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TEORIA DAS ESTRUTURAS II Docente: Eng.º Civil Gean Carlos S. Militão Especialista em Segurança do Trabalho 2 Nessa aula temos por objetivo estudar as deformações sofridas pelas estruturas isostáticas provocadas por cada um dos agentes deformantes a que podem estar submetidas, como: Carregamentos externos; Variação de temperatura; Recalques dos Apoios; Modificações executivas. Esse estudo é feito utilizando o teorema dos trabalhos virtuais. 3 Qual o objetivo da análise estrutural? Encontrar as tensões resultantes, deslocamentos e reações de vários tipo de estruturas, especialmente aquelas que são estaticamente indeterminadas. Qual a importância de se avaliar os deslocamentos e deformações? Limitá-los dentro da estrutura, visando o bom desempenho da mesma. 4 A Análise Estrutural se dá com a observação dos Esforços e Deslocamentos existentes na estrutura. Para o inicio do Estudo do Principio do Trabalho Virtual, é necessário conhecermos alguns conceitos: 5 Considere um ponto m em equilíbrio, submetido a um conjunto de forças Pi, onde a resultante R seja nula, conforme imagem ao lado. Considere ainda que esteja sendo aplicado um deslocamento δ sem a adição de nenhuma nova força real, mantendo o R = 0. O deslocamento aplicado não pode ser atribuído a nenhuma causa física real, pois não houve alteração na vetor resultante existente, a esse deslocamento dar-se o nome de Deslocamento Virtual. Deslocamento Virtual 6 Considera-se que uma força realiza trabalho quando seu ponto de aplicação se movimenta, de modo que exista um deslocamento paralelo à linha de ação da força. Trabalho Virtual 7 A natureza da Força e Deslocamento devem ser afins: Força axial e cisalhamento devem sofrer deslocamento Linear. (figura 01) Momento Fletor e Torçor devem sofrer deslocamento Angular. (figura 02) figura 01 figura 02 8 As figuras abaixo mostram em cada caso o deslocamento do plano X para a nova posição X’. A figura 01 apresenta deformação (δ) na mesma direção da força F e o trabalho realizado é positivo. A figura 02 apresenta trabalho (ω) negativo, visto que o sentido da rotação é anti-horário e M é horário. figura 01 figura 02 9 A quantidade de trabalho realizado depende da relação existente entre a força e seu deslocamento correspondente. A figura abaixo mostra três possibilidades. A B C 10 As figuras (a) e (b) mostram respectivamente o comportamento não-linear e linear com uma crescente força F produzindo um crescente deslocamento δ, enquanto, a figura (c) registrar o movimento do ponto de aplicação para uma força constante. Em cada caso o trabalho realizado quando o valor da força é F1 e o deslocamento correspondente é δ1 será dado pela área hachurada sob o gráfico. Para a figura(c) F=cte, teremos para trabalho: ω = F1. δ1 11 Consideremos a treliça da figura ao lado representada: Após a aplicação das cargas ωi, ω1 e ωr, a treliça distorce para uma nova posição como mostrado pela linha tracejada. Cada nó livre da estrutura move da sua posição original e portanto, há trabalho executado pelas forças externas ao produzir os deslocamentos afins, como exemplo tem-se δ1 gerado por ω1. 