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ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE DA TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA CORPORATIVA FALHOU

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUÇÃO E SERVIÇOS
Resenha Crítica de Caso 
ARICLAUDIO GOMES DA SILVA FILHO
Trabalho da disciplina Governança Corporativa e Excelência Empresarial
 
 Tutor: Prof. Ricardo Barbosa da Silveira
Rio de Janeiro
2020
ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE DA TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA CORPORATIVA FALHOU
Referência: 
MISTSURU, Misawa. Escândalo de contabilidade da Toshiba. The University Of Hong Kong, HK1097. 04/2015. Disponível em: pos.estácio.webaula.com.br. 28/08/2020
Este estudo traz o caso de um escândalo de contabilidade de uma das maiores empresas do Japão, a Toshiba. Mas antes de falarmos sobre tal, quem é a Toshiba?
Toshiba é um conglomerado multinacional japonês. Esta empresa atua na área da tecnologia da informação, comunicações, eletrodomésticos, equipamentos médicos, equipamentos de escritório, iluminação e logística. Fundada em 1939 como Tokyo Shibaura Denki teve seu nome alterado para Toshiba Corporation em 1978.
Em 2015 a empresa chamou atenção mundial por péssimos motivos. Ao longo de 7 anos, lucros divulgados foram de 1,2 bilhão de dólares, mas a realidade apresentada em seus relatórios em setembro de 2015 foi um prejuízo de 2,14 bilhões de dólares neste mesmo período. Como seria possível uma empresa com tanto lucro, de repente apresentar um prejuízo tão grande? De onde essas perdas vieram?
Em uma nova análise, o estudo sugeriu que maior parte da perda estava nas linhas de computadores pessoais e bens de consumo duráveis do grupo (US $1,81 bilhão). A concorrência dos rivais no ramo de computadores contribuiu para as perdas operacionais de US $0,87 bilhões. Felizmente o negócio de semicondutores da empresa estava prosperando devido às altas vendas de memória flash de smartphone e este seguimento sustentava o resto da empresa.
A auditoria em relação a este escândalo sugeriu que a Toshiba exagerou nos lucros e realizou várias amortizações. Com o objetivo de compensar as perdas pelo desastre de Fukushima, a administração estabeleceu alvos agressivos em muitas outras divisões, o que levou aos executivos inflar quantias para criar a impressão que esses objetivos estavam sendo atingidos.
O motivo para tal “manobra” era a alta pressão para que os executivos alcançassem altas metas em um ambiente desafiador. Esta pressão resultou em uma “cultura do engano” que se estendeu por todos os setores da empresa sendo realizada desde os gerentes intermediários até o presidente da empresa. 
A Toshiba havia sido considerada pioneira na governança corporativa. A empresa iniciou um processo de reforma no final da década de 1990. Em 1998 criou um sistema de funcionário corporativo que transformou o gerenciamento da empresa em algo que se assemelhava mais a um modelo de gerenciamento norte-americano, com uma governança de comitê. A criação de uma estrutura de governança de comitê aumentou a autoridade dos membros do conselho externo que formaram a maioria dos três comitês de gerenciamento separados responsáveis pela nomeação dos membros do conselho e pela supervisão da administração. Essa forte fiscalização externa da Toshiba deveria ter sido um exemplo de um sistema robusto e avançado de governança corporativa. Infelizmente, em 2008, a Toshiba, liderada pelo presidente e outros executivos sênior da empresa, iniciou um esforço para alcançar objetivos de lucro acima de todas as outras considerações. Esse comportamento não foi impedido pelos controles de governança corporativa e levou a empresa a reservar 150 bilhões de ienes em lucros exagerados. Embora os membros internos do conselho tenham sido certamente privados de algumas informações críticas sobre o verdadeiro desempenho da empresa, as perdas atrasadas passaram despercebidas pelos membros externos do conselho.
Com isso as fraquezas do modelo de governança da Toshiba foram expostas.
Dois dos quatro membros do conselho externo eram ex-diplomatas que tinham pouca experiência em gestão e práticas contábeis e uma má compreensão das finanças e do direito. Parecia que eles eram nomeados apenas para atingir números alvos, ao contrário de fornecer uma supervisão séria de gerenciamento. 
