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07/11/2017 1 FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA DAS DOENÇAS DA CAVIDADE ORAL INTRODUÇÃO A saúde oral costuma refletir o estado nutricional básico de uma pessoa. Desnutrição com deterioração e inflamação oral: maior vulnerabilidade a infecções locais ou traumatismos = dor e dificuldade de alimentação. COMO É O DENTE POR DENTRO? ESTRUTURA DO DENTE A coroa é a parte do dente que podemos ver. O esmalte é um tecido branco, duro e brilhante que recobre a coroa. É a substância mais dura e mineralizada do corpo (não possui terminações nervosas). A raiz está inserida no osso e possui uma pequena abertura (forame) em sua extremidade por onde passam vasos sangüíneos e nervos do periodonto (gengiva) para a polpa. 07/11/2017 2 ESTRUTURA DO DENTE Logo abaixo da gengiva, uma substância chamada cimento do dente cobre a raiz. Sob o esmalte e o cimento, fica a dentina. Constitui a maior parte do corpo do dente, e apesar de ser dura e parecer sólida, possui poros microscópicos. Dentro da dentina existe a polpa dental (“nervo”). É um tecido vascular, composto de capilares, tecido conectivo, fibras nervosas e células. DOENÇA DENTÁRIA Cárie dentária não tratada e higiene deficitária causa danos ao tecido gengival e formação de bolsas entre gengiva e dentes. Cálculos formados pela mineralização da placa dentária se depositam nos orifícios da bolsa formada Composição da placa dentária: muco + restos de alimentos + bactérias Consequências: Ataque bacteriano no tecido periodontal Erosão bacteriana do tecido ósseo Perda dos dentes PLACA X CÁRIE A Placa Bacteriana (PB) é uma massa pegajosa, incolor, formada por MOs, ptns salivares e polissacarídeos que se depositam sobre a superfície dos dentes e ao redor da linha da gengiva. As bactérias contidas na PB metabolizam os CHOs fermentáveis (doces, cereais açucarados, sorvete, refrigerantes, etc.) produzindo ácidos que destroem o esmalte do dente (desmineralização do esmalte), formando cavidades que caracterizam a cárie. Cárie Dentária Consequências da Placa Bacteriana <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://fotos.sapo.pt/jrLO5oMZtmvtsGjyEfLi/340x255&imgrefurl=http://clinicadrsil vioribeiro.blogs.sapo.pt> Placa Bacteriana Cárie Gengivite Tártaro Doenças da gengiva 07/11/2017 3 FASES DO DESENVOLVIMENTO 1. Cárie Incipiente É caracterizada por manchas brancas (manchas de descalcificação). Esta é a fase inicial da doença, não apresentando ainda cavidade, e portanto, podendo ser remineralizada. FASES DO DESENVOLVIMENTO 2. Cárie de Esmalte É caracterizada por uma pequena cavidade no esmalte. Até esta fase, a cárie não causa dor, pois o esmalte não apresenta terminações nervosas. FASES DO DESENVOLVIMENTO 3. Cárie de Dentina Após ultrapassar o esmalte, a cárie chega rapidamente a dentina e avança rapidamente. Nesta fase a cárie começa a causar dor. FASES DO DESENVOLVIMENTO 4. Infecção Pulpar Nesta fase, a cárie já atingiu a polpa, causando muita dor. Neste estágio é necessário o tratamento de canal. 07/11/2017 4 FISIOPATOLOGIA Hospedeiro ou superfície dental susceptível Composição do esmalte e dentina Qualidade e quantidade de saliva Seleção alimentar Padrões de higiene Influências genéticas Microorganismos na placa dentária ou no meio oral Streptococcus mutans Lactobacillus casei e acidófilos Streptococcus sanguis) Substrato apropriado para o metabolismo bacteriano (CHOs fermentáveis) produto: Ácido (queda do PH salivar de < 5,5) Tempo de permanência na boca. FISIOPATOLOGIA FUNÇÕES DA SALIVA Limpa os resíduos alimentares da cavidade oral Fornece ação de tamponamento Lubrifica a mucosa e os dentes Facilita a mastigação e deglutição Inicia a 1ª fase da digestão PREVENÇÃO Formação dos dentes Proteína (manter BN adequado) Vitamina A (odontogênese) Vitamina D, Ca e P Flúor (resistência) Ferro (hemooxigenação dos tecidos) 07/11/2017 5 PREVENÇÃO Ação cariogênica dos carboidratos (sacarose) Higienização oral FATORES RELACIONADOS COM A CARIOGENICIDADE Alimentos cariogênicos: CHOs fermentáveis (PH 5,5) Caramelos, farináceos, biscoitos, frutas secas (durante as refeições) Bebidas açucaradas Hábito de comer a toda hora e não higienizar corretamente os dentes CUIDADO NUTRICIONAL NA CÁRIE DENTAL 1. Forma e consistência do alimento: a forma determina a duração da exposição ou tempo de retenção do alimento na boca. Líquidos em geral apresentam baixa retenção, enquanto alimentos secos como biscoitos em geral, batata chips e cereais tem alta retenção. 