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Transtorno da Personalidade Antissocial João Freire O QUE É “PERSONALIDADE”? “O próprio conceito de personalidade é complexo e de difícil delimitação, como sugerem as numerosas e diversificadas propostas, com maior ou menor abrangência” (LOUZÃ et al., 2011) “O assunto personalidade e suas alterações talvez seja um dos mais difíceis e polêmicos de toda a psicopatologia... ...termos e conceitos utilizados para esse assunto: personalidade, transtorno da personalidade, caráter, temperamento, self, traços de personalidade... entre outros” (DALGALARRONDO, 2019) TEORIAS DA PERSONALIDADE Tipologia Hipocrático-Galênica Teoria dos Humores ou teoria dos temperamentos Tipologia de Carl Gustav Jung “Tipos Psicológicos” – 2 atitudes básicas Tipologia de Sigmund Freud Energia vital-sexual HUMOR SANGUÍNEO HUMOR COLÉRICO HUMOR FLEUMÁTICO HUMOR MELANCÓLICO EXTROVERSÃO INTROVERSÃO FASE ORAL FASE ANAL FASE FÁLICA FASE GENITAL (LOUZÃ et al., 2011; SADOCK, 2017; DALGALARRONDO, 2019) PERSONALIDADE “conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência” (BASTOS, 1997) “modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas” (WIDIGER, 2011) “conjunto de comportamentos relativamente estáveis que caracterizam um determinado indivíduo“ (LOUZÃ et al., 2011) “refere-se a todas as características de adaptação de formas únicas a ambientes internos e externos em constante modificação” (SADOCK, 2017) “conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência” (BASTOS, 1997) “modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas” (WIDIGER, 2011) “conjunto de comportamentos relativamente estáveis que caracterizam um determinado indivíduo“ (LOUZÃ et al., 2011) “refere-se a todas as características de adaptação de formas únicas a ambientes internos e externos em constante modificação” (SADOCK, 2017) PERSONALIDADE “conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência” (BASTOS, 1997) “modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas” (WIDIGER, 2011) “conjunto de comportamentos relativamente estáveis que caracterizam um determinado indivíduo“ (LOUZÃ et al., 2011) “refere-se a todas as características de adaptação de formas únicas a ambientes internos e externos em constante modificação” (SADOCK, 2017) PERSONALIDADE PERSONALIDADE “conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência” (BASTOS, 1997) “modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas” (WIDIGER, 2011) “conjunto de comportamentos relativamente estáveis que caracterizam um determinado indivíduo“ (LOUZÃ et al., 2011) “refere-se a todas as características de adaptação de formas únicas a ambientes internos e externos em constante modificação” (SADOCK, 2017) PERSONALIDADE “conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência” (BASTOS, 1997) “modo característico como uma pessoa sente, pensa, reage, se comporta e se relaciona com as outras pessoas” (WIDIGER, 2011) “conjunto de comportamentos relativamente estáveis que caracterizam um determinado indivíduo“ (LOUZÃ et al., 2011) “refere-se a todas as características de adaptação de formas únicas a ambientes internos e externos em constante modificação” (SADOCK, 2017) PERSONALIDADE SER PENSAR AGIR SENTIR PERSONALIDADE CARÁTER TEMPERAMENTO PERSONALIDADE X TEMPERAMENTO X CARÁTER Conjunto de elementos da personalidade de base psicossocial e sociocultural. Resulta do temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e sociocultural. Tipo de reação predominante da pessoa ante diversas situações e estímulos do ambiente Fatores genéticos ou constitucionais precoces, que formariam a base genético-neuronal da personalidade (DALGALARRONDO, 2019) PERSONALIDADE HERANÇA GENÉTICA VIVÊNCIAS PESSOAIS PERSONALIDADE (DALGALARRONDO, 2019) PSICOTERAPIAMEDICAÇÕES ACIDENTES TRAUMÁTICOS MUDANÇAS TEMPORÁRIAS OU DURADOURAS → Traços da Personalidade tendem a estabilidade – Adulto/Jovem PERSONALIDADE (LOUZÃ et al., 2011; SADOCK, 2017; DALGALARRONDO, 2019) TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) A. Padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. 