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AUXILIAR VETERINÁRIO
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6 - Todos Os Cães Possuem Regiões Do Corpo Idênticas:
• Zona anterior: composta pela cabeça, pescoço e membros anteriores;
• Corpo: composto pelo dorso, rins, caixa torácica e abdome;
• Zona posterior: composto por ancas, membros posteriores e cauda.
1. Trufa
2. Chanfro (zona posterior do nariz)
3. Olho
4. Orelha (pavilhão)
5. Pescoço (região dorsal)
6. Espádua
7. Cernelha ou Garotte
8. Dorso
9. Rim
10. Garupa
11. Cauda
12. Coxas
13. Articulação (joelho)
14. Perna
15. Jarrete (tarso)
16. Metarso
17. Região inguinal (virilha)
18. Prepúcio / 19. Flanco
20. Ventre / 21. Braço
22. Pescoço (zona ventral) / 23. Bochecha
24. Boca / 25. Codilho (cotovelo)
26. Ante-braço / 27. Carpo / 28. Mão (dedos)
29. Unhas / 30. Esterno
31. Ponta da espádua / 32. Peito ou costelas
33. Garganta / 34. Nuca
35. Extremidade das nádegas / 36. Extremidade do cotovelo
8 - Introdução À Anatomia E Fisiologia Animal:
O corpo do cão é descrito por regiões. Cada uma corresponde a um setor anatômico preciso. Encontram-se, assim, definidas 52 regiões que permitem, nomeadamente ao perito de certificação ou ao juiz de exposição, apreciar o espécime apresentado e explicar as decisões tomadas ao seu proprietário.
Cabeça
1. região frontal / 2. r. parietal / 3. r. temporal / 4. r. auricular / 5. r. zigomática / 6. r. orbital / 7. r. intra orbital / 8. r. nasal / 9. r. bucal / 10. r. massetérica
Pescoço
11. r. da laringe / 12. r. da parótida / 13. r. dorsal do pescoço / 14. r. lateral do pescoço / 15. r. ventral do pescoço (r. traqueal) / 16. r. pré-escapular
Tórax:
17. r. interescapular / 18. r. dorsal / 19. r. Lombar / 20. r. da espádua / 21. r. do pré-esterno / 22. r. do esterno / 23. r. das costelas / 24. r. do hipocôndrio
Abdome:
25. r. xifoidiana / 26. r. do flanco / 27. r. umbilical / 28. r. hipogástrica / 29. r. inguinal / 30. r. do prepúcio
Pelve:
31. r. do sacro / 32. r. coccígea ou r. caudal / 33. r. dos glúteos / 34. r. da tuberosidade coxal / 35. r. da tuberosidade isquiática
Membro Torácico:
36. r. da articulação escapulo-humeral / 37. r. do braço / 38. r. bicipital / 39. r. do codilho/ 40. r. do ante-braço / 41. r. do carpo / 42. r. do metacarpo / 43. r. metacarpofalangiana / 44. r. ungiculada
Membro Pélvico:
45. r. da articulação da anca / 46. r. da coxa / 47. r. do joelho / 48. r. póplitea / 49. r. da perna / 50. r. do tarso / 51. r. do metatarso / 52. r. metatarso-falangiana
9 - O Aparelho Locomotor Do Cão E Do Gato:
O esqueleto é a estrutura do cão e do gato. Trata-se de um conjunto de ossos organizados entre si por meio de articulações que podem ser de tipos distintos de acordo com o grau de amplitude entre dois ossos: algumas são totalmente fixas (ossos do crânio), outras permitem movimentos em três dimensões (articulação entre o crânio e a coluna vertebral). A mobilidade do esqueleto é assegurada pelos músculos estriados que, por meio de tendões, se inserem sobre ossos diferentes. A sua contração implica movimentos ao nível das estruturas ósseas, umas em relação às outras, tal como nos movimentos de flexão e extensão.
As contrações musculares são comandadas pelos nervos através do sistema nervoso central: o cérebro e o cerebelo para os movimentos voluntários, a espinal-medula para os reflexos. Os neurônios que tomam parte no comando dos movimentos são designados por neurônios motores em oposição aos neurônios sensitivos que conduzem a informação ao cérebro. O cão possui três a quatro formas de locomoção, com maior ou menor grau de desenvolvimento consoante a raça: passo, trote, galope, passo travado. O cão é um bom saltador e um nadador médio, apresentando sempre variações em função da raça.
O Esqueleto Do Cão:
1. Mandíbula / 2. Face
3. Crânio / 4. Vértebras cervicais
5. Vértebras torácicas / 6. Costelas / 7. Vértebras lombares
8. Íleo / 9. Sacro
10. Vértebras caudais / 11. Ísquio
12. Fémur / 13. Rótula
14. Fíbula / 15. Tíbia / 16. Tarso
17. Metatarso / 18. Falanges
19. Metacarpo / 20. Carpo
21. Rádio / 22. Ulna
23. Esterno / 24. Úmero / 25. Escápula
• O esqueleto. A coluna vertebral, formada por diferentes tipos de vértebras, desempenha o papel de eixo axial na qual se inserem 13 costelas, 10 das quais ligadas pelo esterno, formando a caixa torácica. O crânio articula-se com a primeira vértebra cervical em forma de receptáculo, o atlas. Este articula-se com a seguinte, o axis, em forma de pivot, de tal forma que a cabeça se pode movimentar em volta do eixo formado por estas duas vértebras.
• Os membros posteriores, verdadeiro sistema de propulsão do cão, engrenam-se na bacia ao nível da articulação da anca, estando a bacia, por sua vez, unida à coluna através de um sistema de ligamentos complexos. Os membros anteriores, com um papel menos ativo na propulsão, estão simplesmente ligados à coluna torácica por meio da escápula e músculos adjacentes.
• Os ossos são formados por uma estrutura fibrosa calcificada. Esta calcificação ocorre progressivamente no decurso da vida fetal e durante a fase de crescimento. Esta última fase é muito longa no caso dos cachorros de raças grandes, pelo que se aconselha uma grande prudência em relação aos aportes de cálcio da alimentação para evitar carências e excessos. O cálcio ósseo constitui, ao longo de toda a vida do cão, uma reserva que aumenta ou diminui ao passo que o teor de cálcio sanguíneo permanece constante. O centro dos ossos é constituído pela medula óssea, tecido esponjoso que produz as células sanguíneas.
10 - O Esqueleto Do Gato:
O esqueleto do gato é composto por 279 a 282 ossos, geralmente alongados, esguios e finos, mas muito resistentes.
• Coluna vertebral: 50 a 54 vértebras distribuídas por 5 segmentos ou regiões. Inclui 7 vértebras cervicais, 13 dorsais ou torácicas, 7 lombares, 3 sagradas e 20 a 24 caudais ou coccígeas (cauda);
• Tórax: esterno; 13 pares de costelas, 9 das das quais esternais;
• Cabeça: o osso frontal é extremamente curto e o crânio é volumoso e globular. As fossas temporais e as órbitas são muito extensas. As mandíbulas são fortes e curtas.
1. Mandíbula / 2. Face
3. Crânio / 4. Vértebras cervicais
5. Vértebras torácicas / 6. Costelas
7. Vértebras lombares / 8. Íleo
9. Sacro / 10. Vértebras caudais
11. Ísquio / 12. Fémur
13. Rótula ou Patela / 14. Fíbula
15. Tíbia / 16. Tarso
17. Metatarso / 18. Falanges
19. Metacarpo / 20. Carpo
21. Rádio / 22. Ulna
23. Esterno / 24. Úmero
25. Escápula
11 - As Articulações E Músculos Do Cão:
• As Articulações:
São diferentes de acordo com os movimentos que condicionam: a simples soldadura que impede qualquer movimento (ossos do crânio), a sínfise cartilaginosa que permite um ligeiro movimento entre duas estruturas ósseas (sínfise púbica), a verdadeira articulação em que as superfícies em causa se encontram cobertas por uma cartilagem hialina e por uma cápsula comum às 2 articulações. Esta cápsula recobre uma cavidade repleta por um líquido viscoso, a sinóvia, que desempenha simultaneamente um papel nutritivo e lubrificante para a cartilagem. A cartilagem é um tecido muito frágil, não renovável caso seja destruído, razão que explica a importância dessa dupla proteção sinovial. Frequentemente, a cápsula articular está envolvida por um revestimento fibroso e numerosos ligamentos que reforçam a contenção articular. Caso duas extremidades ósseas não sejam estritamente complementares, pode estar inserido um disco ou menisco cartilaginoso complementar entre as duas superfícies articulares (articulação do joelho).
• Os Músculos:
São constituídos por um conjunto de células contráteis ligadas entre si por membranas que formam feixes musculares. Esses feixes reúnem-se formando tendões fibrosos que se ligam às zonas de inserção óssea. As células contráteis possuem constituintes específicos que lhe vão permitir encurtar-se, situação que produz, à escala muscular, a contração. Esta requer a energia transportada pelo fluxo sanguíneo, armazenada e metabolizada a nível celular. A determinação desta contração é nervosa, designando-se por placamotriz a junção entre a célula nervosa e a célula muscular. Trata-se de um sistema complexo que permite a transformação da informação nervosa em contração muscular. O sistema muscular está assim estreitamente interligado ao sistema circulatório e nervoso, qualquer alteração a nível de um deles implica repercussões imediatas no aparelho locomotor.
Músculos Superficiais Do Cão:
As Articulações E Músculos Do Cão:
As articulações são notavelmente flexíveis e móveis. Os membros conseguem efetuar uma rotação completa sem risco de luxação. O esqueleto é extremamente flexível e a cauda pode assumir todas as posições. Os músculos da cabeça são caracterizados pelo seu grande desenvolvimento, complexidade e interligação com os músculos subcutâneos. Os músculos mastigadores são extremamente desenvolvidos. A região cervical é composta por uma espessa massa muscular que está subdividida em 4 camadas.
Os músculos do abdome são muito desenvolvidos, conferindo à parede abdominal a sua textura carnuda e espessura característica. Os músculos da anca e coxas são bastante fortes. As características específicas dos músculos dos membros são baseadas no número dos dígitos das mãos e dos pés. Os membros possuem músculos rotatórios (de pronação e de supinação: movimentos de rotação de 180¼ da face palmar ou plantar das mãos e pés).
