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Tutorial 2: Será que tenho problemas no coração? 1. Estudar os Transtornos de Ansiedade, em especial o Transtorno do Pânico. (Agorafobia, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobia Social e TEPT). Os transtornos de ansiedade estão associados com morbidade significativa e com frequência são crônicos e resistentes a tratamento. Eles podem ser vistos como uma família de transtornos mentais relacionados, mas distintos, que inclui (1) transtorno de pânico, (2) agorafobia, (3) fobia específica, (4) transtorno de ansiedade social ou fobia e (5) transtorno de ansiedade generalizada. • ANSIEDADE NORMAL Todo mundo experimenta ansiedade, já que funciona como um sinal de alerta diário. Ela é caracterizada mais comumente como uma sensação difusa, desagradável e vaga de apreensão, muitas vezes acompanhada por sintomas autonômicos como cefaleia, perspiração, palpitações, aperto no peito, leve desconforto estomacal e inquietação, indicada por uma incapacidade de ficar sentado ou em pé por muito tempo. ➢ MEDO X ANSIEDADE Medo e ansiedade são sinais de alerta, a diferença é que o medo é uma resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida ou não conflituosa; a ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou conflituosa. Lembrando que o medo também pode possuir essas últimas características, mas geralmente é deslocado para outro objeto no mundo exterior. Por exemplo, um menino pode ter medo de cachorros latindo porque, na verdade, tem medo de seu pai e, inconscientemente, associa o pai a cachorros latindo. A diferença psicológica principal entre as duas respostas emocionais é a condição súbita do medo e o caráter insidioso da ansiedade; por exemplo, medo a um carro que se aproxima com rapidez e o desconforto vago em conhecer uma pessoa em um ambiente estranho. ➢ ESTRESSE E ANSIEDADE Encarar um acontecimento como estressante depende muito do indivíduo, e envolve o seu ego (aspecto racional da personalidade) que é o processo pelo qual o indivíduo percebe, pensa e atua sobre os acontecimentos externos ou os impulsos internos. Uma pessoa cujo ego esteja funcionando de maneira apropriada está em equilíbrio adaptativo; se o ego não estiver funcionando adequadamente e o desequilíbrio resultante continuar por tempo suficiente, o indivíduo experimentará ansiedade crônica. Esse desequilíbrio pode ser externo ou interno, por exemplo, no externo, o indivíduo tem um desequilíbrio entre as pressões do mundo e seu ego; no interno, entre seus impulsos (sexuais, agressivos) e sua consciência. ➢ SINTOMAS DA ANSIEDADE NORMAL Aspectos fisiológicos: palpitação, suor, boca seca, tremores. Aspectos psicológicos: percepção de estar nervoso ou assustado, confusão e distorção do tempo e espaço, pessoas e acontecimentos, o que pode interferir no aprendizado ao diminuir a concentração, reduzir a memória e perturbar a capacidade de fazer relações. • ANSIEDADE PATOLÓGICA 1 em cada 4 pessoas satisfaz o critério diagnóstico de pelo menos um transtorno de ansiedade e que há uma taxa de prevalência em 12 meses de 17,7%. As mulheres (com prevalência durante a vida de 30,5%) têm mais probabilidade de ter um transtorno de ansiedade do que os homens (prevalência durante a vida de 19,2%). Por fim, sua prevalência diminui com o status socioeconômico mais alto. ➢ CIÊNCIAS PSICOLÓGICAS a) TEORIAS PSICANALÍTICAS: a ansiedade é um sinal da presença de perigo no inconsciente. b) TEORIAS COMPORTAMENTAIS: a ansiedade é uma resposta condicionada a um estímulo específico do ambiente. c) TEORIAS EXISTENCIAIS: as pessoas experimentam sentimentos de viver em um universo sem objetivo. ➢ CIÊNCIAS BIOLÓGICAS a) SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: Tônus simpático aumentado, adaptação lenta a estímulos repetidos e resposta de maneira excessiva a estímulos moderados. b) NEUROTRANSMISSORES: Os três principais são: norepinefrina (NE), a serotonina e o ácido -aminobutírico (GABA). 