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PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO Manual do Formando Rui Assis Indice Geral Planeamento e Controlo da Produção UNIDADE TEMÁTICA 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Introdução 1.1 O sistema de produção 1.2 Tipos de produção 1.2.1 Produção para stock (make-to-stock) 1.2.2 Montagem por encomenda (assemble-to-order) 1.2.3 Fabricação por encomenda (make-to-order) 1.2.4 Produção por encomenda (engineer-to-order) 1.2.5 Outras classificações 1.3 Capacidade vs carga 1.4 Unidades de medida 1.5 Capacidade de um Posto de Trabalho 1.6 Carga de um Posto de Trabalho 1.7 Filas de espera 1.7.1 Relação “Tempo de operação / Tempo no sistema” 1.8 Diminuição da capacidade de um Posto de Trabalho em consequência de defeitos de qualidade Resumo Exercícios propostos Bibliografia Anexo único - Exemplos de tipologias de Produção UNIDADE TEMÁTICA 2 TÉCNICAS DE PREVISÃO 2.1 O que são previsões ? 2.2 Para que serve uma previsão ? 2.3 Em que áreas se utilizam previsões ? 2.4 Factores que afectam o nível das vendas 2.5 Os ciclos económicos 2.6 O ciclo de vida de um produto 2.7 Horizontes de previsão e frequência de actualização 2.8 Métodos de previsão 2.9 Julgamento dos métodos 2.10 Medidas de precisão 2.10.1 Desvio (ou erro) Médio Absoluto (DMA) 2.10.2 Desvio (ou erro) Quadrado Médio (DQM) 2.10.3 Desvio (ou erro) Médio da Previsão (DMP) 2.10.4 Desvio (ou erro) Médio Relativo (DMR) 2.11 Métodos quantitativos de previsão 2.11.1 Composição de uma série temporal 2.12 Como escolher entre os vários modelos ? 2.12.1 Modelos de alisamento da série temporal 2.12.2 Modelos de decomposição da série temporal Indice Geral Planeamento e Controlo da Produção 2.12.3 Modelos causais 2.13 Modelos de alisamento 2.13.1 Média Móvel Simples (MMS) 2.13.2 Propriedades de uma média móvel 2.13.3 Média Móvel Ponderada (MMP) 2.13.4 Alisamento Exponencial Simples (AES) 2.13.5 Alisamento Exponencial Duplo (AED) 2.13.6 Projecções de tendência 2.14 Modelos de decomposição 2.14.1 Sazonalidade 2.15 Modelos causais 2.15.1 Métodos de regressão 2.15.2 Medição da aderência 2.15.3 Correlação múltipla 2.16 Controlo de previsões Resumo Exercícios propostos Bibliografia UNIDADE TEMÁTICA 3 PLANEAMENTO AGREGADO 3.1 Actividades de planeamento em produção 3.1.1 Planeamento de longo prazo 3.1.2 Planeamento de médio prazo 3.1.3 Planeamento de curto prazo 3.2 Planeamento hierarquizado da produção 3.3 Estratégias de planeamento agregado 3.3.1 Estratégias puras 3.3.2 Estratégias combinadas 3.3.3 Plano nivelado 3.4 Métodos de planeamento agregado 3.4.1 Método “intuitivo” 3.4.2 Método das tentativas 3.5 Conclusões Resumo Exercícios propostos Bibliografia UNIDADE TEMÁTICA 4 PLANEAMENTO DE MATERIAIS “MRP” 4.1 Introdução 4.1.1 Prazo de disponibilidade 4.2 Sistemas de Planeamento MRP Indice Geral Planeamento e Controlo da Produção 4.2.1 Objectivos de gestão do sistema MRP 4.2.2 Benefícios de um sistema MRP 4.3 Estrutura de um sistema MRP 4.3.1 Ficheiro mestre (ou PDP) 4.3.2 Ficheiro de artigos 4.3.3 Ficheiro de existências 4.4 Método de cálculo do MRP 4.5 Cálculo de necessidades de capacidade (CRP) 4.6 Sistema MRP-II Resumo Exercícios propostos Bibliografia UNIDADE TEMÁTICA 5 PLANEAMENTO DE CAPACIDADES (CRP) 5.1 Capacity Requirements Planning (CRP) 5.2 Programação com e sem carregamento 5.3 Programação com carregamento contra capacidade infinita 5.3.1 Carregamento para trás (ou carregamento mais tarde) 5.3.2 Carregamento para a frente (ou carregamento mais cedo) 5.3.3 Margem livre 5.4 Mecânica do carregamento 5.4.1 Composição do prazo de execução (lead-time) de uma OF 5.5 Nivelamento de cargas 5.5.1 Carregamento para trás 5.5.2 Carregamento para a frente 5.5.3 Nivelamento de carga 5.5.4 Procedimento geral de nivelamento 5.6 Carregamento contra capacidade finita 5.6.1 Técnicas de simulação 5.6.2 Restrições do carregamento contra capacidade finita 5.6.3 Gráfico de barras ou de Gantt 5.6.4 Nivelamento de cargas e o carregamento contra capacidade finita Resumo Exercícios propostos Bibliografia UNIDADE TEMÁTICA 6 CONTROLO DA PRODUÇÃO 6.1 Introdução 6.2 Lançamento e controlo de operações 6.3 A função Lançamento 6.3.1 Controlo de exequibilidade Indice Geral Planeamento e Controlo da Produção 6.3.2 Tipos de OF´s 6.3.2.1 OF´s planeadas 6.3.2.2 OF´s planeadas fixas 6.3.2.3 OF´s lançadas 6.3.2.4 Comparação dos três tipos de OF´s 6.3.3 Acções correctivas de curto prazo 6.3.4 Caso da produção por encomenda 6.3.5 O suporte documental do Lançamento 6.3.6 Regras de procedimento do Lançamento 6.3.7 Regras de modificação do PDP 6.4 A função Controlo da Produção 6.4.1 O sistema centralizado 6.4.2 O sistema descentralizado nas secções fabris 6.4.3 O sistema de simulação permanente 6.5 A função Controlo de Operações 6.5.1 Controlo de entradas-saídas de carga 6.5.1.1 Filas de espera 6.5.1.2 Processos de produção contínuos e descontínuos 6.5.1.3 Filas de espera e produtividade de um Posto de Trabalho 6.5.1.4 Medição de uma fila de espera 6.5.1.5 O Quadro de entradas-saídas (E/S) 6.5.2 O controlo de prioridades 6.5.2.1 Regras de prioridade 6.5.2.2 Rácio crítico 6.5.2.3 Lista de prioridades (LP) 6.5.3 Combinação dos dois tipos de controlo 6.5.4 Recolha de dados da produção 6.5.5 Quadro de distribuição de trabalho Resumo Exercícios propostos Bibliografia Anexo único - Exemplo dos documentos típicos de um dossier de fabrico UNIDADE TEMÁTICA 7 PLANEAMENTO DE PROJECTOS 7.1 Introdução 7.2 O que é um projecto ? 7.3 Técnicas PERT/CPM 7.4 Programação por redes 7.5 Caminho crítico e margens 7.6 Gráfico de Gantt 7.7 Incerteza sobre a duração de um projecto 7.7.1 Método analítico 7.7.2 Método de simulação 7.8 Custos de um projecto Indice Geral Planeamento e Controlo da Produção 7.9 Perfil de cargas Resumo Exercícios propostos Bibliografia Anexo único - Tabela da Distribuição Normal UNIDADE TEMÁTICA 8 PRODUÇÃO “JUST-IN-TIME” 8.1 Introdução 8.2 O Just-in-Time - Uma atitude de melhoria permanente da produtividade 8.3 Origens do JIT 8.4 Eliminação de desperdícios 8.4.1 Focagem tecnológica (especialização) 8.4.2 Agrupamento de tecnologias 8.4.3 Qualidade na fonte 8.4.4 Produção Just-in-Time 8.4.5 Programação uniforme 8.4.6 Técnica de controlo KANBAN 8.4.7 Minimização dos tempos de preparação (setup) Resumo Exercícios propostos Bibliografia UNIDADE TEMÁTICA 9 PRODUÇÃO EM FLUXO 9.1 Balanceamento de linhas de produção 9.2 Programação uniforme de operações 9.2.1 Produção em volume vs produção em fluxo 9.2.2 Programação uniforme 9.2.3 Nivelamento da carga 9.2.4 Tempo de ciclo 9.2.5 Dimensionamento de recursos 9.2.6 Programação de modelos misturados 9.3 Determinação do melhor sequenciamento em linhas com tempos de setup desprezáveis 9.4 Determinação do melhor sequenciamento no caso de linhas com tempos de setup não desprezáveis 9.4.1 Lote económico de fabricação de um único produto 9.4.2 Lote económico de fabricação colectivo 9.4.3 Tempos de setup iguais 9.4.4 Tempos de setup desiguais Resumo Exercícios propostos Bibliografia Indice Geral Planeamento e Controlo da Produção UNIDADE TEMÁTICA 10 CONTROLO KANBAN 10.1 A técnica de sincronização KANBAN 10.2 Objectivos da técnica KANBAN 10.3 Organização da técnica KANBAN 10.4 Funcionamento da técnica KANBAN 10.4.1 Regras de funcionamento 10.4.2 Informação contida numa etiqueta KANBAN 10.5 Quantidade de peças por contentor 10.6 Quadro de planeamento 10.6.1 Circulação das etiquetas10.6.2 Circulação dos contentores 10.7 Cálculo dos parâmetros de gestão KANBAN 10.7.1 Nível de urgência 10.7.2 Número total de etiquetas 10.7.3 Nível de reposição 10.8 Decisão de lançamento 10.9 Técnica KANBAN de transporte 10.9.1 Expedição a partir de um Armazém 10.9.2 Movimentação entre dois departamentos afastados (técnica de dois KANBAN´s) 10.10 Outras formas de KANBAN 10.10.1 Boca a boca 10.10.2 Sinais luminosos 10.10.3 Um sinal num poste 10.10.4 Contentores vazios 10.10.5 KANBAN electrónico 10.11 Combinação das técnicas MRP e KANBAN Resumo Exercícios propostos Bibliografia INTRODUÇÃO A função de Planeamento e Controlo da Produção numa empresa industrial, possui como objectivos globais, os seguintes: • Determinar datas possíveis de entrega de encomendas a clientes; • Manter informações permanentemente actualizadas sobre o estado de avanço das várias encomendas; • Minimizar os volumes de stocks em curso de fabrico; • Regularizar a carga sobre os vários postos de trabalho de forma a evitar estrangulamentos e tempo extraordinário; • Sequenciar as ordens de fabricação nos vários postos de trabalho de acordo com regras de prioridade; • Minimizar o tempo que uma ordem de fabrico permanece em filas espera; Estes objectivos serão permanentemente perseguidos num quadro caracterizado por diferentes restrições: • Limitações de capacidade dos recursos; • Disponibilidades de material; • Atrasos de fabricação (absentismo, avarias, rejeições, etc.); • Alterações e urgências comerciais; Para tal o responsável do Planeamento e Controlo da Produção terá que procurar permanentemente os melhores compromissos entre aqueles objectivos - por vêzes conflituosos entre si - tendo em conta aquelas restrições, revelando