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Apostila_de_ExegeseHermeneutica_SerC[1]

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Prévia do material em texto

http://alvarocpestana.googlepages.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exegese e Hermenêutica: 
Resumos, roteiros de estudo e leitura. 
2010 
[1ª edição] 
 
 
 
Álvaro César Pestana 
alvarocpestana@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(C) 2010 Álvaro César Pestana 
Todos os direitos reservados 
Campo Grande, MS 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright (C) 2010 de Álvaro César Pestana 
Todos os direitos reservados 
 
Este material pode ser usado e copiado (mecânica ou eletronicamente) desde que não seja 
para fins comerciais. A distribuição deverá ser gratuita ou, no máximo, sob o custo da impressão. 
Se forem necessárias mais que 100 cópias, deverá haver uma permissão por escrito deverá ser 
obtida do autor. Abaixo deste número e nas condições acima, o material pode ser copiado e usado. 
Pode ser usado para estudos individuais ou em Seminários, Escolas Dominicais, Grupos de Estudo 
etc. 
 
A integridade do texto e das idéias do autor deverão ser preservadas, de modo que qualquer 
‘edição’ da presente obra, seja com acréscimos ou cortes de materiais, só poderá ser realizada com 
permissão por escrito do autor. 
 
Este material está à em http://alvarocpestana.googlepages.com . Se houver interesse de 
disponibilizar o material em outro endereço eletrônico, o autor deverá ser contatado. 
 
Para contatos com o autor ou pedidos de permissão de uso/divulgação: 
 alvarocpestana@gmail.com e (67) 3029-7960. 
 
 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 3
ÍNDICE 
 
Dedicatória 04 
 
Apresentação 05 
 
LIVRO I – ROTEIRO E RESUMO DO LIVRO 
“Do Texto à Paráfrase” – Bryan Jay Bost & Álvaro César Pestana 06 
 
Roteiro de estudo em uma página 07 
UNIDADE I – INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS BÍBLICOS 08 
UNIDADE II – PANORAMA DA METODOLOGIA 08 
UNIDADE III – O TEXTO 09 
UNIDADE IV – O CONTEXTO 10 
UNIDADE V – AS PALAVRAS 11 
UNIDADE VI – AS IDÉIAS 12 
UNIDADE VII – A PARÁFRASE 13 
 
LIVRO II – HERMENÊUTICA NA PÓS-MODERNIDADE 
Notas da leitura de “Há um significado neste texto?” de K. Vanhooser 14 
 
BIBLIOGRAFIAS 15 
O PÓS-MODERNISMO 16 
HISTÓRIA DO PROBLEMA HERMENÊUTICO 18 
DIFICULDADES PÓS-MODERNAS EM MATÉRIA DE HERMENÊUTICA 20 
NOSSAS DIFICULDADES EM MATÉRIA DE HERMENÊUTICA 22 
OS “4Ds” DA HERMENÊUTICA PRÁTICA 23 
 
LIVRO III – PROVÉRBIOS DOS EXEGETAS 
Uma coletânea de princípios de interpretação bíblica 24 
 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA 25 
PRINCÍPIOS LÓGICOS DA LEITURA DA BÍBLIA 32 
PRIMEIROS PRINCÍPIOS LÓGICOS PARA A LEITURA DA BÍBLIA 33 
FRASES PROVERBIAIS DOS EXEGETAS BÍBLICOS 34 
SETE REGRAS DA EXEGESE RABÍNICA 46 
AS SETE REGRAS DE AGOSTINHO PARA A ALEGORIZAÇÃO 53 
PROVÉRBIOS DA CRÍTICA TEXTUAL 54 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA [RESUMO] 56 
 
Anexos: 58 
 
Hermenêutica no Aconselhamento Pastoral – de Linda S. T. C. Pestana 59 
Resumo do artigo – D. A. Carson – Devo eu aprender a interpretar a Bíblia? 60 
Qual o papel do Espírito Santo na Interpretação Bíblica (K. Vanhooozer) 61 
O papel das Escrituras na ética de Paulo (Richard B. Hays) 62 
Exegese – resumo e adaptação de um artigo de A. J. Malherbe 63 
Exegese – esboço do artigo de A. J. Malherbe 68 
 
Descrição da disciplina: Exegese e Hermenêutica – SerCris – 2010 72 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 4
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
 
Para Linda 
 
 
 
 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 5
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
É com prazer que disponibilizo a um amplo público esta apostila, originalmente destinada aos meus 
alunos nas disciplinas de Exegese e Hermenêutica nos cursos livres para obtenção do grau de Bacharel em 
Teologia. Ela é uma ferramenta auxiliar ao livro “Do Texto à Paráfrase: como estudar a Bíblia” que tenho 
usado como manual de estudos para esta disciplina. 
Esta apostila envolve 4 grandes blocos de material que poderiam ser publicados separadamente, mas 
que tratam, todos, da mesma preocupação: a compreensão dos textos bíblicos por meio da exegese e da 
hermenêutica. 
Chamei de “Livro I” ao resumo em forma de esboço do meu livro em co-autoria com Bryan J. Bost. 
“Do Texto à Paráfrase: como estudar a Bíblia” (São Paulo, Editora Vida Cristã, 1992). O formato de esboço 
permitirá ao aluno perceber melhor a seqüência metodológica e, depois, reproduzi-la. 
O “Livro II” é fruto de leitura e anotação na obra de Vanhoozer. Utilizei-me deste material ao 
ensinar uma disciplina de Exegese na Pós-Modernidade no seminário teológico EBNESR em Boa Viagem, 
Recife. 
O “Livro III” é um projeto e uma “coleção” antiga. Provavelmente, ainda não está acabado e se Deus 
assim quiser e permitir, darei a estes “ossos” um formato mais orgânico no futuro. Trata-se de uma 
compilação de várias listas de “princípios de interpretação da Bíblia”. Não poderia haver muita originalidade 
nisto, pois a formulação de “princípios e regras” para a exegese e hermenêutica é tão antigo como a própria 
escrita. Contudo, acredito que o agrupamento destes princípios e o exercício de reflexão crítica sobre os 
mesmos só enriquecerá os exegetas. 
Os anexos finais são pequenas contribuições de vários autores que fiz questão de incluir, já que os 
tinha a mão, ou por ter feito um resumo deles, ou por ter utilizado suas idéias. Espero que sejam úteis a 
alguém de alguma forma. 
O sílabo da disciplina, ao fim desta apostila, sugere uma bibliografia mínima. Para os que desejarem 
mais informação bibliográfica consultem http://alvarocpestana.googlepages.com. 
Acredito que muitas falhas devem ter passado sem correção nesta primeira edição. Agradeço a todo 
aquele que puder me informar destes erros para uma futura correção do material. 
Que este texto possa ajudar no estudo do mais sublime estudo que Deus nos deixou para fazer. A 
Deus seja a glória e a honra, por meio dos méritos de seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, no poder e 
eficácia do Santo Espírito. Assim seja! 
Álvaro César Pestana 
SerCris – Escola de Treinamento para o Serviço Cristão 
Campo Grande, MS 
Fevereiro de 2010 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 6
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I 
 
ROTEIRO E RESUMO DO LIVRO 
“Do Texto à Paráfrase” 
de 
Bryan Jay Bost & Álvaro César Pestana 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 7
EXEGESE E HERMENÊUTICA: Como estudar a Bíblia 
SerCris - 2010 
1. TEXTO 
TAREFA: Estabelecer o trecho a ser estudado. 
1. Verificar variações textuais 
2. Verificar variações de tradução 
3. Verificar a natureza e estrutura do texto 
4. Verificar o vocabulário do texto [se necessário] 
FERRAMENTAS: 
1. Textos originais 
2. Versões bíblicas 
3. [Dicionário português] 
MÉTODO: 
1. Leituras repetidas do texto 
2. Consulta a versões 
3. Consulta a dicionário [se necessário] 
2. CONTEXTO 
TAREFA: Entender o ambiente do texto bíblico. 
1. A época 
2. A Bíblia 
3. O Testamento 
4. O livro 
5. O capítulo 
6. O parágrafo 
TAREFA: Responder as questões: 
1. Quem? 
2. Para quem? 
3. Quando? 
4. Onde? 
5. Como? 
6. Por que? 
FERRAMENTAS: 
1. Bíblia 
2. Concordância bíblica 
3. Livros de introdução, enciclopédias, dicionários, manuais, ... 
3. PALAVRAS 
TAREFA: Descobrir o sentido das palavras 
1. Vocabulário bíblico 
2. Maior compreensão 
FERRAMENTAS: 
1. Concordânciabíblica 
2. Léxicos das línguas originais 
3. Dicionários bíblicos 
MÉTODO: 
1. Escolher as palavras a estudar 
2. Usar estudos anteriores 
3. Usar ferramentas na ordem acima 
4. IDÉIAS 
TAREFA: Explorar as idéias, temas, doutrinas do texto. 
FERRAMENTAS: 
1. Memória [conversas, meditação, etc] 
2. Concordância bíblica 
3. Referências em Bíblias 
4. Sinopses e textos paralelos 
5. Dicionários bíblicos 
6. Comentários bíblicos 
7. Monografias 
MÉTODO: 
1. Colecionar e relacionar referências 
2. Coordenar o trabalho anterior 
3. Ver e aproveitar idéias de outros 
5. PARÁFRASE 
TAREFA: Verificar o que entendeu do texto. 
1. Esboço/anotações 
2. Aula/sermão 
3. Artigo/monografia 
MÉTODO: 
1. Resumir e organizar o material 
2. Entender e explicar com suas palavras 
3. Aplicar o texto 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 8
EXEGESE E HERMENÊUTICA BÍBLICAS 
2010 
UNIDADE I - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS BÍBLICOS. 
01 - O estudo bíblico no ministério de Jesus e da igreja. -------- Lc 4.14-22; 24.27,32,44 
02 - O problema da "desnutrição" espiritual. --------------- Hb 5.11-6.3 
03 - A importância de saber estudar a Bíblia: 
3.1 - Para não absorver a "teologia" de outros. ----- O caso da doutrina do batismo nas "ADs". 
3.2 - Para não depender de maus comentários e exegetas. ------- Parábola do fermento no CBMoody. 
3.3 - Para ter a Bíblia como critério da verdade. ------------------- Tradição X Verdade Bíblica. 
3.4 - Para abandonar o sentido "tradicional" dos textos. -------- O uso de "batismo" no meio religioso. 
3.5 - Para não usar a Bíblia como "texto-prova". --- Texto sem base na intenção do texto - Am 6.5. 
3.6 - Para não ser "eclético", dando vários sentidos ao texto. ------- E. G.: W. Barclay 
3.7 - Para cumprir a vontade de Deus. ------------------- 2 Tm 3.14-17 
04 - O método histórico-crítico. 
HISTÓRICO --------------- CRITICO ---------------GRAMATICAL 
05 - Exegese e hermenêutica. 
GREGO: evxhge,omai = exegeomai << evk + h`ge,omai = ek + hegeomai EXEGESE 
GREGO: e`rmhnei,a = hermeneia , e`rmhneu,w = hermeneuo HERMENÊUTICA 
06 - Pressuposições no estudo bíblico. 
O importante é ter as mesmas pressuposições dos autores originais. Isto se alcança por "aproximações 
sucessivas". 
07 - Os resultados de um bom estudo bíblico: 
7.1 - Mais fé. Rm 10.7; Hb 11.1; Lc 1.4 
7.2 - Mais o que dizer. 
7.3 - Certeza de ensinar a sã doutrina. 
7.4 - Mais condições de continuar. 
7.5 - Mais influência do Espírito Santo. Ef 5.18//Cl 3.16 
08 - Perigos envolvidos nos estudos: Ec 12.12-14 
8.1 - Perder a fé. 
8.2 - Ser inútil. 
8.3 - Ficar orgulhoso. 
8.4 - Querer ser original demais. 
09 - A qualidade dos estudos bíblicos. 2 Tm 2.15 
"APLICA-TE TOTALMENTE AO TEXTO; 
APLICA-O TOTALMENTE A TI." 
(J.A.Bengel-1734) 
avnakri,nw = anakrino [At 17.11] evrauna,w = eraunao [Jo 5.39] evxerauna,w = exeraunao [1Pe 1.10] 
10 - A palavra de Deus e a nossa palavra. ------- 2 Tm 3.16-17; Rm 15.4 
11 - Incertezas e inescrutabilidade. ------- Dt 29.29 
12 - A orientação divina no estudo. ------- Tg 1.5-6 
13 - Nossa tarefa e compromisso. ------ At 8.30-35 #1 ler #2 compreender #3 explicar 
 
