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Profa. Ma. Cilene Delgado Crizostomo DEFINIÇÕES • Período que se inicia após a dequitação e se estende até a 6ª semana de pós parto (45-42º dia), no qual o organismo da mulher volta ao seu estado não gravídico, perdendo parte das modificações causadas pela gravidez e pelo parto • Divergências quanto aos períodos ou fases do puerpério: considerar as características próprias de cada organismo materno DEFINIÇÕES • Período cronologicamente variável, de âmbito impreciso, durante o qual ocorrem as manifestações involutivas e de recuperação da genitália materna, dividindo-o nas seguintes fases: – IMEDIATO: do 1º ao 10º dia – TARDIO: do 10 ao 45º dia – REMOTO: além do 45º dia • Primeiras horas/imediatas após o parto: período no qual podem se manifestar eventos como as hemorragias, vai de 1 a 3h = Greenberg, “hora de ouro” Outras subdivisões ou fases do puerpério Pós-parto imediato: até a 2h após o parto Puerpério precoce/mediato:da 2h até o 10º dia Puerpério tardio: do 10º dia até o retorno da menstruação (por volta da 6ª semana) Puerpério remoto: da 6ª semana até o 12º mês • Locais: aparelho genital interno e externo • Sistêmicas: vários sistemas vitais envolvidos nas alterações fisiológicas da gravidez • Áreas de modificação imediata: útero (endométrio), colo uterino, vulva, vagina e períneo • Sistemas vitais de modificação mais paulatina: cardiovascular, hematológico, endócrino, urinário • Outros sistemas passam por alterações, mas menos significativas MUDANÇAS FISIOLÓGICAS NO PUERPÉRIO • Involui após a dequitação: contração das fibras musculares e diminuição do tamanho das células (atrofia fisiológica) • Endométrio: regeneração celular, eliminação da camada esponjosa e da decídua. Camada basal mantida; apoptose da camada superficial desencadeando sangramento fisiológico (lóquio/loquiação) • Assume forma globosa, dura, palpável ao nível da cicatriz umbilical, lateralizada logo após o parto, mantendo o globo de segurança de Pinard • Altura uterina no pós-parto: diminui 1cm a cada 24h • Uma semana após o parto: fundo uterino encontra-se na pelve ÚTERO INVOLUÇÃO UTERINA • A involução uterina é lenta e reduzida em parto cirúrgico • Ocorre em cerca de 10 dias; sendo mais rápida na nutriz, pelo reflexo uteromamário: estimulação dos mamilos e da árvore galactófora, causando contrações uterinas • Por isso, durante a amamentação a mulher pode reclamar de cólicas • O aleitamento também auxilia na regulação da loquiação LOQUIAÇÃO • Composição: sangue, exsudato, transudato, restos celulares apoptóticos, incluindo leucócitos • 1-4º dia: sanguinolenta, vermelha (lóquios rubros) • 5-10º dia: serossanguinolenta, acastanhada (lóquios serosos) • A partir do 11º dia: amarelada-branca-incolor (lóquios alba), permanecendo a secreção vaginal mucosa habitual; endométrio regenerado • Loquiação reduzida: amamentação e deambulação • Acúmulo de lóquios: repouso prolongado; anulação do efeito gravitacional • Odor característico de sangue menstrual fisiológico CÉRVICE/COLO UTERINO • Imediatamente após o parto: consistência amolecida; hematomas, edema; podem haver lacerações (às vezes mínimas) • A partir do 2º dia de pós-parto: redução de seu tamanho, permanecendo ainda edemaciada, fina e frágil por vários dias • Gradativamente torna-se mais firme, até a consistência original não gravídica • Orifício cervical interno involui gradualmente, enquanto que o externo permanece levementeaberto VULVA, VAGINA, PERÍNEO • Vulva: edema, fissuras, lacerações e congestão nos pequenos lábios e nas carúnculas himenais (mirtiformes) • Vagina: recuperação da forma anatômica em 3 semanas; 6 meses para recuperar o tônus anterior à gestação, pelo efeito hormonal ainda presente (relaxina, estrogênio, progesterona) • Períneo: depende dos eventos do parto – houve episiotomia/episiorrafia? – Somente sutura após laceração? – Esgaçamento/diástase muscular do centro tendinoso do períneo? – São comuns hematomas e edema VULVA, VAGINA, PERÍNEO • Na região perianal podem surgir botões hemorroidários • Pode haver alguma ptose, pelo relaxamento pélvico causado ainda na gestação ou mais raramente pelo parto vaginal, atingindo vagina, uretra, bexiga e reto Episiotomia Períneo e abertura vaginal Introito vaginal