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1 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia PANCREATITE AGUDA DEFINIÇ ÃO É uma condição inflamatória aguda, a partir da autodigestão das enzimas pancreáticas. Sua evolução é marcada por duas fases: Precoce (1ª semana): a cascata de citocinas é ativada, dando-se início à síndrome da resposta inflamatória (SIRS), a qual poderá evoluir para falência orgânica e, em seguida, disfunção de múltiplos órgãos. Tardia (semanas a meses): ocorre persistência da inflamação sistêmica ou surgimento de complicações locais. EP IDEMIOLOGIA Acomete homens e mulheres em uma proporção de 3:1. Taxa de mortalidade global de 5,95%. ETIOLOGIA Litíase biliar: principal causa Uso de álcool: segunda maior causa QU ADRO CLÍNICO Dor abdominal “em barra”, que alivia com flexão do tronco. Náuseas e vômitos Icterícia leve Sinais semiológicos: Grey Turner, Cullen e Fox. OBS: os sinais semiológicos não são patognomônicos, eles caracterizam a causa de uma hemorragia retroperitoneal, indicando maior gravidade do quadro. CLASSIF IC AÇÃO DE GRAVI D ADE São utilizados os critérios de Apache II e de Ranson para avaliar os aspectos clínicos. E os critérios de Balthazar para avaliação de alterações na tomografia. DI AGNÓS TICO Baseado no Consenso de Atlanta, define-se pancreatite aguda como presença de 2 dos seguintes critérios: Dor abdominal característica; Aumento de lipase ou amilase 3x o limite superior da normalidade; Achados radiológicos característicos; OBS: a amilase volta ao normal em 3-6 dias e a lipase volta ao normal em 7-8 dias, sendo essa mais especifica. OBS: o aumento das enzimas NÃO indica gravidade e NÃO é patognomônico. E XAMES COMPLEMENTARE S Laboratoriais: amilase sérica, lipase, amilase total urinária e proteína C reativa. 2 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia Radiológicos: 1. USG de Abdome: Primeiro exame a se pedir É ideal para avaliar a vesícula e as vias biliares O achado mais frequente é a densificação do tecido adiposo peripancreático. 2. TC de Abdome com contraste Padrão ouro para fechar diagnóstico; Utiliza-se o escore de Balthazar; Deve ser solicitada na ausência de melhora clínica com terapia conservadora ou na suspeita de complicações. Classificação na TC: edematosa ou necrosante o Na edematosa a captação do contraste é homogêna, é a forma mais comum e ocorre em 80% dos casos. o Na necrosante a captação é a heterogênia, forma o Sinal da Bolha de Sabão. É a forma mais grave. 3. USG Endoscópica Pede-se na suspeita de microlitíase; PROGNÓS TICO D A FORM A M AIS GR AVE Ranson maior ou igual a 3 Balthazar maior ou igual a 6 Apache II maior ou igual a 8 PCR elevada maior que 100 OBS: TGP, amilase, lipase e bilirrubinas não fazem parte do prognóstico. TR ATAMENTO Suporte clínico: Dieta zero; Estabilização dos sinais vitais; Hidratação e controle eletrolítico Analgesia com opióides. Para reiniciar a dieta: Quando reiniciar? Paciente com fome, sem dor e com PCR normalizado. Preferir VO/Enteral Se não tolerou VO: usa cateter NG/NJ. NPT: se não tolerou o enteral. Indicações de ATB: Usa-se carbapenêmico. Apenas quando houver uma necrose infectada. A necrose está infectada apresenta com gás na TC. E se for o caso de suspeitar da infecção e não tiver o gás, deve-se fazer diagnóstico invasivo com punção + cultura. Indicações de Necrosectomia Necrose sintomática (febre baixa, náuseas, SIRS) Necrose infectada Pseudocisto Qual Técnica? o Endoscópica: melhor para encapsulada o Percutânea via TC: ponte para cirurgia ou terapêutica única o Cirúrgica: padrão ouro ou se as outras técnicas não resolveram. O pseudocisto deve-se intervir quando houver compressões de estruturas, roturas (ascite) ou hemorragia por pseudoaneurisma. Ringer Lactato: 20ml/Kg em 30 minutos, depois 3ml/Kg por 8-12h. - Não usar RL caso o paciente tenha hipercalcemia. - O objetivo é evitar hipovolemia, isquemia e complicações. 