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DOMÍNIO: MEDICINA versão nov/2018 CASOS CLÍNICOS CARDIOLOGIA www.academiadaespecialidade.com SLIDES: PEDRO RIBEIRO QUEIRÓS pedroribeiroqueiros@gmail.com www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 2 CASO CLÍNICO 1 Homem de 26 anos, fumador e asmático, tem seguimento regular no médico e não terá outros antecedentes. Recorre ao seu médico assistente por dor retro-esternal opressiva, agravada com os esforços. Associadamente refere que se sente cansado também com o esforço, e tem acordado durante a noite com falta de ar. Ao exame objetivo apresenta T 38ºC, PA 120/70, FC 90bpm. Da restante avaliação, é possível identificar crepitações inspiratórias nas bases bilateralmente. Realizou ecocardiograma transtorácico que mostrou hipocinésia difusa com depressão ligeira da função sistólica do ventrículo esquerdo. Foi realizado um eletrocardiograma que se mostra em baixo: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 4 CASO CLÍNICO 1 Homem de 26 anos, fumador e asmático, tem seguimento regular no médico e não terá outros antecedentes. Recorre ao seu médico assistente por dor retro-esternal opressiva, agravada com os esforços. Associadamente refere que se sente cansado também com o esforço, e tem acordado durante a noite com falta de ar. Ao exame objetivo apresenta T 38ºC, PA 120/70, FC 90bpm. Da restante avaliação, é possível identificar crepitações inspiratórias nas bases bilateralmente. Realizou ecocardiograma transtorácico que mostrou hipocinésia difusa com depressão ligeira da função sistólica do ventrículo esquerdo. Foi realizado um eletrocardiograma que se mostra em baixo: Qual é a hipótese diagnóstica mais provável? 1. Enfarte agudo do miocárdio. 2. Infeção respiratória aguda. 3. Pericardite. 4. Perimiocardite. 5. Cardiopatia congénita. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 5 CASO CLÍNICO 1 O enfarte agudo do miocárdio (hipótese 1) pode cursar com uma dor deste tipo e, tendo em conta que o doente é fumador, pode e deve ser considerado. No entanto, o ECG não é sugestivo e trata-se, apesar de tudo, com um doente com probabilidade pré-teste de doença coronária baixa. A febre pode sugerir infeção respiratória (hipótese 2) mas não existe nenhuma clínica respiratória óbvia associada. A pericardite aguda (hipótese 3) está presente, pode cursar com dor opressiva e causa as as alterações do eletrocardiograma descritas, mas não deve causar insuficiência cardíaca nem alterações da cinética do músculo cardíaco. A perimiocardite (hipótese 4) é a opção mais provável porque conjuga os pontos a favor da pericardite com o atingimento miocárdico e consequente insuficiência cardíaca e alterações da cinética. A cardiopatia congénita (hipótese 5), se comportasse acometimento estrutural, poderia traduzir-se numa insuficiência cardíaca crónica, cujo diagnóstico apenas estivesse a ser realizado agora. No entanto, seria expectável um quadro mais arrastado no tempo, com primazia para os sintomas de insuficiência cardíaca e, em princípio, sem dor torácica. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 7 CASO CLÍNICO 2 Homem, 80 anos. Antecedentes de diabetes mellitus tipo 2 e doença coronária, com estenose significativa da artéria descendente anterior, corrigida com cirurgia de bypass coronário há 10 anos. Recorre à consulta por dispneia para esforços com 1 mês de evolução. Antes conseguia subir as escadas da sua casa, mas agora tem que parar a meio. Tem tido dificuldade a dormir porque acorda com falta de ar. Quando questionado, refere um episódio de perda de consciência após ter corrido para apanhar o autocarro. Ao exame objetivo encontra-se com PA 160/90, FC 65bpm, apirético e sem hipoxemia. À auscultação cardíaca é possível ouvir um sopro sistólico IV/VI, rude, mais audível no bordo esquerdo do esterno, com irradiação carotídea. Qual das seguintes hipóteses diagnósticas é mais provável? 1. Angina instável. 2. Doença do nó sinusal. 3. Estenose aórtica. 4. Tromboembolismo pulmonar. 5. Insuficiência mitral. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 8 CASO CLÍNICO 2 O facto de o doente ser diabético, ter doença coronária conhecida e o quadro ter 1 mês de evolução poderiam sugerir o diagnóstico de angina instável manifestada como queixas de novo para esforços (hipótese 1), sendo a dispneia de esforço um equivalente anginoso. No entanto, o doente apresenta também ortopneia, o que significa que está sintomático em repouso e que tem um achado altamente sugestivo de insuficiência cardíaca. Deve ser uma hipótese sempre considerada, mas não explica todos os achados (p.e. síncope de esforço e sopro sistólico). A doença do nó sinusal (hipótese 2), causando bradicardia sinusal sintomática, poderia justificar as síncopes de esforço e as queixas de insuficiência cardíaca, e é típica de doentes idosos. No entanto, não explica o sopro identificado, e o doente encontra-se, pelo menos na consulta, normocárdico (FC normal). A estenose aórtica (hipótese 3) é a valvulopatia típica do doente idoso e partilha fatores de risco semelhantes aos da doença coronária. A insuficiência cardíaca é sugestiva de uma progressão da doença, bem como a síncope de esforço, que é um achado muito característico. Associadamente, o sopro no exame objetivo de grau elevado prenuncia uma alteração com significado hemodinâmico. O tromboembolismo pulmonar (hipótese 4) pode também surgir com sintomas de insuficiência cardíaca, mas tipicamente serão de predomínio direito (sem ortopneia/DPN): se a oclusão pelo trombo é antes das câmaras esquerdas, não é expectável que haja sintomas de aumento das pressões de enchimento do VE. Também pode surgir com insuficiência respiratória. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 9 CASO CLÍNICO 2 A insuficiência mitral (hipótese 5) tem, como causa muito comum, a cardiopatia isquémica que o doente poderá ter, mas para ser esta a causa cursaria com achados de longa data de insuficiência cardíaca, a condicionar cardiomiopatia dilatada que, pela dilatação do VE, dilataria o anel mitral. É uma valvulopatia que não tem a mesma prevalência que a estenose aórtica nos idosos e o seu sopro é sistólico mas tipicamente irradia para a axila e não para as carótidas. A síncope de esforço não é um achado típico. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 10 CASO CLÍNICO 3 Homem, 76 anos. Hipertenso, diabético e dislipidémico. Aparece no consultório porque tem sentido uma dor no ombro direito, agravada pelos movimentos. Recentemente esteve em mudança de casa, a carregar móveis. Ao exame objetivo apresenta alguma rigidez articular na articulação do ombro, com incapacidade de realizar abdução completa do ombro. Como o vizinho foi realizar um eletrocardiograma, decidiu acompanha-lo e realizar um também, que se apresenta em baixo: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 12 CASO CLÍNICO 3 Homem, 76 anos. Hipertenso, diabético e dislipidémico. Aparece no consultório porque tem sentido uma dor no ombro direito, agravada pelos movimentos. Recentemente esteve em mudança de casa, a carregar móveis. Ao exame objetivo apresenta alguma rigidez articular na articulação do ombro, com incapacidade de realizar abdução completa do ombro. Como o vizinho foi realizar um eletrocardiograma, decidiu acompanha-lo e realizar um também, que se apresenta em baixo: Qual das seguintes atitudes terapêuticas é a mais correta? 1. Bisoprolol 2.5mg uma vez dia. 2. Cardioversão elétrica imediata. 3. Rivaroxabano na dose adequada. 4. Ácido Acetilsalicílico 100mg id. 5. Diltiazem 120mg id. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 13 CASO CLÍNICO 3 O ECG apresenta um ritmo irregular de complexos estreitos, compatível com fibrilhaçãoauricular, a arritmia auricular mais prevalente no mundo. Sendo o doente idoso, torna-se altamente provável a existência desta arritmia. O beta bloqueador e o bloqueador dos canais de cálcio (hipótese 1 e 5) seriam úteis para controlo da frequência, mas neste caso o doente apresenta-se com frequência controlada e assintomático, pelo que não têm utilidade clara. A cardioversão elétrica a ritmo sinusal (controlo de ritmo) (hipótese 2) é benéfica em termos funcionais para o doente, embora não tenha demonstrado ser superior em termos de mortalidade comparativamente ao controlo de frequência (hipótese 1 e 5). No entanto, está absolutamente contra-indicada em doentes que não estão hipocoagulados, a não ser que se tenha informação fidedigna de que a arritmia apenas existe há <48h ou se exclua um trombo auricular via ecocardiograma trans-esofágico. De outra forma, a cardioversão a ritmo sinusal poderá desalojar o dito trombo e provocar uma embolia sistémica, p.e. AVC. A hipocoagulação oral (hipótese 3) está indicada em doentes com score CHA2DS2-VASC ≥2. Neste caso, o doente tem um score de 4, pelo que é da máxima importância iniciar a hipocoagulação. O ácido acetilsalicílico (hipótese 4) mostrou algum benefício na prevenção do AVC embólico em doentes com FA, mas não é recomendado atualmente, tendo em conta o sucesso muito maior da hipocoagulação neste domínio. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 15 CASO CLÍNICO 4 Mulher, 55 anos. Hipertensa, fumadora pesada e dislipidémica, medicada com amlodipina 10mg e sinvastatina 20mg. Vem ao consultório para mostrar as últimas análises. Ao exame físico apresenta PA 120/80mmHg, FC 74bpm, apirexia e SpO2 normal. Associadamente, é possível identificar edema das pernas, bilateral e simétrico. Quando questionada, a doente refere que sente alguma dispneia para grandes esforços que não era habitual, mas tem ido ao ginásio sem problema. As análises mostram: creatinina 1.07 (N 0.9-1.0mg/dL), Na+ 140mEqL (N 135- 145mEq/L), K+ 3.9 (N 3.5-5.0), NT-proBNP 20pg/mL (N 0-125), painel hepático normal. A análise sumária de urina está normal. Qual dos seguintes diagnósticos justifica melhor o quadro clínico? 