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1ºAula
A Matemática no Brasil e as 
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
• conhecer brevemente a História do ensino da matemática no Brasil;
• compreender os avanços no ensino da matemática desde os primórdios;
• analisar as dificuldades enfrentadas no aprendizado da matemática;
• compreender o significado de Matofobia e a importância de um ensino com práticas de ensino que venham a 
desmistificar a disciplina e facilitar a compreensão da mesma.
É importante que o professor conheça e transmita para seus alunos a História da Matemática no 
Brasil com a finalidade de levá-los a compreensão da evolução da disciplina. Dessa maneira, busca-se 
entender que a matemática é uma área do conhecimento que não é pronta e acabada, que evolui e busca 
facilitar a vida de todos uma vez que se faz presente no cotidiano de toda população. 
Saber das dificuldades que os alunos enfrentam no aprendizado da matemática e as possíveis causas 
e consequências delas faz com que o professor possa buscar metodologias e ferramentas que possam 
vencer essas dificuldades que podem levar o aluno a adquirir a Matofobia.
Bons estudos!
“A Matemática é um elemento básico para o conhecimento do mundo e para a compreensão 
do que é a inteligência humana. Não perceber nada de Matemática é não perceber do que o 
homem é capaz. É como não conhecer nada de música. Ou não perceber o que é um poema. É 
não ter acesso àquilo que há de mais importante na cultura.”
Olga Pombo, coordenadora do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa.
Fonte: <https://www.ilquorum.it/matofobia-la-paura-dei-numeri/>. Acesso em: 15 
de out. de 2018.
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Prática de Ensino em Matemática II 6
1. 
Seções de estudo
Breve História do ensino da Matemática no Brasil
2. As dificuldades no aprendizado da matemática no 
ensino médio
1 - Breve histórico do ensino da 
matemática no Brasil
Fonte: <http://www.criacionismo.com.br/2016/07/ciencia-matematica-e-
evolucao.html >. Acesso em: 15 de out. de 2018.
 De acordo com Berti (2005, p. 96):
Desde o momento em que a Matemática 
começou a tomar forma como uma área de 
conhecimento, ainda na era platônica e pitagórica, 
já estava associada a uma classe privilegiada 
sendo considerada uma ciência nobre, desligada 
dos ofícios e das atividades manuais. Recebeu 
status de nobreza e ainda hoje ela é tratada como 
tal. Mas por outro lado o ensino dessa disciplina 
obstáculos quase intransponíveis. 
Desde o princípio, o estudo da matemática faz parte 
no desenvolvimento dos povos, bem como da cultura de 
variadas nações, mas apenas os privilegiados poderiam ter 
acesso à disciplina e havia exclusão, medo da matemática e 
consequentemente a Matofobia. 
De acordo com Silva (2014, p. 15) no Brasil, o ensino da 
matemática passa por várias mudanças que moldam os sistemas 
educacionais e acontecimentos sociais que contribuem para a 
evolução do nosso sistema de ensino. Segundo a autora, no 
Brasil o ensino da Matemática:
[...] teve início com os Jesuítas. O que ensinava era 
estritamente ancorada no conhecimento prático, 
dando destaque quase a escrita dos números e as 
operações. O ensino em tela era destinado apenas 
a uma pequena elite (SILVA, 2014, p. 15-16).
Dando continuidade ao relato de Silva (2014):
Em 1573, os Jesuítas fundaram um Colégio na 
cidade do Rio de Janeiro, no qual posteriormente, 
criou-se o curso de Artes. O estudo sistemático 
das Matemáticas fazia parte do currículo do curso 
de Artes que eram ministrados os tópicos mais 
adiantados como a Geometria Elementar. Em 
algumas escolas elementares eram ensinadas as 
quatro operações algébricas. [...] as aulas eram 
ministradas de forma verbal e o conteúdo, por sua 
vez, era assimilado a partir de técnicas e exercícios 
de repetição e memorização. [...] grande estímulo 
a competição entre o meio discente, na medida 
em que se conferiam premiações e honrarias 
àqueles que se saiam bem durante as aulas, ao 
apresentarem bom desempenho”. (SILVA, 2014, 
p. 16).