2 ou + das seguintes áreas: Cognição Afetividade Funcionamento interpessoal Controle de impulsos Diagnóstico Sindrômico – DSM-V B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais. C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta. E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental. F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo cranioencefálico). TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) Diagnóstico Sindrômico – DSM-V TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL BORDERLINE HISTRIÔNICO NARCISISTA GRUPO A GRUPO B GRUPO C Diagnóstico Sindrômico – DSM-V EXCÊNTRICOS ESQUISITOS DESCONFIADOS EMOTIVOS ERRÁTICOS INSTÁVEIS ANSIOSOS CONTROLADOS - CONTROLADORES MEDROSOS ESQUIZOIDE PARANOIDE ESQUIZOTÍPICO DEPENDENTE EVITATIVO OBSESSIVO- COMPULSIVO (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por 3 (ou +) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL Diagnóstico – DSM-V Informações de terceiros Informações sistemáticas Entrevista de estresse (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,2014) Diagnóstico – DSM-V TRANSTORNO DA CONDUTA A. Um padrão de comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para a idade, tal como manifestado pela presença de ao menos 3 dos 15 critérios seguintes, nos últimos 12 meses, com ao menos um critério presente nos últimos seis meses: AGRESSÃO A PESSOAS E ANIMAIS; DESTRUIÇÃO DE PROPRIEDADE; FALSIDADE OU FURTO; VIOLAÇÕES GRAVES DE REGRAS. ↓ idade dos sintomas de TC ↑ risco de evolução desfavorável ❑Parecem “normais” e até mesmo simpáticos; ❑Histórias trazidas podem revelar perturbação do funcionamento ou várias áreas da vida; ❑Mentiras, fuga de casa, roubos, brigas, abuso de substância e atividades ilegais→ início já na infância; ❑Geralmente não exibem ansiedade nem depressão → incongruente com suas situações; ❑Ameaças de suicídio e preocupações somáticas são comuns; ❑Senso de realidade aguçado → impressionar observadores com boa inteligência verbal; ❑Extremamente manipuladores, convincentes → lucro, fama, notoriedade; ❑Promiscuidade, abuso conjugal, abuso infantil e condução de veículos em estado de embriaguez→ ausência de remorso por tais atos. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL APRESENTAÇÃO CLÍNICA (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; SADOCK, 2017; DALGALARRONDO, 2019) • Prevalência de 12 meses do TPA: entre 0,2 e 3% - DSM-5; • ↑ Prevalência: Homens com transtorno por uso de álcool (acima de 70%) e População carcerária (até 75%) • Mais comum em áreas urbanas pobres e entre residentes eventuais dessas áreas; • Mais comum em homens do que em mulheres; • O início antes dos 15 anos de idade; • 5 X mais comum entre parentes em primeiro grau de homens com TPA. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL EPIDEMIOLOGIA (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; SADOCK, 2017; DALGALARRONDO, 2019) • Prevalência na população geral: 1,9%-3,6%; • 3º TP mais prevalentes na população geral: TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL EPIDEMIOLOGIA (DALGALARRONDO, 2019) TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL FISIOPATOLOGIA + FATORES DE RISCO (NATRIELLI, 2012; AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; SADOCK, 2017; DALGALARRONDO, 2019) COMORBIDADES DOENÇA X DESVIO DA NORMALIDADE FATORES DE RISCO TDAH? Transtornos de Ansiedade? Transtornos Depressivos? Transtornos por uso de substância? • Pobreza social familiar; • Concentração de criminalidade na família; • Deficiência no vínculo pais/criança; • Disciplina e parentagem inadequados; TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL FISIOPATOLOGIA + FATORES DE RISCO FATORES PSICOSSOCIAIS • Dificuldades pré e perinatais; • ↓ nível de cortisol e ↑ de testosterona→ problemas de conduta e ↑ da agressividade; • Disfunções do lobo frontal→ agressividade; • Danos na área pré-frontal→ impulsos dos comportamentos agressivos; • ↓ expressão do gene da monoaminoxidase, do gene transportador da serotonina e do receptor da dopamina FATORES BIOLÓGICOS • Exposição a conflito conjugal e violência doméstica; • Maus-tratos; • Exposição intrauterina ao uso de substâncias; • Má nutrição; • Hiperatividade na infância. (NATRIELLI, 2012; DALGALARRONDO, 2019) TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) • Transtornos por uso de