Os membros posteriores, mais fortes que os anteriores, estão sempre preparados para o relaxamento ou propulsão do animal. No caso do gato, a corrida é composta por uma série de saltos longos e rasantes. O gato é um corredor de velocidade e não de distâncias longas. Os seus músculos e garras permitem-lhe escalar e trepar com facilidade. Consegue saltar muito alto e, quando a altura é suficiente, consegue criar sobre as 4 patas.
12 - Músculos Superficiais Do Gato:
Afecções Do Aparelho Locomotor - A Artrose:
Afecção das articulações caracterizada pela destruição progressiva da cartilagem articular associada à formação de osteófitos (pequenos ossos) e de modificações do osso subcondral e da membrana sinovial. É a evolução sistemática de uma articulação dolorosa. Dor, agravada pela umidade e pelo frio. Melhora com o exercício moderado, mas agrava-se sob exercício muito violento. Estes sintomas representam o estágio 1. O estágio 2 é caracterizado por episódios agudos, como ganidos e supressão de apoios. A doença evolui para o bloqueio total da articulação acompanhado por uma diminuição da dor (estágio 3).
As Artrites:
São inflamações da articulação. Podem ter diferentes origens: sépticas, com a presença de um microorganismo infeccioso na articulação (a inoculação do microorganismo na articulação pode, por exemplo, ocorrer por ocasião de dentadas), ou estéreis, podendo ser imunológicas (poliartrites, as mais freqüentes) ou não. A artrite séptica é caracterizada por uma inflamação (vermelhidão, calor, tumefação, dor) com inchaço nítido e eventualmente supressão de apoios. Pode atingir uma ou várias articulações que são mais frequentemente as grandes articulações ou as articulações intervertebrais. As poliartrites apresentam os mesmos sintomas, sendo algumas, no entanto, mais específicas de uma raça.
A Displasia Coxo-Femural:
Trata-se de uma afecção congênita, de caráter hereditário contestado, caracterizada por um desenvolvimento anormal da articulação coxo-femural, que tem como conseqüência uma má imbricação do fêmur na cavidade articular do quadril. É mfreqüente nos cães grandes e tem desenvolvimento rápido (Terra-Nova, Labrador, Pirinéus, Pastor Alemão).
A primeira fase, dominada pela dor, é observada nos cães em fim de crescimento. Pode ser suspeitada nos seguintes casos: marcha anormal desengonçada dos posteriores, posição em X dos posteriores vistos por trás, recusa em trotar; galope de lebre: o cão não desenvolve o movimento de flexão-extensão característico; recusa do salto; coxear constante; dor à manipulação forçada em flexãoextensão. A segunda fase ocorre por volta dos 3 anos de idade: existem os mesmos sintomas, exacerbados pela artrose.
13 - A Pele Do Cão E Do Gato:
A pele, no sentido mais puro, representa o limite entre o organismo e o meio exterior. Inclui duas estruturas: a pele, no sentido estrito, ou seja, a estrutura queratinizada e os seus anexos (pêlos e diversas glândulas).
Estrutura Da Pele:
A pele possui uma estrutura queratinizada. Podem distinguir-se 3 níveis na espessura da pele:
A Epiderme:
Composta por uma camada basal, constituída por células em divisão e células produtoras de melanina (pigmento responsável pela cor da pele); uma camada clara (duas a três camadas celulares) muito espessa ao nível da trufa e das almofadinhas. Trata-se de células resultantes de divisões anteriores e de macrófagos (responsáveis pela eliminação dos elementos estranhos); de uma camada granulosa em que as células se aplanam; de uma camada córnea composta por células muito planas sem núcleo, contendo uma quantidade considerável de queratina; uma camada superficial onde se situam as células de descamação.
A Derme:
Separada da estrutura anterior por uma lâmina basal e que representa uma camada espessa da pele: 1,3 mm no dorso até 2,5 mm nas almofadinhas. Contém fibras elásticas e colágeno que asseguram a elasticidade e a resistência a pele.
A Hipoderme:
Que forma a camada mais profunda, rica em adipócitos (células gordas ou lipídicas). Apenas a derme e a hipoderme são vascularizadas e inervadas, atuando como receptores das informações provenientes do exterior e do interior.
Os Anexos Da Pele:
São compostos por diversas formações:
• Os folículos pilosos, constituídos por um pêlo e sua respectiva bainha, uma glândula sebácea e um músculo eretor, responsável pelo eriçar do pêlo.
• As glândulas sudoríparas: as apócrinas, situam-se na derme profunda e o seu canal desemboca a jusante da glândula sebácea. Estão presentes em todo o corpo. As exócrinas, localizam-se na junção da hipoderme e da derme profunda. Encontram-se, apenas, sobre as almofadinhas plantares e a trufa. Os seus respectivos canais desembocam ao nível da epiderme independentemente do folículo piloso.
• As outras glândulas compreendem as glândulas anais, que servem para a marcação territorial, e as glândulas supra-caudais, situadas sobre a base da cauda.
Afecções Mais Comuns Da Pele - Alergias Cutâneas:
São fenômenos de hipersensibilidade de expressão cutânea que ocorrem em animais sensíveis. O alérgeno pode penetrar no organismo por quatro vias: a inalação (pode então provocar uma atopia urticária), a ingestão (provoca uma alergia alimentar, medicamentosa, urticária), através da pele (alergia por contacto) ou a via parenteral (caso das dermatites por alergia à picada de pulga – DAPP -, injeções de medicamentos ou urticária).
Alopecias:
São definidas como uma perda anormal de pelos, deixando aparecer a pele. Podem ser: localizadas, regionais, gerais, bilaterais e simétricas e não simétricas. Existem vários tipos de alopecias conforme a sua origem:
• Reversíveis: podem ser: de origem endócrina não ligada ao sexo (hipertiroidismo, síndrome de Cushing, síndrome de Cushing iatrogênicas, nanismo hipofisário), ligada ao sexo (disfunção endócrina de origem ovariana ou testicular: sertolinoma, síndrome feminilizante dos machos); devidas a uma infecção bacteriana (piodermite) e fúngica; resultado de afecções parasitárias: sarna (sarcóptica), demodécica, queiletielose, trombiculose, pulicose, DAPP, leishmaniose; ou de origem pouco conhecida: acantose pigmentar, seborréias, dermatites piotraumáticas.
• Irreversíveis: Podem ser hereditárias: alopecia congênita do cão, alopecia mutante de cor (Doberman, Setter, Chow-Chow); ligadas a um processo necrosante: agente físico e químico, piodermite profunda, micose profunda, lúpus eritematoso disseminado ou discoide, doença de Lyell, de tipo neoplásico.
Dermatite Atópica:
Trata-se de uma dermatite pruriginosa alérgica, de predisposição hereditária, causada por alérgenos inalados (pólen, poeiras, escamas). Manifesta-se em animais com 1 a 3 anos de idade nas raças Terrier, Dálmata, Setter irlandêse Pequinês e apresenta um caráter sazonal.
Dermatite De Contato:
É uma reação inflamatória da pele causada pelo contato direto com uma substância irritante (sabão, detergente, solo, inseticidas, ácidos, alcatrão, gasolina) ou alergênica (depois de contactos repetidos, ocorre o aparecimento local de uma dermatite nas regiões de contacto. Ex.: vegetais, lã, tapetes sintéticos, plástico, coleira inseticida, cobertores).
Dermatite De Lambedura:
Esta dermatite é causada por lambidela das patas. É típica das grandes raças, muito ativas, que ficam sós durante o dia.
Dermatite Por Picada De Pulgas (DAPP):
É provocada pela presença de pulgas na pelagem e cuja picada leva a uma hipersensibilização do tegumento do animal à saliva do inseto. As regiões do pescoço, dorso-lombar, abdominal e a cauda são as mais atingidas.
Seborreias:
Manifesta-se sob a forma de uma afecção cutânea caracterizada por uma produção anormal de sebo pelas glândulas sebáceas dos folículos pilosos e escamação exagerada. Muitas vezes é secundária a uma dermatose (demodicose, sarna). Pode ser primária nos Cockers, Épagneuls, Terriers ingleses e Pastores alemães. Com freqüência, há um desequilíbrio hormonal (genital na fêmea) que é a causa determinante. Principais sintomas: Aspecto gorduroso e escamoso da pele. Odor de ranço característico. Prurido ausente a moderado. Evolução crônica, podendo complicar-se por uma infecção bacteriana ou parasitária.
As Sarnas:
A sarna do cão é uma doença de pele causada por um pequeno ácaro microscópico chamado Sarcoptes Scabiei. O parasito cava túneis nas camadas mais profundas da pele causando intensa coceira, o sintoma mais conhecido da sarna tanto em humanos como em animais. Mas é claro que nem todo prurido (coceira) significa sarna Os ácaros penetram na camada mais profunda da epiderme, denominada germinativa, responsável pela regeneração da pele, perfurando-a e revestindo-a com queratina, fazendo com que se crie uma parede cornificada, provocando assim esfoliação das camadas superiores.
Novas camadas de camada córnea são geradas em reação defensiva frente aos ácaros, Como resultado há uma maior vascularização da epiderme com conseqüente rubor e calor, que se detecta como uma inflamação. Os parasitos carregam consigo germes que são os causadores das infecções secundárias que se estabelecem no local, e que põe em alerta as defesas naturais do organismo do cão, que passa a combater não apenas um invasor parasita, mas também a bactéria ou fungo, o que complica ainda mais o quadro clínico. Além da coceira, que pode ter tão intensa que faça com que o animal pare de comer pelo estresse, a sarna causa perda de pelos, descamações e crostas na cabeça, orelhas e patas, podendo alastrar-se para todo o corpo do animal, se não for tratada.
No gato, a sarna é causada por um outro ácaro, o Notroedis cati. Os sintomas são praticamente os mesmos que nos cães, porém, encontramos lesões principalmente na cabeça e orelhas. O ácaro pode também infestar outras espécies como o cão, o coelho, o burro e ainda o Homem. A sarna notoédrica é altamente contagiosa, quase sempre por contacto direto. À semelhança do Sarcoptes scabiei (sarna canina), este ácaro resiste alguns dias no ambiente fora do hospedeiro.
