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Saúde da Família e Comunidade: Diagnóstico Familiar 
 Os objetivos desta Aula são compreender o diagnóstico familiar através da tipologia, estrutura e dinâmica familiar. Além disso, é necessário conseguir identificar os diferentes tipos de família, entendendo suas estruturas e dinâmicas.
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 A Tipologia Familiar é uma análise sistematizada que consiste na observação das características de diferentes famílias, classificando-as em tipos distintos. Desta forma, uma visão integral dos tipos familiares aponta variáveis que podem ocorrer quando trabalhamos com famílias. 
 As diversas conjunturas podem criar variadas formas de conflito, mas é importante lembrar que as pré-concepções dos profissionais de Saúde não devem influenciar no tratamento do usuário.
 A Estrutura Familiar é definida pela forma de organização em que os indivíduos componentes de determinada família se inter-relacionam. As Estruturas Familiares freqüentemente sofrem modificações decorrentes de processos socioculturais. Ex: Aumento do número de divórcios; Mudança do papel das mulheres dentro dos lares e no mercado de trabalho; Maior poder de influência dos Filhos; Diminuição da taxa de fecundidade; Planejamento familiar.
 Esses processos socioculturais fazem com que a Estrutura Familiar deixe de ser constituída majoritariamente pela organização clássica de Homem, Mulher e Filhos do casal, e passe a apresentar quantidades de organizações muito mais diversificadas, caracterizando estas famílias como espaços emocionais a procura de novos equilíbrios.
 A família pode ser definida como um sistema com estrutura e padrões de funcionamento que organizam a sua estabilidade e capacidade de mudança. Cada tipo de Estrutura Familiar possui características especiais que as constituem.
 A partir das Estruturas Familiares levantam-se dados relevantes para compreendermos a funcionalidade de cada família. Conseqüentemente pode-se constatar quais são os pontos fortes e fracos que cada uma possui para o cuidado domiciliar, como cada uma pode cooperar, e em que sentido o profissional da saúde deverá trabalhar com cada família para melhorar a assistência.
 Ex: Uma idosa que vive sozinha em sua casa pode parecer solitária a primeira vista, mas ao conhecer a realidade de sua Estrutura Familiar o profissional da Saúde descobre que os familiares sempre a visitam e que ela não se sente solitária em nenhum momento. 
 
