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1 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 EXTRA – MENINGITE 1. CONCEITO Meningite é uma doença que resulta de um processo inflamatório das meninges, que são as membranas que recobrem o encéfalo e a medula espinhal. Meningite X Encefalite Meningite Encefalite Meningoencefalite inflamação ou edema das meninges ao redor do cérebro e da medula espinhal. inflamação do parênquima cerebral. inflamação das meningites e do cérebro (meningoencefalite herpética) Meningite Herpética: é um tipo de inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, causada pelo vírus da herpes. Apesar de ser uma meningite viral, este tipo de meningite é muito grave e coloca em risco a vida, especialmente quando causa a chamada meningoencefalite, que é uma inflamação espalhada por diversas regiões do cérebro. 2. EPIDEMIOLOGIA: A meningite bacteriana é um problema de saúde pública mundial, com incidência anual de 4-6 casos/100 mil adultos. 3. ETIOLOGIA: Cultura positiva: • Meningite bacteriana (mais comum: streptococcus pneumoniae) Cultura negativa: • Vírus • Micobactérias (tuberculose) • Fungos (criptococose e coccidiose) • Espiroquetas (sífilis e lyme) • Medicações • Câncer 4. FISIOPATOLOGIA: MENINGITE BACTERIANA: As bactérias que causam meningite, podem alcançar o líquido cefalorraquidiano e as meninges através de: Acesso direto: fraturas de crânio, defeito congênito de fechamento do tubo neural (espinha bífida, meningocele, meningomielocele) e iatrogênica (punção liquórica inadequada). Contiguidade: otites médias ou sinusites. Via hematogênica: ultrapassa a barreira hematoencefálica por ligação com receptores endoteliais, lesão endotelial ou em áreas mais susceptíveis, como o plexo coroide. Fisiopatologia: A lise bacteriana e liberação de endotoxinas (pelas bactérias Gram-negativas) e ácido teicoico e peptidioglicano (pelas bactérias Gram-positivas), induzem a produção de citocinas inflamatórias que aumentam a permeabilidade da barreira hematoencefálica, causando edema vasogênico e hidrocefalia através deste mecanismo: A migração de leucócitos resulta em degranulação e liberação de metabólitos tóxicos que geram edema citotóxico, crises epilépticas e até mesmo acidente vascular. A consequência desses eventos é o aumento da pressão intracraniana e até mesmo coma. MENINGITE VIRAL Os vírus atingem o SNC por via hematogênica (enterovírus) ou neuronal (HSV). No caso dos enterovírus, ao passarem pelo estômago, são capazes de resistir ao pH ácido e prosseguem para o trato gastrointestinal inferior. Outros vírus se replicam na nasofaringe e se disseminam em linfonodos locais. A infecção causada pelo HSV (vírus herpes simples) atinge o SNC pela via neuronal, através do nervo trigêmeo e olfatório. 2 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 5. MODO DE TRANSMISSÃO: A transmissão ocorre através do contato com secreções respiratórias do portador do patógeno (inalação de gotículas de secreção de vias aéreas), havendo necessidade de contato íntimo (moradores da mesma casa, pessoas que convivem na creche ou escola e o namorado). As meningites virais (especificamente causadas por enterovírus) geralmente são transmitidas por via fecal- oral. 6. QUADRO CLÍNICO: • Febre de início súbito; • Sinais de hipertensão intracraniana: cefaleia, náuseas e vômitos; • Hiporexia; • Rigidez de nuca; • Sinais meníngeos: 1. Kernig: flexão passiva da coxa dobre a bacia, com dor e resistência à extensão do joelho. 2. Brudzinski: flexão involuntária da perna ao se tentar fletir a cabeça do paciente. Em neonatos e lactente a rigidez de nuca nunca está presente sendo necessário observar o abaulamento de fontanela, o grito meníngeo (criança grita ao ser manipulada, principalmente, quando se flete as pernas para trocar a fralda) e os dados epidemiológicos para a suspeição de meningococo. Meningite Viral: - Seu principal representante é o enterovírus, são comuns manifestações gastrointestinais (vômitos, hiporexia, diarreia e dor abdominal), respiratórias (tosse, faringite) e ainda erupção cutânea. - No exame físico observa-se um bom estado geral associado aos sinais de irritação meníngea. - Em geral, cursa com bom prognóstico e a recuperação do paciente é completa. Meningite Criptocócica: Deve ser sempre considerada em pacientes com AIDS que apresentam cefaleia, febre, demência progressiva e confusão mental. Meningite Bacteriana: - Síndrome toxêmica: Queda importante do estado geral, febre alta, delirium, e quadro confusional. - Síndrome da Hipertensão Intracraniana (HIC); - Síndrome da irritação meníngea; 7. DIAGNÓSTICO • Hemocultura • Punção lombar • Exame quimiocitológico 3 Tutoria Neurologia II Vitória Trindade - 2020 8. TRATAMENTO GERAL: • Hospitalização imediata dos casos suspeitos. • Precaução respiratória para gotículas durante as primeiras 24 horas de antibioticoterapia. • Coleta de amostras para exames diagnósticos. • Instalação de medidas de suporte geral, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência. • Notificação do caso à Secretaria Municipal de Saúde para a investigação epidemiológica e adoção das medidas preventivas cabíveis. 9. QUIMIOPROFILAXIA: A quimioprofilaxia é a melhor medida para prevenção de surtos. Está indicada somente para os contatos próximos de casos de meningite. Considera-se como contato próximo moradores do mesmo domicílio, indivíduos que compartilham o mesmo dormitório, parceiro, comunicantes de creches e escolas, pessoas diretamente expostas às secreções do paciente, indivíduo que conviveu com o doente por quatro ou mais horas diária. Profissionais de Saúde: indicada somente para casos com exposição às secreções respiratórias e vômitos do doente, durante procedimentos invasivos como intubação orotraqueal, ou quando permaneceram no mesmo ambiente que o doente por um período superior a quatro horas, sem utilização de equipamentos de proteção individual (EPI). 10. VACINAÇÃO: A vacinação é considerada a principal medida preventiva, sendo as vacinas específicas para determinados agentes etiológicos e utilizadas na rotina para imunização de crianças menores de 2 anos. Estão disponíveis no Calendário Nacional de Vacinação da Criança do Programa Nacional de Imunizações. Surto: ocorrência de três ou mais casos pelo mesmo sorogrupo confirmados laboratorialmente em até 3 meses, na mesma área geográfica.
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