Desta forma, as camas e os utensílios de limpeza (escovas, pentes, tosquiadoras...) podem ser fontes de contágio. Os animais podem pegar sarna no contato direto com outros cães ou gatos doentes, ou pelo contato indireto através de cobertores, roupinhas, toalhas, escovas, etc., contaminados. Por isso, no tratamento da doença, é importante não apenas tratar o animal, mas também os objetos usados por ele, lavando-os com água quente e, se possível, passando a ferro em temperatura alta.
A escabiose não deve ser confundida com demodicose ou sarna negra. Essa última é causada por outro agente, o Demodex canis, não é transmissível de um animal para outro, mas sim da mãe para o filhote. Enquanto a escabiose pode ser tratada, a sarna negra não tem cura, mas controle.
Caso não seja devidamente tratada, além de causar queda de pelos generalizada, pode levar à morte, pela infecção secundária que se estabelece na pele do animal causada por entidades patogênicos encontradas inclusive na terra ou pelagem dos próprios animais, agravada ainda pela comichão intensa que provoca, levando a escoriações causadas pelas unhas do próprio animal.
A sarna demodécica não é contagiosa para o homem, não havendo necessidade de maiores cuidados por parte das pessoas que com o animal doente tenham tido contato. Uma dúvida frequente é sobre a possibilidade dos animais passarem a sarna para o homem. Embora exista um tipo de ácaro da escabiose para cada espécie (cães, gatos, homem, etc.), a sarna dos animais pode, eventualmente, contaminar as pessoas também.
As lesões de sarna no ser humano se manifestam como pontos avermelhados nos braços e tórax, justamente as áreas onde as pessoas têm contato direto com os animais quando os carregam. A coceira é o sintoma característico e esse tipo de sarna no homem tem tratamento fácil, na maioria das vezes. Para diagnosticar a sarna é preciso raspar as lesões da pele do animal, especialmente as áreas com descamações. Ao microscópico, esse raspado de pele irá revelar ácaros ou seus ovos.
Muitas vezes as lesões da pele e o histórico são tão característicos de sarna que nem é necessário o exame. Porém, a escabiose pode ser confundida com algumas dermatites que também causam coceira, como as alergias. Assim, antes de iniciar um tratamento contra sarna, o veterinário deve ser consultado para confirmar se realmente trata-se dessa doença.
As Micoses:
Alguns tipos de fungos são os causadores de micoses, tanto no homem quanto nos animais. Esses fungos podem viver no solo, nas plantas ou na pele. Mesmo sendo tão facilmente encontrados, os fungos só irão causar micoses na presença de condições especiais como baixa resistência do organismo. Assim, numa mesma casa com vários animais, um deles pode apresentar micose em vários locais do corpo e os outros não. A micose mais conhecida e comum nos animais é causada por um fungo denominado Microsporum. Popularmente, essa micose é conhecida por tinha. Ela é transmissível ao homem, porém, da mesma maneira que nos animais, a pessoa só será afetada se estiver numa condição de baixa resistência. Cães e gatos podem apresentar micose em qualquer local da pele.
Ela se inicia com uma crosta que, ao ser retirada, revela uma lesão arredondada, sem pêlos, em formato moeda (pode ser irregular também). As micoses de pele geralmente não causam coceira, porém, alguns animais desenvolvem alergia ao fungo e passam a coçar e morder o local afetado. O diagnóstico é feito pelo aspecto da lesão e/ou por raspados de pele que vão revelar a existência de fungos. No caso de uma lesão isolada, o tratamento é feito com cremes ou pomadas aplicadas no local (tópicas). Mas há animais que apresentam lesões espalhadas pelo corpo todo. Nesses casos, e nas vezes em que só a medicação tópica não foi suficiente, fazemos uso dos antimicóticos por via oral. Normalmente as micoses são tratadas com facilidade e os pelos começam a crescer em 15 ou 20 dias. Casos resistentes requerem a mudança de tratamento, associação de medicamentos por via oral ou cultura de fungos. Animais que constantemente apresentam micoses podem recorrer a vacinas específicas.
14 - O Sistema Nervoso:
O sistema nervoso recolhe as informações provenientes do exterior ou produzidas pelo organismo, o que se dá o nome de estímulos. Liberta também impulsos que vão determinar a contração dos músculos voluntários e involuntários (os músculos do esqueleto que controlam os movimentos e os que fazem parte das vísceras, a secreção das glândulas). O sistema nervoso é composto por células exclusivamente nervosas, os neurônios e células de suporte que as envolvem e que formam a neuróglia.
Os neurônios podem funcionar como receptores quando recebem um estímulo, ou emissores quando enviam impulsos nervosos, ou ainda atuar em associação quando estabelecem uma relação entredois neurônios diferentes. As diferentes fibras nervosas caracterizam-se pela sua excitabilidade e condutividade. A velocidade de condução da periferia para o cérebro e vice-versa é aproximadamente de 30 m/segundo. Os reflexos consistem numa transformação direta, através do sistema nervoso geral, de uma informação sensitiva externa ao sistema nervoso para o interior, numa informação motora, secretora ou inibidora, que parte do sistema nervoso até ao órgão implicado no reflexo em causa; tudo isto se processa num espaço de tempo relativamente curto.
O Sistema Nervoso Central:
É composto pelo cérebro, cerebelo, bolbo raquidiano (na cavidade craniana) e espinalmedula. Para além da proteção óssea que o envolve, o sistema nervoso central está recoberto por três membranas: a dura-máter, em contacto com o osso, o aracnóide e a pia-máter em contacto direto com o tecido nervoso. Esta proteção que funciona tanto em relação a choques como a agressões internas (existe uma barreira entre o sangue e as meninges designada por barreira hematomeníngica resistente a diversas substâncias) é justificada pelo fato dos neurônios serem células não renováveis. Qualquer lesão é assim irreparável.
• No cérebro estão sediados diferentes centros: motor, sensitivo, visual, auditivo, olfativo e gustativo. É o centro da memória e da associação.
• O cerebelo é a sede do equilíbrio e da coordenação de movimentos.
• A espinal-medula constitui um importante centro de reflexos, tal como o bolbo raquidiano (vômito, salivação...) que é também o centro do automatismo respiratório, cardíaco e dilatador/constritor dos vasos sanguíneos.
O Sistema Nervoso Periférico:
É constituído pela reunião das fibras nervosas em nervos que se ramificam simetricamente para uma posterior distribuição pelo conjunto do corpo. Conduzem assim a informação sensível da periferia para os centros de integração do sistema nervoso central: os nervos sensitivos; ou então transportam os impulsos gerados pelo sistema nervoso central até ao órgão alvo: os nervos motrizes. Diversos nervos são mistos e compreendem simultaneamente fibras sensíveis e motrizes.
O Sistema Nervoso Vegetativo:
Tem na sua origem uma cadeia de gânglios nervosos situados de ambos os lados da coluna vertebral. Controla as funções vegetativas de organismo, cujo funcionamento não é comandado pelo sistema nervoso central ou periférico. Subdivide-se em dois sistemas: os sistemas simpático e parassimpático que possuem ações opostas, consoante o caso, ativadoras ou inibidoras das funções de um determinado órgão. Por exemplo, o sistema parassimpático ativa o trânsito intestinal enquanto que o sistema simpático o inibe. O sistema nervoso participa em numerosas afecções e interações medicamentosas. Os danos podem ser muito variados e exigem um bom domínio do tema.
As Convulsões:
O termo convulsão refere-se ao distúrbio paroxístico (ataque súbito) involuntário do cérebro, geralmente manifestando-se como uma atividade muscular descontrolada. Epilepsia refere-se à recorrência ou repetição das convulsões, particularmente se a causa fundamental não pode ser identificada (epilepsia idiopática). As convulsões caracteristicamente são não precipitadas, estereotipadas e cessam espontaneamente. Portanto, a epilepsia é uma enfermidade funcional do cérebro caracterizada por convulsões tônico-clônicas, periódicas, recorrentes geralmente de breve duração e aparentemente similar à epilepsia do homem. A epilepsia idiopática foi descrita em muitas espécies, mas com grande freqüência nos cães, principalmente nas raças Cocker Spaniel , Beagle, Pastor Alemão, Setter Irlandês, etc. Animais com epilepsia frequentemente tem uma história de nervosismo e desorientação antes da convulsão. Esta fase pré-ataque é seguida pelas próprias convulsões, que normalmente duram de 1 a 2 minutos e se caracterizam pela perda ou perturbação da consciência, pelo olhar fixo, pela alteração do tono muscular, movimentos dos membros (tonico-clonicos) e alguns animais também apresentam micção, evacuação e salivação. As convulsões podem começar no primeiro ano de vida do cão, mas com maior freqüência no segundo ano. O local de origem das convulsões no cérebro é chamado de foco das convulsões sendo que elas podem ser amplamente divididas em dois grupos: nas formas generalizadas e focal (parcial).
15 - O Sistema Circulatório:
Entende-se por circulação sanguínea o estudo dos vasos (veias e artérias) e do coração, não só no plano anatômico como também fisiológico. A circulação linfática é o sistema de drenagem que auxilia a circulação geral. Na sequência de um desenvolvimento normal, o eixo do coração do cão deve apresentar-se oblíquo em relação ao eixo do corpo, situando-se o coração mais à esquerda do que à direita. O coração é achatado transversalmente, o lado direito em posição cranial (em direção à dianteira do cão) e o lado esquerdo em posição caudal (em direção à traseira). Assim, a base do coração onde estão situados os vasos é simultaneamente cranial e dorsal, enquanto que o ápice é caudal e ventral. A sua área de inserção situase entre a 3° e a 6° costela e o peso varia consideravelmente em função da raça do cão.