substância → sinais do TPA presentes na infância, continuando até a vida adulta? • Esquizofrenia e transtorno bipolar → Comportamento antissocial ocorre fora do curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar? • Outros transtornos da personalidade → Sintomas em comum com outros transtornos da personalidade (em especial Grupo B: TPB, TPH e TPN) → Os Transtornos coexiste ou um está simulando o outro? • Comportamento criminoso não associado a um transtorno da personalidade → Apenas comportamento criminoso OU padrão de traços da personalidade antissocial inflexíveis e persistentes em diversas áreas da vida do indivíduo que causam prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo? TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL TRATAMENTO - FARMACOLÓGICO (SADOCK, 2017) Sintomatológico: • Evidências de TDAH? psicoestimulantes como metilfenidato • Comportamento Agressivo, impulsivo? Estabilizadores de humor como Lítio, Carbamazepina e Valproato Antipsicóticos atípicos como risperidona; Antipsicóticos de depósito (Clopixol, InvegaSustenna, Haloperidol, Risperdal Consta, etc) ISRS – (Fluoxetina, Sertralina, etc) Também usado: β-bloqueadores como propranolol. OBS1: como com frequência abusam de substâncias, os fármacos devem ser usados de forma criteriosa. OBS2: Não há tratamento medicamentoso para: Insensibilidade/falta de empatia, egocentrismo/narcisismo, perversidade, mentira patológica e comportamentos manipulativos. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL TRATAMENTO - PSICOTERÁPICO (SADOCK, 2017; GIBBON et al., 2020) • Confinamento (p. ex., internação hospitalar) → frequentemente se tornam receptivos a psicoterapia. • Terapias grupais → entre pares a falta de motivação para mudança desaparece. “Intervenções psicológicas para transtorno de personalidade antissocial” ARTE E PSIQUIATRIA 1. SEVERINO (AUTO DA COMPADECIDA) 2. JEREMIAS (FAROESTE CABOCLO) 3. JOÃO ESTRELA (MEU NOME NÃO É JOHNNY) 4. JOÃO (MADAME SATÃ) 5. ANDRÉ (O HOMEM QUE COPIAVA) 1 5 4 3 2 (HONORATO et al., 2018) (adaptado de LOUZÃ et al., 2011) ID: L. P. S., 16 anos, sexo masculino, estudante, solteiro. Reside em Salvador-BA (bairro: São Cristóvão). Acompanhado da genitora – J. P. M (32 anos). QP: “não fica quieto” há 4 anos. HDA: Genitora refere que paciente cursou com grande inquietação motora e comportamento impulsivo na escola há 4 anos. Relata que a partir dos 12 anos o paciente se tornou mais rebelde: faltava aula com frequência, realizava atos de vandalismo (quebrar objetos da escola e telefones públicos), se tornou mais agressivo em casa (grita e xinga mãe e avó) e começou a usar cigarro e bebidas alcóolicas. Genitora traz, também, que há 2 anos o paciente abandonou a escola após inúmeras suspensões e reprovações nas disciplinas do ensino fundamental; e que recentemente o paciente se associou a criminosos para traficar drogas e conseguir dinheiro para comprar uma moto e “roupas de marca” (SIC). (O paciente saiu para ir ao banheiro no início da consulta e só retornou após alguns minutos, dizendo que “estava com uma fila enorme”. Todas as vezes que foi interrogado concordou/discordou balançando a cabeça ou respondeu de forma monossilábica. Ao solicitar que ele falasse mais sobre a inquietação, disse sorrindo: “não lembro não. Mas estou de boa”) IS: Paciente refere constantes dores no corpo e febre. Genitora interrompe referindo que “isso era antes de abandonar a escola. Ele mentia para não ir” (SIC). TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL CASO CLÍNICO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL CASO CLÍNICO ANTECEDENTES: Genitora é G3, P1, A2. Refere abortos provocados pois seu ex-parceiro (e pai do paciente) estava preso e é ausente. Relata acompanhamento pré-natal irregular e aumento do uso de cigarro para lidar com a ansiedade nesse período. Parto a termo sem intercorrências. Genitora relata também que já na creche o paciente era agressivo com outras crianças e pouco tolerante a frustrações. Paciente relata dificuldades na alfabetização: “eu não fazia as atividades... Minha cabeça não gosta de ler. Sou mais da prática, entendeu?” (SIC) HV: Paciente refere etilismo e tabagismo social. Relata que usa cola, maconha e cocaína