Com a expulsão dos Jesuítas iniciam-se os períodos 
pombalino e imperial, com divisão de classes sociais, onde a 
qualidade do ensino que a pessoa tinha acesso dependia de sua 
condição financeira. Havia um descaso com o ensino primário 
o que transformou o Brasil num país de maioria analfabeta.
Em 1827, uma Lei Geral passa a estabelecer as diretrizes 
norteadoras para a criação de escolas elementares em todo 
país, onde a transmissão do conhecimento deveria ser:
Aos meninos, onde os professores ensinarão 
a ler as quatro operações de Aritmética, prática 
de quebrados, decimais e proporções, as noções 
mais gerais da Geometria e limitando a instrução 
da Aritmética só as quatro operações, ensinarão 
também as prendas que servem à economia 
doméstica (BREJON, 1977, p. 46).
Com a Proclamação da República em 1889 tem início 
a uma fase pouco inovadora para o país. Silva (2014) relata 
que era conhecido como “Escola Nova” o movimento de 
renovação do ensino, que tinha como característica a oposição 
do ensino tradicional, tinha a autoformação como método de 
ensino onde os alunos aprenderiam de forma espontânea e os 
professores deveriam usar de criatividade em sua metodologia 
para desenvolver ao máximo o aprendizado de seus alunos.
Em relação ao movimento Escola Nova, pode-se afirmar 
que:
[...] por meio de suas propostas procurou 
modernizar o ensino trazendo novas descobertas 
em várias ciências acerca do ensino e da 
aprendizagem. A grande contribuição da Nova 
Escola ao sistema educacional moderno são 
seus métodos, que evoluíram por exemplo com 
aparelhos eletrônicos como a televisão, o vídeo 
e o computador e outros se aperfeiçoaram como 
os jogos e materiais tradicionais e foram levados 
para as salas de aula e assim melhorar o ensino 
(SILVA, 2014, p.17).
Segundo Gadotti (2003): 
novista tem sido enorme. Muitas são as escolas 
francesas que deram origem, na década de 
60, no Brasil, aso colégios de aplicações das 
universidades, as escolas piloto, às escolas livres, 
48
7
às escolas comunitárias, aso lares - escolas, às 
escolas individualistas, às escolas do trabalho, 
às escolas não-diretivas e outras. (GADOTTI, 
2003, p. 147)
Com as reformas do ensino da Matemática no Brasil, 
nas décadas de 1960 e 1970 como resquícios da Escola nova 
e do Positivismo, os defensores da “Matemática Moderna” 
acreditavam que seria possível preparar pessoas que pudessem 
acompanhar e lidar com a tecnologia que estava emergindo 
tendo como propostas inserir no currículo conteúdos 
matemáticos que até então não faziam parte dos programas 
das escolas, entre eles podemos citar as estruturas algébricas, 
teoria dos conjuntos, topologia e transformações geométricas.
Essas novas ideias deveriam ser absorvidas pelos 
professores que tinham que se adaptar a um novo roteiro de 
conteúdos e metodologias. Nesse período, a maior relevância 
foi que o movimento motivou os professores de matemática 
a prosseguirem seus estudos e organizarem-se em grupos em 
um momento em que o país estava no Regime da Ditadura 
Militar.
A Matemática Moderna, apesar de avanços significativos 
não chegou a cumprir todos os objetivos que propôs. Como 
afirma Felicetti:
“o movimento em foco acarretou um maior 
formalização da Matemática ensinada nas escolas 
e, consequentemente, um distanciamento das 
questões práticas. E quanto mais distante de 
situações utilizáveis em matemática, mais difícil 
ela se torna, a ponto de torná-la algo assustador 
(FELICETTI, 2007, p. 67)
No período em que a Lei nº 5691/71 foi promulgada (que 
tinha como objetivo aumentar a faixa de educação obrigatória) 
o Movimento da Matemática Moderna já era enfraquecido 
no Brasil. Com as mudanças propostas pela lei, acima citada, 
foi extinto o Exame de Admissão ao Ginásio, exame esse que 
selecionava alunos para o acesso à 5º série e era constituído 
entre outras provas a de Aritmética.
