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Transformador em Corrente Contínua e Alternada Vitor Souza Premoli Pinto de Oliveira Física exp. II – Licenciatura em Física – CCENS Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/02 - Alegre-ES Resumo. O presente relatório tem por função o estudo do funcionamento de um transformador em condições de corrente alternada e contínua; bem como a analise do campo magnético, nas vizinhanças de condutores retilíneos e no interior de um solenoide, gerado por corrente elétrica originada de um transformador. Palavras chave: transformador, campo magnético, espiras _______________________________________________________________________________________ 1. Introdução Transformadores são dispositivos destinados a transmissão de tensão por meio de indução eletromagnética. Possuem o controle de regular o valor da tensão, podendo aumenta-la ou diminui-la. Sua estrutura consiste basicamente em dois enrolamentos (ou bobinas) de fios, denominados primário e secundário, envolvidos em um núcleo metálico – esse em geral é feito de um material com elevada permeabilidade magnética relativa, tal como o ferro, obrigando as linhas do campo magnético, produzidas pela corrente das bobinas, a ficarem confinadas quase completamente no interior do núcleo, dessa forma maximizando a indutância mútua delas. Figura 1 [1] bobina primária, [2] bobina secundária e [3] núcleo. Assim como é mostrado na figura 1, a bobina primária é aquela conectada a fonte. Ao receber uma corrente alternada oriunda da fonte, automaticamente a bobina origina um fluxo magnético alternado no núcleo, que em seguida, pela lei de Faraday, acaba gerando uma Força Eletromagnética (Fem) induzida. Essa Fem por vez na secundária acaba originando uma corrente alternada na mesma, fornecendo energia elétrica ao dispositivo que está conectada a ela. É importante notar que é por necessitar dessa variação no fluxo magnético que os transformadores só funcionam em corrente alternada. Figura 2 O cilindro localizado no poste é um transformador usado para converter a alta tensão vinda das linhas transmissões em tensões menores, para que em seguida seja distribuída para residências e comércios. No cotidiano, assim como é mostrado na figura 2, transformadores são usados normalmente, por exemplo, para converter tensões altas em menores, assim como ocorre nas linhas de transmissões modernas, onde tensões na ordem de 500 KV que por questões de segurança são revertidas para tensões menores(nesse caso 110 V ou 220 V no Brasil). É interessante ressaltar que do mesmo modo que ocorre o decréscimo da tensão, o contrário também pode ocorrer, ou seja, em termos de bobina, a tensão no secundário também pode resultar em uma maior do que a aplicada no primário. 1.1. Transformador ideal Para a análise experimental, iremos adotar que os transformadores utilizados são todas ideias. Dessa forma, “vamos desprezar a resistência dos enrolamentos e supor que todas as linhas do campo magnético ficam confinadas no núcleo de ferro, de modo que em todos os instantes o fluxo magnético Φ𝐵 é o mesmo em todas as espiras do enrolamento primário e do secundário” [1].Dessa forma, dada as suposições quando um fluxo magnético varia porque as correntes variam nas duas bobinas, cada Força Eletromagnética vai ser dada como: 𝑉1 = 𝜀1 = 𝑁1 𝑑Φ𝐵 𝑑𝑡 (1) 𝑉2 = 𝜀2 = 𝑁2 𝑑Φ𝐵 𝑑𝑡 (2) Onde 𝑁1 e 𝑁2 correspondem o numero de espiras das bobinas primária e secundária, respectivamente. Como não há resistência no rolamento, logo é justificável que cada 𝜀1 e 𝜀2 deva ser igual à respectiva voltagem (dada em Volts – V) através do primário e do secundário. Dividindo cada equação e adotando que o fluxo magnético é o mesmo para as duas espiras, temos que: 𝑉1 𝑁1 = 𝑉2 𝑁2 (3) ou 𝑉1 𝑉2 = 𝑁1 𝑁2 (4) Ordenando