicial por sociedades empresárias que componham determinado grupo econômico. Portanto, não dispôs acerca da formação do litisconsórcio ativo. Todavia, conforme dispõe o art. 189 da LFRE, o Código de Processo Civil é aplicável subsidiariamente aos processos de recuperação judicial e de falência. Desse modo, as normas da legislação adjetiva brasileira visam suprir, no que for compatível, eventuais lacunas contidas no referido estatuto concursal. Além disso, a doutrina esclarece acerca dos resultados perniciosos de não considerar o grupo econômico no cenário da crise econômico-financeira na ótica (I) do direito dos credores e (II) das chances de sucesso da medida de reestruturação empresarial sem observar tal realidade fática: "quanto à primeira, a inexistência de um processo concursal de grupo faz com que as relações de débito e crédito sejam aferidas especificamente entre o credor e a sociedade devedora, sem que se considere pertencer esta a um grupo societário. 16 www.g7juridico.com.br INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR (...) quanto à segunda, não se pode fechar os olhos para o fato de que as dificuldades financeiras da empresa plurissocietária não raro atingem toda a estrutura grupal, do topo à base, e esse cenário rapidamente se traduz no famoso efeito dominó, em que a crise de uma sociedade facilmente influencia a idoneidade financeira de outros membros do grupo". Dessa forma, a admissão do litisconsórcio ativo na recuperação judicial obedece a dois importantes fatores: (I) a interdependência das relações societárias formadas pelos grupos econômicos e a necessidade de superar simultaneamente o quadro de instabilidade econômico-financeiro e (II) a autorização da legislação processual civil para as partes (no caso, as sociedades) litigarem em conjunto no mesmo processo (art. 113 do CPC/2015 e 46 do CPC/1973) e a ausência de colisão com os princípios e os fundamentos preconizados pela LFRE. O caput do art. 48 da LFRE prescreve que a recuperação judicial pode ser requerida pelo devedor que no momento do pedido exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos, fazendo a comprovação por meio de certidão emitida pela respectiva Junta Comercial na qual conste a inscrição do empresário individual ou o registro do contrato social ou do estatuto da sociedade. INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR O prazo de 2 (dois) anos tem como objetivo principal conceder a recuperação judicial apenas a empresários ou a sociedades empresárias que se acham, de certo modo, consolidados no mercado e que apresentem certo grau de viabilidade econômico-financeira capazes de justificar o sacrifício dos credores. Assim, em se tratando de grupo econômico, cada sociedade empresária deve demonstrar o cumprimento do requisito temporal de 2 (dois) anos, pois elas conservam a sua individualidade e, por conseguinte, apresentam a personalidade jurídica distinta das demais integrantes da referida coletividade. ENUNCIADO 97 da III Jornada de Direito Comercial: “O produtor rural, pessoa natural ou jurídica, na ocasião do pedido de recuperação judicial,não precisa estar inscrito há mais de dois anos no Registro Público de Empresas Mercantis, bastando a demonstração de exercício de atividade rural por esse período e a comprovação da inscrição anterior ao pedido”. ✓ Requisito temporal 17 www.g7juridico.com.br • Imaginemos que a empresa “E”, em crise, requer e consegue os benefícios da Recuperação Judicial em 2011 e, uma vez cumprido o plano, encerra a RJ em 2015. Em 2019, porém, a empresa deseja formular novo pedido de RJ. Isso é possível? – Sim, visto que não há limite legal no que tange a quantidade de RJ’s possíveis de serem requeridas no decorrer da atividade empresarial. Há de se observar, todavia, o lapso temporal de 5 anos, contados da data da concessão da última Recuperação Judicial. Logo, não importa que a RJ tenha findado em 2015. Importa sim a data da concessão (XX/YY/2011). ✓ Ausência de condenação do administrador ou sócio controlador por crime falimentar 3) Créditos sujeitos aos efeitos da Recuperação Judicial - Não são todos os créditos que podem ser incluídos no Plano de Recuperação Judicial (RJ). Estão sujeitos aos efeitos da RJ apenas os créditos, vencidos ou vincendos, existentes na data do pedido. ✓ Estão excluídos do Plano de Recuperação Judicial: (i) créditos posteriores ao pedido de R.J; (ii) créditos tributários; (iii) crédito decorrente de propriedade fiduciária, arrendamento mercantil, contrato com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade ou, ainda, contrato de compra e venda com reserva de domínio e (iv) créditos oriundos de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC). Obs.: Como a empresa em RJ só detém a posse direta do bem alienado fiduciariamente, não é possível incluir o crédito no plano. Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. § 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. § 2o As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e 18 www.g7juridico.com.br prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. § 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei. § 5o Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o § 4o do art. 6o desta Lei. ✓ Podem ser incluídos para pagamento por meio do Plano de Recuperação Judicial: (i)crédito trabalhista ou decorrente de acidente de trabalho; (ii) crédito com garantia real; (iii) crédito com privilégio (especial/geral); (iv) crédito quirografário (p.ex.: duplicatas, cheques, notas promissórias, etc...) e (v) crédito subordinado 4) Processamento 4.1) Petição Inicial Autor: empresário individual, sociedade empresária e EIRELI. Juízo Competente: local do principal estabelecimento da empresa ou, no caso de empresa estrangeira, no local onde se situa a filial (Art. 3º). - O devedor tem que expor as causas concretas da crise, ou seja, o que o conduziu a este ponto. Sem a identificação dos motivos reais da crise econômico-financeira não há como formular um Plano de Recuperação hábil a recuperar a saúde financeira da empresa. Além disso, é necessário provar, contabilmente, que a causa apontada foi o que realmente conduziu a crise. - Para entrar com uma RJ, é preciso estar em atividade regular HÁ MAIS DE 2 (dois) anos. 19 www.g7juridico.com.br Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. 4.2) Despacho de Processamento - O juiz recebe a Petição Inicial e procede ao juízo de admissibilidade. Na análise, o juiz deverá observar (i) se a empresa está em atividade regular há mais de 2 (dois) anos; (ii) se ela atende os requisitos do Art. 48, (iii) se a 20 www.g7juridico.com.br aspirante a Recuperação tem natureza empresarial; (iv) se apresentou a relação completa de credores; (v) se apresentou os demonstrativos contábeis, dentre outros. Ausentes quaisquer destes elementos, o juiz deve determinar a emenda da inicial. Por outro lado, preenchidos os requisitos, cabe ao magistrado emitir o despacho de processamento, no qual ele reconhece a situação de crise, autorizando o processamento da RJ e, consequentemente, permitindo a confecção do Plano de Recuperação a ser submetido à aprovação do Juízo em momento posterior. Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei; 4.2.1 Nomeaçãodo administrador judicial Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: II – na recuperação judicial: a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei; - Na falência, o administrador judicial é nomeado na sentença declaratória de falência (Art. 99). Na recuperação, não é a decisão concessiva que nomeia o administrador, mas sim o despacho de processamento. - Na falência, o administrador judicial deve ser “profissional idôneo” ou “pessoa jurídica especializada” (Art. 21), já que ele é o representante legal da massa falida, auxiliando o juiz na administração dessa universalidade de direito (= atos de administração + atos de gestão). Diferentemente, na RJ, o administrador apenas fiscaliza os atos de gestão praticados pela empresa, acompanhando o desenvolvimento do Plano de Recuperação aprovado. O 21 www.g7juridico.com.br administrador judicial da empresa em recuperação apresenta ao juiz relatório mensal, fruto desse acompanhamento, cabendo a ele também requerer a falência da recuperanda no caso de haver descumprimento das obrigações assumidas no Plano. II) determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no art. 69 desta Lei (art. 52, II) - Com o despacho de processamento, o devedor está dispensado de apresentar certidão negativa, o que não significa que há cancelamento de eventuais negativações de seu nome nos órgãos de proteção ao crédito (SPC/SERASA). Essa disposição só não se aplica as contratações com o Poder Público. III) Suspensão de Ações - Quando o juiz dá o despacho de processamento, ele também ordena a suspensão de todas as ações de execução. Art. 52, III. III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; Obs.: Art. 53, § 3º No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor comunicar a suspensão aos juízos competentes. A) Prazo da Suspensão Obs 1.: Prazo da Suspensão: - Como o devedor ainda não apresentou o Plano de Recuperação, é preciso criar uma atmosfera favorável à recuperação. O devedor não pode estar preocupado, por exemplo, com uma liminar de reintegração de posse, com outra de busca e apreensão de máquinas ou, ainda, com uma penhora na boca do caixa concedida repentinamente. O foco deve ser a elaboração de um bom Plano de Recuperação que, futuramente, auxilie a empresa a honrar com todos os seus compromissos. Para que haja tempo suficiente para a confecção do Plano é 22 www.g7juridico.com.br que existe esse prazo, o qual, por incrível que pareça, nem sempre é suficiente para a identificação das causas reais da crise e compatibilização dos interesses da empresa e dos credores. Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. § 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial. B) Quais ações não serão suspensas? Art. 6, § 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. - O crédito tributário não pode fazer parte do Plano de Recuperação. Logo, não faria nenhum sentido impedir a Fazenda de receber o seu crédito, suspendendo a ação tributária. - Os atos de expropriação, ocorrendo dentro do prazo de 180 dias ou não, são objeto de análise apenas e tão somente pelo Juízo da Recuperação. AgInt no CC 157061 / PE - AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2018/0049577-5 Relator(a) Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147) Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento 15/10/2019 Data da Publicação/Fonte DJe 21/10/2019 Ementa AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO FISCAL. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE. ATOS DE CONSTRIÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. 1. Na hipótese, discute-se o juízo competente para dar concretude a ato executivo expedido em desfavor de bens vinculados ao processo recuperacional, sendo desnecessário o sobrestamento pleiteado. Precedente. 23 www.g7juridico.com.br 2. O advento da Lei nº 13.043/2014 não altera o entendimento jurisprudencial pacificado no sentido de que compete ao juízo universal apreciar atos constritivos praticados contra o patrimônio de empresa recuperanda, ainda que oriundos de execuções fiscais. Precedentes. 3. Agravo interno não provido. Enunciado 74 da II Jornada de Direito Comercial: “Embora a execução fiscal não se suspenda em virtude do deferimento do processamento da recuperação judicial, os atos que importem em constrição do patrimônio do devedor devem ser analisados pelo Juízo recuperacional, a fim de garantir o princípio da preservação da empresa.” Súmula 480 – STJ: “O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.” Os julgados que levaram a tal entendimento envolveram lides trabalhistas, reclamatórias que haviam redirecionado a execução para os bens, ou dos sócios, através da aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, ou dos bens de demais empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico. Em síntese, a justificativa é bem simplória: os bens da pessoa jurídica, no caso da recuperação judicial, quedam-se livre de constrição com o redirecionamento da execução para os sócios ou empresas do grupo econômico, não se justificando a competência do Juízo Universal, necessária para evitar decisões conflitantes acerca de um mesmo patrimônio, o da pessoa jurídica em recuperação. (CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ DFT - 2016) Acerca da recuperação judicial, assinale a opção correta. (A) O juiz, mesmo tendo ultrapassado o prazo de dois anos da homologação do plano de recuperação judicial, deve, de ofício, decretar a falência do devedor, caso ele não o cumpra. (B) A ação de despejo proposta contra empresário que tem deferido o processamento da recuperação judicial deve ser suspensa pelo prazo de cento e oitenta dias. (C A execução fiscal, deferido o processamento da recuperação judicial, não se suspende, mas serão da competência do juízo da recuperação os atos de alienação do patrimônio da sociedade. (D) O MP assumirá a legitimidade para impugnar o plano de recuperação judicial, caso nenhum credor o faça. (E) Se a assembleia geral de credores rejeitar o plano de recuperação judicial, o juiz deverá determinar o arquivamento do processo, ficando vedado ao devedor fazer novo requerimento pelo prazo de dois anos.24 www.g7juridico.com.br Gabarito: C C) Prazo de suspensão pode ser prorrogado? Enunciado 42 da I Jornada de Direito Comercial: “O prazo de suspensão previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor”. D) A suspensão se estende aos coobrigados? Enunciado 43 da I Jornada de Direito Comercial: “A suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor.” REsp 1699528 / MG RECURSO ESPECIAL 2017/0227431-2 Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA Data do Julgamento 10/04/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 13/06/2018 RSTJ vol. 251 p. 803 RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ADVENTO DO CPC/2015. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. FORMA DE CONTAGEM DE PRAZOS NO MICROSSISTEMA DA LEI DE 11.101/2005. CÔMPUTO EM DIAS CORRIDOS. SISTEMÁTICA E LOGICIDADE DO REGIME ESPECIAL DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E FALÊNCIA. 1.O Código de Processo Civil, na qualidade de lei geral, é, ainda que de forma subsidiária, a norma a espelhar o processo e o 25 www.g7juridico.com.br procedimento no direito pátrio, sendo normativo suplementar aos demais institutos do ordenamento. O novel diploma, aliás, é categórico em afirmar que "permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, as quais se aplicará supletivamente este Código" (art. 1046, § 2°). 