Buscar

Quincas Borba

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

– 1
JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS
1. VIDA
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de
junho de 1839, no morro do Livramento, Rio de Janeiro.
Conforme Facioli (1982), Machado de Assis, do lado
paterno, era neto de homens libertos. Seu pai, Francisco
José de Assis, era agregado de uma família de posses e
trabalhava como pintor de paredes. Do lado materno, era
neto de homens livres, provenientes de humilde família
açoriana. Sua mãe, Maria Leopoldina, faleceu quando
Machado de Assis contava dez anos, seu pai se casou de
novo, com Maria Inês. Há muitas afirmações inconsistentes
em relação ao papel que sua madrasta exerceu em sua vida,
sobretudo, quando o pai de Machado também veio a falecer.
O certo é que Machado de Assis teve que vencer muitos
obstáculos para migrar de classe social, pois não teve
educação formal regular e enfrentou muitas adversidades
por ser mulato num período em que ainda havia escravidão
no Brasil. 
Desde cedo, trabalhou e buscou desenvolver sua carreira
literária. Tendo ingressado num ambiente jornalístico, um
mundo novo de aprendizado literário se abriu para ele.
Contribuiu muito para sua evolução artística o fato de ele
ter sido leitor bastante assíduo. Já na juventude, Machado
de Assis também se dedicou à prosa, escrevendo artigos
sobre arte, poesia, literatura e crônicas e, aos poucos, passou
a integrar os círculos literários da Corte, apresentando, desde
sempre, bom domínio da língua portuguesa literária e do
francês. 
Machado de Assis mostrou-se sempre uma pessoa
atualizada com o que se escrevia e se publicava no Brasil,
por conta de sua constante atividade crítica, jornalística e
literária. Apesar dessa intensa contribuição, foi um emprego
público que lhe garantiu uma situação econômica menos
instável até o final de sua vida. Aos trinta anos, casou-se com
Carolina Xavier de Novais, nascida no Porto, filha de um
artesão e comerciante português. O casal, sem filhos, teve
um convívio de 35 anos marcado por grandes afinidades
intelectuais. 
De acordo com Pereira (1988), aos poucos, as condições
de vida de Machado de Assis se alteraram significati -
vamente. Seu trabalho como escritor foi sendo cada vez mais
reconhecido e ele passou a levar uma vida mais confortável.
De acordo com Facioli (1982), ao lado da ascensão social de
Machado de Assis, ocorreu também uma mudança
significativa de sua obra literária.
Quando faleceu, em setembro de 1908, Machado de
Assis, um dos fundadores e primeiro presidente da
Academia Brasileira de Letras, recebeu muitas homenagens
que atestaram sua consagração como o maior escritor
brasileiro, na opinião quase unânime dos estudiosos de
literatura brasileira. 
2. CARACTERÍSTICAS DA 
PROSA MACHADIANA
Os críticos literários, ao mesmo tempo que consideram
Machado de Assis um original mestre da linguagem,
evidenciam o diálogo intenso e produtivo que sua obra
mantém com grandes escritores que o antecederam.
Segundo Achcar (2000), na prosa machadiana, tanto
nos romances quanto nos contos, podem ser observados os
seguintes aspectos:
• uma escrita bastante criativa, que não segue um
esquematismo determinista, ou seja, não busca
causas muito explícitas para a explicação das
personagens e situações;
• frases simples, desprovidas de enfeites. Os períodos
costumam ser curtos e as palavras bem escolhidas;
• focalização das personagens de fora para dentro,
havendo um trabalho de desmascaramento, daí ele
ser considerado como um agudo “analista da alma
humana”;
• referências constantes a outros textos de grandes
autores ocidentais (intertextualidade);
• uso de ironia, a arma mais corrosiva com que
Machado critica os comportamentos, os costumes
e as estruturas sociais.
QUINCAS BORBA
AULAS ESPECIAIS
AS OBRAS DA FUVEST
PORTUGUÊS
Machado de Assis dedicou-se, ao longo de sua carreira
literária, a vários gêneros literários: conto, romance, crônica,
poesia, teatro, crítica, sendo considerado como contista e
romancista genial.
3. AMADURECIMENTO ESTILÍSTICO 
DE MACHADO DE ASSIS
A produção literária da primeira fase da obra macha -
diana trata da problemática da ascensão social de uma
perspectiva de quem ainda ocupa posição social não
privilegiada. Conforme Schwarz (2000), a situação de
dependência social é explorada, na primeira fase macha -
diana, como uma procura de um meio pelo qual tal
dependência seja abrandada até a obtenção de alguma
libertação. Contudo, não há um questionamento do sistema
social propriamente dito, sendo assim, esse posicionamento
estaria ainda em consonância com o romantismo.
O romance Quincas Borba (1891) pertence à segunda
fase da escrita machadiana. Segundo Facioli (1982), na
segunda fase, ocorre uma alteração da posição do narrador,
que se torna “uma voz de camada social diferente da que
narrava até então”. Assim, o narrador da segunda fase é
reconhecido pela classe dominante como um de seus
membros. Nessa fase, segundo Schwarz (2000), há uma
mudança de forma e de conteúdo, com o destaque do uso
do humor e da ironia para desmascaramento da realidade.