2. Composição nutricional: alimentos que alteram o pH salivar. Alimentos que contém Ca e P funcionam como tampões (potencial cariogênico). 3. Seqüência e freqüência de alimentação: hortaliças, proteínas e laticínios no final da refeição (?) Alimentos cariostáticos: não metabolizáveis pelos microrganismos da placa bacteriana. Alimentos protéicos (peixes, carnes e aves) Vegetais Gorduras (anticariogênicos: película oleosa como cobertura impede a placa de reconhecer um alimento cariogênico/acidogênico) Gomas de mascar e doces sem açúcar FATORES RELACIONADOS COM A CARIOGENICIDADE Xilitol (álcool derivado de carboidrato): substância anticariogênica, pois impede que a placa bacteriana reconheça um alimento acidogênico. Utilizado em gomas de mascar e outros produtos dietéticos 07/11/2017 6 DIETOTERAPIA Valor calórico adequado para atingir ou manter o “peso ideal” (cobrindo todas as necessidades fisiológicas) Consistência: ANP PTN 1.0 – 1.5g/Kg (restauração celular / função cariostática) CHO 50% a 60% (atenção especial à sacarose) LIP 25% a 35% (cariostático) VIT e MIN adequados às necessidades (DRIs): Vitamina A (reepitelização e ativação da dentina) Vitamina D (absorção de cálcio e fósforo) Vitaminas do complexo B (met. energético) Folato (multiplicação celular) Ferro (oxigenação) Vitamina C (síntese de colágeno, absorção do Ferro) Flúor (resistência) DIETOTERAPIA Fibras 20 – 30g (celulose: limpeza /aumento do fluxo salivar) Água > 1ml /Cal (hidratação e limpeza) Fracionamento/Volume Educação nutricional Aspectos qualitativos e quantitativos na escolha dos alimentos * Cárie de Mamadeira DIETOTERAPIA Inflamação da gengiva com destruição do ligamento periodontal, o que impede a fixação dentária. 2. DOENÇA PERIODONTAL Refere-se a todos os processos mórbidos aos quais o periodonto está sujeito. Periodonto designa os tecidos que cercam e apóiam os dentes – gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e o cimento. 07/11/2017 7 DOENÇA PERIODONTAL Gengivite: inflamação da gengiva Estomatite: inflamação da mucosa oral que reveste a boca FASES DO DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL 1º Estágio: Gengivite Inflamação da gengiva causada pelo acúmulo de PB e pode ser resolvido apenas com higienização correta. 2º Estágio: Periodontite Inflamação e posterior perda dos tecidos de sustentação do dente, como o osso e o ligamento periodontal. É causado pelo acúmulo de tártaro (PB endurecida) e deve ser tratada pelo dentista. Em estágios mais avançados, a Doença Periodontal pode evoluir para a perda do dente. FISIOPATOLOGIA Placa no sulco gengival Cálculo dentário (tártaro) age como um irritante local do periodonto, quefica inflamado Toxinas (produzidas pela PB no sulco gengival) destroem o tecido e provocam a perda dos dentes FATORES IMPORTANTES NA DEFESA DA GENGIVA CONTRA INVASÃO BACTERIANA Higiene oral Integridade do sistema imune Nutrição adequada 07/11/2017 8 A alimentação adequada afeta o tecido epitelial e saliva, que são os mecanismos de defesa do tecido gengival. O betacaroteno, folato, vitaminas A, C e E, zinco e proteína têm um papel na manutenção da integridade gengival e do sistema imunológico. Dietoterapia Valor calórico adequado para atingir ou manter o “peso ideal” (cobrindo todas as necessidades fisiológicas) Consistência líquida completa a pastosa (tolerância) PTN 1,5 – 2,0g/Kg (regeneração) CHO 50% a 60% (tendendo ao limite inferior: fermentação; evitando sacarose devido à fermentação) LIP 25% a 35% DIETOTERAPIA VIT e MIN valores mais elevados (vitamina A, B, C, ácido fólico, zinco, Ferro). Fibras 20 – 30g/d modificadas por cocção Fracionamento/volume maior/menor evitar saciedade precoce Retirar alimentos ácidos. Evitar temperaturas extremas. DIETOTERAPIA DISTÚRBIOS DAS GLÂNDULAS SALIVARES 1. Sialorréia: consiste na produção excessiva de saliva. Ptialismo Acompanha um grande número de doenças como: estomatites, irritações provocadas pelo fumo. Ocorre em pacientes neurológicos que têm comprometimento do fechamento labial. Apresenta pouca importância sobre o estado nutricional. 