A nova legislação não indica métodos ou 
técnicas didáticas, nem mesmo entram em 
pormenores sobre o conteúdoprogramático 
das disciplinas, áreas de estudo ou atividades. 
decisões sobre as estratégias e táticas que serão 
utilizadas no desenvolvimento didático de cada 
estabelecimento (BREJON, 1977, p. 129).
Nesse sentido, os conteúdos matemáticos e disposições 
metodológicas acerca destes, ficaram a mercê das escolas 
públicas ou privadas, bem como a predisposição dos 
professores em desenvolver um trabalho de qualidade. A 
exemplo disso, podemos citar que na década de 60, com o 
movimento da Matemática Moderna a maioria dos professores 
não a ensinava porque não entendiam e os poucos que 
tentavam ensiná-la, ministrava a disciplina de maneira abusiva. 
A instituição da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
LDB 9394/96, trouxe uma grande novidade: os Parâmetros 
Curriculares Nacionais - PCN’s.
Diante desses momentos históricos, podemos entender 
que o ensino da matemática traz consigo dois sentimentos 
divergentes a quem ensina e a quem aprende: Percepção de 
que a matemática é uma área do conhecimento importante e 
a insatisfação diante das reprovações frequentes em relação à 
sua aprendizagem.
Quando se constata que a importância do ensino da 
matemática está se apoiando no fato que ela nos permite 
resolver problemas da vida cotidiana, tendo muitas aplicações 
no mundo do trabalho e é essencial para a construção do 
conhecimento em outras áreas curriculares. 
De outro lado, a insatisfação nos mostra os problemas 
enfrentados e nos PCN’s, em relação a esse tema, cita como 
falha no processo de formação dos professores tanto na 
formação inicial como na continuada; os livros didáticos de 
qualidade insatisfatória; as práticas em sala de aula que têm 
como base somente o livro didático e que não corresponde 
às expectativas dos alunos (interesse e qualidade); implantação 
de propostas inovadoras que não são adequadamente postas 
em prática pela falta de formação dos professores, existência 
de concepções pedagógicas inadequadas e restrições ligadas às 
condições de trabalho.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino 
Médio- PCNEM (Brasil, 2007) reconhecem que a matemática 
é necessária à formação do indivíduo, característica que 
aumenta à medida que a sociedade se torna mais absorta em 
contextos que a envolvem . 
Diante do exposto, podemos perceber que, ao longo dos 
anos, apesar das sucessivas mudanças, o fracasso escolar em 
matemática continua. De acordo com os PDN’s:
É importante destacar que a Matemática deverá 
ser vista pelo aluno como um conhecimento 
que pode favorecer o desenvolvimento do seu 
raciocínio, de sua sensibilidade expressiva, de 
sua sensibilidade estética e de sua imaginação. 
(BRASIL, 1997, p.45)
No Ensino Médio, a matemática deve incluir o 
conhecimento de novas informações e instrumentos 
necessários para que seja possível ao discente continuar seu 
aprendizado. Como proposta, os PCD’s procuram caracterizar 
o conhecimento matemático com uma longa história e que 
não está pronto e acabado, que está relacionado a outras áreas 
do conhecimento e que transcende suas características como 
disciplina científica.
2
da matemática
Fonte: <https://matematicandoinsieme.wordpress.com/2014/01/03/matofobia-
paura-della-matematica/.> Acesso em: 15 out 2018.
Pode-se afirmar que nas civilizações antigas “os 
conhecimentos revelados nos papiros eram quase todos 
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Prática de Ensino em Matemática II 8
práticos e o elemento principal nas questões eram os cálculos”. 