Machado de Assis, na segunda fase, inova também ao usar
formas literárias de um passado remoto, como, por exemplo,
a sátira menipeia1, cujo efeito literário é o de apresentar o
ridículo de forma que o leitor se sinta livre para formar seu
próprio ponto de vista crítico, em vez do oferecer conselhos
moralizantes.
4. ROMANCES MACHADIANOS 
Da primeira fase: Ressurreição (1872), A Mão e a
Luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), 
Da segunda fase: Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro
(1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908)
5. QUINCAS BORBA E 
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Quincas Borba (1891) é visto, de certa forma, como
uma continuação de Memórias Póstumas de Brás Cubas
(1881). Nos dois romances, Quincas Borba é personagem;
há menção a sua filosofia, o Humanitismo; e, num
procedimento bastante original, o narrador de Memórias,
Brás Cubas, envia uma carta para um personagem de
Quincas Borba, Rubião, participando-lhe da morte do
filósofo.
No romance Quincas Borba, Rubião, um ex-professor
da cidade de Barbacena, é o protagonista. Sua trajetória
existencial serve para exemplificar a filosofia de Quincas
Borba, o humanitismo.
6. FOCO NARRATIVO 
Quincas Borba apresenta um narrador em terceira
pessoa, onisciente. É por intermédio dele que os leitores
pouco a pouco são envolvidos na loucura do protagonista.
O narrador é possuidor de cultura superior, livresca. “E
como vive a ostentar erudição, o narrador reforça as
dissonâncias com Rubião: indivíduo sem malícia, de ideias
miúdas e palavras soltas” (Chauvin, 2016, p. 18). O uso de
discurso indireto livre é um procedimento recorrente no
romance.
Em poucos momentos, o autor-narrador faz menção a si
mesmo (“Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de
ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas (cap. IV, p. 90).
Nesse caso, o escritor se identifica como autor e narrador de
um romance inventado.
METALINGUAGEM
Metalinguagem é a explicação do autor acerca da
escrita do livro. EmQuincas Borba, o autor focaliza o seu
próprio trabalho de escritor, explicando a seus leitores
como está organizando seu romance. Exemplificando:
Rubião estava arrependido, irritado, envergonhado. No capitulo
X deste livro ficou escrito que os remorsos deste homem eram
fáceis, mas de pouca dura; faltou explicar a natureza das ações
que os podiam fazer curtos ou compridos (cap. LVI, p. 172)
Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos
outros – velhos todos – em que a matéria do capítulo era posta
no sumário: “De como aconteceu isto assim, e mais assim (...) 
(cap. CXII, p. 260).
Ao contrário, não sei se o capítulo que se segue poderia estar
todo no título” (cap. CXIV, p. 261).
1 Ref. ou pertencente a, ou ao estilo de Menipo de Gadara (séc. III a.C.), poeta
satírico e filósofo grego (sátira menipeia). Dicionário Aulete Digital.
2 –
7. CONVERSA COM O LEITOR
Em Quincas Borba, o narrador dialoga com seu leitor,
estimulando-o a prosseguir a leitura e a acompanhá-lo em
suasideias e suposições. Esse procedimento é recorrente
no romance. Exemplos:
Vem comigo, leitor; vamos vê-lo, meses antes, à cabeceira do
Quincas Borba (cap. III, p. 89); Queres o avesso disso, leitor
curioso? (...) (Cap. XXXI, p. 125).
8. A OBJETIVIDADE REALISTA
Quincas Borba trata fundamentalmente do mundo
objetivo, do mundo das relações sociais, do poder e do
dinheiro. Quando o narrador retrata a interioridade das
personagens, ele se ocupa em representar como a psico -
logia das personagens está articulada com os valores
sociais. Trata-se de um romance exemplar de realismo
psicológico. Em Quincas Borba, constata-se uma preocu -
pação do escritor em representar de forma crítica e irônica
a vida em sociedade em uma determinada época, denun -
ciando os princípios e mecanismos que organizam as
relações sociais.
9. TEMPO E ESPAÇO
Machado de Assis, em Quincas Borba, trata de uma
questão de dimensão universal, a loucura, num ambiente
nacional, dentro de determinado tempo histórico.
Conforme Chauvin (2016), 
Atento às marchas e contramarchas da política nacional,
Machado recuou a ação em vinte anos, de modo que a
narrativa acontece no Rio de Janeiro entre 1867 e 1871:
cenário de ampla disputa política relacionada à conciliação
ministerial. Em seu conturbado reinado, Dom Pedro II
enfrentava os interesses do partido liberal e conservador. No
romance, o tema é mencionado mais de uma vez pelo
advogado e jornalista Camacho, um dentre os muitos
beneficiários de Rubião (p. 16).
Barbacena, MG, também comparece como espaço do
romance, no início e no desfecho dramático da história de
Rubião. 