criatividade e dentro de princípios de racionalidade económica e harmonia social . Unidade Temática 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS No final desta Unidade Temática o formando deverá ser capaz de: • Identificar as principais tipologias de produção e caracterizá-las na óptica da função Planeamento e Controlo. • Compreender alguns dos principais conceitos ligados à gestão de um sistema de produção, tais como: capacidade versus carga; unidades de medida; eficiência e ocupação; filas de espera; e decremento da capacidade devido a rejeições e recuperações. ÍNDICE Introdução 1.1 O sistema de produção 1.2 Tipos de produção 1.2.1 Produção para stock (make-to-stock) 1.2.2 Montagem por encomenda (assemble-to-order) 1.2.3 Fabricação por encomenda (make-to-order) 1.2.4 Produção por encomenda (engineer-to-order) 1.2.5 Outras classificações 1.3 Capacidade vs carga 1.4 Unidades de medida 1.5 Capacidade de um Posto de Trabalho 1.6 Carga de um Posto de Trabalho 1.7 Filas de espera 1.7.1 Relação “Tempo de operação / Tempo no sistema” 1.8 Diminuição da capacidade de um Posto de Trabalho em consequência de defeitos de qualidade Resumo Exercícios propostos Bibliografia Anexo único - Exemplos de tipologias de Produção Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 3 INTRODUÇÃO As técnicas de planeamento e controlo industriais podem ser formulados com alguma generalidade, dependendo da combinação particular dos factores característicos de cada processo de produção. Começaremos por fazer uma descrição dos principais ambientes de produção existentes na indústria. Os Módulos Temáticos posteriores aprofundarão cada uma das técnicas de planeamento e controlo aplicáveis. Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 4 1.1 O SISTEMA DE PRODUÇÃO Numa perspectiva global todos os sistemas de produção possuem um objectivo comum: fornecer produtos (bens ou serviços) aos clientes aos quais se destinam. Para o conseguirem, têm que transformar uma certa quantidade de factores, tais como, matérias-primas, energia, trabalho, capital etc.. Este processo de transformação constitui um sistema que pode ser esquematizado conforme se vê na Figura 1.1. Figura 1.1 - Sistema de transformação Os factores de entrada são transformados de tal forma e em tais quantidades que permitam contínuamente maximizar a satisfação dos clientes externos e dos clientes internos (pessoas que trabalham na empresa, ou que integram o processo de transformação) e simultâneamente, minimizar: • Os impactes negativos sobre o ambiente (poluição); • A intensidade de todos os factores de entrada; • Os desperdícios na saída. O retorno (ou feed-back) por parte dos clientes proporciona informações que vão influenciar o sistema na forma como transforma os factores de entrada. Assim, o desenho dos produtos adapta-se constantemente às necessidades e preferências dos clientes e o volume de produção ajusta-se às oscilações da procura. Transformação de factores Objectivos globais Retorno ou feed-back Fronteira PROCESSO DE TRANSFOR MAÇÃO CLIENTES Produtos → Serviços → Informações → Desperdícios → Poluição → Materiais → Energia → Mão de obra → capital → Informação → Serviços → Interacções Retorno (ou feed-back) Interacções Meio envolvente Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 5 O sistema é também influenciado pelo meio envolvente. Por exemplo, uma falha de corrente ou uma greve, constituem exemplos de factores que o sistema de transformação não controla e provêm do meio social, cultural, económico, etc. em que se integra. Influência do meio envolvente Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 6 1.2 TIPOS DE PRODUÇÃO Existem várias formas de classificar um sistema de produção, dependendo da natureza dos produtos, dos processos utilizados e da estratégia adoptada para satisfazer os clientes. Assim, começando pela estratégia, teremos: • Produção para stock (make-to-stock); • Montagem por encomenda (assemble-to-order); • Fabricação por encomenda (make-to-order); • Produção por encomenda (engineer-to-order). Estratégias de produção Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 7 1.2.1 PRODUÇÃO PARA STOCK (MAKE-TO- STOCK) Os produtos são produzidos e colocados em stock antes que sejam conhecidas as encomendas dos clientes. Esta estratégia utiliza-se no caso de produtos de grande consumo, como por exemplo, produtos alimentares, gasolina, calçado, confecções “pronto-a-vestir”, etc. O cliente procura a disponibilidade imediata dos artigos em pontos de venda. O prazo aceitável para o cliente é "imediato". As quantidades a produzir são decididas na base de previsões. Figura 1.2 - Produção para stock (make-to-stock) Nas Figuras 1.2, 1.3, 1.4 e 1.5 pode ver-se numa escala de tempo o chamado “ciclo de obtenção” ou “prazo de disponibilidade” do produto - tempo que medeia entre o início da compra dos materiais necessários e a sua entrega ao cliente depois de transformados em produto. No caso da produção para stock (Figura 1.2) este prazo é práticamente nulo. Este prazo é frequentemente designado pelo termo anglosaxónico “lead- time” Ciclo de obtenção, prazo de disponibilidade ou lead-time Aprovisionamento Produção de Montagem Stock de materiais componentes produtos Encomenda Entrega Tempo Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 8 1.2.2 MONTAGEM POR ENCOMENDA (ASSEM- BLE-TO-ORDER) Quando o cliente aceitaesperar um certo tempo (um prazo aceitável) entre o momento em que coloca a encomenda e o momento em que a recebe - duas a três semanas no caso do mobiliário para escritórios - e se o prazo de obtenção é superior a este, então fabricam-se componentes e módulos opcionais em antecipação, que são colocados em stock. Evidentemente que, neste caso, os produtos possuem desenhos normalizados, possibilitando a montagem rápida de uma combinação particular de módulos, de acordo com a encomenda de cada cliente e imediatamente após a sua chegada. Figura 1.3 - Montagem por encomenda (Assemble-to-order) Esta estratégia utiliza-se, por exemplo, nas linhas de montagem de automóveis - quando uma encomenda de um concessionário chega, os vários módulos opcionais (carroçaria do modelo e côr desejada, motorização, bancos, transmissão, ar-condicionado, etc.) são enviados para pontos específicos da linha a partir de armazéns. Passadas algumas horas o carro está pronto para entrega. Encomenda Entrega Aprovisionamento Produção de componentes Stock de de materiais e de módulos componentes Montagem e módulos Tempo Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 9 1.2.3 FABRICAÇÂO POR ENCOMENDA (MAKE- TO-ORDER) Quando o prazo aceitável pelo cliente é superior ao prazo de obtenção do produto e muitos dos materiais necessários são comuns na empresa, esta mantem em stock muitos dos materiais - principalmente aqueles que possuem um prazo mais longo de aprovisionamento - e adquire os restantes sómente com base em encomendas firmes. Figura 1.4 - Fabricação por encomenda (Make-to-order) Encomenda Entrega Aprovisionamento Stock de Produção de de materiais de materiais componentes Montagem Tempo Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 10 1.2.4 PRODUÇÃO POR ENCOMENDA (ENGI- NEER-TO-ORDER) Quando o produto é único e totalmente de acordo com especificações do cliente, todo o ciclo - projecto, aprovisionamento de materiais, produção de componentes e montagem - inicia-se no momento em que cliente firma a encomenda. Figura 1.5 - Produção por encomenda (Engineer-to-order) Entrega Encomenda Aprovisionamento Produção de Projecto de materiais componentes Montagem Tempo Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 11 1.2.5 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Utilizam-se outros termos para distinguir as características dos sistemas de produção. Uma característica também muito comum é a que consiste em avaliar o grau de flexibilidade de produção de uma variedade de produtos. Assim, num extremo temos os “sistemas intermitentes” que produzem produtos múltiplos à medida do cliente em baixos volumes (job-shops) ou mesmo produtos únicos que nunca mais são repetidos (projecto). No outro extremo, temos os “sistemas repetitivos” em massa (ou série), os quais produzem sempre os mesmos produtos normalizados em pequena variedade e grandes volumes. Estes produtos podem ser obtidos de forma discreta, isto é, peça a peça (flow-shops) ou contínua, isto é, sob a forma de líquidos, pós ou pastas (processo). Numa posição intermédia, encontramos o sistema repetitivo por lotes (batch). Figura 1.6 - Variedade versus volume As principais características desta classificação "variedade versus volume" encontram-se descritas adiante no Quadro 1.1. Flexibilidade da produção Sistemas intermitentes de produção Produção repetitiva discreta ou contínua Repetitiva por lotes (batch) Repetitiva discreta (flow- shop) Repetitiva contínua (process) Intermitente unitário (project) Intermitente múltipla (job-shop) Baixo VOLUME Alto Alta VARIE DADE Baixa Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 12 TIPOS DE PRODUÇÃO Intermitente unitária Intermitente múltipla Repetitiva por lotes Repetitiva em massa OUTRAS DE- SIGNAÇÕES