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Cerâmicas Refratárias - P1 Por: Thamires Carvalho Torres ── Aula 2- Mercado Mundial e Brasileiro de Cerâmicas Refratárias Perfil de Consumo Global de Refratários Estruturais ➔ 70% do consumo : indústria de ferro e aço ➔ Outras indústrias consomem marginalmente. Perfil de Consumo na Siderurgia ➔ Redução drástica de consumo específico ➔ Decréscimo no consumo de refratários estruturais→ aplicação de engenharia de materiais no desenvolvimento e produção dos refratários ➔ Futuramente: não irá ter grandes mudanças no consumo específico na indústria do aço. Aula 3 - Processos de fabricação e Microestruturas de Refratários Propriedades de um refratário ideal ➔ Elevada refratariedade ➔ Coeficiente de expansão térmica reversível ➔ Elevada resistência mecânica e a fluência em alta temperatura ➔ Matéria prima abundante e barata ➔ Resistente a corrosão química ➔ Facilmente sinterizado ➔ Não apresentar transformação de fases ➔ Ser estável em atmosfera redutora e/ou oxidante sob temperatura elevada ➔ Preço Acessível 2 Classes de Cerâmicas Refratárias Matérias-Primas Refratárias Matérias-Primas para Fabricação de Refratários ➔ MPs Calcinadas: tratamento térmico em temperaturas moderadas, com objetivo de eliminar voláteis combinados quimicamente e produzir alterações de volume. ➔ MPs Sintéticas: obtidas por reações no estado sem que ocorra fusão, com objetivo de promover mudanças alotrópicas e sintetizar fases específicas. ➔➔ MPs Eletrofundidas: obtidas por fusão em temperaturas elevadas, geralmente 2000°C, com objetivo de obter macrocristais isentos de porosidade, compactos e homogêneos, com pequenos teores de impurezas. Processos de Fabricação ➔ Formados, Moldados ou Conformados vs Não-formados, não moldados ou monolíticos. 3 ➔ Independente do produto ( formado ou não-formado) as primeiras etapas são: dosagem e mistura. ➔ Processos decisivos para a qualidade ➔ Sistemas de pesagem podem ser descontínuos ou contínuos, não automatizados ou automatizados. ➔ Sistemas modernos: dosagem dinâmica ➔ Variáveis a serem consideradas na etapa de mistura: ◆ granulometria e forma das partículas ◆ umidade ◆ tempo de mistura ◆ ordem de adição ◆ cuidados na troca de tipologia fabricada ( limpeza) Granulometria e Formas das Partículas ➔ afeta as propriedades adquiridas pelo produto final ➔➔ Refratários densos: procura-se máximo empacotamento dos agregados para que a resistência aos agentes agressivos seja aumentada. ➔ Para elevado empacotamento deve ter proporção adequada de partículas finas para o completo preenchimento dos vazios deixados entre as partículas maiores. ➔ Granulometria com partículas de uma única dimensão resulta em produto com baixa densidade ➔ Partículas com único diâmetro: melhor empacotamento possível é com preenchimento de 74% dos espaços vazios. ➔ a até c: relação de tamanhos apropriada. ➔ Efeito no empacotamento ( volume específico) da mistura de dois grupos de partículas esféricas e o empacotamento ótimo com relação de tamanhos >5 4 ➔ Método da proveta para determinar as densidade de preenchimento e empacotamento: Umidade ➔ Controle para uso típico em cada processo de conformação 5 Tempo e Ordem de Adição ➔ normalmente começa com as frações mais grossas, seguida de água e aditivo e então frações mais finas. Não existe ordem certa. ➔ Procedimento padrão deve ser adotado Aditivos ➔ objetivo de melhorar as propriedades reológicas e obter maiores densidade após conformação ➔➔ orgânicos: resinas, ligninas, dextrinas, piche, melaços, parafinas, glicóis, ésteres, álcoois ➔➔ inorgânicos: argilas cauliníticas, água, bentonitas, silicatos, silica coloidal, fosfatos, aluminatos, sulfatos. Conformação, Secagem e Queima ➔ podem ser obtidos por prensagem uniaxial,isostática, extrusão, colagem de barbotina, etc. Macro e Microestrutura Refratária ➔ podem ser considerados como