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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
SABERES, HERANÇA 
E MANIFESTAÇÕES 
CULTURAIS BRASILEIRAS
Autora: Rosana Soares
306
S676s Soares, Rosana
 Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras / 
 Rosana Soares. Indaial : Uniasselvi, 2011. 135 p. : il.
 
	 	 	 Inclui	bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-506-2
 1. Cultura; 2. Manifestações culturais.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Profa. Tatiana dos Santos Silveira
Revisão Gramatical: Profa. Camila Thaisa Alves
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Mestre em Artes Visuais pelo Programa 
de Pós-Graduação em Artes Visuais - UDESC. 
Possui graduação em Artes Visuais pela Fundação 
Universidade Regional de Blumenau (2003). Atuou 
como bolsista promop da Universidade do Estado de 
Santa Catarina - UDESC. Tem experiência na área do 
ensino de Artes, voltado para Arte-Educação em escolas. 
Participou de exposições de artes plásticas. Participa e 
desenvolve pesquisas junto ao Grupo Educógintans 
(cadastrado no CNPQ), vinculado ao Programa 
de Pós-Graduação em Educação (Mestrado 
em Educação) da Universidade Regional de 
Blumenau, FURB - Blumenau, SC- Brasil.
Rosana Soares
Sumário
APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7
CAPÍTULO 1
A	Arte:	Conceitos	Teóricos	Fundantes	 ................................... 9
CAPÍTULO 2
Uma	Questão	de	Cultura	e	Identidade	 .................................... 33
CAPÍTULO 3
Os	Entrelaçamentos	entre	Arte	e	Cultura	 .......................... 57
CAPÍTULO 4
Manifestações	Artísticas	Brasileiras	 .................................... 75
CAPÍTULO 5
Os	Padrões	da	Cultura .............................................................. 99
CAPÍTULO 6
Cultura	Brasileira	e	Educação	 .............................................. 117
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
O cadernos de estudos intitulado “Saberes, Herança e Manifestações 
Culturais Brasileiras” se propõe a dialogar acerca da arte e da cultura como parte 
das ações dos sujeitos, problematizando questões inerentes a esses fenômenos. 
Sendo	 assim,	 os	 conceitos	 históricos,	 as	 influências	 sociais,	 questões	 políticas	
que interferem na construção de conceitos relativos à cultura e arte são discutidos, 
buscando aproximação com a necessidade de expressão e comunicação do ser 
humano e o lugar que essa produção ocupa em cada sociedade.
Esse entendimento da arte como produto do trabalho de um sujeito histórico 
socialmente	 construído	 nos	 permite	 refletir	 sobre	 a	 arte	 brasileira	 desde	 seus	
primórdios,	reconhecendo	seus	espaços,	suas	conquistas	e	 influências	culturais	
no que se refere especialmente à arte popular e à cultura popular. 
Neste	 sentido,	 o	 capítulo	 I	 aponta	 os	 “Conceitos	 Teóricos”	 da	 arte	 como	
produção humana, uma visão geral da arte e do homem desde os registros da 
arte rupestre, passando pelos principais momentos de mudança na forma de 
criação	artística,	em	várias	linguagens.	
O	capítulo	 II	discute	a	 identidade	cultural,	os	entrelaçamentos	de	questões	
culturais	que	influenciam	a	constituição	dos	grupos	que	se	identificam	em	práticas,	
crenças e ritos. 
O	 terceiro	capítulo	vai	 tratar	da	cultura	e	da	arte	erudita	no	diálogo	com	a	
cultura popular e com a arte popular brasileira, envolvendo também as questões 
específicas	do	folclore.	
No	 rastro	 da	 discussão	 da	 arte	 brasileira,	 o	 capítulo	 IV	 se	 debruça	 sobre	
os suportes utilizados na criação da arte brasileira, as diferentes linguagens, 
elegendo algumas para o estudo da variedade no uso da matéria prima e as 
influencias	auferidas.	
A discussão em torno da arte brasileira e suas múltiplas heranças culturais 
está	 atreladas	 às	 delimitações	 de	 identidade	 que	 no	 início	 da	 colonização	 se	
configuram,	 mas	 que	 sucumbem	 ao	 refletirem	 a	 fragilidade	 da	 definição	 do	
termo, que segrega sujeitos baseados em questões de raça e gênero. Por ser 
tão miscigenada, a cultura brasileira é referenciada no plural, pois só assim 
é	 possível	 falar	 de	 todas	 as	 formas	 que	 constituem	 o	 povo	 brasileiro.	 Esse	
assunto	é	discutido	com	mais	profundidade	nos	capítulos	V,	VI	e	VII,	nos	tópicos	
que discutem questões referentes à memória, identidade, interculturalidade e 
padrões de cultura.
A autora.
CAPÍTULO 1
A	Arte:	Conceitos	
Teóricos	Fundantes
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Refl	etir	sobre	os	conceitos	de	arte	presentes	em	seus	fundamentos	teóricos.	
  Identifi	car	as	especifi	cações	das	artes	como	manifestações	humanas.
  Entender a estética como parte dos fundamentos da obra de arte.
  Refl	etir	sobre	as	informações	das	obras	de	arte	como	discurso	da	memória	e	
da prática humana.
  Contextualizar	a	obra	dentro	de	seu	espaço	social	e	político.
10
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
11
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
ConteXtualiZação	
Quando	pensamos	a	respeito	da	defi	nição	do	que	seria	a	arte,	rapidamente	
pensamos a respeito do sujeito que tem ações que resultam em arte. É quase 
automático	 pensarmos	 nas	 primeiras	 manifestações	 artísticas	 buscando	 um	
embasamento	histórico	e	social	da	arte	de	cada	 tempo.	Neste	capítulo	sobre	a	
arte e seu conceitos fundantes, o objetivo é reconhecer a arte como manifestação 
e necessidade humana, que não são estanques, passam por mudanças conforme 
caminha o tempo.
A	Arte
Na	 busca	 de	 uma	 defi	nição	 do	 que	 é	 Arte,	 conseguimos	 uma	
aproximação dos elementos que compõe a arte e sua relação com o 
homem. É através da criação humana que a arte surge como ação 
que traz consigo conceitos estéticos como a beleza, por exemplo. No 
entanto, a arte oferece outros fatores que a autenticam, entre eles os 
sentimentos humanos, as emoções permeadas pela cultura. Na ação 
que comporta a arte, os saberes de cada sujeito direcionam a criação 
da obra de arte, podendo assumir formas variadas como a pintura, a 
música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura entre 
outras. A arte é também comunicação entre sujeitos, criador e fruidor.
 
Fruir: a palavra fruição deriva do verbo latino “fruere” (da forma 
fruitione – fruir) cujo sentido é o de estar na posse de, possuir. No 
processo	de	fruição	está	implícita	a	atividade	de	leitura,	entendendo-
se que ler é uma atividade humana produzida em situações sócio-
históricas específi	cas e que mobiliza mecanismos linguísticos,	
psicológicos, sociais, culturais e históricos que resultam na produção 
de sentidos. (PCSC-Arte, 1998, p.188)
A	arte	envolve	os	sentidos	humanos,	podendo	variar	os	estímulos	de	cada	
sentido dependendo do suporte da obra, como por exemplo, a música e a pintura. 
Neste	viés,	a	arte	é	também	necessidade	humana,	de	início	com	caráter	pratico,	
assumindo no decorrer do tempo um espaço importante na vida dos sujeitos, 
tornando-se elemento constitutivo da história e da cultura dos homens. A arte é 
também	necessidade	quando	refl	ete	a	história	e	torna-se	elemento	de	investigação	
É através da 
criação humana 
que a arte surge 
como ação que 
traz consigo 
conceitos 
estéticos como a 
beleza
12
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
e descoberta do mundo que está no nosso horizonte, e além dele. 
Nosso encontrocom a arte e a revelação dos elementos que a constitui 
está atrelada à nossa experiência, do que pra nos já é familiar, permite 
avançar na descoberta de novos elementos. Tanto artista como fruidor 
se	encontram	na	arte	imbuídos	de	saberes	oriundos	do	meio	no	qual	se	
desenvolveram. A imaginação é o elemento que confere um tempero 
especial	 à	 experiência	 de	 viver	 a	 arte.	 Nesse	 ínterim,	 se	 concentra	
também a arte como possibilidade: ela nos permite criar, imaginar, 
desconfi	ar,	perguntar.	
Poderíamos	 dizer	 de	 modo	 bem	 simples	 que	 a	 arte	 é	 um	
produto da criatividade humana, que, utilizando conhecimentos 
e técnicas e um estilo ou jeito pessoal, transmite uma 
experiência de vida ou uma visão de mundo, despertando 
emoção em quem a usufrui. (FEIST,1996, p. 9).
Essa visão de mundo que traz a arte com sua marca histórica 
é também fonte de informações das mudanças que o mundo passa. 
Podemos	entender	as	culturas	com	suas	especifi	cidades,	as	sociedades	
que	 compõem	 o	 mundo	 também	 através	 da	 arte	 construída	 pelos	
sujeitos que em cada tempo viveram e testemunharam, com suas ações 
práticas envolvidas pelo sentir e pensar. São também as mudanças 
que ocorrem no mundo que vão permitir a propagação das ideias que 
compõem a arte entre os povos. A arqueologia tem papel importante 
nesse processo de redescoberta de elementos da arte, apoiada pela 
tecnologia que divulga essas descobertas, revelando técnicas e 
fundamentos da arte de todos os tempos. Assim, ao pensarmos em 
arte,	é	interessante	assumir	um	olhar	fl	exível	e	curioso,	necessário	para	
usufruir	 com	 todo	o	 ganho	possível	 deste	 universo	histórico,	 cultural,	
particular	e	social	em	que	a	arte	está	situada.	Arte	é	também	refl	exo	e	
resultado do fazer, pensar e sentir. 
No ser humano, porém, as reações expressivas de nosso 
estado	 de	 espírito	 transformaram-se	 em	 linguagem	 -,	 um	
conjunto de signos que, articulados, expressam ideias -, 
permitindo que possamos compartilhar como os outros as 
emoções vividas. (COSTA, 2004. p.9).
A arte em seus múltiplos meios traz em cada obra a marca do seu criador, 
e sua intencionalidade é apresentada ao fruidor para que ocorra a comunicação 
necessária. E esse encontro oferece emoções variadas, em que a satisfação está 
presente em boa parte. Nesse sentido, podemos apontar o prazer como elemento 
que compõe a arte e através dela é compartilhado.
O prazer desse compartilhamento acabou por ser mais 
importante do que a utilidade expressiva do gesto. Passamos 
A arte envolve 
os sentidos 
humanos, 
podendo variar 
os estímulos de 
cada sentido 
dependendo 
do suporte da 
obra, como 
por exemplo, 
a música e a 
pintura.
