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João Vitor Freire – MEDUNIME 2019.2 OSTEOPOROSE E OSTEOARTRITE a) Osteoporose Definição: A osteoporose (OP) é uma doença esquelética crônica caracterizada pela baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, afetando milhões de pessoas, causando alto risco de fraturas e perda da qualidade de vida. O diagnóstico pode ser feito baseado na ocorrência de fraturas sem trauma significativo ou na baixa densidade mineral óssea medida pela densitometria óssea (DXA). Esse método, considerado o exame padrão-ouro, diagnostica precocemente a OP. É de grande exatidão e precisão, exigindo conhecimento técnico específico para sua realização. No estado pré-clínico, a OP é caracterizada, simplesmente, pela baixa massa óssea sem fraturas, e, geralmente, é assintomática, não levando o paciente ao médico, retardando o diagnóstico. O aumento da morbidade e da mortalidade pela OP está associado a custos econômicos significativos relacionados com a hospitalização, cuidados ambulatoriais, institucionalização, incapacidades e mortes prematuras. Diversos fatores de risco são conhecidos e possibilitam fazer prevenção da OP desde a infância. Com os medicamentos disponíveis já é possível tratar o paciente, removendo-o da faixa de risco de fratura. A osteoporose é uma das doenças osteometabólicas mais comuns em países desenvolvidos, enquanto a osteomalacia pode ser mais prevalente nos países em desenvolvimento, nos quais a nutrição é deficiente em cálcio e vitamina D. A osteoporose é definida como uma doença sistêmica progressiva que leva à uma desordem esquelética, caracterizada por força óssea comprometida, predispondo a um aumento do risco de fratura. Classificação: A OP é classificada como primária, subdividida em tipos I e II, ou secundária. Primária tipo I: Predominantemente em mulheres, associada à menopausa; Perda acelerada do osso trabecular; Fraturas vertebrais comuns. Primária tipo II: Ocorre tanto em mulheres quanto em homens idosos; compromete os ossos cortical e trabecular; ocorrência de fraturas vertebrais e de fêmur. Secundária: Relacionadas a endocrinopatias (ex: tireotoxicoses, hiperparatireoidismo e hipogonadismo); uso de fármacos (glicocorticoides, hormônios tireoidianos, anticonvulsivantes, ciclosporina A); doenças genéticas e doenças gastrintestinais; transplantes de órgãos; imobilizações prolongadas; meloma múltiplo; CA de mama; anemias crônicas; mastocitose; e tratamentos prolongados com heparina. QC: Geralmente, a OP é assintomática. Os pacientes tomam conhecimento da doença quando ocorre uma fratura ou o médico observa aumento da radiotransparência em exame radiológico ou quando é realizada a DXA. Os locais de maior ocorrência de fraturas de baixo impacto são vértebras, punho e região proximal do fêmur. As fraturas de punho e fêmur são facilmente diagnosticadas, entretanto, só 30% dos pacientes com fraturas vertebrais procuram atendimento médico. Os mais jovens fraturam o punho ao tentarem diminuir o impacto da queda. Mais tardiamente ocorrem as fraturas de vértebras e, geralmente após os 70 anos, as femorais, quando, então, o indivíduo já não apresenta reflexos posturais adequados, caindo sentado. Fatores de risco: (Maiores) Fratura anterior causada por pequeno trauma; sexo feminino; baixa massa óssea; raça branca ou asiática; idade avançada em ambos os sexos; história familiar de osteoporose ou fratura do colo do fêmur; menopausa precoce (antes dos 40 anos) não tratada; uso de corticóides (Menores) doenças que induzam à perda de massa óssea; amenorréia primária ou secundária; menarca tardia, nuliparidade; hipogonadismo primário ou secundário; baixa estatura e peso (IMC <19kg/m²) perda importante de peso após os 25 anos; baixa ingestão de cálcio, alta ingestão de sódio; alta ingestão de proteína animal; pouca exposição ao sol, imobilização prolongada, quedas freqüentes; sedentarismo, tabagismo e alcoolismo; medicamentos (como heparina, ciclosporina, hormônios tireoidianos, anticonvulsivantes e lítio); alto consumo de xantinas (café, refrigerantes à base de cola, chá preto). b) Osteoartrite Definição: A osteoartrite (OA), no passado conhecida como osteoartrose, é uma doença altamente prevalente principalmente na população acima dos 60 anos, e que leva a alterações na funcionalidade (ligadas à realização das atividades de vida diária) dos indivíduos que por ela são acometidos. Com os avanços recentes nos conhecimentos advindos das modernas técnicas de estudos moleculares, principalmente na fisiopatogenia da OA, houve uma alteração no conceito dessa doença. Hoje, a OA é considerada como insuficiência da articulação, com o comprometimento de todas as estruturas que a formam. Além disso, é encarada como uma doença na qual é possível modificar o seu curso evolutivo, tanto em relação ao tratamento imediato quanto ao seu prognóstico. QC: A OA apresenta início insidioso, lento e gradualmente progressivo ao longo de vários anos, principalmente nas articulações de carga, na coluna e nas mãos. O acometimento dos punhos, cotovelos e ombros são pouco frequentes, e a sua ocorrência deve sugerir outras causas, salvo se houver história de trauma prévio