2. A Lei de Recuperação e Falência (Lei 11.101/2005), apesar de prever microssistema próprio, com específicos dispositivos sobre processo e procedimento, acabou explicitando, em seu art. 189, que, "no que couber", haverá incidência supletiva da lei adjetiva geral. 3. A aplicação do CPC/2015, no âmbito do microssistema recuperacional e falimentar, deve ter cunho eminentemente excepcional, incidindo tão somente de forma subsidiária e supletiva, desde que se constate evidente compatibilidade com a natureza e o espírito do procedimento especial, dando-se sempre prevalência às regras e aos princípios específicos da Lei de Recuperação e Falência e com vistas a atender o desígnio da norma-princípio disposta no art. 47. 4. A forma de contagem do prazo - de 180 dias de suspensão das ações executivas e de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação judicial - em dias corridos é a que melhor preserva a unidade lógica da recuperação judicial: alcançar, de forma célere, econômica e efetiva, o regime de crise empresarial, seja pelo soerguimento econômico do devedor e alívio dos sacrifícios do credor, na recuperação, seja pela liquidação dos ativos e satisfação dos credores, na falência. 5. O microssistema recuperacional e falimentar foi pensado em espectro lógico e sistemático peculiar, com previsão de uma sucessão de atos, em que a celeridade e a efetividade se impõem, com prazos próprios e específicos, que, via de regra, devem ser breves, peremptórios, inadiáveis e, por conseguinte, contínuos, sob pena de vulnerar a racionalidade e a unidade do sistema. 6. A adoção da forma de contagem prevista no Novo Código de Processo Civil, em dias úteis, para o âmbito da Lei 11.101/05, com base na distinção entre prazos processuais e materiais, revelar-se-á árdua e complexa, não existindo entendimento teórico satisfatório, com critério seguro e científico para tais discriminações. Além disso, acabaria por trazer perplexidades ao regime especial, com riscos a a harmonia sistêmica da LRF, notadamente quando se pensar na velocidade exigida para a prática de alguns atos e na morosidade de outros, inclusive colocando em xeque a isonomia dos seus participantes, haja vista a dualidade de tratamento. 7. Na hipótese, diante do exame sistemático dos mecanismos engendrados pela Lei de Recuperação e Falência, os prazos de 180 dias de suspensão das ações executivas em face do devedor (art. 6, § 4°) e de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação judicial (art. 53, caput) deverão ser contados de forma contínua. 26 www.g7juridico.com.br 8. Recurso especial não provido. 30. (TJ-SC - 2013 - TJ-SC - Juiz) Assinale a alternativa INCORRETA: a) O processo de recuperação judicial é promovido por iniciativa do próprio empresário em crise, que apresenta perante o Poder Judiciário o pedido do benefício. Verificando o atendimento a todos os requisitos legais, o juiz defere o processamento da recuperação judicial, abrindo-se prazo para os credores realizarem as habilitações de crédito perante o administrador judicial e para o devedor apresentar o plano de recuperação judicial. b) A recuperação judicial objetiva a superação da crise empresarial, permitindo a continuidade da atividade econômica para evitar a falência, tendo por finalidade a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e do interesse dos credores no intuito de promover a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. c) A data designada para a realização da assembléia geral dos credores não excederá 180 (cento e oitenta) dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial. d) Pode ser postulada a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor, nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. e) O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. Gabarito: C IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores; V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento. 4.2.3 - Cabe recurso do deferimento do despacho de processamento ? Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 27 www.g7juridico.com.br V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Informativo nº 0635 Publicação: 9 de novembro de 2018. QUARTA TURMA Informações do Inteiro Teor Inicialmente, a Lei de Recuperação Judicial e Falência - LREF estabeleceu, em seu art. 189, que, "no que couber", haverá aplicação supletiva da lei adjetiva geral, incidindo tão somente de forma subsidiária e desde que se constate evidente compatibilidade com a natureza e o espírito do procedimento especial. No que se refere à definição do regime jurídico do agravo de instrumento diante do microssistema da Lei n. 11.101/2005, sabe-se que ao contrário do Código de Processo Civil de 1973, que possibilitava a interposição do agravo de instrumento contra toda e qualquer interlocutória, o novo diploma processual definiu que tal recurso só se mostra cabível contra as decisões expressamente apontadaspelo legislador. Contudo, o rol taxativo do art. 1.015 do CPC de 2015, por si só, não afasta a incidência das hipóteses previstas na