No ser humano, 
porém, as 
reações 
expressivas de 
nosso estado 
de espírito 
transformaram-se 
em linguagem 
-, um conjunto 
de signos que, 
articulados, 
expressam ideias 
-, permitindo 
que possamos 
compartilhar 
como os outros 
as emoções 
vividas. (COSTA, 
2004. p.9)
13
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
a sentir prazer nas emoções propostas pelos outros por meio 
da linguagem. Assim inventamos a arte. (COSTA, 2004. p.9).
Nesse caminho do prazer, a arte se concentra em propiciar o despertar das 
emoções. Uma música, dependendo de sua melodia, nos remete às mais variadas 
emoções, assim também uma peça de teatro, uma pintura entre outras formas de 
arte. Percebe-se, assim, que a praticidade da arte tem seu movimento alterado 
pelos sentimentos e visão de mundo que o artista insere na sua obra no momento 
da criação. Os saberes necessários acerca de cada obra e seu contexto tornam-
se fundamentais para que o fruidor tenha pleno acesso à obra. “Desse modo, 
a	 arte	 não	 está	 no	 objeto	 artístico,	mas	 no	 encontro	 que	 esse	 objeto	 promove	
entre duas subjetividades e no compartilhamento da emoção poética” (Costa, 
2004 p.18). Esse encontro pode não ser natural, pois depende da bagagem de 
saberes que cada um traz consigo, mas é importante a aproximação máxima com 
as obras, ampliando assim o universo cultural de cada um. Pois, como nos lembra 
Gombrich (1999), olhar um quadro aventurando-se em uma viagem de descoberta 
pode	ser	 tarefa	difícil,	mas	compensadora,	pois	a	viagem	de	volta	 traz	enorme	
recompensa. A arte é caminho que vale a pena ser trilhado.
O	TemPo	e	a	Arte
 
A arte não surge de forma natural, como o homem. As primeiras 
expressões,	 hoje	 consideradas	 artísticas,	 do	 homem	 das	 cavernas	
estavam ligadas a crenças que despertavam nesse humano o desejo 
de entender, dominar e representar seu cotidiano. Foi somente com o 
passar do tempo que o registro do cotidiano rupestre recebeu o caráter 
de	 arte.	Porque	 a	 arte	 surge	 em	um	determinado	 período	 do	 tempo,	
apontado	pela	fi	losofi	a	como	de	desenvolvimento	humano.	Não	é	a	arte	
ação inerente ao ser humano, mas surge em um estágio consciente de 
desenvolvimento deste, no decorrer do tempo. “A arte está relacionada 
à história da humanidade e às suas conquistas, a natureza humana e 
seu simbolismo, à herança cultural dos grupos e ao desenvolvimento 
individual das pessoas” (COSTA, 2004 p.11). As mudanças pelas quais 
a arte passa estão relacionadas ao meio social e cultural de cada 
grupo, por isso as artes são entendidas como datadas e identitárias de 
culturas dos povos.
 
[...] nessa perspectiva, a sociologia da arte se propõe a 
entender o papel da arte na sociedade, a função social 
do artista, o sentido de um som ou de uma imagem num 
de terminado contexto social, o processo de consagração 
artística,	a	dinâmica	do	processo	artístico	e	a	relação	existente	
entre arte consagrada e vanguarda. (COSTA, 2004. p.17).
As primeiras 
expressões, hoje 
consideradas 
artísticas, do 
homem das 
cavernas estavam 
ligadas a crenças 
que despertavam 
nesse humano 
o desejo de 
entender, dominar 
e representar seu 
cotidiano.
14
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
O estudo sociológico da arte aponta esse caráter humano coletivo e ao 
mesmo tempo individual que na arte se manifesta. É a sociologia da arte que 
lança	esse	olhar	com	critérios	defi	nidos	de	sociedade	temporal,	entendida	como	
meio	 fértil	 e	 infl	uenciador	 da	 arte.	 Os	 aspectos	 da	 sociedade	 se	 caracterizam	
no	 meio	 político,	 econômico,	 religioso,	 infl	uenciadores	 como	 um	 todo	 da	
sociedade na qual a arte é produzida, pois o sujeito criador é formado nesse 
contexto. Entender as mudanças que a arte também apresenta é parte do estudo 
sociológico	 da	 arte.	 Por	 isso,	 um	 olhar	 para	 as	 arestas	 da	 produção	 artística	
torna-se necessário, para que se possa ter maior entendimento da relação arte e 
sociedade. A universalidade da linguagem que a arte apresenta não deixa passar 
despercebidas as particularidades das criações e, nesse sentido, situa-se cada 
arte em seu tempo e seu meio social. 
O artista, sujeito criador e expressivo, tem suas produções 
situadas em determinados estilos e escolas, apontados por instituições 
autorizadas	a	 classifi	car	 a	 arte	 produzida.	Por	 isso,	 ao	 se	discutir	 o	
gosto, ou a beleza de determinada obra, é importante lembrar que os 
conceitos de beleza também são variados: “Existem razões erradas 
para não se gostar de uma obra de arte” (GOMBRICH,1999, p.01). 
Na contemporaneidade, é interessante discutir que o gosto em relação 
às	obras	de	arte	parece	ganhar	importância	em	meio	à	multiplicidade	
de	 suportes	 e	 formas	 de	 arte.	 No	 entanto,	 no	 início	 da	 história	
da humanidade, a função exercida pelas esculturas e formas de 
arquitetura estava em evidência, além do gosto. É nesse sentido que 
apontamos que a arte surge com o desenvolvimento da humanidade, 
com a criação de critérios que envolvem conceitos em torno da beleza, 
permeados pela mudança de paradigmas. 
Essas	mudanças	nas	formas	de	sentir,	expressar,	refl	etir	sobre	determinadas	
ações cotidianas, estão fundamentadas no desenvolvimento do homem, e são as 
artes produzidas em cada tempo que permitem um olhar ao passado, tornandopossível	conhecer	a	cultura	de	cada	povo.
Dos povos primitivos, que utilizavam esculturas, desenho, dança, sons 
como	parte	de	seu	cotidiano,	fi	ca	 registrada	a	 forma	de	viver	em	um	 tempo	de	
adaptação. No entanto, avançando um pouco no tempo, encontramos o povo 
egípcio,	que	nos	deixa,	como	herança,	muito	mais.	
Na 
contemporaneidade, 
é interessante 
discutir que o 
gosto em relação 
às obras de arte 
parece ganhar 
importância em meio 
à multiplicidade de 
suportes e formas 
de arte.
15
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
Figura 1 - Arte Rupestre 
Fonte:	Disponível	em:	<www.ab-arterupestre.org.br/
arterupestre.asp>. Acesso em: 10 out. 2011.
Não há tradição direta que ligue estes estranhos primórdios 
aos nossos dias, mas existe uma tradição direta, transmitida 
de	mestre	a	discípulo,	de	discípulo	a	admirador	ou	copista,	a	
qual vincula a arte de nosso tempo, cada construção ou cada 
cartaz, à arte do vale do rio Nilo de uns cinco mil anos atrás. 
(GOMBRICH, 1999. P. 55)
Não é objetivo deste texto registrar a história da arte, e sim 
lembrar	as	inúmeras	mudanças	ocorridas	sob	infl	uência	do	passado,	
apontando	a	herança	egípcia,	que	vai	atuar	de	forma	marcante,	e	a	
cultura grega e romana, das quais somos herdeiros. E hoje, ao nos 
depararmos com as diversas formas de arte, conhecer a memória da 
arte se faz necessário.
A presença da arte nos mais diversos ambientes, 
de forma inusitada, invadindo nosso dia-a-dia, 
abre para os artistas um campo imenso de 
atuação	profi	ssional.	Há	arte	nos	espaços	pelos	
quais transitamos nos locais onde estudamos 
ou trabalhamos e até nas embalagens dos 
produtos que consumimos. (COSTA, 2004, p.12)
Não é objetivo 
deste texto registrar 
a história da arte, 
e sim lembrar as 
inúmeras mudanças 
ocorridas sob 
infl uência do 
passado, apontando 
a herança egípcia, 
que vai atuar de 
forma marcante, e 
a cultura grega e 
romana, das quais 
somos herdeiros.
16
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
A	amplitude	que	a	arte	atinge	no	mundo	contemporâneo	nos	provoca	a	sentir	
nosso cotidiano de maneira diferenciada. A arte já não se limita a exposições e 
museus, concertos e peças de teatro, apesar de ainda ser encontrada nesses 
espaços. Ela nos surpreende em espaços inusitados, nos convidando a 
vivenciar a experiência estética. Nesse sentido, é pontual discutirmos a arte e os 
entrelaçamentos teóricos que a envolvem. Entre eles, a estética. 
Atividade de Estudos: 
1) As imagens são relatos históricos de tempos marcados pelo 
testemunho revelados nas obras. Diego Rivera é um importante 
crítico	social	e	sua	obra	um	legado	pra	humanidade.	Assim	sendo,	
“a arte não está no objeto artístico, mas no encontro que esse 
objeto promove entre duas subjetividades e no compartilhamento 
da emoção poética”. (Costa, 2004, p.18). Este encontro pode não 
ser natural, pois depende da bagagem de saberes que cada um 
traz consigo, mas é importante a aproximação máxima com as 
obras, ampliando assim o universo cultural de cada um. Pois, 
como nos lembra Gombrich (1999), olhar um quadro aventurando-
se em uma viagem de descoberta pode ser tarefa difícil, mais 
compensadora, pois a viagem de volta traz enorme recompensa. 
“A arte é caminho que vale a pena ser trilhado”
A	 partir	 destas	 refl	exões	 vamos	 investigar	 uma	 das	 obras	
de	 Rivera	 (Retrato	 de	 Amedeo	 Modigliani	 1914):	 faça	 uma	 fi	cha	
catalográfi	ca	da	obra	(ano,	tema,	contexto	sócio	político,	movimento	
artístico)	e	uma	pequena	biografi	a	do	artista,	assim	você	conhece	um	
pouco mais da arte latino americana.
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17
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
A	EstÉtica	na	Arte
Na concepção materialista de arte como criação do trabalho 
humano, fruto da percepção-expressão de seres humanos que vivem 
e produzem em um universo histórico, social e cultural, o produto do 
seu	 trabalho,	 a	 obra	 de	 arte,	 é	 constituído	 por	 posições	 não	 apenas	
estéticas,	mas	intelectuais,	éticas	e	políticas.	No	entanto,	é	a	estética	
que vamos assumir como ponto de interesse neste texto. O que seria 
“essa tal” estética? Qual o papel dela no contexto da obra de arte?