O Coração:
Divide-se em quatro grandes compartimentos: o átrio direito que recebe o sangue pobre em oxigênio e envia-o para o ventrículo direito, que o expele em direção aos pulmões; o átrio esquerdo que recebe o sangue dos pulmões rico em oxigênio, envia-o para o ventrículo esquerdo que por sua vez o expele para as diferentes zonas do corpo. No adulto o coração é totalmente compartimentado, não se verificando a mistura entre os sangues rico e pobre em oxigênio, a passagem pelos diferentes compartimentos processa-se graças a válvulas que formam um sistema de “portas”.
Os Batimentos Cardíacos:
Os batimentos cardíacos processam-se segundo um ciclo bem definido. Graças à fraca pressão do retorno venoso e à abertura das válvulas átrio-ventriculares, os ventrículos enchem-se passivamente (estando as válvulas arteriais fechadas), seguidamente a contração dos átrios completa o enchimento: a sístole auricular (ou atrial). Segue-se a sístole ventricular, o ventrículo encontra-se no ponto máximo de enchimento, a pressão intraventricular aumenta, provocando o fechamento das válvulas átrio-ventriculares no início da contração dos ventrículos.
Esta contração vai adquirindo cada vez maior intensidade até ao ponto em que a pressão intraventricular passa a ser superior à pressão das artérias, desencadeando assim a abertura das válvulas arteriais. Finalmente, os músculos cardíacos relaxam permitindo o encerramento das válvulas arteriais: a fase de relaxamento. Os átrios voltam a encher-se, as válvulas átrio-ventriculares abrem-se, os ventrículos enchem-se e tem início um novo ciclo. De fato, durante a auscultação com estetoscópio, o clínico apenas percebe os ruídos provocados por estas diferentes fases.
Os batimentos cardíacos traduzem-se no cão por dois sons: bum - pequeno silêncio – ta - grande silêncio. O bum corresponde a um som longo uma vez que a sua origem é múltipla: encerramento das válvulas átrio ventriculares, entrada do sangue sob pressão nos ventrículos e entrada turbulenta do sangue na raiz dos troncos arteriais mais grossos. O ta corresponde a um som mais breve uma vez que a sua origem é única: o fecho das válvulas arteriais. Ao nível do cão, qualquer ruído suplementar pode ser considerado patológico.
No entanto, graças à utilização de métodos recentes tais como a eletrocardiografia ou a ecocardiografia, os batimentos cardíacos podem ser estudados com maior rigor. A sua interpretação é bastante complexa e deve ser entregue a especialistas. Finalmente, podemos interrogar-nos sobre a proveniência do ritmo cardíaco. De fato, na parede muscular existem 3 tecidos, denominados nodais, compostos por células que podem despolarizar-se lenta e espontaneamente, dando origem a um potencial de ação que se propaga a todas as células cardíacas, provocando assim a contração do coração. É o tecido nodal situado ao nível dos átrios que impõe o seu ritmo,desempenhando assim a função de “marcapasso” do coração.
O ritmo cardíaco pode ser modificado por diferentes fatores, quer externos (percepção de um objeto estressante...) quer internos, possuindo uma ação sobre os trajetos nervosos compostos por fibras aceleradoras ou moderadoras. De igual forma, o pulmão e os gases sanguíneos vão influir na freqüência cardíaca por meio de baroreceptores situados na curva aórtica. O excesso de oxigênio conduz à diminuição do ritmo cardíaco enquanto que o excesso de gás carbônico possui um efeito acelerador.
16 - As Artérias E Veias:
O coração desempenha apenas o papel de propulsor mas são os vasos sanguíneos que transportam o sangue até aos órgãos. Do ponto de vista anatômico, designam-se por artérias os vasos que saem do coração (quer o sangue seja rico ou pobre em oxigênio) designando-se por veias os que regressam ao coração. Estas últimas comportam pequenas válvulas que proporcionam ao sangue uma pressão fraca mas indispensável à circulação. É por este motivo que, quando se corta uma artéria o sangue jorra em jatos, enquanto que no caso de uma veia o derrame se processa de forma contínua.
A aorta, grande artéria cujo sangue se apresenta enriquecido em oxigênio, parte da zona esquerda do coração em direção à zona anterior do animal. Curva-se rapidamente, formando o arco da aorta, tomando então a direção da zona posterior. Imediatamente antes da curvatura, encontra-se o início do tronco braquiocefálico (que vasculariza a cabeça e os membros anteriores) assim como a artéria subclávia esquerda com destino ao tórax. Seguidamente a aorta passa pelo abdome para irrigar todos os órgãos e membros posteriores através da ramificação em artérias progressivamente de menor calibre.
Uma vez chegado ao músculo ou ao órgão, a artéria divide-se num feixe de arteríolas, artérias que permitem a distribuição do oxigênio e que em troca retiram o dióxido de carbono. O sangue volta a sair por vênulas que confluem numa veia de pequeno calibre. Todas estas pequenas veias partem então em direção à veia cava cranial na zona anterior do corpo ou à veia cava caudal na zona posterior. Estas duas veias trazem o sangue de volta ao lado direito do coração que o propulsiona seguidamente, através do tronco pulmonar, em direção aos pulmões onde o sangue se liberta do gás carbônico. Regressa ao coração pelas veias pulmonares para retomar a aorta: e o círculo encerra-se.
A Circulação Linfática Do Cão E Do Gato:
Trata-se de um sistema de drenagem que retira a linfa da circulação geral (sanguínea). Os vasos são igualmente valvulados aglomerando-se com intervalos reduzidos para atravessar a linfa em dois grandes troncos coletores: o ducto torácico e o ducto linfático direito. Os vasos em si são pouco visíveis, no entanto são facilmente detectáveis os linfonodos linfáticos (ou gânglios) que filtram a linfa da mesma região. O seu número é relativamente considerável, alguns são superficiais e palpáveis, outros profundos (nas grandes cavidades) e apenas podem detectados por via da radiologia ou ecografia.
Na maioria dos casos a sua hipertrofia reflete uma inflamação ao nível da região de drenagem, razão que justifica a importância da palpação durante o exame clínico. Trata-se também de um local de passagem privilegiado das células cancerígenas ao transitar de um órgão para outro, explicando-se assim que se proceda a extirpação dos gânglios quando se faz a ablação de um tumor para limitar a extensão da doença.
17 - Afecções Cardíacas De Cães E Gatos:
Cardiomiopatia dilatada As cardiomiopatias referem-se às afecções do miocárdio (músculo cardíaco) e são frequentemente de origem desconhecida. A cardiomiopatia dilatada é caracterizada por uma dilatação dos ventrículos, agravada por uma diminuição das capacidades contráteis do coração, que levam a uma falha na ejeção do sangue. Atinge principalmente os cães adultos de grande porte, especialmente das raças Doberman, Boxer e Cocker.
De surgimento rápido nos cães relativamente jovens (aproximadamente 5 anos), pode-se suspeitar desta doença quando há o aparecimento de uma tosse principalmente noturna cada vez mais forte, dificuldades respiratórias (aumento da frequência respiratória discordância: não sincronismo dos movimentos respiratórios torácicos e abdominais), cianose (a língua fica azul) e emagrecimento.
Insuficiência Mitral:
Pertence às insuficiências cardíacas que acometem a parte esquerda do coração. A insuficiência cardíaca define-se como uma diminuição da função de bombeamento do coração provocando o aparecimento de efeitos secundários graves. No caso de insuficiência mitral, é a válvula mitral entre a aurícula e o ventrículo esquerdo que se encontra lesada. O refluxo de sangue no átrio esquerdo leva ao aparecimento de um edema pulmonar. De acordo com a sua extensão, este edema caracteriza-se por uma tosse principalmente noturna, depois cada vez mais forte, dificuldades respiratórias visíveis apenas durante o esforço e depois espontâneas, crises significativas de asfixia, sintoma de um edema pulmonar agudo, cianose durante o esforço e, nos casos mais graves, uma síncope. Conforme a gravidade, os exercícios do cão deverão ser encurtados ou até limitados a saídas higiênicas. Se esta afecção for diagnosticada logo no início, o tratamento instaurado pelo Médico Veterinário poderá retardar o agravamento dos sintomas.
O Sangue:
O sangue é um líquido viscoso, heterogêneo, composto por uma parte líquida o plasma e uma parte globular formada pelos glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos e plaquetas. Possui uma dupla função: transporte e defesa. Permite o transporte de:
• Gases respiratórios, como o oxigênio e o dióxido de carbono;
• Metabólitos celulares;
• Resíduos produzidos pelas células;
• Substâncias que regulam a atividade celular, como hormônios;
• Calor, entre as zonas de produção e as de eliminação.
O sangue desempenha também um papel fundamental na defesa do organismo. Graças às propriedades de hemeostase e de coagulação, as hemorragias são estancadas em caso de ruptura da parede interna de um vaso sanguíneo. Algumas células, como os macrófagos, desempenham um serviço de limpeza, removendo todos os resíduos de origem interna ou invasores externos. Finalmente, o sistema imunitário permite detectar todos os elementos estranhos memorizados e reconhecidos, eliminando-os com maior eficácia.
Os Glóbulos Vermelhos:
Com um formato discoide, os glóbulos vermelhos ou hemácias contém hemoglobina, uma proteína composta por ferro e que transporta oxigênio. Caracterizam-se por possuir paredes muito elásticas, o que lhes permite atravessar os vasos capilares, por mais estreitos que sejam. O seu tempo médio de vida é de 2 meses. Após a sua destruição por células especializadas, a hemoglobina transforma-se num pigmento, a hemoglobina transforma-se num pigmento, a bilirrubina, que por sua vez é transformada e eliminada através da bílis e urina, o que lhes confere uma coloração amarela ou verde.
Os Glóbulos Brancos:
Os glóbulos brancos ou leucócitos atuam simultaneamente na limpeza e no patrulhamento organizado contra os invasores. Com efeito, são compostos por diferentes tipos celulares especializados que cooperam ativamente na troca permanente de informações, graças a mensageiros químicos denominados citocinas. Conseguem detectar todos os elementos estranhos e resíduos, destruindo, envolvendo e digerindo-os. Estão dotados de uma grande capacidade de aprendizagem a função imunitária - que lhes permite reconhecer com maior eficácia um elemento já anteriormente detectado (antígeno), atacando-o graças à presença de anticorpos específicos. A vacinação tira partido desta capacidade de memória.
