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RECURSO ESPECIAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS 
 
 
 
APELAÇÃO Nº: XXX 
 
 
 
JUSTINO, já qualificado nos autos da Apelação Criminal supra, por sua 
advogada que está subscreve (procuração em anexo), não se conformando com a 
respeitável decisão de fls. XX, que violou o artigo 121, §5º do Código Penal, vem 
respeitosamente, perante Vossa Excelência, interpor 
 
RECURSO ESPECIAL 
 
com fulcro no artigo 105, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal de 1988 e bem 
como com supedâneo no art. 255, caput, do Regimento Interno do Superior Tribunal 
de Justiça c/c art. 1.029 e 1.030 do Código de Processo Civil. Requer que seja 
recebido e processado o presente recurso e encaminhado com as inclusas razões ao 
Colendo Superior Tribunal de Justiça. 
 
Nesses termos, 
Pede deferimento. 
 
Goiânia/GO, 23 de novembro de 2020. 
 
 
ADVOGADA 
OAB/GO XX.XXX 
 
 
 
 
RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL 
 
 
RECORRENTE: JUSTINO 
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO 
APELAÇÃO Nº: XXX 
 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
Colenda Turma, 
Eméritos Julgadores, 
Douto Procurador da República, 
 
 
Em que pese o indiscutível saber jurídico da Colenda Câmara Criminal do 
Egrégio Tribuna de Justiça de Goiás, impõe-se a reforma do venerando acórdão, 
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. 
 
DOS FATOS 
 
O Recorrente foi condenado e processado na Comarca de Goiânia/GO, por 
homicídio culposo no trânsito, artigo 302, caput do Código de Transito Nacional. Insta 
salientar que a vítima foi sua esposa, e existia afinidade e filhos. O Juiz de 1º Grau 
negou o Perdão Judicial, capitulado no artigo 121, §5º, pois decidiu que não estavam 
vivendo a plenitude do casamento, sendo assim o Perdão Judicial não era cabível. O 
Recorrente apelou ao tribunal competente e prequestionou à matéria do Perdão 
Judicial, mas a Colenda Câmara por unanimidade negou o provimento mantendo a 
sentença de 1º Grau. 
É o que consta relatar. 
 
 
DO DIREITO 
 
I. DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL 
Das causas decididas em última instância pelos Tribunais dos Estados, 
dispõe a Constituição Federal (CF) que cabe Recurso Especial para o Superior 
Tribunal de Justiça, quando a decisão recorrida “contrariar tratado ou lei federal, ou 
negar-lhes vigência ”, ou “julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face 
de lei federal” ou “der à lei federal interpretação divergente da que haja atribuído outro 
tribunal” (art. 105, III, alíneas “a”, “b”, “c”, da CF). 
Ora, no caso, o venerando acórdão do Egrégio Tribunal de Justiça infringiu 
o disposto nos artigos 121, §5º do Código Penal, pois proferiu um decreto 
condenatório sem ter como parâmetro a conduta praticada pelo Réu e a descrição 
contida na lei. 
Tendo havido o pré-questionamento da matéria, em sede de embargos de 
declaração, e, assim, esgotando todas as instâncias recursais ordinárias, é cabível o 
presente recurso especial, interposto em tempo útil e forma regular. 
 
