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© 2016 ISCOM Todos os direitos reservados: Instituto Superior de Comunicação – ISCOM Rua Luiz Elias Daux, 1140 conj. 4 – Ingleses 88058-512 Florianópolis, SC (48) 3369-6632 – contato@iscom.com.br Texto Carla Algeri Edição e redação final Aldo Schmitz Capa Caroline Schmitz Nenhuma parte desta apostila pode ser reproduzida. Aos infratores aplicam-se as sanções da Lei nº 9.610/1998. Conforme a Lei nº 10.753/2003, para apostilas de concursos não é obrigatória a adoção do número internacional padronizado (ISBN) nem a ficha de catalogação para publicação. Sumário INTRODUÇÃO....................................................................................................5 PUBLICAÇÕES ORGANIZACIONAIS......................................................................6 JORNALISMO...........................................................................................................6 Um jornal ‘pra chamar de seu’.............................................................................7 O que são e para que servem as publicações jornalísticas...................................8 O que motiva uma organização a ter a sua mídia................................................8 Do jornalzinho ao conteúdo relevante para o público..........................................9 As mídias empresariais e suas características....................................................10 Perfil do jornalista nas organizações públicas e privadas..................................11 HISTÓRICO.............................................................................................................12 As primeiras publicações inseridas na transição gráfica....................................13 Jornais e revistas pioneiros no Brasil..................................................................14 Os motivos das publicações de empresas nos primórdios .................................15 Fatores que contribuíram para a expansão no País...........................................16 Do jornal de empresa à comunicação organizacional........................................16 MÍDIA DAS FONTES................................................................................................17 As ações estratégicas da mídia das fontes.........................................................18 Mídias das fontes: jornais, revistas, rádio, TV e internet...................................18 Semelhanças entre as mídias comerciais e das fontes.......................................19 FORMATOS.............................................................................................................20 O boletim informa e agrega os funcionários......................................................20 O jornal tem a ‘cara’ da organização..................................................................21 A newsletter é uma ‘carta’ a determinado público.............................................22 O jornal mural constitui a essência da comunicação interna.............................23 A revista divulga a organização..........................................................................24 Revista customizada: sob medida para um público............................................25 Os diários oficiais não chegam ao cidadão........................................................26 Manual, relatório, perfil, position paper etc.......................................................27 PLANEJAMENTO....................................................................................................28 Os 10 passos para o sucesso...............................................................................28 O público interno deve ser o primeiro a saber....................................................30 A internalização do público externo....................................................................30 A avaliação sistemática pelos leitores e conselho editorial................................31 PRODUÇÃO...........................................................................................................32 A pauta desencadeia a apuração das matérias.................................................32 A diversidade de fontes torna uma publicação atrativa.....................................33 A linguagem jornalística norteia a redação........................................................34 Os cuidados e o que evitar..................................................................................34 EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO GRÁFICA................................................................36 DESIGN EDITORIAL.................................................................................................36 A base do leiaute.................................................................................................37 A importância do grid.........................................................................................37 Princípios do design editorial..............................................................................39 Os elementos da diagramação...........................................................................39 A tecnologia facilita a editoração.......................................................................41 INFOGRÁFICO .......................................................................................................42 A evolução e consolidação da infografia............................................................42 Os infográficos visuais........................................................................................43 Infográficos de arte e texto.................................................................................44 FOTOGRAFIA..........................................................................................................44 A fotografia transmite emoção e informação....................................................45 A versatilidade da fotografia digital...................................................................45 Cada tipo de lente atende uma finalidade..........................................................47 IMAGEM................................................................................................................48 Os fundamentos da resolução e das cores.........................................................49 Formatos de imagens e separação de cores.......................................................50 O backup e o tratamento digital de imagens.....................................................50 TIPOGRAFIA...........................................................................................................51 Cada tipo tem seu estilo e expressa ideias.........................................................52 Os tipos são classificados pela sua anatomia.....................................................52 A hierarquia e a harmonia entre os tipos...........................................................53 A produção tipográfica aprimora e diferencia um impresso..............................54 IMPRESSÃO E ACABAMENTO................................................................................55 O papel ideal para cada tipo publicação............................................................55 A supremacia do offset como processo de impressão.......................................56 Processos raros e alternativos de impressão......................................................57 Os acabamentos que tornam uma publicação interessante..............................58 REFERÊNCIAS...................................................................................................60 GLOSSÁRIO......................................................................................................63 QUESTÕES COMENTADAS.................................................................................77 SIMULADO....................................................................................................... 82 GABARITO..............................................................................................................94INTRODUÇÃO Este volume integra a série de apostilas de Concurso para jornalista, relativas ao conteúdo de conhecimento específico de concurso público em comunicação para jornalistas. A autora do texto é a jornalista Carla Algeri, mestre em Jornalismo (UFSC), pós-graduada em Comunicação Integrada e Marketing (Unoesc) e graduada em Jornalismo (UFSM). Ela é jornalista concursada do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Atuou no Senai-SC, jornais A Razão e O Jornal e na cooperativa Copérdia. Realiza e examina provas de concursos para jornalistas. A edição e a redação final é do jornalista e professor Aldo Schmitz. Esta apostila aborda temas recorrentes de publicações jornalística e editoração em concursos para jornalistas, a exemplos dos tipos e características das publicações editadas por organizações não-midiáticas, além do processo de editoração na mídia impressa em geral. Os assuntos abordados foram levantados em mais de 300 concursos para jornalistas (2001-2016) e outros introduzidos pela sua relevância nos estudos da mídia e do jornalismo, passíveis de inclusão nos concursos. Constam ainda 40 questões simuladas transcritas de concursos recentes (2009-2016), sendo 10 comentadas, além de um amplo glossário e referências bibliográficas. Não basta ler, é preciso estudar para aprender. Queremos ajudar você a passar no próximo concurso. PUBLICAÇÕES ORGANIZACIONAIS Cada vez mais as organizações públicas e privadas criam as suas próprias mídias, por não encontrar espaço na mídia comercial ou para atender a estratégia de comunicação. A quantidade de informações à disposição da mídia comercial é exponencialmente crescente, enquanto o tempo para absorvê-las é mais ou menos constante. O espaço editorial na imprensa é escasso e