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Roteiro - Aula 6

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INTENSIVO I 
Barney Bichara 
Direito Administrativo 
Aula 6 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Tema: Organização Administrativa (continuação) 
 
6. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
 
A. Conceito 
A Administração Pública indireta é um conjunto de entidades que o Estado cria para que essas pessoas jurídicas exerçam, 
de forma descentralizada, a atividade administrativa ou para que, em situações excepcionais, explorem atividade 
econômica. 
 
Observações: 
1ª) Administração Pública indireta é um conjunto de entidades, isto é, um conjunto de pessoas jurídicas. 
 
✓ Entidade é sinônimo de pessoa jurídica. 
✓ Assim sendo, a entidade possui personalidade jurídica própria e é sujeito de direitos e obrigações. Além disso, 
possui patrimônio. 
✓ O professor destaca que, por esse motivo, as legislações citam “Submetem-se a essa lei os órgãos e as entidades 
da administração pública (...)” 
• “Órgão” se refere à unidade que integra a pessoa jurídica e que, portanto, não possui personalidade. 
• “Entidade” é a unidade dotada de personalidade jurídica própria. Trata-se de uma pessoa diversa. 
 
2ª) O órgão integra a pessoa. A entidade é a própria pessoa (dotada de personalidade jurídica). O artigo 1º, parágrafo 2º, 
inciso II, da Lei n. 9.784/1999 conceitua entidade como unidade de atuação dotada de personalidade jurídica. 
 
 
 
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LEI 9.784/1999 
“ Art. 1º 
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: 
II - ENTIDADE - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;” 
 
Em suma: A Administração Pública indireta é um coletivo, pois é um conjunto de entidades/pessoas jurídicas, cada qual 
com a sua personalidade, patrimônio, orçamento, servidores, finalidade, bens etc. 
 
3ª) O Estado cria essas entidades para que elas atuem de forma descentralizada, desempenhando uma função 
administrativa. Entretanto, em alguns casos, algumas dessas pessoas jurídicas desse conjunto explorarão, 
excepcionalmente, a atividade econômica. A este conjunto, dá-se o nome de da Administração Pública indireta. 
 
Atenção: o professor ressalta que, muitas vezes, ao ser questionado sobre o que é Administração Pública indireta, o aluno, 
ao invés de conceituar o termo, dá exemplos. As autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de 
economia mista são pessoas jurídicas/entidades que integram a administração indireta, mas não são o seu conceito em 
si. 
 
B. Integrantes 
Quais pessoas/entidades fazem parte da Administração Pública indireta? A resposta é dada pelo DL 200/1967. 
 
DL 200/1967 
“Art. 4° A Administração Federal compreende: 
II - A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade 
jurídica própria: 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
c) Sociedades de Economia Mista. 
d) fundações públicas” 
 
Atenção: apenas as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista integram a 
Administração Pública indireta. As empresas subsidiárias e as empresas público-privadas não integram a Administração 
Pública indireta. 
 
Observações: 
1ª) Empresas público-privadas: não integram a administração indireta. 
Antes de conceituar tais empresas, é necessário que o aluno tenha atenção para não as confundir com as parcerias 
público-privadas. 
 
 
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✓ As parcerias público-privadas se referem a um contrato de concessão, que, por sua vez, é forma de delegação. 
 
Empresas público-privadas são aquelas em que o Estado participa como sócio, mas não figura como controlador. 
O professor destaca que uma das formas de privatização é essa: o Estado aliena o controle acionário. 
Exemplo: a Vale do Rio Doce (hoje denominada de Vale), antiga empresa estatal instituída no governo Vargas, foi 
privatizada na década de 90. Neste momento, a União vendeu o controle acionário da empresa. 
 
O professor ressalta, a título de exemplo (e de modo bastante simplificado) que, se a União possui 55% das ações de uma 
estatal e aliena 6% (ficará com menos de 50%), ela deixará de ter o controle acionário. Nesse caso, a entidade sai do 
domínio estatal, embora a União continue com 49% das ações. 
 
Exemplos de empresas público-privadas: empresa JBS (o BNDES possui ações do grupo), Vale (a União é acionista e possui 
a “golden share”). 
 
Em suma: nesses casos, o Estado perde o controle, mas a empresa continua sendo público-privada, pois há participação 
do Estado no capital da empresa. Normalmente, o Estado mantém para si a chamada “golden share”. 
 
As empresas público-privadas não integram a Administração Pública indireta e, portanto, não estão submetidas às normas 
do art. 37 da CF/1988 (licitação, concurso etc.), pois este dispositivo traz normas para a administração direta e para a 
administração indireta. 
 
2ª) Empresas subsidiárias: são empresas criadas por empresas públicas ou sociedades de economia. 
Exemplo: a União criou a Petrobrás (sociedade de economia mista) e o Banco do Brasil (sociedade de economia mista). 
Ambas as empresas estatais integram a Administração Pública indireta. 
A Petrobrás, por sua vez, criou a empresa BR Distribuidora de Combustível, a Gaspetro e a Transpetro. Estas são 
subsidiárias da Petrobrás. 
O Banco do Brasil também criou, exemplificativamente, o BB Seguros e o BB Corretora. Estas empresas são subsidiárias 
do Banco do Brasil. 
✓ As empresas subsidiárias também não integram a Administração Pública indireta. 
 
CF, art. 37, XX: “depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas 
no inciso anterior1, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;” 
 
1 CF, art. 37, XIX: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, 
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação;” 
 
 
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Questões: 
É necessário que haja lei para criar subsidiárias? Sim 
É necessário que haja lei autorizando o Estado a participar de sociedades? Sim. 
 