As Plaquetas:
São pequenas células que entram em atividade logo que surge um elemento estranho no sangue, ou ao entrarem em contato com o tecido conjuntivo, no local de uma pequena ruptura vascular. Possuem a capacidade de aderirem a essa área, onde rapidamente se aglomeram, formando uma espécie de tampão. Simultaneamente, os vasos contraem-se localmente e a hemorragiaé estancada. Este processo é conhecido por hemostase.
Os Elementos Do Sangue:
1. Plaquetas
2. Leucócitos
3. Hemácias
18 - A Respiração:
A respiração é a função que permite ao organismo fornecer oxigênio às células e tecidos e, simultaneamente, eliminar o dióxido de carbono (trocas gasosas). O aparelho respiratório divide-se em duas partes: o aparelho respiratório superior e o inferior.
Aparelho Respiratório Superior:
É constituído pelas cavidades nasais, nasofaringe, laringe e traquéia. As cavidades nasais estão situadas no chanfro e na fronte do cão e abrem-se para o exterior através das narinas que, por sua vez, se encontram na trufa. Dotadas de uma estrutura cartilaginosa, evidenciam uma boa abertura e permitem a entrada de ar.
As Cavidades Nasais E A Nasofaringe:
As cavidades nasais no seguimento das narinas são constituídas por cornetos e seios nasais. São separadas por um septo ósseo médio cujos ossos se apresentam enrolados sobre si mesmos (cornetos). A mucosa que os recobre é bastante extensa o que permite amplificar o seu papel: ricamente vascularizada, aquece o ar saturando-o de vapor de água. Além disso, as glândulas nasais nela contidas segregam um muco que capta as partículas agressivas do ar (pó, micróbios...). Outra parte da mucosa, a olfativa, permite ao cão a percepção dos odores. Após a passagem nas cavidades nasais, o ar é encaminhado pelas cóanas, para a nasofaringe situada no final da boca. Encontra-se, agora, a uma temperatura praticamente idêntica à do organismo e liberto das suas impurezas.
A Laringe:
O ar prossegue o seu trajeto até aos pulmões pela laringe e traqueia. A laringe é constituída por quatro cartilagens (cricóide, tiróide, aritenóide e epiglote) e está ligada aos ossos do crânio pelo osso hioide. Um conjunto de músculos permite a mobilidade das cartilagens umas em relação às outras. Assim, a laringe abre-se para a respiração e fecha-se quando o cão deglute evitando a passagem dos alimentos para a traqueia, caso empreendessem a via errada. Modula, também, o débito de ar fechando-se em maior ou menor grau. A laringe comporta, também, as cordas vocais que vibram por meio da passagem de ar, emitindo sons: rosnados, latidos.
A Traqueia:
É um tubo comprido constituído aproximadamente por 40 anéis cartilaginosos fechados por um músculo traqueal. Conduz o ar da laringe (na garganta) até aos brônquios (no tórax). A contração do músculo traqueal diminui o diâmetro da traquéia, modulando consequentemente o débito de ar ou evitando a sua dilatação excessiva em caso de tosse, por exemplo.
O Aparelho Respiratório Inferior:
É composto pelos brônquios e pulmões situados no interior da cavidade torácica da qual se encontram separados pela pleura. O tórax do animal está delimitado, lateralmente pelas costelas e, na zona posterior, pelo diafragma. Os pulmões estão separados da parede costal pela pleura que define a cavidade pleural. Mantém-se, assim, sempre cheios de ar. Os pulmões do cão estão divididos em 7 lobos: 3 à esquerda (lobo apical, médio e diafragmático) e 4 à direita (lobo apical, médio e diafragmático e acessório).
Os brônquios dividem-se e asseguram a condução do ar até aos alvéolos pulmonares: o número de brônquios é idêntico ao dos lóbulos pulmonares. Dividem-se, seguidamente, em bronquíolos de calibre progressivamente menor
A Hematose:
Os pulmões são, também, amplamente vascularizados de forma a permitir as trocas de oxigênio e dióxido de carbono (hematose) numa grande superfície. A hematose designa o conjunto de trocas gasosas entre o ar alveolar e o sangue. Resulta de fenômenos puramente passivos, envolvendo os gradientes da pressão parcial dos gases entre o ar e o sangue. O oxigênio, mais concentrado nos alvéolos do que no sangue, passa do ar para o sangue.
O dióxido de carbono segue o caminho inverso. A única forma que o animal tem de agir sobre essas mudanças é fazer variar as pressões parciais, modificando o débito de ventilação. Qualquer aumento do débito de ventilação (hiperventilação) acelera a renovação do ar alveolar, aumentando as trocas gasosas. Os receptores localizados nas artérias carótidas e na aorta analisam permanentemente a composição do sangue arterial, adaptando a ventilação a qualquer variação, de forma a manter sempre os mesmos níveis de pressão parcial de oxigênio e dióxido de carbono.
Afecções Respiratórias - A Broncopneumonia:
É uma inflamação purulenta dos bronquíolos e dos alvéolos pulmonares adjacentes. Conduz à produção de toxinas e a uma impossibilidade de drenagem pelos bronquíolos, que são destruídos. Principais sintomas: Dificuldades respiratórias com aumento da freqüência respiratória; sopro labial (os lábios levantam-se quando o cão expira); pequena tosse curta, dolorosa e violenta, febre com hipertermia irregular e abatimento acentuado, eventual afecção cardíaca
O estado geral do cão requer uma consulta veterinária. Evitar as atmosferas secas e as mudanças bruscas de temperatura que agravam as dificuldades respiratórias. Da mesma forma, é preferível fracionar a ração do cão, ou seja aumentar o número de refeições diminuindo as quantidades. Isto permitirá melhorar o estado geral de saúde. Se o cão ficar muito tempo deitado, é preciso virá-lo de vez em quando para evitar a estagnação dos líquidos no mesmo lado dos pulmões.
A Paralisia De Laringe:
É uma diminuição do orifício da laringe, que provoca dificuldades respiratórias e uma respiração ruidosa. A intensidade dos sintomas varia caso a paralisia atinja um lado da laringe (cão de guarda preso, cirurgia) ou os dois (Bouviers, Bull-Terriers, animais idosos braquicéfalos, origem neurológica). Em alguns casos basta uma intervenção cirúrgica para obter resultados.
19 - O Sistema Digestivo:
Graças à digestão, o animal dispõe de nutrientes (moléculas diretamente utilizáveis pelas células) enquanto ingere alimentos com uma natureza molecular demasiado complexa para serem simultaneamente absorvidos pelo intestino e utilizados pelas células. Por conseguinte, o tubo digestivo do cão e do gato está totalmente direcionado para a simplificação molecular dos alimentos (carboidratos, lipídeos, proteínas) e a absorção dos nutrientes. Divide-se em três seções anatômicas: a primeira- ingestiva é formada pela língua, dentes, glândulas salivares, faringe e esôfago; a segunda digestiva - compreende o estômago, intestino delgado, intestino grosso e as glândulas anexas (fígado e pâncreas); a terceira nevacuação - engloba a extremidade do intestino grosso e o canal do ânus.
A Ingestão Dos Alimentos:
• A boca. O cão abocanha os alimentos para seguidamente os ingerir. Tal como todos os carnívoros, os dentes dos canídeos possuem um papel específico em termos da mastigação. Atualmente, quer a alimentação do cão seja caseira ou industrial, o animal limita-se a engoli-la sem ter de efetuar uma pré-mastigação mecânica. As glândulas salivares - em número par - libertam a saliva na cavidade bucal; os seus componentes aquosos e mucosos humidificam os alimentos e facilitam o seu trânsito no esôfago. No momento da deglutição, a língua empurra os alimentos em direção à orofaringe, a epiglote fecha-se (evitando assim que estes transitem para a traquéia) e os alimentos são conduzidos para o esôfago.
• O esôfago. A chegada da refeição e as contrações musculares do esôfago conduzem os alimentos através do tórax e diafragma até ao estômago passando por uma região deste último designada por cárdia.
A Digestão Do Alimento:
Os alimentos são constituídos por três tipos de moléculas: os glicídios, as proteínas e os lipídios. A digestão de cada um destes grupos implica a atividade de mecanismos e enzimas diferentes situados em lugares distintos do tubo digestivo. Será interessante referir, neste ponto, as diferenças que se prendem com o formato do cão: assim, o tubo digestivo de um cão de raça pequena representa 7% do seu peso corporal, este valor é aproximadamente 3% no caso de um cão de raça grande, circunstância que o torna globalmente mais “frágil” do ponto de vista digestivo.
O Estômago:
Situa-se na zona esquerdada cavidade abdominal, por trás das abas costais, ultrapassando ligeiramente o esterno. O seu volume é considerável comparativamente ao do intestino devido ao regime alimentar carnívoro do cão. Quando o animal termina a refeição, o seu volume aumenta: totalmente dilatado, pode chegar a ocupar metade da cavidade abdominal. No estômago, os alimentos são submetidos a uma digestão simultaneamente mecânica e química. As contrações das túnicas musculares produzem uma agitação que dá origem à mistura dos alimentos com o suco gástrico, verificando-se, então, uma importante digestão química.
O Intestino Delgado:
O quimo (alimentos parcialmente digeridos) é seguidamente propulsionado pelo piloro em direção ao duodeno, a primeira parte do intestino delgado. No entanto, o intestino é frágil e o esvaziamento gástrico processa-se lentamente, controlado, simultaneamente, pelo piloro e pela zona inicial do duodeno.
As Glândulas Digestivas:
O conjunto do bolo digerido transita, então, para o intestino delgado onde é submetido à seqüência da digestão química por intermédio das secreções pancreáticas e hepáticas libertadas no duodeno pelos canais secretores.
O Pâncreas:
E um órgão bastante alongado, em forma de V, nos carnívoros. Esta glândula é constituída por um conjunto de células denominadas ácinos, que produzem e libertam as enzimas digestivas no canal pancreático: o suco pancreático. Esta secreção ocorre apenas durante as refeições. As enzimas são libertadas sob uma forma inativa (caso contrário destruiriam os órgãos que atravessassem!) sendo ativadas posteriormente através de processos químicos que ocorrem no intestino. Estas enzimas são, assim, as precursoras das proteases, lipases e amilases. O suco pancreático é, também, constituído por bicarbonatos que permitem neutralizar o conteúdo do intestino acidificado pelo estômago.