cada vez mais disputado por uma infinidade de organizações, fontes e assessorias de imprensa. Especialmente as instituições públicas têm uma relação complicada de “amor e ódio” com a imprensa, em geral acusada de tendenciosa, embora afirme isenção e neutralidade. A mídia comercial tem sua principal receita nas verbas publicitárias. E por conta disso, em alguns casos, essa relação beira à chantagem. Trata-se de uma imposição velada, de “toma lá, dá cá”: “se anunciar eu falo bem. Se não anunciar, eu bato”. Essas e outras dificuldades levam as organizações a editarem as suas próprias mídias, inclusive pela facilidade e baixo custo das mídias digitais (Bueno, 2014). JORNALISMO O jornalismo deslocou-se das redações para as organizações não- midiáticas, que buscam no jornalista profissional a aptidão para transmitir suas informações aos seus públicos. Por produzir fatos, essas organizações têm o poder e a capacidade de desenvolver conteúdos com atributos de notícia, pois utilizam as técnicas e os saberes do jornalismo para validar os seus discursos. CONCURSO PARA JORNALISTA | 7 Essa competência – em especial nas áreas do poder político, da economia e dos negócios – vai muito além da produção e circulação de fatos, “tem o poder de influenciar os sistemas e processos jornalísticos” (Chaparro, 2007). Ao tratar do tema, Lorenzo Gomis (2004) confirma que “os interessados produzem e fornecem os fatos” estabelecendo uma negociação de interesses e deslocando o jornalismo para quem “produz a notícia”. Também se credita esse fenômeno ao enxugamento das redações, à proliferação de assessorias e agências de comunicação, à capacitação das fontes jornalísticas e a fatores históricos e culturais. Um jornal ‘pra chamar de seu’1 O jornalismo que se pratica nas organizações não-midiáticas conceitua-se principalmente de jornalismo organizacional, empresarial e público. As denominações variam de acordo com o público a que se destina a publicação, se interno, externo ou misto. Essas mídias impressas e digitais apresentam várias nomenclaturas: Jornal de empresa; Informativo; Veículo empresarial; Jornal interno; Boletim; Jornal mural; House-organ; Home-organ; Newsletter; 1 Bueno (2009) CONCURSO PARA JORNALISTA | 8 Mídia da fonte; Revista; Revista customizada; Jornalzinho. O que são e para que servem as publicações jornalísticas As publicações jornalísticas organizacionais abrangem veículos impressos, periódicos, de comunicação institucional, publicados por empresas, entidades ou órgãos públicos. São dirigidas aos seus stakeholders, ou seja, seus públicos prioritários: interno (funcionários, familiares, terceirizados) e externo (clientes, fornecedores, acionistas, cidadãos etc.) Gaudêncio Torquato (1987), Cláudia Lemos e Rozália Del Gáudio (2011) revelam as principais finalidades de uma publicação jornalística organizacional: Ser um instrumento de informação, divulgação, sensibilização e fidelização; Disseminar a cultura organizacional; Fortalecer a imagem institucional da organização e os vínculos com seus públicos de interesse; Evitar ruídos comunicacionais, ou seja, a “rádio corredor” ou “rádio peão”, e boatos. O propósito é “gerar consentimento e produzir aceitação no corpo social da organização” e no público externo (Torquato, 1987). O que motiva uma organização a ter a sua mídia As publicações jornalísticas públicas e empresariais, a princípio, seguem a função primordial do jornalismo em geral: informar. CONCURSO PARA JORNALISTA | 9 Mas, assumem outras funções básicas, apontadas por Carlos Rabaça e Gustavo Barbosa (2014): Informar: notícias sobre a organização, seus planos, objetivos, produtos, conquistas; Educar: saúde e prevenção de acidentes, educação para o trabalho, conhecimento sobre legislação; Entreter: lazer, passatempo, palavras-cruzadas, quadrinhos, curiosidades, testes; Integrar: promover a colaboração e o sentimento de pertencimento na organização, mantendo os públicos coesos em relação ao objetivo comum; Motivar: valorizar os públicos e fomentar um comportamento positivo e produtivo. Do jornalzinho ao conteúdo relevante para o público Foi-se o tempo – embora persistam alguns casos – de publicações caseiras, denominadas de “jornalzinho” ou “house-organ”, sem qualquer qualidade jornalística. Embora perceba-se uma evolução gráfica (Nassar, 2000), alguns ainda “não passam de clones falsos de jornais e revistas e que lhes faltam a alma, a essência, o ‘ethos’ da atividade jornalística” (Bueno, 2005). Em pleno século 21, na era da tecnologia da informação, essa ferramenta de comunicação segue importante, mas exige profissionais capacitados e uma linha editorial alinhada aos propósitos da organização e aos interesses de seu público. “Jornais pressupõem jornalistas – lembra Mônica Alvarenga (2005) - e precisam chegar ao coração” de seus leitores, cada vez mais exigentes e cientes do que lhes é relevante. Aos poucos essas publicações adotam o conceito de comunicação CONCURSO PARA JORNALISTA | 10 de conteúdo (branded content), direcionada aos interesses de seus públicos. Mais que divulgar a organização, suas atividades, serviços e produtos, essa é uma forma de cultivar o público, para que mantenha com ele um relacionamento efetivo. As mídias empresariais e suas características Ao adotar as técnicas e procedimentos jornalísticos, as publicações organizacionais, segundo Torquato (1987), apresentam características do jornalismo: universalidade, periodicidade (embora existam os “devezenquandário”), atualidade (apesar dos bimestrais e trimestrais), difusão, linguagem etc. Lemos e Del Gáudio (2011) traçam algumas características dessas mídias: Público: interno (funcionários, familiares), externo (clientes, fornecedores) e misto2 (acionistas, terceirizados, franqueados); Tipo: jornal, revista, boletim, informativo, newsletter, mural e publicações esporádicas (manual de integração, position paper, perfil, relatório); Plataforma: impresso, visual (mural), eletrônico (principalmente TV) e digital (intranet, newsletter, blog); Periodicidade: varia de acordo com o tipo de publicação. Materiais impressos têm periodicidade maior, podendoser mensal, bimestral ou até semestral, boletins informativos, em formato digital, têm atualização mais ágil, podendo ser semanal ou mesmo diária; Linguagem: técnica de redação jornalística; Produção realizada por jornalistas da própria organização ou de agência especializada; 2 Alguns são chamados de “bombril”, de “mil e uma utilidades”, dirigidos a todos os públicos, mas não atendem a nenhum (Alvarenga, 2005). CONCURSO PARA JORNALISTA | 11 Projeto gráfico: criação e produção obedecem às modernas do design. Perfil do jornalista nas organizações públicas e privadas Além de suas atividades na assessoria de imprensa, a maioria dos jornalistas vinculados à comunicação de organizações públicas e privadas atua na produção de conteúdo para as mais variadas publicações. Nessas mídias, o leitor é tão exigente quanto na mídia tradicional. Daí a necessidade de um profissional capacitado que domine as técnicas nos processos e procedimentos jornalísticos, mas também que atenda aos objetivos e interesses da organização. Qualidades que se espera do jornalista nessa configuração, segundo Aldo Schmitz (2015), Mônica Alvarenga (2005) e outros autores: Boa apuração e redação: qualidades inerentes a qualquer jornalista, independente da área de atuação, no jornalismo organizacional a qualidade dos trabalhos jornalístico confunde-se com as exigências de qualidade da empresa ou instituição pública; Habilidades de diagramação e edição: muitas vezes é o próprio jornalista o responsável pela diagramação, por isso os requisitos de editoração na produção, encaminhamento e controle gráfico; Equidade: equilíbrio nas pautas, os setores e assuntos mostrados, isto é, não preferir um em detrimento do outro. Conhecimento do objeto da organização, de seu propósito (órgão público) e sua estratégia no mercado (empresa); Habilidade no relacionamento com pessoas: característica útil em qualquer profissão, mas exacerbada no jornalista nessas organizações, pois, para desempenhar seus serviços, necessita de boa circulação entre todos os públicos da empresa; Profundo conhecimento do processo de comunicação: nesse arranjo o assessor assume o papel de gestor da comunicação, de alguém CONCURSO PARA JORNALISTA | 12 que trabalha de forma estratégica e integrada, para evitar a dicotomia: o assessor apresenta esforço e a organização espera resultado. Isso evita as improvisações que, segundo Jorge Duarte e Graça Monteiro (2009), se deve aos seguintes fatores: Os assessores têm pouca influência na gestão; as políticas da área permanecem no papel (quando existem); os dirigentes não assumem seu papel de liderança em comunicação; a comunicação transparente, integrada e estratégica fica no discurso; não se faz avaliação de resultados; o envolvimento com a qualidade da comunicação fica apenas com a equipe da área. HISTÓRICO Um passado distante antecede as publicações. O mais remoto remete às cartas circulares da dinastia Han, quando da invenção do papel na China, em 202 a.C. Outra referência antiga é creditada ao imperador romano Júlio César, a Acta Senatus e a Acta Diurna, de 69 a 59 a.C., espécies de jornal mural, consideradas por alguns como precursoras da propaganda e por outros, do jornalismo. As folhas de aviso (fogli d'avisi), cartas manuscritas por comerciantes venezianos no século 16, relatando as suas atividades econômicas, deram origem ao gênero “notícia de jornal”, segundo alguns autores. Torquato (1987) conta que, em 1834, o economista alemão Friedrich List (1789-1846) sugeriu a criação de um “jornal” para “instruir os trabalhadores sobre seus interesses” e em 1840, na Suíça, o professor Peter Scheitlin (1779-1848) ganhou um concurso com a proposta de uma publicação para operários. CONCURSO PARA JORNALISTA | 13 As primeiras publicações inseridas na transição