Cuidado: o STF entende que não é necessário lei que autorize a criação de subsidiárias ou lei que autorize a participação 
das entidades da administração indireta em outras sociedades se a lei que instituiu a empresa pública ou a sociedade de 
economia mista já trouxer tal autorização. 
Exemplo: a União pretende criar uma sociedade de economia mista. Para tal, a União precisa instituí-la por meio de 
autorização legal. Imagine que, no texto da lei que autoriza a instituição, há um dispositivo autorizando a futura sociedade 
de economia mista a criar subsidiárias. Neste caso, é dispensável, portanto, a autorização legislativa individualizada em 
relação a cada subsidiária a ser criada. 
 
Em suma: o artigo 37, inciso XX, da CF/1988 prevê a possibilidade das empresas públicas e das sociedades de economia 
mista criarem empresas subsidiárias. Segundo o entendimento do STF, basta, para isso, a previsão na própria lei criadora 
da empresa estatal matriz; sendo dispensável a autorização legislativa individualizada em relação a cada subsidiária criada. 
 
“EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9478/97. AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR 
SUBSIDIÁRIAS. OFENSA AOS ARTIGOS 2º E 37, XIX E XX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO 
IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 não autorizou a instituição de empresa de economia mista, mas sim a criação de 
subsidiárias distintas da sociedade-matriz, em consonância com o inciso XX, e não com o XIX do artigo 37 da Constituição 
Federal. 2. É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para 
esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria 
medida autorizadora. Ação direta de inconstitucionalidadejulgada improcedente.” ADI 1649 
 
C. Princípios da Administração Pública indireta 
 
Este tópico abrange as normas comuns a todas as entidades que integram a Administração Pública indireta. 
✓ Obs.: o professor destaca que alguns autores denominam este tópico de “Características Administração Pública 
indireta”. 
 
1º. Princípio da Reserva Legal 
A criação de cada entidade da Administração Pública indireta depende de lei específica. 
 
Observação: o Código Civil é quem disciplina as pessoas jurídicas e, em seu art. 45, preceitua o seguinte: 
 
 
 
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CC, art. 45: “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito 
do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.” 
 
As pessoas jurídicas de direito público adquirem personalidade com a vigência da lei. Já as pessoas jurídicas de direito 
privado adquirem personalidade jurídica com o registro dos atos constitutivos no órgão competente. 
 
Atenção: o princípio da reserva legal diz que é necessária lei específica para criar ou autorizar entidade da Administração 
Pública indireta. Entretanto, o fato de haver criação ou autorização é determinado pelo Código Civil, pois dependerá de a 
pessoa ser de direito público ou privado. 
• Se a pessoa que será criada é de direito público, basta a vigência da lei para ela adquirir personalidade jurídica. 
• De outro lado, lei não tem poder para criar pessoa jurídica de direito privado. Assim sendo, no caso de criação de 
pessoa jurídica de direito privado, essa lei específica apenas autoriza a criação, pois, neste caso, tais pessoas 
jurídicas apenas adquirem a personalidade jurídica com o registro dos atos constitutivos no órgão competente. 
 
CF, art. 37, XIX: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de 
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação;” 
 
2º. Princípio da Independência 
Esse princípio estabelece que cada entidade da Administração Pública indireta possui autonomia para desempenhar suas 
atribuições. 
✓ Trata-se de uma pessoa jurídica distinta do Estado. 
 
O professor destaca que, como são pessoas jurídicas diferentes, inexiste relação hierárquica com o Estado, já que não há 
hierarquia entre pessoas diversas. 
 
A entidade da Administração Pública indireta possui autonomia administrativa, financeira, técnica e operacional. 
 
3º. Princípio da Especialidade 
Apesar de haver autonomia, cada pessoa da Administração Pública indireta só pode atuar dentro de suas atribuições 
institucionais definidas em lei. Trata-se da chamada capacidade administrativa específica. 
Exemplo: se a União criou a Universidade Federal de Pernambuco (autarquia) para ensino, pesquisa e extensão, esta 
autarquia somente terá autonomia para o desempenho dessas atividades institucionais definidas em lei. 
 
 
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✓ Esse princípio indica a capacidade administrativa específica de cada pessoa da administração indireta. 
 
LEI 6.404/1976 (Lei de S.A.) 
“Art. 237. A companhia de economia mista somente poderá explorar os empreendimentos ou exercer as atividades 
previstas na lei que autorizou a sua constituição.” 
 
4º. Princípio da Tutela 
Também é chamado de controle ou de supervisão ministerial. 
Esse princípio traduz a ideia de que a administração direta controla a administração indireta. 
Atenção: nesse caso, não há hierarquia, há controle. Não há autotutela, há tutela. Não há subordinação, há vinculação. 
 
Tipos de controle: 
A administração direta exerce controle político (escolha dos dirigentes) e controle finalístico sobre a administração 
indireta. 
✓ No caso do controle político, a escolha dos dirigentes das autarquias, fundações públicas, empresas públicas e 
sociedades de economia mista é do chefe do Poder Executivo. 
✓ Para que haja controle político, os cargos de dirigentes são de livre nomeação e de livre exoneração. 
✓ O professor destaca que esse controle político é necessário para que o chefe do Poder Executivo possa definir a 
políticas públicas a serem executadas e para que a administração possa executá-las. Esse tema remete à diferença 
entre Governo e Administração, a qual já foi vista neste curso. 
 