DO MÉRITO 
 
I. DO PERDÃO JUDICIAL 
 
Como consta nos fatos narrados, as consequências deste infortúnio já 
resultaram em uma punição maior do que qualquer pena estatal que se possa receber. 
Como salienta Rogério Greco: 
O perdão judicial não se dirige a toda e qualquer infração penal, mas sim, 
àquelas previamente determinadas pela lei. Assim, não cabe ao julgador 
aplicar o perdão judicial nas hipóteses em que bem entender, mas tão 
somente nos casos predeterminados pela lei penal. (GRECO, Rogério. Curso 
de Direito Penal: Parte Geral. 15. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2013, p. 712). 
De acordo com o artigo 121, §5º do Código Penal, vide: 
Art. 121 [...] 
§5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, 
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão 
grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
No caso em tela, está mais do que comprovado que as consequências 
deste acidente geraram transtornos familiares e sentimentais, não havendo 
necessidade de punir novamente o Recorrente. Sobre isso, nas lições de Guilherme 
de Souza Nucci, se leciona que: 
“O perdão judicial é a clemência do Estado, que deixa de aplicar a pena 
prevista para determinados delitos, em hipóteses expressamente previstas 
em lei. [...] Baseia-se no fato de que a pena tem o caráter aflitivo, preventivo 
e reeducativo, não sendo cabível a sua aplicação para quem já foi punido 
pela própria natureza, recebendo com isso, uma reeducação pela vivência 
própria do mal que causou." (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito 
Penal. 2. ed. São Paulo: RT, 2006, p. 120) 
 
Já no entendimento dos Tribunais Superiores: 
 
RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIOS DOLOSO E CULPOSO. PERDÃO 
JUDICIAL. ART. 121, §5º, DO CÓDIGO PENAL. VÍNCULO AFETIVO 
ENTRE RÉU E VÍTIMA. OCORRÊNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
 
1. O texto do §5º do art. 121 do Código Penal não definiu o caráter das 
consequências, mas não deixa dúvidas quanto à forma grave com que essas 
devem atingir o agente, ao ponto de tornar desnecessária a sanção penal. 
2. Não há empecilho a que se aplique o perdão judicial nos casos em que o 
agente do homicídio culposo – mais especificamente nas hipóteses de crime 
de trânsito – sofra sequelas físicas gravíssimas e permanentes, como, por 
exemplo, ficar tetraplégico, em estado vegetativo, ou incapacitado para o 
trabalho. 
3. A análise do grave sofrimento, apto a ensejar, também, a inutilidade 
da função retributiva da pena, deve ser aferido de acordo com o estado 
emocional de que é acometido o sujeito ativo do crime, em decorrência 
da sua ação culposa. 
4. A melhor doutrina, quando a avaliação está voltada para o sofrimento 
psicológico do agente, enxerga no §5º a exigência de um vínculo, de um 
laço prévio de conhecimento entre os envolvidos, para que seja “tão 
grave” a consequência do crime ao agente. A interpretação dada, na 
maior parte das vezes, é no sentindo de que só sofre intensamente o réu 
que, de forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha 
laços afetivos. 
5. O que se pretende é conferir à lei interpretação mais razoável e humana, 
sem jamais perder de vista o desgaste emocional (talvez perene) que sofrerá 
o acusado dessa espécie de delito, uma vez que era irmão da vítima. 
6. Recurso especial a que se dá provimento, para declarar extinta a 
punibilidade do réu pelo homicídio culposo do irmão, em decorrência da 
concessão de perdão judicial, mantidos os demais termos da condenação. 
(STJ – REsp: 1871697 MA 2020/0095646-5, Relator: Ministro Rogerio Schietti 
Cruz, Data de Julgamento: 25/08/2020, T6 – Sexta Turma, Data de 
Publicação: DJe 04/09/2020) (Grifo nosso). 
 
***** 
 
HOMICÍDIO CULPOSO - INAPLICABILIDADE DA PENA, NOS TERMOS DO 
ART. 121, § 5º (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 6.416/77) DO CÓDIGO 
PENAL. 
1. O simples arrependimento do réu, por homicídio culposo praticado contra 
terceiro, não autoriza o perdão judicial previsto no art. 121, § 5º, do Código 
Penal, sendo necessário, para a concessão do benefício, que as 
consequências do evento tenham atingido também ao agente, quer 
física, seja moralmente, de forma gravíssima. 
2. Recurso extraordinário criminal conhecido e provido. 
(STF - RE 90973, Relator: CUNHA PEIXOTO, Primeira Turma, julgado em 
08/04/1980, DJ 02-05-1980 PP-03008 EMENT VOL-01169-02 PP-00554) 
 