gráfica As publicações para os públicos interno e externo surgiram na transição gráfica dos tipos móveis de Gutemberg, a impressão a vapor (1814), depois a rotativa (1864) e o linotipo, este criado pelo alemão Ottmar Mergenthaler, em 1886. Torquato (1987) e Maristela Mafei (2004) contam a história das publicações pioneiras nos Estados Unidos e Europa: Lloyd's List: considerada a publicação empresarial mais antiga, ainda em circulação – desde 2013 apenas na versão on-line –, criada em 1692 por Edward Lloyd para informar as chegadas e saídas de barcos no porto de Londres; The Globe: o percurso do house-organ (termo em desuso), como a publicação governamental pioneira, lançada em 1829, durante o mandato, de 1829 a 1837, do sétimo presidente dos Estados Unidos, Andrew Jackson; Lowell Offering: primeira publicação regular de empresa, editada por um grupo de operários da Lowell Cotton Mills, em Massachusetts, de 1840 a 1850. A partir de 1847 mudou de nome para New England Offering, ao ser financiado pela empresa; The Mecanic: surgiu em 1847, também nos Estados Unidos, pela H. B. Smith Company, dedicada à produção de material florestal, a publicação era destinada aos clientes; Friedensblatt für unser Haus (jornal da paz para a nossa casa): publicado no Natal de 1859, pelo fabricante de tecidos Karl Mez, em Fribourg, Alemanha, mas não se converteu em periódico; The Travelers Record: lançada em 1865 pela companhia norte- americana Travelers, com uma tiragem de 50 mil exemplares, mudou de nome para Protection e ainda subsiste; Bergmannsfreund (o amigo dos mineiros): primeiro jornal especialmente dirigido aos funcionários, “para o divertimento e a CONCURSO PARA JORNALISTA | 14 instrução dos operários mineiros”, lançado em 1870, por uma entidade nacional de minas, na cidade alemã de Saarbruck. Circulou como suplemento do Saarbrucker Zeitung até 1893, quando se tornou independente; Ilustrierte Hausfreund: revista mensal, em circulação a partir de 1870, por uma indústria têxtil suíça, da cidade de Herisan; The Triphammer: considerado o primeiro jornal de empresa nos moldes atuais, surgiu em 1885, em Daytona, Ohio, editado pela Massey Harris Cox; Hazell's Magazine: começou a circular em 1887, pela empresa britânica Hazell, Watson and Linney. A partir de 1888, com o linotipo, os jornais de empresas começaram a surgir regularmente em vários países, “em número e com prestígio cada vez maiores. A Primeira Guerra Mundial provocou uma interrupção neste progresso. Mas, após o seu término, houve uma verdadeira explosão” (Torquato, 1987). Jornais e revistas pioneiros no Brasil No Brasil, o jornalismo organizacional concorre com o processo de industrialização: dos primórdios até a década de 1940, expansão na década seguinte e consolidação nos anos 1960. Torquato (1987) e Andréa Fischer (2013) traçam a evolução histórica dessas publicações no País: Velocípede: revista pioneira, da Casa Bazar 65, de Salvador (BA), em 1875; Antarctica Ilustrada: em 1904, revista semanal “literária, comercial e esportiva”, editada pela cervejaria Antarctica; Boletim Light: criado em 1925, por um grupo de empregados da empresa canadense Light, em São Paulo (atual AES Eletropaulo), que durou três anos; CONCURSO PARA JORNALISTA | 15 General Motors: revista da GM do Brasil, de 1926, distribuída aos operários. Teve vida-longa, com várias alterações no nome. Marcou época pela qualidade gráfica e estilo inovador de redação; Nossa Estrada: começou a ser publicada em 1929, mantida por anúncios e assinaturas dos funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana; Ferrovia: publicada pela Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, no ano de 1938; Notícias Pirelli: revista lançada em 1956, considerada um marco, por ter influenciado um movimento de relações humanas no ambiente industrial brasileiro. A partir daí proliferam vários jornais e revistas, principalmente nos anos 1960, como a Revista Ipiranga (1960), Atualidades Nestlé (1962), Panorama (1962) da GM, Família VW (1963) da Volkswagen, entre outras. Os motivos das publicações de empresas nos primórdios Vários autores especialistasnessa área indicam alguns pontos que levaram as organizações a produzirem suas próprias mídias, a partir do aprimoramento dos processos de impressão, principalmente nos Estados Unidos e Europa, nos primórdios: Contrapor-se à crescente imprensa sindical, com uma linguagem predominantemente ostensiva e contundente; Oferecer referências que facilitassem a integração de operários vindos do campo para o ambiente das fábricas; Orientar os funcionários, pois a divisão do trabalho impedia a compreensão dos objetivos gerais da empresa; Enfrentar a crescente concorrência na gênese do capitalismo, divulgando os próprios produtos e serviços. CONCURSO PARA JORNALISTA | 16 Fatores que contribuíram para a expansão no País Atrelado ao processo tardio da industrialização, na década de 1960 cresce a atuação das assessorias de imprensa, especialmente em empresas multinacionais instaladas no País, o que levou ao desenvolvimento do jornalismo empresarial. A partir de 1970, impulsionada pela expansão da economia brasileira e para reduzir o peso de eventuais informações negativas na mídia, dispara o número de jornais e revistas na área empresarial. Com a redemocratização do Brasil a partir de 1985, a nova Constituição Federal, de 1988, que prevê o dever de informar e o direito à informação, e o Código de Defesa do Consumidor, em 1990, foram instrumentos que impeliram as organizações ao diálogo. O cidadão e o consumidor passaram a demandar mais informações sobre as organizações e a prestação de contas à sociedade, em áreas como meio ambiente, qualidade de produtos e serviços, atuação social e eficiência dos órgãos públicos. Estes fatores, somados à debandada dos jornalistas da mídia comercial para as organizações públicas e privadas, em maior número a partir da década de 1990, dotaram essas publicações de melhor conteúdo para interferir na esfera pública, utilizando as técnicas do jornalismo para conquistar espaço e legitimar os seus discursos. Do jornal de empresa à comunicação organizacional O surto industrial e o ingresso das multinacionais no Brasil contribuíram para a crescente disseminação do jornalismo organizacional. Foi a partir das publicações empresariais da década de 1960, “trabalho desenvolvido com a expansão dos departamentos de relações públicas, que houve a necessidade de aprimoramento daquilo que é denominado de comunicação organizacional” (Godói e Ribeiro, 2009). Em 1967 foi criada a Aberje, originalmente denominada de CONCURSO PARA JORNALISTA | 17 Associação Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresa3, por iniciativa e liderança do gerente de Comunicação da Pirelli, o jornalista italiano Nilo Luchetti. A Proal foi a primeira agência brasileira especializada em jornalismo empresarial, empreendida a partir de 1970 por Manuel Carlos Chaparro e Gaudêncio Torquato, na época, recém-saídos da Folha de S. Paulo. Na Proal, Torquato começou a construir o arcabouço teórico da área, até que em 1973 defendeu a primeira tese de doutorado na América Latina sobre “jornalismo empresarial”, na Universidade de São Paulo (Torquato, 2010). MÍDIA DAS FONTES A esfera pública é um espaço de disputa pela difusão de informações estratégicas e modos de pensar, dominado por quem detém os meios de comunicação ou quem tem acesso a eles. Assim, ao criar as suas próprias mídias, as organizações, sejam públicas ou privadas, encontram uma forma de chegar aos seus públicos de interesse, sem a mediação da mídia comercial. O jornalista Francisco Sant’Anna (2009) fez um estudo aprofundado sobre essa questão, que resultou no conceito que ele chama de “mídia das fontes”: No cenário da difusão de informação no Brasil, desponta um novo ator que se diferencia das tradicionais mídias. Entre os meios de comunicação, públicos ou privados, novos veículos informativos são ofertados ao público por organizações profissionais, sociais e inclusive por segmentos do Poder Público. Uma análise mais profunda sobre estas mídias revela que elas são mantidas e administradas por atores sociais tradicionalmente vistos como fontes de informação. 3 Atualmente, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial CONCURSO PARA JORNALISTA | 18 As ações estratégicas da mídia das fontes Com o surgimento da mídia das fontes e a expansão de sua atuação, a mídia comercial acabou perdendo o monopólio da informação. A produção de informação jornalística no Brasil, antes restrita às empresas midiáticas, começou a dividir mercado e espaço pela atenção do público. Antes vistas apenas como fontes jornalísticas, elas passaram a se comunicar diretamente com o público em geral, sem a intermediação da imprensa. A ação informativa das fontes, agora com suas mídias, inclui a veiculação de programas independentes de rádio e televisão, jornais e revistas, além da presença expressiva nas mídias digitais. Algumas organizações mantêm agências de notícias especializadas para abastecer a imprensa tradicional com conteúdos prontos para serem divulgados, como áudio e vídeo releases. Na visão de Sant'Anna (2009), os principais objetivos das mídias das fontes são: Obter espaço na transmissão de informações; Desempenhar um papel de contra agendamento, participando do processo de formatação da agenda midiática; Falar diretamente à opinião pública, sem a seleção de seus conteúdos pelos gatekeepers (selecionadores de notícias); Produzir seus conteúdos jornalísticos (newsmaking) e transmitir a um público de seu interesse. Mídias das fontes: jornais, revistas, rádio, TV e internet Uma característica dessas mídias é seu alcance ao público em geral, nos moldes das revistas de bordo, telejornais e radiojornais (A Voz do Brasil, por exemplo) e portais de notícias nas mídias digitais. CONCURSO PARA JORNALISTA | 19 Elas inauguram um novo tipo de jornalismo: o