1. NE: Os sintomas crônicos vivenciados por pacientes com transtorno de ansiedade, como ataques de pânico, insônia, sobressalto e hiperexcitação autonômica, são característicos de aumento da função noradrenérgica. 2. EIXO HHS: Muitas formas de estresse psicológico aumentam a síntese e a liberação de cortisol. O cortisol serve para mobilizar e reabastecer os estoques de energia e contribui para aumentar o alerta, a vigilância, a atenção focada e a formação de memória; inibe o crescimento e o sistema reprodutivo; e contém a resposta imune. 3. HORMÔNIO LIBERADOR DE CORTICOTROFINA (CRH): Um dos mais importantes mediadores da resposta de estresse, o CRH coordena as mudanças comportamentais e fisiológicas adaptativas que ocorrem durante esse estado. Os níveis hipotalâmicos de CRH são aumentados pelo estresse, resultando em ativação do eixo HHS e aumento da liberação de cortisol e desidroepiandrosterona (DHEA). O CRH também inibe uma variedade de funções neurovegetativas, como ingestão de alimento, atividade sexual, e programas endócrinos para crescimento e reprodução. 4. SEROTONINA: Diferentes tipos de estresse agudo resultam do aumento no turnover de 5-hidroxitriptamina (5-HT) no córtex pré-frontal, no nucleus accumbens, na amígdala e no hipotálamo lateral. 5. GABA: O papel do GABA nos transtornos de ansiedade é apoiado com mais força pela eficácia incontestável dos benzodiazepínicos, que aumentam sua atividade no receptor tipo A de GABA, no tratamento de alguns tipos de transtornos de ansiedade. ➢ ESTUDOS GENÉTICOS A hereditariedade é um importante fator nesses transtornos. Quase metade dos pacientes com transtorno de pânico tem, no mínimo, um parente afetado. ➢ NEUROANATOMIA a) SISTEMA LÍMBICO: Além de receber inervação noradrenérgica e serotonérgica, o sistema límbico contém, ainda, alta concentração de receptores GABAA. b) CÓRTEX CEREBRAL: O córtex cerebral frontal conecta-se com a região para-hipocampal, o giro do cíngulo e o hipotálamo e, dessa forma, pode estar envolvido na produção dos transtornos de ansiedade. • TRANSTORNO DE PÂNICO Um ataque intenso agudo de ansiedade acompanhado por sentimentos de desgraça iminente. A ansiedade é caracterizada por períodos distintos de medo intenso que podem variar de vários ataques durante um dia a apenas poucos ataques durante um ano. A prevalência está na variação de 1 a 4%, as mulheres têm três vezes mais probabilidade de serem afetadas. O transtorno costuma surgir na idade adulta jovem – a idade média de apresentação é em torno dos 25 anos. ➢ COMORBIDADE Dos pacientes com transtorno de pânico, 91% têm pelo menos outro transtorno psiquiátrico: fobia social, fobia específica, transtorno de ansiedade generalizada, TEPT e TOC. ➢ ETIOLOGIA ✓ SUBSTÂNCIAS INDUTORAS DO PÂNICO As substâncias panicogênicas chamadas de respiratórias causam estimulação respiratória e mudança no equilíbrio acidobásico. Elas incluem dióxido de carbono (misturas de 5 a 35%), lactato de sódio e bicarbonato. Podem atuar inicialmente nos barorreceptores cardiovasculares periféricos e retransmitir seus sinais por aferentes vagais para o núcleo do trato solitário e, a seguir, para o núcleo paragigantocelular da medula. A hiperventilação em pacientes com transtorno de pânico pode ser causada por um sistema de alarme pelo qual o aumento das concentrações de PCo2 e de lactato cerebral ativa de forma prematura um sensor fisiológico de asfixia. As substâncias neuroquímicas que atuam por meio de sistemas neurotransmissores específicos incluem a ioimbina, um antagonista dos receptores 2-adrenérgicos; a mCPP, um agente com efeitos serotonérgicos múltiplos; medicamentos m-Carolines; agonistas inversos dos receptores GABAB; o flumazenil, um antagonista dos receptores GABAB; a colecistocinina; e a cafeína. Afetam diretamente sobretudo os receptores noradrenérgicos, serotonérgicos e