O Fígado:
É um órgão com múltiplas funções, entre as quais a digestiva. Situa-se por trás do diafragma, do lado direito. As células do fígado estão organizadas em lobos hepáticos. A bílis segregada é expelida através dos canais biliares, conducentes à vesícula biliar, onde a bílis se encontra armazenada fora das refeições. Assim, a segregação da bílis é contínua ao longo do dia. Quando o quimo atinge o duodeno, a vesícula contrai-se e provoca a descarga biliar. A bílis entra, assim, em contacto com os alimentos pré-digeridos no duodeno. A bílis é constituída por água, sais minerais, pigmentos biliares e sais biliares. Os pigmentos biliares não possuem qualquer função na digestão (são produtos de degradação da hemoglobina) e são, efetivamente, excretados pelo tubo digestivo. Pelo contrário, os sais biliares possuem um papel fundamental na digestão dos lipídios.
A Flora Digestiva:
O intestino do cão, tal como o de qualquer espécie animal, possui uma microflora importante constituída por micro-organismos essencialmente bacterianos que participam ativamente nos fenômenos da digestão. Esta flora intestinal é extremamente sensível a variações em termos da qualidade alimentar (o cão é um carnívoro) o que explica que, contrariamente ao homem (que é onívoro), a alimentação do cão não deva ser alterada a cada refeição sob pena de provocar a destruição da flora intestinal e a ocorrência de diarreias.
Este Fenômeno Justifica:
- a necessidade imperiosa de se respeitar uma fase de transição alimentar de 8 dias, sempre que se proceda à alteração da alimentação,
- o fato de determinadas bactérias lácteas incorporadas na alimentação evidenciarem propriedades digestivas muito positivas para o animal (referimo-nos aos probióticos).
A Digestão Dos Nutrientes:
• A digestão dos glucídios. Os glicídios estão presentes na alimentação sob diversas formas caracterizadas por um grau de maior ou menor complexidade. A molécula de base tem a designação ose: glicose, frutose, por exemplo. As outras moléculas constituem um encadeamento destas oses. O amido é, por conseguinte, uma enorme molécula constituída por uma grande quantidade de moléculas de glicose. A digestão dos glicídios simplifica as grandes moléculas para assim facilitar a sua absorção. Algumas enzimas participam nesta reação química: são amilases produzidas pelas glândulas salivares (em pequena quantidade) e pelo pâncreas. A simplificação dos glicídios processa-se majoritariamente no intestino delgado.
• A digestão dos lipídios. Os produtos da digestão dos lipídios são os triglicérides. Estas moléculas são digeridas graças à lípase pancreática (enzima específica dos lipídios) e aos sais biliares do fígado. Estes últimos formam uma emulsão com os triglicérides aumentando, assim, o contato com as lipases. Estas hidrolisam parcialmente os lipídios para dar origem às microparticulas de lipídios.
• A digestão das proteínas. As proteínas são cadeias mais ou menos importantes de aminoácidos. Apenas estes últimos são passíveis de ser absorvidos: algumas enzimas em condições específicas permitem a simplificação das moléculas. No estômago, a acidez e as proteases (enzimas específicas das proteínas) do suco gástrico dão início à digestão das proteínas que prossegue no intestino por ação das proteases pancreáticas.
A Absorção Dos Nutrientes:
• O intestino é o local onde se processa a maior parte da digestão e a absorção dos nutrientes. Forma curvas que se distribuem pela cavidade abdominal: mede seis vezes o comprimento do corpo do cão e apresenta-se dobrado no abdome. O conjunto das vísceras abdominais está envolvido pelo omento maior, que permite manter uma certa topografia constante dos órgãos. A parede do intestino delgado é constituída por pregas: por conseguinte, a sua superfície de absorção aumenta. As células que constituem as microvilosidades (últimas pregas da parede a nível celular) não possuem o mesmo papel. As células da zona inferior segregam, sobretudo, muco e as da zona superior absorvem os nutrientes digeridos. Além disso, a degradação das células mortas vai libertar outro tipo de enzimas. Assim como a natureza do quimo, a absorção processa-se diferenciadamente.
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A Evacuação Das Fezes:
As zonas intestinais que se seguem são as diversas partes do intestino grosso: o ceco, o cólon, o reto e o ânus.
• O ceco e o cólon O ceco, muito curto, desempenha o mesmo papel que o cólon. Este encontra-se dorsalmente sob o lombo. Tem como função absorver os nutrientes não absorvidos pelo intestino delgado: que é, sobretudo, o caso da água. O resto do quimo é parcialmente digerido graças à flora microbiana intestinal, no entanto, trata-se de uma ação acessória ao nível do cão; os nutrientes resultantes são absorvidos, tal como no caso do intestino delgado. Desempenham também um papel na formação, armazenagem e evacuação das matérias fecais, as fezes.
• O reto e o ânus Encontram-se situados na cavidade pélvica. O seu papel consiste em armazenar as matérias fecais (exatamente como em todos os carnívoros) e proceder à sua evacuação.
• A defecação A expulsão das matérias fecais processa-se em três fases. A primeira, essencialmente comportamental, corresponde à procura do local: os cães têm tendência a afastar-se do local onde vivem. Seguidamente ocorre uma fase de preparação mecânica: a contração de diversos músculos leva o cão a assumir uma posição específica. A última, a fase de evacuação propriamente dita resulta de uma acentuada contração do intestino grosso.
20 - As Patologias Do Sistema Digestivo:
O aparelho digestivo inclui o conjunto dos tecidos e dos órgãos encarregados do destino dos alimentos no organismo. Cada um desses elementos pode ser objeto de perturbações ou de lesões, cujas repercussões podem ser tanto locais como gerais.
A Cavidade Bucal:
O cachorro possui 32 dentes quando nasce, que são substituídos por uma dentição definitiva de 42 dentes por volta dos quatro meses de idade. Os dentes do adulto gastam-se mais ou menos depressa conforme os hábitos alimentares do cão, mas também conforme as suas brincadeiras. Por este motivo é de evitar dar-lhe pedras ou brinquedos de materiais duros. Durante o seu crescimento, os dentes do cão podem ser afetadospor diferentes anomalias. Em primeiro lugar, é freqüente que os primeiros dentes não caiam, especialmente nas raças pequenas.
Estes dentes supranumerários deverão ser extraídos se o cão manifestar dor durante a alimentação. Inversamente, alguns dentes podem faltar, sem que isto cause problemas para o comportamento alimentar do cão. Observam-se também anomalias de posicionamento que perturbam, entre outros, o bom fechamento da boca. Alguns dentes podem apresentar anomalias de constituição como, por exemplo, um defeito na qualidade do esmalte. O cão também sofre com freqüência de abscessos ou fístulas.
Embora excepcionalmente, também pode haver a formação de cáries, como nos seres humanos. Em todos os casos, somente o Médico Veterinário poderá avaliar a necessidade de uma extração ou de um tratamento dentário. Porém, a afecção mais comum encontrada no cão ainda é o aparecimento de tártaro. A boca do animal emite um odor nauseabundo característico, denominado halitose. Além disso, o tártaro provoca lesões graves nos dentes e nas gengivas que podem levar à perda dos dentes. O animal sofre bastante e não consegue alimentar-se.
Nesta fase , só a extração de alguns dentes, ou até de todos eles, irá aliviar o cão. Por este motivo, é necessário verificar o estado dos dentes e remover o tártaro regularmente. Do conjunto das lesões mais freqüentes encontram-se as rânulas. Trata-se da formação de uma bolsa de saliva entre o maxilar e o lábio, em resposta a uma obstrução dos canais das glândulas salivares. De acordo com a natureza da obstrução e o tamanho da retenção de líquido, o Médico Veterinário decidirá ou não praticar a exérese das glândulas salivares. Por vezes, estas lesões podem ser observadas ao nível do pescoço e, neste caso, são sinais de uma obstrução alta no trajeto salivar.
O Esôfago:
Há três categorias de perturbações que podem afetar este tecido mole. Em primeiro lugar, uma dilatação do esôfago, que pode ser generalizada e, neste caso, corresponde a um megaesôfago, ou localizada em divertículo, constituindo um papo esofágico. O megaesôfago pode ser congênito ou adquirido. A sua origem precisa ainda é pouco conhecida. O papo esofágico indica a existência de um obstáculo no trajeto do esôfago. Conforme a idade do animal, poderá estar relacionado com uma má formação congênita, um corpo estranho ou um tumor.
Os sintomas observados são dificuldades de deglutição e regurgitação do bolo alimentar. O cão emagrece e enfraquece progressivamente. O diagnóstico desta afecção passa por um exame radiológico que permitirá, entre outros, determinar o prognóstico com precisão. O segundo tipo de afecção do esôfago corresponde aos estados inflamatórios. As esofagites têm duas origens principais: a ingestão de produtos cáusticos e o refluxo de sucos gástricos. Alguns corpos estranhos contundentes também podem ser responsáveis por este problema. O cão manifesta uma hipersalivação, dificuldade em deglutir e recusa a alimentação. A esofagite é uma perturbação secundária e é importante determinar a sua causa por meio de exames adequados. Finalmente, o esôfago pode ser perfurado por um corpo estranho, especialmente ossos de frango. Conforme a sua localização, as conseqüências são variáveis, desde simples ferida à perfuração de um pulmão. Em geral, o cão manifesta incomodo e dor. Tenta vomitar e tossir de maneira contínua.
O Estômago:
O sintoma característico de uma afecção gástrica é o vômito que ocorre nos minutos ou horas depois da refeição. Entre as afecções mais clássica estão as lesões da mucosa gástrica, as anomalias de funcionamento e os tumores do estômago. A primeira categoria agrupa as gastrites agudas ou crônicas e as úlceras. As gastrites agudas têm origens variadas. Alimentos não adaptados, substâncias tóxicas, corpos estranhos, afecções parasitárias ou infecciosas ou ainda anomalias hormonais são causas possíveis.