É comum associar a arte à beleza e ao sentimento. O motivo 
parece	 óbvio,	 já	 que	 a	 obra	 de	 arte	 vem	 muitas	 vezes	 imbuída	 de	
sentimento ou beleza, e muitas vezes traz ambos, pois “dentre as 
características	 mais	 importantes	 da	 arte,	 destacamos	 a	 emoção	
e	 o	 prazer	 que	 ela	 desperta	 e	 que	 alguns	 fi	lósofos	 identifi	cam	 como	
prazer do belo ou prazer estético” (COSTA, 2004, p. 21). No entanto, 
vale lembrar que a arte, em suas diversas formas de se apresentar, 
ultrapassa esses quesitos, mesmo estando em sintonia com eles em 
diversos momentos. A questão central no que se refere à estética 
passa a ser o conceito do que é belo, pois se entende que beleza tem 
suas variações envolvidas pelo gosto, pois “a beleza não é um valor 
universal, o que é belo pra você pode não ser para o outro, de outra 
idade, outra cultura, outro sexo ou outro temperamento” (COSTA, 
2004, p. 24). Nessa perspectiva, problematizar questões estéticas 
parece adentrar um universo permeado por inúmeras questões que 
fazem	 confl	uência	 também	 com	 a	 obra	 de	 arte.	 A	 defi	nição	 do	 que	
seria estética está ligada diretamente aos termos do gosto e da beleza. 
Beleza	e	obra	de	arte	ganham	importância	na	Grécia
Filme sobre a arte grega:
Arte	grega	-	http://br.youtube.com/watch?v=O5dY4FlLiTc
Arte	grega	-	desenho	-	http://br.youtube.com/watch?v=lC-A07_sE74
“Navegantes: Gregos - Grécia” http://objetoseducacionais2.
mec.gov.br/handle/mec/2035	 ou	 no	 http://br.youtube.com/watch?	
v=cfSiFBvxtdw
Fonte:	http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fi	chaTecnicaAula.html?aula=966
A questão central 
no que se refere 
à estética passa 
a ser o conceito 
do que é belo, 
pois se entende 
que beleza tem 
suas variações 
envolvidas pelo 
gosto, pois “a 
beleza não é um 
valor universal, 
o que é belo 
pra você pode 
não ser para o 
outro, de outra 
idade, outra 
cultura, outro 
sexo ou outro 
temperamento” 
(COSTA, 2004, 
p. 24).
18
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
Os gregos foram os primeiros a deixar registrado o 
reconhecimento da emoção que vem da beleza e a consciência 
de sua particularidade. Foram eles também que criaram 
a	 estética	 –	 ciência	 que	 estuda	 o	 belo	 e	 que	 refl	ete	 sobre	
características	 e	 condições	 da	 beleza.	 Assim	 desenvolve-
se o conceito de arte, nome que se dá genericamente àquilo 
que o homem produz com a intenção de provocar admiração 
e emoção estética através do uso de recursos formais das 
diversas linguagens humanas. (COSTA, 2004, p. 35).
Infl	uenciado	por	essa	herança	grega	de	estudo	das	emoções	e	da	
beleza,	o	termo	estética,	em	sua	defi	nição	fi	losófi	ca,	“foi	utilizado	pela	
primeira	vez	em	meados	do	século	XVIII,	pelo	fi	losofo	alemão	Alexander	
Gottlieb Baumgarten (1714-62), que o aplicou com referência à teoria 
das	artes	liberais	ou	à	ciência	da	beleza	perceptível”	(CHILVERS,	2001,	
p	180).	Partindo	desse	conceito,	outros	fi	lósofos	irão	discutir	a	estética	
tendo	como	base	outros	princípios,	como	Kant,	por	exemplo,	em	seu	
estudo acerca de uma estética transcendental envolvendo o gosto e 
o	sublime.	Outro	fi	lósofo	que	vai	discutir	a	esfera	da	estética	é	Hegel,trazendo a ideia como aparência, mostrando assim diferentes formas 
de	 ser	 estética.	 Outros	 tantos	 fi	lósofos	 se	 debruçaram	 em	 torno	 da	
problemática que envolve a estética, empregando diferentes valores 
e	 defi	nições	 ao	 termo.	 “A	 própria	 história	 da	 arte,	 procurando	 defi	nir	
os diversos movimentos estéticos da arte ocidental, tem posto em 
evidência	e	variabilidade	dos	princípios	estéticos	e	das	tendências dos 
artistas de uma época para outra” (COSTA, 2004, p. 25).
O que se pode notar de forma geral são as variações em torno do termo, 
identifi	cando,	assim,	as	mudanças	em	cada	época.	Nesse	processo,	 também	a	
estética	 é	 infl	uenciada,	 pois	 “Nas	 últimas	 décadas,	muitas	 foram	 as	 defi	nições	
propostas da estética, algumas das quais sem reformular em nova linguagem as 
antigas concepções mencionadas” (MORA, 2001, p. 232). O que interfere no uso 
do	termo	estética	são	posturas	teóricas	que	alimentam	a	defi	nição	do	que	é	ser	
estético	no	âmbito	da	arte	em	determinada	sociedade.	
Existem mecanismos na sociedade que permitem que certos 
grupos legitimem seu gosto e o disseminem entre as pessoas, 
tornando quase uma unanimidade. Esses mecanismos estão 
ligados	 a	 instituições	 políticas,	 educacionais	 e	 culturais	
existentes. (COSTA, 2004, p.37).
Assim,	 é	 a	 estética	 que	 tolera	 infl	uência	 em	 cada	 tempo	 e	 espaço	 social,	
se	 adapta,	 e	 assim	 pode-se	 dizer	 que	 sua	 defi	nição	 está	 entrelaçada	 com	
posições	políticas,	sociais	e	culturais.	Nesse	sentido,	os	elementos	de	gosto	que	
acompanham	a	 estética	 são	 fl	exíveis	 e	 permitem	a	 aceitação	 e	 a	 discordância	
como fatores de tensão necessários para legitimar a estética como elemento da 
arte, que também se mostra mutante. 
“A própria 
história da arte, 
procurando 
defi nir os diversos 
movimentos 
estéticos da 
arte ocidental, 
tem posto em 
evidência e 
variabilidade 
dos princípios 
estéticos e das 
tendências dos 
artistas de uma 
época para outra” 
(COSTA, 2004, 
p. 25).
19
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
O	cenário	contemporâneo	vai	desordenar	o	uso	do	termo	estética, na medida 
em que banaliza e generaliza o sentido do termo. Despreocupado com a tradição 
dos	estudos	acerca	da	estética,	a	mídia	utiliza	o	termo	como	sinônimo	de	beleza,	
e essa beleza é ditada pela indústria cultural. É comum encontramos centros de 
beleza e de moda que trazem em seu nome ou em slogan o termo “estética”. É 
trivial e aceito pelo grande público o termo “estética” associado à beleza pessoal e 
dos	utensílios,	divulgado	nos	meios	de	comunicação	de	massa,	como	TV,	jornais,	
revistas, entre outros. 
No entanto, em se tratando de arte e estética, o elemento beleza é presente, 
mas	 não	 é	 sufi	ciente	 para	 o	 real	 encontro	 entre	 obra	 e	 fruidor,	 encontro	 este	
que se propõe a desenvolver o humano em sua amplitude. Assim, é importante 
estar consciente que vivemos em um tempo em que a indústria do consumo e 
do entretenimento atua de forma ativa na vida cotidiana de adultos e crianças. 
Os	produtos	e	os	programas	anunciados	na	TV	e	na	 internet	estão	disponíveis	
para todos, para serem desejados. Manter esse desejo de “ter” é também uma 
forma	de	alienar	e	controlar,	de	dominação	social	e	política,	arquitetada	por	meio	
da força da imagem, no projeto de globalização econômica ancorada no livre 
mercado e no consumismo como poder articulador da ordem social.
o	consumo	baseado	na	estética	(individual)	–	como	a	política	
do estilo – substituiu formalmente as seguras estruturas 
sociais como base para a formação da subjetividade. Quem 
eu sou agora é determinado pelo que e como eu consumo. 
(KRESS, 2003, p.121).
A	 identifi	cação	 com	 os	 objetos	 consumidos	 é	 fenômeno	 presente	 no	
reconhecimento	 pessoal.	 Neste	 sentido,	 a	 subjetividade	 é	 subtraída	 de	 forma	
assustadora.	 Segundo	 Efl	and	 (2005),	 o	 mundo	 hoje	 se	 apresenta	 para	 cada	
um de nós, perante o avanço tecnológico e econômico, com uma uniformidade 
preocupante, hipnotizando as pessoas em todos os lugares com música rápida, 
computadores rápidos e comida rápida – MTV, Macintosh e Mac Donald’s-, 
pressionando as nações a virarem um mesmo e homogêneo parque temático, 
um mundo “Mac”, amarrado pela diversão, comércio, comunicação e informação. 
Nesse	sentido,	alertamos	sobre	a	formação	moral	e	política	dos	indivíduos	que,	
empobrecida de valores éticos e dominados pelo prazer imediato, não reconhece 
o consumo inconsciente como forma de desumanização, pois “o gosto assim 
legitimado torna-se dominante e resiste à mudança, ou parte dele, na medida em 
que	o	grupo	se	identifi	ca	com	seus	princípios”	(COSTA,	2004,	p.37).
No que toca aos artistas, o produto do seu trabalho, a obra de arte, é 
constituído	por	posições	não	apenas	estéticas,	mas	intelectuais,	éticas	e	políticas	
e, por isso, torna-se elemento indispensável para se pensar a arte e a estética. 
Assim, fugindo do consumo indiferente que perpassa objetos e transforma pessoas 
20
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
em ávidos consumidores desses objetos, torna-se importante entender a vida 
também como obra de arte, coexistindo como as obras produzidas pelos homens. 
É necessário reverter a alienação estética, que afeta o ato criador do sujeito, bem 
como	a	fruição	da	obra	de	arte.	Os	juízos	estéticos	têm	verossimilhança	no	valor	
do dever, que objetiva a autorrealização humana permeada pela estrutura de 
valores	signifi	cantes.	
No	que	se	refere	às	competências	artísticas,	as	exigências	para	a	produção	e	
fruição	artística	são	discutidas	no	sentido	da	necessidade	do	artista	em	compreender	
o mundo e, por meio da elaboração dessa compreensão, traduzir sua obra. A 
capacidade criadora também é fundamental, buscando meios para concretizar seu 
pensamento	e	sua	visão	do	concreto.	É	um	exercício	dialético	da	práxis,	de	ordem	
espiritual-material,	com	objetivo	de	agir	na	realidade	a	fi	m	de	transformá-
la e humanizá-la, se autoconstituindo. Para o artista e para o público, 
nesse sentido, a arte tem a função social de compartilhamento de modos 
de ver, aprender, compreender e sentir o mundo. Por isso, a qualidade 
estética	é	de	suma	importância,	pois,	como	resultante	da	práxis,	a	arte	
refl	ete	a	posição	ético-ideológica	do	autor	e	provoca	a	tensão	necessária	
ao fruidor, elevando ambos em sua autorrealização.