os termos temos uma relação com a tensão do secundário e primário: 𝑉2 = 𝑁2 𝑁1 𝑉2 (5) Dessa forma, pela expressão 5 é possível produzir uma análise quantitativa quanto a tensão(V) que é originada na secundária. Onde somente pelo número de espiras de cada bobina e pela tensão da fonte é possível deduzir qual a tensão final que irá alimentar o aparelho que estaria conectada ao segundo enrolamento. Dessa forma, quando 𝑁2 > 𝑁1, então 𝑉2 > 𝑉1 , logo dizemos que o transformador elevou a tensão; e quando 𝑁2 < 𝑁1, então 𝑉2 < 𝑉1 e assim obtemos um transformador que abaixa a tensão. 2. Procedimento Experimental 2.1. Transformador em corrente contínua Foram usados os seguintes componentes: • 2 núcleos de aço silício laminado em “U”; • Placa de montagem; • Uma lâmpada; • Bobina de 200 espiras; • Bobina de 400 espiras; • Fonte de tensão contínua regulada para 3 V e limite de corrente de 0,5 A. Assim como é aludido na figura 1, foi-se acoplado usando os 2 núcleos de aço silício laminado em “U” duas bobinas. Uma de 200 espiras, usada como enrolamento primário, e outra de 400 espiras, usada como secundária. Em seguida, foi conectada a placa de montagem de modo que a fonte fosse conectada diretamente na espira primária, de maneira que através da placa, o fluxo de corrente elétrica fosse monitorado através de uma chave; e a lâmpada (conectada a placa) fosse conectada aos terminais do enrolamento secundário. Posteriormente foi feito testes como forma de monitorar o que ocorre com a lâmpada a medida que a fonte era ligada e desligada. 2.2. Transformador em corrente alternada Foram usados os seguintes componentes: • 2 núcleos de aço silício laminado em “U”; • Fonte de corrente alternada(220V); • Bobina de 800 espiras; • Placa de montagem; • Cabo de ligação longo; • Multímetro (Voltímetro). Primeiramente foi ligado a bobina primária na fonte de 220V, utilizando uma chave liga/desliga (através do uso da placa de montagem assim ocorreu no transformador de corrente continua). Com um cabo de ligação longo, foi enrolado apenas uma espira no secundário do transformador, e em seguida com esse mesmo cabo foi ligado a um voltímetro, ajustado na escala de 2V, na espira do secundário do transformador Em seguida, era enrolado o fio no secundário de tal forma que originasse mais espiras na bobina (assim como mostra a figura 3) Figura 3 Tranformador formado por uma bobina e os fios enrolados de um multímetro Com isso, à medida que era feito isso, era observado os valores de tensão (partindo da primeira espira) e anotado os valores em uma tabela. 2.3. Relação de transformação Foram usados os seguintes componentes: • Bobina de 800 espiras; • Bobina de 200/400/600; • Fonte alternada de 220V; • Placa de montagem; • 2 núcleos de aço silício laminado em “U”; • 2 multímetros (Voltímetro e Amperímetro). Inicialmente, foram conectados um voltímetro tanto no primário quanto no secundário do transformador, na escala de 750V. Após colocar a chave liga-desliga em série com a bobina primária do transformador, foi acoplado aos 2 núcleos o primário, com 800 espiras, à tomada contendo a tensão de 220V, a ao secundário, inicialmente, a com 200 espiras. Foram feitas leituras da tensão V1 e V2 à medida que eram alternadas as espiras do secundário (de 200 espiras para 400 espiras e em seguida trocada para 600 espiras). 