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Proliferação Celular Câncer de Próstata ANATOMIA DA PRÓSTATA → Pequena glândula sexual masculina produtora de líquido prostático (líquido responsável pela nutrição dos espermatozoides). → O tecido da glândula de próstata é dividido igualmente em três tipos de zonas: o A zona periférica: corresponde a zona de maior comprimento e ficado situado na parte traseira da próstata perto da parede retal. - (maior incidência do câncer de próstata, por isso a importância do toque retal). o A zona central: esta é a região em torno dos canais ejaculatórios. o zona da transição: isto cerca a uretra no ponto de entrada na glândula de próstata. EPIDEMIOLOGIA → É o segundo tipo de câncer que mais causa morte em homens, perdendo apenas para o CA de pulmão. → A idade é um fator de risco importante, sendo a mortalidade e morbidade mais comum após os 50 anos de idade. → A maioria dos pacientes serão assintomáticos, isso faz com que muitos homens convivam e morram com a doença, sem ao menos saber que a tem ou teve. → Taxa de incidência de 61,8 casos/ 100.000 homens por ano. → Aumentou de forma significativa nos últimos anos, devido a prática de triagem. → A dosagem de PSA permite a detecção precoce durante a fase assintomática. FATORES DE RISCO As causas não são totalmente conhecidas, mas a hipótese é que haja interação entre fatores genéticos e ambientais. → Idade: A incidência de ca de próstata aumenta com a idade, sendo maior após os 50 anos e alcançando um pico entre 60 e 70 anos. → História familiar (genética): Individuos com história de câncer prostáticos em familiares possuem mais risco de desenvolver a doença. → Raça: A incidência é maior na raça negra do que na branca. A raça asiática possui os menores valores. → Fatores ambientais: Pesquisa: avaliaram a ida de japoneses para os países americanos, sendo que eles passam a ter o mesmo estilo de vida que os americanos, observou se um aumento da incidência de ca de próstata no grupo. Logo, estilo de vida e questões ambientais implicam no surgimento da doença. Proliferação Celular → Fatores dietéticos: Fatores genéticos associados a dietas ricas em ácidos graxos possui maior predisposição ao desenvolvimento do tipo de câncer. → Fatores hormonais: Relação da doença com a disponibilidade dos andrógenos. ALTERAÇÕES GENÉTICAS E EPIGENÉTICAS Alterações genéticas – fusão dos genes TMPRSS2 E ERG → Ambos os genes são encontrados no cromossomo 22. → A fusão desses genes é encontrada em 50% dos casos de ca de próstata → O gene TMPRSS2 tem sua expressão regulada por hormônios androgênicos, enquanto que o gene ERG aumenta a transcrição de fatores oncogênicos. → A fusão de ambos em resposta aos androgênios resulta em múltiplos oncogenes. Alterações epigenéticas – hipermetilação do gene GSTP1 → Esse gene, ele codifica uma enzima (glutation-S- tansferase) que protege a célula do estresse oxidativo → A hipermetilação (consiste na transferência exagerada do grupo metil (CH3) de uma molécula a outra) do gene diminui sua própria produção, o que aumenta a exposição do núcleo a ação de radicais livres e acelera o surgimento de mutações genéticas. → Essa mutação é importantíssima para o inicio do ca de próstata. SÍTIOS DA DOENÇA O CA de próstata tem sítios específicos da próstata onde pode se desenvolver. A maioria dos casos se localiza na zona periférica (70% - diagnóstico pelo toque retal). A zona central é responsável por 10% dos casos, enquanto que a zona de transição corresponde a 20% dos casos – nesses casos o diagnóstico é mais difícil, sendo obtido por exames de imagem. FISIOPATOLOGIA A história natural do tumor de próstata é imprevisível, ou seja, tem-se casos que evoluem rapidamente para a metástase e casos de evolução lenta que raramente produzem metástases. A maioria dos pacientes apresenta evolução lenta. A evolução dessa neoplasia está ligada à ação de androgênios nos receptores nucleares do epitélio prostático, que vai resultar na expressão de genes específicos. O receptor androgênico e andrógenos testiculares, como testosterona e 5-α-di-hidrotestosterona, são responsáveis pela regulação do desenvolvimento, do crescimento e da manutenção funcional da glândula prostática. Na