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1 ANEXO I PARTE I HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE QUATIS O Município de Quatis, após sua emancipação, passou a abranger a seguinte divisão político-administrativa: . 1° distrito – Sede . 2° distrito – Ribeirão de São Joaquim . 3° distrito – Falcão O DISTRITO DE QUATIS Primitivamente habitado pelos índios Puris, nossa região demorou muito a ser desbravada devido à Serra do Mar e à reação dos índios. Somente em 1724, iniciou-se a escalada por ordem do governador Luís Vahia Monteiro, com a finalidade de abrir um caminho mais curto para São Paulo, sem os inconvenientes da travessia marítima até Paraty. Passou a ser trajeto natural de bandeirantes e tropeiros que ligavam Minas Gerais ao litoral, que aqui paravam por causa da boa água da área hoje conhecida como Biquinha, marco zero de nossa história. A ocupação definitiva se fez a partir de Resende, quando Simão da Cunha Gago, taubateano, vindo de Aiuruoca (MG), descobriu, em 1744, uma extensa clareira na Mata Atlântica, de aproximadamente 40 quilômetros, entre Quatis e Itatiaia. Com a fundação do povoado de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, mais tarde Resende, esta área começou a ser povoada. Os primeiros moradores dedicaram-se à criação de gado, plantação de cana-de-açúcar e produção de anil. Com o declínio do ouro em Minas Gerais, no final do século XVIII, os primeiros mineiros passaram a vir para cá, com seus escravos e o dinheiro conseguido com a mineração, a fim de plantar café. Várias sesmarias começaram a ser concedidas por boa parte do Vale do Paraíba fluminense, em virtude deste produto ter-se espalhado por todo o vale, sendo Resende o centro irradiador. Na primeira metade do século XIX, já encontramos notícias de várias fazendas em Quatis e uma capela, do outro lado da linha férrea, dedicada a Santo Antônio. Em 5 de março de 1832, Faustino Pinheiro de Araújo e sua esposa, Gertrudes Maria de Jesus, fazendeiros de Guaratinguetá, doaram terras que possuíam na encruzilhada dos quatis para a construção de uma capela em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, além de casas de comércio e residência. Por causa da grande quantidade destes animais, aqui existentes, o povoado passou a se chamar Nossa Senhora do Rosário da Encruzilhada dos Quatis, mais tarde abreviado para Quatis. Neste mesmo ano, Barra Mansa se separou de Resende, mas Quatis continuou com este município até 1844, quando foi desmembrado e anexado a Barra Mansa. Quando esta foi elevada à cidade em 1857, Quatis passou a ser seu 5° distrito, situação em que permaneceu até 9 de janeiro de 1991, quando foi criado o novo município pela Lei n° 1787. Continuamos a produzir café por todo o século XIX. A partir de 1870, começaram os primeiros sinais de decadência deste produto. Mesmo assim ele foi produzido até o final da década de 1920. 2 Com a construção da estação ferroviária em Quatis, em 15 de maio de 1897, e a conclusão da Estrada de Ferro Oeste de Minas, em 1915, novos mineiros criadores de gado, da região do Rio Grande (Andrelândia, Lavras, Aiuruoca, Liberdade, São Vicente) e outros pontos de Minas Gerais vieram para toda a região sul fluminense, onde adquiriram as fazendas de café já em decadência, implantando assim um novo tipo de economia, a pecuária leiteira. Até por volta de 1930, gado e café conviveram nestas fazendas, quando este foi definitivamente suplantado pela produção do leite. Com o crescimento dessa nova atividade econômica, criou-se, em 17 de novembro de 1941, a Cooperativa Agropecuária de Quatis Ltda, órgão máximo da economia quatiense. A partir de 1916, com nova chegada de mineiros, muitas coisas se modificaram no distrito: foram substituídas as casas de adobe por tijolos e a barca “Mirandópolis”, que fazia a ligação até Floriano, cessou suas atividades, sendo então construída a ponte de ferro que nos liga a Porto Real. Em 1951, foi construído um hospital pela Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Quatis (APAMIQ). Nesta mesma época surgiu a Viação Falcão, ligando os distritos de Falcão e Quatis a Barra Mansa. Nosso distrito teve, na segunda metade do século XX, um curto período de apogeu com a produção de frango, hoje não mais existente. Na década de 70, o distrito de Quatis aumentou consideravelmente sua população como conseqüência da construção da Ferrovia do Aço, surgindo novos bairros como: Jardim Independência e Jardim Pollastri. Social e politicamente, Quatis sempre se destacou dentro do município de Barra Mansa. Ainda no século XIX, por obra de Luís da Rocha Miranda (Comendador Miranda), primeiro proprietário da Fazenda Santana da Cachoeira e da fazenda Moquém, foi construído o primeiro teatro do município, o Teatro São Luís. Muitos fazendeiros do município-sede possuíam casas aqui. E nossos políticos sempre se destacaram, sendo os primeiros prefeitos eleitos de Barra Mansa os quatienses Coronel Alfredo Dias de Oliveira ( 2 de agosto de 1922 a 12 de junho de 1924), Wanderlino Teixeira Leite (1924 a 1927) e Oscar Teixeira de Mendonça (1927 a 1929). Foi no período de governo de Wanderlino Teixeira Leite (1925) que se instalou aqui a luz elétrica, tendo então se transformado o teatro em cinema com o nome de Cine Teatro São Luís, mais tarde Petit Cinema/Clube. Coronel Alfredo Dias de Oliveira Wanderlino Teixeira Leite Oscar Teixeira de Mendonça A partir da década de 60, algumas tentativas pró-emancipação foram feitas visando a autonomia do distrito, somente conseguida em 1990, quando num plebiscito a 25 de novembro o povo quatiense decidiu por sua separação do município- sede e constituiu um novo município. 