anormalmente aberto Introito vaginal normal ADAPTAÇÕES SISTÊMICAS NO PÓS-PARTO: sinais vitais ▪ Temperatura: aumento sem significado clínico de quadro infeccioso, entre 36,8 a 37,9oC. Cesariana: Podem ocorrer calafrios e febre de até 38ºC nas primeiras 24h, como eventos autolimitados ▪ Pulso: permanece elevado durante a primeira hora após o parto ▪ Padrão respiratório: restabelecido ao padrão pré-gestacional após a mecânica do diafragma normalizar-se pela diminuição do volume abdominal ADAPTAÇÕES SISTÊMICAS NO PÓS-PARTO ▪ ABDÔMEN: até 14 dias a parede abdominal mantem-se relaxada, com regressão significativa em torno de 6 semanas ▪ O tônus anterior pode não retornar, dependendo das condições antes da gestação (quantidade de tecido adiposo, parede muscular e volume X velocidade da expansão útero- abdominal) ADAPTAÇÕES SISTÊMICAS NO PÓS-PARTO • Estrias permanecem mas tornam-se mais claras e menores • As vísceras voltam à posição original, melhorando o esvaziamento gástrico • Em puérperas de cesariana: risco de íleo paralítico pela manipulação da cavidade abdominal A puérpera apresenta exaustão devido ao longo período do TP sem adequada hidratação e alimentação, bem como pelo esforço realizado. Por isso permanece sonolenta e cansada no pós-parto imediato Diástase abdominal Diástase abdominal DEMAIS SISTEMAS VITAIS • Urinário: pode haver desconforto durante a micção por trauma uretral. Há aumento do volume urinário pela redistribuição dos líquidos corporais • Cardiovascular: volume aumentado da circulação permanece nas primeiras horas. Leucócitos, plaquetas e fibrinogênio permanecem elevados nas primeiras semanas. Eritrócitos caem 14% • HCG e hormônios sexuais caem abruptamente após a dequitação, e depois em níveis exponenciais até a 3ª semana de pós-parto MAMAS • 48-72h após o parto: ingurgitam, tornam-se endurecidas e doloridas, como resultado da queda abrupta dos hormônios estrogênio, progesterona e lactogênio placentário (HLP) pela saída da placenta, permitindo o início e a manutenção da amamentação (antagonismo e inibição da prolactina) • Ocorre tumefação do tecido mamário pelo aumento do suprimento de sangue e linfa MAMAS • Saída/ejeção: níveis elevados de ocitocina pela contratilidade uterina durante o TP estimulam a descida do leite • Este efeito é reduzido na cesariana e ampliado se a mama for estimulada na 1ª hora após o nascimento, pelo reflexo de sucção • Depende da duração ou da manutenção da lactação, sendo mais rápidas nas não lactantes • Não lactantes: a menstruação retorna entre 7-9 semanas após o parto, e a ovulação pode retornar entre 25 a 75 dias • Lactantes: menstruação retorna após 12 semanas juntamente com a ovulação em 25% das mulheres, a depender da frequência do aleitamento (se exclusivo ou não) • A ovulação pode ocorrer antes da menstruação, mesmo em lactantes OVULAÇÃO E MENSTRUAÇÃO Cuidado de Enfermagem à puérpera lactante • Tipos de leite: colostro, leite de transição, leite maduro • Apojadura • Manejo do cuidado diante das principais dificuldades do aleitamento materno ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS NO PUERPÉRIO HEMORRAGIAS • Prevalentes nas primeiras horas após o parto; causadas por atonia uterina, lacerações, retenção placentária • São eventos geralmente graves; uma das três principais causas de mortalidade materna • Exigem cuidados rápidos e resolutos • Ao contrário de outras complicações, na maioria das vezes não são evitáveis HEMORRAGIAS: alterações protetoras • Diminuiçãodo tempo de coagulação e aumento da agregação plaquetária: fatores de coagulação e fibrinogênio aumentam • Fibrinogênio cai para nível mínimo durante o TP e no 1º dia de puerpério. Depois volta a subir: reduz o risco de tromboembolismo HEMORRAGIAS: alterações protetoras • Eritrócitos: produção rápida de 30-40%, dependendo da reposição de ferro • Volume sanguíneo: 40-50%, a partir da 12ª semana • Com mais plasma do que de eritrócitos: 1000ml de plasma para 500ml de eritrócitos FALHAS NAS ADAPTAÇÕES LOCAIS NO PÓS-PARTO • SUBINVOLUÇÃO • ATONIA • HIPOTONIAUTERINA: • útero com falha na contratilidade, fracasso em retornar ao estado não-gravídico e em colaborar com a hemostase FALHAS NAS ADAPTAÇÕES LOCAIS NO PÓS-PARTO • RETENÇÃO PLACENTÁRIA/ANEXOS FETAIS: retenção ou retardo na