(BOYER, 1996, p. 14)
O que constatamos hoje é que os elementos teóricos 
não estão relacionados à realidade dos alunos, que não os 
compreendem, surgindo assim dificuldades pertinentes à 
matemática, o que leva muitos ao desinteresse pela disciplina. 
Uma grande parte dos alunos nas escolas apresenta resistência 
em desenvolver conceitos matemáticos opondo-se em 
aprendê-la. 
O problema do ensino não é única e exclusivamente da 
disciplina de matemática. Os professores conservadores têm 
grandes dificuldades para estar em dia com os conhecimentos 
e são meramente aplicadores das matérias. Atualmente, os 
meros conhecimentos das técnicas e das práticas didáticas não 
são suficientes para formar um bom professor. De acordo 
com Freire (1996, p. 65) “Uma educação só pode ser viável se 
for uma educação integral do ser humano. Uma educação que 
se dirige à totalidade aberta do ser humano e não apenas a um 
de seus componentes”. 
Fonte: <https://www.metropoles.com/dedo-de-prosa/conheca-cinco-livros-para-
perder-o-medo-da-matematica>: Acesso em: 15 out 2018.
Em sua obra, Sanchez (2004) corrobora com o tema em 
discussão e destaca que as dificuldades na aprendizagem de 
matemática manifestassem nos seguintes aspectos:
• Dificuldades em relação ao desenvolvimento 
cognitivo e à construção da experiência matemática; 
do tipo da conquista de noções básicas e princípios 
numéricos, da conquista da numeração, quanto à 
prática das operações básicas, quanto à mecânica ou 
quanto à compreensão do significado das operações. 
• Dificuldades na resolução de problemas, 
compreensão e habilidade para analisar o problema 
e raciocinar matematicamente. 
• Dificuldade quanto às crenças, às atitudes, às 
expectativas e aos fatores emocionais acerca da 
matemática. Questões de grande interesse e que com 
o tempo podem dar lugar a fenômenos da ansiedade 
para com a matemática e que sintetiza o acúmulo 
de problemas que os alunos maiores experimentam 
diante do contato com a matemática. 
• Dificuldades relativas à própria complexidade da 
matemática, como seu alto nível de abstração e 
generalização, a complexidade dos conceitos e 
algoritmos; a natureza lógica exata de seus processos; 
a linguagem e a terminologia utilizada.
• Podem ocorrer dificuldades mais intrínsecas, como 
bases neurológicas alteradas. Atrasos cognitivos 
generalizados ou específicos. Problemas linguísticos 
que se manifestam na Matemática; dificuldades 
atencionais e motivacionais, dificuldades na memória 
etc.
• Dificuldades originadas no ensino inadequado 
ou insuficiente sejam porque à organização do 
mesmo (sic) não está bem sequenciado, ou não e 
proporcionam elementos de motivação suficientes; 
seja porque os conteúdos não se ajustam às (sic) 
necessidades e ao nível de desenvolvimento do 
aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, 
ou não se treinam as habilidades prévias; seja porque 
a metodologia é muito pouco motivadora e muito 
pouco eficaz. (SANCHES, 2004, p. 174)
Essas dificuldades podem ter origem em questões 
metodológicas inadequadas, professores mal qualificados, 
infraestrutura escolar insuficiente e alunos que apresentam 
bloqueios decorrentes de experiências negativas. Segundo 
Brum (2013), as dificuldades podem ser tanto internas 
como externas ao processo de ensino e podem prejudicar o 
aprendizado do aluno de forma direta ou indireta. 
Para Lima (1995, p. 3), alguns motivos do baixo 
rendimento em matemática devem-se à: ”[...] pouca dedicação 
aos estudos por parte dos alunos (e da própria sociedade que 
os cerca, a começar pela própria família) e despreparo dos seus 
professores nas escolas que frequentam”.