GABAérgicos do SNC. ✓ FATORES GENÉTICOS Parentes em primeiro grau de pacientes com transtorno de pânicotêm um risco 4 a 8 vezes maior para o transtorno do que os parentes em primeiro grau de outros pacientes psiquiátricos. ✓ FATORES PSICOSSOCIAIS As teorias conceituam os ataques de pânico como tendo origem em uma defesa malsucedida contra impulsos provocadores de ansiedade. O que era anteriormente uma leve ansiedade-sinal se torna um sentimento esmagador de apreensão, junto com sintomas somáticos. ➢ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Com frequência, o primeiro ataque de pânico é completamente espontâneo, embora muitos possam estar relacionados com excitação, esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional moderado, uso de cafeína, álcool, nicotina ou outras substâncias; padrões incomuns do sono e de alimentação; e situações ambientais específicas, como iluminação desagradável no trabalho. O ataque com frequência começa com um período de 10 minutos de sintomas rapidamente crescentes. Os principais sintomas mentais são medo extremo e uma sensação de morte e tragédia iminentes. Os pacientes em geral não podem designar a fonte de seu medo; podem se sentir confusos e ter problemas para se concentrar. Os sintomas físicos costumam incluir taquicardia, palpitações, dispneia e sudorese. Os pacientes tentam sair de qualquer situação em que estejam e procurar auxílio. O ataque dura, em média, de 20 a 30 minutos e raramente mais de uma hora. O paciente pode ter dificuldade de fala e de memória. Os sintomas podem desaparecer de forma rápida ou gradual. Entre os ataques, os pacientes podem manifestar ansiedade antecipatória de terem um novo ataque. Preocupações somáticas de morte por problemas cardíacos ou respiratórios podem ser o principal foco da atenção do indivíduo durante os ataques. Até 20% deles de fato têm episódios de síncope durante os ataques de pânico. A hiperventilação pode produzir alcalose respiratória e outros sintomas. ➢ DIAGNÓSTICO ✓ ATAQUES DE PÂNICO Um ataque de pânico é um período súbito de intenso medo ou apreensão que pode durar de minutos a hora. Ataques inesperados ocorrem a qualquer momento e não estão associados a um estímulo situacional identificável, mas não precisam se apresentar dessa forma. Alguns não se encaixam com facilidade na distinção entre inesperado e esperado, sendo referidos como ataques de pânico predispostos por situações. Eles podem ou não ocorrer quando um paciente é exposto a um gatilho específico, ou podem ocorrer tanto imediatamente após exposição quanto após uma considerável demora. ✓ TRANSTORNO DE PÂNICO ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL a) DISTÚRBIOS MÉDICOS: Hipo e hipertireoidismo, hipoglicemia, transtornos convulsivos, disfunção vestibular, distúrbios dos sistemas cardíaco e pulmonar. Indícios de uma etiologia médica subjacente aos sintomas de pânico incluem a presença de características atípicas durante os ataques de pânico, como ataxia, alterações na consciência ou descontrole da bexiga. b) TRANSTORNOS MENTAIS: Às vezes, é difícil distinguir entre transtorno de pânico, por um lado, e fobias específica e social, por outro. Alguns pacientes que vivenciam um único ataque de pânico em uma situação específica (p. ex., um elevador) podem acabar tendo evitação de longa duração contra esse local específico, independentemente de se tiveram outro ataque de pânico. Esses pacientes satisfazem os critérios diagnósticos para uma fobia específica, cabe ao médico identificar e fazer o diagnóstico corretamente. ➢ TRATAMENTO ✓ FARMACOTERAPIA IRSN – venlafaxina; ISRS – paroxetina (efeito sedativo) ou um tricíclico + benzodiazepínico (ansiolítico, com potencial para dependência se utilizado a longo prazo, além de não poder ser tomado com álcool – Alprazolam ou Clonazepam) ou de um ISRS + lítio (estabilizador do humor). Uma vez eficaz, o tratamento farmacológico, em geral, deve