3 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia PANCREATITE CRÔNICA DEFINIÇ ÃO É um processo inflamatório que promove a destruição progressiva e irreversível do parênquima pancreático, provocando perda das funções endócrinas e exócrinas do pâncreas. EP IDEMIOLOGIA Há uma relação de homens e mulheres de 9:1. As hospitalizações decorrem dos episódios de agudização, emagrecimento, complicações e para tratamento clínico ou cirúrgico da dor. FIS IOP ATOLOGI A O tecido pancreático progressivamente evolui para a calcificação. Há uma formação de uma rolha proteica, que consequentemente promove a alteração do suco pancreático, diminuindo a litostatina e formando um depósito de cálculo. ETIOLOGIA A mais comum é o consumo de álcool, sendo responsável por 70-80% dos casos nos países ocidentais e por 90% no Brasil. As classificações disponíveis atualmente consideram fatores de risco para desenvolvimento da doença pela Tigar-o: QU ADRO CLÍNICO Tríade clássica: Calcificação pancreática Esteatorreia Diabetes Outros achados clínicos: Dor abdominal Emagrecimento Icterícia Hemorragia digestiva alta Ascite pancreática ou derrame pleural. DIGNÓS TICO Laboratorial: Glicemia em jejum e Hb glicada: para avaliar a disfunção endócrina da glândula. Amilase e lipase: aumentam em episódios de agudização. Perfil Nutricional: dosar vitaminas lipossolúveis (A,D,E e K). Dosagem de vitamina B12: as enzimas pancreáticas são necessárias para a quebra e absorção dela. Marcadores Tumorais periódicos (CEA, CA 19.9): avaliar o desenvolvimento de neoplasias de pâncreas. Mutações PRSS1, CFTR, SPINK-1 e CTRC: devem ser pesquisadas quando a etiologia é desconhecida. Testes Funcionais Indiretos: Dosagem de gordura fecal de 72 horas; Pesquisa de gordura fecal Sudam III; Dosagem de elastase fecal, quimiotripsina fecal e teste respiratório com TG com carbono marcado Testes Funcionais Diretos: USG abdominal: as calcificações pancreáticas apresentam-se como focos puntiformes ou hipercoicos, de distribuição focal ou difusa e a depender do tamanho existe sombra acústica. TC de abdome: exame de 1ª linha. Os achados patognomônicos são calcificações, dilatação ductal e atrofia parenquimatosa. CPRE: padrão ouro para alterações de ductos pancreáticos, permite exame diagnóstico e terapêutico como colocação de próteses e tratamento de complicações. Ecoendoscopia: ideal para detecção precoces, que permite a coleta de amostras teciduais. TR ATAMENTO CLÍNICO Cessar o etilismo e o tabagismo (pode encaminhar o paciente para o AA). Dieta pobre em gordura. Analgesia escalonada: AINE – Amitriptilina – Opióide. Reposição de enzimas pancreáticas + IBP Administração de Insulina TR ATAMENTO CIRÚRGICO Indicação: quando houver dor clinicamento INTRATÁVEL. Deve-se fazer CPRE antes. 4 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia As técnicas utilizadas são: descompressão do ducto pancreático, diminuindo a hipertensão ductal e a ressecção de massas inflamatórias ou ambas. Na doença do grande ducto apresenta uma dilatação do ducto principal maior que 7mm na CPRE e a cirurgia realizada é a pancreatojejunostomia laterolateral em Y roux. Na doença do pequeno ducto vai depender da localização da calcificação. Caso for na cabeça do pâncreas será reaizada uma Whipple e se for de corpo/cauda realizada uma pancreatomia subtotal distal (CHILD). COMP LIC AÇÕES Trombose de veia esplênica, que provoca hipertensão portal segmentar. Clínica: varizes apenas em fundo gástrico+ esplenomegalia. Conduta: esplenectomia. Pseudocisto Estenose Biliar Fístula/Ascite
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