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DISCIPLIN A: CIÊNCIAS SOCIAIS - Prof. Me. Cláudia Veiga Se os tubarões f ossem homens Bert old Brecht (1898 -1956), Se os tubarões fos sem homens Se os tubarõ es fossem homens, p erguntou a filha de s ua senhoria ao sen hor K., seriam eles mais amáveis p ara com os peixinho s? Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homen s, construiriam no mar grandes gaiolas p ara os peixes pequen os, com todo tipo de alimento, tanto anima l quanto vegetal. C uidariam para que as ga iolas ti vessem sempre águ a fresca e ad otariam todas as medidas sanitária s adequadas. Se, po r exemplo, u m peixin h o ferisse a barb atana, ser - lhe-ia imediatament e aplicado um curati vo para que não morr esse antes do tem po. Para que os pe ixinhos não ficassem melancólicos, ha veria grandes festas aquáticas d e vez em quando , pois os pei xinhos alegres têm melhor sabor do qu e os tristes. Naturalmente, have ria também escolas nas gaiolas. Ne ssas escolas, os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, p or exemplo, para l ocalizar os grande s tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. O mais im portante seria, naturalmente, a formação m oral dos peixinhos. Eles seriam informados de que n ada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos de veriam crer nos tub arões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicida de futura. Os peixinhos saberiam que esse futuro só estaria assegurado se est udassem docil mente. Acima d e tud o, os peixinhos de veriam rejeitar toda tendência bai xa, materialista, egoísta e ma rxista, e denunci ar i me diatamente aos tubarões aqueles que apresentassem t ais tendências. Se os tubarões foss em homens, natural mente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e p eixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensi nariam que há uma enorme diferenç a entr e eles e os pei xinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas difere ntes, e por isso não se pod em entender entre si. Cada pei xinho que matasse alguns outros na g uerra, os inimi gos que silenciam em outra língua, seria condecorad o com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma com enda de herói. Se os tubarões foss em homens, também haveria arte entre eles, naturalmente. Ha veria belos quadros, representando os de ntes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardin s onde se brinca delicios amente. Os teatros do f undo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com en tusiasmo rumo às garg antas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus aco rde s, todos os p eixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais subl imes, precipitar -se- iam nas goelas dos t ubarões. Também não faltari a uma religião, se os tubarões foss em homens. Ela ensi naria que a verdadeira vida dos peixinhos co meça no paraíso, ou s eja, na barriga dos tubarões. Se os tu barões foss em homens, também acaba ria a i deia de que todos os peixinhos sã o iguais entre si. A lguns deles se tornariam funci onários e se riam colocados a cima dos outros. A queles ligeiramente mai ores até pod eriam c omer os men ores. Is so seria agradável p ara os tubarões, pois eles, mais frequent emente, t eriam bocados maiores para comer. E os pei xinhos maiores, detento res de cargos, cuid ariam da ordem interna entre os peixinhos, tornand o-se professore s, oficiais, polícias, c onstrutores de gaiol as, etc. Em suma, se os tub arões fossem homen s haveria uma ci vilização no mar T
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