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MÉTODOS DE CONFORMAÇÃO 1 Os sistemas para processamento cerâmico apresentam consistências que variam. De forma geral, possuem 5 estados de consistência: Pó seco. Aglomerado (grânulos). Massa plástica. Pasta. Barbotina (suspensão). Massa plástica Pasta Barbotina Pó seco 2 3 CONSISTÊNCIA VS. PROCESSO Método Forma do Material Formato da peça Prensagem Grânulos com boa fluidez Pequeno e simples Prensagem isostática Granulos Maior e mais complexo Extrusão Massa plástica Alongado com seção transversal constante Moldagem por injeção Massa com ligante polimério fluido quando aquecido Complexo Colagem Suspensão Principalmente oco. 4 A utilização de um bom misturador é essencial para o preparo da massa cerâmica. 5 Exemplos de misturadores de alta intensidade utilizados na preparação de massas cerâmicas. Injeção de água (contendo aditivos ou não). Raspador que evita a deposição da massa nas paredes da cuba. 6 Moinhos de bolas também são empregados na preparação de massas cerâmicas de grande homogeneidade. 7 Prensagem 8 PRENSAGEM UNIDIRECIONAL Processo barato, indicado para a fabricação de peças com geometrias simples e em larga escala. Estágios da prensagem a seco: preenchimento da matriz compactação e conformação ejeção 9 Exemplos de produtos obtidos por prensagem unidirecional (geometria relativamente simples). 10 Produção de placas cerâmicas via prensagem. 11 Produto Ligante Plastificante Lubrificante alumina álcool polivinílico polietileno glicol estearato de alumínio ferrita de MnZn álcool polivinílico polietileno glicol estearato de zinco titanato de bário álcool polivinílico polietileno glicol ácido esteárico substrato de alumina isolante de vela de ignição emulsão de cera microcristalina KOH: ácido tânico cera, talco e argila porcelana isolante (esteatita) emulsão de cera microcristalina e argila água talco coloidal e cera refratário ligno-sulfonato de Ca/Na água ácido esteárico revestimento argila água talco coloidal e argila porcelana de mesa argila e polissacarídeos água argila coloidal Componentes usualmente empregados na fabricação de materiais cerâmicos via prensagem. 12 Variáveis de Prensagem Velocidade de prensagem - afeta diretamente a qualidade do produto final; pode durar de fração de segundos a vários minutos. Pressão - faixa de 20-100 MPa. Vida útil da prensa - projetadas para produzirem até centenas de milhares de peças. Tolerância - variação permitida: 1% em peso e 0,02 mm em espessura (pode variar em alguns processos). Note que há uma baixa tolerância dimensional. 13 Características desejáveis dos pós Devem ter escoamento livre, elevada densidade volumétrica, devem ser formados por grânulos deformáveis, ser estáveis sob condições ambientes, causar um mínimo de deformação da matriz e não devem aderir ao pistão. 14 Preenchimento da Matriz Um bom escoamento do pó é essencial para o preenchimento volumétrico reprodutível e de densidade uniforme e para se obter velocidades elevadas de prensagem. Desejável partículas ou grânulos esféricos, densos, com superfícies lisas e não-aderentes, maiores que 40 m > 5% de finos: prejudica o fluxo de partículas; penetração de finos na cavidade entre a matriz e o pistão, aumenta a fricção (atrito) e reduz o escape de gás. Elevadas densidade de preenchimento (Df) diminuem problemas de prensagem: reduzem a quantidade de ar do pó e diminuem o percurso do pistão. Df típicas = 25 - 35%. Baixas Df : obtidas com grânulos toroidais, com poros grandes e com superfícies ásperas 15 16 17 PRENSAGEM DE GRÂNULOS - Estágio I: pouca densificação devido ao rearranjo de grânulos. - Estágio II: os grânulos se deformam ou quebram, reduzindo o volume dos interstícios maiores. - Estágio III: inicia quando os poros já desapareceram e as pressões mais altas provocam o deslizamento e rearranjo de partículas. 18 PY - pressão de escoamento dos grânulos. É a pressão necessária para deformar esses grânulos. 19 Se Pa > Py compacto se deforma e densifica. 20 O aumento da pressão tende a dar origem a corpos mais densos e sem poros intergranulares. 21 A porosidade intergranular é mais facilmente eliminada que a intragranular. 22 A adição de ligantes aumenta a resistência mecânica dos grânulos. 23 Água age como plastificante, reduzindo a resistência mas melhorando a flexibilidade do do ligante. 24 • PVA – ligante. • PEG – plastificante. O controle da pressão de prensagem e da proporção ligante / pastificante é fundamental para obtenção de peças de elevada densidade. 25 O controle do tamanho dos grânulos e sua deformabilidade é fundamental para a obtenção de cerâmicas de alto desempenho. Nesse caso a água atua como plastificante, melhorando o efeito do ligante. 