NATUREZA DOS PRODUTOS EXEMPLOS NATUREZA DA PROCURA OBJECTIVOS TÉCNICA DE PLANEAMEN- TO E CON- TROLO PRAZOS DE PRODUÇÃO TAXA UTILIZAÇÃO DO EQUIPA- MENTO project Produtos complexos de forte valor acrescentado Navios, pontes, guindastes... Aleatória Gestão dos re- cursos e controlo de prazos em função do ca- minho crítico Por redes PERT/CPM Meses ou anos 5 a 25% job-shop Peças elementares ou sub-conjuntos sub-contratados Ferramentas de corte, moldes de injecção e de compressão... Aleatória Saturação da capacidade dos meios e controlo de prazos Controlo de cargas e sequenciamento em função de prioridades Dias ou semanas 20 a 75% batch Produtos complexos tipo bens de equi- pamento Máquinas fer- ramentas, mo- biliário... Previsível Produzir lotes de certa dimensão MRP Horas ou dias 70 a 80% flow-shop Produtos standard tipo grande con-sumo de fraca complexidade Componentes de automóvel, rá- dios, televisores, electrodomésticos Previsível e relativamente estável Produzir sem stocks "just in time" MRP/KANBAN Minutos ou horas > 80 % QUADRO 1.1 - Tipologias de Produção Os sistemas intermitente múltiplo (job-shop) e repetitivo por lotes são os mais comuns. Vejamos algumas das suas características principais de funcionamento. Produção intermitente múltipla (job-shop) Uma job-shop produz por encomenda na base de desenhos e especificações apresentados pelos clientes. A variedade de produtos é grande e a quantidade produzida de cada produto é pequena, sendo frequentemente igual a um. Com o objectivo de aumentar as hipóteses de venda e manter um nível suficiente de negócio, estas empresas possuem equipamento de utilização universal e uma grande quantidade de pessoal qualificado (capaz de realizar diferentes funções). Nesta circunstância, diz-se que as pessoas possuem “polivalencia funcional”. Equipamento universal e pessoal polivalente funcional Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 13 Cada encomenda transforma-se em várias ordens de fabrico (OF´s) - uma para cada peça elementar. Cada OF especifica um conjunto particular de operações numa certa sequência - que designamos por “gama operatória” ou simplesmente “gama”, permitindo converter matéria prima numa peça acabada. Qualquer outra peça requer uma gama completamente diferente. Consequentemente não existe nenhum percurso padrão dos materiais através das oficinas. O equipamento de movimentação de peças deve ser bastante flexível, de forma a poder transportar as mais diversas formas e tamanhos de máquina para máquina, ao longo das oficinas. A flexibilidade é o principal requisito. Uma job-shop enfrenta constantemente o desafio de programar e coordenar a produção de uma enorme variedade de produtos não familiares, mantendo o equipamento o mais ocupado possível e cumprindo os prazos. Uma job-shop conserva alguma matéria-prima, usada mais frequentemente,em stock. A maior parte do seu stock encontra- se na chamada fase de “em curso de fabrico” (material em diferentes graus de transformação que se acumula entre as várias fases de fabrico, constituindo as chamadas “filas de espera” junto a cada posto de trabalho). A grande variedade de peças e de gamas operatórias torna o ambiente de uma job-shop extremamente complexo e difícil de programar. Em consequência, a taxa de ocupação dos equipamentos é normalmente baixa (entre 20 e 75%). Uma carpintaria que fabrica móveis por medida, uma tipografia que imprime diferentes trabalhos em off-set (livros, revistas, catálogos, etc.), uma oficina que fabrica caixilharia de alumínio por medida, uma oficina metalomecânica que realiza moldes de injecção, constituem exemplos de produção intermitente múltipla (job-shop). Produção repetitiva por lotes (batch) Conforme vimos na Figura 1.6, a produção por lotes ocupa uma posição intermédia em termos de variedade de produtos e de quantidades produzidas de cada produto. A quantidade produzida de cada produto não é em geral suficiente para justificar o uso de equipamento dedicado. Por isso, vários produtos compartilham os mesmos recursos de produção. Estes recursos devem ser capazes de realizar Ordens de Fabrico e Gamas operatórias Equipamento de transporte flexível Maximizar a ocupação e cumprir prazos Stock “em curso de fabrico” ou “em fila de espera” Taxa de ocupação Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 14 diferentes operações, embora a gama possível seja mais estreita do que no caso da job-shop. Normalmente cada equipamento requer alguns dispositivos especiais e uma ferramenta específica para produzir um lote de um determinado produto. Quando o lote termina mudam-se os dispositivos e a ferramenta de forma a preparar o equipamento para outro produto. Esta operação é frequentemente designada pelo termo anglosaxónico “set-up” A rapidez de mudança de um equipamento de um produto para outro é muito importante neste sistema de produção. Este objectivo consegue-se definindo famílias de peças que requeiram a mesma (ou quase) sequência de operações. Nesta circunstância, os tempos de mudança podem reduzir-se a poucos minutos ou mesmo segundos (o bastante para ajustamento rápido da posição de dispositivos e ferramentas). A forma de arranjo físico dos equipamentos (layout) que melhor cumpre com este objectivo é constituído por células com a forma de U (tratado no módulo Estudo do Trabalho). Na produção por lotes, a produção é decidida com alguma antecedência - parte, com base em encomendas firmes e parte, com base em previsões. Por outro lado, os produtos possuem as seguintes características: • São “normalizados” (o seu desenho encontra-se pré- definido); • As “nomenclaturas” (descrição da sua composição em componentes); • As “gamas operatórias” (sequência de operações sofrida por uma peça desde a fase de matéria prima até componente acabado, ou sofrida por um conjunto de componentes até se transformarem numa sub-montagem ou montagem final), encontram-se bem definidas e residentes em bases de dados. Estas características permitem planear as datas de início de produção e de montagem de todos as peças e componentes. Veremos mais adiante, na Unidade Temática 4, que a técnica de planeamento que se adopta neste caso é conhecida por MRP (Materials Requirements Planning), ou Planeamento de Necessidades de Materiais. Mudança ou set-up de um equipamento Tempo de mudança ou de set-up Layouts em U Encomendas firmes e previsões Produtos normalizados Nomenclaturas Gamas operatórias Planeamento MRP Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 15 A produção de sapatos, de confecções, de ferramentas manuais e de loiça sanitária, constituem exemplos de produção repetitiva por lotes (batch). Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 16 1.3 CAPACIDADE VERSUS CARGA Consideremos uma analogia hidráulica compreendendo, primeiramente, um funil (Figura 1.7-a). A capacidade do funil ou seja o seu débito, representa a quantidade de trabalho produzida pelo sistema de produção na unidade de tempo. A carga do funil, ou seja o nível do líquido que se escoa, representa a carga de trabalho existente em dado momento no sistema de produção. a) b) Figura 1.7 - Carga versus capacidade A analogia pretendida pode ser melhorada se considerarmos antes o depósito representado na Figura 1.7-b. Este depósito ilustra melhor as duas formas de controlo da quantidade de trabalho no sistema de produção, pois possui dispositivos de regulação dos débitos na entrada e na saída do sistema. Sempre que o débito de entrada no sistema ultrapassa o débito de saída, a carga no sistema aumenta e vice-versa. Este conceito, extremamente simples, é muitas vezes esquecido em ambientes complexos de produção, pois os gestores encontram-se sobretudo preocupados em fazer andar as encomendas urgentes, deixando a carga flutuar enormemente e comprometendo as datas previstas no planeamento. Com efeito, o planeamento das capacidades deve sempre anteceder o planeamento das prioridades. Regulação carga- capacidade Capacidades versus prioridades Fila de espera, carga ou trabalho em curso Capacidade Lançamento Capacidade Lançamento Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 17 1.4 UNIDADES DE MEDIDA A unidade de medida seleccionada para o planeamento de capacidades deve ser comum para toda a gama de modelos e tamanhos de qualquer produto. Por exemplo, peças, toneladas, metros ou horas standard por unidade de tempo (tempo prédeterminado pela Engenharia de Métodos). A unidade de medida deve ser um denominador comum de todos os produtos produzidos. Para uma operação produzindo um único produto, a medida - peças produzidas, é suficientemente significativa. Por exemplo, uma linha enche 10.000 garrafas por dia. Esta afirmação é significativa desde que todas as garrafas contenham a mesma quantidade de líquido. Se, em certo dia, a linha produzir 9.500 garrafas sabemos que algo correu mal. Contudo, se a linha encher vários tamanhos de garrafas (por exemplo 33 cl até 1 litro), dizer que a linha enche 10.000 garrafas por dia já não é significativo. Neste caso, precisamos de mais informações, tais como a “gama de tamanhos” e os respectivos tempos de enchimento. Nestes casos é preferível converter