 Os principais Sistemas Familiares estabelecidos são o Sistema Conjugal, Sistema Parental e Sistema Fraterno/Filial. 
 O Sistema Conjugal é formado pela união de duas pessoas com um conjunto de valores e expectativas, sendo elas explícitas ou inconscientes. Para que este tipo de sistema familiar funcione é necessário que ambos abdiquem de parte de suas idéias e preferências, perdendo parte de sua individualidade, mas ganhando pertinência.
 O Sistema Parental envolve a educação dos filhos e funções de socialização, e também pode ser integrado e ampliado para outros indivíduos além dos pais, como avós e tios. No entanto, pode ser que um dos pais não participe deste sistema. Desta forma, este sistema pode ser definido basicamente pelo cuidado e preocupação entre parentes.
 O Sistema Fraterno/Filial é composto por indivíduos similares, principalmente entre irmãos, entre primos ou entre amigos. Neste sistema desenvolvem-se as capacidades de negociação, cooperação, cumplicidade, pertinência, competição e reconhecimento.
 De acordo com Wong, as famílias podem se apresentar como Família Nuclear, Família de Pai/Mãe Solteiro, Família Binuclear, Família Reconstituida e Família Estendida.
 A Família Nuclear é constituída por um Homem, uma Mulher e seus filhos, biológicos ou adotados, vivendo em um domicílio comum.
 A Família de Pai/Mãe Solteiro é constituída por um filho que vive e é criado apenas por um de seus pais, surge devido às atitudes liberais dos tempos modernos ou à separação por divórcio. 
 A Família Binuclear é constituída por pais que continuam desempenhando seus papéis na criação de seus filhos, mesmo após o encerramento da unidade matrimonial.
 A Família Reconstituída/Pregressa surge quando um dos indivíduos do casal possui filhos de um casamento prévio, que residem no domicílio atual deste casal.
 A Família Estendida/Ampliada é constituída pela combinação de mais de uma Família Nuclear, formando unidades maiores através da relação Pai-Filho. Portanto, consiste da Família Nuclear acrescida de parentes lineares ou colaterais. Freqüentemente este tipo de família é composto por unidades residenciais contendo em torno de três gerações afiliadas apresentando Avós, Pais/Mães e Netos. Esta Estrutura Familiar é freqüente na classe popular, e muitas vezes é chefiada pelos Avós.
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 Além disso, observa-se a importância do profissional da saúde saber identificar Situações e Problemas relacionados a determinados tipos de Estruturas Familiares.
 Famílias Monoparentais freqüentemente são formadas após a morte ou a separação de um dos membros do casal. Este tipo de Estrutura Familiar apresenta problemas que precisam ser resolvidos. Ex: Elaboração do luto da família anterior; Sobrecarga com as tarefas cotidianas do Pai ou Mãe que estiver com a guarda; Necessidade de Apoio/Intimidade do adulto; Fragilização das fronteiras entre diferentes gerações, com retorno à família de origem.
 Famílias em Processo de Separação ocorrem ao longo de varias etapas. Primeiramente surge a decisão de se separar, seguida pela separação de fato, a estabilização das duas novas Famílias Monoparentais que se formam, o divórcio legal, a reorganização da vida dos pais e novos casamentos e reorganizações familiares. 
 Quando um casal se divorcia, quebram-se contratos afetivos e econômicos anteriormente estabelecidos. No entanto, os indivíduos continuam sendo Pai e Mãe dos mesmos filhos, e esta relação não deve ser rompida. 
 Para preservar a capacidade funcional do sistema familiar relacionada ao desenvolvimento dos filhos, e orientar os membros da família que buscam auxílio, é interessante avaliar pontos como o impacto do conflito conjugal na prestação de cuidados à criança por parte dos pais; sinais de depressão em quem manteve a guarda da criança, podendo levar à prestação de cuidados insuficientes, dependência afetiva e abdicação das funções educativas; Utilização dos filhos nas batalhas legais do divórcio; Situações de acusação e desvalorização de um dos progenitores pelo outro, perante a criança; Consentimento da Mãe/Pai biológico para que a criança possa se relacionar com a Madrasta/Padrasto; Participação e apoio das famílias de origem na nova organização familiar.
 É possível observar que muitas das crianças que apresentam comportamento indisciplinado dentro da escola o fazem em resposta a problemas familiares.
 Nas Famílias Estendidas/Ampliadas algumas vezes os Avós acabam assumindo sozinhos as responsabilidades parentais de seus Netos, devido ao abuso de drogas, maus tratos, doenças mentais ou morte por parte dos Pais destas crianças. Normalmente os principais fatores de Stress desta Estrutura Familiar são a idade avançada dos Avós, dificuldades financeiras e a preocupação com os Pais dos Netos.
 
 
 A análise da Dinâmica Familiar se refere à avaliação de características relacionadas aos indivíduos que exercem funções parentais dentro da Família.
 A Natureza da Relação/Relação Conjugal de um casal envolve a execução de duas funções básicas, a Função Conjugal e a Função Parental. 
 A Função Conjugal implica na satisfação das necessidades objetivas e subjetivas de ambos os cônjuges, com provisão de apoio mútuo para o seu desenvolvimento pessoal na forma de amizade, parceria na responsabilidade e tarefas do dia-a-dia na forma de companheirismo e relacionamento sexuale afetivo na forma de relação amorosa. 
 A Função Parental envolve o funcionamento do casal enquanto equipe que cuida das necessidades da prole, implicando em um relacionamento adequado entre pais e filhos de acordo com o estágio de desenvolvimento destes.
 A Relação Conjugal pode ser Vital, Desvitalizada ou Conflituosa.
 Na Relação Conjugal Vital ambos apresentam trocas intensas na relação, manifestando carinho e empatia um pelo outro.
 Na Relação Conjugal Desvitalizada não há demonstração de interesse e intimidade entre os cônjuges, seja pelo desgaste ou simplesmente pela desistência nessa relação. 
 Na Relação Conjugal Conflituosa o enfrentamento e a agressão podem ser constantes, constituindo a base da união e sem alternativas possíveis de resolução. 
 A análise do Padrão de Comunicação Familiar é fundamental, pois determina como os membros da Família se comunicam e se alguém exerce a função de porta-voz na casa. Deve-se verificar a espontaneidade, clareza de expressão e o respeito pela opinião dos membros dessa família. Além disso, muitas vezes o uso do plural em determinadas decisões denota união da família.
 O Clima Emocional de uma família pode ser Afetuoso, Polido, Deprimido ou Hostíl.
 O Clima é Afetuoso quando há expressão de carinho, afeição e otimismo.
 O Clima é Polido quando há certa formalidade em se tratar com os sentimentos.
 O Clima é Deprimido quando a desesperança é o sentimento prevalente.
 O Clima é Hostíl quando há o predomínio da falta de afeto, raiva e agressões constantes.
 