continuar por 8 a 12 meses. Dados indicam que o transtorno de pânico é uma condição crônica, talvez para toda a vida, que tem recorrência quando o tratamento é interrompido. • AGORAFOBIA Refere-se a um medo ou uma ansiedade em relação a lugares dos quais a fuga possa ser difícil. É possível que seja a mais incapacitante das fobias, porque pode interferir de maneira significativa na capacidade de uma pessoa funcionar em locais fora de casa. Geralmente, quem tem transtorno de ansiedade também pode desenvolver agorafobia, já que o paciente tem medo de ter um ataque do pânico em locais públicos e não conseguir sair desses locais. A prevalência varia entre 2 e 6%; de acordo com o DSM-5, pessoas com mais de 65 anos têm uma taxa de prevalência de agorafobia de 0,4%. ➢ DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Os pacientes evitam de forma rígida situações nas quais seria difícil obter ajuda. Eles preferem estar acompanhados por um amigo ou familiar em locais que podem levar o indivíduo a desenvolver a fobia. Pessoas gravemente afetadas podem se recusar a sair de casa. ➢ TRATAMENTO ✓ FARMACOTERAPIA Benzodiazepínicos, ISRS (as doses efetivas são essencialmente as mesmas que para o tratamento de depressão, embora seja costumeiro iniciar com doses mais baixas), Tricíclicos. • FOBIA ESPECÍFICA O termo fobia refere-se a um medo excessivo de objeto, circunstância ou situação específicos. A fobia específica é um medo intenso e persistente de um objeto ou de uma situação. O diagnóstico de fobia específica requer o desenvolvimento de ansiedade intensa, mesmo a ponto de pânico, quando da exposição ao objeto temido. Pessoas com essa fobia podem antecipar lesões, tal como serem mordidas por um cão, ou podem ficar em pânico ante o pensamento de perder o controle; por exemplo, se têm medo de andar de elevador, também podem se preocupar com a possibilidade de desmaiar após a porta se fechar. ➢ EPIDEMIOLOGIA Aproximadamente 5 a 10% da população são afetadas por esses transtornos perturbadores e, às vezes, incapacitantes. A prevalência ao longo da vida de fobia específica é de cerca de 10%. É o transtorno mais comum entre as mulheres e o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas dos transtornos relacionados a substâncias. ➢ ETIOLOGIA Dentro dos fatores comportamentais, temos o condicionamento pavloviano de estímulo-resposta do reflexo condicionado para explicar o surgimento da fobia: a ansiedade é desencadeada por um estímulo naturalmente assustador que ocorre em contiguidade com um segundo estímulo inerentemente neutro. Como resultado da contiguidade, sobretudo quando os dois estímulos são pareados em ocasiões sucessivas, o estímulo neutro original se torna capaz de desencadear ansiedade por si próprio. Assim, passa a ser um estímulo condicionado para produção de ansiedade. Normalmente, o estímulo condicionado de modo gradual perde sua potência para desencadear uma resposta se não for reforçado pela repetição periódica do estímulo não condicionado. Nas fobias, a atenuação da resposta ao estímulo não ocorre; o sintoma pode durar anos. No curso desse comportamento aleatório, o organismo aprende que certas ações permitem que ele evite o estímulo provocador de ansiedade. Esse modelo é facilmente aplicável às fobias, uma vez que a esquiva do objeto ou da situação que provoca ansiedade desempenha um papel central. O comportamento de esquiva torna-se fixo como um sintoma estável devido a sua eficiência em proteger o indivíduo da ansiedade fóbica. Nos fatores psicanalíticos, Freud hipotetizou que a principal função da ansiedade é sinalizar para o ego que um impulso inconsciente proibido está forçando sua expressão para a consciência, a fim de que fortaleça e reúna suas defesas contra a força instintiva ameaçadora. Ele considerava que a fobia era o resultado de conflitos centrados em uma situação edípica da infância não resolvida. ATITUDE CONTRAFÓBICA: Em vez de ser uma vítima passiva de circunstâncias externas, o indivíduo inverte a situação e tenta confrontar e dominar qualquer coisa que seja temida.Indivíduos com atitudes contrafóbicas procuram situações de perigo e se envolvem nelas com entusiasmo. Os devotados de esportes potencialmente perigosos, como saltos de paraquedas e escaladas de montanhas, podem estar exibindo um comportamento contrafóbico. ➢ DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DOENÇAS NÃO PSIQUIÁTRICAS: Uso de substâncias (em particular alucinógenos e simpatomiméticos), tumores do SNC e doenças cerebrovasculares. ESQUIZOFRENIA: os pacientes que a apresentam podem ter sintomas fóbicos como parte de suas psicoses. Entretanto, diferentemente dos pacientes com esquizofrenia, aqueles com fobia têm consciência da irracionalidade de seus medos e não apresentam a qualidade bizarra e os outros sintomas psicóticos que acompanham a esquizofrenia. OUTROS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS: A diferenciação entre transtorno de pânico, agorafobia, fobia social e fobia específica pode ser difícil em casos individuais. Em geral, porém, pacientes com fobia específica tendem a experimentar ansiedade assim que se defrontam com o estímulo fóbico. Além disso, a ansiedade ou o pânico são limitados à situação identificada; os pacientes não são ansiosos a esse nível quando não estão diante do estímulo fóbico ou quando não o antecipam. ➢ CURSO E PROGNÓSTICO A fobia específica exibe uma idade de início bimodal, com um pico na infância para fobia de animais, fobia de ambiente natural e fobia de sangue-injeção-ferimentos, e um pico no início da idade adulta para outras fobias, como a do tipo situacional. ➢ TRATAMENTO Exposição a uma lista predeterminada de estímulos que provocam ansiedade, graduada em uma hierarquia do menos ao mais assustador. Medicamentos ansiolíticos, hipnose e instrução de relaxamento muscular; e exposição intensiva ao estímulo fóbico tanto por meio da imaginação quanto por meio de dessensibilização in vivo. • FOBIA SOCIAL OU TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL Medo de situações sociais, incluindo aquelas que envolvem escrutínio ou contato com estranhos. O termo ansiedade social reflete a diferenciação entre transtorno de ansiedade social e fobia específica, que é o medo intenso e persistente de um objeto ou uma situação. As pessoas com transtorno de ansiedade social temem se embaraçar em situações sociais (i.e., reuniões sociais, apresentações orais, encontro com pessoas novas). Elas podem ter medos específicos de realizar determinadas atividades, como comer ou falar na frente dos outros, ou podem experimentar um medo vago e inespecífico de “embaraçar-se”. Em ambos os casos, o medo no transtorno de ansiedade social é do embaraço que pode ocorrer na situação, não da situação em si. ➢ EPIDEMIOLOGIA Prevalência de 3 a 13% e mulheres são mais afetadas. A idade de pico de início para transtorno de ansiedade social é na adolescência, embora seja comum dos 5 aos 35 anos. ➢ ETIOLOGIA Vários estudos relataram que algumas crianças possivelmente tenham um traço caracterizado por um padrão consistente de inibição comportamental. Esse traço pode ser mais comum nos filhos de pais com transtorno de pânico e pode se desenvolver para timidez grave à medida que crescem. Dentro da teoria das aminas, tem-se a ideia da participação da norepinefrina e atividade dopaminérgica. Dentro dos fatores genéticos, tem-se que parentes em primeiro grau de pessoas com transtorno de ansiedade social têm cerca de três vezes mais probabilidade de ser afetados com a condição do que parentes em primeiro grau de indivíduos sem transtornos mentais. ➢ DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Cerca de um terço de todas as pessoas se considera muito mais ansiosa do que outras em situações sociais. Essa ansiedade apenas se torna transtorno de ansiedade social quando ela impede um indivíduo de participar de atividades desejadas ou causa sofrimento acentuado durante elas. ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Um indivíduo com agorafobia sente-se, muitas vezes, confortado pela presença de outra pessoa em uma situação que provoque ansiedade, mas um com transtorno de ansiedade social fica mais ansioso pela presença de outra pessoa. Enquanto falta de ar, tontura, sensação de sufocação e medo de morrer são comuns no transtorno de pânico e na agorafobia, os sintomas associados com transtorno de ansiedade social geralmente envolvem rubor, tensão muscular e ansiedade em relação a escrutínio. Em pacientes com transtorno da personalidade esquizoide, a falta de interesse em socializar, não o medo de socializar, leva ao comportamento social esquivo. ➢ TRATAMENTO ISRSs; Benzodiazepínicos; Venlafaxina e Buspirona. Em casos graves, tem sido relatado o tratamento bem-sucedido com IMAOs. • TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Pessoas que parecem ansiosas com tudo, entretanto, têm a probabilidade de serem classificadas com transtorno de ansiedade generalizada. Este é definido como ansiedade e preocupação excessivas com vários eventos ou atividades; preocupação que é difícil de controlar e está associada com sintomas somáticos, como tensão muscular, irritabilidade, dificuldade para dormir e inquietação. É difícil de controlar, é subjetivamente perturbadora e compromete áreas. ➢ EPIDEMIOLOGIA Prevalência de 3 a 8%; a proporção de mulheres para homens com o transtorno é de aproximadamente 2 para 1. Em clínicas de transtorno de ansiedade, cerca de 25% dos pacientes têm transtorno de ansiedade generalizada. ➢ COMORBIDADE Coexiste com mais frequência com outros transtornos mentais, como fobia social, fobia específica, transtorno de pânico ou transtorno depressivo. Talvez 50 a 90% dos pacientes com transtorno de ansiedade generalizada tenham outro transtorno mental. ➢ DIAGNÓSTICO ➢ TRATAMENTO FARMACOTERÁPICO Benzodiazepínicos, os ISRSs, a buspirona e a venlafaxina. Outros agentes que podem ser úteis são os tricíclicos (p. ex., a imipramina), os anti-histamínicos e os antagonistas β-adrenérgicos (p. ex., o propranolol). Embora o tratamento medicamentoso do transtorno de ansiedade generalizada seja, às vezes, considerado uma intervenção de 6 a 12 meses, alguma evidência indica que ele deve ser a longo prazo, talvez por toda a vida. • TEPT Marcados por aumento do estresse e da ansiedade após exposição a um evento traumático ou estressante. A pessoa reage à experiência com medo e impotência, revive persistentemente o acontecido e tenta evitar lembrar-se dele. O evento pode ser revivido em sonhos e em pensamentos ao quando desperto (flashbacks). Embora o TEPT possa aparecer em qualquer idade, é mais prevalente em adultos jovens, porque estes tendem a se expor mais a situações precipitantes. ➢ ETIOLOGIA MODELO COGNITIVO DO TEPT: postula que as pessoas afetadas não conseguem processar ou racionalizar o trauma que precipitou o transtorno. Elas continuam a experimentar o estresse e tentam evitar experimentá-lo por meio de técnicas de evitação. FATORES BIOLÓGICOS: Sistema Noradrenérgico (nervosismo, aumento na pressão arterial e no ritmo cardíaco, palpitações, sudorese, rubor e tremores); Sistema Opioide (é sugerida por baixas concentrações plasmáticas de β- endorfina no TEPT); EIXO HHS (baixas concentrações plasmáticas e urinárias de cortisol livre no TEPT e hiper-regulação do eixo). ➢ FATORES DE VULNERABILIDADE Presença de trauma na infância; Traços de transtorno da personalidade borderline, paranoide, dependente ou antissocial; Sistema de apoio familiar ou dos pares inadequado; Sexo feminino; Vulnerabilidade genética a doença psiquiátrica; Mudanças de vida estressantes recentes; Percepção de um locus de controle externo (causa natural) em vez de um interno (causa humana); Ingestão excessiva de álcool recentemente. ➢ DIAGNÓSTICO E CARCATERÍSTICAS CLÍNICAS Indivíduos com TEPT apresentam sintomas em três domínios: sintomas intrusivosapós o trauma, evitação de estímulos associados ao trauma e experiência de sintomas de aumento da excitação autonômica, como maior reação de sobressalto. Diagnóstico via DSM – V. ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Considerações orgânicas que podem causar e exacerbar os sintomas são epilepsia, transtornos associados ao uso de álcool e outros relacionados ao uso de substância. Intoxicação aguda ou abstinência de algumas substâncias também podem se apresentar como um quadro clínico difícil de ser distinguido do transtorno até que os efeitos da substância ou da abstinência tenham passado. Os sintomas de TEPT podem ser difíceis de distinguir daqueles dos transtornos de pânico e de ansiedade generalizada porque todas as três síndromes estão associadas a ansiedade proeminente e excitação autonômica. O TEPT está associado a revivência e evitação de um trauma, características que em geral não estão presentes nos transtornos de pânico ou de ansiedade generalizada. O transtorno da personalidade borderline pode ser difícil de distinguir do TEPT. Indivíduos com transtornos dissociativos não costumam ter o grau de comportamento de evitação, hiperexcitação autonômica ou a história de trauma que os pacientes com TEPT reportam. ➢ TRATAMENTO ISRS (primeira linha), Tricíclico, IMAO, trazodona e anticonvulsivantes (carbamazepina). Quase não existem dados positivos referentes ao uso de substâncias antipsicóticas no transtorno, portanto o uso de fármacos como haloperidol deve ser reservado para o controle de curto prazo de agressão grave e agitação. 2. Estudar personalidade ansiosa, histriônica e dependente. Personalidade refere-se a todas as características de adaptação de formas únicas a ambientes internos e externos em constante modificação. Transtornos da personalidade são comuns e crônicos. Eles ocorrem em 10 a 20% da população em geral, e sua duração é expressa em décadas. Aproximadamente 50% de todos os pacientes psiquiátricos apresentam um transtorno da personalidade, com frequência comórbido com outras síndromes clínicas. De modo geral, os sintomas de transtorno da personalidade são egossintônicos (i.e., aceitáveis ao ego, em contraste com egodistônicos) e aloplásticos (i.e., adaptam-se ao tentar alterar o ambiente externo em vez de a si mesmos). ➢ SUBTIPOS Os subtipos de transtorno da personalidade classificados no DSM-5 são: GRUPO A: esquizotípico, esquizoide e paranoide. Características estranhas ou de afastamento. GRUPO B: narcisista, borderline, antissocial e histriônico. Características dramáticas, impulsivas ou erráticas. GRUPO C: obsessivo-compulsivo, dependente e evitativo. Características de ansiedade e medo. • HISTRIÔNICO (GRUPO B) São excitáveis e emotivas e comportam-se de forma dramática, florida e extrovertida. Contudo, junto com esses aspectos mais vistosos, costuma existir uma incapacidade de manter ligações profundas e duradouras. Prevalência de 1 a 3% na população e é mais diagnosticada em mulheres. ➢ DIAGNÓSTICO Em entrevistas, costumam ser cooperativos e ávidos por fornecer uma história detalhada. Gesticulações e exclamações dramáticas em seu discurso são comuns; eles cometem deslizes frequentes, e sua linguagem é pitoresca. Exibição afetiva é comum, mas, quando pressionados a reconhecer determinados sentimentos (p. ex., raiva, tristeza e desejos sexuais), podem reagir com surpresa, indignação ou negação. Os resultados do exame cognitivo costumam ser normais, embora uma falta de perseverança possa ser evidenciada em tarefas aritméticas ou de concentração, e o esquecimento do paciente de material com carga afetiva pode ser impressionante. ➢ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Grau elevado de comportamento de busca por atenção; exageram seus pensamentos e sentimentos e fazem tudo