eventualmente. Paciente não realiza atividades físicas. Tem vida sexual ativa, refere não ter parceira fixa e diz usar preservativo em todas as relações. EXAME PSÍQUICO: Discreta agitação psicomotora e atividade verbal pouco responsiva. Hipovigilante. Insight fraco. EXAME FÍSICO: Região palmar da mão bilateralmente com manchas eritematosas. (adaptado de LOUZÃ et al., 2011) ID: L. P. S., 16 anos, sexo masculino, estudante, solteiro.Reside em Salvador-BA (bairro: São Cristóvão). Acompanhado da genitora – J. P. M (32 anos). QP: “não fica quieto” há 4 anos. HDA: Genitora refere que paciente cursou com grande inquietação motora e comportamento impulsivo na escola há 4 anos. Relata que a partir dos 12 anos o paciente se tornou mais rebelde: faltava aula com frequência, realizava atos de vandalismo (quebrar objetos da escola e telefones públicos), se tornou mais agressivo em casa (grita e xinga mãe e avó) e começou a usar cigarro e bebidas alcóolicas. Genitora traz, também, que há 2 anos o paciente abandonou a escola após inúmeras suspensões e reprovações nas disciplinas do ensino fundamental; e que recentemente o paciente se associou a criminosos para traficar drogas e conseguir dinheiro para comprar uma moto e “roupas de marca” (SIC). (O paciente saiu para ir ao banheiro no início da consulta e só retornou após alguns minutos, dizendo que “estava uma fila enorme”. Todas as vezes que foi interrogado concordou/discordou balançando a cabeça ou respondeu de forma monossilábica. Ao solicitar que ele falasse mais sobre a inquietação, disse sorrindo: “não lembro não. Mas estou de boa”) IS: Paciente refere constantes dores no corpo e febre. Genitora interrompe referindo que “isso era antes de abandonar a escola. Ele mentia para não ir” (SIC). TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL CASO CLÍNICO (adaptado de LOUZÃ et al., 2011) TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL CASO CLÍNICO ANTECEDENTES: Genitora é G3, P1, A2. Refere abortos provocados pois seu ex-parceiro (e pai do paciente) estava preso e é ausente. Relata acompanhamento pré-natal irregular e aumento do uso de cigarro para lidar com a ansiedade nesse período. Parto a termo sem intercorrências. Genitora relata também que já na creche o paciente era agressivo com outras crianças e pouco tolerante a frustrações. Paciente relata dificuldades na alfabetização: “eu não fazia as atividades... Minha cabeça não gosta de ler. Sou mais da prática, entendeu?” (SIC) HV: Paciente refere etilismo e tabagismo social. Relata que usa cola, maconha e cocaína eventualmente. Paciente não realiza atividades físicas. Tem vida sexual ativa, refere não ter parceira fixa e diz usar preservativo em todas as relações. EXAME PSÍQUICO: Discreta agitação psicomotora e atividade verbal pouco responsiva. Hipovigilante. Insight fraco. EXAME FÍSICO: Região palmar da mão bilateralmente com manchas eritematosas. (adaptado de LOUZÃ et al., 2011) REFERÊNCIAS (SADOCK, 2017) • AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatísticos de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre, RS: Artmed. 2014. • DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. • GIBBON, S. et al. Psychological interventions for antisocial personality disorder. Cochrane Database of Systematic Reviews. v.9, 2020. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD007668.pub3/full. Acesso em: 02 dez. 2020. • HONORATO, T, G. et al. The antisocial personality disorder in the Brazilian movies. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 67, n. 3, p. 143-150, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v67n3/1982-0208- jbpsiq-67-03-0143.pdf. Acesso em: 02 dez. 2020. • LOUZÃ, M. R. N. et al. Transtornos da personalidade. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. • NATRIELLI, D. G. F. et al. Fatores de risco envolvidos no desenvolvimento da psicopatia: uma atualização. Diagn. tratamento, v. 17, n. 1, p. :9-13, 2012. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1413- 9979/2012/v17n1/a2840.pdf. Acesso em: 02 dez. 2020. • SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A.; RUIZ, P. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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