UNIDADE II - PANORAMA DA METODOLOGIA. 
 PARÁFRASE 
 IDÉIAS 
 PALAVRAS 
 CONTEXTO 
TEXTO 
"Quem não tem método, sempre tem um método". 
Já que sempre há um método, é melhor que ele seja consciente e analisado para ser eficaz e verdadeiro. 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 9
UNIDADE III - O TEXTO. 
Introduzir falando da história do texto hebraico e grego, da Bíblia. 
01 - Definição: Texto é a passagem ou texto bíblico que vai ser estudado. 
Latim: TEXTERE = tecer; TEXTUS - o tecido, a trama. 
02 - Etapas de trabalho: 
2.1 - Verificar variações textuais Mt 21.28-32; 1 Jo 5.7-8; Cl 1.14; 3.6 
2.2 - Verificar variações de tradução Cl 2.15; 4.5. 
Estabelecer o texto certo, ou seja, o texto (em português) que melhor representa o conteúdo da mensagem 
que o autor queria transmitir. 
a. Consultar os textos originais (se possível), ou seja, o texto grego (NT) ou o texto hebraico (VT). 
Certificar-se da melhor tradução e dos possíveis problemas textuais envolvidos (Variações e/ou diferenças 
nos manuscritos originais). 
b. Ler e comparar várias traduções da Bíblia verificando as possíveis variações devidas a problemas textuais 
ou as diferentes formas de compreensão do texto pelos tradutores. 
2.3 - Verificar a natureza ou estrutura do texto. 
Estabelecer a natureza ou estrutura do texto, ou seja, compreender que tipo de material temos em mãos, qual 
a forma de sua apresentação, relações gramaticais e sintáticas, recursos literários usados pelo autor. 
a. Observe a divisão de parágrafos e frases. Cl 1.13-20; 4.1. 
 VT NT 
CAPÍTULOS Mordecai Nathan (1445) Estevão Langton (1227) 
VERSÍCULOS Athias (1661) Roberto Estevão (1551) 
PARÁGRAFOS Editores da Bíblia de Genebra (séc. XVI-XVII). 
VERSÍCULOS* SANTES PAGNINI** (1527) ROBERTO ETIENNE(1551) 
*De acordo com W. Gruen (O tempo que se chama hoje) pág. 31. 
**Frade dominicano que inspirou-se nos trabalhos dos massoretas, também fez divisão de versos para o NT, 
mas por serem muito longos, prevaleceu a feita por Estevão. 
b. Observe as partículas de conexão como: "pois", "portanto", "mas", etc. 
Observe a forma: poesia, prosa, parábola, narração, discurso, profecia, alegoria, visão, figuras de linguagem, 
simbolismo, comparações, contrastes, exortação, ensino doutrinário, ensino prático, epístola, provérbio, 
salmo, citação, etc ... Observe a ligação do texto com o contexto, procurando ver qual a sua contribuição para 
a estrutura. 
2.4 - Verificar o vocabulário do texto (se necessário). 
Consultar um dicionário da língua portuguesa, assegurando-se de ter uma compreensão inicial do texto. Esta 
compreensão será corrigida por estudos posteriores. 
2.5 - Leituras repetidas do texto bíblico são a melhor base para o conhecimento do texto. 
2.6 - O uso de uma concordância bíblica pode ajudar a encontrar estruturas e construções gramaticais 
semelhantes as do texto sob estudo. 
03 - Ferramentas para o estudo do texto. 
3.1 - Textos originais (edições críticas). 
3.2 - Traduções da Bíblia. 
3.3 - Gramáticas (línguas originais e portuguesa). 
3.4 - Dicionários da língua portuguesa. 
3.5 - Concordância bíblica. 
CRITICA TEXTUAL: 
 Externa: #1 Idade do MSS; #2 Idade do texto: #3 Família do MSS/Texto (Geo/Hist). 
 Interna: #1 O modo do autor; #2 O escriba. 
 
Princípios: #1 O que mais se adapta e que tem menos possibilidade de engano; #2 O mais difícil; #3 O mais 
breve; #4 Oriental melhor que clássico; #5 Estilo, plano e contexto; 6 A que explica as outras; #7 A mais 
feia; #8 A mais em desacordo (paralelos). 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 10
UNIDADE IV - O CONTEXTO. 
01 - Manuseio honesto do texto no contexto. 
02 - Definição: Contexto é ambiente da passagem bíblica. Ele é composto pelos versículos anteriores e 
posteriores, no livro estudado. É o mundo que rodeia a passagem, sendo também o mundo dos escritores e 
leitores do texto. O contexto contém elementos históricos, culturais, literários, lingüísticos, etc. Ele pode ter 
vários níveis como: o contexto histórico (da narrativa), o contexto literário (do livro) e o contexto do autor e 
dos leitores. 
Nota: Os tipos de contexto para um mesmo texto: 
 Gn 12 - A chamada de Abraão. 
O contexto histórico de Abraão (aprox. 2000 a.C.) 
O contexto histórico de Moisés e Israel (aprox. 1400 a.C.) 
O contexto literário em Gênesis e na Toráh (aprox. 1400 a.C.) 
 Mt 18 - A parábola do credor incompassivo. 
O contexto histórico da estória 
O contexto histórico de Jesus 
O contexto histórico de Mateus e da igreja 
O contexto literário do texto noEvangelho de Mateus. 
 Daniel 7 - A visão dos animais e do Filho do homem 
O contexto historico-cultural de Daniel 
O contexto literário do texto no livro 
O contexto histórico do cumprimento da profecia 
03 - Importância do contexto. 
3.1 - Ajuda a não torcer a palavra de Deus. 2 Pe 3.16 
3.2 - O sentido correto vem do contexto. Mt 3.11 e At 2.1-4 
3.3 - O sentido correto das palavras vem do contexto. Tg 2.24 e Ef 2.8-9 
3.4 - É a garantia da verdade. 
3.5 - Textos ficam difíceis quando não sabemos o contexto. 2 Ts 2.3-8 
04 - Etapas de trabalho. 
4.1 - Época e o mundo do autor/leitores/fatos narrados. Ex 23.19; Dt 22.5 
4.2 - A Bíblia como um todo. At 15.20-21 
4.3 - O Testamento. Revelação progressiva Is 7.14 
4.4 - O livro. Eclesiastes 1Ts 5.27 Cl 4.16; Metáfora do corpo Ef+Cl//Rm+Co 
4.5 - O capítulo. 1 Co; Fp 3.2. 
4.6 - O parágrafo. 1 Tm 5.20; 1 Tm 2.11-12; Lc 14.28-32 
05 - Perguntas para determinar o contexto. 
5.1 - Quem ? (escreveu, falou, é retratado) 
5.2 - Para quem ? (foi escrito, dirigido) 
5.3 - Quando ? (foi escrito, aconteceu) 
5.4 - Onde ? (foi escrito, aconteceu) 
5.5 - Como ? (foi escrito, falou) 
5.6 - Por que ? (registrou, fez, sentiu, falou, etc) 
06 - Ferramentas no estudo do contexto. 
6.1 - Bíblia. 
6.2 - Concordância bíblica. 
6.3 - Introduções, manuais, enciclopédias, dicionários ... 
NOTA: O uso da concordância bíblica: 
1. Localizar textos; por uma palavra 
2. Sistematizar idéias; uma palavra e correlatas 
3. Contribuição lingüística; definir uso de termos 
4. Uso gramatical; repetição de estruturas 
5. Contribuição teológica; temas e expressões chave 
6. Informações do contexto histórico; geografia, história, cultura 
7. Informação biográfica. personagens 
 