1. Insuficiência Cardíaca. 2. Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. 3. Síndrome nefrótico. 4. Edema secundário aos bloqueadores dos canais de cálcio. 5. Cirrose hepática. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 16 CASO CLÍNICO 4 O edema tem muitas causas por trás, e em muitos doentes é difícil perceber exatamente qual é o culpado. Muitas vezes só após prova terapêutica é que é possível determinar a causa! A insuficiência cardíaca (hipótese 1) torna-se pouco provável por não existirem achados compatíveis com este diagnóstico no exame físico para além do edema (ortopneia, DPN, ...), e fica excluído quando o NT-proBNP se mostra negativo: é um exame com alto valor preditivo negativo e, portanto, consegue excluir o diagnóstico. A doença pulmonar obstrutiva crónica (hipótese 2) é uma causa potencial de dispneia com NT-proBNP negativo, mas não deve cursar com edema dos membros inferiores. Para além disso, a dispneia da doente não é uma queixa espontânea (só está presente porque nós perguntamos especificamente) e surge apenas com grandes esforços, o que a torna menos importante e, possivelmente, secundária apenas ao tabagismo propriamente dito. O síndrome nefrótico (hipótese 3) é uma casa de edema, mas estaria associado (potencialmente) a alguma disfunção renal, e teria proteinúria no sumário de urina, que está normal. Os bloqueadores de canais de cálcio (hipótese 4) di-hidropiridinicos são uma causa muito comum de edema dos membros inferiores. Deve ser sempre ponderada em quem está medicado com estes fármacos. A cirrose hepática (hipótese 5) cursa tipicamente com outros achados, como ascite ou antecedentes sugestivos de etiologia para a doença hepática (obesidade, alcoolismo, ...). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 18 CASO CLÍNICO 5 Mulher, 40 anos. Sem antecedentes ou medicação habitual. Recorre ao serviço de urgência por sensação de aperto cervical, de novo, com duração de alguns segundos. Não sabe precisar há quanto tempo teve esse episódio. Após pensar durante algum tempo, refere que a dor também agrava quando inspira profundamente. O exame físico não apresenta alterações. Foi pedido um eletrocardiograma que mostra ritmo sinusal, sem alterações do segmento ST ou onda T. Analiticamente destaca-se creatinina 1.6mg/dL (N 0.9-1.1). Foi doseada a troponina T, que mostrava valores de 250ng/L (N <40) e 256ng/L à admissão e às 3 horas, respetivamente. Qual das seguintes atitudes é mais correta? 1. Iniciar dupla anti-agregação plaquetária e hipocoagulação. 2. Coronariografia urgente e eventual ICP. 3. Dosear a troponina 6h após a admissão. 4. Dosear a CK-MB. 5. Prova de esforço com eletrocardiograma. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 19 CASO CLÍNICO 5 A doente apresenta-se com uma dor que tem algumas características típicas de angina mas, no global, não parece ser muito sugestiva. Tem uma probabilidade pré-teste de doença coronária baixa (mulher, jovem, sem fatores de risco). Tem um ECG normal e não apresenta variação no doseamento da troponina. A anti-agregação plaquetária e hipocoagulação (hipótese 1) estariam indicadas caso se identificasse um síndrome coronário agudo, mas neste caso essa hipótese parece pouco provável: a clínica não é típica, a doente tem pouca probabilidade pré-teste e os biomarcadores não têm curva. Aplica-se o mesmo para a coronariografia e eventual ICP (hipótese 2). Apesar de a história não ser muito sugestiva, a doente apresenta biomarcadores elevados. Embora esta elevação possa ser justificada pela insuficiência renal presente, não temos a certeza da altura de início da dor, pelo que podemos estar a perder a fase de subida dos marcadores. Neste sentido, está indicada a repetição dos biomarcadores às 6h (hipótese 3). A CK-MB (hipótese 4) é outro marcador de necrose miocárdica, mas não oferece utilidade diagnóstica extra neste contexto quando comparada à troponina T. Se o diagnóstico não for claro ou se a suspeita for de angina instável de baixo risco, está indicado um teste de isquemia. No entanto, a primeira escolha não é o ECG de esforço, muito menos numa mulher (hipótese 5). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 21 CASO CLÍNICO 6 Homem, 88 anos. História de tabagismo, hipertensão e doença arterial periférica. Está medicado com ramipril 2.5mg e indapamida 2.5mg. Visita regularmente o seu médico de família e é cumpridor das recomendações e terapêutica. Recorre ao médico assistente porque tem notado um agravamento da sua claudicação intermitente. Tem dificuldade na cessação tabágica. Ao exame físico apresenta PA 150/80mmHg, FC 80bpm, apirexia e ausência de hipoxemia. Na investigação do tórax é possível ouvir sons respiratórios rudes bilateralmente, e no abdómen é palpável uma massa pulsátil, de ~5cm, na linha média. Qual dos seguintes diagnóstico é mais provável? 1. Carcinoma do cólon transverso. 2. Aneurisma da aorta abdominal. 3. Obstrução do cólon por fecaloma. 4. Doença inflamatória intestinal. 5. Neoplasia do pâncreas. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 22 CASO CLÍNICO 6 A pulsatilidade da massa deve ser logo um indício de que a resposta correta é o aneurisma da aorta (hipótese 2), pois as restantes não deverão cursar com esta característica. Para além disso, trata-se de um doente com vários fatores de risco cardiovasculares, alguns dos quais contribuem especialmente para o desenvolvimento de aneurismas da aorta abdominal (sexo masculino, idade, tabagismo e hipertensão, sendo este último particularmente importante). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 24CASO CLÍNICO 7 Mulher, 24 anos. Antecedentes de doença inflamatória intestinal. Pratica regularmente voleibol desde os 10 anos. Recorre ao seu médico assistente por palpitações, sobretudo com o esforço. Refere que, na época de exames, “sofre muito do sistema nervoso”. Os sinais vitais estão normais. À auscultação cardíaca, é possível identificar um sopro sistólico II/VI, mais audível no foco aórtico e com irradiação carotídea. Qual dos seguintes diagnóstico é mais provável? 1. Estado hiperdinâmico. 2. Prolapso da válvula mitral. 3. Fibrilhação auricular. 4. Ataque de pânico. 5. Estenose aórtica. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 25 CASO CLÍNICO 7 Tendo em conta a prática regular de exercício físico da doente e o fator despoletante das palpitações (o exercício), a explicação mais provável será o próprio estado hiperdinâmico despoletado pelo esforço (hipótese 1). No entanto, isto não é o mesmo que dizer que a nossa investigação deverá ficar por aqui. Não é possível, recorrendo apenas à anamnese, excluir causas potencialmente fatais, que devem estar sempre presentes no algoritmo de abordagem a um doente com palpitações. Nesse sentido, faria sentido prolongar o estudo com outros meios complementares de diagnóstico (p.e. ecocardiograma e/ou Holter). O prolapso da válvula mitral (hipótese 3) é mais comum em mulheres, pode manifestar-se em idades mais jovens e a doente apresenta um sopro sistólico, pelo que deveria ser uma hipótese a excluir (provavelmente com ecocardiograma). No entanto, um sopro II/VI é um achado potencialmente normal em nos jovens, e só por si não implica investigação adicional (neste caso a doente tem queixas - palpitações). A fibrilhação auricular (hipótese 3) é muito rara em idades jovens, sendo tipicamente uma arritmia do idoso. A manifestar-se em idades jovens, importa descartar causas reversíveis, como por exemplo o hipertiroidismo ou binge drinking. A estenose aórtica (hipótese 5) também é uma doença mais comum nos idosos (e o sopro, isoladamente, não tem significado), para além de que não cursa, por si só, com palpitações. No entanto, doenças congénitas da válvula aórtica (como a bicuspidia aórtica) podem conduzir ao aparecimento precoce de estenose aórtica. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 27 CASO CLÍNICO 8 Homem, 65 anos, fumador, hipertenso e diabético. Recorre ao seu consultório por dor opressiva retro-esternal, com irradiação para o membro superior esquerdo, de instalação progressiva, despoletada pelo esforço e aliviada pelo repouso, que persiste neste estado há ~3 meses. Ao exame objetivo encontra-se com PA 120/70mmHg, FC 76bpm, apirético e sem hipoxemia. O restante exame físico não mostra alterações. Tem consigo um ecocardiograma que mostra função ventricular esquerda conservada. Tem também um eletrocardiograma em repouso que não mostra alterações. Qual das seguintes atitudes é mais indicada? 1. Iniciar amlodipina 10mg. 2. Angiografia coronária. 3. Cintigrafia de perfusão miocárdica de exercício. 4. AngioTC coronário. 5. Orientação para o SU para exclusão de SCA. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 28 CASO CLÍNICO 8 O doente é do sexo masculino, não é jovem, tem vários fatores de risco e tem uma história muito típica para angina de peito. Tudo indica que o doente terá doença coronária, pelo que será um doente de, pelo menos, probabilidade intermédia alta. Neste sentido, o mais indicado será realizar uma prova de isquemia que deverá, de preferência, ser de imagem e de exercício. Neste caso, a opção que se enquadra melhor é a cintigrafia de perfusão miocárdica de exercício (hipótese 3). Iniciar o tratamento com amlodipina (hipótese 1), isto é, com um anti-isquémico, não seria totalmente errado tendo em conta a alta probabilidade do diagnóstico. No entanto, não traz qualquer tipo de estratificação à doença (quantidade de isquemia, gravidade das lesões), pelo que se poderia estar a deixar escapar um doente com doença grave que poderia beneficiar de tratamento modificador de prognóstico (cirurgia de bypass aortocoronário). A angiografia coronária (hipótese 2) só está indicada como meio de diagnóstico inicial na angina estável se o doente tiver depressão da FE do ventrículo esquerdo ou se o diagnóstico já estiver feito, isto é, se o doente tiver uma probabilidade alta de diagnóstico. A avaliação probabilística da doença coronária é complexa, mas assume-se que um doente só terá probabilidade alta com uma dor típica, sexo masculino e >70 anos. O angioTC coronário (hipótese 4) é mais indicado em doentes cuja probabilidade pré-teste é intermédia-baixa, o que não é o caso. Uma angina de peito despoletada pelo esforço, que permanece estável há 3 meses, não preenche critérios clínicos ou temporais para ser considerada SCA (hipótese 5). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 29 CASO CLÍNICO 9 Apesar da atitude tomada, o doente deu entrada no serviço de urgência com uma dor torácica opressiva, semelhante à que sentia com o esforço, mas desta vez persistente mesmo em repouso e >30 minutos de duração. Apesar da terapêutica com nitroglicerina sublingual e apesar de algum alívio transitório, a dor não cedeu. Ao exame objetivo mostra PA 150/80mmHg, FC 110bpm, SpO2 91% em ar ambiente, apirético. A auscultação cardíaca é normal, mas a pulmonar mostra crepitações nas metades inferiores de ambos os hemitóraxes. Foi pedido um eletrocardiograma que se mostra em baixo. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 31 CASO CLÍNICO 9 Apesar da atitude tomada, o doente deu entrada no serviço de urgência com uma dor torácica opressiva, semelhante à que sentia com o esforço, mas desta vez persistente mesmo em repouso e >30 minutos de duração. Apesar da terapêutica com nitroglicerina sublingual e apesar de algum alívio transitório, a dor não cedeu. Ao exame objetivo mostra PA 150/80mmHg, FC 110bpm, SpO2 91% em ar ambiente, apirético. A auscultação cardíaca é normal, mas a pulmonar mostra crepitações nas metades inferiores de ambos os hemitóraxes. Foi pedido um eletrocardiograma que se mostra em baixo. Qual a atitude mais indicada neste momento? 1. Doseamento de biomarcadores cardíacos. 2. ECG com derivações posteriores. 3. Furosemida endovenosa. 4. Nitratos em perfusão. 5. Encaminhar para terapêutica de revascularização www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 32 CASO CLÍNICO 9 Apesar da clínica típica de enfarte agudo do miocárdio, o ECG não é diagnóstico de supra- desnivelamento de ST. Neste caso, tendo em conta a história altamente sugestiva e o padrão do ECG - infra-desnivelamento de ST anterior - devemos procurar o supraST, que neste caso estaria nas derivações posteriores (hipótese 2), sendo o infraST a alteração espelho deste supraST. Neste sentido, a nossa abordagem passaria a ser direcionada para um EAMcSST, pelo que os biomarcadores cardíacos (hipótese 1) perdem relevância diagnóstica. Pela congestão pulmonar denunciada pela auscultação e pela dor anginosa, a furosemida e os nitratos (hipóteses 3 e 4), respetivamente, têm utilidade como tratamentos sintomáticos, mas não resolvem a causa do problema. A terapêutica de revascularização (hipótese 5) só está indicada se for confirmado o diagnóstico de enfarte, conclusão que ainda não é possível tirar apenas com os dados apresentados (seria necessário um supraST ou elevação de biomarcadores, caso o doente fosse abordado como tendo EAMsSST). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 34 CASO CLÍNICO 10 O doente foi tratado adequadamente e admitido no internamento. Manteve-se hemodinâmica e eletricamente estável, mas apresentava crepitações inspiratórias e alguma ortopneia. Integrou um programa de reabilitação cardíaca com sucesso, tendo caminhado nointernamento sem angina. Analiticamente apresentava um LDL 150mg/dL, HbA1C 7.2%, creatinina 0.9mg/dL (N 0.9-1.1). Realizou um ecocardiograma transtorácico que mostrava depressão grave da função do ventrículo esquerdo, com fração de ejeção de 25%. Hoje é o dia da alta. Qual das seguintes atitudes não está recomendada? 1. Tratamento com perindopril. 2. Colocação de cardiodesfibrilhador implantável. 3. Furosemida oral. 4. Tratamento com nebivolol. 5. Tratamento com espironolactona. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 35 CASO CLÍNICO 10 O perindopril, um IECA, (hipótese 1) está sempre indicado no pós-enfarte, desde que o doente tolere, pois é uma terapêutica modificadora de prognóstico - aumenta a sobrevida destes doentes. Apesar de a fração de ejeção do doente cumprir critérios para colocação de um cardiodesfibrilhador implantável (hipótese 2), à luz da evidência atual, não está indicada a sua implantação numa fase tão precoce do pós-enfarte, pois existe potencial para haver recuperação de função com a terapêutica modificadora de prognóstico (IECA, BB e ARM). As únicas indicações para implantação de CDI numa fase precoce são eventos arrítmicos primários (TV com impacto hemodinâmico ou FV) >48h após o enfarte. O doente apresenta ortopneia, um sintoma altamente sugestivo de insuficiência cardíaca, pelo que a furosemida (hipótese 3) está indicada para gestão dos sintomas congestivos. O nebivolol, um beta-bloqueador cardioselectivo (hipótese 4), está indicado nos doentes pós-enfarte que tenham depressão da FE do ventrículo esquerdo. A espironolactona, um antagonista dos mineralocorticóides (hipótese 5), está indicada nos doentes com FE <40%, que é o caso, mas também nos diabéticos, cumprindo assim o doente dois critérios para tratamento com este fármaco. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 37 CASO CLÍNICO 11 Mulher, 74 anos. Obesa, dislipidémica e diabética. Tem antecedentes de EAM sem supra ST há 1 ano, tratado com ICP da artéria coronária direita. Recorre ao serviço de urgência por episódio de dor retro-esternal há 9 horas, em aperto, durante o repouso, sem agravamento com o esforço e duração de poucos segundos, pois aliviou com a toma da nitroglicerina sublingual. Como teve receio de ser um novo enfarte, decidiu recorrer ao hospital, apesar de a dor não ser muito semelhante à que teve durante o enfarte. Apresenta PA 130/75mmHg, FC 65bpm, apirexia e ausência de hipoxemia ou outras alterações no restante exame físico. Realizou ECG à admissão que estava normal. A troponina foi doseada à admissão e encontrava-se negativa. Qual dos seguintes diagnósticos é mais provável? 1. Angina Instável. 2. Tromboembolismo pulmonar. 3. EAM sem supra-desnivelamento de ST. 4. Espasmo esofágico difuso. 5. Perfuração de úlcera gástrica. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 38 CASO CLÍNICO 11 A angina instável (hipótese 1) criaria a maior dúvida aqui, pois trata-se de uma doente com algumas características típicas de dor anginosa e com antecedentes de doença coronária, inclusivamente com um evento isquémico agudo. No entanto, a dor é diferente do habitual, dura apenas escassos segundos e não tem alterações electrocardiográficas. O tromboembolismo pulmonar (hipótese 2), para cursar com uma dor deste género, teria que ter um trombo massivo associado, pelo que deveria ter outras manifestações de gravidade associadas, não sendo o mais provável. Ao mesmo tempo, não há achados electrocardiográficos sugestivos (S1Q3T3 e taquicardia sinusal) e não há insuficiência respiratória alguma. O enfarte sem supra ST (hipótese 3), pelo descrito no primeiro parágrafo e pela ausência de subida de marcadores com uma dor que dura há >4 horas (altura em que começa a subir a troponina) torna-se pouco provável. A dor das doenças da motilidade esofágica tem tendência a ter características semelhantes à dor anginosa, e tem também tendência para aliviar com a toma de nitroglicerina. Tendo em conta que o síndrome coronário agudo é uma situação ameaçadora de vida, deve ser primeiro excluída, e nesta altura parece muito pouco provável, o que torna o espasmo esofágico difuso mais provável (hipótese 4). A perfuração de úlcera gástrica (hipótese 5) gera tipicamente dor epigástrica, que seria persistente e estaria associada, muito provavelmente, a achados de abdómen agudo e/ou irritação peritoneal. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 39 CASO CLÍNICO 12 Mulher, 45 anos, caucasiana. Sem medicação habitual. Não tem seguimento habitual em nenhum médico. Vem ao consultório porque precisa de um atestado para a carta de condução. Ao exame físico, e após 3 medições de forma adequada, apresenta PA 162/90mmHg, FC 55bpm, sem outras alterações. Refere que já tem medido a pressão arterial em casa e que tem tido valores altos. Traz consigo um estudo analítico que mostra creatinina 1.3mg/dL (N 0.9-1.1), Na+ 137 (N 135-145) e K+ 3.4 (N 3.5-5.0), glicose em jejum 115mg/dL (N <100). Tem também um eletrocardiograma que se mostra em baixo: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 41 CASO CLÍNICO 12 Mulher, 45 anos, caucasiana. Sem medicação habitual. Não tem seguimento habitual em nenhum médico. Vem ao consultório porque precisa de um atestado para a carta de condução. Ao exame físico, e após 3 medições de forma adequada, apresenta PA 162/90mmHg, FC 55bpm, sem outras alterações. Refere que já tem medido a pressão arterial em casa e que tem tido valores altos. Traz consigo um estudo analítico que mostra creatinina 1.3mg/dL (N 0.9-1.1), Na+ 137 (N 135-145) e K+ 3.4 (N 3.5-5.0), glicose em jejum 115mg/dL (N <100). Tem também um eletrocardiograma que se mostra em baixo: Qual dos seguintes anti-hipertensores é o mais adequado? 