ausência de testosterona, o RA fica inativo e associa-se a outras proteínas, com isso ele vai sofrer fosforilação e, consequentemente, desenvolva alterações conformacionais necessárias para sua translocação (anomalia cromossômica causada pelo rearranjo de cromossomos não homólogos). → O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequentemente encontrado e representa mais de 95% dos casos de câncer de próstata. → Os demais tipos histológicos são os sarcomas, o carcinoma epidermoide e o carcinoma de células transicionais. → Morfologicamente as células malignas não são muito diferentes das células prostáticas normais e podem passar despercebidas. → O grande achado patognomônico de Ca de próstata na biópsia é a presença de invasão perineural (infiltração do câncer em pequenas fibras de nervos que estão presentes dentro do tecido da próstata). ESCORE DE GLEASON → O escore de Gleason é utilizado após a realização da biopsia, por meio do estudo anatomopatológico. → Com isso, vai se definir se há ou não câncer e seu tipo histológico. → Escore de Gleason varia de 1 a 5, sendo a nota 1 correspondente ao tumor com células bem diferenciadas e com melhor comportamento biológico e a nota 5, ao tumor com celularidade pouco diferenciada e, portanto, com Proliferação Celular comportamento mais agressivo. → As notas 2, 3 e 4 são níveis intermediários de diferenciação. → Em decorrência da grande heterogeneidade celular desse tipo de câncer, cada tumor recebe duas notas de Gleason, correspondentes as alterações celulares mais frequentes. → Essas duas notas são somadas, e tem-se o resultado final que pode variar de 2 a 10. A partir do gleason 6 considera tumor. DISSEMINAÇÃO (METASTASE) As células do câncer de próstata espalham-se ao quebrarem/ saírem do tumor da próstata. Elas podem viajar através do sangue ou dos gânglios linfáticos e alcançar outras partes do corpo. Depois de se espalharem, as células cancerígenas podem prender-se a outros tecidos e assim, formar novos tumores que podem danificar esses tecidos. Quando o câncer de próstata se espalha para outra parte do corpo, o novo crescimento possui o mesmo tipo de células. Por exemplo, se o câncer de próstata se espalhar para os ossos, as células cancerígenas encontradas lá ainda são células do câncer de próstata e não do câncer de ossos. Locais mais comuns: os gânglios linfáticos fora da pélvis, ossos, pulmões, fígado ou cérebro. → Disseminação linfática: ocorre para os linfonodos obturadores e depois para os para-aórticos. → Disseminação hematogênica: acomete o esqueleto axial e o envolvimento de ossos longos e outros tecidos. QUADRO CLÍNICO → O quadro na maioria das vezes é assintomático (devido o screening/ rastreamento, mais de 60% dos pacientes recebem diagnóstico nessa fase). → Os sintomas da fase mais avançada são obstrução urinária (dor ao urinar e jato intermitente ou fraco). → Nesse momento ocorre também hematúria e hematoespermia. → Quando ocorre disseminação linfática é possível observar obstrução de linfonodos pélvicos, com o surgimento de edema nos MMII. → A metástase esquelética costuma ser indolor de início, mas com o tempo o paciente começa a queixar de dor óssea e fraturas frequentes. Proliferação Celular DIAGNÓSTICO E RASTREAMENTO → Segundo o ministério da saúde o rastreio do câncer de próstata deve ser iniciar da seguinte forma: Em todos os homens acima dos 50 anos (50 a 70 anos); Caso o indivíduo tenha fatores de risco(histórico familiar) pode ser iniciar o rastreio a partir dos 45 anos; Após o início do rastreio, ele deve ser feito anualmente. CHEGANDO AO DIAGNÓSTICO DEFINITIVO 1. O rastreio é iniciado pela analise do PSA no sangue + toque retal. 2. Caso positivo psa elevado e exame prostático alterado, realiza-se a ressonância magnética. 3. Caso positivo, por último, realiza-se a biópsia da próstata, com a colheita de 12 microfragmentos para analise histológica. Obs. PSA aumentado não é diagnóstico definitivo de ca de próstata, ele deve ser associado ao toque retal. TOQUE RETAL: → É um exame de extrema importância, mas depende também da experiencia do médico. → Um exame com 80% de sensibilidade e 90% de especificidade. → Detecta os tumores da zona periférica, que corresponde a 70%. → Como é realizado: 1. O paciente é deitado na maca em uma posição que o ânus seja relaxado e acessível. 