jornalismo das fontes na esfera pública. Exemplos de mídias das fontes conhecidas no Brasil e objeto da pesquisa de Sant’Anna (2009): Emissoras de rádio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Exército, da Justiça e do Senado; Rede de mais de 200 rádios da Igreja Católica; Canais de televisão do Judiciário e do Legislativo municipal, estadual e federal; Ações televisivas da Confederação Nacional das Indústrias (CNI); Folha Universal, jornal com tiragem de dois milhões de exemplares, superior aos jornais brasileiros de maior tiragem; Revistas como a MIT, da Mitsubishi, vendida em bancas. O autor confirma que no Brasil há uma diversidade midiática sem paralelos em outros países: de um lado, “uma poderosa imprensa comercial (escrita e audiovisual)” e de outro, jornais, revistas, estações radiofônicas, canais de televisão (telejornais), portais de notícias na internet e agências noticiosas sob o controle de grupos sociais e organizações não midiáticas. Semelhanças entre as mídias comerciais e das fontes Para diferenciar as mídias das fontes dos veículos comerciais, Sant’Anna (2009) relaciona um conjunto de características, às quais o enquadramento é compulsório. São elas: Mídias estruturadas por organizações, movimentos ou segmentos corporativos (profissionais, comunitários, econômicos, sociais, institucionais); Gerenciadas por atores sociais que, no passado, eram classificados apenas como potenciais fontes jornalísticas; CONCURSO PARA JORNALISTA | 20 Sem fins lucrativos e financiados com recursos públicos ou privados; Diferenciam-se das mídias relacionalistas, pois são difusores permanentes de informações; Priorizam o formato jornalístico, por meio de suporte de imprensa escrita ou eletrônica, com regularidade, frequência e periodicidade; Atingem a população em geral, maior do que o seu público segmentado. Sobre a linguagem adotada por essas mídias, o autor faz a seguinte reflexão: A linguagem principal desta nova ferramenta de comunicação é a redação jornalística. Ela segue o padrão jornalístico no que se refere às morfologias e aos gêneros jornalísticos praticados pela imprensatradicional – reportagens, notas, documentários, ilustrações, charges, entrevistas etc. FORMATOS Uma publicação organizacional impressa pode apresentar vários formatos. A escolha do mais adequado depende do público, objetivo estratégico, da periodicidade e do tipo de informação. O boletim informa e agrega os funcionários O boletim, em geral é chamado de “informativo” por apresentar quase exclusivamente informações na forma de notas e notícias curtas. Tem visual simples. Circula em intervalos menores (semanal, quinzenal). Geralmente é destinado aos funcionários, mas pode ser dirigido a outro público específico (acionistas, comunidades). Circula com poucas páginas, em geral uma folha, frente e verso, ou quatro páginas. “Um boletim de oito páginas já apresenta algumas características de jornal” (Torquato, 1987). CONCURSO PARA JORNALISTA | 21 Cada vez mais, esse tipo de publicação transforma-se ou ganha sua versão digital, para potencializar a atualidade e pelo baixo custo na sua distribuição, por e-mail e intranet, principalmente. A plataforma digital facilita o filtro no direcionamento de públicos, inclusive funcionários (por unidade, escritório). Pela dinâmica da comunicação, o boletim teve uma razoável evolução, notadamente no design e conteúdo. James Derriman (1968) aponta algumas de suas características que persistem, que pela abrangência também são válidas para outras mídias organizacionais: Melhor compreensão das diretrizes da organização; Promove a lealdade e o espírito de equipe; Oportunidade para os públicos emitirem as suas opiniões; Mostra os êxitos das organizações e seus benefícios sociais; Mantém a boa vontade dos familiares dos funcionários. O jornal tem a ‘cara’ da organização O jornal tem uma identificação direta com a organização, pública ou privada, podendo circular para o público interno, externo ou misto, embora seja comumente dirigido aos funcionários e familiares. Devido ao seu formato pequeno, em geral no tamanho A4 ou aproximado (21cm x 29,7cm fechado), é chamado de “jornalzinho”, na maioria das vezes no sentido “carinhoso” e não depreciativo. Embora em desuso, ainda persistem as denominações de home- organ (interno) e house-organ (externo), fruto de suas raízes históricas. Caracteriza-se também pelo número maior de páginas, acima de oito, em média 12, podendo chegar a 20 páginas, mais que isso se enquadra como revista, se grampeado. Tem periodicidade média, mais estendida que o informativo. A CONCURSO PARA JORNALISTA | 22 maioria circula mensalmente, poucos são quinzenais, bimestrais ou trimestrais. A atualidade do seu conteúdo segue a periodicidade, funcionando como uma síntese dos acontecimentos na organização em determinado período. Seu conteúdo abrange uma variedade de gêneros jornalísticos – reportagem, entrevista, notas, artigos – com ênfase no “jornalismo de interpretação, opinião e entretenimento, gêneros que dão às matérias um caráter atemporal” (Torquato, 1987). Em geral mescla assuntos de interesse da organização e do seu público, com uma linguagem simples e de fácil entendimento. Além de textos mais elaborados, se comparado ao informativo, exige uma melhor apresentação gráfica, com fotografia, ilustração e infográfico. A versão impressa perdura nas organizações onde nem todos os funcionários têm acesso à internet, embora uma grande parte esteja migrando para o ambiente da intranet, mesmo mantendo o impresso. Bueno (2005) propõe que o jornal de uma organização tenha a sua “cara (e que cara!)” e transforme-se em um instrumento de comunicação estratégica, caso contrário, “ele continuará sendo, infelizmente, aquela cara de empresa que ninguém gostaria de ver: triste, sem sabor, previsível, repetitivo, enfim, absolutamente descartável”. Além do pioneiro Gaudêncio Torquato (1987), Cláudia Lemos e Rozália del Gáudio (2011) e Marlene Sólio (2011), vários autores tratam do jornalismo empresarial: Guilherme Diefenthaeler (2010), Thereza Cunha e José Antônio Rosa (1999), Juarês Palma (1994), José Rosa e Maria Lenilde Plá de León (1992), entre outros. A newsletter é uma ‘carta’ a determinado público A newsletter é uma publicação regular, com uma periodicidade CONCURSO PARA JORNALISTA | 23 definida ou não. Traz notícia ou mensagem sobre um tema peculiar, dirigida a um público determinado, com um conteúdo mais especializado (Lemos e Del Gáudio, 2011). Mario Erbolato (2004) define como “boletim com informações ou mensagens, destinada a um público específico” e Cesca (2006) conceitua como “noticioso em forma de carta”. É similar ao boletim, difere na eventual irregularidade da periodicidade e ao público: enquanto o informativo se dirige mais aos funcionários e comunidades, a newsletter direciona-se ao público externo. A versão jornalística traz informação especializada, geralmente para assinantes, além de fatos relevantes da organização. Também se configura como ferramenta de marketing, quando se fixa em produtos e serviços. As informações costumam ser inéditas e exclusivas. “Esse gênero de publicação, inicialmente impresso, pode ser também distribuído por meio eletrônico, via internet, o que lhe confere maior agilidade e abrangência” (Rabaça e Barbosa, 2014). Entre suas características destaca-se a rapidez de circulação e o baixo custo, tanto digital como impresso, pelo seu formato, normalmente uma única folha. Tem uma linguagem simples e direta, em tom de carta, daí a denominação “newsletter”, com informação relevante sobre um tema de utilidade para o público a que se destina. O jornal mural constitui a essência da comunicação interna O mural é o meio de comunicação organizacional mais simples e de custo ínfimo, dirigido essencialmente aos funcionários, com informações rápidas e imediatas, reservadas a este público. As formas de afixação são variadas e simples, em espaços próprios em paredes, divisórias, cavaletes e principalmente nos quadros de avisos, em locais de fácil acesso e boa visibilidade, como corredores, refeitórios CONCURSO PARA JORNALISTA | 24 etc. Por se tratar de um “jornal”, pressupõe um tratamento jornalístico, desde a pauta, produção do conteúdo, editoração com recursos gráficos fotos e ilustrações. Em geral as notícias são curtas e apresentadas em letras grandes, pelo tempo disponível à leitura, feita a certa distância. Traz informações complementares, que não costumam circular no jornal interno: classificados, lista de aniversariantes, promoções, cardápio do refeitório, eventos sociais, esportivos e culturais do dia ou da semana, avisos de utilidade pública etc. Apresenta várias vantagens: facilidade de produção e atualização, baixo custo e acesso direto pelos funcionários. Para França (1988), entre as mídias organizacionais, “o jornal mural constitui uma das formas mais rápidas e eficientes de comunicação com os empregados”. Sua transformação na versão digital é simples, porém considera-se o nível de acesso do público interno à internet, na organização e em casa. A revista divulga a organização As revistas são publicações editadas pelas organizações com o propósito de divulgar suas atividades, produtos e serviços. Difere da revista customizada (ver a seguir) por não tratar de assuntos gerais nem dirigida a um público com interesses específicos. Se comparada ao jornal, possui um maior número de páginas, acima de 20, sendo grampeada ou encadernada. Apresenta uma produção gráfica mais sofisticada: diagramação arejada, qualidade de impressão, papel couchê ou similar e possíveis acabamentos (cinta, cortes e dobras especiais etc.) e maior qualidade nas fotos e ilustrações. CONCURSO PARA JORNALISTA | 25 Outra característica diferenciada da revista é a capa, com seu título em destaque, geralmente com uma foto aberta, uma manchete e, eventualmente, outras chamadas. Tem uma periodicidade definida, em