expulsão da placenta, de restos placentários • Sinais: útero pouco contraído, volumoso, localizado acima da cicatriz umbilical, sangramento genital acentuado e contínuo, que pode evoluir para o choque hipovolêmico • Útero não forma um bom globo de segurança de Pinard • LACERAÇÕES NO CANAL DE PARTO Infecções Bacterianas durante trabalho de parto e Puerpério Representam cerca de 1/10 da carga global de mortes maternas Representa uma das principais causas de mortalidade materna em todo o mundo. Embora tenha ocorrido redução considerável de mortes por infecções no contexto dos países com alta renda, a situação não melhorou em contextos de recursos limitados. A maioria das 75.000 mortes maternas por infecçãoregistradas anualmente em todo mundo ocorrem em países de baixa renda. Embora a incidência relatada em países de alta renda seja relativamente baixa (entre 0,1 e 0,6 por 1000 nascimentos), é, no entanto, uma importante causa direta de mortalidade maternafile Causas da morte materna Relatório OMS 1990-2013 28% das mortes maternas são associadas a condiçõesmédicas preexistentes como diabetes, aids, malária e obesidade. Esta proporção é similar a das mortes por hemorragias graves durante gravidez ou parto,que isoladamente é a principal causa da morte materna no mundo. Entre mais de 60 mil disfunções maternas em 115 países, as causas de morte materna estão distribuídas da seguinte forma: hemorragia grave (especialmente durante e depois do parto): 27% hipertensão na gestação: 14% infecções: 11% parto obstruído e outras causas diretas: 9% complicações de abortos: 8% coágulos sanguíneos (embolias): 3% Fonte: Organização das Nações Unidas http://www.brasil.gov.br/saude/2014/05/oms-brasil-reduz-mortalidade-materna-em-43-de-1990-a-2013: http://www.un.org/ http://www.brasil.gov.br/saude/2014/05/oms-brasil-reduz-mortalidade-materna-em-43-de-1990-a-2013 Impacto da infecções no periparto/puerpério Além de morbidade e morte severas... Incapacidades de longo prazo: dor pélvica crônica, bloqueio de trompas de falópio e infertilidade secundária. Estão também associadas a um número estimado de 1 milhão de mortes de recém-nascidos por ano. Como infecção se propaga para o feto ? Modelos conceituais Como infecção ou inflamação intra- amniótica pode ocorrer durante a gestação? AF,Amniotic fluid Modified from RomeroR, Major M: Infection and Preterm labor, Clin.obst Gynecol. 31:553- 584,1988 Foto: In Remington, 2016 Modelos conceituais Como infecção ou inflamação intra- amniótica pode promover a rutura de membranas Trabalho de Parto Prematuro AF,Amniot ic fluid Modified from Romero R, Major M: Infect ion and Pret erm labor, Clin.obst Gynecol. 31:553-584,1988 Fot o: In Remington, 2016 Impacto da infecção para o feto com repercussões futuras Foto: in Remington, 2016 Broncodisplasia Lesão Cerebral ou Paralisia Cerebral Impacto da infecção para o feto com repercussões futuras Infecções Maternas no periparto Fatores de risco Condições maternas pré-existentes: desnutrição, diabetes, obesidade, anemia grave, vaginose bacteriana e infecções por estreptococos do grupo B, são alguns exemplos. Condições espontâneas ou decorrente de cuidados realizados durante o trabalho de parto e nascimento: ruptura prolongada das membranas, exames vaginais múltiplos, remoção manual da placenta e cesariana. As estratégias para reduzir as infecções maternas periparto e as suas complicações a curto e a longo prazo têm sido dirigidas principalmente para medidas preventivas onde tais fatores de risco existem. Prevenção da Morbimortalidade por Infecção Materna ❖ Globalmente, a intervenção mais comum é o uso de antibióticos para profilaxia e tratamento. O uso indevido de antibióticos para condições e procedimentos obstétricos “considerados de riscos de infecção materna”, é comum na prática clínica. Uso inadequado de antibióticos entre as mulheres dando à luz tem implicações nos esforços globais para conter a emergência de bactérias resistentes e, consequentemente, na saúde global. Prevenção da Morbimortalidade por Infecção Materna Antibiótico não é suficiente É necessário a melhoria do cuidado ➢ Rever processos de trabalho ➢ Adesão a práticas seguras ➢ Disseminar a cultura de segurança Lista Sumária de Recomendações da OMS para prevenção e tratamento de