Percebemos,	 assim,	 que	 a	 dinâmica	 da	 arte	 depende	
das transformações históricas, dos estilos e do próprio 
desenvolvimento dos artistas. Portanto, além de variar de uma 
pessoa para outra, o prazer estético transforma-se ao longo da 
nossa existência, e aquilo que nos encantava numa época pode 
depois se tornar menos belo e, para as gerações seguintes, 
muitas vezes, ultrapassado. (COSTA, 2004, p. 40).
Entender	 a	 estética	 como	 elemento	 importante	 de	 refl	exão	 e	
desenvolvimento humano, como possibilidade de mudança, exige a 
consciência	 de	 um	 olhar	 crítico	 por	 parte	 dos	 artistas	 e	 do	 público,	
diferenciando assim os elementos que a compõe. Para que isso aconteça, 
é preciso o reconhecimento dos valores estéticos que perpassam as 
obras	de	arte,	cada	uma	em	seu	suporte	específi	co,	em	suas	estruturas.
Atividade de Estudos: 
1) Nesta atividade proponho pensar sobre as questões estéticas. 
Trago o fragmento do texto deste capitulo: ...”as variações em torno 
do termo (estética), identifi ca as mudanças em cada época pois 
a estética é infl uenciada:s “Nas ultimas décadas, muitas foram as 
defi nições propostas da estética, algumas das quais sem reformular 
em nova linguagem as antigas concepções mencionadas” (MORA, 
Entender a 
estética como 
elemento 
importante 
de refl exão e 
desenvolvimento 
humano, como 
possibilidade de 
mudança, exige 
a consciência 
de um olhar 
crítico por parte 
dos artistas 
e do público, 
diferenciando 
assim os 
elementos que a 
compõe.
21
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
200, p.232). O que interfere no uso do termo estética, são posturasteóricas que alimentam a defi nição do que é ser estético no âmbito 
da arte em determinada sociedade. 
Faça	 um	 mosaico	 com	 06	 palavras:	 pense	 no	 que	 signifi	ca	
estética pra você e monte as palavras de forma aleatória! Utilize 
letras diferentes pra cada palavra.
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A	Estrutura	da	OBra
Cada obra de arte traz em sua estrutura elementos próprios que a 
constituem como partes fundantes do todo. Nesse sentido, a estrutura da obra 
aqui	referenciada	está	ligada	aos	elementos	materiais,	políticos,	sociais,	culturais,	
objetivos	 e	 subjetivos	 que	 estão	 presentes	 em	 cada	manifestação	 artística.	As	
diversas formas de arte utilizam diferentes suportes na sua organização. No que 
se refere à música e suas particularidades, também vai admitir em sua totalidade a 
letra e a melodia situadas em notas musicais e instrumentos variados. A estrutura 
global da música tem nomenclatura própria enquanto formas musicais, somadas 
as	suas	especifi	cidades.	
No rastro temporal da música, podemos apontar sua presença no Egito. 
São	 as	 pinturas	 egípcias	 que	 nos	 dão	 essa	 informação,	 no	 registro	 de	 cenas	
cotidianas, com a presença de instrumentos musicais. 
22
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
Pinturas e esculturas gravadas em vasos, túmulos, inscrições 
e documentos com desenhos de instrumentos e dançarinos: 
foi dessa forma que nos foram transmitidas as transformações 
sobre as primeiras manifestações musicais. Sabemos 
assim	 que	 os	 egípcios,	 os	 assírios	 e	 babilônios	 possuíam	
instrumentos de corda, sopro e percussão e também 
soubemos sobre o canto conjunto em cerimônias festivas, 
guerreiras e fúnebres. (BERTELLO, 2003 p. 183).
Os gregos também tinham na música elemento importante de seu 
desenvolvimento	e	utilizavam	instrumentos	conhecidos,	como	a	fl	auta,	
a lira, o pandeiro. De uma maneira geral, a música se apresenta através 
da voz e de instrumentos, com suas variações. “Entre os gregos, a 
música era considerada elemento integrante da vida e do pensamento, 
fator	 fundamental	da	educação	do	espírito	e	da	 formação	de	caráter,	
era parte essencial do ensino da juventude” (BERTELLO, 2003 p.186). 
A	música,	 como	 arte,	 também	 sofre	 infl	uências	 de	 seu	 contexto	
social,	político	e	cultural.	Nesse	sentido,	a	música	é	criada	e	reproduzida	
por	 um	 sujeito	 histórico	 e	 socialmente	 construído,	 permeado	 pela	
sensibilidade. Cada cultura tem sua forma musical de expressão, 
infl	uenciada	 por	 seus	 antepassados	 e	 colonizadores.	 Os	 cantos	
cristãos	têm	forte	infl	uência	dos	clássicos,	e	a	música	gregoriana	revela	
essa	 infl	uência	 em	sua	melodia	mantida	em	nível	 único.	Também	na	
idade	média,	a	infl	uência	clássica	se	revela	no	uso	agregado	da	poesia	
e melodia pelos trovadores. Já com o renascimento, outro elemento é 
acrescentado	à	música,	o	da	representação.	São	as	óperas	do	período	
renascentista que irão apresentar essa forma de música que engloba a 
representação	e	forma	de	texto	recitado.	Essa	infl	uência	se	dilui	com	o	
passar	do	tempo	nas	diversas	formas	de	se	fazer	música,	em	períodos	
de aceitação da herança e também da negação dos clássicos.
Com	o	passar	do	tempo,	a	música	sofre	infl	uências	múltiplas	e	se	
apresenta	em	cada	período	de	acordo	com	os	costumes	e	hábitos	da	
sociedade em que se manifesta. No Brasil, o encontro sonoro do homem 
se	dá	através	da	natureza.	Sendo	os	índios	os	primeiros	habitantes,	é	
a partir da imitação dos sons dos animais e dos sons do seu espaço 
habitado que irá se manifestar a melodia. Com a colonização do Brasil 
pelos portugueses e seu desenvolvimento econômico através das 
grandes	plantações,	outro	elemento	importante	vai	infl	uenciar	a	música	
brasileira: as tradições sonoras dos escravos. Esse povo traz à nova 
terra não somente a força de seu trabalho, mas também suas heranças 
culturais, entre elas a música e a dança, embaladas pelos instrumentos 
de percussão. 
Pinturas e 
esculturas 
gravadas em 
vasos, túmulos, 
inscrições e 
documentos 
com desenhos 
de instrumentos 
e dançarinos: 
foi dessa forma 
que nos foram 
transmitidas as 
transformações 
sobre as 
primeiras 
manifestações 
musicais. 
Sabemos assim 
que os egípcios, 
os assírios 
e babilônios 
possuíam 
instrumentos 
de corda, sopro 
e percussão 
e também 
soubemos sobre 
o canto conjunto 
em cerimônias 
festivas, 
guerreiras 
e fúnebres. 
(BERTELLO, 
2003 p. 183)
23
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
Figura 2 - Manifestações Culturais dos Escravos
Fonte:	Disponível	em:	<www.pitoresco.com/brasil/prazeres/
prazeres.htm>. Acesso em: 10 out. 2011.
Mas com todas as transformações que sofre a sociedade brasileira nesse 
período,	e	com	o	surgimento	de	novos	compositores,	como	Carlos	Gomes,	o	que	
fi	ca	é	a	contribuição	da	música	medieval	para	o	surgimento	da	primeira	forma	de	
canção brasileira, a modinha (BERTELLO, 2003). 
Antônio Carlos Gomes (Campinas 11 de julho de 1836 – Belém, 
16 de setembro de 1896) foi o mais importante composior de ópera 
brasileiro. Destacou-se pelo estilo romântico, com o qual obteve 
carreira de destaque na Europa. É o autor da ópera “O Guarani”. 
Essas	 infl	uências	pelas	quais	passa	a	música	brasileira	 têm	na	Modinha o 
reconhecimento	de	sua	identidade.		A	modinha	se	confi	gura	como	uma	forma	de	
canção com melodia repleta de sentimentos e tocada por seresteiros. Já no século 
XX,	o	avanço	tecnológico	vai	 infl	uenciar	as	formas	musicais	brasileiras	em	uma	
mescla	 de	 estilos.	 E	 o	 cenário	 contemporâneo	 é	 palco	 da	 diversidade	musical	
em caracteres e instrumentos, que no Brasil encontram acolhimento devido à 
pluralidade	étnica	que	constitui	o	país.	
No que se refere ao teatro, podemos dizer que, como arte, se 
constitui em textos, atores, público e em cenários permeados de 
intuitos	 disponíveis:	 “durante	 a	 apresentação	 de	 uma	 peça	 teatral,	
podem reunir-se as expressões: plástica, oral, musical e corporal” 
(BERTELLO, 2003 p. 130). O teatro também é arte antiga, pois tanto 
no Egito como na Grécia há registros de manifestações cênicas: 
“entre os gregos, o teatro era considerado instituição nacional e fator 
essencial da educação do povo” (BERTELLO, 2003 p. 186). 
Durante a 
apresentação de 
uma peça teatral, 
podem reunir-se as 
expressões: plástica, 
oral, musical e 
corporal (BERTELLO, 
2003 p. 130).
24
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
De	início,	as	representações	teatrais	serviam	às	manifestações	religiosas	e,	
posteriormente, educacionais. No Brasil não foi diferente: 
O teatro brasileiro, em sua história, tem marco importante com a 
presença	dos	jesuítas.	Os	jesuítas	escreveram	autos,	narrações	
escritas, comédias ou dramas, peças de um processo de fé, 
encenadas	pelos	indígenas,	visando	à	catequese:	o	padre	José	
de Anchieta é o autor dos autos mais importantes na história do 
teatro no Brasil. (BERTELLO, 2003 p. 131).
De uma maneira geral, a peça teatral traz uma mensagem ao público que a 
assiste e tem, entre seus objetivos, o diálogo. Nesse sentido, a estética presente 
age também como mediadora na compreensão da intencionalidadepresente na 
encenação. O teatro, assim como as demais formas de arte, passa por mudanças 
através	das	infl	uências	sofridas	em	consonância	com	o	tempo	histórico	e	com	as	
diversas culturas. 
No que se refere à dança, o corpo é elemento fundamental. Utilizando 
movimentos	 pré-estabelecidos	 ou	 improvisados,	 a	 dança	 se	 confi	gura	 também	
como forma de expressão e comunicação, através do ritmo e da sensação. Em 
gestos sequenciais, a dança traz um sentido social em sua estrutura. Ela é também 
elemento somatório a algumas artes, como o teatro e a música, sem contudo 
deixar de ter suas particularidades. Realizada de forma individual, em pares ou 
mesmo	 em	grupos,	 a	 dança	 tem	 em	 sua	 trajetória	 a	 herança	 de	 ser	mística	 e	
religiosa: “passos e movimentos corporais com ritmo musical que expressam 
estados afetivos – existem danças de amor, de guerra, de religião” (BERTELLO, 
2003, p. 276). São variadas as formas de expressão através da dança, e os ritmos 
e a função de cada dança estão ligados à cultura de cada povo. 