3 DISTRITO DE RIBEIRÃO DE SÃO JOAQUIM Sobre a origem do povoado há uma lenda, segundo a qual três irmãos - Diogo Álvares Pereira, Boaventura Álvares Pereira e Joaquim Álvares Pereira – reunidos, marcaram a hora da saída de casa, e convencionaram que, onde se encontrassem ao meio-dia, seria estabelecida a sede da freguesia. Assim o fizeram, iniciando a construção da capela do Patriarca São Joaquim. Historicamente, o distrito deve sua origem a Joaquim José Pereira de Carvalho e sua mulher, Umbelina de Mendonça, que, em 10 de janeiro de 1827, doaram ao Patriarca São Joaquim uma área de terras destinada à construção de uma capela em honra ao referido santo e distribuição àquelas pessoas que nela desejassem levantar suas casas de moradia e de comércio. Primitivamente pertencente a Valença, passou para Barra Mansa em 1844, em decorrência da mesma Lei Provincial que também anexou Quatis a este município. Enquanto afluíam tropas de Minas Gerais, e de algumas povoações vizinhas, que ali deixavam as cargas em troca de sal – quando não prosseguiam até os portos do mar – a povoação progrediu vertiginosamente, a ponto de se transformar em uma das mais importantes praças comerciais do município de Barra Mansa em fins do século XIX. O apogeu do povoado foi provocado pela cafeicultura, que para ali atraiu grandes fazendeiros e senhores de escravos. Diz-se mesmo que a ostentação da população era tão intensa, que o povoado teve, no século XIX e no início do século XX, até um cassino onde as riquezas eram ampliadas ou diluíam-se rapidamente nas mesas de jogo. Com a crise que se seguiu à libertação dos escravos, o povoado iniciou sua decadência econômica e social, agravada ainda mais com a construção, no final do século XIX, de um trecho da E.F. Oeste de Minas, cujo traçado cortava as terras da freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Encruzilhada dos Quatis e não as terras do Patriarca São Joaquim. Este último empreendimento muito concorreu para o soerguimento de Quatis, atraindo população de diversas regiões vizinhas, mas infelizmente, provocou o declínio daquele distrito, em cujo casario, ainda hoje, podemos encontrar vestígios do fausto que imperava na sociedade dos tempos áureos do café. As velhas fazendas de café, falidas ou abandonadas, foramadquiridas pelos migrantes mineiros, procedentes do sul das Gerais e transformadas em importantes centros pecuaristas, principal fonte econômica do distrito. 4 DISTRITO DE FALCÃO As terras do atual distrito de Falcão, a 18 km da sede do município (Quatis), apesar de conhecidas desde a segunda metade do século XVIII, só foram desbravadas nos primeiros anos do século XIX. Pertenceram, primitivamente, ao município de Resende, passando, mais tarde, a integrar o distrito de São Joaquim. Deve-se, contudo, sua existência à passagem por suas terras da famosa “estrada de Passa Vinte”, que fazia a comunicação de Barra Mansa com o sul de Minas Gerais. No ponto em que esta estrada, depois de concluída, se entroncava com os caminhos procedentes das freguesias de Resende e de São Joaquim, foram levantadas, em 1865, as primeiras edificações, impostas pelas necessidades do comércio com as tropas e viajantes que por elas transitavam, dando assim origem ao povoado. A iniciativa de Francisco de Souza e Almeida, doando, em 1877, um alqueire de terras a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, para a construção de uma capela e distribuição entre aqueles que desejassem edificar as suas moradias, foi um dos fatores que mais concorreu para o seu rápido desenvolvimento. Desta capela não temos notícia. O certo é que o Coronel Felicíssimo do Rego Barros, nascido na Província do Rio de Janeiro em 1846, foi um dos fundadores da Freguesia de Falcão. Por sua iniciativa foram construídos o cemitério público local e a capela de São Sebastião. Felicíssimo e Carlota Augusta Machado se casaram em 1871 e moraram em Falcão até 1885, onde ele era lavrador e exerceu cargos públicos de destaque, como: Juiz de Paz, subdelegado, agente de correio. Felicíssimo do Rego Barros era filho de Felicíssimo José Braga e Balbina Zeferina de São José, ambos professores primários em Falcão. A presença continuada de tropeiros e viajantes das mais longínquas paragens no povoado e a sua distância da sede do município (na época Barra Mansa) levou os seus moradores a pleitear, ali, a criação de um distrito policial. Tal pretensão somente foi atendida em 30 de outubro de 1885, quando, por deliberação, o Governo da Província criou o distrito policial, com terras desmembradas da freguesia de São Joaquim. Outra deliberação provincial, de 29 de março de 1889, criou em seu território um distrito de paz. Contudo, implantada a República, quando da realização da primeira divisão administrativa do Estado do Rio de Janeiro, o distrito de