 A Flexibilidade também é um importante conceito, pois determina basicamente a capacidade da família de lidar com Perdas e ou Mudanças. Famílias Flexíveis conseguem enfrentar as crises vitais e acidentais sem negar a existência das dificuldades; Discutem os problemas permitindo que todos os membros possam falar, buscando soluções efetivas. Esse padrão de comunicação faz com que os indivíduos aprendam a lidar com situações difíceis, descobrindo novas formas de organização mais adequadas às novas exigências e necessidades da família.
 Por outro lado, Famílias Rígidas/Pouco Flexíveis enxergam qualquer possibilidade de Perdas e ou Mudança como algo extremamente ameaçador. Além disso, possuem um Padrão de Comunicação Familiar de não dialogar sobre os problemas, impedindo que os indivíduos externem seus sentimentos. 
 
 Famílias que mantém um Padrão Familiar de Comunicação em que os indivíduos são estimulados à falar sobre seus pensamentos, sentimentos e desejos, costumam resultar em membros com elevada capacidade de autonomia e significativa intimidade.
 A Autonomia consiste no sentimento de que cada indivíduo é um ser independente, que pensa, sente e age livremente, e que não depende exclusivamente de vínculos com seus familiares.
 A Intimidade existe quando indivíduos são capazes de trocar pensamentos privados/ profundos e sentimentos. Famílias com Intimidade apresentam Ligações Parentais próximas e fortes; Confiança na família; Individualidade com proximidade. A Empatia é essencial para o desenvolvimento de indivíduos capazes de estabelecer relações íntimas, saudáveis e geradoras de autonomia.
 Existem algumas situações em que as famílias dos pacientes devem ser envolvidas. Ex: Pacientes com doenças orgânicas crônicas; Pacientes que não seguem as orientações médicas; Pacientes que apresentam doenças agudas freqüentes; Pacientes com transtornos psiquiátricos e ou psicossomáticos. 
 O surgimento de Transtornos Psicossomáticos, Emocionais ou Relacionais em um indivíduo podem ser resultados de alguma Disfunção Famiiar Conflituosa, servindo de recurso para a família buscar ajuda e manter a estabilidade.
 
 Somado a isso, é importante que o profissional da saúde esteja atento em relação aos tópicos relevantes para observação durante uma abordagem familiar em domicílio, podendo facilitar o entendimento global da estrutura e funcionamento de cada família visitada. 
 Em relação aos Limites/ Fronteiras de cada indivíduo dentro da família, espera-se que sejam claros e flexíveis, porém podem ocorrer disfuncionalidades quando são muito rígidos ou emaranhados.
 Deve-se observar também quais são os papeis desempenhados por cada indivíduo dentro do Sistema Familiar no domicílio. De acordo com cada Subsistema Familiar é importante que o profissional de Saúde identifique a função de cada um naquele contexto para poder resgatar funções e papéis dos indivíduos, trabalhando no sentido de um cuidado integral, resgatando a funcionalidade da família e extraindo a doença. 
 O profissional precisa estar atento tanto à Comunicaçao Verbal quanto à Comunicação Não Verbal da família. 
 Existem dois tipos de linguagem na Comunicaçao Verbal. No primeiro tipo, cada formulação possui apenas um único sentido, existindo um estímulo para uma única resposta. No segundo tipo, cada mensagem refere-se a um contexto de outras mensagens, deixando de existir estímulos e respostas únicas, passando para estímulos e respostas múltiplas. 
 Deve-se observar também a Transgeracionalidade, avaliando padrões de repetição, segredos e ou rituais que possam estar sendo passados entre as gerações. Ex: Em uma mesma família, tanto a Avó quanto a Mãe e a Neta engravidaram com 15 anos de idade.
 