10. INTERTEXTUALIDADE
Em Quincas Borba, há diálogos intertextuais com
livros da alta literatura. O narrador alude a vários livros
que podem ser lidos como intertextos. Conforme Chauvin
(2016), podem ser reconhecidos, dentre outros, o diálogo
intertextual desse romance com:
Dom Quixote, de Miguel de Cervantes Saavedra (publicado
entre 1605 e 1615); Tom Jones, de Henry Fielding (editado em
1749); A vida e as Opiniões do Cavaleiro Tristam Shandy, de
Laurence Sterne (publicado em dez volumes, entre 1759 e
1769); Viagem à Roda do Meu Quarto, de Xavier de Maistre
(1794), Viagem na Minha Terra de Almeida Garret (1846)
(p.16). 
11. PARÓDIA 
O Humanitismo aparece pela primeira vez nas
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Em Quincas
Borba, Rubião é o ouvinte do filósofo. A filosofia de
Quincas Borba é vista como uma paródia do positivismo,
de Augusto Comte, e à teoria de Charles Darwin sobre a
seleção natural. A frase “Ao vencedor, as batatas!” remete
a dos evolucionismos sociais, baseados no de Darwin,
uma maneira de desvelar de forma irônica o caráter cruel
da “lei do mais forte”.
12. DIGRESSÃO
Quincas Borba é visto, de acordo com Chauvin (2016)
como “legítimo sucessor da longa tradição de romances
que fizeram do estilo digressivo um método peculiar de
composição. A qualidade da obra machadiana confere ao
autor posição de proeminência na literatura universal.” 
(p. 16).
Em Quincas Borba não há tanta divagação quanto em
Memórias Póstumas de Brás Cubas, no entanto, ela
também ocorre nesse romance, como se pode observar
pela leitura do capítulo CXVII, quase que inteiramente
digressivo. Nesse capítulo, o relato do casamento de
Maria Benedita é suspenso e o narrador discorre
predominantemente sobre a utilidade das catástrofes na
vida das pessoas (como a epidemia de Alagoas que acabou
unindo, indiretamente, o casal Maria Benedita e Carlos
Maria).
– 3
FUSÃO DE GÊNEROS
De acordo com Sá Rego (1989), há fusão de
elementos cômicos e trágicos na composição do
protagonista do romance Quincas Borba:
Rubião, o personagem central do romance, pertence à
categoria do “bom provinciano” recém chegado ao grande
centro urbano, onde sua ingenuidade e ignorância são
exploradas por personagens mais mundanos e ambiciosos.
Trata-se assim de um dos personagens típicos da comédia, já
identificado desde Aristóteles sob o nome de agroikos, isto é,
rústico, roceiro ou matuto. [...] No entanto, ao fazer de Rubião
um personagem que enlouquece e morre em situação patética,
Machado lhe atribui algumas características do herói trágico
(p. 177).
13. PESSIMISMO REALISTA
A visão de mundo presente no livro Quincas Borba é
cética e pessimista, de um pessimismo derivado de
Schopenhauer, filósofo alemão para quem a vida do homem
é marcada pela dor e pela infelicidade. A esse pessimismo é
acrescentado o trabalho perverso do dinheiro e do poder. 
14. IRONIA
De acordo com Massaud Moisés (1967), o tom irônico de
Quincas Borba encontra-se no fato de o romance ser 
uma peça única de chacota à Humanidade desenfreadamente
presa a certos dogmas de superfície e incapaz de olhar mais a
fundo o íntimo dos problemas. A ironia atinge a todos, e só se
salvam (caso o consigam) os loucos, os mansos e os animais
irracionais (p.90).
15. HERANÇA MALDITA
De acordo com Antonio Cândido (1995), a herança
recebida por Rubião não lhe traz benefício, antes faz de sua
trajetória um caso exemplar da filosofia do Humanitismo: 
No romance Quincas Borba, um modesto professor primário,
Rubião, herda do filósofo Quincas Borba uma fortuna, com a
condição de cuidar de seu cachorro, ao qual dera o próprio
nome. Mas com o dinheiro, que é uma espécie de ouro
maldito, como na lenda dos Nibelungen, Rubião herda
igualmente a loucura do amigo. A sua fortuna se dissolve em
ostentação e no sustento de parasitas; mas serve sobretudo
como capital para as especulações comerciais de um arrivista
hábil, Cristiano Palha, por cuja mulher, “a bela Sofia”, Rubião
se apaixona. O amor e a loucura surgem aqui romanticamente,
de mãos dadas; mas o tertius gaudens é a ambição econômica,
baixo-contínuo do romance, de que Rubião se torna um
instrumento. No fim, pobre e louco, ele morre abandonado;
mas em compensação, como queria a filosofia do
Humanitismo, Palha e Sofia estão ricos e considerados dentro
da mais perfeita normalidade social (p.35).
16. RESUMO
O protagonista Rubião conhece Quincas Borba e 
torna-se seu herdeiro universal de forma inesperada. De 
ex-professor, Rubião passa a capitalista. Fica surpreendido
com o patrimônio que acabara de receber, embora já tivesse
pensado sobre possíveis vantagens que essa amizade poderia
lhe render se o amigo casasse com sua irmã Piedade, o que
não ocorreu, pois ambos morreram. 