ou qualquer outro fator predisponente. Os pacientes descrevem uma dor mecânica nas articulações envolvidas, isto é, a dor aparece quando se movimenta a articulação, desaparecendo ao repouso. Naqueles que apresentam as queixas há mais tempo, a melhora ao repouso pode não ocorrer, tornando-se presente tanto no repouso quanto na movimentação. Esse ritmo de dor diferencia as queixas da OA daquelas apresentadas pelos pacientes com artrite reumatoide (AR), em que a dor frequentemente melhora com a movimentação articular. Nos casos clássicos de OA, os pacientes queixam-se apenas de dor, sem relato de edema, eritema ou aumento da temperatura articular. Com o tempo, no entanto, os indivíduos acometidos pela OA podem apresentar alargamento ósseo e diminuição dos movimentos articulares. Rigidez matinal ou após período prolongado de inatividade pode ocorrer, porém, sua duração é curta e raramente ultrapassa 30 min, diferentemente do que se observa nos pacientes com AR. Queixas de crepitações e estalidos durante a movimentação podem ocorrer e piorar com a perda progressiva de cartilagem. OA mais comuns: OA de coxofemoral; OA de joelho (Há consenso de que os joelhos são as articulações mais acometidas pela OA, com maior incidência entre as mulheres); OA de mãos. João Vitor Freire – MEDUNIME 2019.2 Fatores de risco: idade predisposição genética (principalmente a das articulações interfalangeanas distais) traumas estresse repetitivo algumas ocupações obesidade alterações na morfologia da articulação instabilidade articular e alterações na bioquímica da cartilagem articular. Embora se observe uma forte associação entre OA e idade, essa enfermidade não é, como sempre se acreditou, uma consequência natural do envelhecimento. Alterações bioquímicas na matriz cartilaginosa podem ocorrer com a idade, mas se sabe que elas são diferentes daquelas que se observam na cartilagem osteoartrítica. No entanto, com as mudanças do envelhecimento a cartilagem está mais sujeita a desenvolver aquelas próprias da OA, notadamente se outros fatores etiológicos, como obesidade, desvios de curvatura de membros inferiores etc., estiverem presentes. Atenção!! Osteoporose X Envelhecimento (fisiopatologia) O tecido ósseo é um sistema orgânico em constante remodelação, fruto dos processos de formação (osteoblastos) e reabsorção (osteoclastos). Nas primeiras décadas de vida predomina a formação, fato que leva ao progressivo aumento da massa óssea. No entanto, a partir da 3ª ou 4ªdécada de vida a formação se estabiliza e a reabsorção aumenta, passando a ocorrer progressiva perda da massa óssea, levando a uma osteopenia fisiológica, fato esse que deixa os idosos mais susceptíveis ao desenvolvimento de osteoporose. Somado a isso, os idosos são mais vulneráveis a um balanço de cálcio negativo por causa da hipovitaminose D, relacionada ao processo de institucionalizações, uso de agasalhos e menor exposição voluntária ao sol na velhice, o que leva a uma menor conversão, pelos raios solares, da 7-dehidrocolesterol em vitamina D. Além disso, sabe-se que para ativação da vitamina D ocorrem duas conversões, uma no fígado (através da enzima 25-hidrolase) e outra nos rins (pela enzima 1-alfa-hidrolase. Porém, com o envelhecimento a função renal diminui e a ação da 1-alfa-hidrolase também, aumentando a probabilidade de desenvolver osteoporose. OP X OA A Osteoporose é uma doença óssea metabólica caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea, o que leva a um aumento da fragilidade óssea, aumento do risco de quedas, fraturas, dor e incapacidade física. Tem como fatores de risco a idade, o baixo peso, fraturas anteriores, e é contextualizada por um desequilíbrio acentuado entre formação óssea (osteoblastos) e reabsorção óssea (osteoclastos). A ação do RANKL, citocina expressa nos osteoblastos, e do RANK, receptores presentes nos osteoclastos, são essenciais para a osteoclastogênese. Quando o RANKL se liga ao RANK ele ativa os osteoclastos e prolonga sua sobrevivência pela supressão da apoptose. Porém, os osteoblastos produzem outra proteína a osteoprotegina (OPG) que neutraliza os efeitos do RANKL, mantendo a vigilância do processo de perda óssea. Esse equilíbrio entre RANKL e OPG é regulado por citocinas, como IL1, IL6, IL4, TNF-ALFA, TGF-BETA e hormônios, como estrogênio. A relação entre RANKL/OPG é critica na gênese da osteoporose. A osteoartrite é considerada como uma insuficiência das articulações com comprometimento de todas as estruturas que a forma, levando a uma alteração na funcionalidade dos indivíduos acometidos. Em seu quadro clínico apresenta como sinal dor ao movimento das articulações. A cartilagem, assim como o osso, também passa por um processo de remodelação, em que os condrócitos produzem enzimas autolíticas como as metaloproteínas que degradam a própria matriz cartilaginosa. Na patogênese da osteoartrite ocorre um desequilíbrio entre a formação e degradação, com aumento da última. Esse processo de alta degradação pode ser estimulado por citocinas pró-inflamatórias, levando a um adelgaçamento da cartilagem, aumento do volume de água e deteriorização da sua função mecânica.
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