geral, mensal ou bimestral. Possibilita a edição com matérias que aprofundam os temas, em complemento ao jornale mesmo às notícias no site. Outra peculiaridade: é colecionável, pode ser lida em qualquer lugar, a qualquer momento. Revista customizada: sob medida para um público Além da revista comum, várias organizações editam suas revistas customizadas, caracterizadas pelos assuntos de interesse geral e do ponto de vista de um público específico. José Carlos Marques (2007) define revistas customizadas como: Publicações de circulação direcionada, cujo objetivo principal é cativar o público externo (nomeadamente os clientes e consumidores) a partir da oferta de conteúdos informativos e de entretenimento, sem apelar ostensivamente para a divulgação (da organização). Andréa Fischer (2013) pesquisou este fenômeno e verificou as seguintes características da revista customizada: Vincula os objetivos de comunicação de uma organização à informação que o público espera; Alia de forma eficiente a divulgação subliminar e o conteúdo editorial adequado às necessidades e desejos dos leitores; Conteúdo diferenciado com temas de interesse público: saúde, moda, sustentabilidade, meio ambiente e outros vinculados ao setor em que a organização atua; Qualidade superior do papel, diagramação, fotos e acabamentos, o CONCURSO PARA JORNALISTA | 26 que garante efeitos visuais atrativos; Nome da organização geralmente no título. Entre as revistas customizadas, destacam-se a extinta Ícaro, da Varig, uma referência pela qualidade gráfica e editorial e outras de bordo (TAM nas Nuvens, Gol Linhas Aéreas Inteligentes e Na Poltrona, da Itapemirim). Mas também proliferam em outros setores, como o automobilístico (Notícias Pirelli, Audi Magazine, Estilo Peugeot, V da Volkswagen, Sua Boa Estrela da Mercedes-Benz), entre outras (Monet, da Net; Personnalité, do Itaú; Vital, da Unilever e Na Weg). Os diários oficiais não chegam ao cidadão Alguns órgãos públicos contam com jornais para publicações dos atos do governo, a maioria diários oficiais. A obrigação de publicar na imprensa oficial advém dos códigos do País, ou seja, uma vez publicado tem validade. Portanto, a publicação estabelece a presunção legal. No entanto, estas publicações deixaram de ser tão somente veículos de atos jurídicos. O que se vê são dois extremos. De um lado as publicações legais, com o objetivo de legitimar os atos do governo. Em geral são jornais impressos e arquivados, que não chegam ao público, ao cidadão. Servem de instrumento de um governo e não da instituição. Sua diagramação é um mosaico de editais, avisos burocráticos e decisões do governo. Na outra ponta ocorre uma transformação, muitos órgãos públicos estão publicando “diários oficiais” paralelos, ou seja, publicações atraentes e com conteúdo jornalístico. Começa por uma nova diagramação. As páginas com textos jornalísticos ganham um desenho moderno, semelhante aos grandes CONCURSO PARA JORNALISTA | 27 jornais diários (Collaro, 2011). Normalmente são destinadas a capa e contracapa às notícias. Em outros as matérias avançam para mais duas, quatro, oito páginas. As matérias aferem contornos atraentes com textos jornalísticos, fotos, infográficos e ilustrações. Manual, relatório, perfil, position paper etc. Nas organizações encontram-se outras publicações, com periodicidade indefinida ou flexível e direcionada a certos públicos. Além das versões impressas utilizam outros suportes: digital (site, pen drive), eletrônico (vídeo, DVD) etc. Estas são algumas das publicações mais comuns e que se valem da linguagem jornalística: Manual: orientações de admissão e integração de novos funcionários, segurança e prevenção de acidentes, sistemas de qualidade; Relatório: resultados financeiros (anual, para acionistas, investidores e mercado financeiro), desempenho das atividades, relatório para atrair investimentos, responsabilidade social e sustentabilidade; Position paper: orientações para líderes sobre temas polêmicos, que eles devem desdobrar com a equipe, clientes, fornecedores e a sociedade; Perfil da organização: atividades, produtos, serviços e informações sobre a estrutura, recursos humanos, história; Gibi: orientações sobre as atividades laborais, saúde, benefícios sociais, comportamento; Livro: história da organização, dos fundadores, atividades científicas, culturais etc. CONCURSO PARA JORNALISTA | 28 PLANEJAMENTO O planejamento contribui para o êxito de uma publicação organizacional. Escolher o tipo de publicação apropriada depende do público que se deseja atingir. Cada público específico tem as suas características. Por isso, uma publicação de sucesso tem bem ajustado o perfil dos seus leitores. Os 10 passos para o sucesso Cláudia Lemos e Rosália del Gáudio (2011) atualizam a pesquisa dos franceses Jean-Philippe Cathelin, Nathalie Bossut e Florence Mailhos (1995) sobre a criação ou melhoria de uma mídia própria, para dar um estilo e personalidade à publicação. 1. Objetivos A partir de um diagnóstico, traçar objetivos claros sobre o porquê da publicação e sua justificativa. É preciso ter clareza qual expectativa acerca da publicação. No diagnóstico são usados diversos métodos, como questionários, entrevistas, grupos de discussão, envolvendo os gestores da organização e o público a que se destina. 2. Definir o público Públicos diferentes demandam publicações diversas. Ao segmentar as publicações, é preciso pensar em uma coordenação de ações, para evitar discursos dissonantes ou mesmo contraditórios. A comunicação torna-se cada vez mais personalizada. 3. Determinar o perfil editorial Trata-se da definição das editorias, os principais assuntos a serem abordados, sempre com foco no público espera. 4. Definir o tipo de mídia, periodicidade e distribuição Apontar o tipo (newsletter, boletim, boletim digital, revista, jornal, CONCURSO PARA JORNALISTA | 29 mural), a periodicidade de circulação (semanal, mensal, bimestral, trimestral) e a forma de difusão (entrega direta, Correios, e-mail, internet, intranet). 5. Distribuir os gêneros e os espaços das editorias Definir os espaços para notícias, reportagens, artigos, fotografias, editorial, entrevistas, comentários do público, entre outros elementos previstos na política editorial. Os autores recomendam reavaliar esse quesito a cada edição. 6. Desenvolver o projeto gráfico É indispensável criar ou aperfeiçoar a identidade visual. A aparência deve ser clara e dinâmica, para atrair a atenção do público, mas adequada à cultura organizacional. 7. Estabelecer a linguagem Atribuir uma linguagem acessível e atraente, compatível com o público, sempre de acordo com as técnicas jornalísticas. 8. Prover recursos Estimar os custos (produção, gráfica, fotografia, distribuição) e os respectivos fornecedores e responsáveis. Definir também os recursos humanos, se será produzido pelos jornalistas da organização ou contratados profissionais (freelancers) ou empresa terceirizada. 9. Compor um conselho editorial Representantes das áreas afins, com acesso às informações e poder de decisão sobre a pauta. Eventualmente envolve gestores e funcionários que indicam pautas sugeridas pela organização e pelos colegas. Prever treinamento contínuo e rodízio entre os integrantes, para evitar a repetição de assuntos. 10. Realizar avaliações sistemáticas Avaliação a cada edição pelo conselho editorial e periódica como os leitores, para o aprimoramento contínuo do conteúdo e de outros aspectos. CONCURSO PARA JORNALISTA | 30 O público interno deve ser o primeiro a saber O público interno é constituído basicamente por funcionários e seus familiares, mas pode incluir acionistas, moradores no entorno da organização ou de uma obra. Pela proximidade, o público interno deve ser “o primeiro a saber” e não o último. Quando os funcionários recebem informações relevantes em primeira mão isso gera confiança e eles se tornam porta-vozes qualificados para a sua disseminação. Barry House (1997) aponta cinco atitudes da organização em relação ao público interno: Respeito:uso de linguagem profissional e objetiva, sem paternalismo; Honestidade: informação dos fatos, sem esconder problemas, garantindo assim a credibilidade; Abertura: revelação de assuntos relevantes não prejudica a organização, ao contrário, torna o funcionário mais comprometido; Oportunidade: o público interno deve ser o primeiro a saber e nunca surpreendido por notícias na mídia tradicional; Receptividade: as dúvidas têm espaço nas mídias da organização, e as reclamações são ouvidas e esclarecidas. Outros autores acrescentam a interatividade: espaço para que, além de esclarecer dúvidas, o público interno também possa opinar sobre os assuntos e sugerir novas pautas para as publicações. A internalização do público externo Os limites entre públicos interno e externo são muito tênues, pois os cidadãos, clientes, consumidores, fornecedores transitam pela organização com desenvoltura, facilitado pela internet. CONCURSO PARA JORNALISTA | 31 Esse público, considerado externo, exige cada vez “mais e melhores informações”. Por exemplo, pela lei de acesso à informação, o cidadão tem o direito a qualquer informação e o órgão público, o dever de informar. As organizações são admiradas ou detestadas não somente pela qualidade ou problemas de seus serviços ou produtos, mas principalmente pela sua postura ética e (des)respeito ao consumidor e ao cidadão. Por isso, não vale qualquer informação, mas sim aquela que tem valor e agrega ao novo e útil às pessoas, como qualidade de vida, serviços, cultura, lazer, enfim, informações de relevância e interesse. A segmentação é irreversível e a maioria dos autores recomenda publicações diferenciadas para cada tipo de público. As razões são várias: Diferenças dos temas a serem abordados; A comunicação interna é mais descontraída e simples; A publicação para o público externo geralmente utiliza linguagem mais apurada e qualidade gráfica mais