2. Com isso o médico vestindo luvas, lubrifica seu dedo em solução que pode conter anestésico. E solicita o paciente que faça um esforço defecatório para facilitar a protusão da mucosa. 3. O médico insere o dedo indicador no reto e papa o seu interior. Caso haja alteração poderá ser percebido pela consistência e regularidade da glândula. ANTÍGENO PROSTATICO ESPECÍFICO (PSA) → PSA é uma enzima com características de marcador tumoral. → É utilizado para monitorização/ rastreamento precoce e controle da evolução do carcinoma. → O PSA não é um exame de diagnóstico do ca de próstata, por que seus valores podem se alterar em outras situações como na hiperplasia benigna da próstata (idade), atividade sexual 72h antes do exame, retenção urinaria aguda ou prostatite bacteriana. → Sua eficácia no diagnóstico só deve ser considerada quando associada ao toque retal. (psa alterado + toque retal) → O PSA é detectado pelo exame de sangue. E seus valores de referência são: Até 59 anos: até 4,0 ng/mL; Entre 60 e 69 anos: PSA total até 4,5 ng/mL; A partir dos 70 anos: até 6,5 ng/mL. → Quando o PSA excede os 10 ng/ml é necessária a realização de cintilografia óssea para avaliar a eventual presença de metástase óssea (mesmo que o paciente esteja assintomático). → Pacientes que passaram por prostatectomia e tem valores de PSA presentes apresentam uma recidiva da doença – restos de tumor nas áreas próximas aonde se encontrava a próstata. Proliferação Celular CONTROVÉSIAS NO RASTREAMENTO Nas últimas décadas houve declínio importante das mortes por ca de próstata em decorrência das políticas de rastreamento da doença e da maior conscientização da população masculina. Entretanto, o rastreamento universal de toda população masculina (sem considerar os fatores de risco) apresenta controvérsias, pois pode diagnosticar o câncer de próstata de baixa agressividade, que não necessita de tratamento. Mas, mesmo assim, os pacientes são submetidos a biópsias, que têm potencial de complicações (infecção local), e aos eventuais tratamentos que tem potencial impacto na qualidade de vida dos pacientes. Esses estudos, defendem a individualização da abordagem. Ou seja, a identificação de pacientes com risco de desenvolver a doença de forma mais agressiva, por meio de parâmetros clínicos, laboratoriais e considerando os fatores de risco. Para pacientes diagnosticados com tumores de baixo risco, a visão é o oferecimento do regime de observação vigilante que consiste em avaliações periódicas por meio de toque retal e dosagens do PSA, O tratamento definitivo vai ser indicado caso seja identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos, poupando pacientes com tumores “indolentes” das consequências do tratamento. Como consequência desse estudo, foi observado que houve aumento de 3% ao ano no diagnóstico de tumores de risco intermediário e de alto risco. Outra publicação mostrou redução no número de diagnósticos de tumores agressivos, o que cria preocupação de que o diagnóstico tardio em casos de câncer de próstata de alto risco possa acarretar maior impacto para a saúde pública e resultados oncológicos no futuro. A Sociedade Brasileira de Urologia mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. ESTADIAMENTO O estadiamento da doença é dado pelo sistema TNM (Classificação de Tumores Malignos), auxilia o médico na escolha da conduta correta para abordar o doente em cada fase da evolução. M1a – metástases para linfonodos não-regionais. M1b – metástases para ossos. M1c- metástase para outros sítios (fígado, pulmão, cérebro). Entendendo a classificação: T1: lesões que não podem ser detectadas através do exame físico ou dos exames de imagem. Sendo diagnosticados através de biopsia. T2: encontramos os tumores que podem ser detectados através do toque retal ou mesmo por exames de imagem. T3: Nessa categoria encontramos os tumores que romperam os limites da cápsula da próstata e infiltraram estruturas ao redor como as vesículas seminais ou a musculatura da bexiga T4: Nesse estágio o tumor é fixo ou já invadiu órgãos ao redor da próstata, como a bexiga e o reto. _____ N: avalia-se os