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5 Da senzala ao soul

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RESENHA 5: 
Da senzala ao Soul. Diretor: Gabriel Priolli e Armando Figueiredo Neto. TV Cultura – SP. 1977. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=Tb8d0K3Hqsc>. Acesso em: 01 dez. 2020. 
Explorando o conteúdo do material:
	O documentário realizado por Gabriel Priolli e Armando Figueiredo Neto do Departamento de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo em 1977 revela muito mais que uma abordagem de notícias do dia a dia, vai além dos limites da abordagem da Quinzena do Negro, proposta inicial, promovida pela da Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia realizada na USP. A filmagem faz o retrato do quadro do pensamento negro no Brasil da época, tratando do problema racial como ponto chave e revelando como a soul (música norte-americana), seus gestos, vestimenta, hábitos; influenciaram a juventude negra na década de 70 e seguintes, servindo como uma rearticulação de um sentimento de pertencimento e orgulho que impulsionou a mobilização política contra todas as manifestações que excluíssem a população negra, de alguma forma, da participação em favor dos direitos raciais. 
	Conforme um dos entrevistados Eduardo O. Oliveira, sociólogo e organizador da proposta da Quinzena do Negro, o objetivo do movimento é trazer o negro para o centro de interesses e preocupações, questionar o que está se fazendo nas ciências sociais em torno das questões raciais, promover o fim da balcanização do conhecimento e desenvolver um trabalho para o negro e não do negro. Dar visibilidade ao trabalho que está se fazendo e ver-se representados por negros em papéis que geralmente não são atribuídos. Ainda conforme Eduardo, os trabalhos realizados até então expõem o negro, e nem sempre este se vê representado por essa exposição. Bem como, não significa na grande maioria dos casos, uma identificação daquilo que é trabalhado com o que o negro se identifica. Por isso, a proposta deste trabalho centra-se na representação negra não apenas para fins se estudos, mas de reconhecimento e identificação social. 
	Uma das abordagens nesse sentido é a dos Bailes de Soul. A organização criada em torno desses bailes é bem característica, uma confraria, seguem uma expressão própria, desde o modo de cumprimentar-se até a forma de vestir-se, conversar, portar-se e, é claro dançar. O que se questionou é porque Soul? Uma influência notória da música americana. Por que não algo da África? Soul, segundo os participantes da entrevista, porque é uma música que leva para frente, que lhe diz respeito, um instrumento de libertação do negro do negro americano, portanto, incorporou o mesmo como identidade de libertação para todos, independente de ser americano ou não. Ela foi eleita como forma de representação, gerando identificação e reconhecimento entre este grupo. 
	Os relatos como de José Márcio Vitor, Djalma Santos, Beatriz Nascimento demonstram experiências de humilhação por causa da cor e da função que exerciam na sociedade. Mas a mensagem que deixam é clara no sentido de saber pertencer à uma sociedade e não deixa-se abater. Não vitimizar, mas buscar superar que história do Brasil tenha sido escrita por mãos brancas, e que a história que negro quer escrever parta de um negro livro, e não apenas da relação com a escravidão. 
	Na reportagem também são demonstrados o foco dado pela imprensa ao longo do tempo para questões raciais que envolviam a participação e a representação negra na sociedade. A mesma projetou o negro para a dança e para o futebol. Ou seja, ou ele dança ou ele joga. Na dança e no jogo o negro era tido como uma espécie de ferramenta que usava apenas o corpo como forma de expressão. E não o pensamento. 
	Outra abordagem destacada na reportagem centra-se nos relatos de quando e como negros sentiram o preconceito e formam assim convidados s discutir a questão racial. Percebemos o quão profundo esta arraigado o preconceito. Visto que alguns entrevistados sequer o reconheciam quando eram excluídos. Adotavam uma postura tímida, disfarçada, submissa. 
	É exatamente um dos objetivos da reportagem, dar visibilidade não só dos negros, mas pra os negros. A busca pela autenticidade. Não há um consenso. Há um alongo caminho de conhecimento de si próprio dentro de uma sociedade heterogênea.

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