Falcão foi suprimido pelos decretos 1 e 1-A, respectivamente, de 8 de maio e de 3 de junho de 1892, voltando suas terras a integrarem o distrito de São Joaquim. Somente em 1919, por força da Lei de 20 de novembro, o distrito foi restabelecido, passando a figurar em todas as divisões administrativas e territoriais do Estado que, então, se lhes seguiram, como distrito componente do município de Barra Mansa. Foi a conclusão de um trecho da E.F. Oeste de Minas, em 1915, que estendia a linha tronco, de Barra Mansa até Ribeirão Vermelho (MG), que permitiu o soerguimento do distrito, depois da crise que se seguiu com o término da escravidão negreira. As velhas fazendas de café, quase abandonadas, foram adquiridas por migrantes mineiros, procedentes de municípios vizinhos, e transformadas em importantes centros agropastoris, fonte em que se apóia a riqueza do município de Quatis nos dias atuais. 5 MUNICÍPIO DE QUATIS No novo município já havia o Conselho Popular de Quatis (CPQ), presidido a princípio por Irmã Elizabeth Alves, depois por Alfredo José de Oliveira. Enquanto não se fazia a eleição para prefeito, coube a este conselho fazer a ligação entre as reivindicações da nossa população e o prefeito de Barra Mansa, até que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) marcasse a primeira eleição para 3 de outubro de 1992, sendo então eleito José Laerte D’Elias para o período 1993/l997. O segundo prefeito eleito foi Alfredo José de Oliveira para o período de 1997/2001, sendo substituído por José Laerte D’Elias no período de 2001/2005. Atualmente, está governando a cidade o prefeito Alfredo José de Oliveira, eleito para o período de 2005 a 2009. Com a eleição do primeiro prefeito em 1992, foi eleita também a nossa primeira Câmara de vereadores assim constituída: Aroldo Cabral, Engrácia Vera Maia Rafael, Rosa Idalina Nunes de Macedo, José Cardoso Fonseca, Geraldo de Souza Marques, Cláudio Luiz de Lima, Altamyr Gomes de Oliveira Campbell, Raimundo Valeriano da Silva e Hugo Marciano de Elias. Com o falecimento de Rosa Idalina e Hugo de Elias tomaram posse, respectivamente, Manuel Francisco da Silva e João Paulo dos Santos. Coube a esta Câmara elaborar a nossa Lei Orgânica, promulgada em 30 de junho de 1993, na presidência de Aroldo Cabral, e aprovar o Projeto de Lei do então presidente, indicando o samba “Água da Fonte”, com letra de Adelaide da Cunha Franco e música de Antônio Quintilhant e Nestor Silva, para ser o Hino Quatiense. Projeto este que se transformou na Lei n° 103 de 02/04/96. Com o início da administração própria houve a municipalização da educação e da saúde. Embora com pouca arrecadação, o município tem conseguido manter os serviços essenciais para a população e investido em algumas obras de vulto, com a parceria dos Governos Federal e Estadual. Entre estas obras destacamos: a retificação do Ribeirão dos Quatis, a construção de represa e captação da água no Córrego dos Lima, a pavimentação da estrada RJ 159, a infra-estrutura e a pavimentação das vias públicas, a construção de Estação de Tratamento de Esgoto na sede e nos distritos. Quatis, o 1° distrito, compreende o Centro, Joaquim Leite, São Benedito, Água Espalhada, Pilotos, Mirandópolis, Barrinha, Santo Antônio, Nossa Senhora do Rosário, Jardim Independência, Boa Vista, Jardim Pollastri, Bondarowsky e Santa Bárbara. Durante a formação do município foram surgindo vários povoados conhecidos como: Povoado do Centro Sua origem remonta a 5 de março de 1832, quando Faustino Pinheiro de Araújo e sua mulher, Gertrudes Maria de Jesus, doaram parte das terras que possuíam, na então “Encruzilhada de Quatis”, para construção de uma capela, dedicada a Nossa Senhora do Rosário, e para as pessoas que nela desejassem levantar suas moradias e casas de comércio. Situada em terras de média altitude, com clima seco, temperatura e ventilação suave, a primitiva povoação não demorou a se expandir, graças à grande lavoura cafeeira, no século XIX, e por tratar-se de caminho natural dos tropeiros que, de Minas Gerais, através da estrada de Passa Vinte, demandavam ao porto de Angra dos Reis, e aqui paravam para descanso e reposição de suas energias junto à fonte de água mineral – a nossa Biquinha – cujas terras em torno foram doadas ao povo quatiense pelo capitão Mamede Fróes de Andrade. 6 Povoado de Joaquim Leite Nome dado à estação ferroviária localizada na fazenda do Comendador Joaquim Leite Ribeiro de Almeida. Político influente em Barra Mansa administrou a cidade, durante vários mandatos como presidente da Câmara de Vereadores. Está enterrado no cemitério de Quatis. O povoado surgiu no início do século XX. O nome da estação, que se estendeu ao povoado, é uma homenagem a seu filho, Dr. Joaquim Leite Ribeiro de Almeida Júnior. Engenheiro, construiu a maior parte da E.F. Oeste de Minas, desde Barra Mansa até Cedro (hoje Pestana-MG), reconhecendo e locando igualmente o trecho de Barra Mansa a Angra dos Reis. É do mesmo engenheiro, filho mais novo do Comendador Joaquim Leite, a famosa ponte da Oeste, sobre o rio Paraíba do Sul, dentro de Barra Mansa. Faleceu durante as obras da ferrovia. Povoado de São Benedito É o mais antigo loteamento do então distrito. Seu início deveu-se à construção de casas, pela