garrafas (peças) produzidas em tempo standard (normalizado) necessário para as produzir. Assim, se a linha produz normalmente 1.000 horas standard/dia e se, num certo dia produzir 900 horas standard, não haverá dúvida que algo correu mal, independentemente da gama de modelos ou de tamanhos do produto. Tempo standard ou normalizado Gama de tamanhos Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 18 1.5 CAPACIDADE DE UM POSTO DE TRABALHO A “capacidade” de um Posto de Trabalho (PT) pode ser conhecida através do cálculo de uma média de dados históricos, ou através do cálculo de uma fórmula. Teóricamente, a capacidade de um PT seria igual ao tempo disponível durante um período de trabalho (por exemplo, 8 horas/dia, 40 horas/semana, etc). Contudo, devido a diversas razões - normais em ambiente fabril - num posto de trabalho verificam-se sempre interrupções (paragens). Estas paragens devem-se a três factores: • Avarias e manutenção preventiva (Av + Mp); • Absentismo do(s) operador(es) (Abs); • Falta de continuidade de trabalho (Ftr). Este último factor é consequência de, embora existindo trabalho programado (carga) para o PT, se verificarem: • Interrupções de abastecimento dos PT´s de montante (devidosa avarias, defeitos de qualidade, dessincronia de operações, etc.); • Falhas de entrega atempada de materiais a partir de um armazém; • Falta de ferramentas, gabaritos ou de instruções de operação; • Interrupções de energia; etc. Assim, a capacidade de um PT deve ser decrementada (ajustada) daqueles factores, se quisermos ter um planeamento realista. A capacidade prática de um PT calcula-se pela seguinte fórmula: em que: C - Capacidade disponível (horas/período) T - Tempo disponível (horas/período) D - Disponibilidade A - Activação Razões de interrupção de um PT Razões de falta de continuidade de trabalho Capacidade ajustada Capacidade prática ou disponível )1.1(A.D.TC = Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 19 A “disponibilidade” de um PT é afectada pelos dois primeiros factores. Designamos, então, por disponibilidade “D”, a seguinte relação: em que: (Av + Mp) - Tempo parado devido a avarias e a manutenção preventiva; Abs – Tempo parado devido a absentismo do(s) operador(es); Um PT encontra-se activo (ou não), conforme tenha trabalho destinado (carga) ou não. Designamos, então, por “activação” “A”, a seguinte relação: em que: Ftr - Tempo parado devido a interrupção (falta de continuidade) do trabalho de montante A disponibilidade e a activação fornecem medidas de performance da gestão com enfoques diferentes: a primeira é de natureza “estrutural” e a segunda é de natureza “conjuntural”. A primeira deve apresentar um valor desejável igual a 1. A segunda deve apresentar um valor inferior a 1, de forma a conter a fila de espera (trabalho em curso) dentro de limites considerados aceitáveis. É pois o valor da capacidade calculado desta forma que deve ser introduzido no módulo de planeamento MRP, para cada PT. Disponibilidade de um PT Activação de um PT Medidas de performance estrutural e conjuntural Planeamento MRP )2.1( T )AMA(T D bspv ++− = )3.1( T )FT(A tr−= Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 20 1.6 CARGA DE UM POSTO DE TRABALHO Quanto à “carga”, o seu cálculo resulta dos tempos standard de preparação e de operação, constantes nas gamas operatórias (elaboradas e mantidas pela Engenharia de Processo) e do número de unidades a produzir, resultantes da explosão do MRP. É preciso, contudo, ter em conta que os tempos calculados pela Engenharia são tempos standard (ou predeterminados), sendo necessário corrigi-los da eficiência. A “eficiência” “ε” mede o grau de cumprimento dos tempos standard e é dada pela expressão seguinte: em que: Ts – Tempo standard Tr – Tempo real O valor da eficiência é extremamente sensível à experiência do operador. Se um operador experiente é substituído por um principiante, a eficiência cai para valores inferiores a 1. Pode também acontecer que um operador particularmente hábil consiga valores de eficiência superiores a 1. Obviamente que aquilo que foi dito anteriormente se aplica genericamente a qualquer PT, seja este constituído por um operador, um operador numa bancada ou, ainda, um operador numa máquina semi-automática. A eficiência de uma operação realizada num determinado PT pode ser conhecida através da análise de dados históricos e deve ser actualizada frequentemente, particularmente quando se verificam mudanças frequentes de operadores. Quando o tempo de preparação de um PT é desprezável, a carga é calculada pela seguinte fórmula: em que: ts – Tempo unitário standard; N – Nº de unidades a produzir; ε - Eficiência da operação. Eficiência Sensibilidade da eficiência com a experiência do operador Carga de um PT com Tp desprezável )4.1( T T r s=ε )5.1(N.tTQ ss ε = ε = Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 21 Exemplo 1.1 Suponhamos que um PT deve produzir 60 peças num determinado dia, e que a Engenharia de Métodos especificou um tempo standard de 12 minutos para produzir cada peça. Suponhamos ainda que o tempo de preparação do PT é desprezável. Se a operação tiver de ser executada por um operador principiante que precisa em média 15 minutos para executar uma peça, qual será a eficiência da operação e a carga a planear? A eficiência a considerar no cálculo da carga será, pois: ε = 12 / 15 = 0,8 ou 80% E a carga será, por sua vez: Q = (12 x 60) / 0,8 = 900 minutos ou 15 horas Na prática, quando o tempo de preparação (change-over) de um PT não é desprezável, há que tê-lo em conta no cálculo da carga. Neste caso, a fórmula anterior deve ser ajustada deste tempo Tp, assumindo então, a forma: )6.1(TN.tQ ps +ε = É pois o valor da carga destinada a um PT, calculada desta forma, que deverá ser confrontada com a sua capacidade prática. Exemplo 1.2 Se 60 peças tivessem de ser obtidas num PT que leva em média 30 minutos para preparar (intervalo de tempo que medeia desde a saída da última peça boa da série de fabrico anterior até à primeira peça boa da série seguinte) e 10 minutos para produzir cada peça com uma eficiência de 0,75, a carga necessária seria: Q = (10 x 60 + 30) / 0,75 = 840 minutos ou 14 horas Change-over ou Set- up Carga de um PT com Tp não desprezável Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 22 Exemplo 1.3 Um posto de trabalho é composto por 3 máquinas que funcionam em regime de 2 turnos x 8 horas/turno x 5 dias/semana. Os dados históricos mostram que nas últimas semanas as avarias foram responsáveis pela perda de 12 horas/semana (em média) e que os tempos standard produzidos foram de 250,8 horas/semana (em média). Qual é a capacidade calculada ou nominal do posto de trabalho? Qual a carga a planear para obtenção de 60 peças cujo tempo standard de produção é 11min? Tempo disponível = 3 x 2 x 8 x 5 = 240 horas/semana Disponibilidade = (240 - 12) x 100 / 240 = 95% Capacidade = 240 x 0,95 = 228 horas/semana Eficiência = 250,8 x 100 / 228 = 110% Carga = 11 x 60 / 1,10 x 60 = 10 horas Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 23 1.7 FILAS DE ESPERA Verifica-se em qualquer PT um fenómeno que é mal compreendido pelos gestores e que conduz frequentemente a grandes desvios entre o planeado e o realizado. Consideremos um PT e as Ordens de Fabrico (OF´s) chegando aleatóriamente. Se os tempos de processamento de cada OF também forem aleatórios, verifica-se sempre a formação de uma fila de espera (de dimensão flutuante) composta pelas OF´s que vão chegando. Cada OF tem que esperar até ser processada um tempo Te que, para uma dado ritmo médio de chegadas λ, cresce tanto mais quanto menor for a diferença entre o ritmo médio de processamento µ e o ritmo médio de chegadas λ, ou, o mesmo é dizer, quanto maior for a taxa de ocupação do PT (ou de activação, considerando a taxa de disponibilidade = 100%). Esta relação encontra-se representada gráficamente na Figura 1.8 e é dada aproximadamente pela seguinte fórmula: )7.1( )( Te λ−µµ λ = em que: Te - tempo médio de espera de uma OF na fila (horas) λ - ritmo médio de chegada das OF´s ao PT (OF´s/hora) µ - ritmo médio de processamento das OF´s pelo PT (OF´s/h) Tempo médio em fila de espera Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 24 Figura 1.8 - O tempo em fila de espera tende assimptóticamente para activação = 1, no infinito. Isto quer dizer, que um PT nunca deve ser activado (carregado) a 100% sob pena de a fila de espera crescer indefinidamente. Este fenómeno é mal compreendido e, por isso, iremos demonstrá-lo através de um exemplo.Exemplo 1.4 Suponhamos uma peça que é processada em duas operações. A 1ª operação é realizada por um operador num tempo médio de 10 minutos e um desvio padrão de 1 minuto. Uma vez pronta, o 1º operador coloca a peça numa mesa para a 2ª operação. Esta é realizada por outro operador, também num tempo médio de 10 minutos e um desvio padrão de 1 minuto. Nestas condições, será que alguma vez se verificará a acumulação de peças na mesa entre os dois operadores? E qual será a produção média possível obter ? 