✓ Em relação ao controle finalístico, ele é necessário para que a Administração Pública direta verifique se a entidade 
da Administração Pública indireta está exercendo a atividade prevista na lei específica que a criou/autorizou. 
 
DL 200/1967, art. 4º: “A Administração Federal compreende: 
(...) 
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de 
competência estiver enquadrada sua principal atividade.” 
 
Exemplo 1: a autarquia IBAMA foi criada para exercer poder de polícia sobre o meio ambiente. O IBAMA está vinculado 
ao Ministério do Meio Ambiente, o qual exercerá supervisão/tutela sobre esta autarquia. 
 
Como estados e municípios não possuem ministérios, a supervisão ministerial não é um nome adequado. Trata-se do 
controle que a administração direta exerce sobre a administração indireta. 
 
Exemplo 2: Petrobrás (sociedade de economia mista) é controlada pelo Ministério de Minas e Energia. 
 
 
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7. AUTARQUIAS 
 
A. Conceito 
Autarquia é uma pessoa jurídica de direito público, criada pelo Estado para desempenhar atividades típicas da 
Administração Pública, que exijam, para melhor funcionamento, uma gestão descentralizada. 
 
✓ É dotada das mesmas prerrogativas e restrições do Estado, em função de sua personalidade jurídica de direito 
público. 
 
Obs.: atividade administrativa típica é aquela que, para ser exercida, depende de prerrogativas de direito público para o 
exercício. 
Exemplo de atividade administrativa típica: exercício do poder de polícia. 
 
DL 200/1967, art. 5º, I: “Para os fins desta lei, considera-se: 
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar 
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e 
financeira descentralizada.” 
 
✓ O conceito dado pelo decreto é muito antigo, mas ainda está em vigor. Apesar de a lei afirmar que autarquia é 
“serviço autônomo”, isso não desnatura o que foi estudado sobre pessoas jurídicas. 
 
Cuidado: não confundir o conceito de autarquia constante do referido Decreto-Lei (serviço autônomo) com os serviços 
sociais autônomos das entidades que compõem o sistema S. 
 
B. Criação e Extinção 
A criação e a extinção da autarquia são feitas por lei específica - Princípio do paralelismo ou da simetria. 
 
✓ Como a autarquia é pessoa jurídica de direito público, ela adquire personalidade jurídica no momento da vigência 
da lei específica. 
 
O Poder Judiciário e o Poder Legislativo também podem criar autarquias, já que os três poderes exercem função 
administrativa (de forma típica ou atípica). 
✓ Se, exemplificativamente, o Poder Judiciário quiser criar uma autarquia, ele enviará um projeto de lei ao Poder 
Legislativo para que este transforme o PL em lei (com sanção presidencial). 
✓ Se o Poder Legislativo quiser criar uma autarquia, ele enviará um projeto de lei de iniciativa própria ao chefe do 
executivo, que será responsável pela sanção. 
 
 
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Como os três poderes exercem função administrativa (de forma típica ou atípica), todos eles podem executar essa 
atividade administrativa de formacentralizada ou descentralizada. Assim sendo, haverá Administração Pública direta do 
Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, bem como a Administração Pública indireta dos respectivos 
poderes. 
 
CF, art. 37, XIX: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de 
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação;” 
 
C. Patrimônio 
A autarquia é pessoa jurídica com personalidade jurídica própria e, portanto, possui patrimônio próprio. 
 
Os bens de uma autarquia são bens públicos. 
 
CC, art. 98: “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos 
os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.” 
 
Como os bens de uma autarquia são públicos, consequentemente, eles são impenhoráveis, imprescritíveis, não sujeitos à 
oneração (penhor, hipoteca). A autarquia está sujeita ao regime de precatórios do art. 100 da CF/1988 (precatórios ou 
RPV). 
✓ As condenações judiciais que imponham obrigação de pagar em face da autarquia serão pagas por precatórios 
(ou RPV) daquela autarquia. 
 
D. Pessoal 
 
Questão: Qual o regime jurídico dos servidores de uma autarquia? 
Sujeitam-se ao regime jurídico único (art. 39, caput, CF) e o ingresso no serviço público é feito mediante concurso público 
de provas ou provas e títulos. 
✓ Quem define o regime jurídico de servidor (estatutário ou celetista) de autarquia é a lei. Entretanto, o regime 
jurídico deve ser único. 
 
CF, art. 39: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime 
jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações 
públicas.” (Vide ADIN nº 2.135-4) 
 
 
 
 
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E. Atos e Contratos 
 
Como pessoas jurídicas de direito público, as autarquias praticam atos administrativos, sujeitando-se, por consequência, 
aos ditames da Lei de Licitação (art. 37, XXI, CF). 
✓ A autarquia é obrigada a licitar para contratar, ressalvadas as dispensas e inexigibilidades previstas na legislação. 
 
Há outras leis de licitação que também são aplicadas às autarquias: lei do pregão (Lei 10.520/2002) e, em alguns casos, o 
RDC (regime diferenciado de contratação – Lei 12.462/2011). 
 
CF, art. 37, XXI: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão 
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com 
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o 
qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações” 
 
F. Responsabilidade Civil 
Responsabilidade civil é o dever de reparar um dano. A responsabilidade civil da autarquia por danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros é objetiva. 
 
CF, art. 37, § 6º: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos 
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso 
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” 
 
G. Prescrição 
Esse tópico se refere ao prazo que a pessoa que teve seu direito lesado tem para ajuizar ação em face de autarquia – 
prescrição quinquenal. 
 
DECRETO 20.910/1932 
“Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a 
Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato 
ou fato do qual se originarem.” 
 
