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1. OBTENÇÃO HIGIÊNICA ● os cuidados devem começar na fonte de produção, que é onde o leite recebe maior contaminação ● a ordenha higiênica tem como finalidade conservar o alimento por mais tempo (além de possuir qualidade superior) a. granjas e estábulos: i. locais espaçosos, arejados, com iluminação ii. evitar fontes de odores desagradáveis (exemplo esterqueira), pois o leite absorve o odor iii. evitar qualquer tipo de estresse, limpeza de estábulo ou alimentação próximos a hora da ordenha (o estresse libera adrenalina, que inibe a ocitocina) b. vacas: i. bom estado de saúde (atestado de brucelose e tuberculose, vacinação, vermifugação e CMT - teste de mastite subclínica) ii. limpeza do úbere antes da ordenha iii. realizar o pré e pós dipping (principalmente em locais com maior incidência de mastite) c. durante a ordenha: i. constância no horário (devido os hormônios) ii. ordenha completa e ininterrupta (evitar mastite) iii. alimentação após a ordenha para evitar defeito de sabor iv. descartar os primeiros jatos (evitar contaminação) - fazer o teste da caneca telada v. ordenhar por último as vacas doentes, afim de evitar contaminação do leite e de outras vacas d. ordenhador/reteiro: i. deve portar carteira de saúde em dia e manter a higiene ii. roupa limpa, utilizar avental, gorro e bota de borracha branca e. equipamentos: i. preferir ordenhas mecânicas com completa esterilização e vácuo regulado f. leite: i. passar por filtração ii. resfriamento (para até 4 graus e de maneira rápida) iii. transporte em caminhões de tanque isotérmico g. análise de rotina: i. acidez, densidade, crioscopia, gordura, EST, ESD, adulterações e microbiológico h. pasteurização/esterilização 2. LEITE - CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS: ● Descrição: O leite pode ser definido como o produto da ordenha de vacas, levando em consideração aspectos de saúde, higiene e qualidade da ordenha; com poder nutritivo e durabilidade limitada. Seu sabor é adocicado e agradável, de odor suave e levemente ácido e cor branco-amarelada e aspecto líquido, homogêneo e com camada de gordura superficial quando se encontra em repouso. A acidez deve variar entre 0,12% a 0,23% quando fresco - 14 a 16° Dornic, e seu pH é levemente ácido, em torno de 6,4 e 6,8 a. composição geral: O leite é dividido em duas partes: a parte sólida e a parte líquida. A parte sólida compõe entre 12% e 13% do leite, possuindo carboidratos, proteínas, gorduras, sais minerais e vitaminas (sendo a proteína e gordura as principais responsáveis pela cor e forma do leite). Já a parte líquida representa 87% da composição do leite, que é água. Também pode-se dividir o leite em duas classificações: EST e ESD; onde EST significa Extrato Seco Total (carboidrato, proteína, gordura, sais minerais e vitaminas), já ESD é para Extrato Seco Desengordurado (carboidrato, proteína, sais minerais e vitaminas). Essas composições são variáveis, fatores como período de lactação (o colostro possui mais proteínas), raça, alimentação (plano de nutrição e forma da ração), temperatura ambiente, manejo das vacas, intervalo entre ordenhas, volume de produção de leite e infecções nas mamas ou glândulas mamárias. Embora possam variar os valores, eles seguem em equilíbrio, permitindo então pesquisas de adulteração do produto; como a adição de água, que gera uma diminuição na concentração de lactose. Há uma pequena parte não calculada de micro organismos, bactérias, leucócitos e células mamárias secretoras no leite. Esses componentes também podem variar de acordo com a higiene na retirada do leite e saúde da vaca na hora da ordenha; porém caso o leite seja bem tratado, os micro organismos não oferecem risco à saúde. b. principais componentes do leite: · carboidratos: o principal representante é a lactose, que representa 4,7% a 5,2% da concentração total do leite - e 52% do EST do leite desnatado e 70% do soro do leite. A lactose também é a responsável por controlar o volume da produção do leite, já que faz controle osmótico da glândula mamária. Outros exemplos de carboidratos são a galactose e a glicose. · proteínas: tem como principal representante a caseína (onde 95% de sua composição fica em micelas insolúveis com cálcio e fósforo - os outros 5% são lactoglobulinas), representando entre 3% e 4% do EST - sendo uma proteína resistente a pasteurização, mas fraca em