compósitos cerâmicos ➔ estrutura global formada pela combinação de: ◆ agregados grossos ( >1000um) e médios (200 e 1000um) de formato variado ◆ matriz: conjunto de agregados finos e superfinos( 5 a 15%) , formando uma plataforma de ancoragem dos agregados maiores do que 200um. ◆ aditivos químicos e minerais submicronizados(<1um) cumprem funções relevantes no controle reológico e/ou no empacotamento. Os aditivos químicos são utilizados em quantidades menores do que 1% e minerais em quantidades de 5 a 10%. Microestrutura Típica ➔➔ Refratários sílico-aluminosos ( tradicionais) ◆ grânulos de materiais inertes ( chamote), aglomerados por um ligante cerâmico ou químico. ◆ ligante cerâmico: argila que com a queima se transforma em novos compostos,unindo os grãos e determinando a coesão e solidez do refratário ◆ microestrutura heterogênea, com significativa porosidade. ◆◆ Chamote: material aglomerado que é obtido a partir de argilas refratárias, passando por um processo de inertização por tratamento 6 térmico no qual são eliminados água,matéria orgânica e outros voláteis. ◆ evita transformações térmicas inconvenientes, resulta em menor retração de sinterização e menor resistência mecânica à verde. ➔➔ Refratários especiais eletrofundidos: ◆ Ausência de fase ligante, microestrutura contendo poros residuais decorrentes de bolhas de ar e vapor aprisionado durante o processo de eletrofusão ➔➔ Refratários especiais sinterizados ( Avançados) ◆ Ausência de fase ligante, homogêneos, menor porosidade, estrutura mais uniforme que aqueles tradicionais e densidade próxima a densidade teórica do material. Precursores mais puros, elevada reatividade, elevada densidade a verde, temperaturas elevadas de sinterização. Aula 4- Propriedades das Cerâmicas Refratárias à temperatura ambiente Solicitações nos Refratários ➔ Pressões de carga ➔ Ações agressivas de agentes químicos ➔ Ciclos de aquecimento-resfriamento que podem ser rápidos ou lentos. ➔ Variações dimensionais ( permanentes ou não) provocando solicitações mecânicas na estrutura e/ou microestrutura ➔ Deformações piroplásticas, quando se atinge a temperatura de fusão de alguns dos componentes, podendo ocorrer deformação por escorrimento. Propriedades específicas de um refratário ➔➔ Propriedades físicas: ◆◆ Moldados: densidade, porosidade, tolerância dimensional ◆◆ Não - moldados: densidade,porosidade,trabalhabilidade, tempo de pega, escoamento, facilidade de compactação Propriedades refratárias 7 8 Temperatura ambiente Composição Química ➔ Estabelece a compatibilidade com a condição de uso ➔ Evidência a presença de impurezas, que podem formar eutéticos com o composto principal, gerando fases vítreas, podendo afetar o desempenho do material. Composição Mineralógica ➔ O monitoramento mineralógico, na matéria-prima, nas diferentes fases do processo de fabricação e no decorrer do uso, permitem estimar a microestrutura e sua evolução; ➔ Auxilia com informações sobre a confiabilidade do produto em uso. Densidade ➔ Densidade Real: obtida utilizando-se um Picnômetro, desde que a porosidade (aberta e fechada) do material tenha sido eliminada. Porosidade ➔ % de poros abertos, poros fechados e porosidade total Distribuição da quantidade de poros 9 ➔ O mercúrio apresenta elevada tensão superficial e não penetra nos materiais porosos naturalmente, requer pressão para que isto ocorra. A pressão aplicada está relacionada ao diâmetro do orifício que o mercúrio deve penetrar. ➔ Aplicações: Medidas de distribuição de tamanho e volume de poros de partículas e materiais. ➔ Limitações: ◆ Em pressõesmuito elevadas tem-se compressibilidade do mercúrio, comprometendo os resultados de análises de poros muito pequenos. ◆ A existência de poros do tipo “garrafa” introduz erros na medida. Propriedades Mecânicas - MOR ➔ Determinação da tensão de ruptura permite avaliação do produto, pois está diretamente