Da mesma forma, o Superior Tribunal de Justiça em sua súmula nº 18 
elenca que: “a sentença concessiva do Perdão Judicial é declaratória da extinção da 
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. ” 
Outrossim, como observa Cezar Roberto Bitencourt: “Trata-se de um direito 
público subjetivo de liberdade do indivíduo, de forma que, presentes seus requisitos, 
não poderá deixar de ser concedido." (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de 
Direito Penal: Parte especial. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 230). Este também 
é o entendimentodo Supremo Tribunal de Justiça: 
RECURSO ESPECIAL. DUPLO HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO. 
CONCURSO FORMAL. ART. 302, CAPUT, DA LEI N. 9.503/1997, ART. 70 
DO CP. MORTE DE NAMORADO E DO AMIGO. PERDÃO JUDICIAL. ART. 
121, §5º, DO CÓDIGO PENAL. CONCESSÃO. VÍNCULO AFETIVO ENTRE 
RÉU E VITÍMAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. SÚMULA N. 7 DO 
STJ. EXTENSÃO DOS EFEITOS PELO CONCURSO FORMAL. 
INVIALIBIDADE. SISTEMA DE EXASPERAÇÃO DA PENA. EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE. CAUSA EXCEPCIONAL. PREENCHIMENTO DOS 
REQUISITOS. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 
1. Conquanto o texto do §5º do art. 121 do Código Penal não tenha 
definido o caráter e a extensão das consequências do crime 
imprescindíveis à concessão do perdão judicial, não deixa dúvidas 
quanto à forma grave com que elas devem ter atingido o agente, a ponto 
de tornar desnecessária e até mesmo exacerbada a aplicação de sanção 
penal. 
2. A análise do grave sofrimento, apto a ensejar a inutilidade da função 
retributiva da pena, deve ser aferida de acordo com o estado emocional 
de que é acometido o sujeito ativo do crime, em decorrência da sua ação 
culposa, razão pela qual a doutrina, quando a avaliação está voltada 
para o sofrimento psicológico de um vínculo, de um laço de 
conhecimento entre os envolvidos, para que seja “tão grave” a 
consequência do crime ao agente. Isso porque a interpretação dada é a 
de que, na maior parte das vezes, só sofre intensamente aquele réu que, 
de forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha laços 
afetivos. 
3. [...]; 
7.Tratando-se o perdão judicial de uma causa de extinção da 
punibilidade de índole excepcional, somente pode ser concedido 
quando presentes os seus requisitos, devendo-se analisar cada delito 
de per si, e não de forma generalizada, como quando ocorre a pluralidade 
de delitos decorrente do concurso formal de crimes. 
8. Recurso especial não provido. 
(STJ – Resp: 1444699 RS 2014/0071420-6, Relator: Ministro Rogério Schietti 
Cruz, Data de Julgamento: 01/06/2017, T6 – Sexta Turma, Data de 
Publicação: DJe 09/06/2017) (Grifo nosso). 
 
Dessa forma, com base em todos os fundamentos de direito até então 
levantados, peço que conceda o Perdão Judicial para o Requerente, e que na forma 
do artigo 107, inciso IX do Código Penal, seja extinta a punibilidade, tendo em vista, 
que já foi punido o suficiente com a sua perda. 
 
DO PEDIDO 
 
Diante do exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, 
absolvendo-se o Recorrente nos termos dos artigos 121, §5º e 107, inciso IX do 
Código Penal e ainda com base na Súmula Nº 18 do STJ, como medida de inteira 
Justiça. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Goiânia/GO, 23 de novembro de 2020. 
 
 
ADVOGADA 
OAB/GO XX.XXX 
 
 
JACKELINE ARAÚJO LIMA 
 
OBS: Professora, consta na Tarefa 
que v. acórdão foi publicado há treze 
dias, por esse motivo considerei dia 
19/11 os 13, terminando o prazo de 15 
no dia 23/11.

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