Cada cultura transporta seu conteúdo para as mais diferentes 
áreas; as danças absorvem grande parte desta transferência, 
pois	sempre	foi	de	grande	importância	nas	sociedades	–	seja	
como	uma	forma	de	expressão	artística,	como	objeto	de	culto	
aos deuses ou como simples entretenimento. (BERTELLO, 
2003, p.276).
Dançar	 é	 também	 prazeroso	 ao	 indivíduo	 que	 executa	 os	 gestos	 e	 ao	
expectador. A dança como forma de comunicação é também possibilidade de 
realização	pessoal.	O	domínio	do	corpo	pelo	dançarino	é	tarefa	árdua,	que	exige	
concentração. Quando em grupo, a dança coreografada tem a colaboração e a 
sintonia como elementos importantes. No cenário atual, dançar é quase gesto 
natural. Como arte, tem a estética como elemento importante de valorização de 
uma arte que também passa por mudanças de acordo com seu tempo ritmado. 
25
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
O que se conclui é que a dança nunca desaparece: muda de 
nome, sofre acréscimos, assume novos sentidos culturais, 
mas continua viva. As danças evolutivas isoladas deram lugar 
às danças de participação geral, da colaboração instintiva. 
(BERTELLO, 2003, p. 277).
Nesse sentido, a dança é arte também remota, a que as mudanças culturais 
e	o	 tempo	conferem	novas	 formas,	 sem,	 contudo,	 eliminar	as	 infl	uências	pelas	
quais passou e pelas quais ainda vai passar. 
Figura 3 - Cultura Brasileira
 
Fonte:	Disponível	em:	<http://lmk21.com.br/wp-content/
uploads/2010/08/indios.jpg>. Acesso em: 10 out. 2011.
 
Figura 4 - Fantasia gigante da dança do Bumba-meu-boi
Fonte:	Disponível	em:	<www.brasilescola.com/folclore/
bumbameuboi.htm>. Acesso em: 10 out.2011.
26
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
Falando ainda da arte e de seus elementos estruturais, vamos 
encontrar	a	arquitetura,	forma	construída	com	o	intuito,	também,	de	ocupar	
o	espaço,	concentrando	ações	e	intencionalidades.	De	início,	prevalecia	
o caráter prático das primeiras construções, em que os construtores 
se preocupavam em abrigar e proteger os homens e construir templos 
com	fi	ns	ligados	à	religião.	Posteriormente,	as	magnífi	cas	construções	
arquitetônicas	 ultrapassaram	 essa	 funcionalidade.	 É	 na	Mesopotâmia	
que encontramos as primeiras construções com organização
Usando o tijolo seco como bloco básico de construção, os 
mesopotâmicos	 planejavam	 cidades	 complexas	 ao	 redor	 do	
templo.	Esses	amplos	complexos	arquitetônicos	incluíam	não	
só	 um	 santuário	 fechado,	mas	 também	ofi	cinas,	 armazém	e	
zonas residenciais. (STRICKLAND, 1999, p. 6).
Observa-se que os templos seguiam como referência a organização 
urbanística	de	cada	civilização,	ocupando	posição	estratégica	no	espaço	
organizado para moradia. As construções em formas monumentais 
eram	marca	 da	 civilização	 egípcia.	As	 pirâmides	 são	 até	 hoje	 vistas	
como	verdadeiras	maravilhas	da	arquitetura,	e	infl	uenciam	construções	
contemporâneas,	como	a	pirâmide	de	vidro	do	Louvre.
Figura	5	–	Pirâmides	do	Egito
Fonte:	Disponível	em:	<www.suapesquisa.com/historia/
piramides/>. Acesso em: 10 out. 2011.
Figura	6	–	Pirâmide	de	Louvre	
	Fonte:	Disponível	em:	http://www.world-city-photos.org/Paris/photos/
Louvre_in_Paris/Piramide_du_Louvre/>.Acesso em: 10 out. 2011.
Usando o tijolo 
seco como 
bloco básico de 
construção, os 
mesopotâmicos 
planejavam 
cidades complexas 
ao redor do 
templo. Esses 
amplos complexos 
arquitetônicos 
incluíam não só 
um santuário 
fechado, mas 
também ofi cinas, 
armazém e zonas 
residenciais. 
(STRICKLAND, 
1999, p. 6).
27
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
Mas foi na Grécia que a arquitetura foi entendida como forma de arte, pois 
as	 construções	 eram	 feitas	 com	 o	 mesmo	 cuidado,	 considerando	 o	 equilíbrio	
necessário, usado nas obras das esculturas gregas. A arquitetura grega tem 
conotação de plenitude e estabilidade. Novamente, os templos foram referência, 
local onde aconteciam os encontros do público para celebrações. Seguindo a linha 
do tempo, a arquitetura romana trouxe como elemento novo o uso do concreto, e 
a	infl	uência	grega	das	construções	únicas,	como	por	exemplo,	o	Coliseu.
Foi no Renascimento, já no século XV, que a tradição das construções 
romanas	 foi	 resgatada:	 “[...]	 formada	 nos	 mesmos	 princípios	 da	 geometria	
harmoniosa em que se baseavam a pintura e a escultura, a arquitetura recuperou 
o esplendor da Roma antiga” (STRICKLAND, 1999 p. 39). Vale ressaltar que a 
arquitetura revela a forma de pensar da sociedade, e de certa maneira delineia 
essa	 sociedade.	 Exemplo	 disto	 é	 a	 riqueza	 ostentada	 no	 período	 barroco,	 em	
que as catedrais eram entendidas como fundamental para a sedução do povo. 
No	entanto,	essa	mesma	arquitetura	ultrapassa	os	 limites	do	equilíbrio,	quando	
oprime o que está a seu redor. Nesse caso, vale citar o Castelo de Versalhes, 
sonho	de	autoridade	absoluta	de	Luís	XIV.
Já	no	século	XIX,	o	desenvolvimento	da	fotografi	a	e	a	descoberta	de	novos	
materiais manipuláveis da Nova Era, dita industrial, delinearam novas formas na 
arquitetura. Os exageros e enfeites tão usados nas construções, aos poucos vão 
sendo	deixados	para	fi	ns	específi	cos.
Quando a revolução industrial pôs a disposição 
novos materiais, tais como escoras de ferro fundido, 
os arquitetos inicialmente as disfarçavam de colunas 
coríntias	 neoclássicas.	 Somente	 em	 estruturas	
utilitárias como pontes suspensas, estações de 
estradas de ferro e fábricas, o ferro fundido foi 
usado sem ornamento. (STRICKLAND, 1999 p. 89).
Ao poucos, esses materiais foram inseridos nas construções 
que se multiplicavam por todos os lados. Na arquitetura moderna, 
esses elementos assumiram o caráter funcional, e a escola alemã 
Bauhaus trouxe a essas construções uma arte com caráter de grupo 
e desenvolvimento de formas matemáticas. Surgem os arranha-céus. 
Acontece um distanciamento das formas clássicas. A arquitetura 
contemporânea	 embarcou	 nessa	 forma	 de	 utilizar	 os	 materiais	
inovadores, e trouxe também a cor como elemento diferenciado na 
nova concepção de construir. As linhas das construções sofreram 
variações com curvas harmoniosas e formas variadas. Um exemplo 
dessa forma de se pensar a arquitetura é o Centre Pompidou, em 
Paris, onde podemos visualizar todos os serviços funcionais de sua 
Na arquitetura 
moderna, esses 
elementos 
assumiram o 
caráter funcional, 
e a escola 
alemã Bauhaus 
trouxe a essas 
construções uma 
arte com caráter 
de grupo e 
desenvolvimento 
de formas 
matemáticas. 
Surgem os 
arranha-céus.
28
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
estrutura. Notamos que, assim como na Grécia, a escultura e a arquitetura eram 
pensadas	de	forma	próximas,	no	cenário	contemporâneo,	ocorre	novamente	essa	
aproximação: a escultura do século XX também trouxe em sua forma estrutural 
esses novos elementos, só que em forma de sucata, colagem, entre outros. 
Importante lembrar que a atividade de ocuparo espaço com construções 
arquitetônicas passa, ao longo do tempo, assim como as demais formas de arte, 
por	modifi	cações.	Sendo	 a	 arquitetura	 envolvida	 por	 elementos	 específi	cos	 em	
sua	estrutura,	tem	em	sua	forma	de	se	apresentar	infl	uências	culturais	e	envolve	
elementos complexos que reúnem diversos campos de conhecimento, que 
infl	uenciam	e	são	infl	uenciados	no	contexto	geral	da	sua	silhueta	estrutural.
No	século	XIX,	o	universo	artístico	também	admitiu	novas	formas	estruturais	
de	expressão	e	comunicação,	como	o	cinema	e	a	fotografi	a.	O	cinema	se	estruturou	
através	das	sombras	chinesas	e	se	modifi	cou	ao	longo	do	tempo	com	a	infl	uência	
da	 fotografi	a.	Na	produção	cinematográfi	ca	de	Hollywood,	os	fi	lmes	de	ação	são	
os primeiros a conquistar o público, seguidos pelos gêneros suspense e drama. No 
século XX, tivemos também a graciosidade do cinema mudo de Charles Chaplin, 
mostrando	em	suas	produções	temas	sociais	de	forma	crítica.	Novamente	as	artes	
se	cruzaram,	e	o	cinema	e	a	música	se	revelaram	nas	fi	guras	do	ator	e	dançarino	
Fred Astaire e na representação de Carmem Miranda que, com suas cores e 
melodias,	conferiu	ao	Brasil	uma	identidade	alegre	e	colorida.	No	entanto,	as	críticas	
também	acompanharam	as	mudanças	mostradas	nas	formas	artísticas.
Novos movimentos da arte expressam a tentativa de 
questionar	 a	 expressão	 artística	 a	 partir	 do	 crescimento	 da	
indústria. Um deles foi o Kitsch, que procurou, apresentando 
objetos	 industriais	 bizarros,	 mostrar	 a	 natureza	 superfi	cial	
exagerada	e	artifi	cial	da	sociedade	contemporânea.	(COSTA,	
2004, p. 116).
A indústria, com sua fome insaciável de produzir, necessita que os 
consumidores tenham o mesmo apetite por seus produtos. A arte vai criticar essa 
superfi	cialidade	do	desejo	construído	através	do	Kitsch.