1. Perindopril. 2. Carvedilol. 3. Clorotalidona. 4. Lercanidipina. 5. Labetalol. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 42 CASO CLÍNICO 12 A escolha de um anti-hipertensor para iniciar o tratamento da hipertenso tem que ter em conta, essencialmente, duas coisas: terá o doente alguma característica que o torne mais propício a uma dada classe de fármaco, e terá o doente alguma característica que contra- indique o uso de alguma classe? Potencialmente, poderá ser útil iniciar a o tratamento com mais que uma classe, mas não é isso que se pergunta aqui. O perindopril (hipótese 1) é um inibidor dos recetores da angiotensina. Tendo em conta a disfunção renal que a doente apresenta (creatinina elevada) e a presença de hipertrofia ventricular esquerda evidente no ECG, tem lesão de órgão alvo que justifica a utilização deste fármaco em primeira-linha. O carvedilol (hipótese 2) é um beta-bloqueador, predominantemente β1, com alguma ação também antagonista ɑ1. No entanto, os beta-bloqueadores não são um fármacos de primeira linha no tratamento da hipertensão. A clorotalidona (hipótese 3) é um diurético tiazídico, útil no controlo da pressão arterial. No entanto, a doente apresenta hipocalemia, ainda que ligeira, que pode ser agravada pelo diurético. Para além disso, causa discrasias metabólicas, perdendo utilidade numa doente com anomalia da glicose em jejum. A lercanidipina (hipótese 4) é um bloqueador dos canais de cálcio di-hidropiridinico, também útil no tratamento da HTA. Embora não exista nenhuma contra-indicação clara neste doente (poderia estar contra-indicada se o doente tivesse proteinúria franca), o IECA tem indicações claras, pelo que se torna a primeira opção. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 43 CASO CLÍNICO 12 O labetalol (hipótese 5) é o fármaco, tipicamente, de primeira linha no tratamento das emergências hipertensivas pelo seu bloqueio β e ɑ. No entanto, não tem indicação para o tratamento da hipertensão essencial em ambulatório. www.academiadaespecialidade.comfacebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 45 CASO CLÍNICO 13 Homem, 65 anos. Antecedentes de neoplasia do pulmão. Recorre ao serviço de urgência por agravamento súbito do padrão de dispneia habitual. Ao exame objetivo apresenta PA 90/50mmHg, FC 120bpm, T38.0ºC, SpO2 91% em ar ambiente. Na auscultação pulmonar é possível identificar roncos dispersos no campo pulmonar direito e um edema bilateral dos membros inferiores, mais pronunciado à direita. Foi pedido um ECG que mostrava taquicardia sinusal e inversão das T nas derivações direitas, sem outras alterações. Analiticamente, apresentava uma ligeira leucocitose (12x10³/uL, N<11x10³), NT-proBNP 200pg/mL (N 0-125) e troponina T 300ng/L (N <40). Qual dos seguintes diagnósticos melhor justifica o quadro? 1. Progressão natural da neoplasia. 2. Pneumonia. 3. Tromboembolismo pulmonar. 4. Enfarte agudo do miocárdio sem supra ST. 5. Insuficiência cardíaca aguda. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 46 CASO CLÍNICO 13 A progressão natural da neoplasia (hipótese 1) deve ser sempre uma hipótese a ter em conta, mas neste caso estamos perante um agravamento súbito dos sintomas, o que sugere um evento agudo e não uma alteração arrastada no tempo. Pelas alterações auscultatórias, febre, marcadores inflamatórios aumentados e alteração estrutural pulmonar que também condiciona alguma imunosupressão, a pneumonia (hipótese 2) deve ser considerada. No entanto, não é a que melhor justifica todo o quadro. O tromboembolismo pulmonar (hipótese 3) é concordante com a maior parte das alterações: existe risco trombótico (neoplasia), agravamento súbito da dispneia, subida do pro-BNP e TnT, edema assimétr ico, insuf ic iênc ia respi ra tór ia e a l terações eletrocardiográficas. Neste sentido, é a hipótese mais provável. Embora existam alterações potencialmente isquémicas no ECG (inversão das ondas T), não existe dor torácica ou outros sintomas sugestivos de um evento isquémico agudo, e o EAMsSST (hipótese 4) não consegue explicar as outras alterações (p.e. edema assimétrico dos MIs). O doente apresenta um quadro de insuficiência cardíaca aguda (hipótese 5), mas esta hipótese não é um verdadeiro diagnóstico - é só uma parte da resposta. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 48 CASO CLÍNICO 14 O doente realizou ecocardiograma transtorácico que mostrou hipocinésia do ventrículo direito. Após ponderação do risco, foi submetido a trombólise. Durante este procedimento ficou progressivamente mais hipotenso, mantendo-se em ritmo sinusal. No entanto, a certa altura, a curva de monitorização da pressão arterial deixa de detetar qualquer pulso. Ao exame físico, verifica-se também que não existem movimentos respiratórios. Qual das seguintes atitudes não está indicada? 1. Adrenalina endovenosa. 2. Entubação orotraqueal. 3. Amiodarona endovenosa. 4. Continuar o procedimento de trombólise. 5. Compressões torácicas. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 49 CASO CLÍNICO 14 O doente encontra-se em paragem cardio-respiratória, em atividade elétrica sem pulso. Trata-se de um ritmo não desfibrilhável, pelo que a prioridade é assegurar a via aérea com entubação orotraqueal, administrar adrenalina endovenosa e corrigir causas reversíveis (hipóteses 1 e 2). Continuar o procedimento de trombólise, neste momento, é uma atitude fundamental, pois funciona como uma correção de causa reversível: é fundamental para aumentar a probabilidade de conseguir recuperar este doente (hipótese 4). A amiodarona endovenosa apenas tem indicação nos ritmos desfibrilháveis, após 2-3 choques ineficazes, ou então após recuperação da circulação espontânea se existir instabilidade elétrica (hipótese 3). As compressões torácicas estão sempre indicadas, independentemente do ritmo de paragem, enquanto não existir regresso à circulação espontânea (hipótese 5). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 51 CASO CLÍNICO 15 As atitudes adotadas foram bem sucedidas e o doente recuperou. Acabou por ter alta passado alguns dias sob hipocoagulação oral. Na consulta de re-avaliação após 3 meses da alta, o doente refere que mantém dispneia para esforços, com noção de aumento do perímetro abdominal e edema dos MIs. Ao exame físico encontra-se normotenso e normocárdico, com boa saturação periférica de oxigénio. A auscultação pulmonar não tem alterações, mas o doente tem ascite e edema dos MIs até aos joelhos bilateralmente. Realizou um ecocardiograma transtorácico que mostra função ventricular esquerda conservada, sem alterações valvulares significativas, mas alguma dilatação do ventrículo direito. Qual dos seguintes MCDTs é o melhor para caracterizar esta patologia? 1. Ecocardiograma transtorácico. 2. Cateterismo cardíaco. 3. Ecocardiograma trans-esofágico. 4. Provas funcionais respiratórias. 5. Tomografia computorizada pulmonar. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 52 CASO CLÍNICO 15 Tendo em conta o episódio de tromboembolismo pulmonar massivo que o doente teve recentemente, e tendo em conta que muito dos tromboembolismos pulmonares podem ocorrer de forma silenciosa e que se trata de um doente neoplásico (portanto, com alto risco para TVP e TEP), não nos surpreende que o doente desenvolva, cronicamente, um quadro de hipertensão pulmonar por tromboembolismo crónico (grupo 4). Neste sentido, o ecocardiograma transtorácico (hipótese 1) pode trazer alguns achados sugestivos de hipertensão pulmonar, como a dilatação que se apresenta no enunciado, mas também uma insuficiência tricúspide que nos permite estimar a pressão na artéria pulmonar. No entanto, embora nos possa fazer lembrar o diagnóstico, não é o método mais indicado. O ecocardiograma trans-esofágico (hipótese 3) oferece melhor resolução de estruturas mais posteriores, mas não oferece nada de extra comparativamente ao transtorácico. O cateterismo cardíaco (hipótese 2) (DIFERENTE de angiografia coronária - embora muitas vezes se use como sinónimos) é o melhor método para medir as pressões dentro das cavidades cardíacas e grandes vasos, pelo que é o gold standard para o diagnóstico de hipertensão pulmonar. As provas funcionais e o TC (hipóteses 4 e 5) podem-nos ajudar a excluir uma doença pulmonar (p.e. DPOC ou doenças intersticiais) como causa para a hipertensão pulmonar, mas não nos ajudam a estabelecer o diagnóstico desta doença em primeiro lugar. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 54 CASO CLÍNICO 16 Homem, 25 anos. É alemão, o que dificulta a colheita da história, mas parece que não tem antecedentes conhecidos e não toma medicação habitualmente. Está de férias em Portugal. Recorre ao serviço de urgência por desconforto torácico e palpitações. Está visivelmente desconfortável e ansioso. Tem PA 130/60mmHg, FC 180bpm e está apirético. Foi pedido um ECG que se mostra em baixo. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 55 CASO CLÍNICO 16 Homem, 25 anos. É alemão, o que dificulta a colheita da história, mas parece que não tem antecedentes conhecidos e não toma medicação habitualmente. Está de férias em Portugal. Recorre ao serviço de urgência por desconforto torácico e palpitações. Está visivelmente desconfortável e ansioso. Tem PA 130/60mmHg, FC 180bpm e está apirético. Foi pedido um ECG que se mostra em baixo. Curiosamente, traz consigo o seu ECG habitual: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 57 CASO CLÍNICO 16 Homem, 25 anos. É alemão, o que dificulta a colheita da história, mas parece que não tem antecedentes conhecidos e não toma medicação habitualmente. Está de férias em Portugal. Recorre ao serviço de urgência por desconforto torácico e palpitações. Está visivelmente desconfortável e ansioso. Tem PA 130/60mmHg, FC 180bpm eestá apirético. Foi pedido um ECG que se mostra em baixo. Curiosamente, traz consigo o seu ECG habitual: Qual dos seguintes diagnósticos é mais provável? 1. Taquicardia ventricular. 2. Fibrilhação auricular e Wolff-Parkinson-White 3. Flutter auricular e Wolff-Parkinson-White 4. Taquicardia de reentrada auriculo-ventricular. 5. Fibrilhação auricular e ECG basal normal. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 58 CASO CLÍNICO 16 O eletrocardiograma da admissão tem uma frequência demasiado elevada para poder tirar demasiadas conclusões, e numa situação em que existe instabilidade hemodinâmico isso torna-se secundário - o importante é reverter rapidamente a alteração do ritmo, e só depois pensar na causa. No entanto, o ritmo parece ser irregular (por vezes pode não ser irregular mas, graças à frequência elevada, “saturar” o nó AV com impulsos, fazendo com que alguns caiam no período refratário e não sejam conduzidos), e com QRS idêntico ao ECG basal, o que torna a possibilidade de taquicardia ventricular (hipótese 1) pouco provável. A irregularidade aparente do ritmo também torna a taquicardia de reentrada auriculo- ventricular (hipótese 4) pouco provável, faltando também outros achados sugestivos desta arritmia, e torna também o flutter (hipótese 3) pouco provável. Temos então um ritmo irregular, sugestivo de fibrilhação auricular. Tipicamente, o nó AV consegue filtrar a quantidade imensa de impulsos que chegam da auricula, motivo pelo qual esta arritmia tipicamente não atinge frequências ventriculares equiparáveis às da aurícula. Olhando para o ECG de base, conseguimos perceber que existe uma justificação para esta frequência: empastamento inicial do QRS (onda delta), alargamento do QRS e intervalo PR curto, ou seja, pré-excitação. Assim, a resposta correcta é a hipótese 2. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 60 CASO CLÍNICO 17 Mulher, 67 anos. Não tem seguimento habitual em nenhum médico. Recorre ao serviço de urgência por quadro de dispneia para esforços com 1 mês de evolução. Refere que não tem conseguido dormir com falta de ar, pelo que tem dormido nos últimos dias sentada no sofá. Estes sintomas têm-se agravado, e hoje refere dispneia em repouso. Ao exame físico apresenta PA 130/80mmHg, FC 105bpm, SpO2 88% em ar ambiente e apirexia. É possível ouvir crepitações inspiratórias dispersas em ambos os hemitóraxes, e também alguns sibilos dispersos. Apresenta extremidades quentes e débito urinário mantido. Qual das seguintes atitudes não está indicada? 1. Administrar furosemida endovenosa. 2. Iniciar perfusão de mononitrato de isossorbida. 3. Realizar ecocardiograma transtorácico. 4. Inicia oxigenioterapia suplementar. 5. Começar beta-bloqueador oral. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 61 CASO CLÍNICO 17 A doente apresenta um quadro de insuficiência cardíaca aguda ou crónica descompensada, em perfil hemodinâmico B (quente e húmido - bem perfundido e congestivo). O uso de diuréticos de ansa (hipótese 1) é essencial para melhorar a hemodinâmica cardíaca, espoliando volume e permitindo reduzir a congestão pulmonar. Os nitratos (hipótese 2) estão recomendados nas insuficiências cardíacas congestivas, quando existe perfil tensional para poderem ser utilizados - permitem reduzir tanto a pré- carga como a pós-carga. O ecocardiograma transtorácico (hipótese 3) é importante para perceber qual a doença de base e/ou motivo de descompensação. Pela insuficiência respiratória, é importante suplementar com oxigénio (hipótese 4) para SpO2>94% (o alvo varia de acordo com diferentes recomendações). Embora os beta-bloqueadores (hipótese 5) sejam importantes na insuficiência cardíaca, eles apenas devem ser administrados em situações estáveis e com a doença de base compensada. O seu efeito inotrópico negativo, na fase aguda, é contra-producente. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 63 CASO CLÍNICO 18 Mulher, 22 anos. Sem antecedentes de relevo. Tem tido palpitações por múltiplas ocasiões. Recorre ao médico porque, para além de palpitações, teve também um episódio de síncope com o esforço no dia anterior. Já teve 2 episódios semelhantes, um deles há 2 anos e o outro há 4. Ao exame objetivo, os sinais vitais estão normais, mas é possível ouvir um sopro sistólico III/VI, mais audível no foco mitral, suave, com irradiação axilar. Qual das seguintes atitudes não está indicada? 1. Monitor implantável de eventos. 2. Ecocardiograma transtorácico. 3. Holter de 24h. 4. Eletrocardiograma em repouso. 5. Prova de esforço. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 64 CASO CLÍNICO 18 Esta doente tem palpitações associadas a uma clínica algo preocupante: tem síncope de esforço. No entanto, estes episódios são raros, com uma incidência que nem sequer chega a 1 por ano. Um monitor implantável de eventos (hipótese 1) está indicado. Poderá tratar-se de uma síncope de causa arrítmica e, tendo em conta a sua frequência, implantar este monitor permite-nos estar a vigiar o ritmo durante muito tempo e encontrar alguma perturbação associada aos sintomas. Um sopro sistólico de grau III/VI mais audível no foco mitral, tipicamente, não é normal. Neste sentido, está indicado realizar um ecocardiograma transtorácico (hipótese 2), para pesquisar e despistar alterações estruturais. O Holter de 24h (hipótese 3) apenas me permite vigiar o ritmo durante 24h. Desta forma, se os episódios são tão esporádicos como a doente descreve, dificilmente vou encontrar alguma alteração, pelo que não está recomendado. Um eletrocardiograma em repouso (hipótese 4) pode-me ajudar a diagnosticar alguma alteração estrutural e/ou elétrica de base. A prova de esforço (hipótese 5) pode ser útil, simulando a situação de esforço e, possivelmente, provocando uma síncope num contexto controlado e sob vigilância. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 66 CASO CLÍNICO 19 Vai a caminhar na rua e indivíduo cai à sua frente. Na abordagem, percebe que ele não respira e não tem pulso. Pede rapidamente ajuda e inicia manobras de suporte básico de vida. O INEM chegou passados 2 minutos da paragem e ligou o monitor que mostra um ritmo compatível com taquicardia ventricular. Qual a atitude mais indicada neste momento? 1. Administrar amiodarona para facilitar a desfibrilhação. 2. Administrar um choque imediatamente. 3. Realizar 60-90s de manobras antes do primeiro choque. 4. Entubar o doente. 5. Suspender manobras para iniciar suporte avançado de vida. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 67 CASO CLÍNICO 19 Estamos perante uma vítima em PCR em taquicardia ventricular - um ritmo desfibrilhável. Tendo sido a paragem presenciada, a prioridade é desfibrilhar (hipótese 2), não perdendo tempo com outras medidas de benefício duvidoso, como a administração de amiodarona (hipótese 1), cujo o uso deve ser reservado para 2-3 choques ineficazes ou desfibrilhação bem sucedida com manutenção de instabilidade eléctrica. Os 60-90s de manobras pré-desfibrilhação estão recomendados se a paragem ocorreu há >5 minutos, o que não é o caso (hipótese 3). A entubação (hipótese 4) ainda não tem lugar nesta fase do processo de suporte de vida. As compressões torácicas (hipótese 5) não devem ser interrompidas por nada no processo de suporte de vida, exceção feita à desfibrilhação. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 69 CASO CLÍNICO 20 A ressuscitação cardiopulmonar foi bem sucedida e o doente foi encaminhado para o hospital mais próximo, onde recuperou totalmente do ponto de vista neurológico. Nesta altura foi possível dialogar com o paciente e concluir que se trata de um jovem de 30 anos, sem qualquer antecedente conhecido. No estudo realizado posteriormente, o ECG mostraum hipertrofia ventricular esquerda marcada, e foi feita uma ressonância magnética cardíaca que mostrou uma fração de ejeção preservada, mas um ventrículo esquerdo muito espessado, condicionando obstrução do trato de saída do ventrículo esquerdo, sem outras alterações Qual o diagnóstico mais provável? 1. Cardiomiopatia hipertrófica. 2. Cardiomiopatia dilatada congénita. 3. Tetralogia de Fallot. 4. Displasia arritmogénica do ventrículo direito. 5. Não compactação do ventrículo esquerdo. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 70 CASO CLÍNICO 20 A hipertrofia marcada na ressonância magnética, associada a obstrução do tracto de saída do ventrículo esquerdo, é muito sugestivo de cardiomiopatia hipertrófica (hipótese 1), uma cardiomiopatia congénita relativamente comum (embora nem sempre com penetrância completa). Embora se possa manifestar pelas alterações hemodinâmicas provocadas pela obstrução à saída de sangue do VE, a sua primeira manifestação pode ser um evento arrítmico potencialmente fatal, como foi o caso. Uma cardiomiopatia dilatada congénita (hipótese 2) teria dilatação na ressonância magnética e não paredes espessadas - lembrar que a ressonância magnética é o melhor exame para avaliação morfofuncional do coração, pelo que podemos confiar na informação que ela nos dá. O mesmo se aplica para as restantes hipóteses (hipótese 3, 4, 5). Vale a pena ressalvar que, muitas vezes, a doença pode não ter atingido ainda a sua manifestação fenotípica plena - o doente pode ter a mutação, eventualmente vir a desenvolver a doença, mas esta ainda não se manifestar como o expectável. No entanto, as consequências da mutação - p.e. eventos arrítmicos - podem surgir mesmo nesta fase precoce. Ou seja, caso o estudo estrutural seja negativo, são doentes que merecem um seguimento apertado e, mesmo sem causa, no contexto de uma morte súbita abortada por um ritmo desfibrilhável, a implantação de um CDI. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 72 CASO CLÍNICO 21 Homem de 55 anos, com cardiopatia isquémica conhecida com enfarte anterior há 2 anos. Está medicado com carvedilol 12.5mg bid, ramipril 10mg id, ácido acetilsalicílico 100g id, atorvastatina 40mg id e furosemida 40mg id. Está a ser seguido na consulta de insuficiência cardíaca, estando agora numa consulta habitual de seguimento. Apresenta-se com PA 110/80mmHg e FC 50bpm. Tem estado bem desde a última consulta, mas queixa-se que, quando tem que caminhar em plano inclinado para levar o filho à escola, fica muito cansado e tem que parar. Ao exame físico tem uma auscultação pulmonar limpa e não tem edemas dos membros inferiores. O último ECG mostra ondas Q anteriores. Tem um ecocardiograma recente onde se demonstra uma fração de ejeção de 35%, com hipocinésia anterior. Qual das seguintes atitudes é a mais indicada? 1. Iniciar mononitrato de isossorbida oral. 2. Associar espironolactona. 3. Reduzir a dose de furosemida. 4. Titular o beta-bloqueador. 5. Orientar para terapêutica de ressincronização cardíaca. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 73 CASO CLÍNICO 21 O mononitrato de isossorbida (hipótese 1) faria sentido se a dispneia fosse interpretada como um equivalente anginoso. No entanto, não estamos perante um doente em que isso seja particularmente provavel (não é diabético nem idoso e é do sexo masculino), para além de que se trata de um doente com outro motivo para a dispneia - insuficiência cardíaca. Possivelmente poderia ser pedido um teste de isquemia mas, neste momento, esta não seria a atitude terapêutica mais indicada. A espironolactona (hipótese 2) está indicado em doentes com IC e fração de ejeção deprimida que, apesar do beta-bloqueador e do IECA na dose máxima tolerada, se mantêm sintomáticos, o que é o caso. Apesar de o doente se apresentar (aparentemente) euvolémico, retirar a furosemida (hipótese 3) poderá desregular este equilíbrio. Num doente assintomático, é difícil de justificar a retirada do diurético em dose tão baixa. O beta-bloqueador (hipótese 4) ainda se encontra em dose sub-máxima, mas o doente já se encontra bradicardico. A titulação, em princípio, não vai ser tolerada. Para o doente beneficiar de terapêutica de ressincronização (hipótese 5) terá que estar sob terapêutica médica optimizada, o que ainda não é verdade pois não tem um ARM. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 75 CASO CLÍNICO 22 Homem, 60 anos, hipertenso e com doença renal crónica. Medicado com ramipril, amlodipina e indapamida. Recorre à sua consulta de seguimento de hipertensão arterial. Tem medido a pressão arterial em casa, de manhã e à noite, e apresenta valores bem controlados. No consultório, mostra valores de 120/60mmHg. No entanto, refere que tem sentido uma tosse persistente, irritativa, não produtiva, que o incomoda bastante e que dura há ~1 mês. Não teve nenhuma infeção respiratória recente. Qual das seguintes atitudes está mais aconselhada? 1. Suspender o ramipril e iniciar o bisoprolol. 2. Manter o ramipril e associar o bisoprolol. 3. Suspender a indapamida e iniciar o losartan. 4. Manter a terapêutica atual. 5. Suspender o ramipril e iniciar o losartan. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 76 CASO CLÍNICO 22 O doente encontra-se bem controlado sob 3 anti-hipertensores, portanto devemos tentar manter a nossa estratégia mais ou menos semelhante, dado que está a ser bem sucedida. O doente apresenta também doença renal crónica, pelo que tira benefício, salvo raras exceções, de fazer um bloqueador do eixo renina-angiotensina-aldosterona: IECA ou ARA. A tosse é um efeito lateral comum dos IECAs que não está presente com os ARAs. Desta forma, a opção de manter o IECA (hipótese 2) não é aconselhável, sendo o mais sensato troca-lo por um fármaco análogo que não tem esse efeito lateral (hipótese 5). Trocar o IECA por um beta-bloqueador (hipótese 1) não mantém o efeito benéfico do bloqueiro do sistema renina-angiotensina-aldosterona, para além de que os beta- bloqueadores são fracos anti-hipertensores. Iríamos perder potência na medicação. Suspender o tiazídico e iniciar um ARA (hipótese 3) não trataria a tosse e iria associar um IECA a um ARA, associação que pode trazer efeitos adversos como deterioração da função renal e hipotensão marcada sem benefício adicional. Finalmente, manter a terapêutica atual (hipótese 4) não está indicado se temos um efeito lateral que podemos atribuir a um fármaco e se temos a oportunidade de o evitar com um fármaco de eficácia praticamente semelhante, www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 78 CASO CLÍNICO 23 Um homem de 68 anos, com antecedentes de substituição valvular aórtica há 10 anos, recorre ao serviço de urgência por não conseguir mexer os membros superior e inferior direitos. Refere que tem estado com gripe nas últimas duas semanas, pois sente-se cansado, com falta de apetite, tem tido suores noturnos e febre, com T ~39ºC. Ao exame físico encontra-se com PA 120/72mmHg, FC 120bpm e T 38.8ºC. É evidente a hemiplegia direita, um clique valvular protésico e uma esplenomegalia palpável. Nas palmas das mãos são observáveis pequenos nódulos eritematosos, indolores. Qual é a hipótese de diagnóstico mais provável? 1. AVC isquémico 2. Disfunção de prótese aórtica 3. Endocardite infecciosa 4. Encefalite herpética 5. Reação alérgica www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 79 CASO CLÍNICO 23 O doente apresenta sintomas neurológicos compatíveis com um atingimento localizado do hemisfério esquerdo. O AVC isquémico (hipótese 1) é uma causa comum deste tipo de alterações, mas não justifica o restante quadro: febre, sintomas constitucionais e lesões cutâneas. Para além disso, o doente não apresenta fatores de risco cardiovasculares. A disfunção protésica(hipótese 2) poderá acontecer nas válvulas protésicas (sobretudo nas biológicas), mas manifesta-se com sintomas de insuficiência cardíaca pela estenose/insuficiência valvular e não com este tipo de quadro. A endocardite infecciosa (hipótese 3) é a hipótese que melhor explica todos os achados: febre, sintomas constitucionais arrastados e esplenomegalia, bem como as lesões cutâneas - são lesões de Janeway, fenómenos cutâneos por êmbolos sépticos que se alojam na vasculatura deste órgão - e os sintomas neurológico - êmbolos sépticos com atingimento cerebral. A encefalite herpética (hipótese 4) tipicamente cursa com um atingimento neurológico mais global e menos localizado, e não explica os fenómenos embólicos cutâneos, nem a esplenomegalia. A reação alérgica (hipótese 5) também explica poucas alterações do quadro, à exceção, eventualmente, das alterações cutâneas. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 80 CASO CLÍNICO 24 Um homem de 40 anos recorre ao seu médico assistente por edema dos membros inferiores. Refere que mantém este edema há ~1 ano, e que ultimamente tem notado dificuldade a caminhar, sobretudo em plano inclinado, porque fica cansado. Não tem qualquer antecedente, não tem medicação habitual e não é fumador. No entanto, apresenta hábitos alcoólicos, consumindo ~4 copos de vinho maduro tinto por dia, e um “cheirinho” (bagaço) para começar o dia, antes do trabalho. Objetivamente apresenta PA 123/81, FC 80bpm, T 37.7ºC, e é possível identificar um edema depressível de ambos os membros inferiores até ao joelho. Traz consigo uma radiografia de tórax: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 82 CASO CLÍNICO 24 Um homem de 40 anos recorre ao seu médico assistente por edema dos membros inferiores. Refere que mantém este edema há ~1 ano, e que ultimamente tem notado dificuldade a caminhar, sobretudo em plano inclinado, porque fica cansado. Não tem qualquer antecedente, não tem medicação habitual e não é fumador. No entanto, apresenta hábitos alcoólicos, consumindo ~4 copos de vinho maduro tinto por dia, e um “cheirinho” (bagaço) para começar o dia, antes do trabalho. Objetivamente apresenta PA 123/81, FC 80bpm, T 37.7ºC, e é possível identificar um edema depressível de ambos os membros inferiores até ao joelho. Traz consigo uma radiografia de tórax: Qual é a hipótese de diagnóstico mais provável? 