Obs.: Fazenda Pública é termo muito antigo que se refere às pessoas jurídicas de direito público. 
 
✓ Qualquer direito ou ação em face da Fazenda Pública prescreve em 5 anos, a contar da data do ato ou fato do 
qual se originarem. 
 
 
 
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RE 669069 – “É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.” 
✓ O RE 669069 refere-se ao prazo que a Fazenda Pública tem para demandar alguém por ilícito civil. 
✓ O STF precisou julgar esse RE com repercussão geral porque, por muitos anos, predominou o entendimento de 
que as ações de ressarcimento conduzidas pela Fazenda Pública eram imprescritíveis. 
✓ O STF não versou sobre o prazo de prescrição. Entretanto, por equidade, entende-se que o prazo também é de 5 
anos. 
 
H. Prerrogativas Tributárias 
A autarquia possui prerrogativas tributárias e goza de imunidade recíproca relativa. 
 
✓ A imunidade é relativa pois somente recai sobre os bens, patrimônio e receitas destinados à atividade 
administrativa. 
 
CF, art. 150, § 2º: “A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder 
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas 
decorrentes.” 
 
Atenção: a União, os estados, os municípios e o DF gozam de imunidade absoluta, ou seja, não pagam impostos sobre 
nada. Já as autarquias possuem imunidade relativa apenas. 
 
I. Prerrogativas Processuais 
Sendo a autarquia uma pessoa jurídica de direito público, ela goza das mesmas prerrogativas processuais do Estado: 
prazos dilatados, intimação pessoal, duplo grau de jurisdição obrigatório e execução judicial na forma do art. 100 da CF 
(precatórios e RPV). 
 
CPC, art. 183: “A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito 
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da 
intimação pessoal. 
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. 
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o 
ente público.” 
 
CPC, art. 496: “Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, 
a sentença: 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de 
direito público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. (...)” 
 
 
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ARE 648629 – “A prerrogativa processual da Fazenda Pública Federal de receber intimações pessoais, nos termos do art. 
17 da Lei 10.910/2004, não tem aplicação no âmbito do procedimento dos Juizados Especiais Federais.” 
 
✓ Apesar de a autarquia ter a prerrogativa de ser intimada pessoalmente, tal privilégio não é concedido no âmbito 
dos juizados. 
Exemplo: INSS é autarquia e não possui o privilégio de intimação pessoal no juizado. 
 
J. Controle 
 
A autarquia é pessoa jurídica de direito público, com autonomia, patrimônio e bens próprios, servidores e estrutura 
própria, mas ela se sujeita ao controle. 
 
Há 3 controles sobre a autarquia: 
1. Administrativo – Trata-se da tutela administrativa, ou seja, é o controle que a Administração Direta exerce sobre ela. 
2. Legislativo - Controle que o Poder Legislativo e o Tribunal de Contas, nas hipóteses descritas na CF/1988, exercem 
sobre as autarquias. 
3. Judicial – É o controle que o Poder Judiciário exerce sobre a autarquia (art. 5º, XXXV, CF2). 
Obs.: neste caso, o professor relembra o conceito de jurisdição condicionada (Aula 1), pois, quando se trata de benefícios 
previdenciários, para ajuizar ação em face do INSS, é necessário comprovar a decisão administrativa sobre o assunto. 
 
K. Conselhos Profissionais 
 
Os conselhos profissionais têm natureza jurídica de autarquia, pois exercem poder de polícia sobre as categorias 
profissionaise tal atividade requer, para seu desempenho, regime jurídico de direito público. 
Ex.: CREA, CRM, CRO. 
 
“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 58 E SEUS 
PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES 
REGULAMENTADAS. 
(...) 
2. Isso porque a interpretação conjugada dos artigos 5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da 
Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de 
Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades 
profissionais regulamentadas, como ocorre com os dispositivos impugnados. 3. Decisão unânime.” ADI -1717 
 
2 CF, art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” 
 
 
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✓ Como os conselhos profissionais têm natureza jurídica de autarquia, eles se submetem ao regime jurídico das 
autarquias: criação, extinção, bens, responsabilidade civil, atos, contratos, imunidade, privilégios processuais, 
controle etc. 
 
Observação: na ADI 3.026, o STF disse que a OAB não é autarquia e, portanto, não integra a administração pública e não 
se sujeita às regras da administração indireta (exemplo: concurso, prestação de contas, licitação) nem a nenhuma forma 
de controle. 
✓ A OAB é entidade sui generis. 
 
“Ação Direta de Inconstitucionalidade. §1º do artigo 79 da Lei nº. 8906/9, 2ª Parte. "Servidores" da Ordem dos Advogados 
do Brasil. Preceito que possibilita a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha do regime jurídico no 
momento da aposentadoria. Indenização. Imposição dos ditames inerentes à Administração Pública direta e Indireta. 
Concurso público (Art. 37, II da Constituição do Brasil). Inexigência de concurso público para a admissão dos contratados 
pela OAB. Autarquias especiais e agências. Caráter jurídico da OAB. Entidade prestadora de serviço público 
independente. Categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Autonomia e 
independência da entidade. Princípio da moralidade. Violação do artigo 37, caput, da Constituição do Brasil. Não 
ocorrência.” ADI 3026 
 
RE 603583 – “O Exame, inicialmente previsto no artigo 48, inciso III, da Lei nº 4.215/63 e hoje no artigo 8º, inciso IV, da 
Lei nº 8.906/94, mostra-se consentâneo com a Constituição Federal. Com ela é compatível a prerrogativa conferida à 
Ordem dos Advogados do Brasil para aplicação do exame de suficiência relativo ao acesso à advocacia.” 
 