NOTA: A HISTÓRIA DOS DOIS LIVROS 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 11
UNIDADE V - AS PALAVRAS. 
01 - Definição: O estudo das palavras é a atividade de descobrir, exemplificar e explicar o sentido de uma 
palavra do texto bíblico. 
02 - Importância do estudo das palavras. 
2.1 - Diferenças de significado das palavras ... 
... do sentido bíblico para o moderno.------------------------- santo 
... de autor para autor.------------------------------------------- fé/obras 
... de Testamento para Testamento.---------------------------- piedade 
... do sentido original para o sentido religioso atual.-------- batismo 
... do sentido da época da tradução para o atual.------------- caridade 
... de contexto para contexto.----------------------------------- carne 
2.2 - Compreensão completa e abrangente das palavras ... 
... à luz da história.--------------------------------------------- amor, reino, sacerdócio, unção 
... que tem significado técnico.------------------------------ Aba, sacrifício 
... que possuem vários significados.------------------------- aliança-testamento 
... que são quase intraduzíveis em uma palavra só.-------- At 15.3 
... que são pictóricas.------------------------------------------- Fp 1.27 
... que possuem sinônimos e antônimos.--------------------- neós x kainos 
... que possuem etimologia importante ou instrutiva.------- qadosh 
... que são aparentadas a outros vocábulos.------------------ charis // charisma 
... que são transliterações.-------------------------------------- presbítero, diácono 
03 - Ferramentas para o estudo e ordem de uso das mesmas. 
[3.1 - Dicionário português.] 
3.2 - Concordância bíblica. LIVRO/AUTOR/PRÓXIMOS/TESTAMENTO/BÍBLIA 
3.3 - Léxicos das línguas originais. 
[3.4 - Traduções bíblicas.] 
3.5 - Dicionários bíblicos. 
04 - Como fazer o estudo das palavras. 
4.1 - Estudos preliminares: texto/contexto. 
4.2 - Uso de ferramentas: na ordem acima, deixando o dicionário bíblico para o fim do estudo das 
idéias. 
4.3 - Observar qual o sentido melhor para o contexto. 
05 - Que palavras escolher para estudar? 
5.1 - Doutrinal ou teologicamente importantes. 
5.2 - Eticamente importantes. 
5.3 - Termos difíceis de entender. 
5.4 - Temas chave ou principais para o livro/texto. 
5.5 - Dependentes da forma literária. 
5.6 - Dependentes de condicionamentos culturais. 
5.7 - Palavras que podem ser melhor compreendidas. 
5.8 - Tudo que o tempo permitir. 
NOTA: Falácias no estudo de palavras (D. A. Carson, A Exegese e as suas Falácias, São Paulo, Ed. Vida Nova): 
1-Falácia da raiz = forçando o sentido da raiz ou da origem da palavra. 
2-Anacronismos semânticos = sentido do período errado. 
3-Obsolescência semântica = sentido obsoleto. 
4-Apelo ao desconhecido ou atípico = fuga para um sentido marginal. 
5-Descuido ao pano de fundo. 
6-"Paralelomania" = uso exagerado de literatura não bíblica. 
7-Erro em associar mentalidade e linguagem (Hebr. vs. Gr.). 
8-Falsas atribuições de sentido técnico. 
9-Problemas com sinônimos e equivalentes em uma análise. 
10-Uso preconceituoso e seletivo da evidência. 
11-Disjunções e restrições semânticas descuidadas. 
12-Restrições descuidadas de campo semântico. 
13-Adoção descuidada de campo semântico expandido. 
14-Problemas relativos ao pano de fundo semítico do NT grego. 
15-Negligência em diferenciar "corpos de escritos". 
16- Ligação descuidada entre sentido e referência. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 12
UNIDADE VI - AS IDÉIAS. 
01 - Definição: Idéias são assuntos, temas, doutrinas, expressões, ilustrações, referências, etc. que ocorrem 
mo texto sob estudo e em outros lugares da Escritura. O estudo das idéias baseia-se no fato de que as 
palavras e os conjuntos de palavras são um veículo da transmissão de idéias que estão além das próprias 
palavras. Desta forma, pelo estudo das idéias busca-se a compreensão do pensamento do texto bíblico. 
02 - Importância do estudo das idéias. 
2.1 - Deixar a Bíblia interpretar a Bíblia. 
2.2 - Dar flexibilidade ao estudo bíblico. ------ vocabulário não uniforme 
2.3 - Dar importância aos temas centrais do texto. 
2.4 - Perceber a interligação dos temas bíblicos. [estudo de batismo ou serviço; descrições de caráter] 
2.5 - Trabalhar pressuposições teológicas dos escritores. 
2.6 - Sistematizar o estudo bíblico sobre um assunto. 
2.7 - Verificar a verdade de nossas conclusões. ------ não tirar conclusões desequilibradas 
03 - Como fazer o estudo das idéias. 
3.1 - Buscando referências bíblicas: 
a. Na memória; ------ reflexão, meditação. 
b. Na concordância bíblica; 
c. Nas referências em Bíblias (ARA, ARC, BJ, Nestle); 
d. Sinopses e textos paralelos. 
3.2 - Consultando dicionários bíblicos. 
3.3 - Consultando comentários bíblicos. 
3.4 - Consultando monografias. 
04 - Os resultados do estudo das idéias. 
4.1 - Contribuição de novos dados para todos os estudos anteriores. 
4.2 - Desenvolvimento das idéias propriamente ditas. 
Nota: O texto de Nestle-Aland-27 [Margem externa e interna]: 
1. Míni-concordância 
2. Informação histórica 
3. Sinopse em miniatura 
4. Idéias correlatas 
5. Ligações interessantes 
6. Sinopse de Eusébio 
7. Divisão em parágrafos [Ed. #25] 
8. Comparação de edições críticas [apêndice] 
9. Lista de manuscritos [apêndice] 
10. Lista de citações/alusões [apêndice] 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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UNIDADE VII - A PARÁFRASE. 
Grego: parafra,zw = paraphrazo << para, + fra,zw = para+ phrazo 
Vida nos ossos secos Ez 37.1-14 
01 - Definição: Paráfrase é o resultado do estudo que fizemos. Parafrasear é traduzir e explicar o texto nas 
suas próprias palavras. É também aplicar a passagem às necessidades atuais, com fidelidade à mensagem e 
intenção originais. A paráfrase é muitas vezes apresentada na forma de uma aula, sermão ou estudo (oral ou 
escrito).Paráfrase é fazer a EXEGESE passar pela HERMENÊUTICA. 
02 - Importância da paráfrase. 
2.1 - Verificar se realmente entendemos o texto. 
2.2 - Organizar e resumir as idéias principais. 
2.3 - Ser compreensível a todos. 
2.4 - Ilustrar a verdade. 
2.5 - Ser prático com respeito à verdade bíblica. 
2.6 - Falar sobre coisas importantes e interessantes. 
2.7 - Ser objetivo. 
2.8 - Fazer uma síntese do estudo. 
03 - Como fazer a paráfrase. 
3.1 - O segredo de uma boa paráfrase é um bom estudo. 
3.2 - Preservar as idéias originais. 
3.3 - Traduzir, explicar, contextualizar. 
3.4 - Dialogar com o texto. 
3.5 - Corrigir a pré-compreensão do texto. 
3.6 - Priorizar a mensagem, aproveitando o veículo, se possível. 
3.7 - Aplicar o texto na atualidade. 
3.8 - Resumir e organizar. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 14
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II 
 
HERMENÊUTICA NA PÓS-MODERNIDADE 
Notas da leitura de 
“Há um significado neste texto?” 
de 
Kevin Vanhoozer 
 
 
 
 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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HERMENÊUTICA BÍBLICA 
E O PÓS-MODERNISMO 
 
 
BIBLIOGRAFIAS 
 
 
Bibliografia em português: 
VANHOOZER, Kevin, HÁ UM SIGNIFICADO NESTE TEXTO? INTERPRETAÇÃO BÍBLICA: OS 
ENFOQUES CONTEMPORÂNEOS, São Paulo, Ed. Vida, 2005. 
GRENZ, Stanley J., PÓS-MODERNISMO: UM GUIA PARA ENTENDER A FILOSOFIA DE NOSSO TEMPO, 
São Paulo, Ed. Vida Nova, 1997. 
SALINAS, Daniel & ESCOBAR, Samuel, PÓS-MODERNIDADE: NOVOS DESAFIOS À FÉ CRISTÃ, (2ª 
edição), São Paulo, ABU Editora, 2002. 
 
 
 
 
 
Bibliografia adicional: 
BEEKMAN, John & CALLOW, John, A ARTE DE INTERPRETAR E COMUNICAR A PALAVRA ESCRITA: 
TÉCNICAS DE TRADUÇÃO DA BÍBLIA, São Paulo, Edições Vida Nova, 1992. 
BERGER, Klaus, AS FORMAS LITERÁRIAS DO NOVO TESTAMENTO, São Paulo, Loyola, 1998. 
BERKHOF, Louis, PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA, Rio de Janeiro, JUERP, 1981. 
BOST, Bryan Jay & PESTANA, Álvaro César, DO TEXTO À PARÁFRASE: COMO ESTUDAR A BÍBLIA, São 
Paulo, Editora Vida Cristã, 1992. 
CARSON, D. A., A EXEGESE E SUAS FALÁCIAS, São Paulo, Edições Vida Nova, 1992. 
FEE, Gordon D. & STUART, Douglas, ENTENDES O QUE LÊS? UM GUIA PARA ENTENDER A BÍBLIA 
COM O AUXILIO DA EXEGESE E DA HERMENÊUTICA, São Paulo, Edições Vida Nova, 1984. 
HENRICHSEN, Walter A., PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA, São Paulo, Editora Mundo Cristão, 
1980. 
HENRICHSEN, Walter A., MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO, São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1980. 
RICOEUR, Paul, ENSAIOS SOBRE A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA, São Paulo, Novo Século, 2004. 
TENNEY, Merril C., GÁLATAS, ESCRITURA DA LIBERDADE CRISTÃ, São Paulo, Edições Vida Nova, 1967. 
VIRKLER, Henry A., HERMENÊUTICA, São Paulo, Editora Vida, 1973. 
WEGNER, Uwe, EXEGESE DO NOVO TESTAMENTO: MANUAL DE METODOLOGIA, São Leopoldo & São 
Paulo, Sinodal & Paulus, 1998. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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O pós-modernismo1 
 
Introdução: 
O termo “pós-moderno” foi utilizado pela primeira vez em 1930, mas adquiriu importância em 1970. Primeiro 
descrevia um novo estilo arquitetônico, depois para novas teorias de algumas das ciências humanas e, finalmente, para 
descrever um movimento cultural mais amplo. 
O pós-modernismo define-se tanto como “um deslocamento para além do modernismo” como também como “uma 
rejeição da atitude mental moderna”. 
Discussão: 
 
I. O MODERNISMO 
• é filho da Renascença e do Iluminismo. 
• acredita na razão (“Penso, logo existo!”) – o homem é um ser pensante. A centralidade da mente humana 
elevou e derrubou o homem. 
• também crê que a razão consegue compreender o mundo e transformá-lo para o bem do homem. 
• supõe que “o conhecimento é preciso, objetivo e bom” e também que ele é acessível à mente humana. 
• para ele, liberdade e individualidade são valores importantes. 
• O movimento evangélico aproveitou a ênfase no pensamento científico, na abordagem empírica e o senso 
comum do modernismo. Precisa abandonar o modernismo para não afundar com ele. 
 