sofisticada. A avaliação sistemática pelos leitores e conselho editorial É imprescindível que uma publicação seja avaliada frequentemente pelos leitores e pelo conselho editorial, pois a padronização da forma e do conteúdo pode desagradar ao longo do tempo. Torquato (1987) destaca que as pesquisas permitem um constante aperfeiçoamento de uma publicação, a partir das necessidades e gostos de seus leitores, bem como uma comprovação ou não de que aquela mídia está cumprindo os objetivos a que se propõe. O resultado da avaliação pelo público pode indicar que a publicação deva ser ajustada para evitar sua rejeição e gastos inúteis. Formas comuns de avaliar uma publicação: Conselho editorial: nas reuniões periódicas de pauta, os conselheiros avaliam a edição anterior, a partir de comentários e sugestões de CONCURSO PARA JORNALISTA | 32 colegas; Pesquisa de opinião: questionário com perguntas abertas e fechadas, sobre a percepção dos leitores quanto ao design editorial (forma), assuntos que agradam e desagradam (conteúdo), falhas, melhorias, a indicação de quem mais lê etc. PRODUÇÃO A produção de uma publicação segue um fluxograma. Ela parte de um planejamento, que envolve a concepção da publicação, projetos editorial e gráfico aprovados. Como apontado por Cathelin, Bossut e Mailhos (1995), o plano inclui ainda a definição dos objetivos, públicos, tipo de mídia, periodicidade, política editorial, linguagem etc. Uma publicação jornalística de uma organização pública ou privada segue os processos e procedimentos do jornalismo. Assim, muitos de seus conceitos são tratados na apostila Jornalismo e redação jornalística. Estas mesmas concepções são retomadas, principalmente naqueles aspectos que se diferem nas publicações organizacionais. Os temas relacionados ao projeto gráfico são abordados a seguir no item de Design e editoração. A pauta desencadeia a apuração das matérias Pauta é uma lista dos assuntos que serão apurados para serem posteriormente transformados em matérias nas publicações. A definição das pautas depende dos elementos do planejamento, como público, das editorias, dos objetivos estratégicos. Enfim, na hora da pauta, se tem em mente todo o planejamento anterior da publicação. A partir da definição da periodicidade, são mantidas datas fixas para a reunião de pauta, com todos os envolvidos no conselho editorial. CONCURSO PARA JORNALISTA | 33 Para cada público define-se uma pauta específica que atenda às suas expectativas. Desse modo, a definição da pauta leva em consideração o tipo de publicação, a política editorial e o seu público, principalmente. Independentemente disso, uma boa pauta atende às premissas universais do jornalismo, como impacto, intensidade, raridade, proeminência, proximidade e atualidade. A diversidade de fontes torna uma publicação atrativa Sem as fontes não há notícias. São elas que dão respaldo às informações. Uma fonte fala por si ou por uma organização, setor ou grupo social, como interlocutora. Na apostila Jornalismo e redação jornalística o tema é amplamente abordado. Nas publicações jornalísticas organizacionais as fontes mais comuns são os gestores, funcionários, clientes, consumidores, cidadãos, fornecedores, especialistas e documentos (memorandos, circulares, comunicados). Em qualquer mídia, há um jogo de poder e interesses das fontes. Por exemplo, para um funcionário pode representar um reconhecimento e, para o gestor, a oportunidade de mostrar o seu desempenho administrativo. Por isso, uma publicação cultiva a diversidade das fontes para promover a variedade de temas, visões e enfoques. Para os funcionários e seus familiares, isso evita a monotonia, promove a integração e a motivação. Enquanto, para o público externo, além disso, acolhe uma riqueza de informações e atende às suas expectativas. Essa prática torna a publicação mais interessante, mais solta, com CONCURSO PARA JORNALISTA | 34 múltiplas fontes. No entanto, evita-se promover somente as falas “do rei e seus amigos”, “de cima para baixo”, o paternalismo das chefias etc. A linguagem jornalística norteia a redação A linguagem das publicações organizacionais segue os preceitos norteadores da linguagem jornalística: objetividade, clareza, precisão, concisão e coerência. Segundo Torquato (1987) este são os gêneros jornalísticos também plausíveis nessas publicações: Informativo: envolve as matérias de registro e de cunho essencialmente informativo, de interesse mais imediato; Interpretativo: conteúdo mais contextualizado, pode apresentar diferentes formatos, como reportagens, entrevistas, análises de dados e comentários; Opinativo: adequado a matérias que apresentem juízo de valor. Textos assinados, com defesa de pontos de vista, com cunho orientador e persuasivo. Pode haver tratamento de assuntos externos a partir do ponto de vista da organização. O uso de diferentes estilos textuais confere diversidade à publicação, com maneiras diversificadas de tratar os assuntos. A linguagem deve estar alinhada ao objetivo da matéria: informar, entreter, educar, persuadir, opinar etc. Os cuidados e o que evitar Pelas características deste tipo da publicação exige-se uma série de cuidados, além de aspectos a serem evitados. Termos técnicos: pela sua atividade, alguns jargões e termos técnicos comuns na organização talvez não sejam corrente entre os CONCURSO PARA JORNALISTA | 35 leitores. Daí o cuidado do uso e, se forem empregados, cabe uma explicação, especialmente quando se tratar de publicação direcionada ao público externo; Tratamento: no texto jornalístico evitam-se alguns termos como “doutor” (só para quem tem a titulação), o mesmo vale para “senhor”, “excelência”. Trata-se as pessoas pelos cargos que ocupam: governador, diretor-presidente, deputado, gerente, juiz etc. Além disso, não se deve esquecer de escrever o cargo que a pessoa ocupa, além de atentar para a grafia correta do nome; Equidade: equilíbrio na adequação da linguagem, pois mesmo em públicos específicos, existe uma grande heterogeneidade(graus de instrução, idade, interesses etc.); Proporcionalidade: cada edição deve primar pela proporção de lógica, estética e emoção, para estabelecer a variedade: alegria, tristeza, emoção, divertimento, utilidade; Tolerância: não se admitem matérias ofensivas ou discriminatórias a grupos nem por gênero, raça, cor, credo religioso, opção política ou sexual, portadores de necessidades especiais, classe social e origem regional; Crédito: respeitam-se os direitos autorais no uso de fotos, textos, referências e citações de autores; Atenuar: não exagerar nos “feitos” dos gestores nem minimizar dificuldades e fracassos, pois a comunicação segue o fluxo ascendente (de baixo para cima); Contradição: evitar matérias que contradizem a prática. Por exemplo, enaltecer a responsabilidade ambiental de uma empresa que polui. Outros elementos da redação são tratados com mais profundidade na apostila Jornalismo e redação jornalística. EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO GRÁFICA Uma publicação jornalística segue os conceitos e procedimentos da mídia moderna. Isso pressupõe uma diagramação arejada, agradável e que privilegie a leitura. As imagens e os demais recursos gráficos não são para “enfeitar” uma matéria, mas para facilitar e complementar o seu conteúdo. A editoração ou design editorial incorpora os princípios do design gráfico. A editoração e a produção gráfica constituem etapas distintas. A primeira trata do ordenamento dos elementos nas páginas, enquanto a segunda se concentra no padrão gráfico geral da publicação. DESIGN EDITORIAL O design está ligado originalmente ao desenvolvimento industrial e à produção em massa (série). Iniciou com a demanda de materiais gráficos como cartazes, fôlderes, folhetos e panfletos em grande escala a partir do final de século 19. Este período coincide com os cartazes litográficos coloridos do pintor e ilustrador francês Toulouse-Lautrec: marco do início da separação da arte pela arte aplicada, ou seja, o design. O objetivo do design gráfico é comunicar por meio de elementos visuais (letras ou não) e certa mensagem, para persuadir o observador, guiar sua leitura ou vender um produto. Inserido no design gráfico está o design editorial ou editoração, que corresponde à diagramação ou paginação. Segundo Antonio Collaro (2011), sua função é: CONCURSO PARA JORNALISTA | 37 Levar ao leitor o que o texto sozinho não consegue transmitir; Hierarquizar as informações; Instituir a identidade visual e comunicar o conteúdo editorial; Estabelecer o equilíbrio entre as artes gráficas e a função de comunicar conteúdo. A diagramação segue os objetivos, as linhas gráficas e editoriais de uma publicação. Essas linhas se ocupam da hierarquização das matérias por ordem de importância. A base do leiaute Uma publicação segue um leiaute elaborado previamente, indicando a disposição de texto e imagem. O leiaute aborda os aspectos práticos e estéticos de um projeto. Não existe regras, exceto uma: a prioridade é o conteúdo. O leiaute parte de uma imposição: o arranjo das páginas na sequência e na posição em que ela aparecerão quando impressas. O suporte do leiaute de uma publicação impressa é a página. Antes de elaborar um grid é preciso definir o tamanho do papel e seus princípios, Esse processo nas artes gráficas é denominado de “seção áurea”, por ser uma maneira de representar proporções. A importância do grid O grid é um meio de dispor e relacionar os elementos de um leiaute. Trata-se da disposição de linhas, guias, colunas e margens no software de diagramação e organização de páginas. Gavin Ambrose e Paul Harris (2012) distinguem os seguintes tipos de grid: CONCURSO PARA JORNALISTA | 38 Simétrico: a página par é uma imagem espelhada da ímpar, formando um conjunto de páginas duplas, com colunas da mesma largura e posição. As margens externas são proporcionalmente maiores que as internas; Assimétrico: as páginas duplas