Ao final da vida de Quincas Borba, Rubião presta-lhe
cuidados como enfermeiro. O enfermo transmite ao seu único
ouvinte sua filosofia, por meio de uma alegoria: duas tribos
famintas, diante de um único campo de batatas, lutam entre
si pela sobrevivência. Na fórmula “Ao vencedor, batatas”,
está contida a ideia da luta como meio de seleção dos mais
fortes, mas Rubião não a compreende profundamente. 
Rubião faz planos sobre como aproveitar a herança
recebida e receia que alguém desconfie da sanidade mental
de Quincas Borba e que, por isso, o testamento seja anulado.
No entanto, isso não acontece e, não havendo parentes
próximos, todo o patrimônio do filósofo é destinado a ele.
Quincas Borba só impôs uma condição: que Rubião
cuidasse de seu estimado cachorro, cujo nome também é
Quincas Borba, não deixando nada lhe faltar. Enfim, devia
tratá-lo “como se cão não fosse, mas pessoa humana” (Assis,
2016, capítulo XIV, pág. 107). 
Rubião, agora herdeiro, abandona sua vida pacata. Na
primeira vez que sai de Barbacena e viaja para a corte, numa
viagem de trem, conhece um casal, Cristiano e Sofia Palha.
Rubião conta para eles que recebeu uma herança. Cristiano
muito amável dispõe-se a ajudar o rico herdeiro em tudo.
Rubião já começa a se encantar por Sofia. 
Desde que Rubião chega ao Rio de Janeiro, torna-se alvo
fácil de interesseiros. Não apenas o casal Palha busca levar
vantagem, ludibriando-o, outras pessoas também competem
pelos recursos financeiros de Rubião, que, de modo ingênuo,
deixa-se enganar por todos. Dentre eles, há o Freitas,
frequentador assíduo da casa de Rubião, onde faz refeições
e se esmera em bajular o anfitrião. Rubião é generoso com
ele, quando Freitas fica doente,arca com suas despesas e,
depois, com os custos de seu velório. Há o Camacho, outro
adulador, que obtém de Rubião ajuda financeira para livrar o
jornal A Atalaia do fechamento. Camacho faz com que
Rubião se sinta uma figura importante nesse jornal para
garantir que suas contri buições não cessem. Os comensais,
em pouco tempo, sentem-se à vontade na casa de Rubião,
como se ela pertencesse a eles. Acabam por formar um grupo
de pessoas com um objetivo em comum: obterem cada vez
mais benefícios de Rubião. O protagonista, diante da
eloquência dos seus supostos amigos, nunca tem o que dizer
e, quando diz, sua linguagem é mal articulada. Não consegue
interpretar o mundo que o cerca e sua fortuna vai sendo
dissipada pelos oportunistas que o rodeiam. 
4 –
Rubião visita o casal Palha com frequência. Tem total
confiança em Cristiano e Sofia. O Palha gosta de expor a
esposa para que todos possam admirá-la. Para tanto,
compra-lhe vestidos luxuosos, roupas que valorizam suas
belas curvas. Sofia, que no começo cedia sem vontade aos
desejos de Cristiano, acaba por apreciar ser vista “para
recreio e estímulo dos outros” (Assis, 2016, pág.135). Sofia
estabelece uma relação ambígua com Rubião, faz um jogo
de sedução, em que nem o desilude, nem o anima muito.
Rubião, a fim de conquistá-la, oferece-lhe joias muito
valiosas e ela as aceita, como se fosse natural receber tais
presentes. É evidente a má fé do casal. 
Numa ocasião, durante um almoço com Freitas e Carlos
Maria, Rubião recebe de Sofia uma caixa de morangos e um
bilhete, por meio do qual ela o convida para um jantar.
Rubião aceita e, no jardim do lar dos Palha, sob a luz das
estrelas, se declara para a esposa de Cristiano. Sofia recusa
o galanteio. Mais tarde, conta o que ocorreu para seu esposo,
porém, Cristiano, que deve dinheiro para Rubião, diz a ela
que cortar relações com o rico amigo não convém no
momento. Sofia, por sua vez, seduzida pelas atenções e
presentes recebidos, também não deseja afastar o rico
herdeiro de sua casa. Rubião se sente envergonhado por sua
atitude, afasta-se do convívio do casal por muitos dias. No
entanto, esse distanciamento leva Cristiano a procurá-lo em
Botafogo. Rubião conta aos seus convivas sobre seu desejo
de retornar a Minas. Os amigos não querem que ele retorne,
pois antecipam a perda do dinheiro que dele obtém com
facilidade.
Rubião retorna ao convívio com o casal Palha. Ali
conhece Maria Augusta e Maria Benedita, tia e prima de
Sofia, moradoras do interior e encontra Carlos Maria.
Rubião está cada vez mais apaixonado por Sofia, que se
mostra sempre muito amável com ele e sedutora, embora
esteja interessada em Carlos Maria, seu par predileto 
nas valsas. 
Rubião confia em Cristiano Palha, agora seu sócio,
acredita que o marido de Sofia está fazendo seus negócios
ficarem mais lucrativos, não enxerga que está sendo
prejudicado. 