Oeste de Minas, para os funcionários da ferrovia. Por volta de 1950, surgiu em terras daprimitiva propriedade dos Teixeira Franco, mais tarde adquirida pelo dentista Antônio Feliciano Pimenta Júnior, um loteamento desenvolvendo a parte mais alta do bairro. Seus moradores eram oriundos das fazendas da região e de Minas Gerais. O nome do loteamento é devido ao padroeiro da capela ali construída, São Benedito, e a implantação de uma escola primária, a Escola São Benedito, que funcionou, provisoriamente, em salas cedidas pelo senhor Aguilar Alegrete Faria. No mesmo local funcionou, no século XIX, o “Ateneu Quatiense”. Mais tarde o prédio abrigou um “Sanatório” para tratamento de doenças pulmonares, nome pelo qual ficou conhecido. Povoado da Água Espalhada Nome tradicional do local, sua origem se deve ao fato do Ribeirão dos Quatis cortar a estrada principal, e, nas cheias, a água se espalhava pela área de baixadas. Conta-se que , em 1927, morreram um carreiro e seus dois ajudantes, vitimados por um raio, razão da construção de uma Santa Cruz, ponto referencial do bairro primitivo. Anteriormente conhecido como “Jolival”, seu último proprietário foi Omar de Oliveira Barros. Sua expansão iniciou-se a partir de 1959, quando foram comercializados os primeiros lotes. O asfaltamento da via principal do bairro levou à demolição da primitiva Santa Cruz, com a promessa de, mais tarde, ser refeita, devido à necessidade de alargar-se a estrada. Contudo, a comunidade decidiu ter por padroeira Nossa Senhora Aparecida, cuja capela e salão paroquial foram construídos em 1982, mantendo em seus terrenos uma mina de água potável, amplamente utilizada pela população local. O único logradouro do loteamento é a Estrada Vereador Víctor Marcondes Sampaio. Povoado do Pilotos Área de passagem daqueles que se dirigiam ao distrito de Falcão e a Minas Gerais. No local existia uma singela capela, à beira da estrada, encimada pela Santa Cruz, a padroeira do bairro, onde os primitivos moradores faziam suas orações. Havia 7 também na área, um curral onde o gado, proveniente de Minas Gerais, aguardava os compradores, em geral originários de Barra Mansa. O nome do loteamento, segundo transmissão oral dos moradores, era devido à dificuldade de transportes, na época do comércio de gado, para aqueles moradores que vinham de fora. Para solucionar o problema, e levando-se em consideração o relevo alto e plano, pretendeu-se instalar ali um campo de pouso – o campo dos pilotos – mas a idéia não foi adiante. A expansão da região, no entanto, iniciou-se quando funcionários do DER-RJ, vindos de Lídice, no município de Rio Claro, com o objetivo de construírem a Rodovia RJ 159, interligando a Via Dutra ao sul de Minas, chegaram com suas famílias, acamparam na área, construindo posteriormente uma fábrica de manilhas para suprir as necessidades desta obra. Mais tarde, fazendeiros donos das terras às margens da estrada – dentre eles Isaac Marcondes Sampaio – começaram a lotear a área, presenteando seus antigos empregados com pequenas glebas, razão de suas casas estarem extremamente próximas umas das outras. Povoado de Mirandópolis Havia na área uma fazenda, denominada “Mirandópolis”, nome derivado de seu primeiro proprietário. Era também conhecida como “Fazendinha”. Interligava a sede da fazenda a Ribeirão da Divisa, hoje Floriano, uma barca também chamada “Mirandópolis”. Posteriormente, foi propriedade do Sr. Euclides Alves Guimarães Cotia. Na década de 1960, os novos proprietários, Isaac Marcondes Sampaio e Afonso de Freitas Lustosa, decidiram ali iniciar um loteamento, facilitando àqueles que quisessem, no local, construir suas moradias. A comunidade começou a organizar-se por volta de 1967, pois, até então, para cumprimento de suas obrigações religiosas, seus membros reuniam-se em suas residências, para a reza diária do terço e as explicações do santo Evangelho. Para escolha do padroeiro da comunidade houve campanha e acirrado pleito eleitoral. Os concorrentes eram o Sagrado Coração de Jesus, São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida. Ao final das apurações, o vencedor foi o Sagrado Coração de Jesus. Por meio de festas, leilões de prendas e gado, quermesses e rifas, a comunidade acabou por adquirir um terreno para a construção da capela, em homenagem a seu padroeiro. Tal feito ocorreu em 1970, quando, por cerca de seis mil cruzeiros, compraram da senhora Julieta Pereira Sampaio, o dito terreno, onde em 1972, foi erguido o templo, marco do desenvolvimento local. Povoado da Barrinha Geograficamente, barra significa a foz de um rio ou riacho, isto é, o local onde um deságua no outro. No caso, a pequena barra, daí o nome barrinha, significa o desaguar do ribeirão dos Quatis no Rio Paraíba do Sul, marca indelével da área. Criado, em 1963, em terras antes pertencentes à professora Julieta Pereira Sampaio, o loteamento foi marcado, a princípio, por tragédias, visto localizar-se no principal acesso de nossa cidade. Havia ali uma primitiva Santa Cruz. Com a doação do terreno cedido pelo Sr. José Corbolan, foi erguida a capela do bairro, também dedicada a Nossa Senhora Aparecida. 