RE 595332 – “Compete à Justiça Federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil, quer mediante 
o Conselho Federal, quer seccional, figure na relação processual.” 
 
✓ O STF determinou que as ações que envolvam a OAB, independentemente de ser Conselho Federal ou órgão 
seccional, são julgadas pela justiça federal. 
 
RE 938837- “Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização não se 
submetem ao regime de precatórios.” 
 
✓ Cuidado: embora o Conselho Profissional seja autarquia, a execução judicial das obrigações de pagar do conselho 
não é feita pelo regime de precatórios. 
 
 
 
 
 
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Entendimentos consolidados do STJ: 
 
STJ: “Com a suspensão da redação dada pela Emenda Constitucional n. 19/1998 ao caput do art. 39 da Constituição 
Federal de 1988, no julgamento da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.135/DF, o regime 
jurídico dos conselhos profissionais deve ser, obrigatoriamente, o estatutário.” 
 
✓ Servidor de conselho profissional é, necessariamente, estatutário. 
 
STJ: “Os servidores dos conselhos de fiscalização profissional submetem-se ao regime jurídico único, de modo que a 
aposentadoria ocorrida após a publicação das decisões proferidas nas ADI n. 1.717/DF e ADI n. 2.135/DF, esta última em 
sede de liminar, segue o regime estatutário.” 
 
STJ: “Os conselhos de fiscalização profissionais não podem registrar seus veículos como oficiais porque compõem a 
administração pública indireta e o §1º do art. 120 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB autoriza apenas o registro de 
veículos oficiais da administração direta.” 
 
✓ Veículo de conselho profissional não usa placa de veículo oficial. Apenas veículos da administração direta possuem 
essa prerrogativa. 
 
STJ: “Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões regulamentadas, inclusive no que 
concerne à cobrança de anuidades e à aplicação de sanções.” 
 
STJ: “A partir da vigência da Lei n. 12.514/2011, o fato gerador para a cobrança de anuidades de órgão de fiscalização 
profissional é o registro no conselho e não mais o efetivo exercício da profissão.” 
 
✓ O fato gerador do pagamento da anuidade do conselho profissional é o registro no conselho, independentemente 
de a pessoa exercer ou não a profissão. 
 
STJ: “As anuidades devidas aos conselhos profissionais constituem contribuição de interesse das categorias profissionais, 
de natureza tributária, sujeita a lançamento de ofício.” 
 
STJ: “Os conselhos de fiscalização profissionais possuem natureza jurídica de autarquia, sujeitando-se, portanto, ao 
regime jurídico de direito público.” 
 
STJ: “O prazo prescricional para cobrança de anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início somente quando o 
total da dívida inscrita atingir o valor mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades, conforme disposto no art. 8º da Lei 
n. 12.514/2011.” 
 
 
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✓ O entendimento do STJ sobre o prazo prescricional para cobrança de anuidades é importante para evitar que o 
conselho ingresse com execução de dívidas muito pequenas. 
 
STJ: “A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, embora possua natureza jurídica especialíssima, submete-se ao disposto 
no art. 8º da Lei n. 12.514/2011, que determina que os conselhos de classe somente executarão dívida de anuidade 
quando o total do valor inscrito atingir o montante mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades.” 
 
STJ: “Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de Fiscalização Profissional. 
(Súmula n. 66/STJ)” 
 
STJ: “Não se aplica o art. 20 da Lei n. 10.552/2002, que determina o arquivamento provisório das execuções de pequeno 
valor, às execuções fiscais propostas pelos conselhos regionais de fiscalização profissional.” 
 
✓ As execuções fiscais de pequeno valor não são arquivadas nos termos do art. 20 da Lei n. 10.552/20023. Caso 
contrário, os conselhos fiscais não poderiam executar nenhuma dívida. 
 
STJ: “Em execução fiscal ajuizada por conselho de fiscalização profissional, seu representante judicial possui a prerrogativa 
de ser pessoalmente intimado. (Tese julgada sob o rito do art. 1.039 do CPC/2015 - TEMA 580)” 
 
✓ O conselho profissional, por ser autarquia, tem prerrogativa de ser intimado, pessoalmente, na pessoa de seu 
representante legal. 
 
 
3 Lei 10552/2002, art. 20: “Serão arquivados, sem baixa na distribuição, por meio de requerimento do Procurador da 
Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos em dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da 
Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior àquele estabelecido em ato do Procurador-
Geral da Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) 
§ 1o Os autos de execução a que se refere este artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os 
limites indicados. 
§ 2o Serão extintas, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, as execuções que versem 
exclusivamente sobre honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil 
reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) 
§ 3o (Revogado pelaLei nº 13.043, de 2014) 
§ 4o No caso de reunião de processos contra o mesmo devedor, na forma do art. 28 da Lei no 6.830, de 22 de setembro 
de 1980, para os fins de que trata o limite indicado no caput deste artigo, será considerada a soma dos débitos 
consolidados das inscrições reunidas. (Incluído pela Lei nº 11.033, de 2004)” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L11033.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L11033.htm#art21
 
 
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STJ: “O benefício da isenção do preparo, conferido aos entes públicos previstos no art. 4º, caput, da Lei n. 9.289/1996, é 
inaplicável aos conselhos de fiscalização profissional. (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 - TEMA 625)” 
 
✓ Preparo é o pagamento das custas processuais para a interposição de recursos. 
✓ Atenção: Os conselhos de fiscalização profissional não são isentos do preparo, mesmo sendo autarquia. 
 