infecção materna periparto (infecção puerperal) Contexto Recomendação Força da recomendação e qualidade da evidência Prevenção das infecções periparto 1. Não é recomendado o uso de barbear perineal / púbico rotineiro antes do parto vaginal. Recomendação condicional baseada em evidência de muito baixa qualidade 2. O exame vaginal digital a intervalos de quatro horas é recomendado para a avaliação de rotina da primeira fase ativa do trabalho em mulheres de baixo risco. Recomendação forte baseada em evidência de muito baixa qualidade 3. A limpeza vaginal rotineira com clorexidina durante o trabalho de parto com a finalidade de prevenir morbidades infecciosas não é recomendada. Recomendação forte baseada em evidência de qualidade moderada 4. A limpeza vaginal rotineira com clorexidina durante o trabalho de parto em mulheres com colonização de estreptococos do grupo B (GBS) não é recomendada para a prevenção da infecção neonatal precoce de GBS. Recomendação condicional baseada em evidência de muito baixa qualidade Lista Sumária de Recomendações da OMS para prevenção e tratamento de infecção materna periparto (infecção puerperal) Contexto Recomendação Força da recomendação e qualidade da evidência Prevenção das infecções periparto (continuação) 5. A administração antibióticaintraparto para mulheres com colonização de estreptococos do grupo B (GBS) é recomendada para a prevenção da infecção neonatal precoce deGBS. Recomendação condicional baseada em evidências de baixa qualidade 6. Não é recomendada a profilaxia antibiótica de rotina durante o segundoou terceiro trimestre de todas as mulheres com o objetivo de reduzir a morbidade infecciosa. Recomendação forte baseada em evidência de muito baixa qualidade 7. A administração rotineirade antibióticos não é recomendada para mulheres em parto prematuro com membranas amnióticas intactas. Recomendação forte baseada em provas dequalidade moderada 8. A administração de antibióticos é recomendada para mulheres comruptura pré-termo de membranaspré-parto. Recomendação forte baseada em provas de qualidade moderada Lista Sumária de Recomendações da OMS para prevenção e tratamento de infecção materna periparto (infecção puerperal) Contexto Recomendação Força da recomendação e qualidade da evidência Prevenção das infecções periparto (continuação) 9. Aadministração de antibióticos de rotina não é recomendada para mulheres com ruptura prematura de membranas no termo (ou próximo). Recomendação forte baseada em evidência debaixa qualidade 10. A administração de antibióticosde rotina não é recomendada paramulheres com líquido amniótico manchado de mecônio. Recomendação condicional baseada em evidências de baixa qualidade 11. A profilaxia antibiótica de rotina é recomendada para mulheres submetidasà remoção manual daplacenta. Recomendação forte baseada em evidência de muito baixa qualidade. 12. A profilaxia antibiótica de rotina não é recomendada para mulheres submetidas a parto vaginal operatório. Recomendação condicional baseada em evidências de baixa qualidade Lista Sumária de Recomendações da OMS para prevençãoe tratamento de infecção materna periparto (infecção puerperal) Contexto Recomendação Força da recomendação e qualidade da evidência Prevenção das infecções periparto 13. A antibioticoprofilaxia de rotina é recomendada para mulheres com uma lesão perineal de terceiro ou quarto graus. Recomendação forte, baseada em evidência de muito baixa qualidade 14. A profilaxia antibiótica de rotina não é recomendada para mulheres comepisiotomia. Recomendação forte, baseada na visão consensual 15. A profilaxia antibiótica de rotina não é recomendada para mulheres com parto vaginal não complicado. Recomendação forte, baseada em evidência de muito baixa qualidade 16. Recomenda-se a limpeza vaginal com povidona-iodo imediatamente antes dacesariana. Recomendação condicional, baseada em provas dequalidade moderada 17. A escolha de um agente anti-séptico e o seu método de aplicação para a preparação da pele antes da cesariana devem basear-se principalmente na experiência do clínico com esse agente antisséptico particular e método de aplicação, o seu custo e a disponibilidadelocal. Recomendação condicional, baseada em evidências de baixa qualidade Lista Sumária de Recomendações da OMS