1. Insuficiência venosa periférica 2. Cirrose hepática alcoólica 3. Cardiomiopatia dilatada alcoólica 4. Insuficiência cardíaca por doença coronária 5. Derrame pericárdico crónico www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 83 CASO CLÍNICO 24 A radiografia de tórax mostra um índice cardio-torácico aumentado. A insuficiência venosa (hipótese 1) é uma causa potencial de edema dos membros inferiores, mas não deverá cursar com cansaço para esforços ou cardiomegalia. Tendo em conta o consumo alcoólico do doente, a cirrose hepática (hipótese 2) é uma hipótese diagnóstica importante, que pode cursar com um estado hipervolémico e edema dos membros inferiores. No entanto, tipicamente, não provoca dispneia de esforço nem justificada a cardiomegalia. A cardiomiopatia dilatada alcoólica (hipótese 3) é uma consequência do consumo etílico excessivo muitas vezes menosprezada, mas que acomete uma quantidade considerável de indivíduos em Portugal. É a hipótese que melhor justifica todos os achados, e que é provável pelo contexto toxifílico. No entanto, é importante considerar sempre outras causas de insuficiência cardíaca, nomeadamente as mais comuns, como a doença coronária (hipótese 4). Ainda assim, o doente não apresenta qualquer fator de risco, não tem angina de peito e é jovem, pelo que o diagnóstico de doença coronária se torna pouco provável. O derrame pericárdico crónico (hipótese 5) pode provocar silhueta cardíaca aumentada e sintomas de insuficiência cardíaca, mas tipicamente cursa com outras alterações ao exame físico, nomeadamente do pulso venoso jugular, e terá que ter outros antecedentes por trás (como, p.e., neoplasia, insuficiência renal, tuberculose, ...). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 84 CASO CLÍNICO 25 Uma mulher de 33 anos recorre ao serviço de urgência por palpitações. Não tem antecedentes conhecidos e não toma nenhuma medicação. Conta que estava calmamente a trabalhar e, de repente, sentiu um calor retro-esternal e o coração a bater muito rápido. Ao exame físico apresenta PA 130/70, FC 170bpm, SpO2 98% e está apirética. Mostra-se nervosa, mas está colaborante e orientada. A auscultação cardíaca é rítmica e a pulmonar mostra sons audíveis bilateralmente, sem ruídos adventícios. O restante exame físico não mostra alterações. Foi pedido um ECG que se mostra em baixo: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 86 CASO CLÍNICO 25 Uma mulher de 33 anos recorre ao serviço de urgência por palpitações. Não tem antecedentes conhecidos e não toma nenhuma medicação. Conta que estava calmamente a trabalhar e, de repente, sentiu um calor retro-esternal e o coração a bater muito rápido. Ao exame físico apresenta PA 130/70, FC 170bpm, SpO2 98% e está apirética. Mostra-se nervosa, mas está colaborante e orientada. A auscultação cardíaca é rítmica e a pulmonar mostra sons audíveis bilateralmente, sem ruídos adventícios. O restante exame físico não mostra alterações. Foi pedido um ECG que se mostra em baixo Qual é a hipótese de diagnóstico mais provável? 1. Fibrilhação auricular com resposta ventricular rápida. 2. Flutter auricular típico. 3. Taquicardia sinusal inapropriada. 4. Taquicardia de reentrada do nó AV. 5. Taquicardia ventricular. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 87 CASO CLÍNICO 25 O ECG mostra uma taquicardia de complexos estreitos, o que nos mostra que a sua origem é supra-ventricular, excluindo a taquicardia ventricular (hipótese 5). Adicionalmente, podemos verificar que a taquicardia é regular, o que também nos permite excluir a fibrilhação auricular (hipótese 1). Convém apenas ressalvar que, por vezes, se a frequência cardíaca for muito elevada, pode ser difícil determinar a regularidade do ritmo. Um flutter auricular típico (hipótese 2) está dependente de um circuito de re-entrada em redor do anel tricúspide, cursando com uma frequência auricular de 300bpm e com conduções ventriculares variáveis (2:1, 3:1, 4:1, ...). É um ritmo regular, mas que deve ter uma frequência discreta consoante a condução do nó (2:1 » 150bpm, 3:1 » 100bpm, ...), embora isto nem sempre se verifique. Adicionalmente, deve ser visível atividade auricular organizada, nomeadamente em DII, com as chamadas ondas de serra (ondas F), o que não é o caso. A taquicardia sinusal (hipótese 3) presume a existência de uma onda P antes de cada QRS, o que não se verifica. A taquicardia de reentrada do nó AV (hipótese 4) está dependente de um circuito de reentrada no interior do nó, o que resulta em condução AV retrógrada, despolarizando a aurícula de baixo para cima e após o QRS, o que se pode observar pela deflexão positiva após o QRS em V1-V4 e negativa em DII, DIII e aVF (derivações inferiores). A faixa etária e o género também contribuem para tornar este diagnóstico mais provável. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 88 CASO CLÍNICO 26 Um homem de 16 anos, praticante federado de triatlo, vem a uma consulta para obter o atestado para continuar a praticar desporto. Não toma qualquer medicação e não tem qualquer antecedente. Tem um estudo analítico sem alterações. Refere não ter sintomas, mas o pai diz que fica frequentemente tonto e com sensação de desmaio após exercício físico intenso, e que no último mês desmaiou durante uma prova importante. Ao exame físico não se encontram alterações, à exceção de um sopro sistólico II/VI, mais audívelno foco aórtico e no bordo esquerdo do esterno. Realizou um ECG que se mostra em baixo: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 90 CASO CLÍNICO 26 Um homem de 16 anos, praticante federado de triatlo, vem a uma consulta para obter o atestado para continuar a praticar desporto. Não toma qualquer medicação e não tem qualquer antecedente. Tem um estudo analítico sem alterações. Refere não ter sintomas, mas o pai diz que fica frequentemente tonto e com sensação de desmaio após exercício físico intenso, e que no último mês desmaiou durante uma prova importante. Ao exame físico não se encontram alterações, à exceção de um sopro sistólico II/VI, mais audível no foco aórtico e no bordo esquerdo do esterno. Realizou um ECG que se mostra em baixo: Qual é a hipótese de diagnóstico mais provável? 1. Tetralogia de Fallot 2. Bicuspidia aórtica com estenose aórtica sintomática 3. Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva 4. Defeito congénito do septo inverventricular 5. Doente saudável www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 91 CASO CLÍNICO 26 O ECG mostra uma onda Q em V1, critérios electrocardiográficos para hipertrofia ventricular esquerda e inversão da onda T em V4-V6, DI, DII, aVL e aVF. No contexto clínico, tendo em conta os sintomas, a idade e a prevalência da doença, o diagnóstico mais provável será de cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (hipótese 3), sendo recomendável um estudo ecocardiográfico e, eventualmente, por ressonância magnética cardíaca. A tetralogia de Fallot (hipótese 1) é uma cardiopatia cianótica que, para além de ser tipicamente diagnosticada à nascença e corrigida, cursa naturalmente com cianose, o que não é aparente ao exame físico e não seria compatível com a prática de exercício desta intensidade A bicuspidia aórtica (hipótese 2) é uma alteração congénita bastante comum, mas que tem alguma latência nos sintomas que dá - está dependente do desenvolvimento de estenose aórtica enxertada na alteração morfológica da válvula. Os sintomas seriam, no entanto, também de baixo débito em esforço, como ilustrado pelo caso clínico. Um defeito congénito do septo interventricular (hipótese 4), para ser sintomático, teria que cursar com uma sintomatologia mais exuberante e com outros sinais cl ínica, nomeadamente um sopro holossistólico. O doente até poderá ser saudável (hipótese 5) e as alterações serem apenas achados, mas até prova em contrário deve ser assumido como doente, ainda para mais com um quadro sugestivo. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 92 CASO CLÍNICO 27 Um homem de 65 anos, com antecedentes de cardiomiopatia dilatada isquémica com depressão grave da função do ventrículo esquerdo, recorre ao SU por palpitações e dor pré-cordial opressiva. Refere que a dor é semelhante à que costuma ter quando caminha em plano inclinado, mas que desta vez ocorreu em repouso, após o início das palpitações. À admissão encontra-se com PA 80/50, FC 100bpm, SpO2 94% e apirético. Na auscultação são identificáveis crepitações inspiratórias nas metades inferiores de ambos os hemitóraxes. Embora o doente esteja a falar consigo, nota que ele está a ficar progressivamente com maior esforço respiratório e obnubilado. Tem o ECG que se mostra em baixo: www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 94 CASO CLÍNICO 27 Um homem de 65 anos, com antecedentes de cardiomiopatia dilatada isquémica com depressão grave da função do ventrículo esquerdo, recorre ao SU por palpitações e dor pré-cordial opressiva. Refere que a dor é semelhante à que costuma ter quando caminha em plano inclinado, mas que desta vez ocorreu em repouso, após o início das palpitações. À admissão encontra-se com PA 80/50, FC 100bpm, SpO2 94% e apirético. Na auscultação são identificáveis crepitações inspiratórias nas metades inferiores de ambos os hemitóraxes. Embora o doente esteja a falar consigo, nota que ele está a ficar progressivamente com maior esforço respiratório e obnubilado. Tem o ECG que se mostra em baixo: Qual é a atitude mais correta? 