II. A CRÍTICA PÓS-MODERNA AO MODERNISMO 
Os primórdios: 
 Nietzsche (1844-1900) iniciou o processo de crítica ao modernismo que só chegará a ser generalizado nos 
anos 70. 
Epistemologia: 
 O pós-modernismo questiona as suposições centrais da epistemologia iluminista. O otimismo moderno 
transformou-se em pessimismo corrosivo. 
 Não há mais crença no progresso inevitável. 
 A “desconstrução” trabalha sobre um preceito dos ‘estruturalistas’, que afirmavam que a linguagem é uma 
construção social (oral/escrita) que ajuda a dar sentido e estrutura para a existência humana. 
 Rorty nega que verdade seja estabelecida por ‘correspondência’ com a realidade, mas apenas pela 
coerência interna das afirmações. Não há verdade, mas apenas interpretações. 
 Não há uma ‘metanarrativa’, ou seja, uma narrativa que seja capaz de unir os seres humanos em um único 
‘povo’. 
 “Genealogia” é um meio de descobrir como uma idéia se formou e, assim, demoli-la e relativizá-la. 
[Foucault] 
 “Desconstrução” usar o texto de modo que discurse contra si mesmo [ou pelo menos contra as 
interpretações tradicionais] [Derrida] 
Cosmovisão: 
 Os desconstrutores dirão que “o significado não é inerente ao texto em si, dizem eles, emerge apenas à 
medida que o intérprete dialoga com o texto”. Cada um lê o texto e a realidade como quer e como pode – 
cada um tem sua perspectiva única. Há muitas leituras da sociedade. Pluralismo. 
 “Tudo se resume à diferença”. Não há universo (um todo unificado) – temos apenas ‘multi-versos’. Não 
há ‘um mundo lá fora”, mas apenas interpretações. 
 O pós-modernismo marca o fim de uma cosmovisão única e universal em favor de um respeito pela 
diferença e pela celebração do local e do particular à custa do universal. 
 Derrida propõem o abandono da ‘onteologia’ e da ‘metafísica da presença’ – não há verdadeira ontologia 
e nem nada que a transceda a realidade: tudo é perspectiva de quem a observa. 
 Foucault diz que uma interpretação da realidade é uma declaração de poder. Conhecimento é ato de poder. 
Crítica à razão somente: 
 Os pós-modernos crêem que as emoções e a intuição também são válidos para o conhecimento além da 
razão. 
 Os pós-modernos são holísticos contra a suposição Iluminista que apenas o racional é verdadeiro. 
Holismo: 
 O holismo pós-moderno tem implicações sociais e ecológicas 
 Rejeita-se o conceito de verdade objetiva – objetividade não existe. O conhecimento é sempre 
condicionado histórica e culturalmente, e sempre incompleto. 
 Tudo é relativizado pela sociedade à qual pertencemos [contra o individualismo objetivo do racionalismo]. 
 
1 Cito parte da apostila da disciplina “Apologética Cristã” de minha autoria. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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Ética: 
 O certo ou errado passa pelo crivo da convenção social. 
 A aldeia global foi formada pela informação: retribalização. Com tanta informação disponível, ‘pense 
globalmente e aja localmente!” - 
 Não há mais centro: ‘heterotopia’ e ‘multiverso’ 
 
III. CRISTIANISMO E PÓS MODERNISMO 
A. O QUE É VANTAGEM PARA NÓS 
1. O fim da ditadura da razão e do cientificismo: não se confia mais na ciência e nem na razão. A 
irracionalidade (nova física), o caos e mesmo as limitações da ciência ajudaram. Emoções, intuições e 
revelações são fontes válidas da verdade. 
2. O fim da ditadura do método científico como única medida da verdade: há limitações no método e 
há outras fontes de verdade. 
3. O fim do mito que o conhecimento é objetivo e desapaixonado: a fé ou a vontade precede o saber. 
4. O fim do mito que o saber é bom e leva ao bem supremo: não é o conhecimento,mas a graça que 
salva o homem. 
5. O fim da promoção do individualismo e da autonomia humana: precisamos do mundo, dos homens, 
da igreja e de Deus. 
6. O fim da postura dualista: corpo vs. espírito ou razão vs. sentimentos. Busca-se um holismo: tudo o 
que somos será ressurreto por Jesus. 
B. O QUE É QUESTÃO A SER DISCUTIDA E COMBATIDA 
1. Rejeição das Metanarrativas: não se pode rejeitar a metanarrativa Bíblica de obra de Deus em 
Cristo. 
2. Relativização e rejeição da verdade [não há verdade, só convenções e linguagem. Tudo que existe 
é uma construção por palavras e por ponto de vista.]: temos que afirmar que a verdade pertence a 
Deus e em sua revelação, temos o ponto de apoio necessário contra a ‘absoluta’ relativização. 
3. Ceticismo e niilismo absolutos: o pós-modernismo veio para demolir e não pensa em nada para 
construir. Jesus veio dar esperança. 
Conclusão: 
O mundo mudou. As perguntas estão mudando. Precisamos dar novas respostas às novas perguntas com base na 
revelação bíblica que por sua origem divina, responde ao homem, incenvando-o a fazer as perguntas certas. 
 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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HISTÓRIA DO PROBLEMA HERMENÊUTICO 
 
Mundo Antigo (Cristianismo nasce) 
Alegoria e filologia antiga. Filosofia, retórica e gramática. 
Antioquia X Alexandria... depois Roma X Constantinopla 
 
Mundo Medieval 
Os 4 sentidos da Bíblia: 
(i) Sentido literal (ou histórico), que é o óbvio no texto; 
(ii) Sentido alegórico, é obtido pela descoberta de um sentido espiritual no texto; 
(iii) Sentido moral (tropológico) é o que diz respeito ao comportamento moral e prático; 
(iv) Sentido anagógico (do verbo anagein), é o significado oculto, celestial. 
Os teólogos pensam o mundo, por razões teológicas. 
Anselmo = Creio para que possa entender 
 
Mundo Renascentista (Séc. XIV-XV), Reformado (XVI), Iluminista (Séc. XVIII) 
Avó da Modernidade = Renascimento: Volta aos clássicos. Retorno a Aristóteles [menos Platão, mais 
Aristóteles]. 
Reforma: cada um tem direito de ler por si. 
Pai da Modernidade = Iluminismo: Ciência é a deusa mãe! 
O projeto da Enciclopédia. 
 
Mundo Moderno 
Mundo moderno = Creio no que posso entender. 
 
Mundo Pós-Moderno 
Mundo pós-moderno = Não creio... 
Mundo moderno Mundo pós-moderno 
Queda da Bastilha 15h32min de 15 de julho de 1972 – implosão do 
Conj. Habitacional Pruitt-Igoe em St. Louis, Missouri 
& 1988 – queda do muro de Berlim 
Ciências objetivas e absolutas – otimismo!!! 
O progresso é inevitável – otimismo!!! 
Não existe verdade – pessimismo!!! Não existe 
conhecimento objetivo. A verdade é relativa à 
comunidade a que pertencemos 
 Sementes de Nietzsche (1844-1900) 
Estruturalistas diziam que a linguagem é uma 
construção social e que a literatura nos prepara e 
equipa para compreender e dar sentido à nossa 
realidade social 
Os pós-estruturalistas, desconstrucionistas vão negar 
isto. O texto não tem significado, mas apenas é 
criado quando um intérprete dialoga com ele 
Homem autônomo, racional como Descarte, 
mecanicista como Newton, evolucionista como 
Darwin, sem alma como Freud 
 
Abandonaram o mundo orgânico 
Abandonaram a autoridade eclesiástica 
Ciência e progresso 
Jacques Derrida – abandonar onteologia e metafísica, 
pois não há nada ali. 
Michael Foucault – interpretar a realidade é ato de 
poder e violência. 
Richard Rorty – a verdade é coerência interna e não 
correspondência com ‘algo’ (não existe ‘algo’). 
Razão comanda A razão não é a única fonte de verdades (existem 
muitas fontes e muitas leituras) 
Individualismo científico – grandes Ênfase na comunidade, ecologia, holismo, no local 
(contra o universal). 
Ontologia, metafísica e epistemologia Só epistemologia. 
Era industrial Era da informação (Informática) 
Globalização e internacionalização Globalização e ‘retribalização’ 
Verdade cientificamente provada Ecletismo e tolerância. 
Uniformidade e padronização Diversidade e diversificação 
Busca da utopia Aceitação da ‘heterotopia’ 
Universo Multiverso 
“Visão objetivista” “Visão construcionista” 
Ética racional Ataque ao moralismo [só convenção] 
O mito do progresso, do sucesso, etc... 
O conceito cristão de história (linear) 
Rejeição de Meta-Narrativas, ou seja, um roteiro ou 
história que dá legitimidade ao viver e agir humano. 
“Será verdade?” “Para que serve?” = “Dá prá vender?” = “É 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 19
eficiente?” 
Univocacidade Duplicidade (dois níveis) 
Ficção X Realidade Ficção // Realidade [mistura] 
Ética e onteologia = razão Ética e onteologia = TV 
Vendem coisas Vendem experiências 
 Fim da cultura ocidental (individualismo, capitalismo 
e cristianismo) 
Colonialismo – superioridade do branco ocidental Pluralismo – “equilibrio ecológico” do pensamento 
 
Características: 
• Nova ontologia, epistemologia e hermenêutica 
• Rejeição de meta-narrativas (grande relato) [mito] – Criação, Queda, Israel, Jesus, Igreja, Fim. 
o Marxismo, Progresso, Democracia liberal, etc... 
• Rejeição de verdade 
• Rejeição de autoridade [faça como quer – verdade é violência] 
• Aceitação da verdade social e pessoal [importância dos sentimentos e emoções] 
• Desconstrução: analisar, quebrar em partes e manipular como quer (todos manipulam) 
• Genealogia: arma de desconstrução 
• Differance: 
• Apreciação do narrativo, histórico, artístico, poético, símbolos, sinais, experiências, etc 
• Diversidade é melhor que uniformidade 
 
Friedrich Schleimacher (1768-1834) 
 Interpretação gramatical – as palavras e frases 
 Interpretação psicológica – o processo mental do autor 
 Compreender uma obra é entender o processo de sua criação. (romantismo) 
 
Wilhelm Dilthey (1833-1911) 
 Cosmovisão (Weltanschauung) varia e não é universal. 
 Contexto determina significado. [Passar bem – depende do contexto] 
 Horizonte limita compreensão 
 
Martin Heidegger (1884-1976) 
 Dasein – ser-aí, ser-em. 
 Verdade é a revelação ou desvelamento do Ser. 
 
Hans-Georg Gadamer 
 Via média entre duas heresias: objetivismo e relativismo. 
 Usando Heidegger, Estar-no-mundo, buscar “fusão de horizontes” 
 A interpretação é uma síntese hegeliana. 
 