8 Povoado do Santo Antônio É o segundo loteamento mais antigo, tendo surgido em terras de propriedade do Dr. Almir Guimarães, por volta de 1963. Sua expansão deveu-se à localização geográfica, junto à estrada que interliga a cidade ao distrito de Ribeirão de São Joaquim e ao distrito barra- mansense de Nossa Senhora do Amparo. A origem do nome deveu-se à existência de uma antiga capela, erguida em honra de Santo Antônio, e que existia, desde tempos primitivos, sobre um morro situado logo após a travessia da passagem do nível da linha férrea. Povoado de Nossa Senhora do Rosário Terras primitivas de Omar de Oliveira Barros, parte doada à Mitra Diocesana de Barra do Piraí (hoje Volta Redonda), para que ali se construísse um seminário religioso, nos idos de 1960. Como tal seminário não foi adiante, na década de 70, decidiu-se pelo loteamento da área, buscando beneficiar os mais carentes da nossa sociedade. Em homenagem à padroeira do município, o novo loteamento foi denominado Nossa Senhora do Rosário. A partir de 1980, ativistas comunitários, incentivados pelas religiosas Irmã Elizabeth e Irmã Terezinha, que atuavam em nossa cidade, iniciaram um movimento pela melhor organização da sociedade local. Em regime de mutirão, foi construída a capela em terreno cedido pela Mitra Diocesana e, por meio de eleições gerais, buscou- se escolher o padroeiro da comunidade. Os concorrentes eram Santa Terezinha, São José e São Francisco de Assis. Apurados os votos, São Francisco de Assis foi o escolhido. Também em regime de mutirão, foi erguido o cruzeiro em 1992. Em 1993 foram criadas a creche comunitária e a associação de moradores. Povoado do Jardim Independência Primitiva área de terras pertencente a Antônio Francisco Lima e sua mulher Maria de Oliveira Lima foi adquirida, em 20 de julho de 1972, pela SIGA – Sociedade Imobiliária Globo Ltda., que tinha sua sede no centro, na Praça Dr. Teixeira Brandão. Localizada à margem direita da Estrada Víctor Marcondes Sampaio (antiga Estrada Quatis-Amparo), foi desmembrada do Sítio e Chácara Santo Antônio, abrangendo uma área total de 189.152,34 m², sendo que 962,50 m² foram reservados para a instalação de escolas e 10.926,25 m² reservados como área verde, conforme se encontra no Livro de Registro de Imóveis, de n° 3-T, folhas 185, sob o n° 9527, do Cartório do 2° Ofício Notarial e Registral de Barra Mansa. De sua área total, a partir de 1972, foram desmembrados 61.924,50 m² em áreas de lotes que foram vendidos a terceiros, permitindo a sua grande expansão e desenvolvimento. No local foi construída uma capela em homenagem a Nossa senhora das Dores. Quando de sua construção, os moradores dos bairros Santo Antônio e Jardim Independência uniram-se e, em regime de mutirão, iniciaram a elevação de suas paredes. 9 Povoadodo Boa Vista Terra pertencente ao Sr. Omar de Oliveira Barros, conhecida como CHARQUEADA, vendida a maior parte para seu afilhado Antônio Leite e outros adquirentes. Popularmente era chamada de “Buraco Quente”. Situado em área plana e elevada, onde, de qualquer ponto se tem uma “boa vista” da Serra da Mantiqueira, daí originou-se o nome do loteamento, marcado pelas estripolias de um motorista do Supermercado Estrela – conhecido por Tiuri – que, descendo a Rua Geraldo Delgado, em uma caminhonete Toyota, e não tendo como retornar, devido à excessiva lama no local, acabou por derrubar a cerca, que separava duas propriedades e uniu as mesmas, através da Rua Salvador Peixoto da Fonseca. Mais tarde, com a ligação desses trechos, um primitivo morador do loteamento, o senhor José Roberto Ribeiro, mais conhecido como “Zé Botão”, acabou por construir uma ponte de madeira, por cima de uma vala de esgotos, que escorria a céu aberto, e atingia sua própria casa, permitindo a expansão do loteamento. Povoado do Jardim Pollastri Antiga área de pastos denominada Mirandópolis, e pertencente a Euclides Alves Guimarães Cotia e sua mulher Dª. Lenta, foi, em 1959, desmembrada e teve 22,856 alqueires geométricos, equivalentes a 1.106.230 m², vendidos ao Dr. Alexandre Pollastri Filho e a Isaac Marcondes Sampaio, conforme consta do livro de Registro de Imóveis de n° 3-R, às folhas 139, sob o n° 8.156, do Cartório do 2° Ofício Notarial e Registral de Barra Mansa. Em 1976, conforme planta aprovada pela Prefeitura Municipal de Barra Mansa, através do processo n° 12.101/75, a área foi loteada, com o nome de “Jardim Pollastri”, e vendida a terceiros, que iniciaram a construção de suas moradias. O novo loteamento, abrangendo área total de 181.403 m², teve suas terras, assim divididas: 126.184 m² em áreas de lotes; 28.794 m² em áreas de praças e 1.316 m² em áreas de servidão. Com a expansão do loteamento, foi criado o Grupo São João Batista, comunidade eclesial de base, que se reunia nas casas para a reza diária do terço, e iniciou-se um movimento para a construção de uma capela, em terreno doado pela Prefeitura Municipal de Quatis, conforme disposto na Lei 056, de 11 de fevereiro de 1994. Para a escolha do padroeiro da comunidade houve campanha e árdua eleição, entre os devotos de São João Batista e de Nossa Senhora Imaculada Conceição, sendo esta última, após a apuração, a escolhida dos moradores. Povoado do Bondarowsky Localizado em área de terra pertencente, primitivamente, a Aprígio Barbosa Lima que a revendeu, posteriormente, a Elias Bondarowsky, excluindo extensa área verde, doada à comunidade para a instalação de um horto florestal. Anos mais tarde, a área foi transferida para Samuel Bondarowsky, e por volta de 1980, foi dividida, dando origem ao loteamento, essencialmente residencial. Na época da implantação deste, era o único com infraestrutura adequada. Nessa área já havia antes da emancipação, um posto de atendimento da Prefeitura de Barra Mansa, uma estação de tratamento de água, um posto de saúde do Estado, o cemitério local e o Ginásio Roberto Silveira. 