STJ: “A atividade de músico é manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão, de modo que a 
exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil - OMB, bem como de pagamento de anuidade para o exercício de 
tal profissão, torna-se incompatível com a Constituição Federal de 1988.” 
 
✓ Músico não tem a obrigatoriedade de se registrar em conselho de fiscalização profissional. 
 
STJ: “As empresas de factoring convencional não precisam ser registradas nos conselhos regionais de administração, visto 
que suas atividades são de natureza eminentemente mercantil, ou seja, não envolvem gestões estratégicas, técnicas e 
programas de execução voltados a um objetivo e ao desenvolvimento de empresa.” 
 
STJ: “O ato do Conselho de Contabilidade, que requisita dos contadores e dos técnicos livros e fichas contábeis de seus 
clientes, não viola os princípios da privacidade e do sigilo profissional, já que visa à fiscalização da atividade contábil dos 
profissionais nele inscritos.” 
 
✓ O Conselho de Contabilidade pode requisitar dos contadores os livros e fichas contábeis de seus clientes. 
 
STJ: “Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as farmácias e as drogarias quanto 
ao cumprimento da exigência de manter profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de 
funcionamento dos respectivos estabelecimentos. (Súmula n. 561/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 
- TEMA 715)” 
 
✓ Toda a farmácia deve ter um farmacêutico no estabelecimento durante todo o expediente. 
 
STJ: “O registro de restaurantes e de bares no Conselho Regional de Nutrição e a presença de profissional técnico 
(nutricionista) não são obrigatórios, pois a atividade básica desses estabelecimentos não é a fabricação de alimentos 
destinados ao consumo humano (art. 18 do Decreto n. 84. 444/1980), nem se aproxima do conceito de saúde trazido pela 
legislação específica.” 
 
L. Agências Executivas 
Agências executivas são autarquias ou fundações públicas que recebem essa qualificação do Presidente da República. 
 
 
 
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✓ O termo “agência executiva” é uma qualificação que o Chefe do Poder Executivo Federal atribui a uma autarquia 
ou fundação pública que preencha os requisitos da lei (art. 51 da Lei 9.649/1998). Essa atribuição é feita por 
decreto. 
✓ Decreto é ato administrativo, portanto, é inferior à lei. Assim sendo, a qualificação de “agência executiva” dada 
às autarquias ou às fundações públicas não tem o condão de alterar a natureza jurídica, pois esta é dada pela lei. 
 
LEI Nº 9.649/1998 
“Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido os 
seguintes requisitos: 
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; 
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor. 
§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da República.” 
 
✓ Obs.: Todo ato do Presidente da República tem forma de decreto. 
 
Requisitos: 
1º) Ser autarquia ou fundação pública; 
2º) Ter um plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional; 
3º) Celebrar um contrato de gestão com o ministério supervisor. 
 
Nenhuma autarquia ou fundação nasce agência executiva. A lei cria autarquia ou fundação pública. Após a criação, essa 
entidade pode ser qualificada por decreto como agência executiva. 
 
✓ Agência executiva é qualificação temporária, é um título. Se a autarquia e a fundação deixarem de cumprir os 
requisitos, elas perdem o título adquirido. 
 
LEI Nº 9.649/1998 
“Art. 52. Os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional definirão diretrizes, políticas e 
medidas voltadas para a racionalização de estruturas e do quadro de servidores, a revisão dos processos de trabalho, o 
desenvolvimento dos recursos humanos e o fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva. 
§ 1º Os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão celebrados com periodicidade mínima de um ano e 
estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos 
necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento. ” 
 
M. Agências Reguladoras 
 
As agências reguladoras têm natureza jurídica de autarquia. São autarquias de regime especial. 
 
 
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✓ Em 2019, a legislação sobre agência reguladora foi alterada. 
 
Há duas leis que devem ser estudadas sobre o tema: 
 
• LEI 9.986/2000 – Dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras e dá outras providências. 
• Lei13.848/2019 - Dispõe sobre a gestão, a organização, o processo decisório e o controle social das agências 
reguladoras. 
 
As leis em tela são normas federais, portanto são aplicáveis apenas à União. 
 
Considerações: 
1ª) Não confundir agência executiva com a agência reguladora: 
• Agência executiva é uma qualificação que o Presidente da República dá a autarquias e fundações públicas que 
preencham os requisitos legais. Trata-se de qualificação temporária. 
• A agência reguladora “nasce” especial. 
 
A agência reguladora surgiu na década de 90 por influência do direito norte-americano. 
✓ O direito administrativo norte-americano é o direito administrativo das agências reguladoras (Exemplo: CIA, NSA, 
NASA, etc.). 
 
Nos anos 90, ocorreu a chamada “Reforma do Estado” na tentativa de romper com o modelo burocrático e implementar 
o modelo gerencial de Administração Pública. Essa época foi marcada por vários eventos e transformações no Brasil e no 
mundo. 
 
Conceito: 
Agência reguladora é uma denominação jurídica dada a qualquer órgão da Administração Pública direta ou à entidade da 
Administração Pública indireta que receba da lei competência para regular serviços públicos delegados ao setor privado 
ou para regular atividades econômicas consideradas estratégicas para o Estado. 
 
 
Obs.1: a União, ao criar as agências reguladoras federais, deu a elas natureza jurídica de autarquias de regime especial. 
 
✓ O conceito de agência reguladora como autarquia de regime especial tem como base o modelo que a União deu 
às suas agências. 
 