soar mais importante do que realmente é; ataques de raiva, choro e acusações quando não são o centro das atenções ou não estão recebendo elogios ou aprovação; comportamento sedutor; propensão a ser superficiais; vaidoso, egocêntrico e volúvel. A distinção entre transtorno da personalidade histriônica e transtorno da personalidade borderline é difícil, mas, neste último, tentativas de suicídio, difusão de identidade e episódios psicóticos breves são mais prováveis. ➢ CURSO E PROGNÓSTICO Com a idade, pessoas com transtorno da personalidade histriônica mostram menos sintomas, mas, como não têm a energia de anos anteriores, a diferença na quantidade de sintomas pode ser mais aparente do que real. Indivíduos com esse transtorno buscam sensações e podem ter problemas legais, fazer abuso de substâncias e agir de forma promíscua. • DEPENDENTE (GRUPO C) Subordinam suas próprias necessidades às necessidades de outros, fazem outra pessoas assumir responsabilidade por áreas importantes de suas vidas, não têm autoconfiança e podem experimentar desconforto intenso ao ficar sozinhas por mais do que breves períodos. Prevalência de 0,6 % e é mais comum em mulheres. ➢ DIAGNÓSTICO Em entrevistas, o paciente parece ser complacente. Ele tenta cooperar, é receptivo a perguntas específicas e busca orientação. ➢ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Comportamento dependente e submisso; não conseguem tomar decisões sem uma quantidade excessiva de aconselhamento e tranquilização dos outros; evitam posições de responsabilidade e ficam ansiosas se precisam assumir um papel de liderança; preferem ser submissas; relacionamentos distorcidos por sua necessidade de estar apegados à outra pessoa; pessimismo, insegurança, passividade, temor de expressar sentimentos sexuais e agressivos. ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Dependência é um fator proeminente em pacientes com transtornos das personalidades histriônica e borderline, mas indivíduos com transtorno da personalidade dependente costumam ter um relacionamento duradouro com outra pessoa, em vez de uma série de pessoas de quem dependam, e não são propensos a ser abertamente manipuladores. • EVITATIVA (ANSIOSA – GRUPO B) Sensibilidade extrema a rejeição e podem levar vidas socialmente retraídas. Embora sejam tímidos, não são antissociais e demonstram um grande desejo por companhia, mas precisam de garantias muito fortes de aceitação não crítica. Essas pessoas em geral são descritas com um complexo de inferioridade. Taxa de 2 a 3% da população. ➢ DIAGNÓSTICO Em entrevistas clínicas, a característica mais evidente do paciente é a ansiedade acerca de falar com um entrevistador. Seu comportamento tenso e nervoso parece se expandir e se retrair conforme a percepção de ser apreciado ou não pelo entrevistador. Parece vulnerável aos comentários e às sugestões do entrevistador e pode encarar uma clarificação ou interpretação como crítica. ➢ CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Hipersensibilidade à rejeição; timidez; desejam o afeto e a segurança da companhia humana; incerteza, demonstram falta de autoconfiança e podem falar de modo discreto; não estão dispostas a começar relacionamentos a menos que recebam uma forte garantia de aceitação sem críticas. Por consequência, costumam não ter amigos íntimos nem confidentes. ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Pacientes com transtorno da personalidade evitativa desejam interação social, ao contrário daqueles com transtorno da personalidade esquizoide, que desejam ficar sozinhos. O transtorno da personalidade evitativa e o da personalidade dependente são semelhantes. Supõe-se que aqueles com o da personalidade dependente apresentem um temor maior de serem abandonados ou não amados do que aqueles com cuja personalidade é evitativa, mas o quadro clínico pode ser indistinguível.
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