10 O nome é devido aos antigos proprietários, Elias e Samuel Bondarowsky, que permitiram a retaliação em diversos lotes e sua comercialização, com aqueles que ali quisessem construir suas residências. Povoado de Santa Bárbara Antiga área de pastos denominada “Chácara Santo Antônio”, e pertencente ao Sr. Nilo Rodrigues de Lima e sua mulher Dª. Geralda Andrade Lima, foi doada, em 1991, aos seus filhos Ana Maria das Graças Lima, Irma Aparecida de Lima Almeida e José Sebastião Andrade de Lima, conforme consta do livro de Registro de Imóveis de n° 230, às folhas 111/113v, sob o n° 4689, do Cartório do 2° Ofício Notarial e Registral de Barra Mansa. Em 1999, conforme planta aprovada pela Prefeitura Municipal de Quatis, através do processo n° 3977/97, a área de 91.515,92 m² foi desmembrada da área original e loteada, com o nome de “Loteamento Santa Bárbara”, sendo vendida a terceiros, que iniciaram a construção de suas moradias. O novo loteamento, teve suas terras, assim divididas: 39.803,02 m² em áreas de lotes; 28.295 m² em áreas de praças; e 6.092 m² reservada para a implantação do Loteamento Popular Alto das Quaresmeiras. A escolha do nome do bairro se dá em função da devoção à Santa Bárbara. Povoado de Santana A atual Comunidade de Santana, tratada hoje como “quilombo”, está localizada no distrito de Ribeirão de São Joaquim, em Quatis, e faz parte da Fazenda Santana, primitivamente chamada Fazenda Retiro. Construída na primeira metade do século XIX, a Fazenda Retiro teve como primeiro proprietário Manoel Marques Ribeiro, que era casado com Anna Esmeria Nogueira. O casal teve uma única filha, Maria Isabel Marques Ribeiro que, ao se casar com João Pedro de Carvalho, filho do 1° Barão de Cajuru, passou a assinar Maria Isabel de Carvalho. Manoel Marques Ribeiro, grande proprietário de café, figura de destaque em Ribeirão de São Joaquim, era Capitão da Guarda Nacional e Comendador. Muito querido na região, o encontramos no Livro de Tombo da Paróquia do Patriarca São Joaquim como padrinho de inúmeras crianças e testemunha de diversos casamentos. Em 1867, Manoel Marques Ribeiro mandou construir, em suas terras, uma capela dedicada a Sant’Ana, que serviria de túmulo para si e sua família. Em seu testamento, ele deixa claro que só poderiam ser sepultados na capela membros de sua família. Por isso, o Barão de Cajuru, sogro de sua filha Maria Isabel, ao morrer na Fazenda em 1868, em visita ao filho e à nora, foi sepultado do lado de fora da referida capela. O Comendador Manoel Marques Ribeiro faleceu em 14 de agosto de l869. Sua filha Maria Isabel e seu genro João Pedro de Carvalho assumiram a administração da propriedade e, em 1878, dez anos antes da assinatura da “Lei Áurea”, distribuíram lotes de terra, em volta da capela de Sant’Ana, aos escravos de sua fazenda, para que iniciassem a construção de um povoado, uma vez que esta área havia sido doada, juntamente com a capela, à Igreja do Patriarca São Joaquim, representante da Mitra Diocesana de Barra do Piraí. Com a decadência do café, o povoado não conseguiu se desenvolver. Em 30 de outubro de 1888, Maria Isabel perdeu sua mãe, Ana Esmeria, e em 29 de agosto de 1889, seu marido, João Pedro de Carvalho. Ambos foram sepultados na Capela de Sant’Ana. Por causa da capela, a Fazenda Retiro passou a ser conhecida como Sant’Ana, tanto que em 1903, Maria Isabel doou terras a vários de seus trabalhadores, já chamando a fazenda pelo novo nome, origem do povoado. 11 A fazenda produziu café até por volta de 1930, mas desde as primeiras décadas do século XX, novos proprietários, criadores de gado vindos de Minas Gerais, passaram a produzir leite, e este produto substituiu totalmente o anterior. Os novos donos de Santana foram pela ordem: Leôncio Ferreira da Silva, Olívio Alves Nogueira, Euclydes Augusto Alves, João Tibúrcio Alves, Diógenes Ribeiro Salgado. Com a morte deste, a propriedade foi dividida entre seus herdeiros. Enquanto a fazenda passava por diversos proprietários, muitos dos ex-escravos, que haviam recebido terras, a abandonaram. Alguns venderam a terra doada a trabalhadores que vieram com os novos fazendeiros. O certo é: quase todos, que hoje moram no que se convencionou chamar de quilombo, são em sua maioria mineiros como a maioria dos habitantes de Quatis. Historicamente, quilombo foi o nome dado a aldeias formadas por escravos fugitivos, o que não ocorreu em Santana. Ao contrário, trata-se de um caso inédito na história brasileira, proprietários que doaram terras de sua propriedade a escravos e ex-escravos. Segundo os defensores do quilombo, este termo hoje é dado a comunidades formadas quase que exclusivamente por afro-descendentes, que ficaram isoladas de outras áreas