linfonodos, que representam uma das primeiras etapas no processo de disseminação do câncer de próstata para todo o corpo. M: avalia se há metástases. Esse estágio representa uma situação onde as células do câncer de próstata conseguiram romper a barreira dos linfonodos cair na Proliferação Celular circulação sanguínea, se alojando em órgãos à distância como: pulmões, ossos, etc. Nesse estágio, não existe cura para o câncer, porém o seu crescimento pode ser controlado com a utilização de bloqueadores hormonais ou mesmo quimioterapia. Tumores confinados à próstata (até estadiamento T2), são tratados com finalidade curativa, de forma que a abordagem possa ser cirúrgica ou radioterápica. Já as lesões com estadiamento acima de T4, que o tumor já invadiu outras estruturas, a abordagem terapêutica deve se basear no tratamento hormonal ou radioterapia paliativa, no intuito apenas de melhorar a qualidade de vida do paciente. TRATAMENTO Os fatores mais importantes para se definir a conduta terapêutica são: a extensão da doença e as condições clínicas do paciente. Na lesão restrita a próstata o tratamento pode ser cirúrgico (prostatectomia radical) ou radioterápica. Ambas podem trazer efeitos indesejados como a impotência sexual. PROSTATECTOMIA → É a retirada cirúrgica da próstata com intuito de cura da doença. → A cirurgia consiste na remoção da próstata e vesículas seminais, além da linfadenectomia das cadeias ilíacas. → Como consequência: impotência sexual (22 a 77% do paciente – lesão do nervo vasculonervoso) e incontinência urinaria (22 a 77%). → Com o passar dos anos, observou-se o retorno da doença por presença de margem cirúrgica (permanência da lesão nas margens do tecido circunjacente à próstata retirada). → Em caso de margem cirúrgica positiva, o doente deve ser submetido a radioterapia ou hormonioterapia. RADIOTERAPIA → O tratamento radioterápico utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células cancerígenas que formam um tumor. → A radioterapia pode ser usada de diferentes maneiras: o Como primeiro tratamento para tumores de baixo grau que estão contidos na glândula prostática. o Como parte do primeiro tratamento junto com a hormonioterapia para tumores que se desenvolveram fora da glândula prostática e nos tecidos adjacentes. o Para tratar tumores que não foram completamente removidos ou que recidivaram após a cirurgia. o Para tratar o câncer avançadoe manter a doença sob controle durante o maior tempo possível, prevenindo ou aliviando os sintomas. HORMONIOTERAPIA → A terapia hormonal tem o objetivo de reduzir o nível dos hormônios masculinos (andrógenos), no corpo. → Os principais andrógenos são a testosterona e a diidrotestosterona (DHT), eles estimulam as células do câncer de próstata a crescerem. → Reduzir os níveis de andrógenos ou impedi-los de atuar nas células cancerígenas da próstata faz com que os tumores diminuam de tamanho ou cresçam mais lentamente por um tempo. → No entanto, apenas a hormonioterapia não cura o câncer de próstata. → A terapia hormonal pode ser utilizada em várias situações: o Se o paciente não pode realizar cirurgia ou radioterapia ou o câncer já se disseminou além da próstata. o Se o câncer não foi totalmente retirado ou recidivou após a cirurgia ou radioterapia. o Junto com a radioterapia como tratamento inicial. o Antes da radioterapia para tentar reduzir o tamanho do tumor e tornar o tratamento mais eficaz QUIMIOTERAPIA → Quimioterapia é o tratamento com medicamentos para destruir o câncer, administrados por via intravenosa ou por via oral. → A quimioterapia é usada se a doença está disseminada e a terapia hormonal não está respondendo. → Pesquisas recentes mostraram que a quimioterapia pode ser útil se administrada junto com a hormonioterapia. → Lembrar que a quimioterapia não é um tratamento Proliferação Celular padrão para o câncer de próstata inicial. → Os medicamentos quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer de próstata incluem: o Docetaxel. o Cabazitaxel. o Mitoxantrona. o Estramustina. PROGNÓSTICO → Quanto mais avançada a doença, menor a chance de cura. → Entretanto, as pessoas respondem de maneira individual aos tratamentos.
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