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Cirrose Hepática DEFINIÇÃO É o estágio final de um processo crônico de agressão ao Fígado. Caracteriza-se pela substituição de tecido hepático normal por tecido fibroso e nódulos regenerativos. É um processo difuso e essencialmente irreversível. EPIDEMIOLOGIA/ ETIOLOGIA Mortes (BR): 4,6 por 100.000 habitantes. PRINCIPAIS CAUSAS » Hepatite Viral Crônica (B e C); » Hepatopatia Alcoólica; » Esteatohepatite não alcoólica; » Hepatite autoimune; » Hemocromatose; » Doenças biliares; » Colangite esclerosante; » Cirrose biliar primária; » Doença de Wilson; » Doença Celíaca; » Deficiência de Alfa-1-Antitripsina; » Doença Hepática Policística; » Insuficiência Cardíaca Direita; » Doença venoclusiva; » Infecções e parasitoses (ex. esquistossomose, sífilis); » Hepatopatia medicamentosa; » Doenças hepáticas primárias; FISIOPATOLOGIA Processos patogênicos centrais: Deposição de matriz extracelular (colágeno I e III, proteoglicanos e glicoproteínas); Morte dos hepatócitos; Reorganização vascular; Lesão ➝ ativação das células estreladas hepáticas (espaço de Disse) ➝ deposição de colágeno tipo I e III ➝ formação de septos fribróticos + perda das fenestrações endoteliais dos sinusoides hepáticos ➝ troca de solutos hepatócitos-plasma fica impedida. Hepatócitos sobreviventes ➝ regeneram ➝ proliferam ➝ originam nódulos esféricos circundados por septos fibrosos. COMO O FÍGADO FICA NA CIRROSE HEPÁTICA » Nodular; » Muitas fibroses; » Comprometimento severo do suprimento sanguíneo; » Comprometimento severo da secreção de substâncias para o plasma; » Obliteração dos canais biliares (icterícia); CLÍNICA MANIFESTAÇÕES CLÁSSICAS: » Icterícia; » Ascite; » Circulação colateral proeminente (cabeça de medusa); » Edema de membros inferiores; » Diminuição da PA; » Teleangiectasias; » Ginecomastia; » Atrofia testicular; » Eritema palmar; » Contratura de Dupuytren (atrofia da fáscia palmar); » Baqueteamento digital; » Flapping; CLASSIFICAÇÃO COMPENSADA: Fase inicial; paciente assintomático ou com sintomas inespecíficos ➝ fadiga, perda de peso, fraqueza e anorexia. DESCOMPENSADA: icterícia, prurido, ascite (é a manifestação mais comum de descompensação), edema de membros inferiores, diarreia, sangramento gastrointestinal, confusão mental, etc. DIAGNÓSTICO “Tudo ou nada” ➝ é definida pela presença de fibrose e nódulos regenerativos no Fígado. EXAMES LABORATORIAIS • Teste de função hepática (Albumina e TAP); • Testes de coagulação; • Hemograma completo; » Anemia é comum e normalmente normocítica (sangramento gastrointestinal crônico, deficiência de folato, hemólise, entre outros fatores). » Pode haver leucopenia, trombocitopenia ou pancitopenia. • Sorológicos (HVB, HVC). AST e ALT moderadamente elevadas; FA e GGT geralmente normais (níveis elevados = colestase/ obstrução biliar); Bb geralmente normal (aumenta na progressão da doença); EXAMES DE IMAGEM Não têm alta especificidade ou sensibilidade para diagnóstico, detectam as complicações. USG: Fígado pequeno e nodular, hipertensão portal e ascite (cirrose avançada). TC: Textura nodular (sem vantagens em relação à USG). RM: Fígado irregular e aumento esplênico, alto custo em relação ao benefício. BIÓPSIA HEPÁTICA Solicitar se ➝ critérios clínicos e testes não invasivos inconclusivos. COMPLICAÇÕES » Hipertensão Portal (varizes); » Síndrome hepatopulmonar (hipoxemia); » Peritonite Bacteriana Espontânea – PBE (indica mau prognóstico); » Congestão esplênica por hiperesplenismo; » Coagulopatia; » Síndrome hepatorrenal; » Encefalopatia hepática; » Colestase e icterícia; » Má absorção de triglicerídeos e vitaminas lipossolúveis; TRATAMENTO Objetivo ➝ prevenir a descompensação. 1. Suspensão de fatores agravantes (ex. álcool). 2. Rastreamento de varizes (evitar hemorragia). 3. Rastreamento de CHC Transplante hepático – único tratamento definitivo; critérios para transplante do sistema MELD. BETA-BLOQUEADORES Redução de Pressão Portal (varizes) Propanolol: 20mg VO 2x/dia. Nadolol 20mg VO 1x/dia DIURÉTICOS Controle da Ascite Espirinolactona: 100mg/dia ajuste a cada 3-4 dias e dose máxima de 400mg/dia Furosemida: dose escalonada de 40-160mg/dia ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA Tratamento de PBE Cefotaxima 2g 12/12h EV. Ceftriaxona 1-2g 24/24h EV. Ácido Amoxicilina-Clavulanato 1g 8/8h EV. LAXANTES Controle da Encefalopatia Hepática Lactulose: 15-30mL VO 2x/dia – ajustada para 2 evacuações/dia. PROGNÓSTICO Depende de etiologia, gravidade da doença, presença de comorbidades e complicações. Taxa de sobrevida em 10 anos: » Compensada – 90% » Descompensada – 50% SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA CIRROSE CLASSIFICAÇÃO DE CHILD-PUGH – utiliza parâmetros clínicos e laboratoriais para estratificar a gravidade da doença, risco cirúrgico e prognóstico geral. SISTEMA MELD – Baseado na avaliação dos níveis de Bilirrubinas, Creatinina e INR – adotado para alocação dos pacientes na fila de transplante hepático desde 2006.
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