KITSCH: objeto ou estilo que, simulando obra de arte, é apenas 
imitação de mau gosto para desfrute de um público que alimenta a 
indústria da cultura de consumo ou cultura de massa; atitude ou reação 
desse	público	em	face	de	obras	ou	objetos	com	essas	características.	
São	exemplos	típicos	de	kitsch	estatuetas	de	plástico	que	imitam	obras	
clássicas,	fl	ores	artifi	ciais,	certos	móveis	de	fórmica	e	quejandos.	
29
A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
Atualmente, os processos de consumo e produção são discutidos dentro de 
outras	áreas,	como	a	Sociologia,	a	Psicologia,	a	Filosofi	a	e	a	Arte,	que	também	
problematizam essas questões, que têm como foco principal o bem estar do 
sujeito, o resgate da individualidade, pois
A arte proporciona a expressão de sentidos compartilháveis, 
de um legado coletivo cheio de reminiscências, sigilos e 
revelações. Através dele, nosso mundo interior tão pessoal 
e	 intransferível	 encontra	 o	 enlevo	 de	 se	 saber	 comum	 e	
partilhável. (COSTA, 2004, p.135).
Assim,	 a	 obra	 de	 arte	 é	 também	 refl	exo	 desse	 contexto	 e	 os	 sujeitos	
participantes,	tanto	criadores	como	fruidores,	estão	ambos	infl	uenciados	e,	nesse	
ponto, o compartilhamento se reforça. A efemeridade é explorada na arte também 
em sua estrutura, através da performance e dos happenings, movimentos de 
arte	que	utilizam	mescla	de	linguagens	e	têm	a	improvisação	como	fi	o	condutor.
Performance: forma de arte que combina elementos do teatro, 
da música e das artes visuais. Tem relação com o happening (os 
dois termos são às vezes usados como sinônimos), mas difere deste 
por ser em geral mais cuidadosamente planejada e não envolver 
necessariamente a participação dos espectadores. (CHILVERS, 
2001 p. 404).
Happening (“acontecimento”): forma de espetáculo, muitas 
vezes cuidadosamente planejado, mas quase sempre incorporando 
algum elemento de espontaneidade, em que um artista executa ou 
dirige uma ação que combina teatro com artes visuais. O termo foi 
cunhado	por	Allan	Kaprow	em	1959	e	tem	sido	usado	para	designar	
uma	multiplicidade	 de	 fenômenos	 artísticos.	 (	 CHILVERS,	 2001	 p.	
247).
Ao abordar a estrutura da obra no texto, objetivamos lançar um olhar 
geral	 sobre	 a	 produção	 artística	 da	 humanidade	 em	 um	 ponto	 central	 das	
confl	uências	 das	artes:	 as	 infl	uências,	mudanças	e	 culturas	que	 se	mesclam	e	
incentivam novas formas de se fazer arte. Toda arte tem um sujeito histórico e 
socialmente	construído,	toda	arte	é	infl	uência	de	culturas,	e	as	culturas	têm	suas	
especifi	cidades	e	suas	misturas.	Falar	de	arte	não	se	resume	em	falar	da	obra,	e	
sim do conjunto entrelaçado de inúmeros elementos distintos entre si, mas que 
compõem toda obra de arte.
30
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
Atividade de Estudos: 
1) Nesta atividade vamos falar de música: O avanço tecnológico 
vai infl uenciar as formas musicais brasileiras em uma mescla 
de estilos. E o cenário contemporâneo, é palco da diversidade 
musical em caracteres e instrumentos e que no Brasil encontra 
acolhimento devido a pluralidade étnica que constitui o pais.
 Registre algumas músicas que são importantes para você, cite o 
nome	da	música,		o	artista	e	justifi	que	sua	escolha.	
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2) O assunto é arquitetura! A arquitetura contemporânea vai 
embarcar nesta forma de utilizar os materiais inovadores, e 
vai trazer também a cor como elemento diferenciado na nova 
concepção de construir. As linhas das construções vão sofrer 
variações com curvas harmoniosas e formas variadas. Nesta 
atividade, oriento você a olhar de forma curiosa a arquitetura 
presente nas principais construções de sua cidade. Você 
consegue	 identifi	car	 que	 tipo	 de	 arquitetura	 se	 apresenta?	
Fotografe ou descreva uma das construções que fazem parte da 
sua cidade.
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A ARTE: CONCEITOS TEÓRICOS FUNDANTESCapítulo	1
AlGumas	Considerações	
Neste	breve	estudo,	foi	possível	refl	etir	sobre	a	dimensão	da	arte	como	parte	
das	ações	humanas	e	suas	modifi	cações	ao	longo	do	tempo.	No	capítulo	a	seguir,	
vamos	discutir	a	 identidade	como	 referência	de	grupos	que	se	 identifi	cam	e	se	
fundam. A arte também constitui essa identidade. 
No	 próximo	 capítulo,	 iremos	 abordar	 questões	 relacionadas	 à	 identidade.	
Além disso, estudaremos a identidade brasileira e o hibridismo. 
ReferÊncias
BERTELLO, Maria Augusta. Palavra em ação. Mini manual de pesquisa – arte. 
São Paulo: Claranto, 2003.
CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de arte. Tradução de Marcelo Brandão 
Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
COSTA, Cristina. Questões de arte: o belo, a percepção estética e o fazer 
artístico.	São	Paulo:	Moderna,	2004.
EFLAND, Arthur D. Cultura, Sociedade, Arte e Educação num mundo pós-
moderno. In: GUINSBURG, J.; BARBOSA, Ana Mae (orgs.) O Pós-modernismo. 
São Paulo: Perspectiva, 2005.
FEIST, Hildegard. Pequena viagem pelo mundo da arte. São Paulo: Moderna, 
1996.
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Tradução de Álvaro Cabral. 16.ed. Rio de 
Janeiro: LCT, 1999.
KRESS, Gunter. In: GARCIA, Regina Leite; MOREIRA, Antonio F. B. (orgs). 
Currículo na contemporaneidade:	incertezas	e	desafi	os.São	Paulo:	Cortez,	
2003.
MORA, Jose Ferrater. Dicionário de Filosofi a. Tradução de Roberto Leal 
Ferreira, Álvaro Cabral. 4.ed. São Paulo: Martins fontes, 2001.
STRICKLAND, Carol. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. 
Tradução de Angela Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
32
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
Parâmetros	Curriculares	Nacionais:	Arte. Secretaria de Educação Fundamental. 
Brasília:	MEC/SEF,	1997.		
SCOTTINI, Alfredo. Minidicionário Escolar Língua Portuguesa. São Paulo: 
Brasileitura, 2009.
CAPÍTULO 2
Uma	Questão	de	Cultura	e	Identidade
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Entender a cultura como entrelaçamentos de questões que formulam a 
identidade, diagnosticando fenômenos de aculturação.
  Identifi	car	as	infl	uências	referentes	à	cultura,	entendida	como	campo	simbólico	
e material da atividade humana.
  Conhecer os elementos que compõem a diversidade cultural na historicidade 
da trama relacional.
  Reconhecer	 as	 múltiplas	 infl	uências	 da	 cultura	 popular	 e	 seus	 entremeios	
teóricos.
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Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
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UMA QUESTÃO DE CULTURA E IDENTIDADECapítulo	2
ConteXtualiZação
Figura 7 - Le Double Secret, 1927 - Rene Magritte
Fonte:	Disponível	em:	<www.cursodehistoriadaarte.com.
br/.../page/36/>. Acesso em: 27 set. 2011. 
Como olhar-te outro?
Outro complexus;
Outro complicado;
Outro multiplicidade na unidade; 
Outro autodesconhecido; 
outro diferente de todos;
outro único.
Como olhar-te outro?
Sem saber se devo;
Sem saber se posso;
Sem saber se quero.
Como olhar-te outro neste corpo que me vejo?
Corpo que desejo;
Corpo que temo;
Corpo e que me (pré)sinto...
Corpo místico.
Como olhar-te outro?
Neste corpo que é metade eu...metade tu...
Neste corpo que é 1 inteiro mundo.
Fabio Zoboli, 2007
Fonte:	Disponível	em:	<http://revistarecrearte.net/IMG/
pdf/R12_2.>.Acesso em: 10 ago. 2011.
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Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
O	capítulo	 II	 do	Caderno	 de	Estudos	 vai	 discutir	 questões	 teóricas	 acerca	
da	 construção	 de	 identidade,	 em	 que	 aspectos	 sociais,	 econômicos,	 políticos,	
culturais se mesclam e se dissolvem na construção dos sujeitos. Não somos 
apenas	infl	uenciados	por	questões	políticas	ou	culturais,	mas	sim	constituídos	por	
múltiplas	infl	uências.	A	cor	de	nossa	pele,	nossos	valores	morais	e	éticos,	nosso	
entendimento das pessoas com as quais convivemos, diretamente ou não, são o 
resultado do que aqui apontamos como identidade.
E falar de identidade é pensar no negro como elemento fundamental na 
formação dos brasileiros, que junto com as demais etnias formam nosso Brasil. 
Esse	país	pluricultural	tem	nos	aspectos	culturais	cenário	de	inúmeras	questões	
que	 direcionam	 a	 formação	 identitária	 brasileira	 e,	 por	 isso,	 este	 capítulo	 vai	
apontar algumas particularidades culturais regionais, com as quais convivemos.
Cultura	e	Identidade
Quando se pensa sobre cultura e identidade na 
contemporaneidade, entramos num processo da fragmentação 
por conta do mundo globalizante. Nem tudo está tão perto e muito 
menos longe, pode-se estar em qualquer lugar devido aos avanços 
tecnológicos da comunicação. É um tipo diferente de mudança 
estrutural, que transforma as sociedades modernas e fragmenta as 
paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e 
nacionalidade. Ou seja, por qualquer um dos olhares que se tenha, tudo 
está muito próximo, porque há a crescente complexidade do mundo 
moderno e a consciência de que o núcleo interior do sujeito sociológico 
não	é	autossufi	ciente,	mas	 formado	na	 relação	com	“outras	pessoas	
importantes	para	ele”,	que	intermediam	valores,	sentidos	e	símbolos	(a	
cultura) dos mundos nos quais habitam (HALL, 2000, p. 9).
É	possível	compreender,	a	partir	de	Stuart	Hall	(2006),	que	a	identidade	surge,	
em	partes,	pela	plenitude	da	identidade	que	já	está	dentro	de	nós	como	indivíduos	
e também pela inteireza que é “preenchida” a partir do nosso exterior. Temos 
assim	o	sujeito	pós-moderno,	que	não	tem	uma	identidade	fi	xa,	que	se	transforma	
diante dos sistemas culturais. Aliás, a cultura não é monólita, homogênea, isso 
é: masculina, classe média, heterossexual, branca e ocidental, que pode ser 
presumida. O conceito de não-identidade alienada, segundo Hutcheon (1991), 
camufl	a	 as	 hierarquias,	 dá	 lugar	 ao	 conceito	 de	 diferenças,	 “à	 afi	rmação	 não	
da uniformidade centralizada, mas da comunidade descentralizada, que é um 
paradoxo do pós-moderno” (HUTCHEON, 1991, p. 29).