Aos poucos, evidenciam-se traços de loucura em
Rubião. Ele acredita que se casar poderá se ver livre de sua
paixão doentia por Sofia. Começa a divagar, imagi nando o
luxo e a riqueza da festa de casamento, da qual participaria
a mais alta aristocracia. A escolha concreta de uma noiva é
deixada de lado por ele. 
Depois da morte da tia Maria Augusta, Sofia e Cristiano
hospedam a prima Maria Benedita. Pretendem casá-la com
Rubião. Para Sofia esse casamento seria conveniente,
inclusive por afastar a prima de Carlos Maria. Durante uma
epidemia em Alagoas, Sofia e Maria Benedita buscam
angariar fundos. D. Fernanda, esposa do deputado Teófilo e
prima de Carlos Maria, participa desse ato filantrópico. 
D. Fernanda aproxima-se de Maria Benedita e acaba
promovendo o casamento de Carlos Maria com Maria
Benedita. A lua-de-mel do casal ocorre na Europa. Sofia,
apesar de muito desapontada, não demonstra sua frustração
amorosa.
O casal Palha vai ascendendo socialmente, obtendo cada
vez mais prestígio. Rubião é ingênuo, não entende os
mecanismos que governam a sociedade. Quando o casal
obtém o status social e o patrimônio pelo qual tiveram tanto
empenho, Rubião torna-se desnecessário. Cristiano não quer
dividir com Rubião grandes lucros futuros e planeja mudar-
se para um palacete, cujo projeto já encomendara. A partir
daí, os Palha passam a tratá-lo com indiferença, buscam
romper o vínculo estabelecido. 
O enlouquecimento de Rubião progride. Numa ocasião,
ele imagina ser Napoleão III e corta a barba para ficar
parecido com a personagem histórica. Seus acessos de
loucura tornam-se cada vez mais frequentes. Certo dia,
imaginando Sofia como a imperatriz Eugênia, entra com ela
num carro e delirante promete-lhe uma vida de luxo. Começa
a distribuir títulos e patentes aos conhecidos, que passam a
evitá-lo, sobretudo, porque o dinheiro vai rareando. “Nos
acessos de loucura, Rubião constrói uma versão do mundo,
não na condição de provinciano subjugado, mas introjetando
o papel de Imperador da França” (Chauvin, 2016, p.20).
A única a ter pena de Rubião é D. Fernanda. Cristiano
transfere-o do palacete de Botafogo, instalando-o em uma
casa modesta, próxima do mar. Ali os delírios persistem.
Rubião passa a ser zombado por todos, inclusive por crianças.
Cristiano interna o ex-sócio, acompanhado pelo cão Quincas
Borba, numa casa de saúde.
Abandonado por todos, Rubião, com o cão, retorna a sua
terra natal. Ambos sofrem a ação de uma tempestade e
adormecem ao relento. Rubião, delirante, anda sem direção
pelas ruas de Barbacena. É acolhido por sua comadre
Angélica. Alguns dias depois, falece, acreditando ser
Napoleão III. Repete sempre a máxima do filósofo Quincas
Borba: "Ao vencedor, as batatas". Passados alguns dias morre
também o cachorro Quincas, nas ruas de Barbacena,
abandonado.
No romance Quincas Borba, a loucura faz de Rubião
uma personagem que “adquire máxima estatura perante o
leitor” (Chauvin, 2016, p.21), apesar de ter sido escarnecido
pelas personagens do romance. Para Ivan Teixeira, 
[...] a loucura de Rubião pode parecer um ato voluntário, uma
astúcia de quem não teve sorte ou talento para presidir a
própria vida. Mas no fim, mostrou-se pertinaz a solução da
loucura. Em vez de admitir a exterioridade dos fatos, optou
pela verdade do mundo interior. Afinal, ao Cruzeiro do Sul e
a toda natureza, enfim, é indiferente se o homem ri ou chora
cá na terra. E Rubião morreu mais feliz do que se tivesse
mantido a lucidez (p.114)
– 5
17. PERSONAGENS
Rubião: ex-professor interiorano, ingênuo, não acostu -
mado ao jogo social, herdeiro da fortuna de Quincas Borba,
novo-rico, sem malícia, suas ideias não têm grande alcance
nem profundidade, não conhece o código da sociabilidade
da corte, também não domina bem o código da palavra
escrita, possui pouca cultura, falta-lhe elo quência, sua
postura é tímida e envergonhada, simplório, influenciável,
não desconfia da trama armada ao seu redor, morre louco e
pobre. Discípulo do filósofo Quincas Borba, vive na pele o
fundamento teórico do Humani tismo, filosofia fictícia do
referido filósofo.
Rubião suspirou, cruzou as pernas, e bateu com as borlas do
chambre sobre os joelhos. Sentia que não era inteiramente
feliz; mas sentia também que não estava longe a felicidade
completa. Recompunha de cabeça uns modos, uns olhos, uns
requebros sem explicação, a não ser esta, que ela o amava, e
amava muito. Não era velho; ia fazer quarenta e um anos; e
rigorosamente, parecia menos. Esta observação foi
acompanhada de um gesto; passou a mão pelo queixo,
barbeado todos os dias, coisa que não fazia dantes, por
economia e desnecessidade. Um simples professor! Usava
suíças (mais tarde deixou crescer a barba toda) – tão macias,
que dava gosto passar os dedos por elas (cap. III, p.89).