para prevençãoe tratamento de infecção materna periparto (infecção puerperal) Contexto Recomendação Força da recomendação e qualidade da evidência Prevenção das infecções periparto (continuação) 18.0 Aprofilaxia antibiótica de rotina é recomendada para mulheres submetidas a cesárea eletiva ou de emergência. Recomendação forte baseada em evidênciade qualidade moderada 18.1 Para a cesariana, antibióticos profiláticos devem ser administrados antes da incisão cutânea, e não no intra-operatorio após o pinçamento do cordão umbilical. Recomendação forte baseada em evidência de qualidade moderada 18.2 Para profilaxia antibiótica para cesariana,deve ser utilizada uma única dose de cefalosporina de primeira geração ou penicilina, em preferência a outras classes de antibióticos. Recomendação condicional baseada em evidências de baixa qualidade Tratamentode infecções periparto 19. Um regime simples como ampicilina e gentamicina uma vez por dia é recomendadocomo antibióticos de primeira linha para o tratamento da corioamnionite. Recomendação condicional baseada em evidências de baixa qualidade 20. Uma combinação de clindamicina e gentamicina é recomendada como antibióticos de primeira linha para o tratamento da endometrite pós-parto. Recomendação condicional baseada em evidências de baixa qualidade Fatores de risco para sepse Sociodemográficos Negros e outras minorias étnicas OR =1.82 Problema médico pré-existente OR =1.40 Gestacionais Primíparas OR =1.60 Parto prematuro - risco de sepse 2.4–2.7 Parto vaginal operatório OR = 2.49 Gestação múltipla: OR = 5.75 CS Cesárea antes do TP OR =3.83 Cesárea após início do TP OR =8.06 Clínicos Streptococcus pyogenes OR = 4.84CS Doença febril ou uso de ATB nas duas semanas anteriores OR = 12.07 Acosta CD, et al. PLoS Med.2014 Sepse na gestação Infecção, documentada ou suspeita, e alguns dos seguintes: ➢ Febre (>38ºC) ➢ Hipotermia (temperatura central<36ºC) ➢ Taquicardia (>100 bpm) ➢ Taquipneia (>20 mrm) ➢ Alteração do estado mental ➢ Edema significativo ou balanço hídrico positivo (>20ml/kg em 24 horas) ➢ Hiperglicemia na ausência de diabetes Bacterial Sepsis in Pregnancy http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/25.4.12GTG64a.pdf http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/25.4.12GTG64a.pdf Sinais de alerta Gestação ➢ Febre ou calafrios ➢ Diarreia ou vômitos – podem ser sinais precoces de choque tóxico ➢ Exantema ➢ Dor abdominal ou pélvica ➢ Leucorreia ➢ Tosse produtiva ➢ Sintomas urinários Puerpério Somam-se: ➢ Aumento do volume mamário, vermelhidão ➢ Infecção da ferida operatória ➢ Demora na involução uterina ➢ Letargia, inapetência Bacterial Sepsis in Pregnancy http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/25.4.12GTG64a.pdf http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/25.4.12GTG64a.pdf Diagnóstico Paciente com infecção suspeita qSOFA≥2? Ainda há suspeita de sepse? Monitorar condições clínicas; reavaliar para possível sepse, se clinicamente indicado Averiguar ev idência de disfunção orgânica: Gasometria arterial com lactato, função renal, hemograma, bilirrubina SEPSE A despeito de ressuscitação volêmica adequada: 1. Vasopressores requeridos para manter PAM≥65mmHg E 2. Lactato > 2mmol/l CHOQUE SÉPTICO SIM NÃONÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO SOFA≥2? Adaptado de Singer et al. JAMA. Feb 2016 UTI INFECÇÃO PUERPERAL •É a que se origina no aparelho genital após parto recente. No Brasil é a 3ª causa de mortalidade materna. DIAGNÓSTICO: ❑ Temperatura > 38ºC com duração superior a 48 horas, que surge nos 10 primeiros dias de pós-parto, excluídas as primeiras 24 horas. ❑ Fogem à regra as puérperas acometidas de infecção limitada à ferida operatória (episiotomia ou cesariana) que raramente apresentam quadro febril. INFECÇÃO PUERPERAL • Clínica: febre => 38°C (exceto nas primeiras 24h, ou acima de 38,3), dor abdominal/pélvica, loquiação fétida, purulenta, com fluxo ausente ou aumentado, útero doloroso à palpação, subinvoluido e hipotônico, incisão cirúrgica ou sutura perineal com sinais flogísticos INFECÇÃO PUERPERAL • Risco aumentado: excesso de toques vaginais durante o trabalho de parto, ruptura precoce de membranas, lacerações do canal de parto, episiorrafia, cesariana • As bactérias migram da