relação aos ácidos. Esse valor pode variar com a raça da vaca e a quantidade de gordura presente no leite. As micelas de caseínas são divididas em frações · gordura/lipídeos; sua concentração no leite é entre 3,5% a 5,3%, se apresenta em glóbulos suspensos na fase aquosa - envoltos em uma camada de fosfolipídeos, tendo como principal componente os triglicerídeos - (ácidos graxos e glicerol) - 98% das gorduras totais. Os glóbulos servem de veículos para as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), colesterol e a provitamina A; sendo responsável pela coloração amarela-creme. Um exemplo de lipídio presente no leite é o ácido graxo, sendo seus principais representantes os ácidos: cáprico, caprílico e capróico, que com ação de lipases causam defeito de sabor. · sais minerais: possui maior disponibilidade de cálcio e fósforo (que são associados a caseína) e tem presente em pequenas quantidades ferro, sua composição no leite é de aproximadamente 0,8% · vitaminas: é fonte tanto de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e hidrossolúveis (complexo B (que é produzido no rúmen) - exceto a B2, e C - que é facilmente oxidada) c. propriedades físicas: As propriedades físicas são informações como: acidez e pH anteriormente mencionados, EST, ESD e crioscopia. Conforme citado previamente, os valores de acidez ideal são entre 0,12% e 0,23% - entre 14° e 16° Dornic; enquanto o pH varia entre 6,4 e 6,8. O EST é composto por carboidratos, proteínas, gordura, sais minerais e vitaminas; já o ESD engloba os carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas. A crioscopia consiste na diminuição do ponto de congelamento do leite em relação a água, que deve ser em torno de -0,52°C - por ser uma característica constante, é um dos modos mais comuns para pesquisar adulteração com água. Ainda sobre a crioscopia, o valor de -0,52°C pode variar com a estação do ano, raça e estado de saúde da vaca, hidratação e alimentação, temperatura ambiente e hora da ordenha; porém os valores de um grupo de vacas tendem a se aproximar da média, facilitando a adulteração por adição de água - que se tornou o método mais usual de adulteração. 3. TECNOLOGIAS DE PROCESSAMENTO: a. leite pasteurizado: · com o micro organismo alvo de eliminação sendo a Coxiella burnetti, o leite é aquecido entre 72º a 75ºC por 15 a 20 segundos · em seguida é resfriado a 4º · a intenção é eliminar 100% dos micro organismos patogênicos e 99,9% dos não patogênicos · o sistema de troca de temperatura ocorre por trocadores a placas · testes feitos para saber a eficiência: · fosfatase: deve estar negativa · peroxidase: deve estar positiva · defeitos: · sabor cozido · contaminação e germes esporulados · lipólise · fluxograma: · recepção → filtragem → pasteurização → resfriamento → empacotamento → estocagem → comercialização b. leite esterilizado: · esterilizado clássico: · esterilizado já na embalagem, a 100º-120º por 20 minutos, destrói também enzimas · esterilizado UHT: · de forma direta ou indireta, na temperatura de 135º-150º por 2,5 segundos · defeitos: · sabor cozido · oxidação de gorduras · instabilidade da composição química · germes esporulados c. leite desidratado/leite em pó: · antes de ser desidratado, é submetido a um tratamento térmico, onde são analisadas também a solubilidade e capacidade de umidificação do pó · o leite é concentrado (em um evaporador) por um processo de atomização por concentrador de película descendente de múltiplos efeitos; onde em cada efeito o leite é bombardeado para uma cuba por pré aquecedores onde é pasteurizado · a desidratação é feita a jatos (deixa mais solúvel, boa coloração e sabor) · o leite concentrado passapelo atomizador, ficando em partículas finas com 6% a 8% de umidade, que caem em um funil com jato de ar frio e viram pó · os leites em pó instantâneos são reumidificados ou não secam por completo · as partículas de pó se juntam e formam o leito fluidizado · padronização da gordura → tratamento pelo calor → evaporação → homogeneização → tratamento pelo calor → secagem por atomização → leite em pó integral d. doce de leite: · evaporação de água e adição de açúcar deixam a tensão osmótica alta e diminuem a chance de sobrevivência de micro organismos · é composto por 28% de água, 35% de açúcar, 2% de gordura, 10% de lactose, 10% de proteína e 2% de cinza · deve ter consistência pastosa e homogênea, textura fechada, não pode ter grumos, ter