2.4. Campo magnético próximo a condutores percorridos por corrente elétrica de alta intensidade Foram usados os seguintes componentes: • 01 bobina de 800 espiras; • 01 bobina de 5 espiras; • mesa articulável em acrílico com fixador plástico; • 04 condutores; • Placa de montagem; • Limalha de ferro. Primeiro, foi montado o transformador com 400 espiras no primário e 5 espiras no secundário; em seguida foi conectado os terminais do secundário ao condutor retilíneo, assim como mostra a figura abaixo.Figura 4 [1] condutor retilíneo, [2] condutores anti paralelos, [3] condutores paralelos, [4] interior de um solenóide Logo após foi conectado, através da placa de montagem, a chave liga-desliga em série com a bobina primária do transformador, para que após fosse ligado a tomada, em 127 V, como fonte desse transformador. Em seguida foi espalhado uma fina camada de limalha de ferro sobre a placa, ligado por alguns segundos o primário do transformador e observado a configuração assumida pela limalha sobre a placa. Assim como mostra a figura 4, esse procedimento foi repetido para os 4 condutores apresentados. 3. Resultados e discussão 3.1. Transformador em corrente contínua Figura 5 [1] chave ligada e desligada em intervalos grandes, [2] chave ligada e desligada em intervalos pequenos. Inicialmente para o caso 1, onde a chave foi ligada e desligada em intervalos consideravelmente grandes, pela figura 5, nada foi notado ou percebido pela lâmpada. Entretanto, para o caso 2 onde a chave foi ligada e desligada repetidamente em intervalos curtos de tempo, houve reação por parte da lâmpada, demonstrando acender cada vez que o intervalo de tempo entre desligar e ligar diminuía. Isso ocorreu pois assim como foi salientado na introdução, o transformador por necessitar de uma variação no fluxo magnético, ele no fim acaba que só funciona na presença de uma corrente alternada. Logo, ao desligar a chave de forma frenética, a intensidade e a direção da corrente elétrica variaram ciclicamente, se tornando dessa forma em uma corrente alternada, permitindo dessa forma, a passagem de corrente elétrica do secundário para a lâmpada. 3.2. Transformador em corrente alternada À medida que se enrolava as espiras, foi observado o comportamento da tensão no secundário e montado uma tabela a partir disso Tabela 1 Relação entre Tensão do secundário e numero de espiras da bobina 𝑵𝟐 𝑽𝟐 ±𝑽𝟐 * 𝑽𝟐 𝑵𝟐 ⁄ ± 𝑽𝟐 𝑵𝟐 ⁄ ** 1 0,315 0,004 0,315 0,004 2 0,636 0,006 0,317 0,003 3 0,945 0,009 0,315 0,003 4 1,265 0,011 0,316 0,003 5 1,617 0,014 0,323 0,003 6 1,935 0,016 0,323 0,003 *incerteza dada como 0,08% do valor original somado com 5 vezes a menor divisão da escala (0,001 V) ** Incerteza dada pela formula geral para propagação de incerteza; 𝝈 = √( 𝝏 𝝏𝐕𝟐 𝝈𝐕𝟐) 𝟐 Com a construção da tabela é possível observar que quanto maior o numero de espiras no secundário maior será sua tensão. De certa forma, é justificável visto que assim como é mostrado na expressão 3, quando 𝑁2 > 𝑁1, então 𝑉2 > 𝑉1 , logo dessa forma dizemos que o transformador elevou a tensão. Quanto a razão 𝑉2 𝑁2 ⁄ é reconhecível, visto a faixa de incerteza, que o valor se torne constante ao longo da tabela, já que ainda de acordo com a expressão 3 ele a medida que aumenta o numero de espiras e tensão tem que continuar igual a razão entre a tensão inicial e o numero de espiras do primário. 3.3. Relação de transformação Com as experiencias obtidas foi possível produzir uma tabela: Tabela 2 Dados referentes a tensão do primário e secundário e seus números de espiras 𝑁1 𝑁2 𝑉1 ±𝑉1* 𝑉2 ±𝑉2 𝑁1 𝑁2 ⁄ 𝑉1 𝑉2 ⁄ ± 𝑉1 𝑉2 ⁄ ** 800 200 220 13 54 11 4 4,1 0,8 400 220 13 107 11 2 2,1 0,2 600 221 13 162 12 1,3 1,4 0,2 *incerteza dada como 1,2% do valor medido somado com 10 vezes a menor divisão da escala (1 V) **Incerteza dada pela formula geral para propagação de incerteza; 𝝈 = √( 𝝏 𝝏𝑽𝟐 𝝈𝑽𝟐) 𝟐 + ( 𝝏 𝝏𝑽𝟏 𝝈𝑽𝟏) 𝟐 É possível visualizar que à medida que aumenta o numero de espiras no secundário, maior é a tensão que resulta na bobina; e dessa forma é justificável já que pela razão, mostrada na expressão 4, 𝑁2 𝑁1 ⁄ é possível ver que quanto maior 𝑁2 maior será a tensão final. Outro ponto a ressaltar é a relação entre 𝑁1 𝑁2 ⁄ e 𝑉1 𝑉2 ⁄ . Pela expressão 4, isso é evidente que o quociente do número de espiras nas bobinas primária e secundária e o quociente tensão no primário e tensão no secundário devem permanecer iguais; e levando em consideração a faixa de incerteza, é provável que ao longo das medições essa relação continuou sendo a mesma. 