1. Hipocoagulação EV seguida de cardioversão elétrica 2. Angiografia coronária emergente 3. Cardioversão elétrica sem hipocoagulação 4. Fluidoterapia EV e cardioversão química 5. Controlo de frequência com bloqueador beta www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 95 CASO CLÍNICO 27 O ECG mostra um flutter auricular com condução de 3:1, resultando numa frequência cardíaca de ~100bpm. Neste sentido, tendo em conta a instabilidade hemodinâmica do paciente (hipotensão) associada a sinais de insuficiência cardíaca, isquemia do miocárdio e depressão do estado de consciência, estão mais do que reunidas as condições para realizar cardioversão elétrica imediata para evitar a paragem cardio-respiratória (hipótese 3). Embora não tenhamos um tempo de início da arritmia para saber qual a importância da hipocoagulação, esta informação não alteraria a estratégia terapêutica - seria na mesma para realizar cardioversão elétrica emergente, independentemente do risco de embolização sistémica, o que exclui a hipótese 1. A angiografia (hipótese 2) só estaria indicado em síndromes coronários agudos de alto risco. Pela informação fornecida, parece mais provável que os sintomas isquémicos estejam na dependência da perturbação hemodinâmica e cardíaca provocada pelo flutter auricular, portanto não está indicada. A fluidoterapia, apesar da hipotensão, não é justificável - o problema do doente não é depleção de volume. A cardioversão química demorará mais tempo que a elétrica, pelo que também não está indicada numa situação de instabilidade (hipótese 4). O controlo de frequência não é recomendado nas situações de instabilidade, pois também demora demasiado tempo. Para além disso, os bloqueadores beta têm um efeito inotrópico negativo bem conhecido, o que seria contra-producente (hipótese 5). www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 97 CASO CLÍNICO 28 Um homem de 70 anos recorre à sua consulta por tonturas. Refere que, quando se levanta da cama ou quando tem que se levantar da cadeira, tem um período prolongado de tonturas, sem sensação rotatória, que estabiliza após alguns segundos, mas que lhe tem limitado muito a sua atividade diária. É hipertenso e diabético, estando medicado com perindopril 5mg, amlodipina 10mg id e metformina 1000mg bid. Ao exame físico, apresenta PA 160/40mmHg, FC 60bpm, SpO2 98% (aa) e apirexia. É observável uma pulsatilidade marcada da carótida direita, visível a olho nu. Na auscultação cardíaca os sons estão rítmicos e existe um sopro diastólico III/VI, mais marcado no bordo esquerdo do esterno, e um sopro sistólico II/VI, mais audível no foco aórtico. A auscultação pulmonar mostra sons respiratórios audíveis bilateralmente, sem ruídos adventícios. Não apresenta edema dos membros, mas é observável uma coloração rosada sistólica das unhas, seguida de uma descoloração diastólica. Qual é a hipótese de diagnóstico mais provável? 1. Estenose aórtica 2. Efeitos secundários dos anti-hipertensores 3. Estenose mitral 4. Insuficiência aórtica 5. Doença degenerativa do tecido conjuntivo. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 98 CASO CLÍNICO 28 O quadro clínico é muito exuberante: revela sintomas de baixo débito (tonturas), pressão de pulso muito elevado, sinal de Corrigan, sinal de Quincke e um sopro diastólico III/VI no bordo esquerdo do esterno. Toda esta clínica é a favor de insuficiência aórtica (hipótese 4). A estenose aórtica (hipótese 1) não cursa com os achados descritos (exceção feita aos sintomas de baixo débito com o levante). Os anti-hipertensores (hipótese 2) podem ter, como efeito lateral, a hipotensão ortostática. No entanto, não justificam os outros achados clínicos. A estenose mitral (hipótese 3) também cursa com umsopro diastólico mas não cursa com os restantes achados e, tipicamente, este sopro é mais audível no foco mitral. As doenças degenerativas do tecido conjuntivo (hipótese 5) são uma causa conhecida de insuficiência aórtica por dilatação do anel aórtico, mas são apenas a explicação etiológica e não a doença presente neste caso. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 100 CASO CLÍNICO 29 Um homem de 77 anos recorre à sua consulta de insuficiência cardíaca pela primeira vez. Esteve emigrado e perdeu seguimento. Tem antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, prótese mecânica mitral, insuficiência cardíaca com fração de ejeção de 30% e dislipidemia. Está medicado com clopidogrel 75mg id, metformina 1000mg id, furosemida 40mg id, bisoprolol 2.5mg id, espironolactona 25mg id e zolpidem. Ao exame objetivo apresenta PA 90/60mmHg, FC 110bpm, SpO2 96% em ar ambiente e está apirético. Tem um estudo analítico sem alterações. Quando questionado, refere algumas tonturas com o levante e com o esforço, mas nega outros sintomas. Qual das seguintes medicamentos acrescentaria a este doente? 1. Ácido acetilsalicílico. 2. Lisininopril. 3. Varfarina. 4. Verapamil. 5. Nebivolol www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 101 CASO CLÍNICO 29 O doente é portador de uma prótese mecânica e não se encontra sob nenhuma anticoagulação. Estes doentes têm obrigatoriamente que estar hipocoagulados com antagonistas da vitamina K pelo risco de tromboembolismo e trombose da prótese com disfunção. A varfarina é indispensável neste doente (hipótese 3). Tendo em conta que se trata de um doente diabético e dislipidémico, deve estar sob prevenção primária para síndromes coronários agudos, pelo que deve fazer um anti- agregante. No entanto, o doente já está sob clopidogrel, pelo que o ácido acetilsalicílico (hipótese 1) não acrescentaria benefício significativo, comparativamente ao risco hemorrágico que condicionaria. O IECA (hipótese 2) está indicado na IC com fração de ejeção deprimida, desde que o doente tolera. Neste caso, o doente está no limite da hipotensão e apresenta tonturas com o ortostatismo e com o esforço, pelo que provavelmente não iria tolerar o fármaco hipotensor. O verapamil (hipótese 4) não tem indicação na insuficiência cardíaca e tem efeito inotrópico negativo. O doente já se encontra sob beta-bloqueador (bisoprolol), pelo que não faz acrescentar o nebivolol (hipótese 5), embora tenha margem para titular esta classe de fármaco pela frequência cardíaca que apresenta. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 102 CASO CLÍNICO 29 O doente é portador de uma prótese mecânica e não se encontra sob nenhuma anticoagulação. Estes doentes têm obrigatoriamente que estar hipocoagulados com antagonistas da vitamina K pelo risco de tromboembolismo e trombose da prótese com disfunção. A varfarina é indispensável neste doente (hipótese 3). Tendo em conta que se trata de um doente diabético e dislipidémico, deve estar sob prevenção primária para síndromes coronários agudos, pelo que deve fazer um anti- agregante. No entanto, o doente já está sob clopidogrel, pelo que o ácido acetilsalicílico (hipótese 1) não acrescentaria benefício significativo, comparativamente ao risco hemorrágico que condicionaria. O IECA (hipótese 2) está indicado na IC com fração de ejeção deprimida, desde que o doente tolera. Neste caso, o doente está no limite da hipotensão e apresenta tonturas com o ortostatismo e com o esforço, pelo que provavelmente não iria tolerar o fármaco hipotensor. O verapamil (hipótese 4) não tem indicação na insuficiência cardíaca e tem efeito inotrópico negativo. O doente já se encontra sob beta-bloqueador (bisoprolol), pelo que não faz acrescentar o nebivolol (hipótese 5), embora tenha margem para titular esta classe de fármaco pela frequência cardíaca que apresenta. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 104 CASO CLÍNICO 30 Uma mulher de 24 anos recorre ao serviço de urgência por dificuldade em mobilizar o membro superior direito desde há 6 horas. É fumadora pesada, não tem outros antecedentes e não toma nenhuma medicação habitualmente, à exceção de contracetivos orais. Almoçou num restaurante indiano, e associa as alterações a uma comida com sabor muito forte. Tem passado os dias em casa a estudar para a prova nacional de avaliação e seriação, passando várias horas sentada por dia. Ao exame objetivo mostra PA 100/70mmHg, FC 92bpm, SpO2 95% (ar ambiente) e apirexia. Tem uma auscultação pulmonar normal e na cardíaca é audível um sopro II/VI aórtico, audível também na carótida esquerda. No exame neurológico é evidente uma hemiparesia marcada no membro superior direito, com força muscular 1. Analiticamente destaca-se Hb 14g/dL (N 12-15.5), leucócitos 13.000/uL (N 5-11.000), Na 132 mEq/L (N 135-145), K 3.6 (N 3-5.5), D-Dímeros 600 (N <30). Qual é a alteração de base que melhor justifica o quadro clínico? 1. Estenose aórtica. 2. Ateromatose carotídea instável. 3. Foramen ovale patente. 4. Hipersensibilidade a excipiente de condimento alimentar 5. Abcesso cerebral. www.academiadaespecialidade.com facebook.com/especialidade Pedro Ribeiro Queirós, 105 CASO CLÍNICO 30 Como já vimos noutras situações, um sopro sistólico II/VI é potencialmente normal e não tem necessariamente relação patológica, e o quadro clínico não encaixa no baixo débito que pode ser originado pela estenose aórtica (hipótese 1), para além de que esta é tipicamente uma doença dos idosos. A ateromatose carotídea instável (hipótese 2) poderia justificar um AVC isquémico, mas se o problema fosse na artéria carótida provavelmente os sintomas iriam refletir um atingimento mais generalizado do hemisfério em questão. Alternativamente poderia tratar- se de uma embolização de um trombo gerado na placa instável, mas a doente tem uma probabilidade pré-teste baixa para aterosclerose. O foramen ovale patente é uma alteração morfológica cardíaca bastante comum, e que pode culminar numa embolia paradoxal, caso exista um trombo formado na circulação direita. Neste caso, o sexo feminino, tabagismo, contracetivos orais, estase venosa pelo repouso prolongado e a subida de D-Dímeros sugerem esta possibilidade (hipótese 3). Uma hipersensibilidade terá tipicamente outras manifestações que não o atingimento cerebral (hipótese 4). Um abcesso cerebral (hipótese 5) pode provocar alterações focais, mas tipicamente tem um curso mais arrastado no tempo e cursará, potencialmente, com outros achados, sendo necessário um método de imagem para a sua exclusão.
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