0,1 peças/min ? Superior ou inferior ? Quando inquiridas, a maioria das pessoas responde intuitivamente que, sendo os ritmos médios iguais, não se acumularão peças no alimentador (fila de espera) e a produção média do conjunto será igual a 0,1 peças/min. De facto, esta é uma resposta errada. A verdade será próxima daquela que se observa no Quadro 1.2 seguinte. Este quadro apresenta os resultados aleatórios de uma corrida de simulação da produção das primeiras 20 peças. Erro comum 1 Activação Tempo em fila de espera Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 25 Operador 1 x = 10 min s = 1 min Operador 2 x = 10 min s = 1 min Peça nº Início Duração Fim Quanti- dade em espera na fila Tempo espera na fila Início Duração Fim Tempo ocioso 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 0 11 21 32 45 57 63 70 78 88 97 108 115 127 135 144 155 163 168 176 11 10 11 13 12 6 7 8 10 9 11 7 12 8 9 11 8 5 8 11 11 21 32 45 57 63 70 78 88 97 108 115 127 135 144 155 163 168 176 187 0 1 1 0 0 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 4 4 0 3 3 0 0 3 7 13 16 15 15 19 15 18 18 18 22 28 28 25 11 24 35 45 57 66 77 91 104 112 123 134 142 153 162 173 185 196 204 212 13 11 8 8 9 11 14 13 8 11 11 8 11 9 11 12 11 8 8 9 24 35 43 53 66 77 91 104 112 123 134 142 153 162 173 185 196 204 212 221 11 0 0 2 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 ------ 17 QUADRO 1.2 - Exemplo simulado da produção de 20 peças Conforme se observa, embora flutuante, o alimentador vai acumulando peças. Repare-se também que, em termos médios, seria de esperar que estas 20 primeiras peças ficassem prontas no momento 10 + 20 x 10 = 210 minutos. Na verdade, só ficarão prontas ao fim de 221 minutos. Ou seja, os vários tempos de espera da 2ª operação, que totalizam 7 minutos (17 minutos de tempo ocioso diminuídos dos 10 minutos correspondentes ao tempo normal de espera da 1ª peça) não serão jamais recuperados. Podemos então afirmar que a produção média será sempre inferior a 1/10 = 0,1 peças/min. Este exemplo simples permite demonstrar a veracidade da fórmula 1.6, apresentada atrás, isto é, as filas de espera (ou o tempo médio em fila) crescem sempre que a carga lançada (ritmo de chegada) se aproxima da capacidade (ritmo de atendimento). A relação entre estas duas grandezas (Carga/Capacidade) corresponde à activação e encontra-se representada pelo eixo das abcissas na Figura 1.8. Conclusão Relação Carga/Capacidade Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 26 A fila de espera, por outro lado, desempenha um papel benéfico na regularização da produção de um PT, evitando que este fique, alguma vez, sem trabalho. Este caso pode ser confirmado através do exemplo anterior. Com efeito, as peças acumuladas no tabuleiro permitem que o 2º operador jamais fique ocioso aguardando peças do 1º operador. O que se faz na prática é lançar as OF´s (expressas em horas standard) a um ritmo tal que a carga em fila de espera (expressa em horas standard) se mantenha dentro de dois limites prefixados (um máximo e um mínimo). Regularizador da produção Limitação do com- primento da fila de espera Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 27 1.7.1 RELAÇÃO “TEMPO DE OPERAÇÃO/TEMPO NO SISTEMA” Um aspecto curioso e importante, a ter em conta em termos de planeamento, é a relação entre o tempo dispendido por todas as peças constituintes de um produto nos diversos postos de trabalho (set-up + operação), ao longo de todo o processo produtivo, e o tempo no sistema ou lead-time. Lead-time, prazo de disponibilidade ou, ainda, prazo de entrega, é o tempo que medeia entre o momento em que um produto é lançado em produção e o momento em que se encontra pronto. Frequentemente o somatório dos tempos de set-up e de operação, representa uma pequena fracção do lead-time, podendo atingir valores tão baixos quanto 2% no caso de uma job-shop. Este valor cresce no sentido da produção intermitente para a produção repetitiva (da esquerda para a direita no caso do Quadro 1.1). Ver Figura 1.9. Figura 1.9 - Utilização típica do tempo de operação em máquinas por corte de apara numa oficina metalomecânica No caso do exemplo ilustrado na Figura anterior, 5% do lead- time é dispendido da seguinte forma: 34% em mudanças de ferramentas; 14% carregando e descarregando peças; 16% em inspecção; 36% em trabalho efectivo (acrescentando valor). A redução drástica deste prazo constitui, hoje em dia, um objectivo estratégico de gestão. Com efeito, prazos de entrega- curtos, combinados com custos baixos e qualidade óptima constituem hoje factores determinantes da competitividade de qualquer empresa. Lead-time Exemplo de ocupação do tempo Factores de competi- tividade Tempo nos Tempo em transportes e em filas de espera (95%) PT´s (5%) Tempo que um produto passa no sistema (lead-time) Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 28 Gerir bem o tempo que as peças em curso de fabrico passam em filas de espera, minimizando-o, constitui pois o grande objectivo do Controlo da produção. Objectivo do Controlo da Produção Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 29 1.8 DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE DE UM POSTO DE TRABALHO EM CONSEQUÊNCIA DE DEFEITOS DE QUALIDADE Consideremos um PT que processa uma determinada peça com um tempo standard “t”. À saida da máquina o operador controla a produção e rejeita “r” peças para sucata por cada 100 entradas e reenvia “p” peças para a entrada (para recuperar), por cada 100 entradas. As peças reenviadas para o PT são recuperadas com um rendimento de “η“. Figura 1.10 - Fluxos de produção útil, rejeitada e recuperada Sendo: Qe – quantidade de peças à entrada Qs – quantidade de peças boas à saída Qr – quantidade de peças rejeitadas Qp – quantidade de peças recuperadas Verificam-se, as seguintes relações: )8.1( )r1( Q Q se − = em que: r – peças rejeitadas por cada 100 peças entradas; p – peças recuperadas por cada 100 peças entradas. Quando as peças recuperadas são-no de uma só vez na linha, a expressão anterior assume a forma: Quantidade de peças recuperadas Quantidade de peças à entrada Posto de Trabalho Qe Qp Qs Qr )9.1( )p1( p.Q Q ep − = Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 30 Qp = p.Qe (1.10) E o tempo total “T” necessário à produção de “Qs” (quantidade de peças boas à saída) é dado por: em que: T – Tempo total necessário à produção de Qs t – Tempo unitário standard η – Rendimento de recuperação Em ambiente de produção contínua (pós, líquidos, pastas, granulados, etc.), a recuperação processa-se ao mesmo ritmo que a produção normal, pelo que o rendimento de recuperação η = 1. Logo, a expressão anterior assume aforma: T = t.(Qe + Qp) (1.12) Exemplo 1.5 Pretende-se obter 100 unidades boas de um produto numa máquina que apresenta (para este tipo de produto), uma taxa de rejeição de 5% e uma taxa de recuperação de 10%. O tempo unitário standard é 1 minuto/unidade. Quanto tempo é necessário nas seguintes condições: a) O processo de transformação é contínuo (pasta) e a unidade de gestão é o Kg (o produto recirculado é-lo de forma contínua). b) O processo de transformação é discreto e a unidade de gestão é a peça (as peças retrabalhadas são-no de uma única vez com um rendimento de 50%); c) O processo de transformação é discreto e a unidade de gestão é a peça (as peças retrabalhadas podem repetir-se e são-no com um rendimento de 50%). Recorrendo às expressões anteriores, teremos, sucessivamente: a) Qe = 100 / (1 - 0,05) = 105,26 Kg Qp = 105,26 x 0,10 / (1 - 0,10) = 11,70 Kg T = 1 x (105,26 + 11,70) = 116,96 min b) Qe = 100 / (1 - 0,05) = 105,26 ≅ 106 peças Qp = 106 x 0,10 = 10,6 ≅ 11 peças Quantidade de peças recuperadas Tempo necessário para produzir Qs peças boas Tempo necessário para produzir Qs unidades de produto bom (1.11).Q η tt.QT pe += Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 31 T = 1 x 106 + 1 / 0,5 x 11 = 128 min c) Qe = 100 / (1 - 0,05) = 105,26 ≅ 106 peças Qp = 106 x 0,10 / (1-0,1) = 11,78 ≅ 12 peças T = 1 x 106 + 1 / 0,5 x 12 = 130 min Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 32 1.8 O PROBLEMA DO VALOR MÉDIO Notar que os valores de r% e de p% resultam do tratamento estatístico de informação histórica colhida nos relatórios de produção dos produtos, ou são estimados quando não existe experiência anterior. Enquanto que no caso de p%, o valor introduzido nos cálculos pode ser o valor da média estatística da da distribuição em frequência das recuperações reportadas, o valor de r% já não deve ser o da média mas maior que este. Com efeito, quando se selecciona o valor médio de uma distribuição em frequência típica das rejeições – distribuição quase sempre simétrica – a probabilidade (ou risco) de haver que processar mais material para completar a encomenda é de 50% – o que se pode considerar demasiadamente elevado. Quando a quantidade de uma encomenda de um cliente tem de ser escrupulosamente cumprida, se as rejeições forem superiores ao valor médio considerado nos cálculos, colocam-se duas decisões alternativas: i) pedir ao cliente que “aceite” a menor quantidade – contribuindo assim para a degradação da qualidade de serviço – ou ii) produzir uma nova quantidade especialmente para completar aquela encomenda – incorrendo