NOSSA REAÇÃO 
1. Existe uma meta-narrativa universal (existem várias na Bíblia) 
2. Concordância em rejeitar a Epistemologia Iluminista 
 O método científico não é o único 
 O saber não é objetivo 
 Saber apenas não é a solução 
3. Um evangelho pós-individualista, pós-racionalista, pós-dualista, pós-noeticentrico 
4. Avaliar nossa intenção e nossos métodos 
5. Viver em comunidade e métodos relacionais e holísticos. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 20
DIFICULDADES PÓS-MODERNAS EM MATÉRIA DE HERMENÊUTICA 
Parte 1 – o problema 
 
A história da crítica literária tem seguido a seguinte ordem: autor, livro, leitor. 
Há paralelo com a filosofia: metafísica, epistemologia, ética. 
Há relação com a Trindade: Pai, Filho e Espírito. 
 
O PROBLEMA MODERNO DA HERMENÊUTICA 
A morte do AUTOR 
• Deus morreu, logo, o Autor e os autores morreram! 
• A pós-modernidade questiona o postulado que os signos são indicadores confiáveis da real maneira de ser das 
coisas. 
• Morte de Deus (Séc. XIX) ----> Morte do autor (Séc. XX) 
• O autor não existe mais ou está ausente. 
• Não se sabe a intenção do autor – só temos o texto. 
 
A morte do LIVRO 
• Do estruturalismo: a linguagem e o pensamento depende de oposições binárias (estas não são padronizadas e 
iguais para todos) 
• Différance – o signo nunca re(a)presenta a presença. 
• O leitor faz o sentido. O texto se ajusta à interpretação. 
• Contexto determina sentido. 
• O texto não tem limites 
• Metaforicidade e intertextualidade. 
• “Não há nada fora do texto”. 
 
A morte do LEITOR 
• O leitor é o autor!• O que sou dita como leio! 
• O texto adapta-se à leitura – adivinhamos o significado 
• O que quero determina como leio: 
o intenção do autor? – crítica gramático-histórica 
o história da composição? crítica das fontes, da tradição, das formas, da redação, etc 
o estrutura e formato do texto? crítica literária ou estrutural 
o como traduzir o texto? crítica filológica e semântica 
o como o texto foi transmitido de forma manuscrita? crítica textual 
o funcionamento do texto? crítica retórica 
o como o texto se relaciona com seu tempo? crítica histórica 
o como o texto mostra ou afeta as estrutruras sociais? crítica sociológica 
o ensinos ou pressupostos teológicos do texto? crítica teológica 
o modos do texto afetar o mundo? crítica exitêncialista, política, etc 
o forma como o texto trata as mulheres? estudo de gênero ou crítica feminista 
o como o texto ajuda/atrapalha a mudança social? crítica libertadora ou política 
o como o texto pode ser lido de muitas formas? crítica desconstrucionista 
• eisegese é o que se faz! não existe diferença entre texto e interpretação 
• o leitor é ‘desumanizado’, pois não pode carregar nada, sob pretexto de isenção de leitura 
• Resultado: negadores e usuários. 
o Os negadores só vão ‘jogar’ 
o Os usuários vão buscar o que interessa = pragmatismo feroz!!! 
 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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DIFICULDADES PÓS-MODERNAS EM MATÉRIA DE HERMENÊUTICA 
Parte 2 – a resposta 
 
A história da crítica literária tem seguido a seguinte ordem: autor, livro, leitor. 
Há paralelo com a filosofia: metafísica, epistemologia, ética. 
Há relação com a Trindade: Pai, Filho e Espírito. 
 
RESPOSTA: TRINITARISMO INTERPRETATIVO 
Deus é aquele que se comunica. Deus é autor, mensagem e poder de recepção. Criação, Encarnação/revelação e 
Santificação são possíveis!!! Deus fala e faz! Jesus comunica e leva comunicação. O Espírito transmite e dá capacidade 
de compreender. Ele inspirou a redação e ajuda a apropriação da mensagem, seja pela força de sua obra, seja pela 
transformação do leitor. A Encarnação mostra que é possível entrar na vida do outro a fim de comunicar e receber 
comunicação. A própria Trindade é uma demonstração que não podemos ter conhecimento absoluto, mas que também 
não caímos em ceticismo absoluto: podemos ter um certo conhecimento – um ‘fideísmo crítico’ – “creio para entender”. 
 
Não somos deuses! Não somos absolutos. Por outro lado, somos filhos de Deus – há algo que podemos compreender. 
Nosso conhecimento deve ser moderado pela nossa humildade e nosso ceticismo equilibrado pela nossa convicção. 
Humildade e fé. Uma certa pluralidade interpretativa não precisa necessariamente estabelecer um conflito. 
 
A ressurreição do AUTOR 
• Não somos nem Senhores (modernismo) nem escravos (pós-modernismo) da linguagem. Somos ‘cidadãos’ da 
linguagem. 
• A distinção entre semiótica (signos) e semântica (sentenças) é a chave. 
• Assim como uma sentença vai alem do sentido dos signos (palavras) que a compôem, também a comunicação 
(parole) humana está livre da limitação da langue . 
• O homem e também a linguagem são “particulares básicos” (P. F. Strawson) = conceitos primitivos que não se 
explicam por nada mais básico. 
• A linguagem é dádiva de Deus: horizontal e vertical (superior e inferior). 
• A linguagem é elo entre os falantes e entre a linguagem e o mundo. 
• Deus fala o que Deus é e faz. Deus se tornou Palavra. 
• Obedecer a palavra (VT). 
• Salvação pela palavra (NT) – loucura da cruz! 
• Existe o significado – uma ação comunicativa intencionada – no texto. 
 
A ressurreição do LIVRO 
• O próprio texto dá o contexto para sua compreensão própria e adequada. 
• Deus escreveu um livro – logo, é possível ler e entender. 
• Contexto, contexto, contexto. 
• Significados? Contextos como ideais reguladores. 
• A encarnação de Cristo é a analogia e a metáfora orientadora. 
• A diversidade de gêneros bíblicos testemunha a diversidade das respostas e a abrangência das pessoas 
envolvidas nelas 
 
A ressurreição do LEITOR 
• Não é para usar ou criticar, mas receber! 
• Deixar o texto ...falar, ...seguir a coisas a sua maneira, ...sugerir a obediência. 
• Virtudes: honestidade, abertura, atenção, obediência. 
• Um significado, muitas significâncias. 
• Não jogar a Palavra contra o Espírito, mas ver a Palavra do Espírito. 
o Palavra inspirada pelo Espírito 
o Leitor transformado pelo Espírito 
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NOSSAS DIFICULDADES EM MATÉRIA DE HERMENÊUTICA 
 
Antigos lemas: 
• Somente as Escrituras: Sola Scriptura! 
• Somente a graça: Sola gratia! 
• Somente a fé: Sola fide! 
• Somente o Cristo: Solo Christo! 
Nossos lemas mais característicos: 
• Voltar à Bíblia. [Arrependei-vos!] Ser o povo do Livro. 
• Ser unicamente cristãos mas não os únicos cristãos. 
• Nenhum livro, senão a Bíblia; nenhum credo, senão Cristo; nenhum nome, senão o de Deus. 
• Nomes bíblicos para coisas bíblicas. Coisas bíblicas por meios bíblicos. 
• Na doutrina, unidade; nas opiniões, liberdade; em tudo, amor. 
• Padrão da sã doutrina. 
• Falar onde a Bíblia fala, calar onde a Bíblia fala. 
• Livro, capítulo, versículo. 
• Mandamento direto, exemplo aprovado e inferência necessária. [padrão] 
• O específico exclui o genérico. 
Surgimento de problemas em nossa fraternidade 
• Esforço transformado em ‘tradição’ 
• Tradição transformada em ‘lei’ 
• Lei transformada em ‘divisão’ 
• Divisão transformada em ‘rebelião’ 
O surgimento de novas hermenêuticas em nossa fraternidade: 
• Relativizavam especialmente o exemplo e a inferência 
• O elemento cultural foi magnificado 
• A cultura geral e religiosa foi reassumida 
• O pragmatismo tornou-se uma norma importante 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
 23
OS 4 “Ds” DA HERMENÊUTICA PRÁTICA 
Estudar bem a Escritura requer que nos aproximemos dela com um bom sistema de estudo que começa sempre com o 
texto bíblico em seu contexto bíblico e histórico, entendendo as palavras e idéias bíblicas dentro dos sentidos que a 
própria Bíblia lhes oferece, realizando assim, a transposição do sentido antigo do texto para o moderno entendendo bem 
os 4 D da aplicação dos textos bíblicos: os Desígnios, as Determinações, as Descrições e as Deduções do texto 
bíblico.2 
 
Desígnios. Cada texto tem que ser entendido à luz dos propósitos ou desígnios para os quais foi escrito. Não é possível 
falar onde a Bíblia fala se falarmos com intenção diferente da intenção manifesta nela. É preciso perguntar ao texto e 
seu contexto o que ele quer ou tem intenção de dizer naquele momento, antes de analisar suas Determinações, 
Descrições ou Deduções. O texto pode ter um propósito permanente ou passageiro, cultural ou teológico, instrutivo ou 
descritivo. O próprio texto terá que nos dizer das suas intenções. Elas são as intenções de Deus, elas devem imperar. 
Não podemos usar textos-prova, contra sua intenção original. 
 
Determinações. Uma vez entendendo o Desígnio de um texto. podemos ver quais suas Determinações ou 
mandamentos. Conforme o Desígnio, saberemos como obedecer aquela Determinação. Assim poderemos observar, por 
exemplo, porque o mandamento de observar a Ceia do Senhor tem caráter duradouro, enquanto o mandamento de lavar 
pés não tem a mesma durabilidade. A diferença é percebida não a nível de modo verbal, pois todos os textos tem verbos 
no imperativo, mas o Desígnio dos textos, percebido nos contextos e confirmado nas Descrições. Devemos falar os 
mandamentos que a Bíblia fala. Em muitas situações os mandamentos ou Determinações deverão ser melhor 
considerados como princípios. Assim escapamos de uma visão legalísta do cristianismo e também de um estreitamento 
desnecessário do mandamento. Nemtodo imperativo será mandamento, pois os Desígnios irão mostrar o uso correto do 
texto. 
 
Descrições. Também as descrições de pessoas, doutrinas e trabalhos da igreja antiga tornar-se-ão uma fonte de 
informação para saber quais descrições são normativas e quais são puramente descritivas. O Desígnio do texto e de 
todo contexto bíblico ajudará a encontrar nas histórias e nas narrativas, não apenas uma descrição de como as coisas 
eram, mas também ver nelas, em alguns casos, uma descrição de como as coisas devem ser. Devemos falar dos 
exemplos que a Bíblia fala. 
 