07/11/2017 9 Evitar dietas líquidas para o paciente não engasgar Evitar sólidos para não estimular mais ainda Dieta branda ou pastosa é mais bem sucedida. Observar conteúdo de açúcar devido a diminuição da concentração das amilases DIETOTERAPIA 2. Aptialismo Diminuição ou ausência total da secreção salivar observada nas doenças febris, distúrbios neuropsíquicos, doenças das glândulas salivares, desidratação. Xerostomia Pessoas que têm fluxo de saliva reduzido em razão de disfunção nas glândulas salivares, que passaram por QT ou RT, são mais propensas a ter cáries. DISTÚRBIOS DAS GLÂNDULAS SALIVARES DISTÚRBIOS DAS GLÂNDULAS SALIVARES Xerostomia: gera secura na boca. Pode ser causada também por: Doenças metabólicas (DM descompensado, síndrome urêmica – IRC) Doenças do Sistema Nervoso: paralisia pseudobulbar Cirúrgica: remoção das glândulas salivares Causas emocionais: ansiedade e medo Hipovitaminose A e B Respiração incorreta – pela boca Prótese mal adaptada DISTÚRBIOS DAS GLÂNDULAS SALIVARES Causas medicamentosas de Xerostomia ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos anti-histamínicos / descongestionantes nasais broncodilatadores sistêmicos anti-hipertensivos, diuréticos analgésicos, antinflamatórios agentes gastrintestinais radioterapia 07/11/2017 10 DISTÚRBIOS DAS GLÂNDULAS SALIVARES Consequências da Xerostomia: Deficiência na mastigação, deglutição e digestão Risco de perda de dentes pela ausência do efeito protetor da saliva. Perda sensorial do sabor devido a baixa diluição das substâncias Risco de desnutrição em decorrência dos anteriores DISTÚRBIOS DAS GLÂNDULAS SALIVARES Cuidado Nutricional na Xerostomia Variar texturas e condimentos para estimular salivação Utilizar alimentos ácidos (limão, hortelã, etc.) que estimulam a salivação Recorrer a salivas artificiais se o quadro for grave. Em caso de diminuição da saliva, oferecer alimentos que estimulem a salivação (alimentos úmidos – ensopados, caldos, molhos – líquidos, chá, suco, frutas geladas, gelatina, condimentos, etc.) Também é recomendado mascar chicletes sem açúcar para estimular a produção de saliva. Pessoas que têm a boca seca estão mais expostas ao risco de cáries . DIETOTERAPIA CÂNCER DE BOCA 07/11/2017 11 As neoplasias surgem devido a mutações genéticas, espontâneas ou induzidas por agentes patogênicos que promovem desordens no ciclo celular, ocorrendo excesso nas taxas de proliferação e deficiência nas taxas de morte celular, culminando com a formação de células neoplásicas. (SHILS, 2005) O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca). O câncer de lábio é mais frequente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra. FATORES DE RISCO Os fatores que estão associdos ao câncer de boca são: idade superior a 40 anos, vício de fumar cachimbos e cigarros, consumo de álcool, má higiene bucal, uso de próteses dentárias mal-ajustadas. CÂNCER ORAL Carcinoma de células escamosas Causas: Evolução de doença periodontal Tabaco Uso intenso de álcool Alimentos grelhados no carvão Alimentos conservados em sal Outras Fase Inicial Fase avançada 07/11/2017 12 O principal sintoma deste tipo de câncer é o aparecimento de feridas na boca que não cicatrizam em uma semana. Outros sintomas são ulcerações superficiais, com menos de 2 cm de diâmetro, indolores (podendo sangrar ou não) e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal. Dificuldade para falar, mastigar e engolir, além de emagrecimento acentuado, dor e presença de linfadenomegalia cervical (caroço no pescoço) são sinais de câncer de boca em estágio avançado. Própria doença Problemas psicológicos – depressão Aversão alimentar Alterações do paladar Redução da fome por citocinas , hormônios Dieta hospitalar Falta de consciência médica Condição sócio-econômica Pacientes idosos Doenças crônicas (WAITZBERG D. L., 2002) DESNUTRIÇÃO NO CÂNCER REPERCUSSÃO DA PERDA DE PESO RELACIONADA AO CÂNCER Qualidade de Vida Estado Funcional Resposta a Terapia Imagem Corporal Tempo de Hospitalização Hospitalização não Planejada Complicações/Infecções DESAFIO À NUTRIÇÃO: Ajudar o paciente alimentar-se suficientemente na presença dos efeitos da doença e dos efeitos colaterais do tratamento oncológico. Nutrição Prevenção e combate da caquexia que acompanha o câncer. Cada vez mais interrelações nutrientes, câncer e gênomica estão sendo desvendados. 07/11/2017 13 PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE Evitar o fumo e o álcool, Promover a higiene bucal, ter os dentes tratados e fazer uma consulta odontológica de controle a cada ano. Para prevenir o câncer de lábio, deve-se evitar a exposição ao sol sem proteção. Outra recomendação é a manutenção de uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas CÂNCER ORAL Cuidado nutricional Garantir acesso para alimentação oral preferencialmente, podendo associar NE ou NP Manter peso adequado / repor peso perdido Consistência conforme aceitação do paciente Excluir alimentos irritantes Excluir alimentos com altos teores de defensivos agrícolas (maçãs, morango, uvas, pêssego, nectarinas, pimentão doce, pepino, batatas, tomate cereja, pimenta, aipo)
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