 Os momentos com o paciente e sua família são preciosos e delicados. A relação construída pode ser rompida se houver desrespeito de hierarquia e crenças familiares. Ao se propor um contato com a família, podem ser levantados obstáculos pelo profissional, quando este não enxerga a necessidade de convocar uma entrevista familiar, ou dificultado pelo paciente, quando este teme perder seu status perante os familiares. A família é a chave para a promoção da saúde, e para estabelecer parcerias com as famílias é necessário melhorar suas respectivas qualidades de vida e da sua comunidade.
 
 Pode-se definir esquematicamente 05 Fases/ Etapas para trabalhar com as famílias: Associação, Avaliação, Educação em Saúde, Facilitação e Referenciamento. A utilização dessas etapas dependerá de cada família e do contexto encontrado. 
 A Fase da Associação é uma etapa essencial para a construção do processo terapêutico. Inicia-se no momento em que um paciente traz ao profissional da saúde uma situação em que a família interfere direta ou indiretamente no processo, podendo haver necessidade de reajustes na estrutura familiar por alterações determinadas por intercorrências clinicas ou sociais.
 Após a construção da Associação, há a necessidade de dar início à Fase de Avaliação do funcionamento do grupo familiar da forma mais objetiva possível. Essa análise tenta explicar as linhas de poder e decisão dentro deste grupo familiar, utilizando recursos internos e externos/comunitários.
 As principais ferramentas utilizadas na Fase de Avaliação: Genograma; Ciclo de Vida Familiar; F.I.R.O. ; P.R.A.T.I.C.E.
 O Genograma é um instrumento gráfico que permite rápida visualização de padrões de repetição de patologias e comportamentos.
 O Ciclo de Vida Familiar identifica situações em que o surgimento de disfunções é mais freqüente, por exemplo, as fases de transição, em que a familia é forçada a renegociar os papéis é onde as doenças se instalam mais facilmente
 O F.I.R.O. (Fundamental Interpersonal Relations Orientations) ocorre através das dimensões de Inclusão, Controle, e Intimidade. Esta ferramenta é utilizada para analisar as relações entre os membros da família, seus papéis na harmonia do grupo e como um problema pode interferir na sua dinâmica.
 O P.R.A.T.I.C.E. segue o seguinte roteiro: Problema apresentado; Papéis; Alerta; Comunicação; Tempo no Ciclo de Vida; Doença na Família; Enfrentamento do Stresse; Ecologia (Suporte/ Contatos Externos)A Fase de Educação em Saúde deve ser baseada na experiência e história das pessoas, provendo a família de informações acerca do processo de Saúde/Doença, incentivando o desenvolvimento do auto-cuidado e de hábitos saudáveis. Partimos do pressuposto de que o adulto somente adquire novos conhecimentos quando estes tem sentido prático em suas vidas. Portanto, quando uma família busca auxílio para lidar com determinado problema, esse é o momento-chave para lhe introduzir conceitos de educação em saúde. No entanto, é preciso ter em mente que as informações devem ser dadas em consonância com a capacidade de percepção e necessidade do paciente, não podendo esquecer das questões culturais envolvidas. 
 Para se estabelecer a comunicação efetiva é essencial a percepção das experiências pessoais de cada indivíduo, adequando-se a complexidade a cada pessoa. 
 Para que seja possível realizar a Fase da Facilitação de Comunicação entre os membros de um grupo familiar, existe a necessidade de se compreender suas relações de poder e a maneira comunicativa vigente no domicilio.
 O Profissional deve realizar a Fase de Referênciamento de uma família ou paciente para um nível de atenção de maior complexidade quando necessário, explicando os motivos e os resultados esperados com este encaminhamento.

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