Deduções. Ocasionalmente a Bíblia falará por nos “forçar” ou nos “conduzir” a certas conclusões. O texto bíblico fala, 
tanto pelo que afirma como pelo que pressupõem. Essas deduções devem ser usadas com todo cuidado porque muitas 
vezes a lógica humana não corresponde à divina. Um exemplo de dedução pode ser visto no caso das reuniões 
dominicais dos cristãos. Há um texto que fala que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana para participar da 
Ceia (Atos 20.7). Há outro texto que afirma que os cristãos ofertavam a Deus no primeiro dia da semana (1 Coríntios 
16.1-3). Há outro texto que afirma que os cristãos deram um nome especial a esse dia, por causa do seu Senhor, 
chamando-o de dia do Senhor ou domingo (Apocalipse 1.10). Há uma série de textos que falam que Jesus ressurgiu dos 
mortos a apareceu aos discípulos no domingo (Marcos 16.1 e paralelos). Embora os cristãos não tenham que guardar 
dias especiais (Romanos 14.6. Gálatas 4.10), a conclusão é que o primeiro dia da semana é especial para os cristãos e 
que eles, embora pudessem reunir-se todos os dias, usavam a reunião dominical de modo especial para a ceia, oferta e 
uma comunhão habitual. Esta é uma dedução segura, embora trabalhosa como todas as deduções. Somente alguém com 
algum preconceito ou teimosia não perceberia a insistência do uso do domingo pela igreja antiga. Devemos falar das 
conclusões que a Bíblia nos leva a falar. 
 
A tarefa do discípulo de Cristo que quer falar onde a Bíblia fala é a tarefa de um historiador honesto, cuidadoso e 
humilde, que quer buscar na Bíblia, do melhor e mais preciso modo possível, o padrão das sãs palavras, da sã doutrina e 
do evangelho conforme nosso Mestre assim desejou que todos os seus seguidores o praticassem. Humildade é 
necessária pois a fraqueza humana nos adverte. 
 
 
 
2 Para uma abordagem similar, mas não idêntica, veja F. LaGard Smith, The Cultural Church, Nashville, 20th 
Century Christian, 1992, p. 149-169. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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UNIDADE III 
 
PROVÉRBIOS DOS EXEGETAS 
Uma coletânea de princípios 
de interpretação bíblica 
 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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OS PROVÉRBIOS DOS EXEGETAS 
 
© 2010 Álvaro César Pestana 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA 
em face do pós-modernismo. 
 
Esta lista de princípios de interpretação bíblica não é e nem poderia ser original. Se houver algo de original 
nela, será apenas a organização e a forma de tentar transmitir conceitos já consagrados pelas próprias Escrituras e 
também pelo uso. De fato, as Escrituras são o juiz final de nossos métodos de interpretação da Escritura. 
Tentamos partir do principal, do geral e do maior para o secundário, o particular e o menor. 
Em alguns casos, os princípios são definidos por pura afirmação dos mesmoss. Em outros, um exemplo 
ajudará a entendê-los melhor que uma definição proposicional. 
O autor agradecerá contribuições, acréscimos e contradições aos princípios aqui apresentados, pois todos 
somos estudantes vitalícios das Escrituras. 
Que Deus o abençoe por meio da sua Palavra! 
 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA 
 
#1 - PRINCÍPIOS ESPIRITUAIS. 
1 – A Escritura tem razão (João 10.35). 
• A Escritura não pode falhar, não pode ser anulada. 
• A Escritura é Palavra inspirada por Deus. 
• O pressuposto fundamental do pós-modernismo é que ninguém tem razão absoluta. [com isto 
temos que concordar]. O problema surge quando eles concluem que “ninguém, absolutamente, 
tem razão alguma”. Não existe verdade! 
2 – A Escritura tem autoridade (Lucas 16.17). 
• Estude com a pressuposição que a Bíblia tem autoridade. 
• O pós-modernismo e todos os seus proponêntes vem da turma “do contra”. São avessos e 
inimigos de qualquer autoridade. De fato, para eles, interpretação e sentido verdadeiro são 
exercício violento de poder! 
3 – A Escritura convida à fé (Rm 10.17). 
• Tenha a mesma fé do autor bíblico para que possa compreendê-lo. 
• Estude com as mesmas pressuposições do autor bíblico. 
• Todos temos pressuposições, mas devemos amoldar as nossas às dos escritores, se quisermos 
compreendê-los 
• Simpatia é (e leva a) “sentir as mesmas coisas”. 
• “Credo ut intelligam non intelligo ut credam”, ‘creio para compreender e não compreendo para 
crer’. 
• O pressuposto fundamental para o pós-modernismo é que devemos duvidar de tudo [Descartes é 
o pai disto]. 
• O lema é do modernismo era“creio no que posso entender”. O lema do pós-modernismo é “creio 
que não posso entender”. 
4 – Ora e labora. 
• Ora et labora. 
• Orar bem é estudar bem. 
• O lema pós-moderno:“Desconstroi e decodifica”. 
5 – O alvo é obedecer e não apenas conhecer. 
• Conhecimento sem prática é farisaísmo e rebelião. 
• Prática sem conhecimento é fanatismo ou ativismo vazio. 
• O alvo pós-moderno é apenas negar: não há nada a obedecer, apenas coisas a utilizar. 
• O alvo pós-moderno é libertar: não há verdade, nem autoridade. 
6 – O alvo tem que ser encontrar o sentido e não justificar uma posição. 
• Temos que olhar o texto para ver como ele nos desafia. 
• Ex-egese e não eis-egese! 
• O pós-moderno acredita que não existe ex-egese. Toda leitura é eis-egese. 
7 – Humildade é a chave. 
• Deus resiste aos soberbos, mas concede sua graça aos humildes. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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• Humildade resume os pontos 1-6. 
• O pós-moderno diz que a dúvida e a desconfiança é a chave do saber, que, na verdade, é um 
reconhecer o não saber. 
• De fato, neste sentido, os pós-modernos nos ensinam que temos que ser humildes. Não somos 
Deus – não somos infalíveis e nossa interpretação não é absoluta. Isto temos que agradecer a eles, 
mas, na verdade, Deus já tinha nos ensinado isto antes, por meios mais verdadeiros. 
 
#2- PRINCÍPIOS GERAIS. 
8 – A Escritura explica a Escritura. 
• A Bíblia interpreta a Bíblia. 
• O melhor intérprete da Bíblia é a própria Bíblia. 
• A antiga frase “analogia fidei”, ‘analogia da fé’, afirma justamente que os textos mais simples e 
claros da Bíblia devem conduzir a interpretação dos textos mais difícieis e complicados e nunca o 
contrário. [Para Agostinho “analogia fidei” era a fé da Igreja. Para Lutero “analogia fidei” é o 
anúncio de Jesus. Para Calvino “analogia fidei” era a Bíblia e o Espírito Santo.] 
• As Concordâncias Bíblicas são, depois da Bíblia, os livros mais úteis. 
• Textos fáceis interpretam os difíceis e não o contrário. 
• A Crítica Canônica, ou seja, o estudo da Bíblia dentro do corpo de materiais reconhecido como 
padrão e inspirado pelo Espírito é a chave de nossa boa compreensão de temas que estão 
espalhados por todos este corpo de literatura que cremos que é coerente por causa o único Autor 
supremo. 
• A descontrução e a genealogia, duas das principais ferramentas de demolição da pós-
modernidade tentam jogar texto contra texto, autor contra autor, e o texto e o seu autor contra si 
mesmos, de forma a ressaltar as inconsistências, as possibilidades divergentes de significado e, 
portanto, a ausência de significado. 
9 – A Escritura tem um contexto que é maisimportante que o nosso contexto. 
• O exemplo é Dt 22.5 – em 1910, calça comprida era de homem, mas em 1440 a.C., nem era 
questão! A questão era travestismo mágico-cultual dos cananeus. 
• Não podemos impor o nosso contexto à Escritura. 
10 – A Escritura tem uma lição original a ser descoberta. 
• O alvo é descobrir o sentido original do autor da Escritura. 
• O autor primeiro é Deus, que fala e age. 
• O autor secundário é o homem, inspirado, que transmite a palavra de Deus. 
• O alvo é descobrir o sentido original do texto da Escritura. 
• O texto é, acima de tudo, a “encarnação” da Palavra divina em forma de comunicação 
humana. Jesus é o arquétipo e o protótipo de toda a Escritura. 
• O texto é o caminho para a verdade e a vida de Deus. 
• O alvo é descobrir o sentido original para os leitores originais da Escritura. 
• Os leitores originais são o povo de Deus, que viveu sob o poder do Espírito de Deus, 
observando seu poder e sua intervenção. 
• O sentido para eles governa o sentido para nós. 
• A distinção entre ‘significado’ e ‘significância’, trabalhada pelos pós-modernos é útil 
para ressaltar os aspectos antigos e atuais de um texto. 
11 – A Escritura interpreta a experiência e não a experiência à Escritura. 
• A Bíblia orienta/julga a nossa experiência e não a nossa experiência orienta/julga a Bíblia. 
Certamente nossas experiências serão parte de nossas pressuposições e pré-concepções, mas temos 
que tentar livrar-nos delas. 
• Uma mulher com experiências negativas com o esposo pode olhar muito mal para os textos sobre 
submissão da mulher, por julgar o texto pela sua experiência [negativa]. 
• Uma possível vitória ou esclarecimento pessoal não pode contrariar o que a Bíblia diz. Nossos 
sentimentos e impressões não comandam a interpretação. 
• O ceticismo pós-moderno da possibilidade de uma leitura sem pressuposições baseia-se num 
ceticismo sobre a própria possibilidade da leitura. 
12 – A Escritura interpreta a história e não a história à Escritura. 
• O conhecimento da história do ambiente social e religioso do tempo dos escritores bíblicos e 
posteriores ajuda a entender os textos, por outro lado, eles não podem ser usados para negar o 
texto ou conduzir o texto para uma direção contrária às suas claras afirmações e intenções. 
• Da mesma forma a história da igreja ajuda a ver a correta interpretação bíblica e também os 
desvios desta interpretação em tempos posteriores, mas nunca pode ser usada para “determinar” os 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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sentido original dos textos bíblicos. Evidências históricas podem ser importantes mas não podem 
ser o único fator decisivo. 
• A intertextualidade muito utilizada no pós-modernismo, sem qualquer critério, faz com que uma 
leitura seja ‘lida’ por outra. Não deixa de ser a prática de fazer uma ‘história’ conduzir nossa 
leitura bíblica. 
13 – A Escritura tem direito de não ser “harmonizada”. 
• Textos paralelos são forçados a dizerem a mesma coisa ou a produzirem um quadro histórico 
único. Esta não era a intenção dos escritores. 
• Cada autor tem o direito de ser ouvido em suas próprias ênfases e preferências, sem ter que 
“concordar” com outros. Cada um tem sua mensagem. 
• É lógico que sempre há uma coerência global dos relatos e das doutrinas, mas esta não é, 
geralmente, a intenção dos autores. 
• Um exemplo de texto normalmente “harmonizado” é Mt 8.5-13 e Lc 7.1-10. 
• Os textos de Mateus 18.10-14 e Lucas 15.3-7 trazem a mesma parábola com duas aplicações 
distintas, embora semelhantes. A parábola é a mesma, mas cada uma tem um contexto diferente e 
uma intenção diferente em sua aplicação. 
• A pós-modernidade usa justamente as aparentes contradições do texto para des(cons)truí-lo. É 
contudo, um ‘abuso de poder’, que eles mesmos tanto querem desmascarar. 
14 – A Escritura tem direito de receber um manuseio honesto de seus textos em seus contextos. 
• “Texto sem contexto é pretexto” 
• “Um texto sem o contexto é um pretexto” 
• Pergunte: o que? quem? quando? onde? como? porque? etc. 
• A pós-modernidade dá ênfase ao contexto de modo que o contexto do leitor atrapalhe 
completamente o do autor, e do texto. Contudo, são os próprios contextos que se tornam os ideais 
reguladores, como os filósofos que estudam o discurso comum e cotidiano tem provado. 
15 – A Escritura merece esforço e cuidado (Atos 17.11). 
• Um estudo rápido e superficial pode ser grandemente danoso. 
• Os temas e ensinos da Bíblia merecem o melhor de nosso esforço e atenção. 
• O pós-modernismo tem gerado desânimo e preguiça. 
16 – A Escritura pode ser compreendida (Efésios 3.4; Dt 29.29; Jo 20.30-31). 
• Se Deus resolveu colocar sua vontade em um livro, então é possível conhecer esta vontade através 
deste Livro. 
• É possível uma revelação divina proposicional, ou seja, por meio de proposições. Deus pode falar 
e escrever! 
• Esta é a grande contradição com a pós-modernidade. Deus pode falar ou não? 
 