 Segundo Tatto e Scapi (2004) no que se refere ao contexto 
familiar, as experiências tanto positivas como negativas, obtidas 
com o convívio familiar podem levar a criança a estruturar 
um sentimento de rejeição em relação à matemática, mesmo 
antes de ingressar na escola. Quando escuta de familiares ou 
amigos que a matemática é difícil e que não gostam dela, pode-
se afirmar que o primeiro contato com a disciplina é de uma 
forma negativa. As primeiras experiências podem influenciar 
na aprendizagem da matemática e desde o início o aluno que 
tem um baixo desempenho acredita que é incapaz de aprender 
e acaba por desmotivar-se. 
Fonte: <https://catiaosorio.wordpress.com/tag/banda-desenhada/>. Acesso em: 15 
out 2018.
Outro fator que influencia nas dificuldades enfrentadas 
pelos alunos é a metodologia utilizada pelos professores. Nesse 
processo, o docente é o principal responsável por estimularseus alunos para o aprendizado em matemática. De acordo 
com Fiorentini e Lorenzato (2012, p.3),
O educador matemático, em contrapartida, 
tende a conceber a matemática como um 
meio ou instrumento importante à formação 
intelectual e social de crianças, jovens e adultos 
50
9
e também do professor de matemática do ensino 
fundamental e médio e, por isso, tenta promover 
uma educação pela matemática. Ou seja, o 
educador matemático, na relação entre educação 
e matemática, tende a colocar a matemática a 
serviço da educação, priorizando, portanto, esta 
ultima, mas sem estabelecer uma dicotomia entre 
elas.
Para D’Ambrósio (2011) é realmente difícil motivar 
os alunos com fatos e situações do mundo atual. Cabe ao 
professor em suas práticas de ensino, criar situações em que 
os alunos se motivem e criem gosto pela matemática sendo 
altamente criativos e cooperador, reunindo habilidades que 
estimulem os alunos a pensar proporcionando autonomia para 
os mesmos. O desconhecimento de métodos e processos faz 
com que os alunos criem um bloqueio e consequentemente, 
medo e frustração.
Segundo Silva (2014) nas escolas, a matemática é 
normalmente vista como a disciplina mais difícil para se 
aprender e, geralmente nos primeiros anos da vida estudantil 
o ensino é feito por pedagogos que lecionam todas as 
matérias, sendo esse um fator relevante que pode ser apontado 
quanto às dificuldades de aprendizagem na matemática e/ou 
matofobia. Nesse sentido, o aluno nem sempre é motivado 
como deveria, pois, muitos educadores compartilham a ideia 
de que a matemática é muito complexa e abstrata, difícil de ser 
ensinada. 
2.1 - A Matofobia e suas 
consequências 
Fonte: <https://unascuola.it/chi-ha-paura-della-matematica/.>. Acesso em: 15 out 
2018.
Em sua dissertação de mestrado, Felicetti (2007) destaca 
os fatores associados à Matofobia que levam a reprovação na 
matemática nas 1º séries do ensino médio e, o autor afirma 
que:
A Matemática é reconhecida pela sua vasta 
importância por todos os países e governos, sendo 
matéria universal e obrigatória, funcionando 
como mola propulsora no movimento da 
sociedade. Assim, deveria ter raízes profundas, 
nossos sistemas culturais como uma motivação 
a mais para o aluno, e não como algo inacessível, 
de difícil aprendizagem e distante da realidade. 
(FELICETTI, 2007, p. 35)
De acordo com Fonseca (1995, p. 217), há vários fatores 
relacionados com as dificuldades para se aprender a matemática 
nas escolas, dentre eles: “[...] ausência de fundamentos 
matemáticos, falta de aptidão, problemas emocionais, ensino 
inapropriado, inteligência geral, capacidade especial, facilitação 
verbal e/ou variáveis psiconeurológicas”. As dificuldades e/ou 
Matofobia podem ser consideradas como uma das possíveis 
causas. 