 
 
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Obs. 2: Cada um dos entes políticos pode criar agências reguladoras dentro de sua área de abrangência e caberá aos 
estados e municípios, por meio de lei, definir a natureza jurídica de suas agências reguladoras. 
Exemplo: o município de São Paulo, a partir da disposição no art. 30 da CF4, pode criar agência reguladora para cuidar do 
transporte coletivo delegado a particular. Ao criar a agência reguladora, o município de são Paulo dará a ela, por lei, a 
natureza jurídica que quiser(órgão da administração direta ou entidade da administração indireta). 
 
✓ A agência reguladora, portanto, pode ser órgão ou entidade. É a lei de cada ente federativo que determinará a 
natureza jurídica. 
✓ A União, entretanto, ao criar agências reguladoras, deu a elas a natureza jurídica de autarquias especiais. 
✓ As agências reguladoras são entidades criadas especialmente para exercer regulação sobre serviços públicos que 
foram delegados ou sobre atividades econômicas consideradas estratégicas. 
 
A agência reguladora, tal como normatizada no nível federal, é uma autarquia. 
✓ Assim, as agências reguladoras são autarquias de regime especial e a elas se aplica o mesmo regime jurídico das 
autarquias, sujeitando-se às regras de criação, extinção, bens, responsabilidade civil, atos, contratos, controle, 
privilégios etc. 
 
A especialidade da agência está na maior autonomia que a lei lhe reconhece - maior independência, maior liberdade para 
o exercício de suas atribuições. 
 
 
 
4 CF, art. 30: “Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade 
de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; 
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; 
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, 
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino 
fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano; 
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e 
estadual.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
 
 
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Lei 13.848/2019 
“Art. 2º Consideram-se agências reguladoras, para os fins desta Lei e para os fins da Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000: 
I - a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); 
II - a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); 
III - a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); 
IV - a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); 
V - a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); 
VI - a Agência Nacional de Águas (ANA); 
VII - a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); 
VIII - a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); 
IX - a Agência Nacional do Cinema (Ancine); 
X - a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); 
XI - a Agência Nacional de Mineração (ANM). 
Art. 3º A natureza especial conferida à agência reguladora é caracterizada pela ausência de tutela ou de subordinação 
hierárquica, pela autonomia funcional, decisória, administrativa e financeira e pela investidura a termo de seus dirigentes 
e estabilidade durante os mandatos, bem como pelas demais disposições constantes desta Lei ou de leis específicas 
voltadas à sua implementação. (Dispositivo muito importante!) 
§ 2º A autonomia administrativa da agência reguladora é caracterizada pelas seguintes competências: 
I - solicitar diretamente ao Ministério da Economia: 
a) autorização para a realização de concursos públicos; 
b) provimento dos cargos autorizados em lei para seu quadro de pessoal, observada a disponibilidade orçamentária; 
c) alterações no respectivo quadro de pessoal, fundamentadas em estudos de dimensionamento, bem como alterações 
nos planos de carreira de seus servidores; 
II - conceder diárias e passagens em deslocamentos nacionais e internacionais e autorizar afastamentos do País a 
servidores da agência; 
III - celebrar contratos administrativos e prorrogar contratos em vigor relativos a atividades de custeio, 
independentemente do valor. 
§ 3º As agências reguladoras devem adotar práticas de gestão de riscos e de controle interno e elaborar e divulgar 
programa de integridade, com o objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais destinadas à prevenção, 
à detecção, à punição e à remediação de fraudes e atos de corrupção.” 
 
✓ A agência reguladora possui maior autonomia e isso pode ser verificado no art. 3º, §2º da Lei 13.848/19. 
✓ Compliance e accountability são práticas de governança corporativa. Referem-se ao controle, à transparência e 
ao dever de prestar contas. 
 
LEI 9.986/2000 
Dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras e dá outras providências. 
https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk01cmKPvwU3uj3OgcIhVKmJ9f4Tn3g:1590166627563&q=%EF%83%BC+Compliance+e+accountability&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwjcr-Cn-MfpAhWhLLkGHXvpBZUQkeECKAB6BAgOECo
 
 
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“Art. 4º As agências terão como órgão máximo o Conselho Diretor ou a Diretoria Colegiada, que será composto de até 4 
(quatro) Conselheiros ou Diretores e 1 (um) Presidente, Diretor-Presidente ou Diretor-Geral. 
§ 1º Os mandatos dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada serão não coincidentes, de modo que, 
sempre que possível, a cada ano, ocorra o término de um mandato e uma consequente nova indicação. 
§ 2º Os mandatos que não forem providos no mesmo ano em que ocorrer sua vacância terão a duração reduzida, a fim 
de viabilizar a observância à regra de não coincidência de que trata o § 1º deste artigo.” 
 
✓ A direção da agência reguladora é feita por órgão colegiado, formado por até 4 conselheiros. 
✓ Há revezamento entre os mandatos dos conselheiros, nos termos do art. 4º, §1º da Lei 9986/2000. 
 