em custos acrescidos. Vejamos um exemplo. Exemplo 1.6 Da análise estatística dos valores de rejeições de um processo de fabrico resultou o Quadro de frequências bem como a sua representação gráfica (Figura 1.11) os quais podem ser vistos seguidamente. Lim.inf.int. Lim.sup.int. p(i)% P(i)% Médias r% r% 1 2 0,10 0,10 1,36 2 4 1,96 2,06 2,92 4 6 13,02 15,08 4,72 6 8 36,28 51,36 6,33 8 10 33,57 84,92 7,39 10 12 12,96 97,89 7,86 12 14 1,96 99,85 7,96 14 16 0,15 100,00 7,98 Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 33 Figura 1.11 – Histograma dos valores de rejeição de um processo de produção Da análise podemos concluir que o processo gera rejeições com uma média e um desvio padrão aproximados de 8% e 2%, respectivamente. Se se tolerar um risco de apenas 15% de repetição do fabrico para completar a encomenda ou, de outra forma, se se pretender garantir uma probabilidade de completamento de 100 – 15 = 85%, deve-se seleccionar r = 10% (procura-se o valor mais próximo de 85% na 4ª coluna do Quadro anterior e lê-se o valor do limite superior do intervalo de r% na 2ª coluna). Frequências absolutas e relativas acumuladas 0 20 40 60 80 100 120 2 4 6 8 10 12 14 16 Lim.sup.interv. Fr eq uê nc ia s Freq.absolutas Freq.relativas acumuladas Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 34 1.8.1 SEQUÊNCIA DE POSTOS DE TRABALHO Quando existe uma linha composta por vários postos de trabalho (ou estações) que processam peças em série, apresentando cada um destes valores específicos de rejeição, de recuperação e respectivos rendimentos, a resposta à questão de quantas peças devem ser entregues à linha de forma a obter-se uma determinada quantidade útil Qs , constitui uma generalização da análise feita anteriormente e implica o recurso ao cálculo pelo método das cadeias de Markov ou de simulação. A Figura 1.12 adiante ilustra o caso – mais frequente – de existência de rejeições em cada estação da linha (3 neste caso). Figura 1.12 – Linha de produção em que se verificam rejeições nas três estações A quantidade de peças à entrada Qe teria de ser calculada pela expressão: No caso geral de n postos de trabalho, teríamos: Quantidade de peças à entrada Qe para produzir Qs peças boas Estação A Estação C Estação B rA rB rC Qs Qs/(1-rC) Qs/[(1-rB).(1-rC)] Qs/[(1-rA).(1-rB).(1-rC)] )13.1( )1).(1).(1( CBA s e rrr QQ −−− = ( ) )14.1( 1 1 ∏ − = n i s e r QQ Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 35 1.9 CUSTOS DE OPORTUNIDADE Os chamados “custos de oportunidade” constituem encaixes de dinheiro potenciais, mas que deixam de se realizar devido às circunstâncias particulares de uma decisão. Por exemplo, no caso de um equipamento usado cuja alienação se adia por mais 1 ano, o seu valor venal (de venda no mercado de usados) no estado actual, constitui um custo de oportunidade. Outro exemplo, é constituído por um equipamento quando pára ou quando a sua cadência normal de funcionamento diminui devido à ocorrência de uma falha de qualidade do processo de produção (defeitos, avarias, desregulações, etc.). Estes incidentes podem ter origem no próprio equipamento ou noutros a montante. Se o equipamento constitui um estrangulamento de produção e o tempo perdido não pode ser recuperado noutro momemto qualquer, então, verifica-se um custo de oportunidade correspondente à perda económica da produção que não foi realizada e, logo, não foi vendida. O custo de oportunidade será calculado pelo produto do nº de unidades não produzidas durante o período da paragem (ou de diminuição da cadência) pela margem de contribuição unitária. Esta margem é calculada pela diferença entre o preço unitário líquido de venda e o custo unitário variável. Se o equipamento constitui um estrangulamento de produção, mas o tempo perdido pode ser recuperado em horas extraordinárias de trabalho, então, verifica-se um custo de oportunidade que é, desta vez, igual ao montante de horas extraordinárias pagas a todo o pesoal que as realizou. Exemplo 1.7 Um produto é produzido numa linha ao ritmo de 600 unidades/hora e é vendido por 100$00/unidade (preço líquido de quaisquer descontos). A sua estrutura de custos é a seguinte: Custo variável ($unidade): Matéria prima: 40$00 Transformação (energia, consumíveis, etc.): 10$00 Custo fixo (m.d.o., amortizações, etc.): 30$00 Total: 80$00 Impacto da Não-Qualidade em Processos de Produção Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 36 a) Qual é o valor do custo de oportunidade de cada hora perdida? b) Qual é o valor do custo de oportunidade de cada hora de produção recuperada em horas extraordinárias por 6 operadores que custam à empresa 3.000$00/hora extra e por operador ? a) As margens de contribuição (m.c.) são as seguintes: m.c. para cobertura dos custos fixos: 30$00 m.c. para o lucro: 100$00 - 80$00 = 20$00 Total: 50$00A margem de contribuição total pode também ser calculada pela diferença entre o preço de venda líquido e o custo variável: 100$00 - (40$00 + 10$00) = 50$00/unidade E o custo de oportunidade é o seguinte: 600 x 50$00 = 30.000$00/hora de paragem b) O custo total é: 6 x 3.000$00 = 18.000$00/hora de paragem. Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 37 RESUMO Um sistema de produção transforma factores de entrada (matéria prima, energia, trabalho, etc.) em produtos e resíduos, com o objectivo de maximizar a satisfação dos clientes ao menor custo possível. Sob o ponto de vista da estratégia utilizada em relação ao mercado, os sistemas de produção podem classificar-se como: de produção para stock (make-to-stock); montagem por encomenda (assemble-to-order); fabricação por encomenda (make-to-order) e produção por encomenda (engineer-to-order). Sob o ponto de vista da flexibilidade de produção de uma variedade de produtos, um sistema pode classificar-se como: intermitente unitário (projectos); intermitente múltiplo (job-shop); repetitivo por lotes (batch); repetitivo discreto (flow-shop) e repetitivo contínuo (processos). A unidade de medida mais comummente utilizada para definir carga e capacidade é a hora- standard, prédeterminada pela Engenharia de Métodos. A capacidade de um posto de trabalho pode ser medida a partir de dados históricos ou calculada pelo produto dos seguintes factores: tempo disponível; disponibilidade e activação. O produto da disponibilidade pela activação constitue a chamada ocupação. A carga calcula-se através do quociente entre o tempo standard e a eficiência. A eficiência, por sua vez, calcula-se através do quociente entre o tempo standard produzido e o tempo realmente dispendido (trabalhado). A activação deve ser sempre inferior a 1. Quanto mais próximo deste valor, tanto maior a fila de espera e vice-versa. A fila de espera junto a um posto de trabalho, nunca é constante e pode nunca atingir zero, devido ao facto de, na prática, nunca se verificar um tempo constante entre chegadas das OF´s e um tempo constante de operação. Pode-se apenas definir um ritmo médio de chegada de peças a um posto de trabalho e um ritmo médio de processamento destas. A capacidade útil de um posto de trabalho é reduzida devido aos defeitos de qualidade: parte das peças são rejeitadas para sucata e parte é recuperada, voltando à máquina. Nesta última circunstância o tempo unitário de recuperação pode ser maior ou menor que o tempo unitário standard, resultando que o rendimento de recuperação possa ser menor ou maior que 100%, respectivamente. O tempo que um produto passa em máquinas (set-up + operação) até se encontrar pronto, é uma pequena fracção do tempo total que medeia entre o momento em que a ordem de fabricação foi lançada até ao momento em que se encontra pronta (lead-time). Constitui um objectivo do planeamento conseguir minimizar este lead-time (tempo no sistema sofrendo operações nos vários postos de trabalho e aguardando em filas de espera entre estes). Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 38 Gerir a produção é, em resumo, gerir filas de espera, ou seja mantê-las dentro de limites pré- fixados. Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 39 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1.1 Descreva brevemente cada um dos sistemas de produção sob o ponto de vista da estratégia de abordagem do mercado. 1.2 Como classifica os sistemas de produção sob o ponto de vista da flexibilidade ? a) Quais os sistemas que decidem a produção na base de previsões ? b) Quais as técnicas de planeamento e controlo utilizadas por cada um dos sistemas ? 1.3 Classifique os sistemas de produção dos seguintes produtos, sob o ponto de vista da flexibilidade: a) Construção de um prédio b) Ferramentas manuais c) Açucar d) Ferramentas de prensagem e) Máquina especial f) Lâmpadas g) Transformadores eléctricos h) Caixilharia de alumínio i) Automóveis j) Confecções 1.4 Discuta a vantagem de se utilizar em planeamento a medida horas-standard para definir a carga e a capacidade. 1.5 Explique o mecanismo que origina a constituição de filas de espera junto a um posto de trabalho. Quais são as suas vantagens e os seus inconvenientes ? 