cor castanho brilhante, aroma e sabor próprios · neutralização da acidez: · com bicarbonato de sódio, até 13ºD, é dissolvido em água e adicionado ao leite antes de ferver (o excesso deixa puxento, escuro e com sabor ruim) · 1g de ácido lático: 0,934g de bicarbonato · 1ºD acima de 13ºD é utilizado 0,0934g de bicarbonato por litro de leite · estabilização da caseína: · evitar a coagulação durante o aquecimento · usado citrato de sódio e fosfato dissódico (50 - 100g/100kg de leite) · operações: · mistura (adiciona bicarbonato, estabilizador e açúcar - 20-30%) · evaporação (por 2 a 3 horas) · determinação do ponto (densímetro de Baumé -35 a 60Bé e 65 a 68% de sólidos) · resfriamento (para 45º a 50º) · embalagem · defeitos: · cor muito escura · cristal de sacarose · cristalização · doce talhado · fermentação · doce puxento 4. PROCESSAMENTO DA MANTEIGA · contém entre 80%-85% de gordura, com 16% de água, 1,2% de ESD e sal entre 0,8% e 2% · obtenção do creme: · melhora a capacidade da batedeira, é mais rápido e perde menos gordura no leitelho · a gordura do creme deve ser entre 30% e 40% · desnate natural - gravidade: · viscosidade, tamanho do glóbulo de gordura, temperatura do leite, tempo de repouso e forma do recipiente interferem · desnate mecânico - centrifugação: · mais rápido, perde menos e possibilita maior controle de matéria gorda, não tem como coagular e ocupa menos espaço · tratamento do creme: · coadura (filtragem) · padronização (a 35% de gordura) · redução da acidez (não deve ser acima de 20ºD) · pasteurização · 77ºC/15 minutos · 63ºC/30 minutos · 90-95ºC/30 segundos · 115-116ºC/2-4 segundos · maturação (com ou sem acidificação) · elaboração da manteiga: · batedura do creme (aglomera gordura) · composição da matéria gorda, tamanho dos glóbulos de gordura, temperatura, acidez e conteúdo da gordura · lavagem · malaxagem (para homogeneizar) 5. PROCESSAMENTO DE QUEIJOS: · classificações: · tempo de maturação: · queijo fresco (pronto para consumo logo após fabricação) · queijo maturado (necessita maturar para ter as reações físico-químicas e ter as características) · matéria gorda: · extra gordo ou duplo creme: mínimo de 60% (ex. cheddar) · gordo: gordura entre 45% e 59,9% (ex. gouda, maasdam) · semi gordo: entre 25% e 44,9% de gordura · magro: entre 10% e 24,9% de gordura(ex. minas frescal) · desnatado: menos de 10% de gordura (ex. ricota) · umidade: · baixa umidade: massa dura, até 35,9% (ex. parmesão) · média umidade: conhecido como massa semi dura, entre 36% e 45,9% (ex. provolone) · alta umidade: conhecidos como massa branda ou mole, entre 46% a 54,9% (ex. prato, mussarela) · muita alta umidade: conhecidos como massa branda ou mole, acima de 55% (ex. minas frescal) · a produção do queijo se dá pela coagulação do leite, que é retirada pelo corte, seguido de desidratação da coalhada e prensagem · rendimento: · duro: 8 a 14% · fresco e macio: entre 12 a 18% · pode ter acidificação direta, por adição do coalho ou adição de cultura láctea · queijo minas frescal: · pasteurização · coagulação (com adição de cultura láctea, cloreto de cálcio, coalho) · ruptura e corte da coalhada · dessoragem · salga (na massa, salga seca e úmida por imersão) · embalagem · queijo mussarela: · apresenta 47% de umidade, 1,5% de sal e pH 5,3 · pasteurização · coagulação (com adição de cultura láctea e cloreto de cálcio) · corte da massa (feita a sinérese, retirada de ⅓ do soro e inicia o cozimento) · filagem da massa · enformagem 6. CULTURA LÁCTEA: · usado cocos e bastonetes na proporção 1:1, sendo culturas bacteriologicamente puras e de produção e atividade proteolítica média · as bactérias devem ser resistentes à degeneração, se desenvolver bem em simbiose, produzir substâncias que contribuem no sabor, viscosidade e aroma · Lactobacillus delbrueckii bulgaricus e Lactococcus salivarius thermophillus · iogurte: · pode ser tradicional (fermentado na embalagem) ou batido (fermentado em tanques) · tem aumento do EST (dá consistência e viscosidade) · pasteurização a 90-95ºC por 3 a 5 minutos · a fermentação ocorre pela adição do fermento, e para com o pH final de 4,1 a 4,2 (70º-80ºD ou 100º-120ºD), pela diminuição da temperatura · a mistura é feita antes do resfriamento · defeitos: · muito fino, com grumos, separação de soro (sinérese), filante, muito ácido, com sabor anormal, estufamento, contaminação
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