26 EJEÇÃO E TRANSFERÊNCIA A energia elástica armazenada durante prensagem pode provocar um aumento nas dimensões da peça compactada, após a ejeção da peça da matriz (efeito de recuperação elástica ou rebote). Uma recuperação elástica excessiva ou diferencial (devido a gradientes de tensão), pode causar o aparecimento de defeitos na peça compactada. Esse efeito é mais evidente para maiores concentrações de aditivos inorgânicos, para prensagens que ocorrem a temperaturas abaixo da Tg do ligante, para menores plasticidades do sistema ligante, para maiores pressões de compactação. 27 Grande parte da deformação promovida é recuperada após a retirada da carga. Para temperaturas acima de Tg, as cadeias poliméricas do ligante conseguem deslizar umas sobre as outras, e o material apresenta alta deformação plástica e pequena recuperação elástica. A força devido ao atrito nas paredes causa gradientes de pressão e densidade em pós compactados 31 A lubrificação correta do molde é fundamental para facilitar o processo de obtenção dos compactos. 32 A lubrificação ainda minimiza o desgaste do molde pela diminuição do atrito. 33 PROBLEMAS ASSOCIADOS À PRENSAGEM UNIAXIAL • Densidade e tamanho inadequado das peças: estão normalmente associados com lotes fora da especificação. • O desgaste do molde: mostra-se como uma mudança progressiva nas dimensões dos compactos. • Trincas nas peças obtidas: podem ser devidas ao projeto do molde, aprisionamento de ar, rebote durante a ejeção da peça do molde ou atrito da peça na parede do molde. 34 Exemplos de defeitos formados durante a obtenção de peças cerâmicas por prensagem. O uso de ligantes que fornecem resistência mecânica ao corpo verde sem promover rebote e de lubrificantes pode minimizar tais defeitos. 35 • A variação de densidade no compacto verde causa empenamento, distorção, ou trinca durante o tratamento térmico da peça. • A principal fonte dessa variação na densidade é o atrito entre o material particulado e as paredes do molde e entre partículas. O gradiente de compactação do material pode acarretar em uma densidade heterogênea no corpo verde. 36 A 2ª fonte de variação na densidade, é o preenchimento não uniforme da cavidade do molde. O pó empilhado de forma não uniforme no molde não vai se reposicionar durante a prensagem. A 3ª fonte de densidade não uniforme, é a presença de aglomerados duros (aglomerados de partículas) no pó. Esses aglomerados não se rompem durante a prensagem e dão origem a regiões de menor densidade do compacto. 37 PRENSAGEM ISOSTÁTICA Esquema do processo de prensagem isostática. Empregado na fabricação de peças com geometria complexas. 38 39 PRENSAGEM ISOSTÁTICA A QUENTEEsquema do processo de prensagem isostática a quente. Indicada para materiais que não apresentam uma boa compactação via apenas aplicação de pressão (ex.: SiC). 40 VANTAGENS ASSOCIADAS À PRENSAGEM ISOSTÁTICA A QUENTE Os materiais obtidos atingem densidades próximas à teórica (eliminação quase completa da porosidade); A peças preparadas apresentam um bom acabamento superficial e resistência mecânica; Peças com geometrias complexas podem ser obtidas. 41 Conformação Plástica 42 MÉTODOS DE CONFORMAÇÃO PLÁSTICA São métodos que empregam a massa na forma de uma massa plástica, cuja consistência varia em função do processo empregado. São tradicionalmente utilizados na fabricação de cerâmicas à base de argila, mas são também usados para corpos cerâmicos plastificados pela adição de um ligante orgânico. 43 Esquema de equipamento de extrusão (extrusora ou maromba). EXTRUSÃO 44 45 46 Exemplos de produtos obtidos por extrusão. 47 O material é misturado e desaerado ao longo do cilindro e então extrudado por um auger (sistema de rosca sem fim) através da matriz. 48 Como as pressões de extrusão podem ser muito elevadas (15 Mpa / 150 bar), equipamentos mais modernos contam com medidores de pressão. 49 Durante a extrusão a massa cerâmica é submetida e tensões de cisalhamento (w) e de compressão (P0). 50 O ângulo de incidência e a velocidade de extrusão têm grande efeito na pressão. Importante o uso de lubricantes facilitam a movimentação das partículas, diminuindo a pressão de extrusão. 51 Para ângulos de extrusão menores, mais heterogênea é a distribuição de velocidades e a compactação do material. 52 ADITIVOS UTILIZADOS NA EXTRUSÃO • A mistura deve ser plástica o suficiente para fluir sob pressão na seção transversal desejada, e ainda rígida o suficiente para resistir à deformação (ex.: manuseio). • A mistura não deve aderir ao molde ou outro ferramental e deve produzir superfícies lisas após extrusão. • O fluido e a cerâmica não devem se separar sob aplicação da pressão. 53 • A mistura deve ter uma porosidade reprodutível tal que a retração durante a secagem e queima seja previsível. • Os orgânicos presentes na massa devem deixar o mínimo de resíduos após a queima. 