1.6 Suponha que a um posto de trabalho chegam, de forma aleatória, uma média de 5 OF´s por hora e que o posto de trabalho tem uma capacidade média equivalente a 6 OF´s por hora. a) Forma-se fila de espera ? Justifique. b) O que aconteceria se a média de chegadas aumentásse para 6 OF´s por hora ? Justifique. 1.7 Defina eficiência, disponibilidade e activação. 1.8 É necessário montar 500 casas pré-fabricadas em 10 semanas de 40 horas cada. O tempo standard necessário para montar uma casa é 150 minutos. A eficiência, face à qualificação média do pessoal disponível, é estimada em 95%. A disponibilidade, face à fiabilidade do equipamento existente e à assiduidade do pessoal, é estimada em 90%. A activação, face a experiências anteriores, é estimada em 80%. Uma hora normal é paga a 1.000$00 e uma hora extra é paga a 1.500$00. Pretende-se saber: a) Qual o nº de operadores necessários; Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 40 b) Qual a alternativa mais económica – menor nº de operadores sobreocupados fazendo horas extraordinárias, ou maior nº de operadores subocupados ? 1.9 Uma linha de produção é composta por 3 PT´s. As capacidades nominais de cada um dos PT´s e as respectivas disponibilidades encontram-se descritas no Quadro a seguir. PT A PT B PT C Capacidade nominal (unid/hora) 10 12 8 Disponibilidade 0,8 0,8 0,8 Qual a capacidade da linha nas seguintes circunstâncias: a) Não existem acumuladores (buffers) entre cada dois PT´s; b) Existem acumuladores (buffers) entre cada dois PT´s. 1.10 Pretende-se maquinar um lote de um tipo de peças que origina normalmente 5% de rejeições. Verifica-se também 8% de peças recuperadas. Estas voltam à máquina que as recupera com um rendimento de 70 %. O tempo standard é igual a 1 minuto/peça. A quantidade necessária obter é 500 unidades. a) Quantas peças em bruto deverão ser entregues à máquina? b) Quanto tempo é necessário para obter as 500 unidades? 1.11 Uma empresa de confecções deseja adquirir um nº suficiente de máquinas de estampar para produzir 30.000 camisas por mês. Estas máquinas estarão disponíveis 200 horas/mês, mas o Planeamento reserva 30% deste tempo para outros fabricos. A Engenharia prevê que a operação de estampagem dure 1 minuto/camisa, que a disponibilidade da linha seja de 90% e que se verifiquem 4% de rejeições de qualidade. Nestas circunstâncias, quantas máquinas de estampar serão precisas? 1.12 O controlo de qualidade realizado à saída de uma linha de produção apresenta, para um determinado produto, cujo tempo unitário standard de fabricação é de 2 minutos, os seguintes registos (resultantes de tratamento estatístico dos dados históricos): % das observações Peças rejeitadas (r% da entrada) % das observações Peças recuperadas (p% da entrada) 20 30 40 10 4 6 8 10 15 20 30 20 15 3 4 5 6 7 A recuperação é realizada com um rendimento médio de 50%. O custo horário da linha é de 30.000$00. O custo do material é de 500$00/peça. Nestas condições, e sendo necessário fabricar um lote de 200 peças, pretende-se saber: Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 41 a) Quantas peças em bruto deverão ser entregues à máquina aceitando um risco igual a 10% de não conseguir completar aquela quantidade? b) Quanto tempo é necessário para se obterem aquelas 200 unidades boas? c) Qual o custo unitário deste produto? d) Qual o custo unitário da não-qualidade? 1.13 Uma linha de produção tem uma capacidade de 400 unidades/hora.O preço médio de venda dos artigos produzidos nesta linha é igual a 300$00/unidade (preço líquido de quaisquer descontos) e a estrutura típica do custo de produção é a seguinte: Custo variável: Matéria prima: 80$00 Transformação (energia, consumíveis, etc.): 50$00 Custo fixo (m.d.o., amortizações, etc.): 70$00 Total: 200$00 Calcule o valor do custo de oportunidade por cada hora perdida nos seguintes casos: a) A linha não possui mais capacidade disponível, isto é, uma falha de produção não pode jamais ser recuperada; b) As falhas de produção podem ser recuperadas em horas extraordinárias por 6 operadores que custam à empresa, nestas circunstâncias, 50% a mais do que a hora normal (3.000$00/hora). Conceitos Fundamentais Planeamento e Controlo da Produção UT 1 - 42 BIBLIOGRAFIA • ASSIS, Rui, Mário Figueira - MICROFLOW, Produção JUST-IN-TIME, Lisboa, IAPMEI, 1993 • BLACKSTONE, John H. Jr, Capacity Management, Cincinnati, South-Western Publish- ing Co., 1989 • CHACE, Richard B., Nicholas J. Aquilano, F. Robert Jacobs, Production and Operations Management – Manufacturing and Services, Boston, Mc Graw-Hill, 1998 • HEIZER, Jay e Barry Render, Production and Operations Management, Boston, Allyn and Bacon, 1991 Anexo Único EXEMPLOS DE TIPOLOGIAS DE PRODUÇÃO Unidade Temática 2 TÉCNICAS DE PREVISÃO Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS No final desta Unidade Temática o formando deverá ser capaz de: • Realizar previsões de venda de produtos produzidos industrialmente. ÍNDICE 2.1 O que são previsões ? 2.2 Para que serve uma previsão ? 2.3 Em que áreas se utilizam previsões ? 2.4 Factores que afectam o nível das vendas 2.5 Os ciclos económicos 2.6 O ciclo de vida de um produto 2.7 Horizontes de previsão e frequência de actualização 2.8 Métodos de previsão 2.9 Julgamento dos métodos 2.10 Medidas de precisão 2.10.1 Desvio (ou erro) Médio Absoluto (DMA) 2.10.2 Desvio (ou erro) Quadrado Médio (DQM) 2.10.3 Desvio (ou erro) Médio da Previsão (DMP) 2.10.4 Desvio (ou erro) Médio Relativo (DMR) 2.11 Métodos quantitativos de previsão 2.11.1 Composição de uma série temporal 2.12 Como escolher entre os vários modelos ? 2.12.1 Modelos de alisamento da série temporal 2.12.2 Modelos de decomposição da série temporal 2.12.3 Modelos causais 2.13 Modelos de alisamento 2.13.1 Média Móvel Simples (MMS) 2.13.2 Propriedades de uma média móvel 2.13.3 Média Móvel Ponderada (MMP) 2.13.4 Alisamento Exponencial Simples (AES) 2.13.5 Alisamento Exponencial Duplo (AED) 2.13.6 Projecções de tendência 2.14 Modelos de decomposição 2.14.1 Sazonalidade 2.15 Modelos causais 2.15.1 Métodos de regressão 2.15.2 Medição da aderência 2.15.3 Correlação múltipla 2.16 Controlo de previsões Resumo Exercícios propostos Bibliografia Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 3 2.1 O QUE SÃO PREVISÕES ? Prever é julgar o que provávelmente acontecerá no futuro. Mesmo uma previsão preparada cuidadosamente pode falhar. Contudo, uma previsão constitui a única forma racional de fundamentar uma decisão. Com efeito, muito poucas actividades podem sobreviver, dando-se ao luxo de dispensar previsões e esperar para ver o que acontece, reagindo depois. As empresas devem ser “proactivas” e não “reactivas”. 2.2 PARA QUE SERVE UMA PREVISÃO ? As previsões proporcionam uma base para coordenação dos vários planos das actividades de uma empresa. - plano de vendas, de compras, de produção, de financiamento, etc.. Quando todos os departamentos de uma empresa baseiam o seu trabalho numa mesma previsão, todos estão preparados para o mesmo futuro e os seus esforços serão mutuamente sustentáveis - o departamento de Pessoal pode contratar com antecedência o número necessário de pessoas com as aptidões requeridas; o departamento de Compras pode contratar as quantidades necessárias de matérias primas e de componentes; o departamento financeiro pode estimar os proveitos gerados pela venda dos produtos e os custos da sua produção, de forma a poder contratar empréstimos nas melhores ocasiões e a taxas de juro razoáveis. As previsões constituem pois uma base vital para a coordenação dos vários planos da empresa. 2.3 EM QUE ÁREAS SE UTILIZAM PREVISÕES ? Para tomar decisões que guiem as acções da empresa, os gestores prevêm o futuro normalmente em três áreas: evolução tecnológica, evolução económica e nível das vendas. Na primeira pretende-se conhecer que mudanças tecnológicas poderão ocorrer dentro do horizonte de planeamento. Na segunda pretende-se saber como serão as condições futuras de negócio. Ambas são dependentes de factores externos à empresa (factores exógenos). Quanto à terceira área, a única que nos interessa no âmbito deste curso, pretende-se antecipar qual será o volume de vendas possível de cada produto em cada mercado onde a empresa opera. Como a função de Produção é responsável pela Proatividade e reactividade Coordenação entre Departamentos Previsões de vendas Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 4 disponibilização dos produtos, as decisões dos seus gestores são grandemente influenciadas pelas previsões de vendas. 2.4 FACTORES QUE AFECTAM AS VENDAS O nível das vendas ao dispôr da empresa, depende de vários factores - uns que controla ou influencia e outros que lhe escapam completamente. Básicamente, aquele valor depende do tipo de produto, da dimensão do mercado e da respectiva quota conseguida. 