Formado na 
relação com 
“outras pessoas 
importantes 
para ele”, que 
intermediam 
valores, sentidos e 
símbolos (a cultura) 
dos mundos nos 
quais habitam. 
(HALL, 2000, p. 9).
37
UMA QUESTÃO DE CULTURA E IDENTIDADECapítulo	2
Há de se perceber ainda nas colocações teóricas que as identidades se 
defi	nem	não	apenas	pelo	que	se	defende	e	com	quem	se	está,	mas	principalmente	
por quem ou o de que se é contra, ou talvez aquilo que se acha ser contra. Nesse 
contexto, é interessante utilizar como exemplo os Estados Unidos da América e 
a guerra contra o terrorismo, principalmente depois do 11 de setembro de 2001, 
com o ataque às torres do World Trade Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, 
em Washington.
Aqui resgatamos a cena de uma reportagem de Caliar para Revista “Caros 
Amigos”, de dezembro de 2001: 
Um rapaz negro, americano da gema, olhava os sinais da 
destruição. Chorou discretamente, as lágrimas grossas 
escorrendo. Havia estado em um dos prédios no dia anterior ao 
ataque, conhecia de vista algumas pessoas por lá. Segurava 
uma	 grande	 fotografi	a	 do	 soberbo	 conjunto	 de	 edifícios	
do Distrito Financeiro, entre os quais as torres gêmeas se 
destacavam. Acabava de comprar a foto por três dólares ali na 
rua e iria colocar numa moldura. 
O rapaz negro descrito no trecho é um de tantos outros que se viu desolado, 
naquele momento, diante do barbarismo e convicto de que o governo americano 
precisava dar uma resposta imediata aos terroristas. Negros e brancos assumem 
o ufanismo americano, vão às ruas protestar silenciosamente, pintados com 
as cores ou com a própria bandeira dos Estados Unidos. A comunidade negra 
assume	sua	identidade	americana	em	meio	à	comoção	do	país.	Tal	exemplo	vem	
à	tona,	porque	é	um	marco	na	história	da	humanidade	contemporânea	e	uma	das	
alavancas transformadoras de identidade. 
Aliás, essa nova identidade do negro nos Estados Unidos continua em 
discussão	na	teoria	social.	As	velhas	identidades	entraram	em	declínio,	fazendo	
surgir	as	novas	 identidades,	 fragmentando	o	 indivíduo	moderno,	até	então	visto	
como	 um	 sujeito	 unifi	cado.	 É	 um	 tipo	 diferente	 de	 mudança	 estrutural,	 que	
transforma as sociedades modernas e fragmenta as paisagens culturais de 
classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade.
As transformações mudam as identidades pessoais e abalam a ideia de 
sujeitos	 integrados.	Stuart	Hall	 (2000)	 defi	ne	essa	perda	de	um	 “sentido	 de	 si”	
estável	como	um	deslocamento	ou	descentração	do	sujeito,	e	 tal	defi	nição	 leva	
a entender o ataque de 11 de setembro como um impulsionador do processo de 
transformação da identidade da comunidade negra americana. Há de se destacar 
aqui que tal exemplo de ato terrorista é usado pela dimensão impactante que teve 
nos	Estados	Unidos	e,	 consequentemente,	 nos	demais	países	da	Europa	e	da	
América Latina, nos quais se inclui o Brasil.
38
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
Há, nesse caso, a presença da crescente complexidade do mundo 
moderno e a consciência de que o núcleo interior do sujeito sociológico não é 
autossufi	ciente,	mas	 formado	na	relação	com	“outras	pessoas	 importantes	para	
ele”,	que	 intermedeiam	valores,	sentidos	e	símbolos	 (a	cultura)	dos	mundos	os	
quais	habitam	(HALL,	2000,	p.	9).	E	no	mundo	específi	co	americano	habita	um	
contingente multiétnico,entre os quais estão latinos e asiáticos que se veem 
diante da perda de sua identidade ou de sua transformação inevitável, mesmo que 
ainda	exista	um	núcleo	demarcando	o	eu.	Só	que	o	jogo	de	linguagem	(LYOTARD,	
2000,	p.17)	permitirá	a	modifi	cação	do	diálogo	contínuo	com	os	mundos	culturais	
exteriores e as identidades que tais mundos oferecem.
O	negro	americano	(e	isso	se	refl	ete	também	no	Brasil)	que	até	então	se	via	
numa	identidade	unifi	cada	estável,	vê	sua	própria	identidade	tornar-se	fragmentada	
em razão de outras identidades, alguma contraditórias e outras não resolvidas. 
Isso	em	 função	do	processo	de	modifi	cação	estrutural	e	 institucional.	Para	Hall	
(2000),	 a	 identidade	plenamente	unifi	cada,	 completa,	 segura	e	 coerente	é	uma	
fantasia,	porque	no	momento	em	que	os	sistemas	de	signifi	cação	e	representação	
cultural se multiplicam, o confronto de uma multiplicidade desconcertante e 
cambiante	de	identidades	possíveis	surge,	sendo	que	todas	podem	se	identifi	car	
em uma delas, mesmo que temporariamente. 
Nos Estados Unidos, a comunidade cristã, branca, conservadora 
e	infl	exível	sobre	a	convivência	entre	raças	se	viu	estupefata	frente	
aos atos terroristas, o que elevou a questão de separação de raça. 
Num	instante,	brancos	e	negros	se	viram	obrigados	a	refl	etir	sobre	
a segurança nacional, o patrimônio da nação, a democracia e sua 
efi	ciência,	afi	nal,	tudo	isso	estava	sendo	atacado.	
A cena do negro americano olhando os sinais da destruição e chorando diante 
de tamanha barbárie se repetiu com outros negros e com outros brancos. Eles 
fi	caram	 frente	àquilo	que	Baudrillard	chama	de	Crime	Perfeito.	A	arma	usada	no	
ataque de 11 de setembro superou a tecnologia avançada da potência terrestre, 
não houve como promover a defesa. A morte usada como arma pelo “inimigo” 
é	 implacável,	 o	 suicídio	 para	 resultar	 em	homicídio	 é	 o	 próprio	Crime	Perfeito	 e	
“ninguém, nenhuma classe, nenhum grupo, nenhum sujeito pode ser acusado da 
responsabilidade por essa realização radical das coisas, essa hiper-realização 
incondicional do Real” (BAUDRILLARD, 2001, p. 70). É o kamikaze que vê e aceita 
a	própria	morte	–	mata	a	vítima	e	se	mata	–	fazendo	de	sua	morte	um	signifi	cado	ou	
tencionando	que	tenha	um	signifi	cado,	um	símbolo,	que	seja	então	uma	estratégia	
de	ataque,	uma	arma	contra	a	qual	não	há	uma	resposta	possível.	
Mas o negro segurando a foto traz também uma outra leitura que não pode 
deixar	 de	 ser	 feita	 sob	 alguns	 ângulos:	 quando	 ele	 olha	 os	 destroços	 e	 chora,	
Brancos e negros 
se viram obrigados 
a refl etir sobre a 
segurança nacional, 
o patrimônio da 
nação, a democracia.
39
UMA QUESTÃO DE CULTURA E IDENTIDADECapítulo	2
pode estar chorando por conhecidos negros que ali trabalhavam, a maioria, 
talvez, como simples empregados, numa condição subalterna. Até por isso, pode 
chorar por sua condição de negro e de americano, uma duplicidade que briga em 
um corpo escuro cuja força obstinada impede que se destroce.
A imagem do negro chorando pode ser também a imagem da problematização 
de	ser	negro.	Du	Bois	diz	que	o	“negro	é	uma	espécie	de	sétimo	fi	lho,	nascido	com	
um véu e aquinhoado com uma visão de segundo grau neste mundo americano 
– um mundo que não lhe concede uma verdadeira consciência de si” (DU 
BOIS,	1999,	p	54).	Esse	sétimo	fi	lho	é	uma	escala	que	começa	com	o	egípcio	e	
gradativamente com o indiano, grego, romano, teutão e o mongol, que vêm antes 
fadados ao véu, ao rosto coberto, ao diferente. 
E assim, retoma-se a questão da identidade pelo olhar do negro americano, 
que	 pode	 muito	 bem	 ser	 do	 brasileiro,	 do	 inglês,	 africano,	 francês,	 enfi	m,	 ser	
negro e ao mesmo tempo americano sem ser amaldiçoado por sua comunidade 
e	 nem	pelos	 negros	 africanos	 que	 fi	caram	na	África	 ou	 estão	 espalhados	 pela	
Europa. Fica-se diante da ideia de identidade fragmentada, que entre outras 
coisas precisa disputar e ocupar espaços territoriais, sociais e usufruir do capital 
disponível	 no	 país.	 Aliás,	 essas	 foram	 propostas	 defendidas	 pelo	 líder	 negro	
Martin Luther King na década de 1970. Ele defendia a integração entre brancos 
e negros em bairros de classe média, nos postos de trabalho, nas universidades, 
nos	 cargos	executivos	e	no	poder	 de	decisão	do	país.	Entendia	o	que	Lyotard	
(2000) descreve como saber pós-moderno, que não é somente o instrumento dos 
poderes. “É o que aguça a sensibilidade para as diferenças e a capacidade de 
suportar	o	incomensurável”	(LYOTARD,	p.	17).
Dr. Martin Luther King Jr. (1929 – 1968), Prêmio Nobel da Paz 
em	1964	e	líder	antissegregacionista	norte-americano.	
Vemos que o caminho de integração devia se deslocar do rural para o urbano. 
Ou	seja,	não	adianta	fi	car	no	campo	trabalhando,	sobrevivendo	da	própria	produção,	
mantendo a identidade pura, absoluta. É preciso invadir as ruas, aprender, obter 
conhecimento	político,	científi	co	e	dominar	a	informação	de	igual	para	igual,	qualquer	
que seja a etnia. Mas para sair do campo e chegar às ruas, ao urbano, é preciso 
lutar para atingir a humanidade consciente, recuperar a potência e o gênio latente, 
poderes do corpo e da mente perdidos ou esquecidos no passado, exatamente 
como ocorreu com os negros escravos brasileiros pós Brasil escravagista. À procura 
pela identidade e pelos espaços territoriais, sociais e econômicos longe, muito, mas 
40
Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
muitíssimo	longe	das	mãos	negras.	A	perda	ou	o	esquecimento	não	foram	sinais	de	
fraqueza (no caso do negro americano e do brasileiro), mas sim contradições dos 
objetivos	duplos,	que	eram	escapar	do	desprezo	do	branco	e	tentar	se	fi	rmar	como	
cidadão	americano	ou	brasileiro	–	e	aqui	as	situações	são	análogas	–,	benefi	ciando-
se	do	país	e	das	normas	sociais	oferecidas.	