54 PROBLEMAS ASSOCIADOS À EXTRUSÃO • Resistência e rigidez insuficiente – pode ser aumentada através da redução do teor de água, aumento do peso molecular do ligante ou de partículas coloidais, promovendo coagulação das partículas. • Trincas e laminação oriundas de contração diferenciada: presença de inclusões, aglomerados não molhados durante a mistura, mistura inadequada produzindo regiões com um teor de líquido mais elevado. 55 A presença de regiões com diferentes graus de densificação pode dar origem a trincas no material após a queima. 56 • Laminações periódicas na superfície devido à lubrificação ineficiente. • Laminações devido à não união do fluxo de massa, quando a pressão e/ou evacuação é insuficiente. Exemplos de trincas e laminações que podem ser observadas em materiais extrudados. 57 A orientação preferencial de partículas após a extrusão pode dar origem a uma contração desigual da peça durante a queima e à formação de trincas. 58 MÉTODOS DE CONFORMAÇÃO PLÁSTICA MOLDAGEM POR INJEÇÃO Esquema do processo de moldagem por injeção. 59 Esquema do processo de moldagem por injeção. 60 Produtos obtidos pelo processo de moldagem por injeção (geometrias complexas e com grande acabamento superficial). 61 Etapas do processo de moldagem por injeção. Mistura inicial: pó cerâmico, ligante principal, ligante secundário, solvente, plastificante e lubrificante. Temperaturas de fusão diferentes. 62 • Os ligantes primário e secundário possuem temperaturas de fusão distintas. Em geral, os orgânicos de mais alta temperatura de fusão são inicialmente misturados. A seguir a temperatura é reduzida e os componentes de menor temperatura são adicionados, e por fim o pó cerâmico. • O ligante secundário é eliminado em temperaturas mais baixas, deixando canais de poros que facilitam a saída dos gases de queima do ligante primário. • Além disso, o ligante de maior temperatura de degradação atua fornecendo resistência mecânica ao corpo verde, sendo eliminado somente no tratamento térmico. 63 • A resistência ao escoamento e a viscosidade são muito dependentes da temperatura e da proporção de resina polimérica / pó cerâmico. • O sistema de ligantes orgânicos deve ser formulado para facilitar o escoamento durante a conformação e a sua eliminação durante a queima. • A massa cerâmica empregada deve possuir comportamento pseudoplástico (diminuição da viscosidade com a taxa de cisalhamento – mesmo comportamento esperado para extrusão). 64 65 Ao entrar em contato com o molde à temperatura ambiente, a massa cerâmica resfria e experimenta um aumento na sua viscosidade. 66 PROBLEMAS ASSOCIADOS À MOLDAGEM POR INJEÇÃO 67 O preenchimento não-uniforme do molde pode dar origem a peças com defeitos. 68 A remoção dos ligantes deve ser realizada de forma bem controlada de modo a não criar defeitos no material. 69 Processo Jigger ou por estampo • Esse processo é usado amplamente na indústria de cerâmica branca para moldar pratos, utensílios de cozinha, porcelana química. • Uma quantidade fixa de material de alimentação, em geral desaerado e extrudado, é estampado sobre um molde permeável de gesso, tendo a forma da superfície interior da peça. • Uma ferramenta de perfil (gabarito) modela a superfície externa, pela eliminação do excesso de massa e também pela penetração da massa do molde. 70 71 Fabricação de prato pelo método de estampo. 72 73 PROCESSOS DE COLAGEM Barbotina Molde (gesso / 2CaSO4·H2O) 74 COLAGEM DE BARBOTINA (slip-casting) 75 Partículas cerâmicas Molde Barbotina A água penetra no molde por capilaridade, enquanto as partículas cerâmicas ficam depositadas na sua superfície. 76 Obtenção de cerâmica utilizando o processo de colagem de barbotina. 77 Produtos obtidos por colagem. 78 Produção de vasos sanitários. 79 80 81 O tempo de colagem pode variar de poucos minutos para um produto de porcelana de paredes finas até 1 hora para um produto fino mas denso, proveniente de uma barbotina bem defloculada de um pó muito fino. Barbotinas floculadas ou parcialmente floculadas apresentam menor tempo de colagem mas resultam em uma peça mais porosa, com maior contração de secagem. 82 83 84 85 86 87 Associado em grande parte ao comportamento pseudoplástico da barbotina. 88 Em geral as barbotinas são parcialmente defloculadas. 89 90 PROBLEMAS ASSOCIADOS À COLAGEM DE BARBOTINA Gelação: tempo de gelação do ligante. Está associado ao tempo acima do qual o ligante adquire aspecto rígido. 91 92 OUTROS TIPO DE COLAGEM - Colagem assistida por pressão; - Colagem assistida por vácuo; - Colagem por centrifugação. 93 Colagem assistida por pressão. 94 Utilizando pressão é possível obter peças de grandes espessuras em tempos inferiores. 95 Representação esquemática da colagem por centrifugação. 96 COLAGEM DE FITA (tape-casting) Esquema do processo de colagem de fita. 97 Suspensão cerâmica Fita cerâmica 98 Fitas cerâmicas. Processo largamente empregado na produção de células solares, capacitores e eletrodos em células combustível. 99 Processo de colagem de fita. 100
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