do município. Resgatando a verdade histórica, o Barão de Cajuru jamais foio proprietário da fazenda. Ele era apenas o sogro de Maria Isabel de Carvalho. Aliás, o marido de Isabel sequer recebeu o título que foi do pai, pois o mesmo foi dado a seu irmão Militão Honório. O povoado de Santana pertence ao distrito de Ribeirão de São Joaquim. PARTE II CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E ESTRATÉGICAS DO MUNICÍPIO DE QUATIS CONHECIMENTO DA REALIDADE Estrategicamente localizado, com sua sede distando de apenas 7 km de uma das rodovias federais mais importantes do país, a BR-116 que liga as duas maiores capitais do país, Rio de Janeiro e São Paulo (Presidente Dutra); entre os dois maciços rochosos mais importantes do país, o da Serra do Mar e o da Mantiqueira; a relativa facilidade de acesso ao litoral, através da Serra do Mar, em uma das maiores baías da nossa costa, a de Ilha Grande; integrante da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e, o acesso pela RJ- 159 direto ao sul de Minas Gerais e pela RJ-143 que pelo Distrito de Amparo dá acesso a Barra Mansa por meio de estradas já parcialmente pavimentadas; cortado por ferrovias, a Estrada de Ferro Oeste de Minas e a Ferrovia doa Aço, Quatis oferece situação favorável à instalação de indústrias e fábricas de pequeno porte e apoio logístico ao escoamento - por rodovia, ferrovia ou via marítima, de matérias-primas e produtos manufaturados provenientes de outros pólos e municípios vizinhos, podendo vir a transformar seu perfil econômico de atividade agropecuária, serviços e comércio, em um centro de atividades do setor terciário de economia, além da grande potencialidade turística, segundo a Embratur. O executivo municipal, diante do papel das cidades como agente protagonizador da região em que se insere, passa a ser um empreendedor para difundir e catalisar maiores investimentos e, ao mesmo tempo, torna-se responsável pelas questões sociais de saúde e educação principalmente, a partir do momento em que ele tem maior responsabilidade com a legislação de uso e ocupação do solo e a gestão democrática da cidade (conforme o Estatuto da Cidade, nome da Lei Federal nº. 10.257/01, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Brasileira). 12 Um outro conceito importante chama a atenção para as tendências mais contemporâneas como a questão da sustentabilidade, onde o aproveitamento dos recursos do lugar e o pensamento global dentro do local e local dentro do global definem o pensamento universal sem que o desenvolvimento contribua para o esgotamento dos recursos naturais e nem deixe de fazer parte do mundo globalizado. Sustentabilidade ambiental significa manutenção do capital natural e significa, também, que a taxa de emissão de poluentes não deve ser superior à capacidade de absorção e transformação, por parte do ar, da água e do solo. Além disso, a sustentabilidade ambiental deve garantir o uso racional dos recursos naturais, garantindo a preservação da biodiversidade, da sociedade humana e da qualidade do ar, da água e do solo, em níveis suficientes para manter a vida humana e o bem estar das sociedades, bem como a vida animal e vegetal para sempre. O objetivo do futuro há de passar necessariamente por um uso mais criterioso e econômico do solo, conseguido através de uma maior densidade ou intensidade de uso nos planos urbanísticos, associada a um programa de ocupação de vazios urbanos. Esta formulação ajudará a baixar os gastos escandalosos com as infra-estruturas e transporte, e a reduzir a pilhagem de outras áreas de solo disponíveis (por exemplo, ecossistemas ou terra cultivável) para urbanização. Assim, o conhecimento da realidade, primeira atividade da elaboração do plano, deve passar, de alguma forma e com diferentes níveis de profundidade e rigor técnico, pelos seguintes procedimentos seqüenciais e complementares: Delimitação do Município Situado no sudeste do Estado do Rio de Janeiro, o Município de Quatis integra a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e a Região das Agulhas Negras, faz divisa a oeste com o Município de Resende/RJ, ao norte com o Município de Passa Vinte/MG, a nordeste com o Município de Valença/RJ, a leste-sudeste e sul com o Município de Barra Mansa/RJ e a sudoeste com o Município de Porto Real. O desenvolvimento da região e dos municípios vizinhos deixa antever o adensamento natural de Quatis, que pelo seu porte, apesar da questão orçamentária, pode ainda fazer com que o aporte de medidas preventivas e de planejamento, por meio de políticas públicas, vençam sobre um número de medidas emergenciais como acontece em grande parte dos municípios brasileiros de pequeno e médio porte espalhados pelo país. Localizado em área envolta por colinas e morrotes, Quatis oferece poucas alternativas na oferta de terras planas propícias à instalação de indústrias de grande porte, o que talvez possa ser usado como prerrogativa na preservação ambiental e na manutenção do perfil pacato da cidade e de sua qualidade de vida. No entanto, é de se prever que as áreas ao longo da RJ-159, Floriano/Quatis possam vir a abrigar indústrias de pequeno e médio porte, também ao longo da rodovia RJ-143, Quatis-Ribeirão de São Joaquim, ainda nas proximidades do