#3- PRINCÍPIOS LINGÜÍSTICOS, LITERÁRIOS E GRAMATICAIS. 
17 – A Escritura deve ser entendida conforme o gênero literário que usa 
• Textos literais devem ser entendidos literalmente; textos simbólicos, simboicamente 
• Textos poéticos devem ser analisados poeticamente 
• Textos legais devem ser avalidos juridicamente 
• Textos narrativos devem ser estudados como tal 
• Textos histórico-proféticos devem ser estudados conforme sua natureza 
• Textos apocalípticos, parabólicos, epistolares, etc, enfim, todos precisam ser estudados conforme 
sua natureza. 
18 – A Escritura deve ser entendida conforme as regras comuns da linguagem humana 
• A lingüística moderna tem insistido neste ponto: palavras tem um uso mais simples do que o 
sugerido por dicionários teológicos. Não devemos sobrecarregar o sentido de um termo se o 
contexto não o exigir. As línguas da Bíblia não são “lingua de anjos”, mas de homens. 
• Gramática aplica-se ao texto bíblico. 
• A Bíblia pode ser estudada como literatura, embora ela seja mais do que literatura e embora 
apenas o fenômeno literário não explique tudo que a Escritura é e faz. 
• Parole e Langue não exaurem o sentido da linguagem – a semântica vai muito além da semiótica 
– a linguagem e a comunicação é mais do que a justaposição dos símbolos. Assim como o homem 
é mais que matéria, a comunicação é mais que seus símbolos e convenções. 
19 – A Escritura deve ser entendida dentro de seu raciocínio ou de sua linha de persuasão retórica. 
• Análise estrutural. 
• Análise retórica. 
• Análise espistolar. 
• O raciocínio ou estrutura de um texto como 1Co 13 é decisivo para sua interpretação. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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20 – A Escritura tem um sentido só. 
• Esta é uma regra geral com exceções. 
• A Escritura deve ser entendida sem apelo à alegoria, à moralização, à modernização, às 
‘psicologizações’, à validação pessoal (subjetiva – ‘o que eu senti com este texto’). Muitas vezes, 
tais leituras fogem do texto! 
• Se o texto for “ambíguo”, deliberada ou acidentalmente, tal indício tem que vir do texto e não do 
desejo do leitor. 
• Orígenes, influênciado pelo Platonismo de seus dias, acreditava em três sentidos: literal, moral e 
místico (alegórico). 
• Agostinho falava de quatro: histórico, etiológico, analógico e alegórico. 
• Na Idade Média falava-se de quatro sentidos: literal, moral (=tropológico), alegórico, analógico 
(=anagógico). 
• A pós-modernidade privilegia a multiplicidade de sentidos apenas para dizer, ao final, que não há 
sentido algum. Contudo, a distição entre ‘significado’ e ‘significação’. 
21 – A Escritura clara e simples interpreta a Escritura obscura e difícil e nunca o contrário. 
• Textos simples e claros interpretam os obscuros. 
• O que se aprende facilmente em um texto literal não pode ser contraditado por uma possível 
interpretaçãode um texto difícil. 
• O duvidoso não governa o seguro. 
22 – A Escritura deve ser interpretada levando em conta a coerência interna da obra de cada autor humano. 
• Devemos interpretar um autor humano, sempre em harmonia com ele mesmo. Assim, quanto mais 
extensa for a obra de um escritor bíblico, mais do seu pensamento, vocabulário, maneirismos etc 
poderemos apreciar 
• Cada autor poderá usar idéias em coerência com seu pensamento, sem ter que, necessáriamente, 
usar a mesma idéia de outros. Por exemplo, “leite” em Hb 5.13 é diferente de 1Pe 2.2. 
23 – A Escritura deve ser interpretada respeitando a coerência interna de cada livro. 
• Um livro bíblico é um todo coerente. 
• A leitura de uma parte, prepara para a leitura posterior. 
• A leitura posterior lança luz sobre a leitura anteriormente feita. 
• Um livro bíblico seria lido várias vezes, em voz alta, e sua compreensão viria deste exercício. 
• Assim, não é necessário e nem seguro, misturar livros para esclarecer textos. 
24 – A Escritura precisa que suas palavras e frases sejam compreendidas em seu contexto. 
• Palavras tem sentido no contexto. 
• Frases e locuções podem ter sentido diferente do significado simples de cada termo que a 
constitui. 
• Contexto literário = dentro do livro/texto. 
• Contexto histórico = do texto/acontecimento; do autor; dos leitores; etc. Vários níveis de contexto 
em um mesmo texto. 
• Contexto canônico = dentro do corpo de literatura e revelação bíblica, a compreensão de um texto 
atinge sua magnitude correta. 
25 – A Escritura pode aurir material de muitas fontes, mas o significado da Escritura é o do livro canônico e 
não das fontes utilizadas 
• Fontes orais. 
• Critica das fontes. 
• Crítica das formas. 
• Crítica da redação. 
• O uso destas ferramentas não precisa estar comprometido com uma postura descrente. A Bíblia é 
verdadeira, históricamente precisa e fruto da inspiração do Espírito Santo, mesmo que possamos 
analisar ou teorizar um pouco sobre as fontes dos escritores inspirados. 
 