relacionado com a homogeneidade da microestrutura e porosidade. ➔ Ensaio de flexão é amplamente utilizado para materiais frágeis ou de alta dureza(materiais cerâmicos, aços-ferramenta); ➔ Os materiais refratários raramente rompem de maneira elástica frágil, havendo uma extensa região não linear se desenvolvendo antes da fratura, principalmente em elevadas temperaturas. ➔ A tenacidade à fratura de refratários geralmente não representa valores de tenacidade muito elevados; ➔ Os baixos valores de tenacidade à fratura demonstram que a resistência à iniciação de trincas em refratários não é muito alta. 10 ➔ O trabalho de fratura é a grandeza relacionada à quantidade de energia necessária à formação das duas superfícies de uma trinca por unidade de área projetada (energia consumida pela propagação de uma trinca) ➔ O desafio para a medida do trabalho de fratura é fornecer uma geometria que promova crescimento estável de trinca (entalhe Chevron); ➔ Com pequenos tamanhos de grão, cerâmicas avançadas estruturais de alta resistência têm valores de trabalho de fratura a cerca de 10 J/m2. ➔ Refratários geralmente têm valores de trabalho de fratura muito maiores. À temperatura ambiente, variam de cerca de 30 J/m2 à 100 J/m2 ou mais. Deve ficar claro que refratários são substancialmente mais resistentes ao crescimento de trinca que à formação de trinca, por um fator igual ou superior a 10. Altas temperaturas Expansão térmica ➔ Volume do material aumenta com o aumento da temperatura. ➔ determinação do coeficiente de dilatação térmica (α) é importante para avaliar a qualidade geral do refratário, calcular juntas de expansão nas estruturas térmicas e estimar os danos por choque térmico. ➔ Dilatações reversíveis são especialmente importantes para refratários submetidos a ciclagens térmicas periódicas em seu uso e para o cálculo das juntas térmicas de dilatação. ➔ Dilatações irreversíveis (permanentes) se devem a reorganizações estruturais: ◆ Mudanças de fases de espécies cristalinas; ◆ Fusão de componentes e aumento da fração de fases líquidas; ◆ Coalescência de poros; ◆ Recristalização de fases. 11 Refratariedade Simples ➔ temperatura acima da qual o refratário perde sua Habilidade Funcional. ➔ Qual a temperatura limite de uso em serviço de um refratário estrutural? ◆ Temperatura abaixo da qual teoricamente o refratário estrutural poderia manter sua habilidade funcional por um tempo indeterminado (longo tempo?). ◆ Em geral recomenda-se como temperatura limite de aplicação uma faixa de 100 a 150C abaixo do cone pirométrico equivalente do material. ➔ A refratariedade é influenciada pelo ciclo térmico a que a cerâmica está submetida: temperatura máxima de operação e taxa de aquecimento. ➔ A refratariedade não é influenciada somente pelo ponto de fusão de cada um dos componentes cristalinos individuais que constituem a microestrutura, mas também dependerá dos eutéticos de baixo ponto de fusão formados entre estes componentes. ➔ A refratariedade também será afetada pela granulometria dos materiais componentes e pelo número de pontos de contato entre partículas. Refratariedade Sob Carga ➔ Capacidade do material resistir à ação do calor e de uma carga constante até uma temperatura característica antes de ceder e se deformar. ➔ Depende: ◆ Integridade da microestrutura; ◆ Desenvolvimento de fase líquida no aquecimento; ◆ Viscosidade da fase líquida formada. Resistência à fluência (Creep) 12 ➔ Creep se processa por escoamento do reticulado cristalino e pelo escoamento no contorno de grão (viscoso ou não); ➔ Elevada resistência ao creep: baixa porosidade, baixa quantidade de fase vítrea e fases de elevada viscosidade, grande quantidade de fases cristalinas empacotamento denso, grãos grossos e elevada densidade de pontos de contatos entre as partículas, atmosfera oxidante (atmosfera redutora aumenta a fluência). Resistência ao choque térmico ➔ Gradientes de temperatura e ciclagem térmica podem resultar em severas solicitações mecânicas, devido à variações volumétricas não uniformes, podendo promover a nucleação e o crescimento de trincas, esse fenômeno é denominado choque térmico. ➔ Aumentando a condutividade térmica do material e diminuindo seu coeficiente de dilatação térmica, tem-se maior RCT; ➔➔ Termoclase: processo de dano causado pelo Choque Térmico ◆◆ Termoclase térmica: decorrente da expansão térmica do material; ◆◆ Termoclase estrutural: o banho e a escória em contato com o material refratário pode resultar na formação de novas fases, com diferentes coeficientes de expansão térmica, diferentes densidades, diferentes porosidades, diferentes hábitos morfológicos, etc., resultando em termoclase estrutural; 13 ◆◆ Termoclase mecânica: consequência da previsão inadequada de juntas, erro quanto à carga/carregamento, impacto, vibrações, tensões, etc. ➔ A determinação do Tcrítico para o material geralmente é realizada por meio da medida dos seus efeitos sobre as propriedades e condições físicas do material; ➔ O material é submetido a CT, geralmente por resfriamento e, após um número determinado de ciclos de exposição, são avaliadas as alterações em propriedades: ◆ Perda de Resistência Mecânica; ◆ % de perda de peso; ◆ Alteração de permeabilidade. ➔ Indicativo da severidade do choque térmico ➔ Quando é atingida a tensão crítica para a TC as fissuras se propagam rapidamente e a resistência sofre uma queda abrupta. Nesse momento as fissuras tornam-se subcríticas e, portanto, não há variação na resistência do material, sendo necessário um acréscimo nas tensões atingidas através de um novo TC’.. Resistência ao dano por choque térmico ➔ Resistência ao Dano por Choque Térmico e da Estabilidade de Trincas, baseada no trabalho de fratura, muitas vezes se torna mais importante: Balanço de Energia ➔ Resistência ao Choque Térmico baseado na resistência ao início de propagação de trincas não é o único a ser observado: bem Balanço de Tensões ➔ ➔➔ Como projetar refratários com elevada resistência ao choque térmico? 14 ◆◆ Usar granulometria grossa de modo a promover microtrincas na matriz (maior número de trincas de menores tamanhos); ◆◆ Elevada porosidade, mas com poros de tamanhos pequenos e isolados (melhor RCT); ◆◆ Uso de componentes com coeficientes de expansão distintos, gerando microtrincas; ◆◆ Uso de componentes com elevada energia de fratura (grafite, carbono, fibras metálicas); ◆◆ Promover piroplasticidade: fases viscosas que aliviam tensões. Resistência à corrosão ➔ Ensaio de corrosão por ataque de escória dinâmico: Não há formação de uma camada estagnada próxima ao material refratário, aumentando a taxa de corrosão; ➔ Simula as condições reais de uso do refratário; Condutividade térmica ➔➔ Técnicas de Medida de Condutividade Térmica ➔➔ Método do Calorímetro (REGIME ESTACIONÁRIO): ◆◆ Em condição estacionária (fluxo de calor/tempo através do material não muda). ◆◆ fluxo de calor passando através de uma área A, é proporcional ao gradiente de temperatura na direção da sua propagação, dividido pela distância de propagação (espessura do material). A constante de Proporcionalidade é a Condutividade térmica К. ➔➔ Método do Fio Quente (REGIME TRANSIENTE) ◆ Para medir a condutividade térmica passa-se uma corrente elétrica constante através do fio e registra-se o aumento de temperaturaem um determinado ponto a uma distancia do fio quente, a partir da temperatura inicial de equilíbrio. ➔➔ Método do Pulso de energia - Laser Flash (REGIME TRANSIENTE) ◆ Toma-se uma amostra a uma temperatura constante. ◆ Ela recebe um pulso de energia radiante na parte frontal, o aumento de temperatura na região posterior da amostra é registrado e este contém os dados que permitem calcular a difusividade térmica do material.
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