distrito de Quatis, desde que prevista e executada uma via de contorno para além dos limites urbanos desviando o tráfego de veículos de carga da estreita e inapropriada malha viária do centro urbano e, as áreas planas ao longo da estrada do Hotel Fazenda Bom Retiro que liga Quatis ao município de Resende na rodovia BR-116. Uma nova ponte sobre o Rio Paraíba do Sul ligando Quatis a Porto Real, por meio do acesso a fábrica de vidros Guardian, evitando a passagem pelo distrito barramansense de Floriano, hoje em estudo pelo Governo Estadual, viabilizaria uma nova alternativa para o desenvolvimento industrial do município. A estratégica localização, eixo Rio/São Paulo, uma melhor avaliação e atenção ao 13 potencial hídrico no cuidado de nascentes e matas ciliares, melhoria das estradas em busca de parcerias e fomento a programas prioritários certamente seriam atrativos iniciais que, aliados à diversificação das atividades de comércio e melhor qualificação de serviços, melhor aproveitamento de seu potencial rural para a piscicultura, fruticultura etc. significariam atração e foco de interesse para investidores e empreendedores, como também para a oferta de um produto quatiense. Diagnóstico É o momento de discussão e análise no que se refere ao elenco de vocações para o desenvolvimento do município, e, conseqüente definição de instrumentos e mecanismos que venham a alavancar seu desenvolvimento sustentável. Tendo no comércio, serviços e ainda na agropecuária, a base de sua economia, Quatis depende hoje de parcerias que garantam o aporte de recursos nas esferas estadual, nacional e internacional para gerar programas que alavancariam diversas atividades estruturantes importantes locais, com os municípios vizinhos e a nível regional. A transformação industrial por que passam os municípios vizinhos de Resende e Porto Real deve ser percebida e aproveitada como diferencial para que Quatis consiga maior qualidade, tanto no comércio em geral, quanto no que se refere a serviços nas áreas institucional, financeira e na oferta de profissionais liberais, bens manufaturados, produção artesanal, produção rural, hotelaria, cozinha, lazer, cultura etc., assim como na oferta de moradias e/ou terras para instalação de famílias provenientes de outros municípios e estados para absorver o mercado de trabalho gerado por estas indústrias. O incentivo ao comércio local atrairá esse potencial futuro residente, como também conquistará o próprio cidadão quatiense que ainda mantém o hábito de consumir nos mercados de Resende e Barra Mansa, conseqüente da ligação histórica e afetiva aos municípios aos quais pertencemos no passado. Com o perfil rural e tão diverso dos municípios desta região, Quatis ainda poderá despertar para a utilizaçãoda atividade turística sustentável, como a hospedagem rural, cozinha local, a valorização do patrimônio histórico, cultural, arquitetônico e ambiental, principalmente, do distrito de Ribeirão de São Joaquim, a recuperação/conservação de seus cursos d’água mais importantes como atrativos para caminhadas ecológicas etc. O cuidado maior com o meio ambiente representaria por si só um grande atrativo pelo diferencial em relação aos outros municípios e pelas características tão peculiares de seu relevo, de recursos hídricos e ilhas de Mata Atlântica ainda existentes. A implementação de festas tradicionais, como as festas juninas, de bairros (padroeiros) e temáticas, natalinas, carnaval, festivais de música, torneios esportivos e leiteiros visarão atrair pessoas dos municípios e estados vizinhos, assim como turistas estrangeiros. O Município tem igualmente potencial para sediar eventos esportivos na região, começando com a otimização de locais existentes como o Clube Náutico Quatiense, o Quatis Futebol Clube e a promoção de novos empreendimentos para a formação de um pólo esportivo. O esforço e empenho compromissado do Poder Municipal em gerir de fato suas diversas áreas de atuação, com multi e interdisciplinaridade, com descentralização, na promoção do desenvolvimento, em busca de parcerias em todos os níveis para junto das iniciativas privadas e da comunidade, na formação de parceiros locais, na criação urgente de um “patriotismo quatiense”. Entende-se por “patriotismo quatiense” o movimento de cidadania que implica em respeito pelos poderes consolidados, cuidado com o bem público, transparência da administração pública, exercício dos direitos e deveres do cidadão, conhecimento e valorização da história do município, entre outros, garantindo a transmissão destes valores, sem preconceitos, às gerações futuras, por meio da família e da educação. As potencialidades do Município são muitas, e para serem alavancadas visando o 14 desenvolvimento sustentável faz se necessário uma atitude do governo de maneira a ganhar o crédito da comunidade, a fazer com que a comunidade “caminhe e governe junto”, sinta-se parceira, entenda o interesse comum, aproxime-se com a voz de quem tem a realidade em seu quotidiano, na apresentação de propostas, definição de programas prioritários de forma amplamente participativa e pontual, através de oficinas de trabalho identificando problemas e articulando a visão dos técnicos com a percepção da sociedade e dos atores sociais.