#4- PRINCÍPIOS HISTÓRICOS E DOCUMENTAIS. 
26 – A Escritura é revelação progressiva. 
• Não se trata de evolução, mas de progresso. 
• Não se alteram as verdades, mas estas são aprofundadas e esclarecidas. 
• Temas como a ressurreição só são plenamente reveladas em Jesus. 
• O plano de Deus (mistério) só pode ser revelado no evangelho. 
27 – A Escritura é revelação histórica e também supra-histórica. 
• Histórica – Ela fala da história da ação de Deus entre os homens. Ela tem que ser entendida dentro 
da sua história e dos momentos históricos a que se refere. Cuidado em verificar que as evidências 
históricas apresentadas sejam verdadeiras (o mito da “porta da agulha”) 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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• Supra-histórica – Ela contém elementos com os quais a história não tem condições nem 
ferramentas para lidar. A fé não pode ser 100% aquilatada pelo historiador. 
28 – A Escritura muitas vezes é documento base para outra Escritura. 
• A relação entre os documentos precisa ser analisada. 
• As citações do VT no próprio VT e no NT é uma prova desta ‘germinação expontânea’ dentro da 
própria Escritura. 
• Existem correlações entre os livros proféticos e os históricos. 
• O ensino e pessoa de Jesus são a base das antigas tradições orais, escritas e litúrgicas da igreja e 
dos apóstolos. 
• Existem muitas relações entre os Evangelhos e entre as cartas. 
29 – A Escritura narra a história sem necessariamente sempre dar ordens através delas. 
• Este é um ponto polêmico: o que é descritivo e o que é normativo nas narrativas históricas? 
• A tarefa do intérprete é tentar acolher o texto em sua intenção original. Se a intenção da narrativa 
era regulamentar a prática, então há razão para acolher a narrativa como norma. Se a intenção era 
apenas ressaltar outra lição, a narrativa não pode se tornar “mandamento”. 
• É bom andar com segurança, sem tornar-se legalista. 
• Há narrativas que são ‘etiologias’ dos mandamentos e das práticas espirituais posteriores. 
30 – A Escritura nos convida a reconstituirmos a situação original dos textos e dos mandamentos. 
• É o caso do domingo: At 20.7; 1Co 16.1-2; Ap 1.10. 
• Não há mandamento, há evidências. 
• Com a melhor evidência que temos, é melhor usar o domingo. 
31 – A Escritura apresenta as formas e as funções de vários mandamentos e práticas: ambos são importantes. 
• Não basta entender o que é o mandamento, mas sim como ele funciona e porque funciona. 
• Nos modelos de igreja bíblica, isto é muito importante. 
• O tanto quanto for possível, é bom manter forma e função. 
• Forma sem função é ritual vazio, é legalismo. 
• Originalmente, formas devem reforçar e promover a função. 
• Porém, formas podem subtituir a função. 
• Eventualmente, formas impedem a função. 
• Função sem forma é desvio, é relativização. 
• Originalmente, uma função necessita de uma forma. 
• Porém, a função ser realizada com outra forma diferente. 
• Contudo, logo, a nova forma moldará uma nova função. 
32 – A Escritura não necessita ter suas narrativas históricas espiritualizadas, mas entendidas dentro dos 
objetivos espirituais do autor. 
• O caso da narrativa do Tanque de Siloé. 
• O caso das ironias e alusões ao significado espiritual das coisas narradas sobre a crucifixão de 
Jesus. 
• As narrativas de Crônicas, mostrando reis ideais. 
#5- PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS, CULTURAIS E LÓGICOS. 
33 – A Escritura exige constante aprendizado. 
• Não tenha posições definitivas e fechadas – nossa fé é definitiva e fechada, mas não o 
esclarecimento e o conhecimento. 
• Continue aprendendo e reavaliando. 
34 – A Escritura exige que estudemos todo o assunto. 
• Não podemos ter passagens prediletas. 
• Não podemos isolar um tema de outros temas. 
35 – A Escritura tem o direito de ensinar coisas “contraditórias”. 
• Quando parecer que duas idéias opostas são ensinadas com clareza, aceite as duas. 
• Não existem verdadeiras contradições na Bíblia, mas ensinos paradoxais para nossa capacidade 
humana de entendimento. 
• Devemos entender que temas que nos parecem em desarmonia podem encontrar perfeita harmonia 
em níveis que não podemos compreender. 
• Não podemos sistematizar tudo. 
36 – A Escritura ensina por mandamento, exemplo e conclusões. 
• Mandamentos são mais fáceis de perceber. 
• Exemplos precisam ser apoiados em mandamentos e nas intenções do escritor. 
• Conclusões só são válidas se ancoradas nas intenções, pressuposições dos autores e são de maior 
relevância quando apoiam ou associam-se a mandamentos explícitos. 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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• É muito importante notar que Jesus exigia que seus contemporêneos tirassem conclusões 
da Bíblia? Em Mc 12.26-27; 12.35-37; 
37 – A Escritura ordena pelo silêncio. 
• Jesus pensava assim ao falar contra a tradição judaica (Mc 7.1-13). 
• O específico exclui o genérico: uma ordem específica exclui outras mais genéricas. 
• Se o Novo Testamento pede apenas orações, não precisa proibir a queima de incenso. 
• Se pede o pão e o cálice na Ceia do Senhor, não precisa proibir a pizza e a cerveja na Ceia 
do Senhor. 
• Um mandamento específico pode incluir outros elementos genéricos para o seu cumprimento. 
• O Novo Testamento ordena que a igreja se reúna (Hb 10.25) – este é uma mandamento 
específico. Não podemos cumpri-lo sem participar da reunião. Não podemos apenas 
participar de um “chat” na Internet, não podemos participar via televisão ou por telefone. 
Todas estas coisas não estão proibidas explicitamente, mas o ordem de “reunir-se” proíbe 
o uso de qualquer uma destas coisas em substituição ao mandamento. O específico 
“reunir-se” exclui outras formas: “chat”, telefonema, televisão, etc. 
• O Novo Testamento não especifica, contudo, que tipo de local devemos usar para nossas 
reuniões. Uma vezobedecendo o mandamento específico de reunir-se, podemos usar um 
prédio, uma praça, uma casa, uma escola, etc. Agora, neste nível, o mandamento é 
genérico. 
• Assim, um mandamento pode ser específico em um nível de sua enunciação e obediência, 
mas genérico em outros que não firam aquilo que já foi especificamente declarado 
obrigatório nele. 
• O grande exemplo, e o mais polêmico desta questão é o caso da música instrumental no culto de 
louvor a Deus. O silêncio do Novo Testamento sobre a questão e a ordem específica de cantar, faz 
com que o uso de instrumentos musicais seja proibido. 
38 – A Escritura dá normas para todas as ‘culturas’ mas não obriga todos a ter a mesma ‘cultura’. 
• A distinção entre o que é cultural e o que é eterno deve ser observada com cuidado. 
• Nossa cultura não pode ser usada para relativizar os textos bíblicos. 
• Para nós, o que nossa cultura acredita parece ser sempre definitivo e objetivo. 
• Contudo, isto é apenas um engano de nossa impressão pessoal. 
• Com o passar dos anos, nossa cultura também mudará e a verdade das declarações 
bíblicas não pode ficar a mercê destas mudanças. 
• Ocasionalmente, uma norma cultural é apenas a forma antiga de realizar uma certa função. Em 
outros casos a forma e a função estão indissolúvelmente ligados. 
• Não precisamos seguir a cultura dos escritores bíblicos, apenas seus mandamentos e as formas que 
porventura sejam indissociáveis destes mandamentos. 
• Por outro lado não devemos impor nossa cultura aos textos. 
• Por exemplo, é muito comum atribuir razões sanitárias às leis alimentares do Velho 
Testamento. Isto é um erro. O mundo antigo não compartilhava deste saber. As razões 
tinham fundamento anti-idolátrico. 
• Outros atribuem aos textos que pedem o silêncio da mulher nas assembléias cristãs à 
cultura dos antigos. Isto é um erro, pois as razões da antiga (e moderna) desvalorização 
da mulher não são a razão do mandamento da submissão e silêncio femininos. 
• Se o texto bíblico usa um expediente cultural de seu tempo na forma de mandamento, precisamos 
entender se o mandamento inclui a forma cultural do mandamento ou nos deixa livres na forma, 
desde que obedecida a função do mandamento. 
• Se o texto afirmar uma prática cultural como meio de cumprir um mandamento, devemos 
examinar se o mandamento precisa ser realizado daquela forma, para a obediência completa do 
mandamento. 
• Exemplos: 
• O uso de ósculo santo é mandamento. O objetivo do mandamento não era o ‘beijo’, mas a 
expressão de amor com santidade – não há apoio em outros lugares para uma ‘teologia da 
necessidade de beijos públicos’. Assim, o costume pode ser obedecido com outras formas 
que performizem a mesma função. 
• O ‘lavar-pés’ era uma prática de hospitalidade antiga. Os mandamentos e exemplos da 
prática podem ser praticados hoje em dia com outras formas de expressão de 
hospitalidade. 
• O uso de véu pelas mulheres era um meio de mostrar que as mulheres eram submissas a 
seus maridos ou pais. Hoje em dia as mulheres continuam obrigadas à submissão, pois 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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esta se baseia na Criação e na Queda (Gênesis), mas a forma de expressar esta submissão 
não é mais o uso do véu, pelo menos no mundo ocidental. 
• O uso de pão e vinho na ceia não é apenas cultural, pois simbolizam corpo e sangue. 
Assim, não podemos lembrar Jesus com outras coisas, quando em nossa cultura, temos 
um equivalente tão próximo ao costume original. 
• O batismo é imersão não apenas por causa de costume, mas pela necessidade teológica de 
encenar uma morte e uma ressurreição com Jesus. 
• Mulheres não pregam ou ensinam na igreja, não por causa do costume antigo, mas por 
causa que Paulo disse que elas deveriam manter silêncio para mostras submissão, 
conforme a Criação e a Queda (Gênesis) afirmam. Logo, não se trata de uma questão 
cultural, mas universal. 
• Na dúvida, sobre o que é cultural e o que é permanente, devemos optar pelo que é mais seguro, 
sem legalismo e com amor. 
#6- PRINCÍPIOS PRÁTICOS. 
39 – A Escritura precisa ser lidas. 
• Leia o texto a ser estudado em várias versões e várias vezes. 
• Leia o texto na língua original (se possível). 
• Parece absurdo, mas muitas vezes, o texto a ser interpretado não é lido. 
40 – A Escritura tem um contexto a ser observado 
• Leia o contexto literário da passagem. 
• Estude e descubra o contexto histórico da passagem. 
• Muitas vezes, é interessante ler várias vezes o livro onde nosso texto está. 
• O estudo dos ambientes históricos, culturais e sociais antigos são uma ferramenta importante no 
estudo bíblico. 
• Bons livros de introdução ao texto bíblico são úteis, embora não sejam infalíveis e nem sempre 
consigam abranger todos os aspectos dos livros bíblicos. 
41 – A Escritura fica mais clara com o uso de uma concordância bíblica. 
• O uso de concordâncias bíblicas ampliam em muito nossa compreensão da Bíblia. 
• A pesquisa de palavras, idéias, dados históricos, culturais, geográficos, biográficos, gramaticais, 
etc, podem ser realizados com concordâncias. 
• A concordância é quase uma fonte primária, na qual a interferência do autor humano é menor que 
em outras obras de referência. 
42 – A Escritura lucra com os chamados ‘textos paralelos’. 
• Textos que tratam do mesmo assunto em outros lugares da Escritura são muito úteis. 
• Textos paralelos ensinam, tanto por semelhança como por contraste. 
• Comparar texto com texto não deve ser feito para anular o sentido de cada um deles, mas para 
ampliar o sentido particular de cada um. 
• O ensino de um texto sempre estará em harmonia com o ensino global da Bíblia. 
43 – A Escritura pode ser estudada com o uso de léxicos, dicionários e enciclopédias bíblicas. 
• O dicionário da língua portuguesa não é uma boa ferramenta de estudo bíblico. 
• Dicionários e léxicos bíblicos são fundamentais para o estudo. 
• Enciclopédias e manuais bíblicos costumam dar informação mais abragente sobre vários aspectos 
importantes do texto. 
44 – A Escritura ilumina muitos comentários e bons livros cristãos. 
• A frase acima não está invertida. 
• Os comentários nos ajudam muito a entender o texto da Bíblia, mas a verdadeira luz vem da 
Bíblia, na medida que o texto do comentário consegue mostrar a força do texto inspirado. 
• Os livros são brilhantes na medida que deixam a Bíblia brilhar. 
• Há comentários (e livros) que não merecem ser lidos em conjunto com a Bíblia. 
45 – A Escritura precisa estar em nosso coração e em nossa boca. 
• Se não podemos explicar ( = boca), não entendemos com o coração ( = mente). 
• A boca fala do que está cheio o coração. 
• Logo, precisamos ter condições de explicar e falar da mensagem bíblica com nossas próprias 
palavras para ter certeza que a compreendemos. 
• Faça sempre um resumo, uma aplicação, uma reflexão, etc daquilo que aprendeu das Escrituras. 
 
Exegese e Hermenêutica 2010 Álvaro César Pestana 
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OS PROVÉRBIOS DOS EXEGETAS 
 
© 2010 Álvaro César Pestana 
Princípios lógicos da leitura da Bíblia. 
Lógica não funciona do mesmo modo para todos os povos. Hoje há pesquisas 
de todo tipo de ‘lógica’ nos centros de pesquisa acadêmica. Por exemplo, o 
comportamento das partículas subatômicas, aos olhos do homem comum não parece 
nada lógico, contudo, dentro da chamada mecânica quântica, é perfeitamente 
explicável. A ‘lógica’ de nosso mundo não é válida ali. Contudo, em nossa tradição 
bíblica, temos o privilégio de ler o livro bíblico escrito num sistema lógico similar ao 
nosso. São estes princípios que iremos notar abaixo. 
 
§01 – A lei da identidade ou da afirmação. 
 
§02 – A lei da contradição ou da negação. 
 
§03 – A lei da exclusão do termo médio. 
 
§04 – A lei da continuidade do pensamento, 
 
§05 – A lei [especial] da não contradição das contradições. 
Esta lei

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