O ataque terrorista de 11 de setembro deixou claro para negros e brancos 
que, enquanto o preconceito estiver ligado a uma homenagem à civilização, 
à cultura, à retidão e ao progresso, o preconceito continuará imperando como 
sempre esteve nos Estados Unidos contra asiáticos e latinos. O negro, em 
território americano e também em território brasileiro, sempre sentiu o peso 
da discriminação, principalmente do pobre. O ideal de desenvolver os traços 
e talentos do negro, sem oposição ou desprezo a outras etnias, é permitir que 
um	 dia	 as	 etnias	 possam	 outorgar-se	mutuamente	 àquelas	 características	 que	
carecem, porque um dos problemas do século XX foi a barreira racial, que pode 
ser revista. Há tempo para essa revisão. 
Figura 8 - World Trade Center após ser atingido por dois 
aviões, nos atentados de 11 de setembro de 2001 
Fonte:	Disponível	em	<http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/nova-york-
soma-mais-uma-vitima-ao-numero-ofi	cial-do-11-9>.	Acesso	em:	28	set.	2011.	
Atividade de Estudos: 
A	 mídia	 é	 um	 importante	 centro	 de	 promulgação	 de	 ideias	 e	
também	 age	 de	 forma	 signifi	cativa	 na	 formação	 de	 opinião.	 Nesta	
atividade, proponho a investigação das questões raciais em situações 
consideradas como catástrofes humanas como, por exemplo, o 
41
UMA QUESTÃO DE CULTURA E IDENTIDADECapítulo	2
encontro para o protesto nos 10 anos do ataque terrorista às torres 
gêmeas nos Estado Unidos. 
Faça	 um	 levantamento	 de	 como	 a	 mídia	 tratou	 do	 assunto	
citado anteriormente, ou de um outro que você escolheu pra 
investigar, revelando questões de etnia, que estão fortemente 
envolvidas. Aponte: 
* local do ocorrido (contextualize a cultura);
* as etnias envolvidas;
*	motivos	da	violência	segundo	a	mídia.
Não	esqueça	de	fazer	uma	fi	cha	técnica	da	mídia	que	trouxe	as	
informações investigadas, por exemplo: TV, programa, revista, jornal, 
detalhando	 as	 informações	 de	 cada	 veículo	 de	 comunicação	 que	
você fez a pesquisa.
Finalize a atividade escrevendo um pequeno texto, com a 
temática: “Identidade e violência: o motivo de cada um”.
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O pastor evangélico negro Martin Luther King lutou e morreu por uma causa 
que tem como bandeira a liberdade e a igualdade. Em nome dessa bandeira, foi 
alimentada a esperança na compreensão e harmonia entre os homens de todas 
as etnias, de todas as religiões e de todas as culturas. Tal bandeira passou 
a ser levantada por brasileiros, inicialmente, por abolicionistas e depois por 
movimentos sociais organizados. A identidade da comunidade negra a partir da 
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Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
hibridização	só	é	possível	pelo	viés	defendido	por	dr.	King	e	seguido	por	outros	
líderes,	 como	o	ex-presidente	da	África	do	Sul	Nelson	Mandela,	que	até	hoje	
luta	pelo	fi	m	da	segregação.
Diante disso tudo, é preciso dizer que, na realidade, não há 
como satisfazer plenamente a consciência do mundo pós-moderno 
com complacência, triunfo inevitável da força sobre a fraqueza, do 
certo sobre o errado, dos superiores sobre os inferiores. As potências 
americanas e europeias dominaram os povos subdesenvolvidos do 
mundo	 sabendo	 que	 eles	 reagiriam,	 pacifi	camente	 ou	 não.	 O	 negro	
foi escravo nos Estados Unidos e no Brasil e sempre deixou claro sua 
contrariedade. Desde cedo, houve a união em igrejas e na cultura para 
provocar a contrarreação. 
MORRISON, Toni. Amada. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2010. 
A discriminação étnica perdura e será um dos problemas a ser resolvido neste 
século. A virada do século passado não resolveu questões como a da consciência 
corrupta	e	a	do	planeta	poluído,	e	há	necessidade	de	se	tratar	tais	assuntos	com	
relevância,	tanto	em	relação	ao	meio	ambiente	quanto	à	raça	e	à	etnia.	Baudrillard	
(2001)	chama	essa	falta	de	solução	de	marco	de	uma	soma	zero	do	fi	m	do	século	
XX, porque o “tempo é visto a partir de uma perspectiva de entropia – a exaustão 
de todas as possibilidades –, da perspectiva de uma contagem regressiva para o 
infi	nito”	(BAUDRILLARD,	p	41).	
O retorno na história serve para acertar os erros do passado 
no presente, principalmente a atrocidade cometida com o negro, a 
escravidão, a brutalidade em nome do superior sobre o inferior. A 
revisão se movimenta a partir do marco zero, de uma realidade do 
passado,	para	saldar	uma	dívida	social	por	meio	da	política,	através	
de manifestações em que são utilizados signos multiplicados na luta 
pela igualdade. A sombra (pele escura) da maioria silenciosa vai dizer: 
chega de segregação étnica. A identidade fragmentada vem carregada 
de signos, peculiares das massas (BAUDRILLARD, 1994, p 25).
Assim, podemos visualizar a delicada relação dos sujeitos, 
independentemente do local em que tentam conviver. O negro, sujeito 
escravo	de	outros	que,	imbuídos	de	ideologias,	assumem	a	supressão	
Desde cedo, 
houve a união 
em igrejas e 
na cultura para 
provocar a 
contrarreação.
O retorno na 
história serve 
para acertar os 
erros do passado 
no presente, 
principalmente a 
atrocidade cometida 
com o negro, a 
escravidão, a 
brutalidade em 
nome do superior 
sobre o inferior.
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UMA QUESTÃO DE CULTURA E IDENTIDADECapítulo	2
do	outro	como	parte	de	sua	constituição,	no	cenário	contemporâneo	é	convidado	
a	repensar	esse	lugar	de	todos.		O	grande	desafi	o	foi	e	ainda	é	aceitar	o	outro	em	
termos iguais. 
Identidade	Brasileira	e	o	HiBridismo
Retomando	a	questão	da	 identidade	contemporânea	fragmentada,	
é pertinente lembrar que nem sempre foi assim. Quer dizer, há três 
tipos de concepções desenhadas por Hall (2006), que são os sujeitos 
do iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno. O sujeito 
do	 iluminismo	 é	 um	 indivíduo	 totalmente	 centrado,	 unifi	cado,	 dotado	
das capacidades de razão, de consciência e de ação, em que o centro 
consiste num núcleo interior, que emerge pela primeira vez quando o 
sujeito	nasce	e	com	ele	se	desenvolve	ao	longo	da	existência	do	indivíduo.	O	centro	
essencial	do	eu	é	a	identidade	de	uma	pessoa.	No	sujeito	sociológico,	se	refl	ete	a	
crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que esse núcleo 
interior	 do	 sujeito	 não	 é	 autônomo	 e	 autossufi	ciente,	mas	 é	 formado	 na	 relação	
com “outras pessoas importantes para ele”, que medeiam para o sujeito os valores, 
sentidos	e	símbolos	–	a	cultura	–	dos	mundos	que	ele	habita.	Essa	 identidade	é	
formada na “interação” entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou 
essência	interior	que	é	o	“eu	real”,	mas	esse	é	formado	e	modifi	cado	num	diálogo	
contínuo	com	os	mundos	culturais	“exteriores”	e	as	identidades	que	esses	mundos	
oferecem.	 Já	 o	 sujeito	 pós-moderno,	 nessas	 classifi	cações	 de	 Hall	 (2006),	 não	
tem	uma	identidade	fi	xa,	essencial	ou	permanente.	Ela	torna-se	uma	“celebração	
móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais 
somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. 
A partir desse levantamento histórico das identidades se chega ao 
contemporâneo	em	que	o	sujeito	assume	identidades	diferentes	em	vários	
momentos	e	que	não	são	unifi	cadas	ao	redor	de	um	“eu”	coerente.	São	
possibilidades contraditórias empurrando em diferentes direções, de uma 
maneira	tal	que	as	identifi	cações	estão	sendo	continuamente	deslocadas.	
À	medida	que	os	sistemas	de	signifi	cação	e	 representação	cultural	 se	
multiplicam, surge o confronto de multiplicidades, desconcertantes 
e	 cambiantes,	 de	 identidades	 possíveis	 de	 identifi	cações,	 ao	 menos	
temporariamente. Descartes (1978) percebeu que o sujeito moderno 
“nasceu”	no	meio	da	dúvida	e	do	ceticismo	metafísico.	É	um	acerto	de	
contas com Deus ao torná-lo o Primeiro Movimentador de toda criação 
e, assim, passa a explicar o resto do mundo material inteiramente em 
termos	mecânicos	e	matemáticos.	
Os sujeitos do 
iluminismo, o 
sujeito sociológico 
e o sujeito pós-
moderno.
O sujeito assume 
identidades 
diferentes em 
vários momentos 
e que não são 
unifi cadas ao 
redor de um “eu” 
coerente.
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Saberes, herança e manifestações culturais brasileiras
A formação do eu no “olhar do Outro”, de acordo com Lacan (1972), inicia a 
relação da criança com os sistemas simbólicos fora dela mesma e é o momento 
de sua entrada nos vários sistemas de representação simbólica – incluindo a 
língua,	a	cultura	e	a	diferença	sexual.	O	existencialista	Sartre	(1997),	em	“O Ser e 
o Nada”, também trata desse olhar, que está muito ligado à questão da identidade. 
Dessa forma, os sentimentos contraditórios e não resolvidos que acompanham 
essa	difícil	entrada	permeada	por	sentimentos	divididos	entre	amor	e	
ódio pelo pai, aspecto sobre a formação do eu analisado por Lacan e 
Freud, são entrelaçados ainda pelo desejo de agradar e pelo impulso 
em	rejeitar	a	mãe.	É	o	confl	ito	entre	o	bem	e	o	mal,	a	divisão	desse	eu	
entre suas partes “boa” e “má”. Esses sentimentos são aspectos chave 
da formação do inconsciente do sujeito. “A identidade é realmente algo 
formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e 
não algo inato, existente na consciência no momento do nascimento” 
(HALL, 2006, p. 38).
Diante	desse	indivíduo	deslocado,	confrontado	por	multiplicidades	
desconcertantes que interagem com processo de formação de uma 
cultura brasileira, surge o que Canclini (2003) chama de encenação 
do	 popular,	 baseado

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