As gastrites crônicas, que se caracterizam por uma persistência dos vômitos frequentemente refratários aos tratamentos clássicos, fazem parte de uma síndrome complexa, causada frequentemente por fenômenos inflamatórios, alérgicos ou ainda metabólicos. O estado geral do cão é afetado de forma mais ou menos rápida. Quanto às úlceras gástricas, caracterizam-se por vômitos sanguinolentos, um mau estado geral e dores abdominais. Às vezes são a conseqüência de uma gastrite aguda. Mas, na maioria dos casos, os agentes responsáveis são medicamentosos como a aspirina, tóxicos e, mais raramente, infecciosos ou parasitários. Não se conhecem úlceras de origem psíquica no cão.
As anomalias de funcionamento do estômago levam a refluxos do bolo alimentar no esôfago ou a retenções alimentares que se traduzem por vômitos de alimentos pouco digeridos, várias horas após a refeição. O cão emagrece muito depressa. A sua origem reside numa estenose do piloro ou numa anomalia nervosa da motricidade gástrica. Poderá ser necessária uma intervenção cirúrgica. Finalmente, não é possível falar de patologia gástrica sem evocar a síndrome de dilatação-torção do estômago, uma afecção particular que atinge os cães de raças grandes. Caracteriza-se pelo inchaço do abdômen, episódios de vômitos mais ou menos violentos, mas improdutivos, e um declínio rápido do estado geral. O cão entra em fase de choque e morre se não houver uma intervenção cirúrgica rápida. Para evitar a ocorrência desta síndrome fatal, algumas regras elementares devem ser respeitadas: não incentivar o cão a brincar depois da refeição e fornecer alimentos digeríveis, de preferência em duas refeições diárias.
Medidas Práticas De Prevenção Do Síndrome De Dilatação-Torção Do Estômago :
- Alimentar o cão isoladamente e calmamente
- Dividir a quantidade diária em 2 refeições
- Escolher um alimento muito digerível
- Reidratar ligeiramente o alimento antes da sua administração
- Respeitar um período de descanso após as refeições
Os Intestinos:
As patologias intestinais são denominadas enterites. Estas inflamações severas e mais ou menos agudas da mucosa intestinal têm diferentes origens: agente infeccioso, alimento não adaptado, parasitas ou corpos estranhos, entre outros. Conforme a sua duração, podem ser enterites crônicas ou agudas. Os sintomas são muito variáveis indo da constipação à diarreia, da hipertermia ao abatimento. Se estiverem associadas a uma patologia gástrica fala-se, então, de gastroenterite. Pelas perturbações metabólicas que geram, as enterites podem levar a um grave estado de desidratação que pode ser fatal para os animais mais fracos.
As oclusões e as obstruções intestinais fazem parte das causas de intervenção cirúrgica mais freqüentes. Geralmente são conseqüência da ingestão de corpos estranhos, como pedaços de cordel ou brinquedos de plástico. Deve ser atribuída uma atenção especial ao parasitismo intestinal. O cão pode estar infestado por vermes redondos (áscaris, tricurídeos, ancilóstomas) e/ou achatados (tênia dipilydium, equinococos). São ingeridos quando o cão escava o solo ou por intermédio de vetores, como as pulgas. Estes parasitas provocam emagrecimento, vômitos e diarreias.
O cão manifesta o seu incômodo arrastando o ânus pelo chão. Os animais podem ser afetados em qualquer idade, principalmente cachorros. Deve ser adotado um esquema de desverminação quadrimestral juntamente com o Médico Veterinário. A colite crônica é uma inflamação crônica que ocorre no intestino grosso ou cólon. A sua origem é, mais uma vez, muito diversa: de ordem alimentar ou alérgica, parasitária ou metabólica, inflamatória ou simplesmente desconhecida. Manifesta-se por fezes viscosas, com dor na defecação e episódios mais ou menos severos de diarreia.
O Fígado:
As hepatites são causadas por doenças infecciosas, como a hepatite infecciosa no cachorro, ou intoxicações. O fígado está congesto e o seu volume aumentado. Podem surgir estados cirróticos irreversíveis e fatais. Os sintomas são episódios de diarreias com fezes claras, em alternância com constipações. O abdômen fica doloroso e o cão abatido. A insuficiência hepática aguda manifesta-se por perturbaçõesdigestivas e nervosas. A etiologia é variada: infecciosa, tóxica, medicamentosa, metabólica, traumática. O tratamento deve ser feito com urgência, pois podem existir repercussões por vezes fatais. A insuficiência hepática crônica evolui mais lentamente, mas de forma igualmente perigosa. Ela causa um emagrecimento do cão e declínio do estado geral de saúde, acompanhados por perturbações digestivas. Devem ser realizados exames complementares pelo Médico Veterinário para determinar a sua causa.
As Hérnias:
As hérnias umbilicais congênitas são muito freqüentes no cachorro. Correspondem a um não fechamento do anel umbilical após o nascimento. Observa-se a formação de uma pequena excrescência, que é reabsorvida quando nela se exerce uma pressão. Sem representar um verdadeiro perigo para o animal, as hérnias geralmente são corrigidas por meio de uma intervenção cirúrgica. As hérnias diafragmáticas devem-se a um traumatismo do diafragma, que deixa então passar uma parte das vísceras abdominais para a cavidade torácica. Causam perturbações respiratórias e digestivas, sendo necessária uma intervenção cirúrgica.
21 - Os Vômitos:
Na natureza, os carnívoros são predadores temíveis, perfeitamente adaptados à caça. Eles têm a capacidade de ingerir quantidades de carne fenomenais numa única refeição. Também podem regurgitar esta comida sem o menor esforço para alimentar as crias. Esta capacidade requer não apenas um estômago capaz de se dilatar em proporções significativas, mas também um mecanismo reflexo que facilite a regurgitação dos alimentos e, portanto, o vômito. O cão, carnívoro doméstico por excelência, não perdeu esta capacidade. É comum os proprietários observarem um animal regurgitar depois de uma refeição muito abundante. No maioria dos casos, não há nada de alarmante neste comportamento; contudo, por vezes o vômito aparece como um dos primeiros sinais de uma patologia subjacente.
As Etapas Do Vômito:
Geralmente, um episódio de vômito é precedido por uma estado de náuseas em que o cão manifesta um incômodo, movimenta-se em círculos e, por vezes, tenta ingerir relva. Daí a expressão do cão que se purga, que não reflete exatamente a realidade. O vômito, propriamente dito, surge depois deste estado. Observam-se, então, movimentos violentos do flanco e do tórax. O cão tem a cabeça baixa e parece sorrir. Depois de um último esforço, o conteúdo estomacal é rejeitado. Tendo em conta a violência do fenômeno e da fadiga muscular que acarreta, por vezes são necessários alguns instantes para que o animal se recomponha desta crise. No caso de uma regurgitação apenas do conteúdo esofágico, não se observa esforço prolongado, pois os alimentos são facilmente expelidos para o exterior por simples reflexo.
O Mecanismo Fisiológico Do Vômito:
Como todo o ato reflexo, o vômito envolve mecanismos nervosos. A sua origem pode ser central, o que significa que são diretamente oriundos do cérebro (uma perturbação do funcionamento normal do sistema nervoso central, a chegada de substâncias especiais pelo sangue ou até um estímulo olfativo, fazem reagir o centro do vômito), ou periférica, envolvendo receptores situados nos órgãos abdominais ou torácicos. As informações são coletadas por um sistema de ligações nervosas e veiculadas até ao centro do vômito no cérebro. Nos dois casos, este centro provoca, em resposta, a ativação das ações musculares que irão levar ao vômito.
As Causas Do Vômito:
Na maioria dos casos, o vômito é a expressão de uma inflamação ou de uma distensão excessiva dos órgãos, incluindo os do tubo digestivo: esôfago, estômago, intestino e fígado. As causas destas afecções são numerosas. As mais clássicas incluem: envenenamentos, gastrites, úlceras, gastroenterites, corpos estranhos, obstruções intestinais, dilatações-torções do estômago ou ainda uma alimentação incorreta. O vômito pode também fazer parte dos sintomas de uma doença infecciosa ou viral (cinomose, parvo virose, leptospirose, as mais conhecidas, mas também infecção uterina, peritonite...). A ingestão de alimentos em quantidade excessiva, de corpos estranhos ou de substâncias que impedem o esvaziamento do estômago no intestino delgado provocam a distensão gástrica e, portanto, o vômito. Finalmente, o vômito podem se sinal de doenças que afetam outros órgãos, especialmente as insuficiências renais e hepáticas ou, até mesmo, o sistema nervoso, como no caso de enjoo de viagens.
Evolução:
É possível observar dois modos de evolução em caso de vômito: agudos ou crônicos. No primeiro caso, os vômitos aparecem brutalmente e de forma passageira. No segundo, instalam-se progressivamente e reincidem durante mais de um mês. São mais freqüentes durante o dia, associados ou não às refeições.
Consequências:
O vômito leva a uma desidratação e a uma desnutrição mais ou menos severas, bem como a perturbações do equilíbrio sanguíneo, que, mais cedo ou mais tarde, irão repercutir no estado geral do cão. Por este motivo, devem ser rapidamente tratados, principalmente nos animais jovens. Para ajudar o Médico Veterinário a estabelecer um diagnóstico, é importante notar a freqüência do vômito, o momento em que aparece (depois da refeição ou não), bem como o seu aspecto. Todos estes elementos permitirão orientar o Médico Veterinário sobre a sua origem e sobre o tratamento adequado.
As Diarreias:
O termo diarreia designa um aumento da freqüência de emissão de fezes que são também mais ou menos fluidas e abundantes. É uma das perturbações mais freqüentes no cão. É importante ter em atenção que o estado das fezes varia muito conforme a qualidade e a quantidade da alimentação. Portanto, o erro alimentar é uma causa principal do aparecimento da diarréia. Tal como para o vômito, distinguem-se diarreias agudas e crônicas. Tanto a sua origem quanto as suas manifestações são diferentes e podem afetar o intestino delgado ou o cólon.