Cristiano Palha: vaidoso em relação à esposa (Sofia)
e ao status conquistado, calculista, torna-se íntimo de
Rubião e explora sua ingenuidade. Torna-se o administrador
da herança de Rubião e pouco a pouco vai dilapidando-a.
Na estação de Vassouras, entraram no trem Sofia e o marido,
Cristiano de Almeida e Palha. Este era um rapagão de trinta e
dois anos (...).
Depois que o trem continuou a andar,foi que o Palha reparou
na pessoa de Rubião, cujo rosto, entre tanta gente carrancuda
ou aborrecida, era o único plácido e satisfeito. (...)
– Meu desejo é ficar, e fico mesmo – acudiu Rubião – ; estou
cansado da Província; quero gozar a vida. Pode ser até que vá
à Europa (...)
Os olhos de Palha brilharam instantaneamente” (Cap. XXI,
pp. 114-115).
[...] zangão da praça, (...) gostava de ganhar dinheiro, era
jeitoso, ativo, e tinha o faro dos negócios e das situações. Em
1864, apesar de recente no ofício, adivinhou – (...) as falências
bancárias. (cap. XXXV, p. 133).
Sofia: Casada com Cristiano Palha, sedutora, tem
consciência do poder que exerce sobre Rubião, colabora
com os planos de ascensão do marido, Cristiano Palha.
Aprecia ser admirada e ostentar luxo.
As senhoras casadas eram bonitas; a mesma solteira não devia ter
sido feia, aos vinte e cinco anos; mas Sofia primava entre todas
elas. (...) 
Era daquela casta de mulheres que o tempo, como um escultor
vagaroso, não acaba logo, e vai polindo ao passar dos longos
dias. Essas esculturas lentas são miraculosas; Sofia rastejava os
vinte e oito anos; estava mais bela que aos vinte e sete; era de
supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques, se
não quisesse prolongar ainda o trabalho por dois ou três anos.
Os olhos, por exemplo, não são os mesmos da estrada de ferro,
quando o nosso Rubião falava com o Palha, e eles iam
sublinhando a conversação... Agora, parecem mais negros, e já
não sublinham nada; compõem logo as coisas, por si mesmos,
em letra vistosa e gorda, e não é uma linha nem duas, são
capítulos inteiros. A boca parece mais fresca. Ombros, mãos,
braços, são melhores, e ela ainda os faz ótimos por meio de
atitudes e gestos escolhidos. Uma feição que a dona nunca pôde
suportar, — coisa que o próprio Rubião achou a princípio que
destoava do resto da cara, — o excesso de sobrancelhas, — isso
mesmo, sem ter diminuído, como que lhe dá ao todo um aspecto
muito particular. 
Traja bem; comprime a cintura e o tronco no corpinho de lã fina
cor de castanha, obra simples, e traz nas orelhas duas pérolas
verdadeiras, — mimo que o nosso Rubião lhe deu pela Páscoa
(Cap. XXXV - pp. 132-133).
QUINCAS BORBA: filósofo autor do Humanitismo,
torna Rubião seu discípulo e herdeiro universal, este
personagem que já aparecera em Memórias Póstumas de
Brás Cubas.
[...] Saberia Rubião que o nosso Quincas Borba trazia aquele
grãozinho de sandice, que um médico supôs achar-lhe? 
(Cap. IV, p. 90)
Quincas Borba, que não deixara de andar, parou alguns instantes.
– Queres ser meu discípulo?
– Quero.
– Bem, irás entendendo aos pouco a minha filosofia; no dia em
que a houverdes penetrado inteiramente, ah! nesse dia terás o
maior prazer da vida, porque não há vinho que embriague como
a verdade. Crê-me, o Humanitismo é o remate das coisas; e eu,
que o formulei, sou o maior homem do mundo (...) (Cap. III, 
pp. 95-96).
Quem sou eu, Rubião? Sou Santo Agostinho (...) (cap. X, p. 103).
Quincas Borba (o cão): tem o mesmo nome do
filósofo do Humanitismo, seu primeiro dono. Companheiro
fiel, sobretudo nos momentos mais difíceis da trajetória
tragicômica de Rubião.
Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba – um cão,
um bonito cão, meio tamanho, pelo cor de chumbo, malhado
de preto. [...] Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o
seu próprio nome. (Cap. V, p. 91).
Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que, adoeceu tam -
bém, ganiu infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e
amanheceu morto na rua, três dias depois (Cap. CCI, p.380)
6 –
Carlos Maria: amigo do casal Palha, torna-se amigo
também de Rubião. Tem boa aparência, é seguro de si,
altivo, irônico, esnobe, galanteador, vaidoso, presunçoso,
endeusado pelas mulheres (sobretudo por Maria Benedita,
com que acaba por casar).
Queres o avesso disso, leitor curioso? Vê este outro convidado
para o almoço, Carlos Maria. Se aquele tem os modos "expan -
sivos e francos”, — no bom sentido laudatório, — claro é que
ele os tem contrários. Assim, não te custará nada vê-lo entrar na
sala, lento, frio e superior, ser apresentado ao Freitas, olhando
para outra parte. Freitas que já o mandou cordialmente ao diabo
por causa da demora (é perto do meio-dia), corteja-o agora
rasgada mente, com grandes aleluias íntimas.