utilizam o mesmo leiaute, pode ter uma coluna mais estreita que a outra, para elementos marginais. Estes autores também discorrem sobre os elementos básicos de um leiaute: Coluna: espaço vertical em que o texto flui. A sua largura pode ter um efeito significativo na apresentação do texto; Margem: área vazia em volta de um texto. Tradicionalmente a margem externa é maior; Cabeçalho: linha repetida de texto em cada página, exceto o número da página; Legenda: em geral, em tipo diferenciado e alinhado horizontalmente com o texto; Hierarquia: variedade dos estilos tipográficos que diferenciam o texto em diferentes graus de importância; Marcador: marcação na parte externa da página; Texto falso: texto, geralmente em latim, para dar representação visual de como a página ficará depois de inserido o texto verdadeiro. Alinhamento: posição tipográfica em um bloco de texto, vertical ou horizontal; Hifenização e justificação: separação das palavras para produzir blocos de texto organizado, sem espaço em branco ou “caminhos de rato” visíveis; Arranjo: diferentes elementos que compõem um leiaute, especialmente texto e imagem; Pontos de entrada: apoio visual que indica por onde começar a leitura; CONCURSO PARA JORNALISTA | 39 Ritmo: algumas passagens são de leitura rápida outras requerem mais atenção. Princípios do design editorial A editoração segue uma série de princípios na paginação dos conteúdos jornalísticos: Ordem de leitura das matérias: da esquerda para a direita, de cima para baixo, da mais importante para a de menor peso; Respeito às zonas óticas de visualização; Facilidade de percepção de conteúdo; Rapidez na transformação da informação; Facilidade na localização de assuntos e na compreensão dos textos; Equilíbrio e qualidade das fotografias, ilustrações e infográficos. Estes princípios se constituem em uma espécie de “guia” do leitor, que espera similaridade e continuidade do formato para se guiar pelas páginas da publicação. Daí a importância do equilíbrio entre os componentes gráficos para compor um todo visualmente unificado. Os elementos da diagramação Para diagramar o conteúdo editorial, a paginação lida com elementos gráficos e aspectos que influenciam no resultado final. Yolanda Zappaterra e Cath Caldewell (2014) relacionam os elementos da diagramação: Cartola: também conhecida por chapéu ou retranca, geralmente é colocada no topo da página, dando o direcionamento para o assunto tratado ou designando a editoria; Antetítulo: colocado acima do título principal, assim como o título CONCURSO PARA JORNALISTA | 40 auxilia na função de instigar a leitura; Título: além de nomear a notícia também é utilizado para chamar atenção para o assunto, tanto pela abordagem do texto quanto pelo destaque gráfico (peso visual); Linha de apoio: forma de complementação do título, dando-lhe sustentação, também é chamada de linha fina, subtítulo ou sutiã e usualmente fica abaixo do título; Olho da matéria: destaque de um trecho da notícia ou uma citação (aspas), para quebrar a massa de texto, tornando a leitura mais dinâmica; Lide: essência da notícia, estabelece a fala e comunica os aspectos mais relevantes do assunto; Capitular: letra em tamanho maior usada para marcar o início de um texto; Corpo de texto: parte do texto onde os conteúdos são desenvolvidos, evidenciando a personalidade da publicação pelo uso de tipografia padrão; Entretítulo: colocado no meio do corpo do texto com a finalidade de dividir o assunto em seções e facilitar a leitura, também conhecido como intertítulo ou quebras; Box: texto auxiliar que acompanha a notícia principal com propósito complementar. Pode ser um conjunto de informações técnicas relacionadas ao texto principal (serviços) ou servir para dar explicações adicionais ao leitor; Colunagem: a distribuição do corpo de texto em colunas de tamanhos regulares, espaçadas e utilizadas para ‘encaixar’ os componentes da página; Título secundário: tem a mesma função do título, porém se refere à matéria secundária; Legenda:texto curto que explica ou complementa a informação da CONCURSO PARA JORNALISTA | 41 fotografia ou ilustração; Crédito: assinatura usada em foto ou para marcar material produzido por agência ou fotógrafo. Folio: área destinada a apresentar o número da página, data e nome da publicação; Fio: linha utilizada para separar conteúdos na página; Assinatura: crédito dado ao autor de uma matéria, ilustrações ou infográficos; Aspas: declaração inserida em uma matéria; Serviço: pequeno texto usado no pé da matéria contendo endereço, horário, site e outros dados de algo citado na matéria; Arte: imagens criadas para ilustrar, complementar ou substituir um texto. A tecnologia facilita a editoração A utilização de novas tecnologias e do desktop publishing (edição por computador, edição eletrônica) oferecem novas técnicas de editoração, além de redução de custos e flexibilidade na produção. Tabelas, ilustrações, gráficos, infográficos, fotografias, retrancas, boxes e uma série de efeitos estéticos são usados com liberdade cada vez maior. A criação de plataformas gráficas e de programas de editoração e tratamento de imagens, como QuarkXpress, InDesign, Photoshop, Adobe Ilustrator, Freehand, MS-Publisher, entre outros, trouxe possibilidades infinitas ao trabalho gráfico. Principais vantagens da edição por computador (edição eletrônica): Custos: os computadores pessoais substituíram a composição tradicional por apresentar custos menores. Porém, os custos operacionais tendem a aumentar devido à contratação de pessoal CONCURSO PARA JORNALISTA | 42 qualificado; Tempo: muito mais rápido para editar. INFOGRÁFICO O infográfico é uma forma de representar informações técnicas como números, mecanismos, estatísticas, de forma atrativa, aliando texto e imagem. O primeiro infográfico teria sido publicado em 1702, no The Daily Courant, primeiro diário inglês. Outro uso pioneiro deu-se na primeira página do The Times, de Londres, em 1806, que mostrava o passo a passo de um assassinato (Teixeira, 2011). Na apostila Jornalismo e redação jornalística trata-se de outros recursos visuais como a charge, caricatura e ilustrações em publicações jornalísticas. A evolução e consolidação da infografia Com o avanço tecnológico, uma nova linguagem jornalística foi surgindo: a infografia. Assim, a linguagem jornalística passou a ser cada vez mais imagética, por se encaixar ao estilo de vida, pois o infográfico é de fácil e rápida compreensão. Entre suas características destacam-se a simplicidade, o didatismo e a concisão. Isto é, cada tema é bem explicado, esmiuçado de forma simples e didática, com clareza e precisão. Eles também são apresentados de forma exata e concisa, tanto a parte visual quanto o texto, expondo somente aquilo que é relevante e realmente necessário para a compreensão da matéria, evitando excessos. CONCURSO PARA JORNALISTA | 43 Os infográficos não são apenas conjuntos de tabelas, cores, gráficos ou desenhos que têm o intuito de deixar a página mais bonita. A finalidade dos infográficos: Descrever processos: acidente, como dar um nó na gravata, a propagação de um vírus; Fazer analogias: tamanho, tempo, espaço, estatísticas, valores; Explicar coisas que são grandes ou pequenas demais: galáxias, constelações, células, partículas. Os infográficos visuais Os infográficos mais sofisticados apresentam uma representação visual gráfica, muitas vezes complexa, para facilitar a compreensão do conteúdo jornalístico. Mario Kano e Renato Brandão (2008) classificam os infográficos visuais em: Passo a passo: mostra a sequência de um acontecimento, com destaque para as ilustrações, apoiadas em breves textos explicativos; Storyboard: ação de um fato, ao estilo de história em quadrinho, com desenhos sobre o ocorrido e texto em balões ou boxes; Arte-foto: a partir de uma imagem fotográfica, texto em tópicos ou boxes, destaca e explica um ou mais detalhes que aparecem na foto; Fotomontagem: combinar foto e ilustração; Pôster: combina vários tipos de infografia para traduzir visualmente a matéria. Normalmente traz uma grande imagem (foto ou ilustração) principal e as informações de apoio gravitam em torno dela. CONCURSO PARA JORNALISTA | 44 Infográficos de arte e texto Os infográficos de arte e texto são os mais simples e servem para ressaltar pontos importantes da matéria. Segundo Kano e Brandão (2008), estes são os infográficos mais comuns do tipo arte-texto: Ficha: box em tópicos, para evidenciar as características de uma personagem. Acrescenta e destaca a principal informação; Fac-símile: reprodução de um documento, com eventual destaque no dado relevante; Resumo: box com as respostas para as perguntas do jornalismo (quem, o que, quando, onde e por que). Pode ser em tópicos ou fluxograma; Perguntas e respostas: espécie de entrevista pingue-pongue; Cronologia: mostra a evolução de um tema ao longo do tempo, em geral misturando com charge; Teste: exige a interação do leitor; Escore: quando o número ou percentual é a principal informação; Frases: destaca opiniões sobre temas polêmicos; Lista: ranking, programação; Tabela e quadros: números ou texto, associa colunas e linhas; Organograma: posições hierárquicas; Gráfico: substitui números e tabelas, facilita a comparação. Os mais comuns são os gráficos de linha, barras e pizza; Mapas: localização, movimentação, dados. FOTOGRAFIA As imagens jornalísticas energizam o design editorial de maneira que as fotos feitas em estúdio não conseguem. A fotografia reflete o conteúdo jornalístico. CONCURSO PARA JORNALISTA | 45 A qualidade da imagem é um ponto de atenção, pois qualquer falha será ampliada quando impressa. A fotografia transmite emoção e informação O fotojornalismo é um estilo específico de fotografia caracterizado por imagens que mostram momentos rápidos e definitivos da vida real. Essa técnica captura as emoções reais, a alegria e o horror da sociedade, e ajuda a definir a nossa percepção da