Diarreias Agudas:
Surge rapidamente e de forma brutal. Em geral, têm repercussões significativas no estado geral do cão e a sua origem é múltipla. Evidentemente, o erro alimentar é a causa mais freqüente (modificações do alimento sem respeitar um período de transição, responsável pela destruição da microflora intestinal muito frágil do cão). Em seguida, a diarréia pode ser o sinal de uma infecção viral como a cinomose e a parvovirose, de uma infecção bacteriana, na qual os germes se multiplicam sobre e dentro da mucosa intestinal. Os parasitas intestinais, nomeadamente os vermes e os fungos, também causam frequentemente sintomas de diarréia, bem como as substâncias tóxicas ou alergênicas. Finalmente, um certo número de afecções patológicas metabólicas completam este quadro. O mecanismo de aparecimento da diarreias aguda gera uma perturbação nas trocas hídricas que ocorrem nos intestinos. Assim, uma alimentação não adaptada provoca uma perda de água, tornando, evidentemente, as fezes mais líquidas. Mas a perda de água pode também ser causada por uma destruição mais ou menos significativa das células da mucosa intestinal, encarregadas de garantir a absorção das substâncias nutritivas para o sangue. Os agentes citados anteriormente são responsáveis por este tipo de lesões. Finalmente, e de forma rara, a diarreia pode resultar de uma modificação do trânsito digestivo como é o caso da diarreia de stress.
As diarreias agudas são acompanhadas por diferentes sinais que podem ser observados pelo dono. Inicialmente o animal está abatido, poderá apresentar febre, recusa alimentar-se e emagrece. O abdômen está frequentemente doloroso. A diarreia pode ser acompanhada por vômitos. Depois, tendo em conta as perdas de água ocasionadas durante a emissão de fezes, o animal desidrata-se de forma mais ou menos rápida. É necessário intervir rapidamente para evitar que se instale um estado de choque, especialmente nos animais jovens e nos idosos.
As Diarreias Crônicas:
Caracteriza-se por uma duração de mais de um mês e uma tendência para ser recorrente. As causas do aparecimento são um pouco diferentes da forma aguda. Encontram-se inflamações da mucosa intestinal de origemparasitária ou alérgica e auto-imune, às quais se somam perturbações na secreção de enzimas digestivas ou nos mecanismos de assimilação das substâncias nutritivas pelas células intestinais. Assim, a diarreia aguda, que levou a uma destruição significativa da mucosa digestiva, pode evoluir para um estado crônico. Às vezes, as diarreias crônicas assinalam a presença de tumores no organismo. Finalmente, como no caso precedente, a diarreia pode aparecer de forma intermitente por ocasião de um stress especial e repetitivo. Na diarreia crônica, o estado geral do animal degrada-se lentamente. O cão emagrece progressivamente e em proporção mais significativa do que numa diarreia aguda. Por outro lado, a desidratação ocorre mais tardiamente e a dor abdominal é menos intensa. Assim como no caso de vômito, é importante consultar rapidamente um Médico Veterinário. A saúde do cão pode deteriorar-se rapidamente, principalmente nos indivíduos jovens ou idosos. O dono deve registrar a data de aparecimento dos sintomas, a frequência das fezes, a sua consistência, a cor (verificar a presença de sangue) para ajudar o Médico Veterinário no estabelecimento de um diagnóstico.
22 - O Aparelho Urinário:
Independentemente do sexo do animal os órgãos que tomam parte na produção e posteriormente na eliminação da urina são idênticos. São, por ordem: os rins, dos quais partem dois ureteres que desembocam na bexiga. Da bexiga parte uma uretra única, que conduz a urina até ao seu ponto de evacuação para o exterior. Todos estes elementos estão situados em posição abdominal. Os rins, em forma de feijão, situam-se sob o arco lombar, virados para as primeiras vértebras lombares. O rim esquerdo é ligeiramente mais caudal do que o direito. Os dois ureteres desembocam na face dorsal da bexiga, que por sua vez se situa na parte dianteira da bacia. A uretra segue um trajeto diferente nos machos e nas fêmeas. Nas cadelas, é mais curta e geralmente mais ampla. Desemboca no vestíbulo da vagina através de uma pequena papila. Nos machos a uretra é mais comprida, menos larga e composta por três partes, ou seja as zonas prostática, membranosa e peniana.
As Perturbações Urinárias - Insuficiência Renal Crônica:
Ocorre devido à lesões nos rins, provocadas por uma destruição progressiva e irreversível dos néfrons, que são a unidade funcional dos rins. À medida que a quantidade de néfrons diminui, a função renal fica comprometida e a insuficiência renal aumenta. O animal que sofre de insuficiência renal crônica começa a beber mais água e a urinar mais que o de costume (poliúria e polidipsia). Em seguida aparecem as perturbações digestivas (vômitos e diarréias), que precedem as neurológicas.
Insuficiência Renal Aguda:
O animal entra subitamente em anorexia, tem vômitos e diarréia súbitos, muitas vezes hemorrágicos. Na origem desta forma de insuficiência renal, podem estar fatores isquêmicos (alterações na circulação sanguínea), infecciosas (sobretudo leptospirose) e tóxicos.
Urolitíase:
Nos cães podemos encontrar 4 tipos de urólitos (cálculos): os de fosfato, geralmente associados à infecções do trato urinário; os de urato e oxalato decorrentes de alterações metabólicas; e os de cistina, cuja ocorrência depende da predisposição hereditária. A presença destes cálculos no trato urinário pode levar ao aparecimento de hematúria (sangue na urina), cistites, incontinência, retenção urinária, complicações infecciosas e renais. Por vezes um cálculo introduz-se na uretra e não consegue passar por certas zonas particularmente estreitas. Disso resulta uma obstrução uretral que só poderá ser resolvida, muitas vezes, recorrendo-se à cirurgia. Se a bexiga estiver muito repleta, ela deve ser esvaziada por sonda, cateter ou massagem, sendo que ás vezes é necessário anestesiar o animal.
As Infecções Do Trato Urinário:
Em grande parte das vezes, a infecção urinária é conseqüência de infecções em órgãos vizinhos, como próstata, útero, vagina, ou mais raramente, infecções sistêmicas. As infecções urinárias são causadas por germes que provém do trato digestivo, por contaminação.
Incontinência Urinária:
Caracterizada pela micção involuntária, a incontinência urinária pode ter múltiplas causas. Pode ser resultado de lesões do sistema nervoso, de mal-formações congênitas, de lesões adquiridas na bexiga e nos esfíncteres ou de desequilíbrios hormonais. Não existe, por isso, um tratamento único para a incontinência urinária, mas tratamentos específicos de acordo com cada causa.
23 - A Reprodução:
Embora os objetivos da reprodução sejam, naturalmente, obter cachorros, os meios para os alcançar diferem sensivelmente entre um proprietário particular e um criador. Um proprietário dum cão de companhia ou de utilidade deixará ocasionalmente a sua cadela reproduzir-se com a finalidade de obter descendentes que apresentem qualidades comparáveis, embora a reprodução não seja, conforme diz a crença popular, indispensável para o equilíbrio psicológico ou fisiológico de um cão.
Na natureza o acesso à reprodução nas matilhas de cães selvagens depende intimamente do estatuto hierárquico do indivíduo porque a monta é uma demonstração de dominância, o que por vezes explica algumas incompatibilidades de temperamento entre parceiros. O criador, por seu lado, tenta selecionar os reprodutores, machos e fêmeas, em função das suas origens, da sua descendência e das suas qualidades genéticas. Consegue contornar o obstáculo hierárquico assistindo e dirigindo a monta entre os reprodutores que escolheu. Em caso de recusa dos parceiros, pode, até mesmo, recorrer à inseminação artificial para chegar aos seus objetivos.
A Puberdade No Macho:
A idade a que é atingida a puberdade depende essencialmente do tamanho da raça na idade adulta (aos 6 meses nas raças miniaturas e aos 18 meses nas raças gigantes). No macho, a puberdade corresponde à produção dos primeiros espermatozoides fecundantes. Devido ao fato da fertilidade diminuir com a idade e de forma ainda mais precoce nas raças grandes (fenômeno provavelmente ligado ao envelhecimento da tiroide), o período fértil dos cães de raças grandes é mais reduzido. Nestes cães, o poder fecundante do esperma por vezes começa a diminuir a partir dos 7 anos de idade.
A Puberdade Na Fêmea:
Tal como acontece no macho, a puberdade na fêmea é atingida mais tardiamente nas raças grandes (entre os 6 e 18 meses, dependendo do porte da raça). Os primeiros cios geralmente são discretos e podem mesmo passar despercebidos. No entanto, na cadela deve ser feita a distinção entre puberdade (capacidade de ovular) e nubilidade (capacidade de levar a termo uma gestação e um parto), o que explica porque é desaconselhável acasalar uma cadela no primeiro cio, quando a sua estrutura pélvica ainda não está completamente desenvolvida. A partir da puberdade, o funcionamento do aparelho genital feminino adota um ritmo cíclico que se exterioriza geralmente por dois períodos de cio por ano.
Ciclo Sexual Da Cadela:
O ciclo sexual da cadela é considerado monoéstrico (uma única ovulação por cada ciclo) com ovulação espontânea (ou seja, a ovulação não é desencadeada pelo acasalamento como acontece na gata). Divide-se em quatro fases sucessivas:
- Proestro: fase que prepara a ovulação,
- Estro: fase de ovulação propriamente dita,
- Metaestro: fase correspondente à duração de uma gestação e de uma lactação,
- Anestro: fase de quiescência sexual.
A duração de cada uma das fases do ciclo pode ser variável. Apenas o metaestro tem uma duração relativamente estável (120 +/- 20 dias). A fêmea está em cio durante as fases de proestro e estro, um período que dura em média três semanas. No entanto, a sua duração depende da data de ovulação, sendo variável de uma cadela para outra, e na mesma cadela de um ciclo para o outro. Assim sendo, o fato de uma cadela ter ovulado uma vez 12 dias após o aparecimento do corrimento sanguinolento, não significa necessariamente que no ciclo seguinte a ovulação ocorrerá com o mesmo intervalo.
As Fases Do Ciclo:
Durante o proestro, a hipófise (glândula pituitária)

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