vagina, colo, ânus • Pode se estender ao endométrio e tornar-se sepse • A endometrite é a principal causa, com bactérias aeróbicas e anaeróbicas, principalmente por estreptococos A (1-2dias), Escherichia coli (3-4) INFECÇÃO PUERPERAL • Parto normal: 1- 3% • Cesariana eletiva: 5-15% • Cesariana em trabalho de parto: 30-35% Parametrite ❑ Decorre, no geral, de laceração de colo e da vagina. ❑ Os seguintes achados caracterizam a parametrite: Temperatura elevada, ≥ 39ºC, com remissão matutina. ❑ Paramétrios endurecidos e dolorosos ao toque vaginal. ❑ Presença de tumoração parametrial de consistência cística sugere abscesso, melhor estudado pela ultrassonografia. Parametrite CONDUTA: ❑ Na maioria das vezes o quadro regride com medidas clínicas. ❑ Antibioticoterapia (ver em Endometrite). ❑ Antiinflamatórios, analgésicos e antitérmicos (ver em Endometrite). ❑ Drenagem de abscessos porventura diagnosticados. INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ❑ Sinais e sintomas flogísticos locais: dor, rubor e calor. ❑ Febre moderada ocasional. ❑ Secreção, por vezes purulenta. ❑ Em casos raros, quando existe contaminação por Clostridium perfringens, a infecção pode evoluir com necrose dos tecidos afetados INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA • CONDUTA ❑ Higiene local com soluções antissépticas. ❑ Quando o abscesso é localizado sem indícios de infecção sistêmica e a paciente está em bom estado geral, apenas drenagem e cuidados locais são suficientes. ❑ Não ocorrendo melhora após 48 horas de terapêutica clínica, indicar: o Abertura e exploração da ferida operatória sob anestesia. o Lavagem exaustiva com soro fisiológico. o Desbridamento do tecido necrótico. o Drenagem da região afetada (dreno dePenrose). INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA • MEDICAÇÃO: ❑ Diclofenaco sódico: 50 mg VO ou retal de 12/12 horas. ❑ Paracetamol: 500 a 750 mg VO de 6/6 horas; ou Dipirona: 500 mg VO de 6/6 horas. ❑ Antimicrobianos são indicados em casos de comprometimento extenso e/ou com sinais e sintomas de acometimento sistêmico: o Cefazolina 1g IV de 8/8 horas (1ªescolha em pacientes internados). o Cefalexina 500 mg VO de 6/6 horas (2ª escolha). o Oxacilina 1 a 2 g IV de 4/4 horas (esquema recomendado nos casos mais graves). o Tempo recomendado de tratamento: 7 a 10 dias. Deiscência e evisceração (em cesariana) INFECÇÃO INFECÇÃO NA INCISÃO DA EPISIOTOMIA • CONDUTA: ❑ Higiene local com soluções antissépticas. ❑ Diclofenaco sódico: 50 mg VO ou retal de 12/12 horas. ❑ Paracetamol: 500 a 750 mg VO de 6/6 horas; ou Dipirona: 500 mg VO de 6/6 horas. ❑ Antimicrobianos: o Cefalexina 500 mg VO a cada 6 horas o Cefuroxima 500 mg VO a cada 12 horas o Clindamicina 900 mg IV a cada 8 horas ou clindamicina 600 mg VO a cada 8 horas. o A via de administração depende das condições clínicas do paciente. o Tempo recomendado de tratamento: 7 a 10 dias. INFECÇÃO INFECÇÃO NA INCISÃO DA EPISIOTOMIA • CONDUTA: ❑ A incidência de infecção na episiotomia geralmente é baixa. Em geral não é um caso grave. ❑ Quando há infecção grave com áreas extensas e necrose de estruturas perineais é necessário desbridamento e antimicrobiano sistêmico. ❑ Aproximação grosseira dos planos subdérmicos, evitando-se oclusão da ferida ENDOMETRITE / ENDOMIOMETRITE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ❑ Febre ❑ Lóquios purulentos e com odor fétido. ❑ Útero amolecido e doloroso. ❑ Secreção purulenta quando da manipulação do colo uterino. ENDOMETRITE / ENDOMIOMETRITE CONDUTA : ❑ A curetagem é indicada na presença de restos ovulares, devendo ser praticada após iniciada a antibioticoterapia e com a paciente em uso de ocitocina venosa. ❑ Nas pacientes refratárias ao tratamento clínico indicar histerectomia. ❑ A profilaxia antitetânica deve ser feita com antitoxina 10.000 UI IV de soro antitetânico (SAT), se a paciente não for adequadamente vacinada. No caso de paciente com teste de sensibilidade positivo ao SAT, a imunoglobulina humana antitetânica deverá ser utilizada na dose de 3.000 a 6.000 UI. Se a paciente for imunizada, fazer dose de reforço da vacina se a última ENDOMETRITE / ENDOMIOMETRITE CONDUTA : ❑ No caso de paciente com teste de sensibilidade positivo ao SAT, a imunoglobulina humana antitetânica deverá ser utilizada na