Segundo Santos (2015):
A matemática talvez seja uma das matérias mais 
“temidas” pelos alunos de uma escola. Cálculos, 
números e muito raciocínio fazem da matemática 
escolar. Como uma bola de neve, o gosto ou 
temor, pela matemática aumenta no decorrer das 
séries da educação básica, o que pode, muitas 
vezes, ocasionar a exclusão de muitos alunos. 
(SANTOS, 2015, p. 7459) 
Para a autora, esse medo pode levar a um bloqueio mesmo 
que inconsciente, dos alunos a tudo que parecer similar com a 
matemática e, por vezes, passam a ter aversão ou medo em 
relação à disciplina.
Papert (1987, p. 21) denomina o medo da matemática 
como “Matofobia” e segundo o autor “impede muitas 
pessoas de aprenderem qualquer coisa que reconheçam como 
Matemática, embora elas não tenham dificuldades com o 
conhecimento matemático quando não o percebem como tal”. 
Estudantes competentes e inteligentes podem ser 
atingidos por esse sentimento negativo que vai perpassando 
por eles de série em série, trazendo bloqueios, criando tabus, 
uma vez que a maioria das vezes a forma como a disciplina é 
trabalhada não a desmistifica, muito pelo contrário, aumenta 
sua complexidade. Para algumas pessoas, a matemática é vista 
como uma ciência que alguns “gênios” que podem construir e 
da qual podem desfrutar, para os demais, o que resta é o esforço 
incomparável do pensamento para entender a disciplina e 
mostrar acertos intocáveis ou, então, provoca o imediato 
afastamento de tudo que está ligado com a matemática.
Outro fator que pode levar a Matofobia é a 
descontextualizarão do ensino, onde é marcado, sobretudo 
pela memorização de fórmulas e regras desconectadas da 
realidade dos alunos, fazendo com que a matemática perca 
sua beleza para alguns discentes por não conseguir assimilar o 
conteúdo, tornando a matemática um “bicho de sete cabeças”. 
O sentimento de fracasso na aprendizagem de matemática 
é o resultado de sentimento negativo que a disciplina 
proporciona ao aluno, adicionado ao bloqueio de não dominar 
sua linguagem o que dificulta o acesso ao conhecimento. 
Quando se configura a matemática como algo difícil de 
compreender e de pouca utilidade prática produz sentimentos 
e representações que influenciarão no desenvolvimento da 
aprendizagem.
De acordo com Felicetti e Giraffa (2011, p. 25) “os 
estudantes têm a necessidade de praticar Matemática, e 
não apenas ficarem na rotina da aprendizagem de regras, 
procedimentos e memorizações”. Acrescentando ainda que: 
O sucesso ou insucesso na disciplina de 
Matemática está ligado não só naquilo que é 
ensinado, mas, principalmente, em como é 
ensinado de modo a consolidar os conteúdos 
matemáticos a cada nível de aprendizagem, uma 
51
Prática de Ensino em Matemática II 10
vez que esta disciplina de torna mais complexa a 
cada nível de ensino. (FELICETTI, GIRAFFA, 
2001, p. 25)
Para Felicetti (2007) a Matofobia também é identificada 
como uma questão cultural onde os alunos, geralmente, não 
gostam ou têm medo da matemática porque não conseguem 
entendê-la. Nesse sentido, a autora afirma que:
A visão do conhecimento da Matemática como 
um muro de tijolos funciona muito bem. Nessa 
visão, cada tijolo representa um conceito. Os 
conceitos mais simples, como os números e as 
operações, formam a base do muro. Pouco a 
pouco outros conceitos, ou tijolos, vão sendo 
acrescentados e o muro começa crescer. Se 
faltar um tijolo, o muro tem uma fraqueza ou, 
em alguns casos, se faltam muitos tijolos (ou 
Por outro lado, com os conceitos solidamente 
a se multiplicar e a se consolidar no estudante. 
Como resolver o problema da falta de um ou 
mais tijolos, em outras palavras, dos conceitos? 