humanidade e do mundo. Por seu forte impacto, o fotojornalismo é usado sem manipulação, pois as fotos falam por si. A fotografia mostra a essência da mensagem, isto é, sintetiza todo conteúdo do texto. Elementos de uma boa foto: Ponto focal: a foto fixa-se em um elemento de destaque, por onde o leitor começa a observar; Gente: o público gosta de “ver” e “ser visto” nas fotos; Qualidade: qualquer falha na imagem será ampliada quando impressa. A maioria das fotos são mantidas em arquivo, para uso em futuras edições e outras finalidades (assessoria de imprensa e outras publicações). A versatilidade da fotografia digital Por sua versatilidade, qualidade, custo e agilidade, a fotografia digital e o tratamento digital de imagens são o paradigma quando se fala em fotojornalismo. As câmeras digitais são bastante variadas – desde uma câmera embutida em um celular, câmeras compactas, de baixo custo, até CONCURSO PARA JORNALISTA | 46 profissionais utilizadas em estúdios, de valor elevado. Steve Bavister (2011) aborda a importância de qualidade: O número de megapixels que costuma vir estampado nas câmeras digitais compactas é uma indicação grosseira da qualidade de imagem que se espera, apesar de ele agora não ser mais tão importante quanto no começo da era das imagens digitais. Isso quer dizer que, além da quantidade de megapixel, há outros indicadores de qualidade das câmeras digitais. No fotojornalismo digital as câmeras mais comumente usadas são as monoreflex, ou SLR (Single Lens Reflex), profissionais ou semiprofissionais. Nas câmeras SLR, um espelho e um prisma rebatem a luz que passa pela lente para a tela de focalização, o que permite ver no visor a mesma imagem à qual o filme ou o sensor será exposto quando o botão do disparador for pressionado. Os principais componentes das câmeras monoreflex (SLR): Visor: por onde o fotógrafo visualiza a cena a ser fotografada. Pode ser óptico ou LCD (display de cristal líquido); Objetiva:conjunto de lentes responsável por formar a imagem sobre o sensor; Diafragma: sistema que controla a quantidade de luz que entra pela objetiva; Obturador: controla o tempo de exposição do filme ou sensor à luz; Sensor: responsável por captar a imagem. Câmeras monoreflex permitem vários tipos de ajustes, do automático, em que a câmera controla todos os ajustes, ao manual, em que é o fotógrafo que os determina. Há diversos tipos de ajustes possíveis, como ISO, foco, balanço de branco, temperatura da cor, estilo de imagem, entre outros. Os dois principais ajustes são o obturador e o diafragma. CONCURSO PARA JORNALISTA | 47 Cada vez que se tira uma fotografia, é preciso ajustar tanto a abertura do diafragma quanto a velocidade do obturador, para controlar a quantidade de luz na exposição. A abertura controla a quantidade de luz recebida, e a velocidade do obturador controla o tempo durante o qual essa luz é recebida (Bavister, 2011). Por exemplo, para fotografias de imagens em movimento, é necessária uma velocidade alta do obturador, para que as imagens não saiam desfocadas. Cada tipo de lente atende uma finalidade As câmeras SLR são bastante versáteis, pois permitem a troca de lentes. Existem diversos tipos delas, indicadas para diferentes usos. Por isso, Bavister (2011) lembra que “conforme aumenta a distância focal de uma lente, menor fica o seu ângulo de visão”. Além da distância focal, outra característica importante da lente é a sua abertura máxima que, quanto maior, mais quantidade de luz permite que seja captada. Entre os tipos de lentes, encontram-se as fixas, que não possuem zoom, mas têm a vantagem de captar boa quantidade de luz. É ideal para fotografar retratos. A maioria das lentes utilizam zoom, pela sua versatilidade. Podem ser: Zoom padrão (lente normal): indicada para uso geral (50 mm de distância focal, próxima ao olho humano), pois apresenta menor distorção da imagem; Teleobjetiva: curta, média, longa, super, dependendo da distância focal e de vários tamanhos. Aproxima a imagem, diminuindo a profundidade de campo e o ângulo de visão. Ideal para paisagens, esportes, entre outros. Teleobjetiva rápida: além de mais cara, é volumosa e pesada, mas CONCURSO PARA JORNALISTA | 48 ideal para captar temas como esportes e ação. Grande angular: indicada para fotografar paisagens ou ambientes fechados, pois faz o espaço parecer maior do que realmente é. Pode apresentar distorção da imagem; Olho de peixe: grande angular extrema, campo maior de visão e distorção da imagem. Usada para arquitetura, paisagens, fotos artísticas; Macro: lente calculada para focar em distâncias muito curtas, própria para fotos de insetos ou objetos muito pequenos. O flash é outro assessório importante na fotografia. Ele pode ser embutido na câmera ou portátil, encaixado na sapata quente da câmera. Os modernos flashes portáteis são peças sofisticadas, capazes de produzir tempos de exposição perfeitos uma vez após outra, e permitem fotografar em situações nas quais, sem o flash, a fotografia seria praticamente impossível (Bavister, 2011). Os flashes podem ser utilizados onde há pouca luz, para evitar sombras em locais iluminados, fotografar contra uma fonte de luz, como o sol, ou criar efeitos dramáticos e atraentes. Outros requisitos que impactam na boa fotografia dependem da habilidade e conhecimento do fotógrafo sobre seu equipamento aliada à sua sensibilidade. Essas habilidades incluem a criatividade e equilíbrio na composição fotográfica, adequação da técnica ao tema a ser fotografado, além da busca do ponto focal, controle da profundidade de campo, cor, contraste, luz etc. IMAGEM As imagens são elementos gráficos que dão vida ao design editorial. São fundamentais para a identidade visual da publicação. Elas desempenham diversas funções, como transmitir o drama de CONCURSO PARA JORNALISTA | 49 uma narrativa, resumir e apoiar as ideias de uma notícia, reportagem ou nota, ou apenas quebrar visualmente um boco de texto ou espaço vazio. Fornecem informações detalhas ou suscitam sentimentos que o leitor compreende rapidamente. Os fundamentos da resolução e das cores Há uma série de terminologias e conceitos relacionadas às imagens. Um dos aspectos de maior importância é a resolução, que se refere ao nível de detalhamento, pois quanto maior o valor de resolução, melhor a qualidade de reprodução. Estas são as diferentes formas de medir uma resolução: DPI (Dots Per Inch): pontos por polegada. Mede quantos pontos de tinta a impressora consegue depositar por uma polegada, 300 dpi é o padrão para impressões; PPI (Pixels Per Inch): pontos por polegada. Número de pixeis, horizontal ou vertical em cada polegada quadrada de uma imagem digital; LPI (Lines Per Inch): linhas por polegada. Como as impressoras reproduzem uma imagem fotográfica, reproduzida por uma série de pontos de meio-tom de tamanhos diferentes. As informações sobre as cores da imagem são armazenadas em CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto) ou RGB (vermelho, verde e azul). A diferença entre os dois processos é o processo de separação: CMYK: ciano, magenta e amarelo são cores primárias subtrativas, porque representam duas primárias aditivas e uma terceira subtraída, combinada com o preto na impressão em quadricromia; RBG: vermelho, verde e azul são cores primárias aditivas, porque quando somadas produzem luz branca, que na quadricromia são reproduzidas com as primárias subtrativas (CMY+K). Nesse processo CONCURSO PARA JORNALISTA | 50 o arquivo é menor e mais fácil de manipular. Formatos de imagens e separação de cores Existem dois tipos básicos de formatos de imagem: bitmap (fotográfico) e vetorial (traço). Ambos têm pontos fortes e fracos específicos que os tornam mais adequados a diferentes propósitos. Bitmap: imagem composta de pixel, que contém informações cromáticas para a reprodução e uma resolução fixa, e, se ampliada, distorce e torna a imagem “pixelada”, ou seja, serrilhada; Vetorial: objeto individual escalonável, definido por fórmula matemática em vez de pixel, por isso não dependem de resolução, por exemplo, as fontes. No entanto, é inadequado à reprodução de fotos. O bitmap é um elemento gráfico monotom muito simples, isso possibilita que suas características cromáticas sejam controladas independentemente da imagem original. As imagens coloridas são produzidas pela separação de três cores, tricromáticas (ciano, magenta e amarelo) e a inclusão do preto, formando as cores de escala utilizadas na impressão em quadricromia. Quase todas as cores podem ser impressas com a combinação das cores primárias subtrativas. O processo de impressão em quadricromia usa matrizes separadas, que posiciona as camadas para construir a imagem final. A cor preta é incluída para dar profundidade, como as sombras. O backup e o tratamento digital de imagens A fotografia é uma constante em publicações jornalísticas, devido à sua capacidade de fornecer grande quantidade de informação e transmitir CONCURSO PARA JORNALISTA | 51 uma ampla gama de emoções. Além disso, a fotografia é relativamente barata, especialmente com o advento das câmeras digitais e fácil de manipular com software, para produzir inúmeros efeitos. Fotografar é o começo de um processo. O backup e o tratamento digital de imagens são quase tão importantes. Leitores de cartão, cabo USB, computador, tela LCD (display de cristal líquido) são os equipamentos básicos para o armazenamento e edição de imagens. Segundo Bavister (2011), “em geral, na fotografia digital, são necessários dois tipos de aplicativo: um para organização e visualização das fotos e outro para editar e aperfeiçoar as imagens”. Há programas que fazem as duas coisas, porém, em funções distintas. Entre os aplicativos de edição de imagens, destaca-se o Adobe Photoshop, além de outros, como Adobe Lightroom e o Gimp (software livre, usado em alguns órgãos públicos). Formatos mais comuns
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