dose de 3.000 a 6.000 UI. Se a paciente for imunizada, fazer dose de reforço da vacina se a última dose tiver sido administrada há mais de 5 (cinco) anos. ❑ ANTIBIOTICOTERAPIA: Se possível, orientada pelo antibiograma. Como conduta geral sugere-se: o Clindamicina 900 mg IV 8/8 horas + Gentamicina PERITONITE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ❑ Febre alta, ≥ 400C. ❑ Taquicardia. ❑ Distensão abdominal. ❑ Íleo paralítico. ❑ Sinal de Blumberg positivo: dor intensa à descompressão abdominal súbita. Dor intensa quando, ao toque vaginal, mobiliza-se o fundo-de-saco de Douglas, que pode estar abaulado (coleção purulenta). PERITONITE CONDUTA: ❑ Antibioticoterapia (ver em Endometrite). ❑ Antiinflamatórios, analgésicos e antitérmicos (ver em Endometrite). ❑ Drenagem de abscesso do fundo-de-saco de Douglas por colpotomia. ❑ Laparotomia com histerectomia e pesquisa de outros focos abdominais nos casos de peritonite generalizada resistente à terapêutica clínica instituída. ❑ Admitir a hipótese de tromboflebite pélvica séptica associada quando persistir o quadro febril. CHOQUE SÉPTICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Quadro grave, habitualmente causada por Escherichia coli. Dentre suas manifestações destacam-se: ❑ Febre constante. ❑ Calafrios. ❑ Taquicardia. ❑ Estado geral comprometido. o Hipotensão arterial. ❑ Paradoxalmente o útero pode ser indolor à palpação e os lóquios podem se apresentar discretos. CHOQUE SÉPTICO CONDUTA: ❑ Mandatório o tratamento em Unidade de Terapia Intensiva. ❑ Antibioticoterapia (ver em Endometrite). ❑ Antiinflamatórios, analgésicos e antitérmicos (ver em Endometrite). ❑ Investigação e drenagem de abscesso porventura existente. ❑ Laparotomia com histerectomia e pesquisa de outros focos abdominais, nos casos de peritonite generalizada resistente à terapêutica clínica instituída. COMPLICAÇÕES TROMBOEMBÓLICAS • Formação de um trombo num vaso com reação inflamatória (vasculite), que pode começar como um tromboembolismo aparentemente benigno, ou complicar • A gravidez aumenta o risco pela elevação dos fatores de coagulação e da tríade de Virchow: estase-lesão vascular-hipercoagulabilidade • É agravada pela não-deambulação no pós-parto, o que causa estasesanguínea COMPLICAÇÕES TROMBOEMBÓLICAS • TROMBOSE VENOSA SUPERFICIAL (flebite): inflamação, formação de coágulo e obstrução do fluxo no sistema venoso superficial, geralmente das safenas • TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP): ocorre nas veias profundas da perna, podendo estender-se para pés e região ileofemural • EMBOLIA: complicação da TVP quando um coágulo ou parte dele se desprende (êmbolo) e é levado pelo sistema circulatório alojando-se em alguma artéria e ocluindo-a; geralmente no pulmão; é fatal COMPLICAÇÕES TROMBOEMBÓLICAS TODAS AS COMPLICAÇÕES SÃO MAIS FREQUENTESEM CESARIANAS COMPLICAÇÕES TROMBOEMBÓLICAS • Clínica das tromboses: edema unilateral, hiperemia e dor no membro afetado • Fatores de risco: deambulação tardia, história anterior, varizes, obesidade, idade materna acima de 35 anos, diabetes, cesariana • Tratamento: antiinflamatórios, principalmente ibuprofeno, repouso e elevação do membro, meias elásticas de compressão • Terapia anticoagulante (heparina, warfarina), exames de contagem de plaquetas • Cuidados: monitorizar sangramentos mínimos (petéquias, púrpuras) TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP): avaliação no puerpério • Sinal de Homans (Homan/Holmans): dor na panturrilha durante a dorsiflexão do pé sobre a perna • Sinal de Bandeira: ao mobilizar as duas panturrilhas, a acometida apresenta menor mobilidade • Sinal de Bancroft: dor na musculatura da panturrilha à palpação PATOLOGIAS DA LACTAÇÃO MASTITE • Infecção nas mamas: Staphylococcus aureus, estreptococo do grupo A ou B, Escherichia coli e bacteroides sp. • Início: fissuras ou rachaduras nos mamilos; porta de entrada para a árvore galactófora • Risco aumentado: ingurgitamento mamário e mamilos não favoráveis à amamentação devido à estase • Clínica: febre alta (39-40°C), mal estar, dor, edema, eritema e hipertermia locais, podendo ser unilateral • Grave quando inicia-se um abscesso, podendo evoluir para sepse Tipos de mamilo INGURGITAMENTO MASTITE MASTITE • Tratamento medicamentoso: cefalosporinas por 7 a 10 dias. Não interferem na amamentação • Esvaziamento da mama • Se abscesso mamário grave: abertura cirúrgica, drenagem e antibioticoterapia EV (cefazolina ou oxacilina) • Se associada à hipergalactia incontrolável e grave abscesso: pode ser necessária a inibição medicamentosa da lactação, principalmente em mamas com mamilos invertidos, pelo risco de sepse: cabergolina, bromocriptina ou lisurida, de 2 a 14 dias. Esta conduta questionável e extrema SAÚDE MENTAL DA MULHER NO PUERPÉRIO • As demandas familiares, sociais e biológicas devido à chegada de um novo membro, bem como a queda de hormônios, são as causas das alterações psíquicas provenientes desse período Questões importantes do puerpério: saúde mental • Avaliar condições emocionais/psíquicas • Realizar comunicação terapêutica e escuta ativa • Oferecer apoio emocional. Se necessário, encaminhar para psicólogo ou psiquiatra SAÚDE MENTAL DA MULHER NO PUERPÉRIO • O puerpério é um período de elevação do estresse psicológico, aumentandoo risco de doença mental • 10-15% das mulheres desenvolvem depressão até 6 meses após o parto • Risco aumentado para doença psicótica tipo maníaco- depressiva em mulheres com predisposição • Blues puerperal: estado transitório de reatividade emocional comum em 50% das puérperas, cerca de 1-2 semanas após o parto, com melancolia, insônia, instabilidade emocional e afetiva, crise de choro, ansiedade, irritabilidade, deficit de concentração ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM • Cada fase do puerpério exige um plano de cuidados específico, de acordo com as necessidades da mulher, do RN e da família • Ações na atenção básica: visita domiciliar à puérpera – exigência do Ministério da Saúde para a Estratégia de Saúde da Família • A adequada assistência no puerpério contribui para evitar a mortalidade materna: hemorragias e infecções no pós-parto ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO 4º PERÍODO (GREENBERG) • Monitorizar a mulher durante as primeiras horas, pelo risco maior de intercorrências, tais como hemorragias • Condições do períneo: hematomas, episiorrafia • Distúrbios tromboembolíticos: fazer teste de sinais • Evitar deambulação logo após o parto: instabilidade da pelve • Oferecer alimentos em dieta livre • Hidratar por via oral • Estimular o aleitamento materno, educando, ajudando, promovendo • Se calafrios e tremores, aquecer a mulher com cobertor • Monitorar a temperatura ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS PARTO IMEDIATO E MEDIATO • Manter mãe e filho em alojamento conjunto • Monitorizar os sinais vitais e os sistemas vitais maternos, identificando rapidamente qualquer alteração • Promover o aleitamento materno • Promover deambulação precoce; seguir a regra 6 e 12h em caso de cesariana, principalmente pós raqui • Monitorar especialmente sangramento transvaginal e temperatura • Apoiar e permitir a participação da família, permitindo um acompanhante ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS PARTO IMEDIATO E MEDIATO • Estimular o banho de chuveiro • Cuidados com a ferida cirúrgica no pós cesárea: curativo breve • Uso de sutiã forte e firme: mamas sempre suspensas, tipo porta-seios • Avaliar involução uterina e ferida cirúrgica • Inspecionar região perineal: edema, equimoses e hematomas; aplicar compressa fria • Avaliar lóquios: cor, odor, volume • Pesquisar sinais de trombose venosa ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS PARTO IMEDIATO E MEDIATO • Antes da alta, investigar: – tipo sanguíneo materno: imunoglobulina anti-D nas primeiras 72h – resultado do VDRL, que se positivo, iniciar o tratamento no hospital – sorologia para HIV • Orientar sobre contracepção para o final do puerpério, de preferência com a presença do parceiro • Puérperas sem detecção de anormalidades recebem alta após 24 horas; nas cesáreas com 48 horas ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO TARDIO • Revisão puerperal: do 7 ao 10° dia de puerpério, em unidade básica de saúde; e/ou entre 30-42 dias de pós- parto • Neste período manter o incentivo e o apoio ao aleitamento materno • Orientar sobre cuidados com a criança • Levantar novamente o tema sobre planejamento familiar Obrigada...
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