Voltando atrás e buscando o conhecimento 
que esta faltando para retomar a construção do 
muro de forma sólida. Mas por que ter todo esse 
trabalho? Porque a Matemática é importante, 
sendo a linguagem das ciências exatas, dos 
negócios e do dinheiro. (FELICETTI, 2007, p. 
49)
Na co mparação da matemática com um “muro” e seus 
conceitos com os “tijolos”, a autora mostra a importância da 
disciplina e da construção de conceitos sólidos que devem 
ocorrer ao longo dos anos. Quando falta um, compromete 
toda a obra e nesse caso, pode-se afirmar que compromete 
a aprendizagem. Quando é percebida essa falta, o professor 
deve voltar e analisar o que está faltando para que seu aluno 
compreenda a disciplina e, em seguida retomar o conteúdo 
para que os alunos não apresentem mais medo da matemática 
no decorrer dos anos escolares.
Retomando a aula
Estamos indo bem até aqui, para encerrar esta 
primeira aula vamos recordar...
1 - Breve história do ensino da matemática no brasil
O ensino no Brasil passou por diversas reformas e o ensino 
da matemática também passou por algumas reformulações. 
Do ensino Jesuítico, onde se destacava o ensino da escrita dos 
números e operações, o movimento escolanovista se opondo 
ao ensino tradicional, a Matemática moderna e nas mais atuais 
tendências e metodologias praticadas pelos professores nas 
aulas é comum alguns relatos de uma quantidade razoável 
de alunos que não gostam ou não entendem a disciplina. A 
legislação vigente veio para nortear os trabalhos dos professores 
que as usam como suporteem seus planejamentos. 
2 - As dificuldades no aprendizado da matemática
Pode-se afirmar que é comum alguns alunos relatarem 
que não entendem a matemática, não gostam e até sentem 
arrepios quando o assunto são os cálculos. Essa aversão à 
matemática se torna uma Matofobia. 
As dificuldades enfrentadas no aprendizado da matemática 
têm inúmeros fatores que, dentre eles podemos destacar a 
questão familiar onde os pais não gostam ou têm dificuldades 
e transmitem essa visão da disciplina como muito difícil e 
incompreensível. Outro fator é o despreparo de profissionais 
que também trazem consigo insegurança ao ensinar a matéria. 
Diante dessas dificuldades enfrentadas pelos alunos, 
o professor de matemática deve em suas práticas de ensino 
inovar e buscar sempre um ensino voltado para o cotidiano 
de seus alunos, mostrar que a matemática tem um sentido, é 
importante e usada em diversas áreas do conhecimento.
BERTI, Nivia Martins. O ensino de matemática no Brasil: 
buscando uma compreensão histórica. Universidade 
Estadual de Ponta Grossa - UEPG, 2005.
BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo, Ed. 
Edgard Blücher, 1974, Reimp. 1996.
BRUN, W. P. Crise no ensino de matemática: amplificadores 
que potencializam o fracasso da aprendizagem. São Paulo: 
Clube dos Autores, 2013.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria 
à prática. Campinas, Papirus, 2002 (Coleção Perspectiva em 
Educação Matemática).
FELICETTI, Vera Lúcia. Um estudo sobre o problema da 
matofobia como agente influenciador nos altos índices de reprovação 
na 1ª série do Ensino. Dissertação de mestrado, Pontifícia 
Universidade Católica do rio Grande do Sul. Porto alegre, 
2007.
SILVA, Meiriane Vieira da. As dificuldades de aprendizagem 
de matemática e sua relação com a matofobia. Monografia 
(Especialização em fundamentos da Educação: Práticas 
Pedagógicas Interdisciplinares) - Universidade Estadual da 
Paraíba, Pró Reitoria de Ensino Médio, Técnico e Educação 
à Distância, 2014. 
SANTOS, Tassiana. A matofobia no âmbito educacional e as 
dimensões para seu estudo. Disponível em: <http://educere.
bruc.com.br/arquivo/pdf2017/24585_11936.pdf>. Acesso 
em: 20 out 2018.
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