Também podes ver por ti mesmo que o nosso Rubião, se gosta
mais do Freitas, tem o outro em maior consideração; esperou-
o até agora, e esperá-lo-ia até amanhã. Carlos Maria é que não
tem consideração a nenhum deles. Examinai-o bem; é um
galhardo rapaz de olhos grandes e plácidos, muito senhor de si,
ainda mais senhor dos outros. Olha de cima; não tem o riso
jovial, mas escarninho. Agora, ao sentar-se à mesa, ao pegar no
talher, ao abrir o guardanapo, em tudo se vê que ele está
fazendo um insigne favor ao dono da casa, — talvez dois, —
o de lhe comer o almoço, e o de lhe não chamar pascácio 
(cap. XXXI, pp. 125-6).
Maria Benedita: prima de Sofia, moça casadoura,
endeusa Carlos Maria de quem se tornou esposa. 
(...) Em verdade, não era uma beleza; não lhe pedissem olhos
que fascinam, nem dessas bocas que segredam alguma coisa,
ainda caladas; era natural, sem acanho de roceira; e tinha um
donaire particular, que corrigia as incoerências do vestido.
Nascera na roça e gostava da roça. (...) A educação foi sumária:
ler, escrever, doutrina e algumas obras de agulha. Sofia apertou
com ela para aprender piano (...) (cap. LXIV, p.185-186).
Você que tem? – perguntou Maria Benedita ao marido, logo
que ficaram sós.
(...)
– Você me perdoa? Perguntou a mulher, quando o viu fechar
o folheto. – Daqui em diante vou ser menos tagarela (cap.
CLXX, p. 341-342)
Camacho: jornalista, envolvido na política, fala
afetada, verborrágico, pede contribuições para Rubião para
livrar o jornal A Atalaia do fechamento. 
Camacho era um homem político. Formado em direito em 1844,
pela faculdade de Recife, voltara para a província natal, onde
começou a advogar; mas a advocacia era um pretexto. Já na
academia, escrevera um jornal político, sem partido definido,
mas com muitas ideias colhidas aqui e ali, e expostas em estilo
meio magro e meio inchado(...) (cap. LVII, p. 173).
D. Tonica: Filha do Major Siqueira, solteirona,
frustrada. Sempre à espera de um noivo, que poderia ser
Rubião, mas este está interessado em Sofia. Acaba
arranjando um noivo, que morre dias antes do casamento.
Entende-se bem que dona Tonica observasse a contemplação dos
dois. Desde que Rubião chegou, não cuidou ela mais que de
atraí-lo. Os seus pobres olhos de trinta e nove anos, olhos sem
parceiros na terra, indo já a resvalar do cansaço na desesperança
(...) (cap. XXXVII, p. 136)
A filha ria-se, estava acostumada às graças do pai, e tão disposta
à alegria que nada a vexava; ainda mesmo que o pai se referisse
aos seus quarenta anos passados, não lhe daria grande golpe.
Todas as noivas têm quinze anos (Cap. CLXXXI, p. 359).
D. Fernanda: casamenteira, de boa índole, generosa,
única a se compadecer do destino de Rubião. Promove o
casamento de Carlos Maria com Maria Benedita.
[...] Sofia organizou a comissão, que trouxe novas relações à
família Palha. Incluída entre as senhoras que formavam uma
das subcomissões, Maria Benedita trabalhou com todas, mas
granjeou em especial a estima de uma delas, D. Fernanda,
esposa de um deputado. D. Fernanda tinha pouco mais de trinta
anos, era jovial, expansiva, corada e robusta; nascera em Porto
Alegre, casara com um bacharel das Alagoas, deputado agora
por outra província, e, segundo corria, prestes a ser ministro de
Estado (cap. CXVIII, p. 270).
Freitas: extrovertido, bajulador, comensal na residência
de Rubião.
Engana-se, senhor; trago esta máscara risonha, mas eu sou triste.
Sou um arquiteto de ruínas [...] 
E Rubião ria-se; gostava daqueles modos expansivos e francos.
(cap. XXX, p. 125)
Teófilo: marido de D. Fernanda, ambicioso, ajusta-se
às mudanças do jogo político ocorridas durante a crise
ministerial.
(...) Aí vamos com a trouxa às costas. O marquês pediu-me
instantaneamente que aceitasse uma presidênciade primeira
ordem. Não podendo meter-me no gabinete, onde tinha lugar
marcado, desejava, queria e pedia que eu partilhasse a responsa -
bilidade política e administrativa do governo, assumindo uma
presidência.
(...) No dia do embarque, logo cedo, foi despedir-se do gabinete
de trabalho. Deitou os últimos olhos aos livros, relatórios,
orçamentos, manuscritos, a toda essa parte da família, que só
tinha língua e interesse para ele. (cap. CLXXVIII)
Major Siqueira: observador da sociedade que o
cerca, pai de D. Tonica. 