2.5 OS CICLOS ECONÓMICOS As vendas são influenciadas por numerosos factores. Um dos factores é o estado da economia, conforme a sua localização no ciclo típico - fase de “recuperação”, de “inflacção”, de “recessão” ou de “depressão”. As acções e reacções dos governos tentam mitigar a severidade destas variações. Factores controláveis e não controláveis Fases de recuperação, inflacção, recessão e depressão Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 5 2.6 O CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO Qualquer produto (bem ou serviço) não se vende a ritmos constantes ao longo da sua vida. Normalmente, um produto bem sucedido vive quatro etapas, conforme a Figura 2.1. Figura 2.1 - Ciclo de vida de um produto • Quando um produto, após a fase de “lançamento”, se torna popular, entra numa fase de rápido “crescimento”, atraindo sobre si as atenções da concorrência - que tentará capturar parte do mercado. O ritmo de crescimento abranda. • Quando o mercado começa a ficar saturado, as vendas diminuem e o produto entra em fase de “maturidade”. Nesta fase empreendem-se frequentemente esforços de rejuvenescimento e promoção do produto, na tentativa de prolongar a sua vida. • Chega um momento em que o produto entra definitivamente na fase de “declínio” até ser retirado. Entretanto, a empresa terá desenvolvido outros produtos, de forma a lançá-los em momentos coincidentes com o declínio de outros, regularizando assim o volume total de vendas. Fases de lançamento, crescimento, maturidade e declínio Fase de lançamento Fase de crescimento Fase de maturidade Fase de declínio Tempo Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 6 2.7 HORIZONTES DE PREVISÃO E FREQUÊNCIA DE ACTUALIZAÇÃO As previsões são normalmente classificadas conforme a extensão do horizonte temporal que descrevem. Assim, temos previsões de “curto”, “médio” e “longo prazos”. No quadro 2.1 seguinte apresentam-se as características típicas de cada um. Tipo Horizonte temporal Aplicações Características Métodos de previsão . Longo prazo . Geralmente3 ou mais anos Planeamento do negócio . Introdução de novos produtos . I&D . Projectos de expansão e localização de novas fábricas e/ou armazéns . Grosseira . Muitas vezes apenas qualitativa . Tecnologia . Económica . Demográfica . Estudos de mercado . Opiniões . Médio prazo . Geralmente entre 3 mêses e 3 anos Planeamento agregado . Planeamento de vendas, de produção e de compras . Orçamentação de actividades . . Numérico . Necessário estimar a fiabilidade . Famílias de produtos . Opiniões . Séries temporais . Regressão . Combinação ou correlação com índices económicos . Curto prazo . Geralmente entre 1 dia e 3 mêses Programação e controlo . Planeamento de compras . Níveis de produção e de mão de obra . Decisões de tempo extraordinário . Programação de operações . Item a item . Extrapolação de tendencias . Gráficos . Explosão de nomenclaturas dos produtos . Alisamento de séries temporais QUADRO 2.1 - Características típicas das previsões segundo o horizonte temporal No âmbito deste curso interessa-nos o curto e médio prazos. Previsões de curto, médio e longo prazos Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 7 2.8 MÉTODOS DE PREVISÃO Existem métodos de previsão “quantitativos” e métodos de previsão “qualitativos”. Os primeiros usam uma variedade de modelos matemáticos que tratam dados históricos e/ou variáveis causais para prever as vendas. Os segundos, são também conhecidos por métodos subjectivos, e incorporam factores tais como a intuição, emoções e experiências pessoais. Na prática as empresas utilizam uma combinação dos dois métodos. No âmbito deste curso abordaremos apenas os métodos quantitativos. 2.9 JULGAMENTO DOS MÉTODOS Prever é mais uma arte do que uma ciência exacta. Enquanto que no caso de uma ciência os inputs são leis da natureza; no caso de uma previsão os inputs são informações, análises, experiências e julgamentos. Não existem leis naturais que permitam saber como as vendas irão evoluir. O estado da economia, a atitude da concorrência, as preferências dos consumidores e outros fenómenos, actuam de forma a influenciar constantemente o futuro. Assim, o julgamento crítico deve sempre presidir na selecção do método mais apropriado a aplicar a cada situação. Uma empresa não tem sempre que desenvolver previsões para cada referência específica. Algumas empresas possuem dezenas de milhar de referências e não seria prático fazê-lo. Neste caso, as referências devem ser agrupadas em famílias cujas vendas sejam influenciadas pelos mesmos factores, tendendo a evoluir conjuntamente. É, pois, necessário decidir quais as referências a agrupar e quais as referências que terão que ser tratadas individualmente. Os dados necessários a uma previsão deverão ser os julgados mais apropriados. O técnico de planeamento tem que usar a sua capacidade de julgamento para avaliar a pertinência e razoabilidade dos dados. Para tal, cria quadros e gráficos e tenta descobrir se existem quaisquer padrões ou singularidades que possam ser usados para projecções temporais. Frequentemente, para desenvolver umas previsão, há que decidir entre métodos matemáticos para exprimir a relação entre as vendas e outras variáveis ou usar a pura intuição. Quando se usa a intuição, o técnico de planeamento forma uma opinião a partir Métodos qualitativos e quantitativos Pressupostos de uma previsão Previsões agrupadas por famílias Capacidade de julgamento Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 8 da influência relativa de vários factores nas vendas e estima como estas evoluirão. Quando se usam modelos matemáticos, o técnico de planeamento tem ainda que decidir quais as variáveis a avaliar e quantas das muitas equações possíveis, seleccionar. Quando existem dados cobrindo vários anos, há que decidir se se devem considerar apenas os anos mais recentes ou um período mais longo. Se se usar uma medida de precisão na avaliação dos vários modelos possíveis é também preciso ter cuidado na sua escolha pois, muitas vezes, cada medida aponta um diferente modelo como sendo o melhor. Quando se selecciona um modelo de previsão como sendo o melhor, é preciso continuar a avaliar a sua adequabilidade ao longo do tempo para as condições presentes e futuras, isto é, se são ainda os mesmos factores que influenciam as vendas, se se influenciam relativamente da mesma forma e se se espera que continuem assim. É possível desenvolver modelos versáteis que se adaptam às condições em mudança. Independentemente da forma rotineira ou automática com que se obtenham previsões, nunca se deve abandonar o julgamento crítico quer da pertinência dos dados quer da interpretação dos resultados. Muitas vezes, o melhor procedimento consiste em usar dois ou mais métodos complementares de previsão e verificar a concordância dos resultados. Se os resultados forem muito divergentes, há que saber porquê e desenvolver uma previsão na base de pura intuição. Para escolher o modelo mais apropriado de previsão para um certo artigo ou família de artigos é necessário um tempo e julgamento consideráveis. É também necessário uma forma de testar o modelo ao longo do tempo de forma a verificar se o padrão das vendas mudou e o modelo de previsão usado já não satisfaz. Uma forma apropriada de o fazer consiste em verificar periódicamente se o valor da previsão e as vendas reais coincidem. Adequabilidade de um modelo de pre- visão Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 9 2.10 MEDIDAS DE PRECISÃO Como as vendas são influenciadas por muitos factores cujos valores futuros não são conhecidos com certeza, é irrealístico esperar que a realidade coincida exactamente com uma previsão. O contrário é que se verifica muito frequentemente. Um erro de previsão é a diferença entre o valor previsto e o valor realmente verificado. O cálculo do erro médio ao longo do tempo permite conhecer até que ponto as previsões se aproximam da realidade. Esta medida do erro pode servir como critério de selecção do modelo de previsão. Existem quatro métodos de medida do erro de uma previsão (ou, indirectamente, da precisão de uma previsão). 2.10.1 DESVIO (OU ERRO) MÉDIO ABSOLUTO (DMA) O DMA é a média dos erros verificados ao longo de uma série de períodos, sem ter em conta se se devem a sobre ou sub- previsões. Para calcular o DMA, subtrai-se o valor da previsão do valor real das vendas verificadas em cada período de análise. Seguidamente, transformam-se os valores negativos em valores positivos. Somam-se todos estes valores e divide-se o resultado pelo número de observações. Ver fórmula 2.1. n DMA = ∑ |Rt - Pt| / n (2.1) 1 em que: Rt - Procura real no período t Pt - Procura prevista no período t n - nº de períodos analisados | | - significa que todos os valores são absolutos Exemplo 2.1 Colheram-se os dados apresentados no quadro 2.2 referentes a 6 períodos. Calcular o DMA daquelas projecções. Erros ou Desvios de previsão Desvio Médio Absoluto Técnicas de Previsão Planeamento e Controlo da Produção UT 2 - 10 P Vendas previstas (1) R Vendas reais (2) R-P Desvio (3) |R-P| Desvio absoluto (4) (R-P)2 Desvio quadrado (5) (R-P)/R x 100 Percenta- gem do desvio (6) |R-P|/R x 100 Percenta- gem absolu ta do desvio (7) 125 125 125 125 125 125 120 130 110 140 110 130 -5 5 -15 15 -15 5 ----- -10 5 5 15 15 15 5 ----- 60 25 25 225 225 225 25 ------- 750 -4,17 3,85 -13,64 10,71 -13,64 3,85 4,17 3,85 13,64 10,71 13,64 3,85 --------- 49,86 QUADRO 2.2 - Dados históricos Aplicando a fórmula (2.1), divide-se a soma da coluna 4) pelo número
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