3.4. Campo magnético próximo a condutores percorridos por corrente elétrica de alta intensidade Com o registro de fotos acerca dos condutores cobertos com limalha, foi possível observar uma configuração assumida pela limalha sobre a placa, onde comparando-se com desenhos ilustrativos, conseguiu-se visualizar sobre a placa uma aproximação do que seria o campo magnético gerado pela corrente elétrica que circulava os condutores. Figura 6 Ao lado direito o campo magnético esperado de um condutor retilíneo, e ao esquerdo o que realmente foi obtido Aplicando a regra da mão direita, pelo sentido da corrente, podemos ver que o campo magnético se configura em algo circular e para o condutor retilíneo, podemos ver que ele se assemelhou bem ao esperado. Figura 7 Ao lado direito o campo magnético esperado de um condutor antiparalelo, e ao esquerdo o que realmente foi obtido Com relação ao campo magnético originado nos condutores antiparalelos, o esperado era oque ocorreu na ilustração da figura 7; circular nas bordas do condutor e um pouco retilíneo ao se afastar delas. Como as hastes estão bem próximas, é esperado que o campo fique mais circular no meio, assim como ocorreu com a limalha mostrado na figura 7. Figura 8 Ao lado direito o campo magnético esperado de um condutor paralelo, e ao esquerdo o que realmente foi obtido Com os condutores paralelos, a configuração não ficou tão evidente. Assim como mostra na figura 8, o esperado era algo circular nas bordas do condutor. Entretanto, analisando pela prática, percebeu-se resquícios do que seria o campo magnético, apresentando uma pequena configuração circular na haste esquerda. Figura 9 Ao lado direito o campo magnético esperado de um condutor solenoide, e ao esquerdo o que realmente foi obtido Assim como ocorreu no condutor acima, no solenoide também não foi muito evidente; o campo magnético esperado era o mostrado a direita na figura 9; analisando a prática percebeu-se pequenas ranhuras paralelas formadas pela limalha; resquícios de uma parte do era para ser o campo magnético em si. 4. Conclusão Com a experimentação do transformador posto em fonte continua, foi possível ver em prática como de fato o seu funcionamento só se deu a partir do momento que houve ligamento e desligamento frenético da chave, permitindo dessa forma a passagem de uma corrente alternada pelo aparato; demonstrando que um transformador só funciona nessas condições; e de fato é válido essa suposição, visto que assim como foi salientado na introdução o aparato precisa de corrente alternada como forma de gerar um fluxo magnético alternado no núcleo, para só assim em seguida, pela lei de Faraday, gerar uma Fem capaz de gerar uma corrente alternada na secundária, e assim poder alimentar o aparelho ligado a bobina. Com relação as linhas de campo magnético gerado pela limalha, infelizmente percebeu-se pouca atuação do pó de ferro, não deixando claro como de fato eram as linhas do campo magnético. Levando em consideração a expressão 5, leva-se a crer que talvez fosse mais perceptível se fosse usada uma bobina no secundário com um maior numero de espiras, oque resultaria em uma maior tensão, em consequência, um maior fluxo de corrente elétrica que mais uma vez geraria um campo magnético proporcional à essa maior intensidade de corrente gerada. 5. Referências [1] H. D. Young, R. A. Freedman., F. W. Sears, & M. W Zemansky. (2009). Sears e Zemansky física III: eletromagnetismo. Pearson. 12° edição.366.
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