A luz do fósforo deu à cara do major uma expressão de escárnio,
ou de outra coisa menos dura, mas não menos adversa. Rubião
sentiu correr-lhe um frio pela espinha. Teria ouvido? visto?
advinhado? Estava ali um indiscreto, um mexeriqueiro? A cara
do homem não explicava esse ponto; em todo caso, era mais
seguro crer no pior (cap. XLII , p.145). 
– 7
8 –
ACHCAR, Francisco. Contos de Machado de Assis – Coleção Objetivo – São Paulo: 2000 (pág. 9 a 11; 108 e 118)
ASSIS, Machado. Quincas Borba. São Paulo: Ateliê Cultural, 2016.
CÂNDIDO, Antonio. Esquema de Machado de Assis. In: Vários escritos. 3. ed. revista e ampliada. São Paulo: Duas 
Cidades, 1995.
CHAUVIN, Jean Pierre. Apresentação de Quincas Borba. Quincas Borba, Machado de Assis: São Paulo: Ateliê 
Editorial, 2016.
FACIOLI, Valentim Aparecido. Várias histórias para um homem célebre (biografia intelectual). Em Bosi et al. 
Machado de Assis. São Paulo: Ática, 1982.
MOISÉS, Massaud. “Nota Preliminar”. In: Machado de Assis. Memorial de Aires/O alienista. 4ª. ed., São Paulo: 
Cultrix, 1967.
PEREIRA, Lúcia Miguel. Prosa de Ficção (de 1870 a 1930). Em Machado de Assis, J.M. Obra Completa, vol. I, 
Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1988.
SÁ REGO, Enylton de. Machado de Assis, a Sátira Menipeia e a Tradição Luciânica, Rio de Janeiro, 
Forense Universitária, 1989, p. 177.
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de Assis, São Paulo: Duas Cidades, Ed. 34, 2000.
TEIXEIRA, Ivan, Apresentação de Machado de Assis, São Paulo: Martins Fontes, 1987, p. 109
Exercícios
Texto 1. 
“O mais significativo, agora, é a possibilidade de passagem de uma classe para outra; a principal escada utilizada com
esse objetivo são os negócios, e Cristiano Palha, ex-seminarista, junto com sua esposa Sofia, filha de um funcionário
público, são mostrados com cuidadosos detalhes, em sua suave e cínica ascensão através dos escalões sociais”.
(Gledson, John. Machado de Assis: ficção e história. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003, pág. 58)
1. Considerando esse fragmento crítico, o que motiva o casal Palha a se aproximar de Rubião?
Texto 2
“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que
assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas
tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz,
nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas
públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas.” 
(Assis, 2016, cap. 6, pág) 
2. Para explicar a filosofia do Humanitismo, Quincas Borba usa metáforas. O que elas evidenciam?
3. No início do romance, Rubião pensa: “Deus escreve certo por linhas tortas”. A que acontecimento trágico (“linhas
tortas”) que resultou em algo favorável (“escreve certo”) ele se refere?
Referências
– 9
Texto 4
“Rubião é o mais nítido exemplo do mecanismo de devoração do homem pelo homem, instrumento da ambição
econômica da sociedade urbana de Palhas e Sofias, Camachos e Freitas. Tal qual os fracos e puros, é manipulado como
uma coisa, exatamente por uma galeria de personagens terríveis, todos homens de corte burguês impecável,
perfeitamente entrosados nos mores de sua classe e seu espaço experencial.” 
(Senna, M. O olhar oblíquo do bruxo: ensaios em torno de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, pág. 87)
4. Nesse texto, Rubião é apresentado como alvo fácil a ser explorado por homens inescrupulosos. Em que consiste a
fraqueza do protagonista?
5. As personagens do romance Quincas Borba seguem quais motivações internas para seus atos?
1. A busca por ascensão social é o que motiva o casal Palha a se aproximar de Rubião. O romance Quincas Borba retrata com realismo
a verdadeira natureza das relações sociais.
2. As metáforas usadas na alegoria acerca da filosofia do Humanitismo demonstram a supremacia do mais forte em relação ao mais
fraco. Na luta pela sobrevivência, apenas os indivíduos fortes e aptos sobrevivem e vencem, a guerra serve para garantir a vitória e a
permanência de um dado grupo, também para que o indivíduo obtenha reconhecimento perante os demais.
3. Trata-se do casamento não ocorrido entre Quincas Borba e Piedade, irmã de Rubião. Caso o enlace matrimonial tivesse ocorrido, ele
teria somente “uma esperança colateral”. Como eles não casaram, inclusive ambos morreram acometidos por doença, toda a fortuna
de Quincas Borba foi destinada a Rubião. Embora com a consciência pesada, Rubião fica satisfeito com a morte dos dois, pois o
casamento e posteriormente um possível filho acabaria com a possibilidade de enriquecimento do protagonista.
4. A fraqueza de Rubião consiste na sua ingenuidade. Ele desconhece o código que rege a sociabilidade da corte. 
5. As personagens de Quincas Borba predominantemente são movidas pela busca de status social elevado e da realização de seus interesses
individuais materialistas
QUINCAS BORBA
GABARITO
AS OBRAS DA FUVEST PORTUGUÊS
10 –

Continue navegando