12 Para que haja compatibilidade com a nova geometria, o comprimento deve mudar e portanto devem ser realizados trabalhos pelas forças atuantes dentro de cada membro da estrutura. Quando as cargas são aplicadas gradualmente, não existe perda de energia devido ao efeito dinâmico, calor, etc, e portanto, todo trabalho realizado pelas forças externas são utilizadas para reformar os membros da estrutura enquanto mantem sua forma. Ʃ Trabalho externo aplicado = Ʃ Trabalho interno aplicado ω interno = ω externo 13 Trabalho Real – Interno e Externo: Para uma estrutura, o trabalho real pode ser definido como aquele trabalho realizado no instante da aplicação das forças reais computando o valor e os deslocamentos reais associados. Trabalho Virtual Consideremos a partícula da figura submetida a um sistema de forças irreais em equilíbrio estático, isto é, resultante nula. R = ƩP1 = 0 δ = Deslocamento Virtual ω = Trabalho Virtual ω = R. δ 14 Se R=0 então ω = 0 Pelas condições de equilíbrio de um ponto material: Condição Estática: R = 0 Condição Energética: ω = 0 R = ƩP = 0 δ = Deslocamento Virtual ω = Trabalho Virtual ω = R. δ 15 Ainda observando o sistema de forças demostrado, pode se verificar que o trabalho virtual ω realizado pelo conjuntos de forças Pi (reais) que atuam sobre o ponto m quando ele sofre o deslocamento virtual δ vale ω = R.δ = 0, com isso pode-se afirmar que para um ponto em equilíbrio, o trabalho virtual realizado pelo sistema de forças reais, que também estão em equilíbrio, é nulo (Princípio de D’Alembert). 16 “Para um corpo rígido em equilíbrio, a soma algébrica dos trabalhos virtuais de todas as forças (reais) que sobre ele atuam é nula para todos os deslocamentos virtuais arbitrários (compatíveis como vínculo do corpo) que lhe imponhamos” TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS APLICADOS AOS CORPOS RÍGIDOS 17 “Para um corpo elástico, que atingiu sua configuração de equilíbrio, o trabalho virtual total das forças externas que sobre ele atuam, é igual ao trabalho virtual das forças internas (esforços simples) nele atuantes, para todos os deslocamentos virtuais arbitrários (compatíveis com os vínculos dos corpos) que lhe imponhamos” TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS APLICADOS AOS CORPOS ELÁSTICOS: 18 Trabalho Virtual Externo (ωext): É dado pala carga e reações de apoio ωext é o produto da carga pelo deslocamento relativo. Trabalho Virtual Interno (ωint): É relativo as ações internas (N,Q,M,T) 19 Como as cargas atuantes com seus valores integrais quando o deslocamento virtual é imposto, o Trabalho virtual realizado será simultaneamente o produto da carga pelo deslocamento. A avaliação do trabalho virtual interno, ωint, é um pouco mais complicado. O trabalho virtual realizado pelas resultantes de tensões atuantes no elemento, depende da deformação do elemento durante o deslocamento virtual. 20 a) Axial b) Flexão c) Cisalhamento d) Torção 21 Na figura ao lado é mostrada a deformação virtual que consiste na deformação axial uniforme do elemento, portanto, o comprimento do elemento aumentou de uma quantidade “dδ”. Essa deformação virtual resulta no Trabalho Virtual (N+dN)dδ que é realizado força axial, porém nenhum trabalho virtual realizado pelo momento fletor, cortante ou momento torçor. Força Axial:(N + dN)dδ dδ = 𝑁.𝑑𝑥 𝐸.𝐴 22 De forma análoga, podemos determinar que: Momento Fletor: (M + dM)dӨ d Ө = 𝑀.