“Art. 5º O Presidente, Diretor-Presidente ou Diretor-Geral (CD I) e os demais membros do Conselho Diretor ou da 
Diretoria Colegiada (CD II) serão brasileiros, indicados pelo Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação 
pelo Senado Federal, nos termos da alínea “f” do inciso III do art. 52 da Constituição Federal, entre cidadãos de reputação 
ilibada e de notório conhecimento no campo de sua especialidade, devendo ser atendidos 1 (um) dos requisitos das 
alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I e, cumulativamente, o inciso II: 
 I - ter experiência profissional de, no mínimo: 
a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, no campo de atividade da agência reguladora ou em área a ela conexa, em 
função de direção superior; ou 
b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos: 
1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa no campo de atividade da agência reguladora, entendendo-se como 
cargo de chefia superior aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários mais altos da empresa; 
2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou superior, no setor público; 
3. cargo de docente ou de pesquisador no campo de atividade da agência reguladora ou em área conexa; ou 
c) 10 (dez) anos de experiência como profissional liberal no campo de atividade da agência reguladora ou em área conexa; 
e 
II - ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado. 
§ 7º Ocorrendo vacância no cargo de Presidente, Diretor-Presidente, Diretor-Geral, Diretor ou Conselheiro no curso do 
mandato, este será completado por sucessor investido na forma prevista no caput e exercido pelo prazo remanescente, 
admitida a recondução se tal prazo for igual ou inferior a 2 (dois) anos 
§ 8º O início da fluência do prazo do mandato dar-se-á imediatamente após o término do mandato anterior, 
independentemente da data de indicação, aprovação ou posse do membrodo colegiado.” 
 
✓ O art. 5º da Lei 9986/2000 define as regras de investidura de dirigente de agência reguladora. 
✓ O Presidente da República indica e nomeia o dirigente, após aprovação pelo Senado Federal, entre cidadãos de 
reputação ilibada e de notório conhecimento no campo de sua especialidade, devendo ser atendidos os requisitos 
legais. 
 
 
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São requisitos alternativos: 
Ter experiência profissional de, no mínimo: 
• 10 anos, no setor público ou privado, no campo de atividade da agência reguladora ou em área a ela conexa, em 
função de direção superior; ou 
• 4 anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos: 
➢ cargo de direção ou de chefia superior em empresa no campo de atividade da agência reguladora, 
entendendo-se como cargo de chefia superior aquele situado nos 2 níveis hierárquicos não estatutários 
mais altos da empresa; 
➢ cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou superior, no setor público; 
➢ cargo de docente ou de pesquisador no campo de atividade da agência reguladora ou em área conexa; 
ou 
• 10 anos de experiência como profissional liberal no campo de atividade da agência reguladora ou em área 
conexa. 
Além disso, o cidadão escolhido para ser dirigente deve ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi 
indicado. 
 
“Art. 6º O mandato dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada das agências reguladoras será de 5 
(cinco) anos, vedada a recondução, ressalvada a hipótese do § 7º do art. 5º. 
Parágrafo único. Em caso de vacância no curso do mandato, este será completado por sucessor investido na forma 
prevista no art. 5o. 
 
“Art. 8º Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam impedidos de exercer atividade ou de prestar 
qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou do 
término de seu mandato, assegurada a remuneração compensatória. 
§ 1o Inclui-se no período a que se refere o caput eventuais períodos de férias não gozadas.” 
 
✓ Pela atual lei, a quarentena dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada é de 6 meses. Neste 
período, eles ficam impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela 
respectiva agência e recebem remuneração. 
 
“Art. 8º-A. É vedada a indicação para o Conselho Diretor ou a Diretoria Colegiada: 
I - de Ministro de Estado, Secretário de Estado, Secretário Municipal, dirigente estatutário de partido político e titular de 
mandato no Poder Legislativo de qualquer ente da federação, ainda que licenciados dos cargos; 
II - de pessoa que tenha atuado, nos últimos 36 (trinta e seis) meses, como participante de estrutura decisória de partido 
político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral; 
 
 
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III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical; 
IV - de pessoa que tenha participação, direta ou indireta, em empresa ou entidade que atue no setor sujeito à regulação 
exercida pela agência reguladora em que atuaria, ou que tenha matéria ou ato submetido à apreciação dessa agência 
reguladora; 
V - de pessoa que se enquadre nas hipóteses de inelegibilidade previstas no inciso I do caput do art. 1º da Lei 
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990; 
VII - de membro de conselho ou de diretoria de associação, regional ou nacional, representativa de interesses patronais 
ou trabalhistas ligados às atividades reguladas pela respectiva agência. 
Parágrafo único. A vedação prevista no inciso I do caput estende-se também aos parentes consanguíneos ou afins até o 
terceiro grau das pessoas nele mencionadas.” 
 
“Art. 8º-B. Ao membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada é vedado: 
I - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas; 
II - exercer qualquer outra atividade profissional, ressalvado o exercício do magistério, havendo compatibilidade de 
horários; 
III - participar de sociedade simples ou empresária ou de empresa de qualquer espécie, na forma de controlador, diretor, 
administrador, gerente, membro de conselho de administração ou conselho fiscal, preposto ou mandatário; 
IV - emitir parecer sobre matéria de sua especialização, ainda que em tese, ou atuar como consultor de qualquer tipo de 
empresa; 
V - exercer atividade sindical; 
VI - exercer atividade político-partidária; 
VII - estar em situação de conflito de interesse, nos termos da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013.” 
 
“Art. 9º: O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada somente perderá o mandato: 
I - em caso de renúncia; 
II - em caso de condenação judicial transitada em julgado ou de condenação em processo administrativo disciplinar; 
III - por infringência de quaisquer das vedações previstas no art. 8º-B desta Lei.” 
 
✓ O membro do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada possui estabilidade no curso de seu mandato e só sairá 
nas hipóteses dos incisos do art. 9º. 
 
STJ: As agências reguladoras podem editar normas e regulamentos no seu âmbito de atuação quando autorizadas por lei. 
✓ Trata-se do poder normativo das agências reguladoras.

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