LREF, pois o próprio inciso XIII estabelece o cabimento do agravo de instrumento nos "outros casos expressamente referidos em lei". http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635' https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635' https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635' https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635' https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635' https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?acao=pesquisarumaedicao&livre=@cod='0635' 28 www.g7juridico.com.br No entanto, há determinadas decisões judiciais tomadas no curso da recuperação judicial e da falência que, apesar de não haver previsão de impugnação pela lei de regência nem enquadramento no rol taxativo do NCPC, ainda assim, serão passíveis de irresignação por intermédio do agravo. Apesar da taxatividade, o STJ vem reconhecendo a possibilidade de interpretação extensiva ou analógica das hipóteses dispostas no rol do agravo de instrumento. Deveras, nas interlocutórias sem previsão específica de recurso incidirá o parágrafo único do art. 1.015 do CPC/2015, justamente porque, em razão das características próprias do processo falimentar e recuperacional, haverá tipificação com a ratio do dispositivo - qual seja, falta de interesse/utilidade de revisão da decisão apenas no momento do julgamento da apelação -, permitindo a impugnação imediata dos provimentos judiciais. De fato, a recuperação judicial não é procedimento linearmente disposto, importa um somatório de decisões com o objetivo de viabilizar a reestruturação da empresa - tendo como norte a superação do estado de crise -, que, por consectário lógico, devem ser de rápida solução, inclusive por sua influência no conteúdo de atos subsequentes e na conclusão do plano. Realmente, não parece haver lógica em se aguardar a sentença no processo de recuperação judicial, somente prolatada depois do cumprimento de todas as obrigações previstas no plano de recuperação judicial aprovado (LREF, art. 63), momento em que já teria havido, por outro lado, todas as definições a respeito do deferimento e processamento da recuperação, dos critérios da assembleia de credores, das habilitações, da homologação do plano, entre outras medidas que restariam implementadas de maneira irremediável no momento da apelação. Assim, há clara incompatibilidade do novo regime de preclusão previsto no novel diploma processual com o sistema recursal da recuperação judicial, haja vista que a incidência do regime de impugnação diferida das interlocutórias, apenas em apelação, tornaria sem utilidade o recurso, pois seu cabimento ocorreria apenas quando do exaurimento do procedimento. Inclusive, essa foi a conclusão adotada pela 1ª Jornada de Direito Processual Civil do CJF, nos termos do Enunciado n. 69, segundo o qual "a hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange os processos concursais, de falência e recuperação". Cabimento do agravo. Decisão que defere o processamento da recuperação judicial. Procedimento especial da lei 11.101/05 que não prevê recurso de apelação contra deferimento de recuperação judicial ou aprovação do plano. Questão que não seria devolvida à apreciação do Tribunal por meio de apelação. Cabimento do agravo de instrumento, sob pena de negativa de tutela jurisdicional e do duplo grau de jurisdição. (TJSP; AI 2054226- 28.2017.8.26.0000; Ac. 10545346; Jaboticabal; Primeira Câmara Reservada de Direito Empresarial; Rel. Des. Carlos 29 www.g7juridico.com.br Dias Motta; Julg. 21/6/2017; DJESP 28/06/2017; Pág. 1909). No mesmo sentido, TJSP; AI 2048349- 10.2017.8.26.0000; Ac. 10933980; São José do Rio Preto; Segunda Câmara Reservada de Direito Empresarial; Rel. Des. Araldo Telles; Julg. 30/10/2017; DJESP 9/11/2017; Pág. 1970; TJSP, AI 2084028-08.2016.8.26.0000, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Rel. Des. Fabio Tabosa, julg. 25/5/2016. Enunciado 52 da 1 Jornada de Direito Comercial: A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento. • Após o despacho de processamento, o devedor pode desistir da ação de recuperação judicial ? - O devedor pode desistir da ação apenas até o despacho de processamento. Depois do despacho, a desistência fica condicionada a aprovação da Assembleia Geral de Credores. A desistência condicionada à aprovação da Assembleia é comum nos casos em que o Plano de Recuperação é reprovado, já que, neste caso, ou a Assembleia aprova a desistência e oferece uma chance para que a empresa apresente um novo pedido de RJ - com um Plano possivelmente mais vantajoso - ou aceita-se a decretação de falência, dado que a reprovação do Plano tem a falência como consequência jurídica imediata. Logo, poderia ser mais vantajoso aos credores aprovar a desistência e apostar no novo pedido de RJ. Art. 52 § 4o O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembléia-geral de credores.
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