𝑑𝑥 𝐸.𝐼 Esforço Cortante: (Q + dQ)dλ d λ = 𝑥𝑄.𝑑𝑥 𝐺.𝐴 Momento Torçor: (T + dT)dΦ d Φ = 𝑇.𝑑𝑥 𝐺.𝐽 23 Para o elemento “dx”, desprezando o produto de duas diferenciais em comparação com o produto do termo finito e a diferencial termo que o trabalho interno (ωint) é: ωint = Ndδ + MdӨ + Qdλ + TdΦ Integrando temos a expressão completa do trabalho virtual interno: ωint = ∫ Ndδ + ∫ MdӨ + ∫ Qdλ + ∫ TdΦ 24 Onde: N, M, Q e T: São os esforços seccionados; e dδ, dӨ, dλ, dΦ: São diferenciais fictícias associadas com o deslocamento virtual da estrutura 25 Devem ser considerado no uso do processo de Mohr ou carga fictícia: O primeiro consiste em considerar a estrutura sujeita ao carregamento dado. O segundo sistema consiste de uma carga fictícia atuante na estrutura. A carga unitária é uma carga fictícia utilizada apenas para determinação do deslocamento “δ” da estrutura devido ao carregamento dado. CÁLCULO DE DEFORMAÇÕES DEVIDO À ATUAÇÃO DE CARREGAMENTOEXTERNO → FÓRMULA DE MOHR 26 1º Sistema Estado de deformação N,M,Q,T Deformações: dδ, dӨ, dλ, dΦ CÁLCULO DE DEFORMAÇÕES DEVIDO À ATUAÇÃO DE CARREGAMENTO EXTERNO → FÓRMULA DE MOHR 2º Sistema Estado de deformação Nu,Mu,Qu,Tu Deformações: dδu, dӨu, dλu, dΦu 27 Se tomarmos as deformações reais da estrutura causada pelo 1º sistema de carregamento como as deformações virtuais a serem impostas sobre o 2º sistema (cargas unitárias), e como durante estas deformações virtuais o único trabalho virtual externo é realizado pela carga unitária (ωext.=1×δ) podemos escrever: CÁLCULO DE DEFORMAÇÕES DEVIDO À ATUAÇÃO DE CARREGAMENTO EXTERNO → FÓRMULA DE MOHR ωext = ωint ωext = Pu. δ ωint = ∫ Nudδ + ∫ MudӨ + ∫ Qudλ + ∫ TudΦ Pu. δ = ∫ Nudδ + ∫ MudӨ + ∫ Qudλ + ∫ TudΦ 28 Considerando que Pu = 1 e sabendo que dδ = 𝑁.𝑑𝑥 𝐸.𝐴 , d Ө = 𝑀.𝑑𝑥 𝐸.𝐼 , d λ = 𝑥𝑄.𝑑𝑥 𝐺.𝐴 , d Φ = 𝑇.𝑑𝑥 𝐺.𝐽 Podemos escrever que: CÁLCULO DE DEFORMAÇÕES DEVIDO À ATUAÇÃO DE CARREGAMENTO EXTERNO → FÓRMULA DE MOHR δ = ∫ 𝑵.𝑵𝒖.𝒅𝒙 𝑬.𝑨 , + ∫ 𝑴.𝑴𝒖.𝒅𝒙 𝑬.𝑰 , + ∫ 𝒙𝑸.𝑸𝒖.𝒅𝒙 𝑮.𝑨 + ∫ 𝑻.𝑻𝒖.𝒅𝒙 𝑮.𝑱 Onde: E = Módulo de elasticidade longitudinal G = Módulo de elasticidade transversal I = Momento de inércia da seção transversal relativo a linha neutra; J = Momento de inércia polar A = Área da seção transversal x = Coeficiente de redução da distribuição não uniforme das tensões de cisalhamento, cujo valor varia com o tipo de seção 29 Considerando as estruturas usualmente utilizadas em nossos cálculos, podemos acrescentar as seguintes informações, a fim de simplificar o método de calculo: A parcela referente a deformação ocasionada pela cortante (∫ 𝒙𝑸.𝑸𝒖.𝒅𝒙 𝑮.𝑨 ) pode ser desprezada, visto a sua pequena influencia. Isso não ocorrerá apenas em casos onde o vão é muito curto e a carga é muito elevada. Pode-se desprezar a parcela referente ao esforço normal (∫ 𝑵.𝑵𝒖.𝒅𝒙 𝑬.𝑨 ) em estruturas que não trabalham esse esforço. Em estruturas que não apresentam momento torçor, pode-se desprezar a parcela ∫ 𝑻.𝑻𝒖.𝒅𝒙 𝑮.𝑱 Então, em estruturas que são composta por barras retas e de inércia constante, podemos utilizar apenas a parcela ∫ 𝑴.𝑴𝒖.𝒅𝒙 𝑬.𝑰 . CÁLCULO DE DEFORMAÇÕES DEVIDO À ATUAÇÃO DE CARREGAMENTO EXTERNO → FÓRMULA DE MOHR δ = ∫ 𝑵.𝑵𝒖.𝒅𝒙 𝑬.𝑨 , + ∫ 𝑴.𝑴𝒖.𝒅𝒙 𝑬.𝑰 , + ∫ 𝒙𝑸.𝑸𝒖.𝒅𝒙 𝑮.𝑨 + ∫ 𝑻.𝑻𝒖.𝒅𝒙 𝑮.𝑱
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