Em 2006 a Toshiba que era a maior fabricante japonês de equipamentos de usinas nucleares da época, comprou a Westinghouse Eletric Co no valor de US $5,4 bilhões. Esta compra foi muito propícia porquê a energia nuclear era muito atraente devido ao interesse mundial por se tratar de uma tecnologia amiga do meio ambiente. Esperava-se que esta fusão impulsionasse as vendas em até 700 bilhões de ienes até 2015 e 900 bilhões de ienes até 2020. Porém, após o desastre nuclear em Fukushima, o interesse em tecnologias nucleares diminuiu significativamente e com isso a Westinghouse foi forçada a divulgar uma depreciação. Somente em 2012, a Westinghouse registrou perdas de US $900 milhões, seguida de mais US $400 milhões em 2013. Esses resultados foram devastadores para a Toshiba com o fato de a empresa ter investido US $5,4 bilhões na aquisição de uma participação de 87% na Westinghouse.
Por obrigação legal, a Toshiba era obrigada a reduzir o valor do lucro em seus próprios títulos para garantir que o verdadeiro valor do investimento seja representado. Não foi o que aconteceu e o valor de US $1,3 bilhão não foi a público. 
A Toshiba explicou suas ações da seguinte forma: “Testes de prejuízo são realizados para os resultados comerciais globais da Westinghouse e para a divisão da Toshiba responsável pela Westinghouse. Como a divisão era rentável, não foi necessária a debilitação do patrimônio de marca.” No entanto, esses eventos já começaram a colocar em dúvida as práticas contábeis da Toshiba. 
Em 27 de novembro de 2015, os executivos da Toshiba prometeram aos investidores que a organização adotaria uma maior transparência em suas práticas contábeis e que divulgaria ativamente informações ao público de forma mais precisa e frequente. A Toshiba também notificou a Bolsa de Valores de Tóquio, taxas de redução 2012 e 2013 em 115,6 bilhões de ienes (US $0,925 bilhões) da empresa Westinghouse.
Ao divulgar seus resultados em abril de 2015 a confiança dos investidores na Toshiba foi danificada a ponto da empresa entrar em colapso e ter o valor de suas ações diminuídas em 26 por cento, levando inclusive seus acionistas entrarem com processo judicial coletivo por perdas e danos.
Durante os processos, os réus fizeram declarações falsas e enganosas. Argumentaram:
1 – Que os valores totais dos custos do contrato para certos projetos de infraestrutura foram subestimados ;
2 – O momento no qual as perdas contratuais foram registradas foi impróprio; e
3 – As declarações públicas da Toshiba foram materialmente falsas e enganosas 
Uma vez concluída a investigação independente, a Toshiba enfrentou fortes penalidades financeiras dos reguladores. A Comissão de Vigilância de Valores e Câmbio e a Agência de Serviços Financeiros do Japão deliberaram medidas disciplinares administrativas contra a Toshiba. Como consequência da investigação, a Bolsa de Valores de Tóquio colocou a Toshiba em uma lista de observação de empresas com controles internos fracos ou inadequados. Com base na decisão da comissão, os consultores certificados de contabilidade pública da FSA e o Conselho de Supervisão de Auditoria também investigaram a Ernst & Young Shin Nihon, a empresa de auditoria que assinou os ganhos da Toshiba.
Em 21 de julho de 2015, Masashi Muromachi foi nomeado novo presidente e CEO da Toshiba. A organização estava em uma encruzilhada em sua história, e era imperativo que o novo CEO tinha as fortes qualidades estratégicas, corporativas e sociais necessárias para impulsionar mudanças organizacionais reais. Toshiba partiu em mares agitados com um novo conselho de executivos. Em uma assembleia geral especial que se realizou em Tóquio em 30 de setembro de 2015, a Toshiba adicionou ao seu conselho outros sete estrangeiros, incluindo o assessor sênior da Shiseido, Shinzo Maeda e o presidente da Mitsubishi Chemical Holdings, YoshimitsuKobayashi. No entanto, o futuro ainda parecia incerto. As empresas não lucrativas que foram sustentadas por manobras contábeis permaneceram intactas. O presidente Muromachi disse aos acionistas que a empresa não hesitaria em agilizar os negócios de computadores pessoais, televisão, bens de consumo duráveis e semicondutores, sendo os chips de memória a exceção. Belas palavras, na verdade. Mas a Toshiba seguiu estas promessas? Muitos gerentes foram derrubados como resultado do escândalo, e a Toshiba enfrentaria muitos desafios se fosse voltar a ficar de pé.